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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

ASPECTOS DA FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO


CONHECIMENTO E FORMAÇÃO HUMANA

Caio Schimmck Redondo


RA 124491
Gabriela Angelina da Silva
RA 125476
Greicy Xavier
RA 119504.
Isabela Sousa
RA 118544
Kauana Nataly dos Santos Camargo Pinto
RA 123588

MARINGÁ
2021
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1 INTRODUÇÃO

A educação sempre caminhou lado a lado com a filosofia desde a Antiguidade, pois a filosofia se
instituiu com uma intenção educacional de formar o ser humano . A filosofia nos oferece muitas
contribuições formativas, na concepção de homem, de mundo e de sociedade, partindo de
reflexões que buscam compreender as relações existentes entre o desenvolvimento do
pensamento, por meio de visões que se baseiam em religião, política, ética e como esses
aspectos são vistos no decorrer das história da humanidade.
Nesse sentido Uma das preocupações permanentes que motivam o conhecimento das coisas,
como forma de compreender e melhorar a vida humana, conhecendo os fatos, acontecimentos
e buscando explicá-los. Porém a ciência não se reduz apenas á atividade de proporcionar o
controle prático sobre os fenômenos da natureza, mas o que realmente leva o homem a
produzir ciência é a tentativa de buscar respostas às suas dúvidas levando-o à compreensão de
si mesmo e do mundo em que vive.
Deste modo, este estudo baseia-se na leitura e reflexão das obras de Pieper ( Que é
Filosofar?); Aristóteles ( Ética e Nicômaco); Platão (Fédon e A República); Jaeguer (Paidéia),
além dos documentários: Ilha das Flores e Como se Captura Porcos Selvagens). Com base na
leitura desses textos, procurou-se refletir sobre a importância dos projetos de educação por e
para uma sociedade, dentro dos princípios filosóficos contemplando o papel da filosofia
dentro desse contexto.
É fundamental que ao se conceber um projeto educativo, se tenha em mente o homem ao qual
se deseja formar, seu papel enquanto cidadão, atuante, consciente, participativo com
autonomia para compreender-se e compreender o mundo a sua volta, interagindo para que
esse mundo se torne cada vez mais igualitário, dentro do caráter da coletividade e da essência
humana.
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EDUCAÇÃO, ÉTICA E POLÍTICA

Em seu livro, Ética a Nicômaco, Aristóteles explica que toda arte ou toda ação tem como fim
um bem qualquer, e toda ação e escolha, tende ao atender o bem. Porém nessas atividades
existem as ações, e o que delas são oriundas, ou seja, essas atividades geram como produto
final (arte médica: saúde; estratégia a vitória; a economia é a riqueza).
Neste sentido, de acordo com o autor, tais atividades se complementam e não há diferença em
que os fins das ações sejam ou estejam nas próprias atividades.
A política mostra ser a arte de viver em comunidade, com o intuito de determinar como vivem
os cidadãos, as regras a serem cumpridas para uma vida coletiva harmoniosa, cuja finalidade é
o bem humano. A arte política abrange outras habilidades como a retórica, e trata-se do dever
do Estado garantir a preservação dos direitos a fim de favorecer não apenas o indivíduo mas
também a coletividade, tornando um bem maior e muito mais completo que a garantia de
direitos individuais, visando a formação e o estudo, pois esse é o cerne da ciência política.
Neste trecho do texto, o autor fala sobre as experiências adquiridas durante a vivencia das
pessoas, o que cada um tem de verdade e o que “julga” ser verdade, considerando-se apenas a
natureza do assunto a ser investigado, dependendo do ponto de vista e dos interesses (fins)
que cada um possui. Desta forma, como tende a agir impulsivamente seguindo suas paixões,
sendo esse fator é independente da idade, já que é enriquecido pelas experiências adquiridas
no decorrer da vida de cada indivíduo.
Para Aristóteles, a ciência é produto de uma elaboração do entendimento em íntima
colaboração com a experiência sensível. O conhecimento verdadeiro deve satisfazer os
critérios da satisfação lógica, argumentos que sustentam a certeza e tornam evidente a sua
aceitação (verdade sintática). Dividia os seres do universo em três grandes planos:
a) O mundo físico terrestre: substancias física perecíveis entre elas o homem, os vegetais,
animais, seres vivos e não-vivos, matéria e forma, entre eles os quatro elementos: água, terra,
fogo e ar.
b) O mundo físico celeste: astros e esferas celestes,substancias móveis, eternas, girando em
torno da terra.
c) A substancia divina supraceleste: situada fora do universo físico, incorruptível, imóvel:
Deus.
Como decorrência do seu texto, o autor busca determinar que todo conhecimento e todo
trabalho visa algum a bem, e não se trata de uma ação isolada ou desvinculada mas sim com
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um propósito em si mesmo. Ora o objetivo da ciência política nada mais é que a busca do bem
comum. Porém existem formas distintas de se enxergar essa ciência: a forma culta, das
pessoas com conhecimento e a forma popular, “vulgo”, a maneira vulgarizada de se fazer
política em face a favorecer um pequeno grupo de pessoas. Cita Platão, que defendia que
“nosso caminho parte dos primeiros princípios ou se dirige para eles?” e por consequência
disso, há que se aprofundar nos debates e nas discussões partindo do que já se conhece, mas
elaborando conceitos novos, novas formas de agir e pensar.
Platão possuía uma concepção de educação onde mostrava sua preocupação neste aspecto
humano, voltado para o contexto histórico de Atenas. O filósofo colocava contrário a forma
de regime político existente, a democracia, pois permitia que cidadãos sem formação moral,
despreparadas e sem compromisso com o bem comum governassem os rumos da Polis.
De acordo com Aristóteles, há três tipos de existência a se saber: a do tipo “vulgar”, em que
se enquadra a maioria dos homens em geram, que priorizam o bem ou a sua felicidade para
atingir sem prazer ou satisfação pessoal, sem um a fundamentação filosófica ou um sentido
mais profundo de existência.
Conforme nos afirma Cambi (1991) a cultura contemporânea, é influenciada pela forma
científica de fundamentar o conhecimento. Por mais importante que seja a ciência para a
construção da educação, ela não pode descartar, na nossa visão, a análise de um viés filosófico
para o entendimento de conceitos como os de amizade, virtude e o contexto social
contemporâneo, visando inclusive auxiliar a educação a trabalhar a própria contribuição científica.
Portanto, ao aproximar a antiguidade e a atualidade,
Também existe a vida política, realizada por homens que tentam convencer-se de honrados
definindo a honra como um bem próprio do homem que não poderia lhe ser tirado, e através
da honra buscam se convencer da sua bondade, neste caso os fins justificariam os meios? Tal
reflexão é muito atual na nossa sociedade vigente. A política (ciência) procurando justificar as
falhas e desvios de caráter individuais como falta de virtude e honra.
Nesse momento do texto o autor menciona a verdade como bem acima de amizade e como
forma de nos resguardar, devemos defender-nos e proteger a verdade. Trata-se da teoria das
ideias (formas) onde se encontram o que é prioridade em nossa vida e o que é posterioridade.
Define por consequência os mais amplos sentidos da palavra bem (que pode ser material ou
imaterial), que corresponde a uma ideia, o surgimento das oportunidades. O bem é efêmero e
pode ou não estar presente de forma material. Por exemplo, a oportunidade na guerra é
estudado pela estratégia, na saúde pela medicina, ou seja áreas distintas de conhecimento. Os
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bens em si mesmos são aqueles que buscamos para melhorar a nossa existência, como o
desenvolvimento da inteligência, a nossa visão de mundo e nossos desejos e prazeres, mesmo
isolados do outro.
Aristóteles retoma a questão original do texto, sobre o que é o bem e que está dissociado às
artes, mas o que é o bem em cada área do conhecimento e como ele é reconhecido. De acordo
com o autor, na medicina o bem a ser almejado é a saúde, na arte da estratégia a vitória, na
arquitetura a casa, ou seja para cada tipo de ação há uma finalidade a ser atingida, um
propósito a ser alcançado, ou seja, há uma finalidade para tudo que executamos.
Platão em sua obra destaca em Fédon, a imortalidade da alma, e o papel da filosofia é explicar
essa imortalidade da alma, reforçando na educação enquanto função de controlar nossos
impulsos, e nos tornar mais humanos e amáveis, numa forma de garantir a imortalidade, por
meio de nossas ações.
Dentro desse contexto está a definição de felicidade como algo a ser sempre buscado como
bem maior e absoluto, que será atingida por patamares, como um emprego com estabilidade e
bom salário, saúde, e considerando que o homem em si não tem em sua natureza o
isolamento, necessita viver em coletividade para ser reconhecido entre os seus, o conjunto
desses fatores alcançados de forma harmônica, pressupõe a felicidade como um bem
alcançável, onde o homem está em constante busca, à medida em que não se contenta no
estar, e no ser e busca sempre o ter para preencher seus vazios existências.
O que difere o homem dos outros seres vivos é a sua capacidade de compreender que a sua
ação gera uma reação e que nela existem consequências que vem das suas escolhas. Essa
tomada de consciência (a forma como exerce o pensamento sobre as coisas) é que o difere dos
outros animais).

A CONCEPÇÃO DE HOMEM E EDUCAÇÃO

Esse homem completo e virtuoso é resultado de suas experiências vividas, e dos conceitos e
consequências das suas próprias ações, que o levam para a realização do bem comum, e o
aproxima da tão sonhada felicidade e nessa busca consegue evoluir e se desenvolver.
De acordo com Jaeger (1994), Paideia era o “processo de educação em sua forma verdadeira,
a forma natural e genuinamente humana” na Grécia antiga. O termo também significa a
própria cultura construída a partir da educação. Era este o ideal que os gregos cultivavam do
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mundo, para si e para sua juventude. Uma vez que o governo próprio era muito valorizado
pelos gregos, a Paideia combinava ethos (hábitos) que o fizessem ser digno e bom tanto para o
governante quanto para o governado. Não tinha como objetivo ensinar ofícios, mas sim treinar
a liberdade e nobreza. Paideia também pode ser encarada como o legado deixado de uma
geração para outra na sociedade.
Para Platão, os seres humanos possuem, também três elementos que os constituem: alma
concupiscente, que procura satisfazer as necessidades do corpo, o prazer; a alma
irascível/colérica, que é o responsável por defender o corpo contra as agressões, pela
agressividade e pela reação à dor na proteção da vida; e a alma racional, representada pelo
conhecimento, por meio da experiência, na forma de ideias verdadeiras.
A definição de homem justo para Platão é aquele que usa a razão, que, através da alma
racional, governa a cólera e o desejo, sendo, virtuoso. Assim, sob domínio da razão, a alma
concupiscente teria a qualidade da temperança e a alma colérica a virtude da coragem.
O fato nesse caso, é o primeiro princípio, definido por nossa intuição ou até mesmo pelos
hábitos adquiridos durante a vida. Portanto, de acordo com o autor os bens são divididos em
três classes: existem os bens considerados exteriores e os que estão diretamente relacionados à
alma ou ao corpo. As atividades psíquicas e relacionadas a afetividade e a memória, o que
leva a uma crença que o homem para ser feliz vive bem e age bem, sendo essa característica
da felicidade. Ou seja, a felicidade está na posse, no uso das coisas para atingir o prazer, a
satisfação pessoal.
Tal nobreza de espírito e o bem da alma entram em conflito com outros prazeres que não são
em realidade tão celestiais assim. A beleza também é uma qualidade a ser considerada pois
para muitos a beleza exterior é fundamental, o que de fato na sociedade atual ainda é muito
utilizada, pois as pessoas consideradas fora dos padrões sociais, tornam-se marginalizadas,
excluídas socialmente, como forma de segregação. Também a falta de bens materiais, de
posição social, tudo isso para muitos torna a felicidade inatingível.
Outro aspecto considerado pelo autor é a de que a felicidade é um dom dado a poucas pessoas
consideradas merecedoras por questão Divina, uma virtude da alma, e as condições para que
se chegue à felicidade. Assim, considera-se que os animais não podem ser vistos como felizes,
porque não participam conscientemente dos momentos felizes, apenas executam suas tarefas
incansavelmente e isoladamente, sem um fim ou um bem a ser atingido. A felicidade decorre
de uma vida completa, porém com limitações.
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Nos textos, um homem para ser completamente feliz, deverá sê-lo após a morte, pois apenas
com uma vida inteira de honras e cheio de bons exemplos, levam a atingir a felicidade plena,
num plano Divino, como recompensa por suas atitudes honrosas, de prosperidade. Se há que
se chegar ao fim para se chegar à total felicidade abre –se um paradoxo nas definições da
própria felicidade, como algo estagnado e não mutável, porem vemos que o que hoje nos faz
felizes amanhã já não é o suficiente, ou até mesmo os vícios definem a infelicidade de um
indivíduo. O homem verdadeiramente bom e sábio não é aquele que viveu apenas as glórias
da vida, mas aquele que as suportou com dignidade cada momento difícil que surgiu em sua
existência.
Assim sendo, mesmo um homem que sofra as dificuldades da vida, seja desprovido das
qualidades físicas, e que tenha assim amigos de tal maneira ou forma tiveram os mesmos
infortúnios, tenha em si algo de bom ou mal, estão na memória através das ações realizadas
no decorrer de sua vida, e sua herança torna-se a constante busca pela sua felicidade e dos
seus, buscando justificar as suas falhas.
A felicidade corresponde à bênçãos alcançadas por poucos, como dádiva Divina, e é louvada
como algo em sintonia com uma alma generosa, que busca sempre fazer o bem e é agraciada
pela realização pessoal, que julga-se ser a felicidade. Ora ninguém é totalmente feliz, sempre
há algo a se buscar, a se almejar, como foi dito anteriormente, isso é um ponto positivo, pois
assim a humanidade não se acomoda e evolui. Portanto, a felicidade é um dom, um presente
de Deus, aos que souberam através de suas vivencias percorrer o caminho da justiça,
louvando à felicidade voltando ao princípio do bem (individual ou da comunidade). Como
objeto principal de estudo é a política, não apenas a palavra em si, mas a sua origem, a sua
função enquanto norteadora dos princípios de direitos e deveres dos cidadãos numa sociedade
visando o bem comum, e considerando os conceitos de homem enquanto ser político em sua
essência, e a virtude e honra como características humanas a serem utilizadas na política, o
presente estudo mostra que o homem ( enquanto político) deve estudar, analisar e conhecer a
natureza da alma humana, afim de compreender as reais necessidades da sua coletividade,
com discernimento e competência, como os outros profissionais das outras artes e ciências
citadas o exercem. Esse homem traz consigo uma parte racional e uma emocional (ligado a
sua alma), que se complementam, e o tornam capaz de perceber de maneira sensível ou mais
racional e agir conforme a situação exige.
Esse texto propicia uma análise aprofundada da política relacionada à ética, como uma forma
de se compreender as ações existentes na atualidade.
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Já nos documentários Ilha das Flores e Como se captura Porcos selvagens, comparam os
seres humanos que possuem desenvolvimento são postos como inferiores quando
comparados com o porcos. Mostram a falta de conscientização e de consciência crítica na
cadeia produtiva, onde após passar por todo um processo do plantio à colheita, o produto vai
para o lixo, o que poderia ser compartilhada com famílias, crianças, que se quer nunca
tiveram os direitos dignos de seres humanos, vivendo às margens da sociedade altamente
consumista e individualista. Destacam também o desinteresse do governo em criar políticas
públicas para tirar ou ajudar essas famílias a saírem da miséria. Se não partir do próprio
governo não tomar algumas providências, outras pessoas no mundo também poderão ser
atingido por essa situação desumanizadora. Promovendo bem-estar, o mínimo que se deve a
população como: saúde, educação, ações que humanizam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A filosofia da educação se propõe a estudar os aspectos filosóficos presentes nas relações e


conceitos educacionais, como forma de explicar a concepção de homem em determinado
contexto social, e que este está intimamente ligado às visões de mundo, religião e política que
norteiam as práticas educativas desde os primórdios da humanidade até nossos dias atuais.
Por isso, percebeu-se que ao longo do tempo, as concepções de homem, de sociedade e de
religião e política influenciam na formação e educação humana, e delas são reflexo, podendo
contribuir para a manutenção ou transformação da sociedade.
Deste modo, acredita-se que o que é feito pelo homem é resultado do conhecimento humano e
daquilo que ele faz, sendo a educação própria dos seres humanos. Por isso, faz-se necessário
um projeto dentro do processo educativo, que leva o homem a aprender e a se educar. Assim,
entender a educação é entender o ser humano.Portanto, educar o “homem” significa ajudá-lo a
tornar-se humano.
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REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Liv. I e II, p. 49-78.

CAMBI, Franco. História da pedagogia. São Paulo: UNESP, 1999.

PIEPER, Josef. Tradição, filosofia e teologia. Que é filosofar? São Paulo: Loyola, 2014, cap.
IV, p. 55-69.

JAEGER, Werner. Introdução. Lugar dos gregos na história da educação. Paideia: a formação
do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1994, p. 1-20

PLATÃO. A República. Liv. IV e Livro VII (O mito da caverna), p. 315-324

PLATÃO. Fédon. p. 93-103.

COMO SE CAPTURA PORCOS SELVAGENS. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=uMEU56 Acesso em 20-10-2021.

ILHA DAS FLORES disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Yy5l4Y5bVDY.


Acesso em 20-10-2021.
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