Você está na página 1de 214

IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

IMPACTO URBANO
DE EDIFICAÇÕES
COMPLEXAS:

O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL


EM SALVADOR, BA

José Ferreira Nobre Neto


Orientador: Prof. Dr. Antônio Pedro Alves de Carvalho.

SALVADOR
2018

1
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

2
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

JOSÉ FERREIRA NOBRE NETO

IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS:


O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM
SALVADOR-BA

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título


de mestre no Programa de Pós-graduação em Arquitetura e
Urbanismo sob a orientação do Prof. Dr. Antônio Pedro Alves de
Carvalho.

SALVADOR
2018

3
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE


TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento da Informação do Serviço


de Biblioteca – PPGAU/ FAUFBA.

NOBRE NETO, José Ferreira


O impacto de edificações complexas: o caso do Hospital São Rafael em Salvador-
BA/ José Ferreira Nobre Neto; orientador Antônio Pedro Alves de Carvalho. –
Universidade Federal da Bahia, 2018.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação e Área de Concentração


em Arquitetura e Urbanismo -- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

1. Impacto urbano. 2. Edificações complexas. 3. Hospitais em Salvador.

4
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

JOSÉ FERREIRA NOBRE NETO

IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS:


O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM
SALVADOR-BA

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Salvador, de 2018.

Banca examinadora:
Antônio Pedro Alves de Carvalho ____________________________________________
Doutor em geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Universidade Estadual Paulista

Gilberto Corso Pereira ____________________________________________________


Doutor em geografia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Universidade Estadual Paulista

Fábio Bitencourt _________________________________________________________


Doutor em Ciências da Arquitetura
Universidade Federal do Rio de Janeiro

5
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Dedico este trabalho a todos os estudantes, professores e


profissionais dos segmentos da arquitetura, urbanismo e áreas
afins, para que possam ser beneficiados com a reflexão crítica
sobre o espaço urbano das cidades e metrópoles urbanas
contemporâneas, sobretudo, no aspecto da qualidade dos seus
espaços.
Além disso, dedico esta pesquisa especialmente à minha família,
pelo amor incondicional e pela paciência durante os meus
diversos momentos de ausência.

6
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Professor Dr. Antônio Pedro Alves de Carvalho pela amizade e pela
contínua colaboração na minha aprendizagem acadêmica, desde o início da
graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo às atividades na Pós-graduação.
Aos Professores desta banca examinadora, Dr. Gilberto Corso e Dr. Fábio Bitencourt,
que além dos seus ensinamentos realizaram grande esforço para compatibilizarem as
suas agendas para a concretização das avaliações deste trabalho.
A Instituição Universidade Federal da Bahia (UFBA), em nome de todos os
professores e técnicos do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo
(PPGAU), por possibilitar o meu desenvolvimento nos campos profissional e
acadêmico. Ressalto a importância do Professor Dr. Arivaldo Amorim, que me
recepcionou muito bem, assim como os demais colegas, no Laboratório em estudos
avançados em Cidade, Arquitetura e Tecnologias Digitais (LCAD). À Faculdade de
Arquitetura, Paisagismo e Urbanismo da Universidade Salvador (UNIFACS), em nome
da Coordenadora Cristiane Sarno, da vice-coordenadora Maria Sacramento e de
todos os professores, por possibilitarem a prática do ensino e o contato com as
matérias-primas da atividade do professor, que são as ideias e as pessoas.
Às instituições colaboradoras que viabilizaram esta atividade de pesquisa,
favorecendo o desenvolvimento de todo o conteúdo demonstrado nesta dissertação,
como o Hospital São Rafael (HSR) e a Companhia de Desenvolvimento Urbano do
Estado da Bahia (CONDER).
Aos amigos e colaboradores, em especial aos arquitetos(as) Doris Vilas Boas, Patrícia
Marins Farias, Lucianne Fialho Batista, Mateus Morbeck, Wagner Farias, Rafael
Câmara, Rafael Cordeiro, João Lúcio Boni, Ethel Pinheiro, Ana Aguiar, Ludmila
Gomes, aos graduandos em arquitetura e urbanismo Daniella Santana e Leanderson
Silva e ao geógrafo Emerson Borges, que contribuíram imensamente na assistência
técnica na produção dos mapas temáticos, na coleta de dados da pesquisa, na
produção das imagens, vídeos e na elaboração da maquete física.
Aos meus pais, José Celino Ferreira Nobre e Nívea Maria Morais Nobre, que cuidam
da minha educação e conduzem a minha formação cultural e ética a muito, sem hesitar
em prestar assistência em todos os momentos de minha existência. As minhas irmãs
Liz Morais Nobre e Ana Tereza Nobre.
À minha família, em nome dos meus avós, tios, primos e demais amigos e colegas,
pelo amor incondicional e compreensão em diversos períodos de ausência durante à
confecção das atividades laborais. Lembrança especial para as tias queridas Maria
das Dores Ferreira Nobre, Maria Ivanilde Ferreira Nobre e Maria Ferreira Nobre e aos
sogros Antônio Nelson Dantas Fontes e Rosélia Moreira Dantas Fontes.

7
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

À minha esposa e filhos, Lise Fontes Nobre, Leon Fontes Nobre e Lucas Fontes
Nobre, por participarem da minha vida, em todos os momentos, me beneficiando com
seus gestos de amor.

8
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

“A gestão de projetos complexos deve considerar todas as


interfaces entre os agentes do processo de projeto, desde
o planejamento, passando pela coordenação de projetos,
acompanhamento da obra e do uso. Paralelamente
devem-se planejar as fases de amadurecimento das
soluções, de forma a concatenar e identificar as
complexidades envolvidas e processá-las em nível
crescente de detalhamento.
Os projetos complexos pedem um planejamento
personalizado para cada situação e contextos específicos,
ou seja, práticas e modelos genéricos de projeto devem
ser adaptados para as necessidades particulares e as
complexidades em questão. ”
(KOWALTOWSKI et al., 2011, p. 301-302)

9
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

NOBRE NETO, José Ferreira. O impacto de edificações complexas: o caso de


hospitais em Salvador-BA. 133 f. il. 2018. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.

RESUMO

Edificações complexas causam grande impacto urbano nas metrópoles


contemporâneas, sobretudo nos temas relacionados a malha urbana, a
acessibilidade, a locomoção, ao trânsito, ao transporte e ao agenciamento do uso do
solo no seu entorno imediato. A proposta desta pesquisa é de estudar a cidade,
verificando quais as principais transformações ocorridas a partir da inserção dos
hospitais, utilizando como estudo de casos unidades de saúde em Salvador, na Bahia.
Para esta interpretação foram enfatizadas as questões morfológicas, técnicas e
tecnológicas. O objetivo principal da pesquisa foi analisar o impacto urbano provocado
por edificações complexas, que são prédios com funções múltiplas e produzem
impacto ambiental urbano. A justificativa desta proposta relaciona-se com as
demandas crescentes de investimentos na infraestrutura das cidades, em particular
em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, para suprir o aumento constante da
quantidade de leitos hospitalares e a ampliação do parque de equipamentos
biomédicos. A pesquisa tem caráter experimental e utiliza o estudo de caso do
Hospital São Rafael (HSR). Este empreendimento está classificado pela legislação
sanitária como de porte especial, pois possui mais de trezentos leitos e assiste aos
serviços de saúde de média e alta complexidade. A metodologia adotada para esta
proposta teve a abordagem sistêmica, na qual foi realizado o levantamento de
questões qualitativas, e de questões quantitativas, através da coleta de dados, com a
sua posterior interpretação. Para viabilizar o levantamento, foram utilizadas
ferramentas digitais para contribuir com a análise urbana das edificações complexas,
auxiliando na elaboração de mapas temáticos. Como resultados da pesquisa foram
obtidos os impactos do HSR sobre a malha urbana de São Rafael, considerando as
análises das suas dimensões locais, do bairro e para Salvador.

Palavras chave: Impacto urbano, Edificações complexas, Hospitais de porte especial


em Salvador, Bahia.

10
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

NOBRE NETO, José Ferreira. The impact of complex buildings: the case of hospitals
in Salvador-Bahia. 133 f. yl. 2018. Dissertation (Master degree) - Faculty of
Architecture and Urbanism, Federal University of Bahia, Salvador, 2018.

ABSTRACT

Complex buildings cause a great urban impact in the contemporary metropolises,


especially in the themes related to urban fabric, accessibility, locomotion, traffic,
transportation and land use management in their immediate surroundings. The
purpose of this research is to study the city, verifying the main transformations
occurring from the insertion of the hospitals, using as a case study health units in
Salvador, Bahia. For this interpretation, the morphological, technical and technological
issues were emphasized. The main objective of the research was to analyze the urban
impact caused by complex buildings, which are buildings with multiple functions and
produce urban environmental impact. The rationale for this proposal is related to the
increasing demands of investments in the infrastructure of cities, particularly in Health
Care Facilities, to supply the constant increase in the number of hospital beds and the
expansion of the biomedical equipment portfolio. The research is experimental and
uses the case study of Hospital São Rafael (HSR). This enterprise is classified by
sanitary legislation as being of special size, since it has more than three hundred beds
and assists the health services of medium and high complexity. The methodology
adopted for this proposal had the systemic approach, in which the survey of qualitative
issues and quantitative issues was carried out through the collection of data, with its
subsequent interpretation. In order to make possible the survey, digital tools were used
to contribute to the urban analysis of complex buildings, helping in the elaboration of
thematic maps. As results of the research, the impacts of the HSR on the urban
network of São Rafael were obtained, considering the analyzes of its local dimensions,
of the neighborhood and for Salvador.

Keywords: Urban Impact, Complex Buildings, Hospitals of special size in Salvador,


Bahia.
.

11
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

En el caso de las mujeres. El impacto de edificaciones complejas: el caso de


hospitales en Salvador-BA. 133 f. ilo. 2018. Disertación (Maestría) - Facultad de
Arquitectura y Urbanismo, Universidad Federal de Bahía, Salvador, 2018.

RESUMEN

Las edificaciones complejas causan gran impacto urbano en las metrópolis


contemporáneas, sobre todo en los temas relacionados con la malla urbana, la
accesibilidad, la locomoción, el tránsito, el transporte y el agenciamiento del uso del
suelo en su entorno inmediato. La propuesta de esta investigación es de estudiar la
ciudad, verificando cuáles son las principales transformaciones ocurridas a partir de
la inserción de los hospitales, utilizando como estudio de casos unidades de salud en
Salvador, Bahía. Para esta interpretación se enfatizaron las cuestiones morfológicas,
técnicas y tecnológicas. El objetivo principal de la investigación fue analizar el impacto
urbano provocado por edificaciones complejas, que son edificios con funciones
múltiples y producen impacto ambiental urbano. La justificación de esta propuesta se
relaciona con las demandas crecientes de inversiones en la infraestructura de las
ciudades, en particular en Establecimientos Asistenciales de Salud, para suplir el
aumento constante de la cantidad de camas hospitalarias y la ampliación del parque
de equipos biomédicos. La investigación tiene carácter experimental y utiliza el estudio
de caso del Hospital São Rafael (HSR). Este emprendimiento está clasificado por la
legislación sanitaria como de porte especial, pues posee más de trescientos lechos y
asiste a los servicios de salud de media y alta complejidad. La metodología adoptada
para esta propuesta tuvo el abordaje sistémico, en la cual se realizó el levantamiento
de cuestiones cualitativas, y de cuestiones cuantitativas, a través de la recolección de
datos, con su posterior interpretación. Para viabilizar el levantamiento, se utilizaron
herramientas digitales para contribuir con el análisis urbano de las edificaciones
complejas, auxiliando en la elaboración de mapas temáticos. Como resultados de la
investigación se obtuvieron los impactos del HSR sobre la red urbana de São Rafael,
considerando los análisis de sus dimensiones locales, del barrio y para Salvador.

Palabras clave: Impacto urbano, Edificaciones complejas, Hospitales de porte


especial en Salvador, Bahía.

12
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 Tipologias de hospitais de porte especial em Salvador/BA.

FIGURA 02 Evolução do índice de fragilidade urbana de Salvador.

FIGURA 03 Distribuição espacial dos hospitais de porte especial em


Salvador/BA, em 2018.
FIGURA 04 Localização do Hospital do Subúrbio, em Periperi,
Salvador/BA, em 2018.
FIGURA 05 Evolução da ocupação do solo urbano nos anos de 1976,
1980, 2006 e 2010, respectivamente, no entorno imediato do
Hospital do Subúrbio, no bairro de Valéria, no Subúrbio
Ferroviário, em Salvador/BA.

FIGURA 06 Localização do Hospital São Rafael, no Bairro São Rafael,


em Salvador/BA, em 2018.
FIGURA 07 Localização das unidades do Grupo Monte Tabor, na
RMS/BA, em 2018.

FIGURA 08 Avenida São Rafael e Hospital São Rafael, em 2018.

FIGURA 09 Situação e foto aérea do Hospital São Rafael.

FIGURA 10 Volumetria das edificações e a setorização funcional do


Hospital São Rafael inserido na topografia existente, em
2018.

FIGURA 11 Características ambientais na Avenida São Rafael, em 2018.

FIGURA 12 Mapa do Bairro São Rafael, sistema viário e áreas de


interesse ambiental em Salvador, em 2017.
.
FIGURA 13 Fotografias aéreas georeferenciadas do Bairro São Rafael,
evolução física de 1976 a 2010.

FIGURA 14 Base cartográfica com a planta do terreno do Hospital São


Rafael, em 1992.

FIGURA 15 Cartogramas dos indicadores do setor censitário de Pirajá,


em Salvador, sinopse do Censo 2010.

13
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 16 Mapas de mobilidade urbana no Bairro São Rafael em


Salvador, evolução diária, em 2017.

FIGURA 17 Mapa de mobilidade urbana no Bairro São Rafael em


Salvador, acessibilidade por modais, em 2017.

FIGURA 18 Mapa de usos da Avenida São Rafael, em 2018.

FIGURA 19 Mapa de equipamentos da Avenida São Rafael, em 2018.

FIGURA 20 Edificações complexas ao longo da Avenida São Rafael, em


2018.

FIGURA 21 Mapa de gabarito da Avenida São Rafael, em 2018.

FIGURA 22 Mapa de sistema viário e mobilidade da Avenida São Rafael,


em 2018.

FIGURA 23 Mapa de gestão ambiental da Avenida São Rafael, em 2018.

FIGURA 24 Tipologias habitacionais ao longo da Avenida São Rafael e


proximidades do Hospital São Rafael, em 2018.

FIGURA 25 Esquema das fases do Estudo de Impacto Urbano e


Ambiental do Hospital São Rafael.

FIGURA 26 Usos da Avenida Gal Costa, em 2018.

FIGURA 27 Equipamentos da Avenida Gal Costa, em 2018.

FIGURA 28 Gabaritos da Avenida Gal Costa, em 2018.

FIGURA 29 Sistema viário e mobilidade urbana da Avenida Gal Costa,


em 2018.

FIGURA 30 Implantação das Avenidas São Rafael e Gal Costa.

FIGURA 31 Seções transversais típicas em trechos viários nas Avenidas


São Rafael e Gal Costa.

14
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 01 Indicadores de Habitação/ Unidade de Desenvolvimento


Humano (UDH) em São Rafael, BA.

GRÁFICO 02 Série histórica de óbitos em Salvador, de 2005 a 2014.

GRÁFICO 03 Percentual de óbitos por local de ocorrência em Salvador, em


2014.

GRÁFICO 04 Número de leitos em Salvador, em 2017.

GRÁFICO 05 Comparativo entre o número de leitos em Salvador, em 2017.

GRÁFICO 06 Indicadores de habitação/ Unidade de Desenvolvimento


Humano (UDH) em São Rafael, BA.

GRÁFICO 07 Indicadores demográficos em São Rafael, em Salvador, em


2010.

GRÁFICO 08 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em São Rafael,


Salvador, em 2010.

GRÁFICO 09 Comparativo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)


em São Rafael, Salvador e RMS, em 2010.

15
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 Relatório de Impacto de Vizinhança para a edificações


complexas implantadas no solo urbano: o caso do Hospital
São Rafael, em Salvador/BA.

QUADRO 02 Roteiro de verificação de impactos urbanos e indicação inicial


de medidas mitigadoras/ compensatórias para edificações
complexas implantadas no solo urbano: o caso do Hospital
São Rafael, em Salvador/BA.

16
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 Enquadramento dos portes dos hospitais de acordo com a


somatória da pontuação da Portaria N°. 2.224/2002.

TABELA 02 Níveis de atendimento dos hospitais.

TABELA 03 Leitos hospitalares por habitante (Leitos por 1.000 hab.) em


capitais brasileiras, evolução.

TABELA 04 Evolução do quadro de leitos em Salvador.

TABELA 05 Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de


Salvador e RMS.

TABELA 06 Evolução da taxa de urbanização de Salvador e RMS.

TABELA 07 Evolução da taxa geométrica anual de crescimento


(percentual) de Salvador e RMS.

TABELA 08 Número de leitos em Salvador, em 2017.

TABELA 10 Quadro comparativo entre os tipos de hospitais em Salvador,


em 2017.

TABELA 11 Quadro comparativo entre o número de leitos em hospitais de


grande porte em Salvador, 2017.

TABELA 12 Caracterização do Hospital São Rafael em Salvador, em 2018.

TABELA 13 Número de leitos hospitalares do Hospital São Rafael, com


comparativo entre leitos existentes e SUS, em 2017.

TABELA 14 Quadro comparativo entre os insumos/ resíduos do Hospital


São Rafael em Salvador, 2017.

TABELA 15 Dados do setor censitário de São Rafael em Salvador, em


2017.
TABELA 16 Pessoas ocupadas que se deslocam diariamente do domicílio
para o trabalho em determinado tempo (Habitantes).

TABELA 17 Linhas de ônibus na Avenida São Rafael, em 2018.

TABELA 18 Dados operacionais das linhas das áreas de operações, em


2017.

17
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

TABELA 19 Evolução populacional na cidade de Salvador, nas décadas de


1960 a 2010.

TABELA 20 Evolução dos dados de renda, pobreza e desigualdade, UDH


São Rafael/BA.

TABELA 21 Estudo comparativo entre as Avenidas São Rafael e Gal


Costa.

18
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ANAHP Associação Nacional de Hospitais e Serviços do Estado da Bahia

BD Banco de Dados

BIM Building Information Modeling

CA Coeficiente de Aproveitamento

CC Centro Cirúrgico

CEDURB Companhia Estadual de Desenvolvimento Urbano

CEIRF Coordenação Executiva de Infraestrutura da Rede Física

CHESF Companhia Elétrica do São Francisco

CIM City Information Modeling

CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito

EAS Estabelecimento Assistencial de Saúde

EGIA Empreendimento Gerador de Impacto Ambiental

EGIV Empreendimento Gerador de Impacto de Vizinhança

EIV Estudo de Impacto de Vizinhança

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento

ETE Estação Tratamento Esgoto

EUST Estudo de Uso do Solo e Transportes

GACC Grupo de Apoio à Criança com Câncer

GIS Geographic Information System

GPUs Grandes Projetos Urbanos

19
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

HGE Hospital Geral do Estado

HGRS Hospital Geral Roberto Santos

HMCO Hospital Maternidade Climério de Oliveira

HP Hospital Português

HPE Hospital Público Estadual

HS Hospital do Subúrbio

HSI Hospital Santa Isabel

HSR Hospital São Rafael

HUPES Hospital Universitário Professor Edgar Santos

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IQA Índice de Qualidade das Águas

LCBPs Large Complex Building Projects

LOUOS Lei de Uso e Ocupação do Solo

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

PES Plano Estadual de Saúde

PPA Plano Plurianual

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

PGT Polo Gerador de Tráfego

PIB Produto Interno Bruto

PLANDURB Plano de Desenvolvimento Urbano da Cidade de Salvador

PM Pista Marginal

20
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

PMS Prefeitura Municipal de Salvador

PNHOSP Política Nacional de Atenção Hospitalar

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RAS Rede de Atenção à Saúde

RIT Relatório de Impacto de Trânsito

RIV Relatório de Impacto de Vizinhança

RM Região Metropolitana

RSS Resíduos de Serviços de Saúde

RVC Rede Viária Complementar

RVE Rede Viária Estrutural

SADT Serviço de Apoio ao Diagnóstico e Terapia

SEDHAM Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e


Meio Ambiente

SEMA Secretaria Estadual do Meio Ambiente

SESAB Secretaria de Saúde do Estado da Bahia

SIG Sistema de Informação Geográfica

STCO Sistema de Transporte Público Coletivo de Passageiros por


Ônibus no Município de Salvador

SUS Sistema Único de Saúde

TMO Serviço de Onco-Hematologia e Transplante de Medula Óssea

UDH Unidade de Desenvolvimento Humano

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNEP Un Environment Program

URBIS Habitação e Urbanização da Bahia S/A

UCI Unidade de Cuidados Intermediários

21
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VA Via Arterial

VC Via Coletora

VE Via Expressa

VL Via Local

VP Via de Pedestre

VTR Via de Trânsito Rápido

WHO World Health Organization

ZEI Zonas Estritamente Industriais

ZEIS Zonas de Especiais Interesses Sociais

ZCMe Zona de Centralidade Metropolitana

ZCMu Zona de Centralidade Municipal

ZPR Zona Predominantemente Residencial

22
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 25

2 IMPACTO URBANO 34

3 EDIFICAÇÕES COMPLEXAS E SEUS IMPACTOS 42

3.1 IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS 43

3.1.1 Metodologias e técnicas de análises de projetos de edificações 50


complexas

3.2 IMPACTO URBANO DE HOSPITAIS 55

3.2.1 Aspectos da implantação dos hospitais 55

3.2.2 As relações de escala dos hospitais e a cidade 60

4 ESTUDO DE CASO: O HOSPITAL SÃO RAFAEL 66

4.1 CARACTERÍSTICAS MUNICIPAIS 67

4.2 EXPANSÃO URBANA EM SALVADOR 73

4.3 HOSPITAIS NO MUNICÍPIO 81

4.3.1 Localização dos hospitais em Salvador e potenciais impactos 88

4.4 O HOSPITAL SÃO RAFAEL - CARACTERÍSTICAS 97

4.4.1 Critérios de seleção 94

4.4.2 Características do Hospital 103

4.5 O BAIRRO SÃO RAFAEL E A AVENIDA SÃO RAFAEL 116

4.5.1 Características gerais 116

4.5.2 Evolução física 121

4.5.3 Parâmetros urbanísticos 129

4.5.4 Análise urbana 139

23
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.6 IMPACTOS URBANOS CAUSADOS PELO HOSPITAL SÃO 152


RAFAEL
4.7 O BAIRRO CENTRO ADMINISTRATIVO E A AVENIDA GAL 175
COSTA

4.7.1 Características gerais 175

4.7.2 Análise urbana 177

4.8 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS AVENIDAS SÃO RAFAEL 183


E GAL COSTA

5 CONCLUSÃO 191

REFERÊNCIAS 199

APÊNDICE 211

ANEXO 214

24
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

1
INTRODUÇÃO

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR EDGAR SANTOS - HUPES


FONTE: Elaborado pela Dra. Ethel Pinheiro – Professora, arquiteta e urbanista/ UFRJ. Acervo do
autor.

25
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A população mundial passa por um processo de ocupação das cidades, em diversas


partes do globo, em busca da melhoria das condições de vida. Ela está deixando as
áreas rurais e, em consequência, há um adensamento dos grandes centros urbanos.
De acordo com a pesquisa da ONU, cerca de 60% da população mundial ocupará as
áreas urbanas, até 2030 (GAETE, 2015).
Os reflexos desse processo também podem ser visualizados no panorama nacional.
Ocorre que a urbanização do Brasil tem avançado rapidamente, nos últimos anos,
devido à industrialização tardia do país. Este fator propiciou, principalmente, a
modificação dos padrões de crescimento das capitais e das regiões metropolitanas
brasileiras, que ocorreu de modo desordenado, a partir da década de 1960.
O adensamento populacional nas grandes capitais é uma das consequências desse
fenômeno, que é oriunda do processo migratório das pessoas das áreas rurais para
as áreas urbanas. Portanto, há a necessidade mais constante do investimento em
novas infraestruturas nos setores de habitação, de serviços, de saúde, de comércio e
outros segmentos, para assegurar a qualidade de vida da população. Estes
equipamentos podem ser complexos hoteleiros, shoppings centers, estádios, centros
de convenções e, sobretudo, hospitais. Geralmente a natureza desses prédios possui
grande porte físico, caracterizando-os como geradores de impactos nas cidades. De
modo geral, eles podem contribuir para a evolução ou a geração de problemas
urbanos, em determinadas localidades.
Os complexos mencionados podem ser chamados de Grandes Projetos Urbanos
(CORREIA, 2008). De acordo com as características destas edificações, a exemplo
de um complexo hospitalar, elas podem dinamizar a economia de uma região, assim
como podem promover qualidade social, cultural e política aos seus habitantes. Estes
equipamentos têm a característica de alterar o tecido urbano, muitas das vezes
induzindo o aumento populacional e alterando os seus indicadores de qualidade de
vida, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Edificações de grande porte podem ser classificadas de acordo com o seu grau de
complexidade, em função dos tipos de usuários, da sua concepção e da qualidade do
projeto (SALGADO et al., 2012). Os prédios complexos também são denominados de
Large Complex Building Projects (LCBP), em detrimento da diversificação das suas
funções e dificuldade de execução dos projetos e das suas obras (BEKTAS, 2013).
Esses equipamentos ainda podem ser classificados como permeáveis ou
impermeáveis diante da malha das cidades, ou seja, podem produzir efeitos positivos
ou negativos através da sua implantação (FERREIRA, 2014).
Hospitais são prédios ou o conjunto de equipamentos, com funções complexas, que
produzem grandes impactos na paisagem urbana das cidades. A depender da sua
inserção no território, estas unidades de saúde podem contribuir para alterações no
ambiente urbano. Assim, são inúmeros os aspectos relacionados aos impactos dos
hospitais. Um deles seria com relação ao estudo dos visuais na paisagem das cidades.
Devido à dimensão dessas unidades de saúde, que possuem um porte físico
avantajado, produzem uma relação de escala monumental com relação ao seu
entorno imediato. Outro aspecto a ser estudado faz referência a relação da forma da
organização dos equipamentos na malha urbana. Geralmente os hospitais ocupam
lotes de grandes proporções com relação à sua vizinhança, acarretando em
interferências no relevo e nos demais elementos naturais. Os centros de saúde
também podem promover alterações no trânsito local, na acessibilidade e,

26
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

principalmente, na poluição do ambiente, prejudicando o ar, o solo e os recursos


hídricos, através da elevada produção dos seus resíduos contaminantes.
De acordo com a legislação nacional (BRASIL, 2002), as tipologias dos hospitais
podem ser caracterizadas por sua quantidade de leitos. Equipamentos com até 49
leitos são classificados como hospitais de pequeno porte, de 50 a 149 leitos são
prédios de porte mediano, de 150 a 299 leitos são denominados de grande porte e
acima deste valor são considerados de porte especial.
Esses equipamentos são planejados segundo a complexidade dos seus serviços de
saúde (baixa, média ou alta) e hierarquizados em sistema de redes para os segmentos
primário, secundário ou terciário, de modo a atender a certo número de habitantes
(GÓES, 2004). Hospitais estão classificados de acordo com o seu nível de
atendimento de serviço. Podem ser regionais, para abranger um público de 50.000 a
100.000 habitantes, com edificação de 100 até 500 leitos; hospital de base ou de
referência, de 121 a 200 leitos; ou hospitais especializados, com o número de leitos
superior a 100.
Os hospitais de grande porte de Salvador, das gestões municipal, estadual e
particulares, são responsáveis por serviços de alta e média complexidade em saúde.
As suas principais atividades relacionam-se com a internação geral, apoio a centros
de saúde e ambulatórios gerais de atendimento de urgência na sua área de referência.
Os serviços desempenhados por estas unidades de saúde são de laboratório de
patologia clínica, radiodiagnóstico, área de apoio (lavanderia, central de esterilização
e cozinha industrial), centro cirúrgico e obstétrico, especialidades médico-cirúrgicas,
atendimento de emergência, apoio ao diagnóstico e ao tratamento e internação e
Unidade de Terapia Intensiva/ Cuidados de Terapia Intensiva (UTI/CTI).
Apesar da capital baiana possuir elevado número de leitos em relação aos demais
municípios do interior da Bahia, foi observado na pesquisa, que ainda há a
necessidade de serem realizadas novas iniciativas para suprir a necessidade da
população. Através das consultas as bases de dados do Plano Municipal de Saúde
(PMS), do Plano Estadual de Saúde (PES) e do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (BRASIL, 2017c), constata-se que o segmento, em
Salvador, apresenta grande déficit para atender ao público da capital, necessitando,
portanto, de novos investimentos na área. Algumas das iniciavas previstas a nível dos
governos municipal e estadual referem-se à criação de novas unidades e a ampliação
dos complexos existentes.
Os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde provocam impactos urbanos, positivos
e negativos, em seus locais de implantação. O termo impacto ambiental urbano possui
inúmeras significações. A definição das modificações humanas no espaço natural, que
possam acarretar transtornos sociais, é uma das classificações aceitáveis (REHBEIN,
2011). Considerando que a população humana ocupa parcela considerável da
superfície terrestre, cerca de 70% do planeta é destinado para atividades econômicas
e urbanização, as construções têm grande relevância quando se trata de impacto
urbano (UNEP, 2003). O consumo de insumos, a produção de resíduos e a poluição
ambiental são fatores importantes no contexto global, considerando edificações das
cidades.
As normas nacionais podem ser ferramentas fundamentais para a classificação dos
impactos urbanos e a definição de políticas para o planejamento do crescimento das

27
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

cidades. O Estatuto da Cidade (BRASIL, 2001) estabelece parâmetros de


ordenamento para municípios com população acima de 20.000 habitantes, inclusive
solicitando um plano diretor.
Na fase de concepção do projeto arquitetônico de equipamentos complexos é
necessário realizar a análise prévia para a sua implantação. De acordo com algumas
instituições, como a Prefeitura Municipal, a autorização da sua construção depende
de uma série de estudos de impactos. Atualmente são necessários Relatório de
Impacto de Trânsito (RIT), o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA/ RIMA). Parâmetros como adensamento populacional,
equipamentos urbanos e comunitários, uso e ocupação do solo, valorização
imobiliária, geração de tráfego e demanda por transporte público, ventilação e
iluminação, paisagem urbana e patrimônio natural e cultural são fatores determinantes
para verificar a viabilidade da implantação dos equipamentos complexos em solo
urbano.
Após a implantação dos edifícios complexos, é necessário analisar quais foram as
principais transformações que estes equipamentos realizaram na dinâmica da região,
quer sejam associados aos aspectos sociais, econômicos, urbanísticos ou
paisagísticos. Parâmetros como demografia, educação, saúde, renda per capita e
outros aspectos relevantes devem ser avaliados no setor censitário aonde for
implantado a unidade de saúde, para contribuir na valoração do seu nível de
interferência na cidade. A interpretação destes dados pode colaborar para a definição
de novas estratégias para o planejamento da cidade, atendendo ao princípio da
qualidade de vida dos seus cidadãos.
O objeto de estudo da presente pesquisa se refere a análise do impacto urbano de
edificações complexas em Salvador, na Bahia. Como estudo de caso buscou-se
avaliar a evolução do crescimento da região aonde está implantado o Hospital São
Rafael (HSR), verificando as transformações do espaço físico urbano, por períodos
sucessivos, e identificando as transformações físicas, econômicas e sociais. A
Avenida São Rafael é comparada com outra avenida em sua proximidade, a Avenida
Gal Costa, também para verificar se houve contribuições com relação a implantação
do HSR no bairro São Rafael.
O trabalho, portanto, busca identificar os principais impactos urbanos produzidos pelo
Hospital São Rafael, edificação complexa do segmento saúde, na Região
Metropolitana de Salvador (RMS), a partir da década de 1970. Neste período houve
grandes modificações urbanas na capital, com a implantação de importantes unidades
de saúde. Estas ações proporcionaram fortes transformações na estrutura da cidade,
com resultados positivos e negativos, que podem ser mensurados para avaliar a
qualidade de vida dos cidadãos.
A pesquisa apresentada possui alguns aspectos relevantes, que comprovam a sua
importância. Entre as suas justificativas, o principal tópico relaciona-se com o caráter
de atratividade de pessoas pelos grandes complexos na cidade contemporânea. Esse
fenômeno possui relação muito próxima com a função desses equipamentos. De
modo geral, eles induzem uma polarização urbana em novas centralidades, quer seja
realizando a movimentação da sua economia, promovendo novas infraestruturas de
locomoção, acessibilidade, comércio, serviços, dinamizando a logística local ou
incentivando os segmentos de entretenimento e cultura.

28
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Percebe-se que a tendência mundial dos aglomerados urbanos é de atrair, cada vez
mais, um maior número de habitantes. A infraestrutura das cidades, por sua vez,
necessita aumentar a sua capacidade para acompanhar este ritmo. É importante
avaliar, portanto, a contribuição das edificações complexas diante destes novos
desafios.
O ambiente construído tem o potencial de gerar benefícios ou criar problemas
urbanos. As estações de metrô e intermodais de veículos, criam uma nova trama de
vias aéreas, subterrâneas e prédios elevados; os shoppings centers, que têm a
capacidade de grande atração de público, modificam o sistema viário do seu entorno
imediato, através da criação de túneis, rotatórias e viadutos; mercados alimentícios,
dinamizam a logística intermunicipal da entrega e a comercialização dos insumos;
centros religiosos e ecumênicos, promovem o encontro dos públicos diversos,
advindos, muitas das vezes, das partes remotas das cidades e dos demais estados;
arenas multiusos, que promovem a atração de elevada capacidade de pessoas
através do segmento de entretenimento e hospitais, que muitas das vezes têm os
consumos de água, energia e de ar condicionado consideráveis, a produção de
resíduos e efluentes de larga escala e o quantitativo populacional flutuante, superior
a de pequenas cidades.
A importância dos hospitais no contexto urbano está associada aos seus impactos
potenciais gerados pela oferta dos serviços de saúde. Com relação aos benefícios,
estes complexos possuem leitos de internação, que atendem as redes de média e alta
complexidade e ofertam elevada quantidade de empregos. Como aspectos negativos
estão associados diretamente a questões ligadas com a sustentabilidade ambiental,
pois são equipamentos de grande consumo de insumos e produção de resíduos.
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) são equipamentos complexos em
sua natureza. São prédios projetados por uma equipe multidisciplinar e possuem
inúmeras variáveis para a compatibilização entre a arquitetura e as demais disciplinas
complementares, como engenharia estrutural e de instalações hidrossanitárias, de
gases medicinais, cabeamento estruturado e elétrica.
Pesquisas indicam que as edificações hospitalares são prédios que produzem
impactos especialmente sobre o meio ambiente, sobretudo pelo excessivo consumo
de energia. Sahamir e Zakaria (2014, p. 107) apontam, em 2009, que “No Brasil, os
hospitais representam 10,6 por cento do consumo anual total da energia do país.”
Embora os dados sejam relevantes, não representam exatamente o padrão de
consumo da matriz energética brasileira.
Outra relação importante se refere ao sistema de redes que estes equipamentos
estabelecem com as demais unidades de saúde. De acordo com o Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), Salvador possuía 3.024 unidades de saúde,
em 2017, considerando todos os tipos de serviços, de baixa, média e alta
complexidade (BRASIL, 2017c).
Deve-se destacar que, em Salvador, no mesmo período citado, a maioria dos leitos é
destinada ao Sistema de Saúde SUS, com 5.997 unidades (63%) sendo os demais o
total de 3.451 unidades (37%). Considerando o total da população para o período, a
proporção geral é de 3,68 leitos por mil habitantes (BRASIL, 2017c). Para a
Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB, 2014), a

29
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a quantidade adequada de


leitos por habitante, para cada cidade, corresponde de 3 a 5 leitos por mil habitantes.
Ou seja, existe um déficit na quantidade de leitos em Salvador que precisa ser
superado.
Outra questão relevante para o dimensionamento dos impactos destes equipamentos
complexos refere-se aos parâmetros de morbidade. Pesquisas apontam que a maior
parte dos óbitos em Salvador ocorrem em hospitais. De acordo com o IBGE (BRASIL,
2017c), o percentual de óbitos por local de ocorrência em Salvador, em 2014, ocorreu
dentro dos hospitais e foi de 75,14 %. Esse dado revela a necessidade em estruturar
a localização dos equipamentos de grande porte em função do perfil epidemiológico
da população, para que permita a acessibilidade dos usuários à rede de assistência
em saúde do Estado da Bahia e do Municipal de Salvador, reduzindo os seus índices
de mortalidade.
Com relação ao aspecto da infraestrutura física dos complexos hospitalares, o
programa Saúde Mais Perto de Você do Governo Estadual destina o montante de R$
11.023.051.103,00, a partir de 2016, para a ampliação do acesso da população às
ações e serviços de saúde das Atenções Especializadas ambulatorial e hospitalar, o
que equivale a 62% do volume de investimento total (BAHIA, 2016a). É o aspecto
aonde pretende-se incrementar o desempenho do sistema de saúde por meio da
melhoria da cobertura assistencial. Destaca-se a meta de implantar sete unidades
hospitalares pelo setor responsável, Coordenação Executiva de Infraestrutura da
Rede Física (CEIRF), até 2019.
É importante salientar que os hospitais produzem grandes impactos ambientais
urbanos e precisam, de modo geral, ser implantados nas cidades a partir de estudos
de viabilidade. Normativas legais, como o Estatuto da Cidade, apontam diretrizes para
a análise do impacto gerado por estes equipamentos, baseadas no Estudo de Impacto
de Vizinhança.
Os estudos da análise da inserção urbana do estudo de caso selecionado, o Hospital
São Rafael, localizado na Avenida São Rafael, em Salvador, permitem explorar, por
meio de levantamentos qualitativos e quantitativos, a evolução desta parte de cidade.
Sob a perspectiva histórica e a comparação de dados socioeconômicos da população
local são feitas críticas sobre os principais impactos gerados, quer sejam eles positivos
ou negativos.
Em comparação com o município, este Hospital possui cerca de 4% do total geral de
leitos hospitalares da cidade, considerando os diferentes serviços no ano de 2017
(BRASIL, 2017c). Dentre as especialidades médicas dos leitos hospitalares existentes
destacam-se a clínica, a cirúrgica e a complementar, com 96 leitos, 139 leitos e 87
leitos, respectivamente. Este é um indicativo importante que demonstra o quantitativo
de pacientes que são tratados no Hospital São Rafael (HSR).
De acordo com o montante total de leitos do HSR, a unidade de saúde está
classificada como Hospital de Porte Especial (Tipo IV), segundo o enquadramento da
Portaria N°. 2.224 de 5 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002), pois se encontra acima
de 300 leitos. Esses dados indicam que a unidade de saúde pesquisada tem uma
quantidade expressiva de pacientes. É importante citar ainda que a avenida na qual a
unidade de saúde está inserida tem o seu homônimo, São Rafael, dado a sua
importância histórica na comunidade soteropolitana.

30
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Com relação aos aspectos metodológicos, a pesquisa utiliza uma abordagem múltipla.
A intenção principal é de realizar avaliações qualitativas e quantitativas sobre o objeto
de estudo, retroalimentando a pesquisa a partir de observações dos fenômenos
ocorridos e experiências de outros pesquisadores.
A abordagem qualitativa leva em consideração as questões com relação aos
levantamentos dos aspectos visuais. Na abordagem quantitativa, os elementos
urbanos serão analisados por medição dos dados obtidos através do levantamento do
uso do solo urbano. Esta técnica permite verificar a quantidade de estabelecimentos
presentes (comerciais, saúde, serviços e outros) na sua proximidade do hospital e
unidades residenciais existentes ao longo do sistema viário. Isto não exclui a
necessidade de uma interpretação qualitativa, pois a análise do contexto torna-se
importante. Nesse momento foram utilizadas tecnologias digitais para a extração dos
dados da pesquisa. Sobre o zoneamento e a setorização do estudo de caso do
hospital foi utilizado o sistema Building Information Modeling (BIM) e sobre a
localização dos hospitais na cidade foi utilizado o sistema Geographic Information
System (GIS).
A pesquisa foi desenvolvida em três fases. Na primeira, foi realizada a teorização
sobre os impactos urbanos, no capítulo 2. Neste tópico foi realizado o levantamento
do seu conceito por diversos autores, sob a perspectiva de normativas legais. A
segunda fase destina-se à definição sobre edificações complexas e seus impactos,
no capítulo 3. Nesse momento foi realizado o levantamento das metodologias de
análise destes equipamentos. A terceira fase trata da seleção das edificações
hospitalares e a análise do estudo de caso, realizado no capítulo 4, denominado o
Hospital São Rafael.
Foi realizada a revisão da literatura sobre o tema, explicando os conceitos norteadores
a respeito das definições iniciais acerca dos termos, ambiente urbano e impacto
ambiental urbano. Foram elencados os principais teóricos sobre o tema, explicitando
o contexto atual sobre a expansão da construção civil nas cidades, a problemática do
consumo excessivo de materiais e da produção de resíduos desse segmento. Em
seguida, é tratada a legislação pertinente ao assunto, ou seja, é apresentado o
Estatuto da Cidade, o qual promove o planejamento e o ordenamento das cidades.
Por fim, são listadas as consequências dos impactos urbanos em diversas partes do
globo. Com relação aos aspectos positivos, trata-se da criação de cidades cada vez
mais dinâmicas, com múltiplas funções. Os efeitos negativos se referem à
desigualdade social e as questões socioambientais.
Na segunda fase do trabalho, no capítulo 3, foi realizada a conceituação de
edificações complexas e o levantamento das metodologias de análise destes prédios.
Neste tópico são abordados os pensamentos de diferentes autores sobre a
contribuição da arquitetura para a qualidade dos espaços das cidades. Também foram
levantadas as técnicas de análises de projetos complexos. Os procedimentos mais
recentes estão relacionados com a utilização de novas tecnologias, como o conceito
de parametria aplicada ao urbanismo, o geoprocessamento e o sensoriamento
remoto. Em seguida, foram descritas as vantagens das tecnologias digitais para o
planejamento das edificações complexas. O último tópico relacionou os hospitais, sua
escala e a cidade. Esta foi uma tentativa de contextualizar os complexos de saúde no
cenário atual das grandes metrópoles.

31
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Durante a fase de levantamento das informações, as teses estudadas puderam


demonstrar que foram utilizadas ferramentas diversificadas, como mapas temáticos,
tabelas, matrizes e desenhos vetorizados.
Com relação a este tópico, que trata do estudo de caso, foram realizadas pesquisas
preliminares que subsidiam a escolha do Hospital São Rafael como objeto a ser
analisado. Inicialmente foram descriminadas as principais características municipais,
com os indicadores socioeconômicos de Salvador. Através de uma perspectiva
histórica, foram descriminados os dados estatísticos sobre os números de leitos no
Brasil, na Bahia e na sua capital.
No tópico sobre a expansão urbana em Salvador é relatado o contexto atual da cidade,
relacionando-o com a carência de novos complexos hospitalares. São elencados os
parâmetros de renda média da população, taxa de atividade, morbidade hospitalar,
violência urbana, número de nascidos vivos e dados do Desenvolvimento Humano
Municipal (DHM). O item hospitais no município versa sobre o quadro geral da
distribuição do número de leitos na capital e as suas relações.
O tópico o Hospital São Rafael descreve os critérios de seleção do estudo de caso
diante dos demais hospitais de Salvador. Dentre os principais itens de escolha estão
a classificação das grandes edificações, a presença dos serviços de alta
complexidade, a oferta do número de leitos, a localização do empreendimento na
cidade, a categoria de edificações construídas ou ampliadas recentemente,
complexos situados em áreas de expansão da cidade e edificações implantadas em
áreas não consolidadas. Também são elencadas as principais características desta
unidade de saúde, como o perfil do empreendimento, o quadro de leitos e o consumo
de recursos e a produção de resíduos.
Foram feitas as coletas e as verificações dos dados extraídos por diversas instituições,
ambos analisados dentro do espectro dos tipos e do porte dos complexos hospitalares
existentes na cidade. A primeira análise trata da classificação dos tipos de hospitais,
podendo ser gerais, hospitais dia e hospitais especializados; e a segunda
classificação faz referência ao seu porte físico, podendo assumir os padrões de
pequeno, médio, grande e porte especial.
Foram examinadas as características gerais do bairro, relativas aos ambientes natural
e construído; a sua evolução física, através de cartografia urbana e a análise do uso
e ocupação do solo; e os seguintes parâmetros urbanísticos: a infraestrutura da
habitação, a demografia, o IDHM e a mobilidade urbana; a análise de mapas de usos,
de equipamentos, de gabaritos, de sistema viário e de gestão ambiental.
O estudo dos impactos da inserção urbana do HSR foi realizado através da
cartografia, fundamentado em base de dados de instituições conhecidas, como o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2010), a Companhia de
Desenvolvimento Urbano (BAHIA, 2018) e o Sistema de Informação Municipal
(SALVADOR, 2018). As visitas ao Hospital São Rafael e ao local de pesquisa foram
de fundamental importância para contribuir com a percepção do observador,
demonstrando aspectos dos elementos naturais e construídos, que foram modificados
ao longo dos anos. As entrevistas concedidas pelos profissionais colaboradores da
instituição (HSR, 2018) e pela arquiteta projetista da unidade de saúde, Doris Vilas-
Boas (FILHO; VILAS-BOAS, 2018), foram de fundamental importância para a
compreensão do funcionamento do conjunto da edificação.

32
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A análise do impacto urbano na Avenida São Rafael, no bairro São Rafael, foi
realizada a partir dos levantamentos de dados quantitativos sobre a evolução do solo
urbano desta região. Os dados mensurados tratam da quantidade de imóveis
presentes e a relação dos seus usos (comercial, residencial, serviços e outros); o
histórico dos consumos de energia e água do Hospital São Rafael; e o levantamento
do quantitativo de pessoas que transitam diariamente no Hospital São Rafael, quer
seja o público geral (pacientes, acompanhantes e visitantes) ou profissionais de saúde
e outros campos. Para a avaliação do processo de ocupação do solo, foram utilizadas
fotografias aéreas de satélite, disponibilizadas pela CONDER (BAHIA, 2017), e
editadas a partir do sistema ARCGIS 10.4 para plataforma Windows 7. As imagens de
sensoriamento remoto e de recorte temporal dos últimos dez anos permitiram a melhor
compreensão dos fenômenos estudados. As escalas destas representações
possibilitaram a visão com detalhes do objeto de pesquisa.
Através da análise do estudo de caso foi possível verificar aspectos físicos do
complexo hospitalar, como as dimensões da infraestrutura do EAS, a morfologia e a
tipologia arquitetônica, o zoneamento do bairro e o uso e da ocupação do solo da
região. Nesta situação foi utilizado o sistema AutoCAD 2017 para plataforma Windows
7, para gerar os referidos mapas temáticos. Outros aspectos identificados tratam das
dimensões das dinâmicas urbanas, relacionados com as alterações dos aspectos
sociais, econômicos e ambientais.
Foram avaliados os impactos urbanos causados pelo Hospital São Rafael, tratados a
partir dos diagnósticos realizados anteriormente. Estas informações foram
consolidadas a partir de dois quadros. O primeiro deles trata do Relatório de Impacto
de Vizinhança para edificações complexas implantadas no solo urbano. O segundo
quadro revela o Roteiro de verificação de impactos urbanos. Este último faz a
indicação inicial de medidas mitigadoras/ compensatórias das edificações complexas.
Sobre o Centro Administrativo e a Avenida Gal Costa, item 4.7, foi realizado o estudo
investigativo sobre o perfil dessa via, dentro do contexto de evolução urbana da
cidade. Inicialmente são descritas as características gerais do local e é realizada a
sua análise urbana. Em seguida, foi feito o estudo comparativo entre as Avenidas São
Rafael e Gal Costa, no sentido de apresentar as principais relações de semelhança e
diferença entre as vias.
Na conclusão são relacionadas as críticas, positivas e negativas, acerca dos impactos
urbanos produzidos pelo HSR, na Avenida São Rafael. Também são apresentadas as
principais potencialidades e problemáticas dos hospitais nas metrópoles
contemporâneas. São ainda descritas as perspectivas para os novos estudos sobre
os equipamentos complexos, apontando sugestões para futuras pesquisas.

33
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

2
IMPACTO URBANO

HOSPITAL DA BAHIA - HB
FONTE: Elaborado por Rafael Câmara – Arquiteto e urbanista UNIFACS/ Mestrando pela Escola
de Belas Artes UFBA. Acervo do autor.

34
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Segundo Antunes (2017, p. 255), “Impacto é um choque, uma modificação brusca


causada por alguma força exterior que tenha colidido com algo. Sinteticamente,
poderíamos dizer que o impacto ambiental é uma modificação brusca causada no
meio ambiente”.
O conceito de ambiente urbano diz respeito a intervenção humana no espaço natural,
denominado de ecossistema. Para Moreira (1999, p. 111), esta temática trata das
“relações do homem com a natureza, em aglomerações de população e atividades
humanas, constituídas pela apropriação e uso do espaço construído e dos recursos
naturais.” Os fluxos do ecossistema urbano são representados pelos sistemas de
abastecimento de água potável, energia elétrica, gás combustível, águas pluviais,
esgotamento sanitário, circulação de informações, pessoas e mercadorias.
É importante caracterizar também o termo impacto ambiental urbano. Para Rehbein
(2011, p. 72), não há apenas um significado único, mas os “Impactos ambientais
urbanos são também “campos simbólicos”, e eles podem ter significados variados,
vivenciados e valorados de distintos modos por indivíduos ou grupos sociais.” Para o
autor estes impactos causam transtornos sociais diversos, logo, o tema deveria
participar das reflexões das pessoas e ser pauta das políticas de planejamento das
cidades. O processo do mapeamento dos danos urbanos inclui a análise dos dados
hidrográficos, geológicos, pedológicos, pluviométricos, históricos e socioeconômicos
de cada região. Por definição, as ações do homem sobre o meio ambiente provocam
alterações do seu estado natural:
[...] o impacto ambiental pode assumir significados sociais variados, a partir
da sua relação com valores de parâmetros quanti-qualitativos ambientais,
estabelecidos espaço-temporalmente. Destacam-se, entre outros possíveis
significados, o impacto ambiental: positivo (benéficos) e ou negativo
(adverso); direto e ou indireto; local e ou regional; estratégico; imediato e ou
a médio e longo prazo; temporário e ou permanente. Convém ressaltar que
um Impacto Ambiental pode ser paralelamente direto e indireto, assim como
agregar simultaneamente outros significados, positivo e negativo. (REHBEIN,
2011, p. 68-69)

No contexto contemporâneo, a maior preocupação sobre impactos urbanos se refere


à expansão das construções, pois estima-se que cerca de 70% da superfície da Terra
seja ocupada pelo crescimento populacional, promovida pelas atividades econômicas
e pela urbanização. Segundo Unep (2003), organização mundial que verifica os
impactos produzidos sobre o meio ambiente mundial, há comprovação, através de
dados demográficos, que a população mundial dobrou desde 1950. Dessa forma, é
necessário o investimento na infraestrutura urbana das cidades para agregar
qualidade de vida à população.
Esse processo de transformação no setor de edificação e construção produz impactos
de natureza ambiental e social. Os aspectos negativos se referem à interferência do
homem no meio natural, enquanto os aspectos positivos propiciam a dinamização das
economias. Para justificar esta evidência verifica-se que, na China, a força de trabalho
na construção civil triplicou entre 1980 e 1993. Outro fator interessante é que na
Europa as pequenas empresas de construção empregam cerca de 75% da população
e, no Sul da Ásia, este índice é da ordem de 30% (UNEP, 2003).

35
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

As consequências da construção no meio ambiente, ao longo do tempo, estão


relacionadas ao expressivo consumo de recursos e energia. De acordo com os dados
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de
40% de toda energia utilizada está destinada aos setores de transporte e construção.
Estudos indicam que o uso de energias renováveis em edificações e construções
estimula a produção de prédios mais eficientes energeticamente. A pesquisa aponta
que até 2050 as emissões de CO2, ocasionados pela indústria, atinjam níveis
extremos. Com relação à água, o impacto é ainda maior, pois o consumo cresce,
mesmo sabendo que este recurso é finito.
Entre os impactos provocados pela construção civil, estão os relacionados com o
canteiro de obras “[...] a extração de matérias-primas, produção e transporte de
materiais e componentes, execução, manutenção predial, demolição e destinação de
resíduos.” (MORAES; SOUZA, 2015, p. 175). Nesse sentido, é necessário refletir
sobre a influência dos materiais ao longo do uso, os seus impactos e a destinação
final dos resíduos da construção civil sobre o meio ambiente.
Algumas normativas consideram que os impactos ambientais urbanos podem ser
regulamentados e estudados conforme as características da população e dos
empreendimentos implantados nas cidades. De acordo com a Constituição Federal
de 1988, em seus artigos 182 e 183, o “Estatuto da Cidade, estabelece normas de
ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do
bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio
ambiental.” (BRASIL, 2001, p. 02).
Para esta legislação, estão assegurados instrumentos para a política urbana das
cidades, sobretudo para os equipamentos de grande porte, que possuem elevado
grau de interferência na malha das cidades. Está previsto o Estudo de Impacto de
Vizinhança (EIV). Ele foi criado com o intuito de verificar a aprovação da construção
ou ampliação de empreendimentos e atividades.
O artigo 37 do Estatuto da Cidade determina que “O EIV será executado de forma a
contemplar os efeitos positivos e negativos da edificação ou atividade quanto à
qualidade de vida da população residente na área e suas proximidades, [...]” (BRASIL,
2001, p. 28). De acordo com a normativa, os conteúdos mínimos para a análise do
Estudo de Impacto de Vizinhança, estão de acordo com os seguintes parâmetros:
I – adensamento populacional;
II – equipamentos urbanos e comunitários;
III – uso e ocupação do solo;
IV – valorização imobiliária;
V – geração de tráfego e demanda por transporte público;
VI – ventilação e iluminação;
VII – paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

A ideia principal é demonstrar a compatibilidade do projeto com relação as redes de


infra-estrutura urbana, a capacidade das vias e do sistema de transporte público, com
a paisagem urbana periférica, com as atividades humanas vizinhas e com os recursos
naturais remanescentes da urbanização. A vizinhança refere-se basicamente a três
aspectos, como a extensão das vias públicas que circunscreve o empreendimento, as
vias de acesso e os nós de tráfego próximos e a quadra da sua implantação.

36
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Para Scalco, Pereira e Rigatti (2010), o EIV não tem proporcionado grandes
contribuições para a melhoria do meio ambiente urbano nacional e internacional. Os
autores comentam que as propostas realizadas até então precisam ser aprimoradas
para terem o desempenho referido pela normativa:

Nesse sentido, constatou-se que a maioria dos estudos de impacto de


vizinhança brasileiros relatados não são adequados, seja pela utilização de
técnicas limitadas, seja pela ausência de parâmetros consistentes. Quanto
aos estudos internacionais, essa constatação não foi verificada. Entretanto,
os métodos são adaptados à realidade local. A principal diferença em relação
ao Brasil se dá em relação à insolação, que nem sempre é requerida em
algumas regiões ou épocas do ano. Na literatura específica da área não
existem métodos específicos para a avaliação de impactos, todavia se
encontram parâmetros e técnicas adequados para a avaliação da iluminação
natural e insolação passíveis de adaptações para as particularidades dos
estudos de impacto de vizinhança. (SCALCO; PEREIRA; RIGATTI, 2010, p.
182)

Com relação aos aspectos históricos das cidades no Brasil, a evolução da


urbanização ocorreu de forma tardia e rápida, sem que ao menos a infraestrutura
urbana dos seus municípios acompanhasse a demanda do seu respectivo
crescimento populacional. Carvalho et al. (2014), afirmam que “Em 1950, apenas 36%
da população era considerada urbana e, em 2010, a taxa de urbanização atingiu 84%.”
(CARVALHO et al., 2014, p. 24). A consequência desse fenômeno é a geração de um
sistema com cidades desequilibradas. Neste contexto, surgem as grandes
metrópoles, caracterizadas pelos seus elevados índices demográficos.
Este panorama é mundial e promove o surgimento de cidades cada vez mais
dinâmicas, com características positivas e negativas. Para Muggah (2017), os
benefícios seriam a criação de cidades como motores mundiais, propiciando a
movimentação da economia global. Entre os aspectos negativos, pode-se citar a
desigualdade entre as nações, produzindo, por consequência, problemas
socioambientais. O pesquisador alerta sobre a necessidade do planejamento
adequado das cidades para o enfrentamento desses problemas:
A urbanização acelerada está criando tipos radicalmente novos de cidades
que desafiam os padrões da geografia urbana. Modelos antigos e
ocidentalizados de planejamento urbano não mais se aplicam. Considere a
nova “supercidade” de 130 milhões de pessoas que une Pequim e Tianjin. Ou
então a nova safra de “hipercidades” no mundo, como Jacarta ou Dongguan,
que reúnem 20 milhões de residentes ou mais. E há ainda algo em torno de
trinta “megacidades”, como Istambul, Paris, São Paulo ou Buenos Aires, com
pelo menos 10 milhões de cidadãos. Um número crescente de cidades
rivaliza com estados-nação em poder e influência.

Eis o problema: a vasta maioria das cidades está com dificuldades para
acompanhar o ritmo – muitas ficam para trás, incapazes de atender às
demandas de suas populações em expansão. Essas cidades não estão
crescendo verticalmente, ficando mais “inteligentes” ou se beneficiando da
nova economia digital. Muitas delas estão se urbanizando antes mesmo de
se industrializar, fazendo com que os governos, infraestrutura e serviços
tenham dificuldade em acompanhar o ritmo. O resultado é o surgimento de
cidades mais desiguais, empobrecidas e frágeis. (MUGGAH, 2017, p. 2-3)

37
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

O contexto das metrópoles atuais propicia que o solo urbano se torne mais valorizado
e as edificações com tendência a verticalidade. Este estágio de crescimento cada vez
mais acelerado das cidades causa impactos ambientais negativos. As novas
edificações com elevado gabarito dificultam a iluminação e a ventilação natural dos
prédios, reduzindo, por consequência, a qualidade dos espaços urbanos. Pesquisas
apontam que:

[...] o crescimento construtivo ocorre paralelamente, mediante o surgimento


de novas edificações urbanas. Dessa forma, de maneira sucessiva, cada
nova edificação construída gera impactos no entorno consolidado, entre os
quais o acesso aos recursos naturais. A iluminação natural e a insolação são
recursos dessa natureza que podem ser modificados com a presença de uma
nova edificação. Ambos são provenientes do Sol, mas com características
distintas em sua admissão. (SCALCO; PEREIRA; RIGATTI, 2010, p. 172)

Scalco, Pereira e Rigatti (2010) comentam que os métodos para avaliar a iluminação
natural e insolação em meios urbanos são determinados por parâmetros específicos.
A mensuração do impacto deste fenômeno na vizinhança é proposta uma nova
metodologia de análise do meio ambiente urbano, através da simulação
computacional. Ela leva em consideração as questões de gabarito, a organização
espacial das edificações na cidade e a massa construída ou volume dos prédios.
Através da simulação digital os pesquisadores avaliaram se os impactos provocados
pelas edificações, para os critérios de iluminação e ventilação, são positivos,
negativos ou neutros.
Tendo em vista que a Construção Civil é um segmento da cadeia produtiva que
provoca elevados níveis de poluição, é necessário refletir sobre a questão da
sustentabilidade ambiental aplicada as edificações construídas. Percebe-se impactos
das construções desde a fase de planejamento, da execução da obra, da sua
operação e da manutenção.
Com relação a morfologia urbana, o crescimento das cidades propicia, naturalmente,
transformações no seu tecido e o surgimento de equipamentos de grande porte. O
crescimento populacional e o adensamento das edificações são fenômenos que
podem ser mensurados através do planejamento urbano.
Para Celli (2012), a estrutura física da cidade, como o sistema viário e a ocupação
urbana, é diretamente influenciada pelas mudanças socioeconômicas regionais,
estaduais e municipais. A autora aborda o desenvolvimento urbano do município de
Sorocaba, a partir da análise da morfologia local, em períodos determinados, entre as
datas de 1600 a 1700, de 1700 a 1875, de 1875 a 1930, de 1930 a 1954 e de 1954 a
2000. A autora afirma que o estudo da evolução urbana facilita a compreensão da
configuração dos espaços em momentos distintos, tão importante para a definição de
políticas públicas para o desenvolvimento das cidades, sobretudo, com relação a
qualidade ambiental urbana.
Outra forma da leitura das transformações das cidades é através da identificação de
projetos relevantes que produzem impactos significativos. Esses projetos podem
contribuir positivamente para a renovação das cidades, ou seja, eles tendem a

38
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

provocar a mutação urbana e a dinamização econômica dos territórios aonde são


implantados.
Vieira (2012) aponta que os Grandes Projetos Urbanos (GPU) surgem, geralmente,
num contexto de locais abandonados ou em desuso. Ele destaca o modo de
crescimento desequilibrado das cidades brasileiras, iniciado a partir do final do século
XX, devido ao contexto de sucessivas crises, geradas a partir de desastres naturais
ou por intervenções humanas. As áreas periféricas às regiões centrais, os eixos e os
pátios ferroviários tem sofrido com o abandono por períodos consecutivos, gerando
transformações na morfologia urbana das cidades, sem qualquer tipo de controle. O
autor comenta que:
A morfologia urbana tem sido objeto de diferentes abordagens desenvolvidas
por pesquisadores provenientes de diferentes disciplinas e com objetivos
também adversos ao desenho da cidade e o resultado que os elementos
urbanos podem causar sobre o tecido urbano e sua conformação
paisagística. Aspectos de percepção visual ou possíveis leituras
cartográficas, aparentemente mais técnicas, ou ainda em outrora a
interpretação do desenvolvimento histórico de determinado território
condiciona a uma enorme gama de olhares diversos e sugestivos a
concepção de uma metodologia a ser aplicada na leitura e análise da forma
e morfologia urbana de uma área de intervenção. (VIEIRA, 2012, p. 61)

A preocupação principal desse pesquisador é de realizar análises sobre o território da


cidade, sob a luz de teóricos importantes do urbanismo, como Sitte, Lynch, Cullen,
Aymonino, Oriol Bohigas, Christian de Portzamparc e Phillipe Panerai. O autor tenta
compreender os diversos tecidos morfológicos que compõem as cidades e avalia o
impacto urbano produzido pelos Grandes Projetos. De modo geral, a sua pesquisa
pretende investigar os potenciais destes projetos, de modo a “[...] funcionar como
elemento de transformação e agregação de novas formar urbanas sobre o território
de intervenção direta e indireta.” (VIEIRA, 2012, p. 352). Os três eixos de investigação
da forma urbana abordado pelo pesquisador são o reconhecimento da cidade, os
elementos que interferem a forma urbana e a adaptação das formas.
As indústrias são exemplos de Grandes Projetos que geram interferências nos locais
aonde estão implementadas. Correia (2008) avalia o impacto da indústria
automobilística, verificando as suas alterações na estrutura urbana e economia local,
nas cidades do estado de São Paulo. A análise é realizada através da pesquisa de
indicadores do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH).
[...] parte do pressuposto de que para aferir o avanço de uma população não
se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras
características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da
vida humana. (CORREIA, 2008, p. 226)

Correia (2008) demonstra que o impacto produzido pela instalação das indústrias nas
cidades tem provocado um desequilíbrio na infraestrutura. O motivo principal seria a
ocupação das vias urbanas pela movimentação dos estoques através de veículos de
grande porte, saturando o sistema viário e diminuindo a qualidade de vida urbana. A

39
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

cadeia produtiva atual exige movimentações comerciais com agilidade, propiciando a


integração dos produtos com diversos tipos de modais.
Outros ramos da cadeia produtiva que produzem grandes impactos nas estruturas das
cidades são as indústrias petrolífera e portuária. Ocorrem em municípios situados em
áreas de interesse nacional e propiciam o desenvolvimento econômico relacionado à
criação de projetos portuários e energéticos. Os efeitos negativos desse tipo de
exploração são refletidos nas cidades, quando não se possui um nítido controle
urbano. Esse fenômeno pode gerar, segundo Corá (2013, p. 72), “[...] a saturação dos
assentamentos irregulares e precários, a saturação da infraestrutura local, a
sobrecarga nas redes de prestação de serviços públicos e o aumento na degradação
ambiental.”
Corá (2013) investiga o desenvolvimento da região de Caraguatatuba, no litoral norte
do estado de São Paulo, a partir das descobertas de jazidas de hidrocarbonetos na
camada Pré-sal. A autora realiza diagnósticos com os pontos de conflitos e impactos
gerados, utilizando ferramentas de geoprocessamento para verificar quais os locais
com maior tendência a ocorrer os problemas no uso do solo. Como metodologia de
trabalho é realizada uma listagem destes problemas no cenário local. Em seguida,
são geradas categorias de análises dos impactos previstos. Neste processo são
detectadas falhas na legislação do planejamento municipal, principalmente pela
segregação espacial do território, devido a concessão de privilégios a empresas com
determinados interesses particulares. São assinaladas causas e mudanças no uso do
solo, sobretudo o que pode auxiliar na tomada de decisão do poder público para a
solução dos impactos urbanos.
A pesquisadora aponta quais os principais problemas na região de Caraguatatuba,
em função da operação das empresas, relacionados com a produção petrolífera. A
comparação com a experiência do estudo de impactos de Macaé permitiu avançar
com a caracterização das seguintes questões:
Em síntese, percebe-se os seguintes impactos em Macaé: alteração da
paisagem; alteração dos usos dos bairros; alteração na base econômica
local; aumento da receita municipal; aumento dos índices de violência;
aumento populacional; dependência das participações governamentais;
desenvolvimento do comércio; especulação imobiliária; Déficit habitacional;
geração de empregos; mão de obra inativa desqualificada; melhora
significativa na saúde; melhoria na educação; poluição diversa; retificação do
Rio Macaé e assoreamento de sua desembocadura; segregação social, como
favelização e bolsões de pobreza; e sobrecarga na infraestrutura e nos
equipamentos públicos. (CORÁ, 2013, p. 71)

As pesquisas apresentadas, relacionadas com a modificação do ambiente urbano


pelas ações do homem sobre a natureza, ressaltam a importância de se estudar os
impactos das edificações complexas ou Grandes Projetos Urbanos sobre a expansão
das cidades. As transformações urbanas podem ser produzidas através de grandes
equipamentos, como complexos industriais e centros comerciais, como também
podem ocorrer através da criação de novos usos ou atividades econômicas
implantadas em determinadas regiões, como a adequação de novos complexos
viários ou petroquímicos.

40
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A relevância desse conteúdo está relacionada com a contribuição da qualidade das


cidades e dos seus habitantes, na medida em que são conhecidas as causas
negativas dos impactos urbanos sobre as cidades.

41
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

3
EDIFICAÇÕES COMPLEXAS E SEUS
IMPACTOS

HOSPITAL GERAL DO ESTADO - HGE


FONTE: Elaborado por Rafael Câmara – Arquiteto e Urbanista/ UNIFACS. Acervo do autor.

42
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

3.1 IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS

O impacto ambiental1 urbano, provocado por edificações complexas, pode ser


avaliado, basicamente, em etapas distintas e sucessivas, através da compreensão do
seu ciclo de vida.
Segundo Degani e Cardoso (2002), os prédios necessitam possuir bom desempenho
para assegurar a qualidade dos espaços urbanos. Para os autores, o conceito de ciclo
de vida se refere a quatro fases: a.) planejamento, etapa inicial aonde o
empreendimento está sendo concebido; b.) implantação, na qual ocorre a produção
do produto do edifício; c.) uso, aonde ocorre a sua operação; d.) manutenção,
destinada a reposição de componentes; e e.) demolição, fase na qual há a inutilização
do produto do edifício por meio do seu desmonte.
Cada etapa do ciclo de vida das edificações possui aspectos ambientais de entrada e
saída dos processos empreendidos nas fases de planejamento, implantação, uso,
manutenção e demolição. No primeiro momento, da entrada de insumos, podem ser
considerados o consumo de energia, a queima de combustível e o consumo de mão
de obra. No segundo momento, na saída dos resíduos da construção civil2, podem
existir a produção de ruídos, vibrações, emissão de efluentes líquidos, emissão de
material particulado, lançamento de fragmentos, saída de grande volume de resíduos
sólidos, emissão de gases, risco da geração de faísca onde há gás dispersos e risco
de vazamento de CFC de equipamentos e sistemas.
A etapa de projeto arquitetônico bem elaborada traz benefícios para o meio ambiente
urbano contribuindo para reduzir ou mitigar os seus impactos, ao longo das fases de
produção dos edifícios complexos. A produção é vista por Degani e Cardoso (2002)
como um produto global, desde a extração da matéria-prima, passando por processos
de manufatura e o descarte do resíduo específico.

1
Impacto ambiental: “[...], considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas [...]” (BRASIL, 1986, p. 1)
2
Resíduos da construção civil: São os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como:
tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e
compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações,
fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. (BRASIL, 2002b,
p. 1)

Classificação dos resíduos da construção civil:


I. Classe A – resíduos reutilizáveis ou recicláveis como os agregados;
II. Classe B – resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/ papelão,
metais, vidros, madeiras e outros;
III. Classe C – resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como os produtos
oriundos do gesso;
IV. Classe D – resíduos perigosos oriundos do processo da construção, tais como tintas, solventes,
óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições,
reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas
e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.
(BRASIL, 2002b, p. 5)

43
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

De acordo com a Resolução Conama N°.1 (BRASIL, 1986, p. 1), as alterações sobre
o meio ambiente, realizadas por ações antrópicas, podem comprometer:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V - a qualidade dos recursos naturais.

Para a legislação citada existe um grande número de atividades modificadoras do


meio ambiente que são passíveis de avaliação pelos órgãos ambientais. De modo
geral, elas precisam apresentar o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de
Impacto Ambiental (RIMA). Entre as atividades principais estão as estradas de
rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; ferrovias; portos e terminais de
minério, petróleo e produtos químicos; aeroportos; oleodutos, gasodutos,
minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; linhas de
transmissão de energia elétrica, acima de 230 KV; obras hidráulicas para exploração
de recursos hídricos; extração de combustível fóssil; extração de minério; aterros
sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; usinas de
geração de eletricidade; complexo e unidades industriais e agro-industriais; distritos
industriais e zonas estritamente industriais (ZEI); exploração econômica de madeira
ou lenha; projetos urbanísticos, acima de 100 há ou áreas consideradas de relevante
interesse ambiental a critério da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA) e dos
órgãos estaduais ou municipais; qualquer atividade que utilizar carvão vegetal,
derivados ou produtos similares; projetos agropecuários; e empreendimentos
potencialmente lesivos ao patrimônio espeleológicos nacional.
De acordo com a normativa, tanto os projetos de edificações quanto as suas
respectivas obras podem ser submetidos a análise ambiental. Este fato pode estar
associado, sobretudo, para os hospitais. Habitualmente, eles são caracterizados como
equipamentos complexos devido à combinação de alguns fatores, como a razão de
possuírem grande porte físico e serem modificadores do tecido urbano; por
consumirem grande demanda elétrica, necessitando equipamentos de subestação e
fontes alternativas de energia; por se assemelharem produtivamente e
operacionalmente às construções industriais; por gerarem grande quantidade de
resíduos, inclusive infectante; e, por se comportarem como projetos urbanísticos, pois
modificam o sistema viário local, a topografia e a biota.
Edifícios complexos, por natureza, são aqueles que necessitam do estudo de grande
número de variáveis para execução de seus projetos, a exemplo de aeroportos,
estações integradas de transportes (metrô, Veículo Leve sobre Trilhos e ônibus),
shoppings centers, plantas industriais e hospitais (SALGADO et al., 2012).
Para Salgado et al. (2012), a implantação dos equipamentos complexos no tecido
urbano promove impactos diversos nos modos de vida dos cidadãos, tanto na forma
de se deslocarem quanto na maneira que ocorre a interação com a edificação. A rigor,
são três as características definidoras dos prédios de alta complexidade:
1 Tipos de usuários – o equipamento possui caráter multifuncional, com a
diversificação dos usos e setores funcionais em seu interior;

44
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

2 Concepção – diz respeito a sofisticação das atividades desempenhadas na


idealização do empreendimento. Nesta fase a gestão de projetos é essencial, são
utilizadas ferramentas de trabalho que priorizam o conforto ambiental das
edificações, a modelagem de informações e a reabilitação dos edifícios;
3 Qualidade do projeto – refere-se ao processo, à qualidade espacial, à acústica
das edificações, à avaliação de projetos e à segurança.

As edificações complexas também podem ser caracterizadas pela quantidade e pelo


conhecimento técnico dos profissionais relacionados para o desenvolvimento do seu
projeto e da execução da obra. Segundo Carvalho (2014, p. 20): “São chamadas
edificações complexas aquelas que, pelo porte ou quantidade de variáveis envolvidas
em suas funções, extrapolam a capacidade de atuação de um só profissional ou de
uma só especialidade.” Geralmente, a prática projetual destes equipamentos, exige a
definição dos diversos fluxos, o grande número de ambientes e a variação dos
usuários.
Os prédios complexos necessitam do intercâmbio entre múltiplos profissionais, desde
a sua fase de concepção: “Eles exigem a atuação de várias disciplinas especializadas,
impondo a necessidade de um sistema de organização das atividades gerais de
planejamento." (CARVALHO, 2014, p. 31).
De acordo com Bektas (2013), os Large Complex Building Projects (LCBP) possuem
algumas características que as diferenciam das demais edificações. Isso quer dizer
que têm um elevado nível de resolução do seu programa físico e funcional, possuem
orçamentos elevados para a execução das suas obras e exigem a colaboração técnica
entre diversos profissionais. Os estádios para a prática de esportes, os centros de
múltiplo uso, os hotéis, as estações multimodais de transportes urbanos e os hospitais
são exemplos desse tipo de tipologia.
A execução de cada um desses equipamentos envolve uma equipe de diferentes
projetistas e metodologias de trabalho. Para o desenvolvimento desses projetos é
necessário possuir uma visão integral de todo o processo de produção que envolve a
relação entre as pessoas, a utilização dos artefatos de informação, as ferramentas
tecnológicas e as ações sociais.
Para Lawson (2005), a concepção dos produtos desenvolvidos pelos projetistas tem
particularidades conforme cada disciplina. O autor constata a complexidade de
diversos campos do conhecimento, como o urbanismo, a arquitetura e o desenho
industrial. Ele acredita que cada segmento possui sua escala de dificuldades pois
possuem problemas específicos e comenta que, para uma boa solução do
enfrentamento de temas complexos, é exigido um tratamento sistêmico:
Os vários campos de projeto também são muitas vezes pensados para serem
diferentes em termos da dificuldade inerente dos problemas que eles
apresentam. É fácil assumir que o tamanho representa complexidade. Este
argumento sugere que a arquitetura deve ser mais complexa do que o
desenho industrial, desde os edifícios, pois são maiores do que os produtos
em escala menor. Certamente é possível ver os campos de desenho
tridimensional em uma árvore, com o urbanismo nas raízes e o tronco
começando a ramificar-se através de um desenho urbano, arquitetura e
desenho de interiores para os ramos de desenho industrial. Mas como isso
realmente significa que o planejamento da cidade é mais difícil do que
desenho de produto? (LAWSON, 2005, p. 54, tradução nossa)

45
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

De acordo com este autor, as classificações destes equipamentos podem ter


variações dos seus parâmetros e detalhes de projeto. A resolução dos problemas
deve ser feita definindo-se o planejamento prévio, antecipando as melhores
estratégias para a sua resolução de acordo com os seus níveis de dificuldade.
Edificações complexas refletem, de modo geral, as dinâmicas das pessoas que
habitam as cidades. Para Campos (2004), as sociedades atuais vivem em espaços
dinâmicos, onde as culturas revelam as verdadeiras peculiaridades e diferenças dos
indivíduos. Os efeitos dessa realidade são comumente percebidos no surgimento de
prédios multifuncionais.
Estas edificações são classificadas como abertas ou fechadas para as cidades,
permitindo, de certa maneira, impactos positivos ou negativos (FERREIRA, 2014).
Quando são abertas, geram o que se chama de “permeabilidade urbana”, produzindo
melhoria da qualidade de vida, maior diversidade e melhor convívio entre os seus
usuários. Exemplos típicos de espaços permeáveis são os conjuntos habitacionais de
uso misto, praias de banhistas e centros religiosos ecumênicos. O contrário desta
situação, são as edificações fechadas, que promovem espaços de segregação, como
os condomínios horizontais e verticais privados e centros comerciais de grande porte.
De acordo com Ghione (2013), a característica mais marcante das cidades é a
contradição, ora gerando espaços segregados, ora propiciando espaços plurais. É
possível afirmar, portanto, que os elementos arquitetônicos das cidades têm o
potencial de interferência direta em sua espacialidade e, além disso, que a
participação dos seus usuários pode inibir ou elevar a violência urbana. Esse conceito
de espaços defensáveis é desenvolvido por Newman (1996), que relata a necessidade
dos usuários cuidarem dos espaços públicos.
Algumas categorias de equipamentos arquitetônicos produzem maiores interferências
na malha urbana justamente por sua complexidade. Estádios, shopping centers,
aeroportos, estações de transbordo e hospitais são exemplos de edificações com
grande potencial para a geração de impactos, como problemas sonoros, visuais, de
sombreamento, de ventilação, de contaminação por resíduos, de ocupação da malha
urbana e permeabilidade do solo; de tráfego, como a acessibilidade e elevação da
quantidade de transportes urbanos e problemas de custo para a execução das obras.
Hospitais são caracterizados por serem edificações complexas. Em razão da natureza
destes prédios, verifica-se a importância da relação da implantação dos hospitais nas
cidades. Sahamir e Zakaria (2014) afirmam que as edificações hospitalares são
prédios que produzem impactos especialmente sobre o meio ambiente, sobretudo
pelo excessivo consumo de energia. Os autores apontam que a quantidade de
equipamentos médico-hospitalares e o sistema de climatização são fatores essenciais
hospitais sustentáveis. Em Londres, os serviços de saúde são grandes responsáveis
pela emissão de CO2. Nos Estados Unidos, o segmento hospitalar está na segunda
colocação quanto ao consumo da matriz energética com relação a outros segmentos
econômicos.
Sahamir e Zakaria (2014, p. 107) apontam, através de dados da Organização Mundial
de Saúde (OMS), em 2009, que “No Brasil, os hospitais representam 10,6 por cento
do consumo anual total da energia do país.”
Os serviços de saúde utilizam de forma intensa os insumos de água e
energia, eles consomem uma grande quantidade de materiais perigosos e

46
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

não perigosos, e são responsáveis pela produção de emissões poluentes. O


ambiente construído representa 40% de todas as emissões de CO2 nos
Países Baixos, assim, a construção sustentável tornou-se uma questão
importante. Somente os hospitais, somam 4% do ambiente construído total
do país, daí a sua importância. Portanto, é necessário que os hospitais
percebam a urgência de empreender ações para reduzir suas emissões de
CO2. (SAHAMIR; ZAKARIA, 2014, p. 107, tradução nossa)

Apesar dos valores do consumo energético pela fonte dos hospitais no Brasil serem
muito elevados, apontados por Sahamir e Zakaria (2014), eles também são, acima de
tudo, controversos. Segundo os dados resumidos do Balanço Energético Nacional de
2018, construído a partir da Tabela da Matriz Energética Nacional no ano base de
2017 (BRASIL, 2018a), não existe a fonte segregada do segmento saúde. Neste caso
os dados devem ser extraídos dos setores comercial e/ou público, que é algo que se
apresenta descriminado na planilha. De acordo com a pesquisa, o maior consumo de
energia está relacionado com o setor residencial, que tem o consumo energético de
133.976 Gwh (45%); na segunda posição está o setor comercial, com 90.198 Gwh
(30%); na terceira posição o setor público, com 43.308 Gwh (15%); e, na quarta
posição o setor agropecuário, com 28.736 Gwh (10%).
Tendo em vista o contexto atual de instabilidade climática, diversas organizações,
como a OMS e a Health Care Without Harm, têm se preocupado com o desempenho
das edificações do segmento saúde. A intenção principal destas instituições é difundir
soluções para mitigar os problemas gerados pelos hospitais, desenvolvendo “...
programas para sistemas de saúde que contribuam para reduzir suas próprias
emissões de gases de efeito estufa.” (WHO, 2009, p. 2)
Uma das práticas para tornar estas edificações mais eficientes nos serviços de saúde,
adotadas por diversos países, trata de seguir os princípios da construção ecológica,
também denominado de hospitais verdes. As ações orientam questões de localização
destes equipamentos com relação a proximidade de rotas de transportes público, a
utilização de materiais de construções locais, a inserção de árvores no terreno, a
ventilação natural, os telhados verdes, entre outras soluções. Alguns exemplares de
EAS com práticas sustentáveis são o Changi General Hospital, em Cingapura; o
Changi General Hospital, na Itália; o Hospital National Dos de Mayo, no Peru; o
Grantham Hospital, na China; o Dell Children’s Medical Center, nos Estados Unidos;
o Sambhavna Trust Clinic, na Índia; e o Constance Hospital, na Alemanha. (WHO,
2009, p. 4)
Para Bitencourt (2006, p. 20), o conceito de sustentabilidade nas unidades de saúde
deve ser difundido, com o intuito de “[...] contribuir para melhorar a qualidade de
edificações hospitalares [...]” e realizar a integração com o território das cidades e do
meio ambiente. O autor ressalta que as questões de sustentabilidade devem ser
refletidas desde a sua fase de concepção até a implantação e a manutenção do
empreendimento. A disposição dos hospitais, portanto, deve ser orientada a partir de
critérios que maximizem as características dos terrenos aonde são inseridos, as

47
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

questões do conforto ambiental, as matérias primas e a mão de obra local, para


diminuir os seus impactos urbanos.
O atendimento dessas exigências, segundo Bitencourt (2006, p. 35-37), deve levar
em consideração alguns componentes de projeto para adequar a qualidade do
ambiente construído para os hospitais sustentáveis: exclusividade funcional;
Iluminação e condições naturais; simplicidade funcional do projeto; previsão de
substituição das partes; máxima durabilidade; materiais de construção saudáveis ou
ecológicos; qualidade da construção; otimização da vida e do fim da vida dos produtos;
e acesso a fontes de energia renováveis.
Outro enfoque a ser dado aos equipamentos complexos está relacionado com as
normativas legais. Estes instrumentos norteiam a implantação de prédios hospitalares
nas cidades, em função da sua capacidade de atração de público e a modificação da
dinâmica do ambiente urbano.
De acordo com a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Salvador (SALVADOR, 2016a),
a classificação dos empreendimentos, residenciais e não residenciais, causadores de
impactos urbanos e ambientais, tipifica-os em Polos Geradores de Tráfego (PGT),
Empreendimentos Geradores de Impacto de Vizinhança (EGIV) e Empreendimentos
Geradores de Impacto Ambiental (EGIA), de acordo com a descrição abaixo:
I - Polos Geradores de Tráfego - PGT: empreendimentos ou atividades que
atraem ou produzem grande número de viagens ao longo do dia e/ou período
determinado, causando impacto no sistema viário e de transporte, podendo
ocasionar comprometimento da acessibilidade, da mobilidade e na segurança
de veículos e pedestres, e que devem observar as diretrizes e condicionantes
estabelecidas por órgão municipal competente;

II - Empreendimentos Geradores de Impacto de Vizinhança - EGIV:


empreendimentos ou atividades que, pela natureza ou porte, podem gerar
impactos significativos na estrutura urbana, relacionados à sobrecarga na
capacidade de atendimento da infraestrutura urbana e viária, bem como à
deterioração das condições da qualidade de vida do entorno;

III - Empreendimentos Geradores de Impacto Ambiental - EGIA: aqueles que


possam causar alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente e que, direta ou indiretamente, [...] (SALVADOR, 2016a, p. 65)

Os responsáveis pela análise dos PGT, EGIV e EGIA solicitarão aos interessados que
solucionem as melhorias e as obras ou serviços públicos para a minimização dos
efeitos dos impactos produzidos. Entre as atividades a serem desenvolvidas estão:
adaptação geométrica do sistema viário do entorno; sinalização viária horizontal e
vertical de regulamentação, advertência, orientação semafórica; adaptação do
sistema viário estrutural inserido na área de influência; complementação ou
implantação do sistema viário e equipamentos necessários à circulação no entorno do
empreendimento ou atividade, para os EGIV e EGIA; implantação de sistema e
equipamentos de apoio ao transporte público, exclusivamente para os EGIV e EGIA;
implantação de sistema e equipamentos de monitoramento e gerenciamento de

48
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

trânsito, exclusivamente para os EGIV e EGIA; mitigação dos impactos apontados nos
estudos.
Outro pressuposto importante é que equipamentos de grande porte são componentes
urbanos que necessitam ser avaliados previamente no tecido das cidades. Segundo
o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) estes prédios são denominados
de Polos Geradores de Tráfego (PGT). Para a Instituição “O trânsito resulta das
necessidades de deslocamento das pessoas por motivo de trabalho, de negócios, de
educação, de saúde e de lazer e acontece em função da ocupação do solo pelos
diferentes usos.” (BRASIL, 2001, p. 7). A implantação de novos PGT contribui para a
geração de dinâmicas na economia das cidades, favorecendo ou diminuindo as
condições de circulação e segurança do sistema viário. Entre os principais
equipamentos complexos envolvidos estão os centros comerciais e administrativos,
shopping, universidades, estádios, ginásios de esportes, centros de convenções,
feiras, supermercados, conjuntos habitacionais e hospitais. Segundo avaliação do
DETRAN:
Os pólos geradores de tráfego são empreendimentos de grande porte que
atraem ou produzem grande número de viagens, causando reflexos negativos
na circulação viária em seu entorno imediato e, em certos casos,
prejudicando a acessibilidade de toda a região, além de agravar as condições
de segurança de veículos e pedestres. (BRASIL, 2001, p. 8)

Os principais impactos causados pelos pólos geradores de tráfego ocorrem sobre a


circulação com o aumento do volume de tráfego no sistema viário (BRASIL, 2001, p.
8). Entre os efeitos negativos podem ser destacados os congestionamentos, as
deteriorações das condições ambientais da localidade aonde são inseridos (poluição
e redução do conforto dos habitantes) e conflitos entre o tráfego de passagem e o
empreendimento.
Para Gricolon (2007), o estudo dos impactos dos padrões de crescimento espacial e
de transportes no entorno de pólos geradores de viagens demonstra os problemas da
cidade de Campinas, em São Paulo, causados pela implantação dos Shopping
Centers. A consequência direta da criação destes novos pólos é o aumento da
população e de veículos, sobrecarregando o sistema de transportes urbanos. A
hipótese desta pesquisa é de que os PGV existentes influenciam na localização e
atração de novos PGV para a sua proximidade:
[...] os Shopping Centers, bem como qualquer empreendimento que tenha a
mesma característica de atração de viagens (supermercados, escolas,
hospitais etc.) podem ser considerados como “Polos Geradores de Viagens”
(PGVs), uma vez que, ao concentrar em um único local várias atividades
específicas, geram grande quantidade de viagens.

Dessa forma, observa-se uma forte relação entre o empreendimento gerador


de viagens e as características de uso e ocupação do solo, uma vez que, ao
possibilitar o acesso por meio da infra-estrurura de transportes, outras
atividades podem ser atraídas para as regiões vizinha ao PGV. (GRICOLON,
2007, p. 2)

Gricolon (2007) analisa os Polos Geradores de Viagens (PGV) através de dois


métodos da análise espacial, que são a estatística e a modelagem. Os dados da

49
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

modelagem foram obtidos através da interpretação de fotografias aéreas. As variáveis


adotas foram a ocupação comercial e os elementos da infraestrutura viária, no entorno
imediato dos Shopping Centers estudados.
Os impactos causados pelos PGV ocorrem principalmente na circulação viária,
contribuindo para dificultar a acessibilidade de pessoas e veículos, bem como o
aumento da demanda para estacionamento nas suas adjacências. Em suas
conclusões, Gricolon (2007) afirma que a metodologia aplicada pode prever e
mensurar os impactos dos equipamentos complexos, sobretudo para o planejamento
regional das cidades brasileiras de médio porte.

3.1.1 Metodologias e técnicas de análises de projetos de edificações


complexas
Existem metodologias e técnicas já consolidadas para a análise da interferência dos
edifícios complexos nas cidades. Alguns desses processos relacionam-se com o
exame da questão ambiental urbana, permitindo verificar os aspectos de macro e
micro planejamento, como a implantação dos prédios em função das análises de
fluxos, saídas de emergência, demandas da capacidade dos usuários e outras
situações. Nesse caso, podem ser utilizados os programas baseados no Geographic
Information System (GIS) e no City Information Modeling (CIM).
Outros processos, relacionados com o planejamento das edificações, estão
associados com a sua eficiência. Neste caso, os complexos são avaliados ainda na
fase de desenvolvimento e as análises ocorrem sobre os projetos de arquitetura e
complementares de engenharia, como as disciplinas de estrutura e instalações. Numa
outra situação, de controle e gerenciamento do parque tecnológico de prédios
existentes, as tecnologias digitais podem auxiliar nas fases de manutenção e
operação. O Building Information Modeling (BIM) é uma ferramenta que auxilia nestes
casos.
Independentemente da metodologia utilizada para mensurar os impactos a serem
produzidos pelas edificações complexas, quer seja produzido nas fases projetuais ou
em sua operação, o fato é que os novos instrumentos digitais podem auxiliar os
projetistas, gestores e planejadores na confecção de edificações e espaços urbanos,
aproximando as necessidades dos usuários ao produto final.
As instituições hospitalares também podem se beneficiar dessas ferramentas. Diante
da sua quantidade de variáveis, como a complexidade de suas funções, o grande
número de profissionais envolvidos para o seu desenvolvimento e o vultoso
investimento do empreendimento, os novos softwares podem criar cenários preditivos,
num curto espaço de tempo, para auxiliar nas escolhas das propostas de
agenciamentos espaciais urbanos. Outra questão não menos importante é o auxílio
no gerenciamento das edificações.

50
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

a. O uso do BIM
De acordo com MA et al. (2012), a plataforma GIS é uma ferramenta importante para
a análise da simulação do tráfego de pedestres. Ela pode ser utilizada para a situação
de evacuação com conforto, de usuários em edifícios complexos, em casos de riscos
de desastres. Enquadram-se nessa categoria equipamentos como metrôs e o trem
urbano, pois possuem estações de transbordo com diversos acessos de entrada e
saída de pessoas. É importante salientar que a disposição da arquitetura interna
destes prédios, ou seja, o meio ambiente construído, influi diretamente nos fluxos dos
usuários, como o exemplo do posicionamento do arranjo dos seus pilares e demais
barreiras físicas.
Para MA et al. (2012), o recente processo de urbanização das cidades provocou o
adensamento das pessoas nos espaços públicos. Os autores afirmam que na China
pesquisadores avaliam que a circulação das pessoas em zonas densamente
povoadas possui grande impacto urbano. O método utilizado para a análise da
situação neste trabalho avalia as colisões dos pedestres através da simulação
computacional. A ferramenta GIS de análise de projeto auxilia na tomada de decisões
sobre a disposição espacial das barreiras, como a locação dos pilares, das paredes e
a definição de outros espaços (MA et al., 2012).
Outra metodologia de especial interesse para o desenvolvimento de edificações
complexas é a adequação do seu planejamento utilizando o sistema BIM (Building
Information Modeling). De acordo com Davies e Harty (2012), este sistema gera os
desenhos dos projetos das edificações e auxilia no gerenciamento do seu ciclo de
vida. Os autores apresentam um estudo de caso para dois hospitais de grande escala
no Reino Unido. A ideia principal é utilizar tecnologias de representação BIM para
acompanhar obras de novas áreas que irão sofrer reforma e ampliação destas
unidades de saúde.
As razões para o emprego desta tecnologia estão relacionadas com duas causas
principais: a primeira refere-se ao conceito geral dos problemas de projeto e a
segunda às características do projeto do hospital. Os EAS são caracterizados por
possuírem espaços extremamente complexos, com programas completamente
diferenciados, contando com aproximadamente 6.500 ambientes, e com os seus
próprios fluxos de trabalho e equipamentos.
Davies e Harty (2012) afirmam que ocorre uma mudança no modo de projetar das
edificações com o uso do sistema BIM. Esta transformação não diz respeito apenas
ao incremento das novas tecnologias, mas se refere à criação de novos processos de
trabalho para a melhoria do seu gerenciamento, uma vez que a prática do projeto é
automatizada e ocorre a redução dos números de visitas à obra.
Para Dinardo (2014), o sistema BIM produz benefícios para o projeto de edificações
de saúde. Segundo ele, o Palomar Medical Center, desenvolvido pelo escritório de
projetos CO Architects, na Califórnia, é um estudo de caso aonde se utilizou desta
tecnologia. Entre os aspectos positivos, o autor ressalta a economia de tempo e
investimento, no sentido em que permite uma coordenação maior entre as equipes de
trabalho ao longo das fases de desenvolvimento. Os demais aspectos estão
relacionados com a facilidade metodológica para projetos complexos, o auxílio na
detecção de interferências no canteiro de obra, a redução do tempo da execução da
construção, a melhoria da coordenação das ações com as agências estatais, a forma

51
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

de visualização dos projetos, o gerenciamento do layout dos equipamentos da


unidade de saúde e a antecipação dos resultados estéticos do empreendimento.

b. O CIM e o Urbanismo
De acordo com Cavalcante (2016), o termo parametria significa a variação de valor, a
função em um determinado elemento que gera diversas soluções, sem alterar a
natureza do produto. A parametrização permite a criação das relações entre os
diversos elementos de um sistema para construir um verdadeiro complexo de
elementos em interação.
O sistema City Information Modeling (CIM) utiliza a parametria. Para Cavalcante
(2016), o conceito de parametrização no projeto urbano se refere à criação de um
conjunto de regras e relações que têm como objetivo a estruturação e a organização
do espaço. Através deste sistema de modelagem digital o urbanista se preocupa em
criar e relacionar regras que possibilitam as diversas respostas para o problema,
mesmo em contextos diferentes.
As ferramentas paramétricas se caracterizam por sua diversidade, adaptação e
responsividade, ou seja, reage ou responde de forma esperada ou apropriada em
determinada situação. A evolução do processo digital aplicado ao projeto urbano
permitiu desenvolver duas metodologias diferentes de atuação: a utilização da
parametrização e do projeto baseado em regras. Para Beirão, Mendes e Celani
(2015), ambas metodologias representam novas formas de produção espacial da
cidade, contudo, possuem algumas particularidades, como:
• Parametrização: trata das relações topológicas entre as partes de um edifício ou
plano no caso de projeto urbano, sendo a definição das medidas precisa em uma
fase subsequente do projeto;
• Projeto baseado em regras (rule-based design): define as situações em que
determinado elemento pode ser conectado a outro, e de que maneira isto pode
ocorrer.

O projeto urbanístico desenvolvido por processos digitais de parametrização prioriza


a produção mais eficiente. De acordo com Beirão, Mendes e Celani (2015), a etapa
inicial para a utilização deste sistema consiste em definir a rotina de trabalho de cada
projetista, ou seja, criar procedimentos que auxiliem na automatização do processo
de produção do planejamento urbano. Logo após esta fase, as tecnologias digitais
podem facilitar a compreensão dos dados coletados e auxiliar na tomada de decisões
de projeto.
De acordo com XU et al. (2014), a utilização do sistema City Information Modeling
(CIM) permite realizar análises urbanas e de projetos através da combinação da base
de dados digitais com ferramentas de projeto BIM. Esta metodologia é considerada
como o novo paradigma para o estudo das construções urbanas e do planejamento
das cidades.
Em um estudo sobre a implantação de um campus de educação na China XU et al.
(2014) explicam que foi adicionado um banco de dados com informações sobre as
novas construções do setor educacional, como transportes, equipamentos,

52
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

instalações e bacia hidrográfica, a partir da base de dados do mapa do local. A seguir,


foi construído um modelo digital com estas informações e afixados os seus parâmetros
principais. A partir deste tipo de modelagem é possível gerenciar os espaços públicos,
as áreas verdes, os usos e qualquer outro tipo de informação a respeito das cidades.
O auxílio destas novas tecnologias digitais permite definir estratégias de projetos para
a escala urbana.

c. Geoprocessamento e sensoriamento remoto


O Sistema de Informações Geográficas (SIG) é uma ferramenta importante para o
apoio à gestão urbana. De acordo com Lopes Rodrigues (2013), a metodologia
consiste na análise espacial dos territórios através da manipulação complexa da base
de dados cartográficos e alfanuméricos, necessária para operacionalizar as ações de
gestão urbana e territorial. Para isso, são realizadas as fases de coleta, tratamento e
sistematização de informações, como dados geológico-geotécnicos, infraestrutura e
planejamento urbano, restrições ambientais etc.
O sistema SIG tem um potencial superior a simples análises dos dados espaciais.
Para Rodrigues (2013), as vantagens estão em criar cenários preditivos sobre
determinado planejamento, ou seja, é possível combinar análises dos tempos
passado, presente e futuro para auxiliar na tomada de decisões sobre o planejamento
territorial pela equipe de gestão urbana.
Paralelamente ao uso de qualquer sistema de informações geográficas, está
o do banco de dados (BD), que é um componente, inerente a qualquer
software deste tipo.

O banco de dados em SIG armazena as informações e dados descritivos


(numérico e textos), além dos de natureza gráfica, locacional e os
relacionamentos entre eles.

Assim criam-se os melhores cenários possíveis para a promoção do


desenvolvimento territorial urbano, de maneira ordenada e sustentável. Na
busca pela gestão integrada necessita-se de uma imensa gama de dados.
(RODRIGUES, 2013, p. 28)

O geoprocessamento e o georreferenciamento dos cadastros urbanos foram


difundidos a partir da década de 1990, com o maior uso dos computadores. Estas
técnicas implicam na visualização das transformações dos espaços urbanos e maior
controle do desenvolvimento da cidade.
De acordo com Cruz et al. (2014) esta análise urbana através do GIS é uma eficiente
metodologia aplicada ao planejamento das cidades. Para o autor, a partir das análises
das fotos aéreas de 2003 e 2010 do bairro de Jabotiana, no município de Aracaju/SE,
foi possível constatar as principais modificações na disposição do solo desta
localidade, identificadas as ações direta e indireta dos diferentes agentes promotores
da reprodução do espaço urbano. A partir da metodologia para a realização desta
pesquisa foi feita uma análise comparativa das fotografias aéreas, no intuito de

53
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

dimensionar o avanço imobiliário na área e, em seguida, foi determinada uma


proposta de intervenção nesta localidade.
O estudo permitiu visualizar quais áreas sofreram maior impacto em relação aos
adensamentos imobiliários e a tendência do bairro às futuras transformações na
paisagem. Para Cruz et al. (2014, p. 391) “Este crescimento acelerado trouxe consigo
grandes problemas de infraestrutura no bairro, pois estes não acompanharam o ritmo
do parcelamento do solo e especulação imobiliária. ”

d. Vantagens das tecnologias digitais para o planejamento


As tecnologias digitais possuem inúmeros vantagens, entretanto, é necessário utilizá-
las de forma adequada para perceber os seus reais benefícios. Para Santana (2014,
p. 31), os aspectos positivos da realização das simulações em projetos urbanos são:
• O aplicativo verifica cenários com as potencialidades e as dificuldades do
projeto de planejamento e gestão urbana;
• A utilização dos dados tridimensionais permite um ganho da informação e um
aprendizado que são aperfeiçoados através do processo de percepção espacial
da informação visual;
• É possível compreender de forma mais ágil as propostas de desenho da
cidade;
• Permite um aprendizado inclusivo, no processo de cognição e percepção para
o entendimento e raciocínio em cima das paisagens tridimensionais
apresentadas;
• Permite a criação de imagens mentais;
• A tomada de decisão com base em um sistema tridimensional é baseada nos
processos cognitivos de percepção do espaço de cada indivíduo, pois o
ambiente visual é de extrema importância para auxiliar na compreensão dos
objetos modelados.

A eficácia dos sistemas de informação por bancos de dados e simulações digitais está
além das análises dos mapas. Para muitos teóricos a espacialização das informações
contribui para o planejamento urbano na medida em que reforça as estratégias de
controle das cidades, por meio da criação de estratégias ou ações condutoras das
gestões municipal, estadual e federal.
A ideia principal em relação à utilização das ferramentas digitais é de propiciar a
melhoria na qualidade de vida das pessoas, difundindo a informação em tempo real e
auxiliando nas decisões projetuais de modo dinâmico, com a participação dos seus
usuários em conjunto com os profissionais planejadores urbanos.

54
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

3.2 IMPACTO URBANO DE HOSPITAIS


3.2.1 Aspectos da implantação dos hospitais
A implantação dos hospitais deve ser resolvida, acima de tudo, a partir das análises
normativas de enquadramento quanto ao porte físico da sua estrutura. Os níveis de
atendimentos, quer seja primário, secundário e terciário, também são fatores
importantes. Devem ser levados em consideração os fatores da oferta e da demanda
da quantidade de leitos de cada região, bem como a sua localização.
De acordo com a Portaria N°. 2.224, de 5 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002), a
legislação define o sistema de classificação hospitalar do Sistema Único de Saúde
(SUS) dos hospitais brasileiros em função das características do seu porte físico. Eles
podem ser enquadrados como Hospital de Porte I, de 01 a 05 pontos; Hospital de
Porte II, de 06 a 12 pontos; Hospital de Porte III, de 13 a 19 pontos; ou Hospital de
Porte IV, de 20 a 27 pontos. Hospitais de pequeno porte possuem de 20 a 49 leitos,
de médio porte de 50 a 149 leitos, de grande porte de 150 a 299 leitos e de porte
especial superior a 300 leitos, conforme a Tabela 01.
Este documento ainda possui significativo valor no sentido de descrever o porte dos
leitos dos hospitais, embora a Portaria tenha sido revogada em 10 de março de 2004,
pela Portaria N°. 350, do Gabinete do Ministro da Saúde (CORRÊA, 2009, p. 20). A
tabela de pontuação permite atribuir uma classificação a cada tipo de hospital
existente no momento da Classificação Hospitalar. A coluna A identifica a quantidade
de leitos hospitalares; as colunas B e C fazem referência aos leitos de UTI; a coluna
D relaciona a complexidade dos serviços; a coluna E é considerada para atendimentos
de urgência e emergência; a coluna F para gestação de alto risco; e a coluna G para
a existência e a quantidade de salas cirúrgicas.

TABELA 01 – Enquadramento dos portes dos hospitais de acordo com a


somatória da pontuação da Portaria N°. 2.224/2002.
PONTOS ITENS DE AVALIAÇÃO PONTOS
POR ITEM TOTAIS
DE
URGÊNCIA/EMER
COMPLEXIDADE
LEITOS DE UTI
N°. DE LEITOS

CIRÚRGICAS
ALTO RISCO
TIPO DE UTI

GESTAÇÃO
GÊNCIA

SALAS
ALTA

G
A

1 Ponto 20 a 01 a 04 - 1 Pronto - Até 02 Mínimo


49 Atendiment 1/
o Máximo
27
2 Pontos 50 a 05 a 09 Tipo II 2 Serviço de Nível I Entre 03
149 Urgência/E e 04
mergência
Continua

55
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação
3 Pontos 150 a 10 a 29 - 3 Referência Nível II Entre 05
299 Nível I ou II e 06
4 Pontos 300 ou 30 ou Tipo 4 ou Referência - Acima
mais mais III mais Nível III de 08

FONTE: Adaptação do autor segundo Brasil (2002a).

Os hospitais de grande porte possuem características que ressaltam o nível de


complexidade, como o elevado número dos seus usuários, os usos diversos e a
multifuncionalidade (GÓES, 2004, p. 29). Além disso, são grandes consumidores de
insumos e produtores de resíduos.
Góes (2004) afirma que o atendimento à população usuária do sistema de saúde
brasileiro possui uma hierarquização que assegura a forma de atenção por diferentes
níveis, o número de habitantes a serem atendidos no território, o tipo de equipamento
de saúde previsto por complexidade e a quantidade de leitos mínima. Essa
classificação dos níveis de atenção diz respeito aos setores primário, secundário e
terciário (Tabela 02).
O nível primário atua com ações de promoção, proteção e recuperação no segmento
ambulatorial por meio de pessoal elementar médio. As principais atividades estão
relacionadas com a saúde, o saneamento e os diagnósticos simplificados. Os seus
equipamentos estão distribuídos diretamente de acordo com o quantitativo
populacional de cada território. O posto de saúde abrange uma média de 500 a 2.000
habitantes e os centros de saúde, de 2.000 a 10.000 habitantes.
O nível de atendimento secundário explora as ações de apoio ao nível primário. As
suas atividades estão relacionadas com as clínicas médica, cirúrgica, ginecológica,
obstétrica e pediátrica. O atendimento ambulatorial presta assistência a 6.000 a
10.000 habitantes numa escala local, ou pode atingir de 50.000 a 80.000 habitantes
com relação a uma área de referência. O outro equipamento previsto é a unidade
mista, que presta assistência a um número de habitantes de 10.000 a 20.000 pessoas.
O último nível de atendimento é o terciário. Ele atua com o tratamento dos casos mais
complexos do sistema, com atenções do segmento ambulatorial, urgência e
internamento. A estrutura física disponível para essa classificação refere-se aos
hospitais regionais, que atendem de 50.000 a 100.000 pessoas, e possuem de 50 a
100 leitos; ao hospital de base ou de referência, que possui de 121 a 200 leitos; e aos
hospitais especializados, com o número superior a 100 leitos. Essas unidades de
saúde podem possuir o perfil de hospitais de doenças infectocontagiosas, geriátricos,
oncológicos, pediátricos, psiquiátricos, universitários, militares, judiciários ou
penitenciários.
Essa organização das unidades de saúde do serviço mais simples, como o primário,
ao mais complexo, como a estrutura física dos complexos hospitalares, pretende
hierarquizar a cobertura da assistência à saúde da população nas cidades.

56
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

TABELA 02 – Níveis de atendimento dos hospitais.


ITEM TIPO NÚMERO DE NÚMERO DE LEITOS
HABITANTES
01 NÍVEL DE ATENDIMENTO PRIMÁRIO
01.1 POSTO DE SAÚDE 500 – 2.000 -
SERVIÇOS: Imunização, educação sanitária; atendimento de enfermagem
(primeiros socorros); aplicação de injeções (sob prescrição médica); curativos,
atendimento a gestantes, à criança e população adulta em geral; cuidados
odontológicos (preventivo e curativo); pesquisa de albumina para gestante;
orientação e controle de parteiras leigas; encaminhamento de pacientes às unidades
de apoio; coleta de materiais para exames laboratoriais e seu encaminhamento às
unidades de apoio; registro e encaminhamento de dados bioestatísticos às unidade
de apoio; controle e notificação de doenças transmissíveis; mobilização comunitária
para ações de saúde e saneamento; inspeção de saneamento básico; orientação à
construção de privadas higiênicas; preservação do meio ambiente.
01.2 CENTROS DE SAÚDE 2.000 – 10.000 -
SERVIÇOS: Assistência médica; assistência odontológica; análise laboratorial;
educação sanitária; suplementação alimentar; atendimento de enfermagem; controle
de doenças infecto-parasitárias; serviços auxiliares de enfermagem; controle de
doenças infecto-parasitárias; serviços auxiliares de enfermagem; saneamento
básico; atendimento aos pacientes encaminhados; treinamento de pessoal;
supervisão de postos de saúde; fiscalização sanitária.

02 NÍVEL DE ATENDIMENTO SECUNDÁRIO


02.1 ATENDIMENTO 6.000 – 10.000 -
AMBULATORIAL (LOCAL)/ 50.000 –
80.000 (ÁREA DE
REFERÊNCIA)
Atendimento às 04 clínicas básicas.
02.2 UNIDADE MISTA 10.000 – 20.000
Ações ambulatoriais em 04 clínicas básicas e internação; laboratório de patologia
clínica; equipamentos básicos de radiodiagnóstico; internação.

03 NÍVEL DE ATENDIMENTO TERCIÁRIO


03.1 HOSPITAL REGIONAL 50.000 – 100.000 500 - 100
ATIVIDADES: Internação com 04 clínicas básicas, apoio ao centro de saúde e
ambulatórios gerais de atendimento de urgência na sua área de referência.

SERVIÇOS: Laboratório de patologia clínica, radiodiagnóstico, área de apoio


industrial (lavanderia, central de esterilização e cozinha industrial), centro cirúrgico e
obstétrico.
03.2 HOSPITAL DE BASE/ - 121 - 200
HOSPITAL DE
REFERÊNCIA
Não vinculado a agrupamentos populacionais. Localizado em grandes centros
urbanos e servindo de referência mais ampla à sua área de influência.

SERVIÇOS: Várias especialidades médico-cirúrgicas, atendimento de emergência,


apoio ao diagnóstico e ao tratamento e internação, UTI/CTI (18 a 24 leitos).
Continua

57
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

03.3 HOSPITAIS - >100


ESPECIALIZADOS
ESPECIFICIDADES: Geralmente os hospitais especializados tornam-se gerais no
decorrer de seu funcionamento.
03.3.1 HOSPITAIS DE DOENÇAS - -
INFECTOCONTAGIOSAS
03.3.2 HOSPITAIS GERIÁTRICOS - -
03.3.3 HOSPITAIS ONCOLÓGICOS - -
03.3.4 HOSPITAIS PEDIÁTRICOS - -
03.3.5 HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS - -
03.3.6 HOSPITAIS - -
UNIVERSITÁRIOS
03.3.7 HOSPITAIS MILITARES - -
(Atendimento específico)
03.3.8 HOSPITAIS/ MANICÔMIOS - -
JUDICIÁRIOS/
PENITENCIÁRIOS
(Atendimento específico)

FONTE: Adaptação do autor baseado em Goes (2004, p. 2-6).

Carvalho (2014) afirma que a implantação destes equipamentos no contexto urbano


requer certos cuidados, principalmente com relação à seleção do terreno. Alguns
aspectos devem ser levados em consideração durante a escolha do sítio geográfico
para a implantação dos hospitais, como: as áreas para as futuras ampliações, o estudo
da topografia, a relação com a vizinhança local, as vias de acesso, as questões
ambientais, os estacionamentos e a sinalização de trânsito.
Os aspectos geográficos são fundamentais durante a fase da locação dos hospitais.
Devem ser observados tanto aspectos topográficos, como relevo, declividades e
hidrologia; quanto às demandas populacionais, como quantidade de pessoas, seus
fluxos e deslocamentos. Grande parte dos estudos de localização das unidades de
saúde no território urbano segue um modelo preconizado pela teoria das localidades
centrais de Christaller (1966). O princípio desta aplicação se baseia na demanda de
fluxos das pessoas, na oferta de serviços e no deslocamento dos usuários para a sua
obtenção (CARVALHO, 2014).
A distribuição espacial das unidades de saúde, sobretudo do setor público, está
hierarquizada e adota o conceito de sistema de redes. A hierarquização permite
estabelecer os níveis de atenção do sistema de saúde (primário, secundário e
terciário) por complexidade dos seus serviços. De acordo com Batista (2009) o
Sistema Único de Saúde, descrito na Constituição Federal de 1998, é um direito do
cidadão diante do Estado brasileiro: “Segundo a Lei 8080/90 (BRASIL, 1990) os
serviços de saúde, prestados pelo SUS, devem ser organizados de forma
regionalizada e hierarquizada em níveis crescentes de complexidade.” (BATISTA,
2009, p. 12).

58
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A relação geográfica é um fator importante determinante para a rede de atendimento


à saúde. O princípio da regionalização, estabelecido pelo SUS, aponta a distribuição
dos serviços de acordo com macro e microrregiões, nos estados brasileiros. Esta
proporção tem influência direta com relação ao perfil epidemiológico – divisão por
distritos sanitários – e com a oferta e a demanda de serviços de saúde:
O desenho organizativo da regionalização do SUS - BA foi elaborado a partir
da definição das macrorregiões e microrregiões, onde foram identificados os
municípios pólos de micro e os municípios sede de DIRES (Diretoria Regional
de Saúde). Tais definições foram aprovadas pela CIB (Comissão
Intergestores Bipartite) estadual, após analisado o conjunto de etapas que
conduziram à elaboração. O Estado da Bahia foi dividido em 9 (nove)
macrorregiões de saúde, 28 (vinte e oito) microregiões e 31 (trinta e um)
municípios sedes de DIRES [...] (BATISTA, 2009, p. 16).

Os sistemas de redes permitem que as unidades de saúde estejam dispersas no


território em função da complexidade dos seus serviços, embora mantenham uma
relação de afinidade. Neste sentido, alguns fatores são fundamentais para a definição
da atenção à saúde, como o perfil epidemiológico de cada região, a relação da faixa
etária dos habitantes e a população de cada localidade. Para Góes (2004, p. 36), de
modo geral, a implantação dos hospitais de grande porte deve levar em consideração:
• o nível de atendimento dos serviços de saúde e a sua complexidade;
• o número de oferta de leitos;
• a sua localização.

Segundo Machry (2010), a implantação e a inserção urbana dos edifícios hospitalares


são atributos a serem considerados com relação ao projeto de arquitetura. Os demais
aspectos associados à fase projetual são as condicionantes sociais, políticas e
econômicas, que se referem ao dimensionamento e o programa de necessidades do
hospital; os fatores físico-funcionais, que compreendem a setorização, a flexibilidade,
a previsão de futuras expansões e a circulação; as condicionantes ambientais, que se
referem aos aspectos de conforto ambiental; a normatização, quanto as normas
técnicas, leis, códigos e resoluções; e a sustentabilidade, resultando no
aprimoramento das técnicas de captação de energia solar, reutilização de água e
ventilação e iluminação naturais, entre outros aspectos.
A pesquisadora informa que este tipo de equipamento possui uma relação muito
próxima com as cidades, devido a sua conectividade com o sistema de infraestrutura
urbana:
Atualmente, pode-se dizer que a grande maioria dos hospitais públicos e
privados encontra-se inserida em áreas urbanizadas, onde ficam mais
próximos dos seus usuários e das redes de abastecimento. Sendo
instituições associadas à escala coletiva, suas edificações representam
amarrações importantes no desenho e na organização das cidades,
agregando uma arquitetura de grande porte e atividades e fluxos de caráter
bastante específico. (MACHRY, 2010, pg. 64-65)

Machry (2010) acrescenta que são aspectos relevantes a escolha do terreno dos

59
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

hospitais, as suas dimensões e a topografia, os seus acessos variados e especiais, o


seu estacionamento e conexão das vias com o tráfego da cidade e, sobretudo, a
participação popular. A necessidade dos doentes é um aspecto relevante, que deve
ser discutido com a comunidade a ser beneficiada pela sua implantação, através de
processos de participação conjunta e multidisciplinar.

3.2.2. As relações de escala dos hospitais e a cidade


O estudo do planejamento dos hospitais também pode ser realizado através da
análise da morfologia urbana. De acordo com Lamas (2014) a forma urbana coloca-
se a distintos níveis, diferenciados pelas unidades de leitura e de concepção. Para o
autor, os prédios podem ser interpretados através de diferentes dimensões.
Primeiramente, ao realizarmos a analogia com os hospitais, estes equipamentos
assumem a dimensão setorial, pois são uma pequena unidade representada por
edificações.
Num segundo momento, possuem a dimensão urbana, pois pressupõem, durante a
sua fase de implantação, a configuração de ruas, praças, jardins, áreas verdes, áreas
exteriores e a modificação de quarteirões. Também podem assumir a dimensão
territorial, articulando-se com as diferentes formas da dimensão urbana, atingindo a
escala da cidade.
Para Lamas (2014) as operações sobre a paisagem das cidades fazem parte do
repertório arquitetônico-urbanístico. O autor define que os elementos morfológicos do
espaço urbano são o solo, os edifícios, o lote, o quarteirão, a fachada, o logradouro,
o traçado da rua, a praça, o monumento, a árvore, a vegetação e o mobiliário urbano.
Nesse sentido, é importante verificar o potencial de intervenção dos edifícios de saúde
na paisagem das cidades.
Os hospitais se enquadram nos casos de equipamentos urbanos que possuem
grandes dimensões físicas e ocupam parcela considerável do solo urbano aonde
estão implantados. Estes edifícios possuem diferentes características com relação às
demais tipologias da cidade, como os aspectos das suas formas e das suas funções.
Os prédios de saúde produzem, muitas vezes, uma relação de escala que não se
comporta de forma homogênea com os edifícios do entorno imediato. A configuração
dos seus lotes possui geometrias irregulares, mas na maior parte dos exemplares dos
prédios o formato se limita a formas simples. Estes equipamentos atingem escalas
monumentais devido ao trabalho realizado com as fachadas, o longilíneo traçado das
suas vias, o incremento do paisagismo e de outros elementos decorativos.
De acordo com Miquelin (1992) os hospitais passaram por um processo evolutivo,
definidor para a solução dos prédios atuais. A anatomia dos edifícios hospitalares
passou a ser referencial, inclusive no Brasil. Segundo o autor, na antiguidade a
geometria dos equipamentos de saúde possuía formato de nave; na renascença em
cruz e claustro; na era industrial em pavilhões; e, no período pré-contemporâneo, em
blocos.
O fato da incorporação da unidade de internação foi um diferencial para a configuração
das tipologias dos equipamentos de saúde. Outros fatores, como a incorporação e o

60
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

uso das técnicas mais avançadas da construção, como a engenharia naval, beneficiou
o seu desenvolvimento. A utilização da iluminação e da ventilação natural também foi
outro advento importante na concepção destes prédios. Segundo Miquelin (1992):
Dentro desse novo enfoque, as construções hospitalares tem se
tornado cada vez mais complexas e incorporado técnicas e tecnologia
numa velocidade diretamente proporcional aos recursos e nível de
desenvolvimento das sociedades que as tem gerado. (MIQUELIN,
1992, p. 27)

De modo geral, os hospitais podem assumir diferentes tipologias, ou seja, arranjos


espaciais. Eles podem possuir formatos de torres, blocos, lâminas, em placas,
pavilhões ou associando a combinação de vários formatos. A Figura 01 aponta as
soluções volumétricas dos hospitais de porte especial em Salvador, que são o Hospital
do Subúrbio (lâmina e bloco), o Hospital Geral do Estado (lâmina e torre), o Hospital
Geral Roberto Santos (lâminas), o Hospital da Bahia (torre), o Hospital Santa Isabel
(blocos e pavilhões), o Hospital São Rafael (placa e lâmina), o Hospital Aliança (torre)
e o Hospital Santo Antônio – Obras Sociais Irmã Dulce (blocos).

61
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 01 – Tipologias de hospitais de porte especial em Salvador/BA.

Hospital do Subúrbio (HS)

Hospital Santa Isabel (HSI)

Hospital Geral do Estado (HGE)

FONTE: Acervo do autor.

62
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Hospital São Rafael (HSR)

Hospital Geral Roberto Santos (HGRS)

Hospital Aliança (HA)

FONTE: Acervo do autor.

63
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Hospital da Bahia (HB)

Hospital Santo Antônio – Obras Sociais Irmã Dulce (OSID)

FONTE: Acervo do autor.

É interessante perceber, em vista das características morfológicas dos hospitais e da


sua relação com as cidades, os impactos urbanos gerados por estes elementos.
Muitas vezes eles são construídos sem o devido planejamento, a sua inserção pode
ser danosa para o tecido urbano. Entre os principais problemas detectados pela
implantação dos complexos de saúde, estão:
• A exigência de grandes áreas para o seu terreno e alterações irreversíveis do
meio ambiente;
• A modificação do uso do solo urbano em sua perimetral e a sobrecarga do fluxo
de veículos no sistema viário da região;
• A fragmentação do tecido urbano e da morfologia consolidada da cidade, através
da modificação das dimensões originais dos lotes urbanos nas situações de
bairros tradicionais;
• A desapropriação das áreas e das edificações previamente existentes;
• A construção de massas construídas, muitas vezes sem levar em consideração

64
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

características e especificidades locais, como o relevo existente, o clima e os


costumes da população da região;
• O esquecimento da escala humana, devido a construção de edificações que
aproveitam o máximo potencial construtivo do terreno;
• O espraiamento das cidades, em função da expansão dos limites físicos dos
bairros aonde estão inseridos.

Nota-se que as questões físicas, ambientais, de trânsito e sociais são os fatores mais
afetados com relação a inserção dos hospitais no solo urbano. É preciso considerar
as diferentes escalas da cidade, como a micro, a meso e a grande, antes da escolha
do seu posicionamento.
Os aspectos positivos com relação à implantação dos complexos hospitalares também
devem ser levados em consideração. Entre as potencialidades geradas pela
existência dos hospitais, podem ser elencadas as questões, como:
• A criação de novas centralidades na cidade, em função da polarização dos usos
e dos serviços em suas proximidades;
• O incremento da infraestrutura urbana, através da urbanização de áreas
periféricas anteriormente precárias;
• A difusão dos sistemas de transportes públicos de massa, influenciando na
mobilidade e na acessibilidade urbana, com a criação de novas linhas de ônibus
e metrô;
• A ampliação da rede de assistência à saúde para a população das cidades e a
sua consequente melhoria da qualidade de vida;
• A atração de novos equipamentos urbanos complementares às suas atividades e
dinamização das funções no tecido urbano, como universidades, centros de
pesquisa, laboratórios, farmácias, centros empresariais, habitações e outros;
• A geração de renda para as comunidades por meio da criação de novas dinâmicas
de economia urbana, nas respectivas escalas local, intermediária e regional.

Percebe-se que os hospitais são polos geradores de serviços, propiciando novos


fluxos no entorno aonde estão inseridos. Estas relações podem ocorrer com a
movimentação de pessoas de outras regiões, advindas de outros municípios com
relação ao qual estão localizados. A fase determinante para a definição da escala de
intervenção é o planejamento da unidade de saúde, que determinará os níveis de
transformações da região, como a economia, trânsito e outros aspectos relevantes.

65
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4
ESTUDO DE CASO:
O HOSPITAL SÃO RAFAEL

HOSPITAL SÃO RAFAEL - HSR


FONTE: Elaborado por Rafael Cordeiro – Arquiteto e urbanista/ UFBA. Acervo do autor.

66
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.1 CARACTERÍSTICAS MUNICIPAIS


Na Bahia, a Região Metropolitana de Salvador (RMS) possui a maior expressividade
em quantitativo populacional. Foi observado em 2010, que a RMS apresentou
3.573.973 habitantes, enquanto que no Estado, no mesmo período, foi computado o
número de 14.016.906 habitantes (ATLAS BRASIL, 2017).
Para Carvalho et al. (2014), neste exemplo representa a lógica da concentração
metropolitana, pois cerca de 25,49% de todo população da Bahia vive na grande
metrópole urbana. Este fenômeno implica em grandes desafios para o planejamento
urbano-regional, sobretudo na infraestrutura necessária para dar suporte aos novos
contingentes de pessoas, como água, energia, coleta de resíduos, mobilidade,
locomoção, saúde, educação e emprego.
Sobre este fato, Faria, Alva e Carvalho (2014, p. 204) esclarecem que “A
metropolização é um fenômeno atual, que pode ser expresso na formação de
extensas áreas urbanas com altas densidades demográficas e econômicas e uma
grande cidade como centro difusor”. Há, neste sentido, questões estratégicas a serem
solucionadas para resolver os indicadores de desequilíbrios regionais e sociais,
apresentados através dos indicadores de fragilidade social, de urbanização,
morbidade, natalidade, entre outros aspectos relacionados com qualidade da vida
urbana.
Os índices demográficos de Salvador apontam para problemas estruturais, como
desigualdade social, desemprego, homicídio e outros. De acordo com o Igarapé
Institute (2017), o índice de fragilidade urbana é construído a partir de onze
indicadores, como o crescimento populacional, desemprego, desigualdade de renda,
acesso a serviços básicos, taxa de homicídios, conflitos, nível de poluição e exposição
a desastres naturais. Estes indicadores são construídos para cidades acima de 250
mil habitantes e a base de dados considera valores das décadas de 2000 a 2017. A
consultoria internacional alerta, ainda, que o mundo passa por três tipos de riscos, o
primeiro ambiental, através das mudanças climáticas; o segundo se refere ao risco
tecnológico; e o terceiro ao terrorismo de massa.
Para Miklos e Paoliello (2017) uma definição significativa para as cidades frágeis
refere-se a “[...] o estado frágil como um território cujas instituições, assim como os
processos econômicos e políticos que emanam deles, estão enfraquecidos.” No
entanto, existem outros conceitos aplicados a fragilidade dos territórios que
exemplifica a situação dos países em desenvolvimento:

Há muitos autores e instituições que aderem ao uso do termo "estado frágil". A


difusão do uso desse conceito por organizações nacionais e internacionais de
ajuda e desenvolvimento é notável. Para a Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), um Estado frágil é incapaz de atender às
expectativas de sua população ou gerenciar as mudanças nas expectativas e
capacidade através do processo político (OECD 2008: 76). Por outro lado, o
Departamento para o Desenvolvimento Internacional (DFID), a principal agência
de ajuda internacional do governo britânico, considera estados frágeis 'aqueles
onde o governo não pode ou não vai entregar funções essenciais à maioria do seu
povo, incluindo o governo pobre'(DFID 2005: 7). A crítica de Putzel (2010) se aplica
às duas definições quando ele afirma que não há uma distinção clara entre o que
é entendido como "fragilidade" e o que seria tradicionalmente entendido como
subdesenvolvimento. Em outras palavras, as definições de fragilidade poderiam

67
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

se aplicar a todos os países pobres. [...] (MIKLOS; PAOLIELLO, 2017, p. 548,


tradução nossa)

As regiões com maior proporção de baixa fragilidade estão na Europa, Ásia e nas
Américas. “As Américas - incluindo as Américas do Norte, Central e do Sul -
apresentam o maior número de cidades com níveis médios de fragilidade (78%) e
apenas 4% com altas taxas de fragilidade.” (BOER; MUGGAH; PATEL, 2016, p. 8). A
média geral da distribuição da fragilidade das cidades nas Américas é de 1,87.
Salvador possui o índice de fragilidade urbana mediano. A cidade estava enquadrada
na classificação de número 2, em 2015, numa pontuação aonde os níveis mais
próximos de zero representam as cidades menos frágeis e as cidades com níveis até
4 pontos são mais frágeis (Figura 02). Nos níveis inferiores da classificação,
encontram-se cidades localizadas no continente africano e países árabes; e, nos
níveis mais elevados estão cidades do Japão, Canadá, Reino Unido, entre outros
países europeus. A Europa possui um índice médio de fragilidade de 1,52, e a Oceania
de 1,20.

FIGURA 02 – Evolução do índice de fragilidade urbana de Salvador.

FONTE: Igarapé Institute (2017).

Para Carvalho e Pereira (2014), devido a presença de grandes desigualdades em


Salvador, no início do século XXI houve maiores investimentos no setor de serviços,
entre os quais está inserido o segmento saúde. Para os autores, o crescimento da
economia soteropolitana foi importante para o um novo ciclo de transformações
urbanas e a consolidação da especialização dos serviços na cadeia produtiva da
RMS:
Com esse crescimento, a economia da RMS também recuperou certo
dinamismo, consolidando sua função de centro comercial e de serviços e polo
econômico e turístico baiano, ampliando suas conexões com a economia
nacional e internacional e se colocando como a oitava região metropolitana
brasileira em termos de PIB [...] (CARVALHO; PEREIRA, 2014, p. 248)

68
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A partir do fortalecimento da economia da capital baiana, na década de 2000, os


serviços hospitalares foram ampliados. De acordo com a política do Estado da Bahia
ações de reforma e ampliação foram realizadas nos Hospitais de Referência
Estaduais, Macrorregionais, Microrregionais, Complementares de Microrregião e
Locais (BAHIA, 2012b, p. 75). Até 2010 a Bahia possuía 467 hospitais com leitos
disponíveis para o SUS, com 390 unidades em hospitais gerais, 58 em hospitais
especializados e 19 em hospitais dia.
Ao longo da década de 2000, foram construídos cinco novos hospitais, como o
Hospital do Subúrbio, em Salvador; o Hospital da Criança, em Feira de Santana; o
Hospital Regional Mário Dourado Sobrinho, em Irecê; o Hospital Regional de Juazeiro;
e o Hospital Urcisino Pinto de Queiroz, em Santo Antônio de Jesus. Salvador possui
até a década de 2010 17 Hospitais Públicos Estaduais (HPEs), sendo 4 terceirizados
e 13 sob gestão direta. A capital baiana e a Região Metropolitana adquiriram quase
50% do total de 5,5 mil novos leitos da rede da Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia (SESAB), a outra metade foi direcionada para o interior.
Na última década, foi possível a realização de iniciativas da construção de novos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde no setor público, como a criação do Hospital
da Mulher (2017), do Hospital Municipal de Salvador (2018), do novo Hospital Couto
Maia (2018) e do Hospital Metropolitano, ainda em fase de construção. Também foram
reformadas e ampliadas outras unidades, como o Hospital Maternidade Climério de
Oliveira (HMCO), o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), o Hospital Santa Isabel
(HSI), o Hospital Geral do Estado (HGE), o Hospital Português (HP) e o Hospital São
Rafael (HSR).
Para a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) do SUS, instituída pela
Portaria n°. 3.390, de 30 de dezembro de 2013, os hospitais são equipamentos de
apoio à população que possuem as seguintes características:
[...] são instituição complexas, com densidade tecnológica específica, de
caráter multiprofissional e interdisciplinar, responsável pela assistência aos
usuários com condições agudas ou crônicas, que apresentem potencial de
instabilização e de complicações de seu estado de saúde, exigindo-se
assistência contínua em regime de internação e ações que abrangem a
promoção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento e a
reabilitação. (BRASIL, 2013, p. 2)

O conceito de hospitais está relacionado diretamente com a sua estrutura física, a


qual deve possuir parâmetros mínimos para o funcionamento:
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de hospital é
aplicado para todos os estabelecimentos com pelo menos cinco leitos para a
internação de pacientes que garantam um atendimento básico de diagnóstico
e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e
assistência permanente prestada por médicos.

Essas instituições agregam uma série de funções que as caracterizam como


uma das organizações mais complexas do setor Saúde. É indiscutível a
importância dos hospitais na organização da rede de saúde, seja pelo tipo de
serviços ofertados e sua grande concentração de serviços de média e alta

69
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

complexidade, seja pelo considerável volume de recursos consumido por esse


nível de atenção. (BAHIA, 2012b, p. 74-75)

De modo geral, os complexos hospitalares são equipamentos com potencial


interferência na paisagem urbana, pois propiciam o aumento do fluxo de veículos, a
criação de novos acessos, a dinamização das atividades em torno da sua localização
e a modificação do uso do solo. É importante mencionar que o planejamento físico
dos equipamentos de saúde está diretamente relacionado com o número de leitos
existentes, programados em função das demandas dos usuários. Todo o
agenciamento dos espaços ocupados pelos setores funcionais dos EAS segue
padrões em função da sua capacidade de público e os serviços oferecidos:
[...] o número de leitos hospitalares por habitante se refere a quantidade de
leitos públicos e privados, conveniados ou contratados pelo Sistema Único
de Saúde (SUS), por mil habitantes residentes em determinado espaço
geográfico, no ano considerado. A sua interpretação estabelece a relação
entre a oferta de leitos hospitalares conveniados ou contratados pelo SUS, e
a população residente na mesma área geográfica. (BRASIL, 2017c)

Segundo a Associação de Hospitais e Serviços do Estado da Bahia (AHSEB, 2014),


a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a quantidade adequada de
leitos por habitante, para cada cidade, corresponde de 3 a 5 leitos por mil habitantes.
De acordo com Guy Bernardo Villela (2018), em pesquisa do Banco Mundial os países
que apresentam os melhores desempenhos em leitos hospitalares, são em ordem
decrescente, em 2012: Mônaco (13,8), Coréia do Norte (13,2), Ucrânia (9,0),
Cazaquistão (7,2), Mongólia (6,8), Bélgica (6,5), Barbados (6,2), Moldova (6,2),
Croácia (5,9) e Cuba (5,3). Neste mesmo período o Brasil está classificado na posição
31°.
A Tabela 03 demonstra que o número total de leitos hospitalares por habitante teve
redução em Salvador entre 2002 e 2009. De acordo com os dados, o quantitativo de
leitos sofreu redução sucessiva, passando de 4,09 em 2002, para 3,14 em 2005,
atingindo 2,97 leitos por habitante em 2009 (BRASIL, 2017c). Com relação as demais
capitais brasileiras, o município baiano apresentava um valor abaixo da média
nacional que é de 3,75 leitos por 1.000 habitantes, em 2009. Apenas as cidades de
Aracaju, Florianópolis, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Porto Alegre, Teresina e Vitória
atingiram a média nacional, que é de 3,80 leitos por 1.000 habitantes.
Estes dados apontam para uma falta de investimentos em saúde pública no Estado
da Bahia, no período relacionado, sobretudo na Macrorregião Centro-Leste, aonde
está localizado Salvador.

70
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

TABELA 03 – Leitos hospitalares por habitante (Leitos por 1.000 hab.) em


capitais brasileiras, evolução. 2017
2002 2005 2009
Disponíveis Total Disponíveis Total Disponíveis ao Total
ao SUS ao SUS SUS
Aracaju (SE) 1,09 2,23 1,02 4,83 1,35 4,99
Belém (PA) 1,27 3,3 1,3 3,15 1,3 2,88
Belo Horizonte (MG) 1,27 4,11 1,34 3,89 1,54 3,83
Boa Vista (RR) 2,68 2,95 1,77 2,06 2,32 2,59
Brasília (DF) 1,47 2,34 1,68 2,42 2,1 2,89
Campo Grande (MS) 0,49 3,64 0,85 3,25 0,8 3,38
Cuiabá (MT) 0,67 4,25 0,74 3,13 0,71 2,97
Curitiba (PR) 0,6 3,84 0,84 3,79 0,79 3,5
Florianópolis (SC) 3,25 4,48 3,18 4,73 3,49 4,95
Fortaleza (CE) 1,28 3,32 1,44 3,8 1,4 3,13
Goiânia (GO) 1,09 5,21 1,42 4,84 1,02 4,52
João Pessoa (PB) 2,39 5,66 1,73 4,64 1,99 4,99
Macapá (AP) 1,5 2,11 1,07 1,67 1,68 2,5
Maceió (AL) 1,31 4,64 0,98 3,28 0,98 3,86
Manaus (AM) 1,92 2,05 1,54 2,07 1,8 2,35
Natal (RN) 2,08 4,1 1,81 3,86 1,71 3,98
Palmas (TO) 0 1,94 1,32 2,01 2,4 2,65
Porto Alegre (RS) 2,01 5,41 1,13 5,66 1,13 5,56
Porto Velho (RO) 1,51 3,07 1,52 2,67 1,79 3,06
Recife (PE) 2,79 6,24 2,75 5,68 2,7 5,45
Rio Branco (AC) 2,23 3,62 2,5 3,52 2,41 3,41
Rio de Janeiro (RJ) 1,02 3,24 1,86 3,6 1,74 3,43
Salvador (BA) 2,14 4,09 1,05 3,14 1,1 2,97
São Luís (MA) 1,63 3,73 1,76 3,99 1,94 3,49
São Paulo (SP) 0,91 2,39 0,84 2,22 0,99 2,52
Teresina (PI) 2,14 3,91 1,99 3,45 2,67 4,32
Vitória (ES) 2,57 6,86 2,48 6,08 2,56 7,11

FONTE: Brasil (2017c).

O Gráfico 01 mostra que a atenção hospitalar na Bahia continuou com redução na


quantidade de internações no segmento público com relação ao período de 2008 a
2014 (BAHIA, 2016b). A consequência direta foi o aumento das internações no
segmento privado. A região Sul do país possuía em 2014 o maior índice de
internações do SUS, com 58,9%; seguido do Norte, com 45,4%; e das regiões
Nordeste e do Sudoeste, com 45,3%; Centro-Leste, com 44,1%; Leste, com 39,6%;
Oeste, com 14,0%; e Extremo Sul, com 19,9%, em 2014. O estado baiano acompanha
a evolução do Nordeste, com 41,4% de internações hospitalares na rede SUS, no
período avaliado.

71
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Na Bahia, foram registrados 8.188 Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, em 2009


(BRASIL, 2017c). Salvador possuía aproximadamente 19% destas unidades (1.563),
concentrando grande parcela dos estabelecimentos existentes em todo o Estado.
Deste montante 90% das edificações são privadas e 10% são públicas, com
administração federal, estadual ou municipal. Essa relação aponta um avanço da
quantidade de unidades da rede de saúde suplementar, com relação a rede SUS.
O segundo colocado em número de EAS é Feira de Santana, com 318 unidades; em
terceiro lugar encontra-se Itabuna, com 175 unidades; em quarto lugar Ilhéus, com
122 unidades; e, em quinto lugar, Jequié, com 117 unidades. Os demais municípios
baianos possuem números inexpressivos, sendo que a maioria está na faixa de até
16 Estabelecimentos de Saúde.
Com relação aos critérios de oferta e demanda de leitos, o município precisa avançar
com a criação de um número maior para atender as exigências locais e manter um
posicionamento positivo quanto a classificação dos organismos internacionais. Os
potenciais impactos positivos relacionados com este aspecto podem associar-se à
oferta de novos empregos.

GRÁFICO 01 – Internações hospitalares na rede SUS, segundo regime do


hospital e NRS de residência. Bahia/BR, 2008 e 2014.

FONTE: Bahia (2016b, p. 69).

72
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.2 EXPANSÃO URBANA EM SALVADOR


O adensamento contínuo das cidades cria demanda por equipamentos complexos,
como trens, metrôs, edifícios multiuso, conjuntos habitacionais, bibliotecas e
estabelecimentos de saúde.
Os hospitais de grande porte, por sua natureza, geram impacto significativo na malha
urbana das cidades, causando problemas no tráfego de veículos, modificando o uso
do solo no seu entorno imediato, aumentando os fluxos das pessoas. Estes fatores,
potencializam determinadas regiões e geram novas centralidades urbanas. Para
Carvalho e Pereira (2014), Salvador possui atualmente a dimensão de metrópole
urbana. A cidade tem passado por transformações estruturais, com significativos
impactos locais, transformando-se numa capital com elevado grau de metropolização.
Com relação ao censo demográfico de 2000 (BRASIL, 2017a), Salvador enquadrava-
se na primeira posição em quantitativo populacional dentre os 417 municípios do
estado da Bahia, com o total de 2.675.656 habitantes e a densidade demográfica de
3.859,44 hab/km2. Em comparação com os outros municípios do Brasil, Salvador
mantinha a terceira posição em quantitativo populacional, no estado da Bahia e na
sua micro região está enquadrada na primeira colocação:
Entre os municípios mais populosos, 15 apresentaram população superior a 1
milhão de habitantes, contra 13 em 2000. Somente este grupo reunia 40,2
milhões de pessoas em 2010, o que corresponde a 21,1% da população total
do País. Os três municípios mais populosos continuaram sendo São Paulo, Rio
de Janeiro e Salvador. (BRASIL, 2011, p. 37)

A população estimada do município vem apresentando baixo índice de crescimento


populacional, com apenas 0,54% no período de 2016 a 2017, sendo a sétima menor
taxa do país. Em 2016, a população da capital baiana era de 2.938.092 pessoas. Já
em 2017, o município possuía a classificação de quarta cidade mais populosa do
Brasil, com 2.953.986 pessoas, perdendo a posição para Brasília. Mesmo com este
cenário, para Silva, Silva e Silva (2014), a população deste município apresenta a
situação de macrocefalia metropolitana, dentro do contexto do Estado da Bahia.
Ao analisar os dados socioeconômicos e do planejamento de saúde do município,
percebe-se que a capital do estado possui um quantitativo superior ao de todos os
índices comparados com relação aos demais municípios baianos. A observância
deste fenômeno é de fundamental importância para se compreender melhor os
aspectos da metropolização da cidade. Entre os parâmetros de maior relevância estão
a renda per capita média, o Produto Interno Bruto, as taxas de ocupação,
desocupação, a mortalidade infantil, a evolução de óbitos, o número de nascidos
vivos, EAS e a predominância de leitos hospitalares.
O Atlas Brasil (2017) indica que a renda per capita média dos habitantes de Salvador
elevou-se de R$ 570,63 para R$ 973,00, de 1991 para 2010, com a medida de

73
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

crescimento de 2,85% ao ano. A evolução da desigualdade de renda, Índice de Gini3,


foi de 0,65 em 1991, para 0,63 em 2010.
Observa-se no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL, 2017a) que o
Produto Interno Bruto per capita (PIB) de Salvador manteve-se acima de R$ 9.344,43
por habitante, valor próximo da média dos municípios baianos, que é de R$ 9.603,75,
em 2016. Porém, a capital posiciona-se em 105°. lugar do total de 420 munícios da
Bahia avaliados.
No quesito trabalho, a taxa de atividade da população de dezoito anos ou mais
regrediu de 71,32% para 70,49%, de 2000 para 2010. Já a taxa de desocupação
regrediu de 23,44% para 12,55%, no mesmo período (BRASIL, 2017a). Isto significa
que houve uma elevação do número de trabalhadores formais no mercado de
trabalho, porém, desta parcela houve uma redução do número de jovens.
Segundo o IBGE (BRASIL, 2017a), com relação à saúde a taxa de mortalidade infantil
média para Salvador foi de 16 por 1.000 nascidos vivos, em 2011. Comparado com
outros municípios do estado, a cidade está na posição 212°, o que reflete numa baixa
classificação diante da existência da complexa rede de infraestrutura em saúde da
cidade.
[...] o avanço (positivo ou negativo) das circunstâncias de causa externa que
foram à óbito. A sua interpretação infere valores negativos e sugerem uma
redução de casos em comparação ao ano anterior. Valores positivos sugerem
um aumento no número de casos. (BRASIL, 2017a)

Ao analisar a morbidade hospitalar, na série histórica de óbitos em Salvador de 2005


a 2014 (Gráfico 02), é possível visualizar que houve um decréscimo dos óbitos nos
últimos anos. Em 2012 o número de casos foi de 8.262, em 2014 o número de casos
passou para 6.287 casos, em 2014. Houve 3.206 óbitos masculinos e 3.081 óbitos
femininos (BRASIL, 2017b). Destaca-se, nesse período, o maior número de mortes
devido às doenças infecciosas e parasitárias, com 1.209 óbitos. O dado reflete
características de doença acometida principalmente em cidades localizadas em
países de baixo desenvolvimento.
O Gráfico 03 apresenta o percentual de óbitos por local de ocorrência em Salvador,
em 2014, num cenário aonde os hospitais (75,14 % dos óbitos) têm grande
contribuição com a incidência do total de casos. Esta informação é de fundamental

3
Índice de Gini: O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para
medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os
rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam
de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda.
O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática,
o Índice de Gini costuma comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. No Relatório de
Desenvolvimento Humano 2004, elaborado pelo Pnud, o Brasil aparece com Índice de 0,591, quase no
final da lista de 127 países. Apenas sete nações apresentam maior concentração de renda.
(WOLFFENBÜTTEL, 2004)

74
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

importância para a pesquisa, pois reflete o impacto destes complexos equipamentos


na saúde pública da população soteropolitana.
Embora haja redução do indicador morbidade na capital baiana, a evolução dos casos
de óbitos por causas externas de 2001 a 2011, revela um aumento. O item que se
destaca no período é o de suicídio, com 927,9 óbitos; e em segundo lugar está o
homicídio, com 205,13 óbitos para um total de 2.693.606 habitantes existentes em
Salvador, em 2010.

GRÁFICO 02 – Série histórica de óbitos em Salvador, de 2005 a 2014.

FONTE: Brasil (2017b).

GRÁFICO 03 – Percentual de óbitos por local de ocorrência em Salvador, em


2014.

FONTE: Brasil (2017).

75
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Segundo Machado e Santos (2015) o fenômeno da violência urbana atinge toda a


região Nordeste, e, por consequência, também avança de forma expressiva no Brasil:
O Nordeste foi a região com o maior crescimento percentual na taxa de suicídio
nos últimos 13 anos, aumento percentual de 72,4%, passando de 3,0 em 2000
para 5,2 em 2012. O aumento se deu entre homens e mulheres, com 77,8% e
56%, respectivamente. Dessa forma, a proporção da mortalidade por suicídio
entre homens ultrapassa quatro vezes o valor entre as mulheres, sendo os
maiores de 25 anos os que mais cometem suicídio. Em 2012 a mortalidade
nesse grupo superou 6 por 100.000 habitantes, sendo de apenas 2,9 entre
menores de 25 anos [...] (MACHADO; SANTOS, 2015, p. 50).

O número de nascidos vivos é outro indicador importante. Ele “[...] estabelece o total
de nascidos vivos no município de ocorrência, no ano considerado. A interpretação
geral é que o número de nascidos vivos ocorre segundo município de ocorrência do
parto, no ano considerado.” (BRASIL, 2017a). Em Salvador, o número de nascidos
vivos tem um ponto de elevação em 2000 (46.714 casos), em seguida sofre redução
até o ano de 2005 (40.798 casos) e retorna o seu crescimento até o ano de 2013
(45.561 casos).
Atualmente a RMS apresenta o contínuo avanço do fenômeno da metropolização. Os
dados de Salvador (2018) demonstram que a capital possui os maiores índices com
relação aos municípios vizinhos. A densidade demográfica bruta, que é o número de
habitantes por quilômetro quadrado avançou na cidade nos últimos anos. No recorte
de 1991, 1996, 2000 e 2010, o número de habitantes por quilômetro quadrado era de
6.704, 7.145, 8.036,72 e 8.801,21, respectivamente.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é o “Índice que mede o
desenvolvimento humano de uma unidade geográfica (município). Ele é elaborado
com base em três índices-síntese: longevidade, educação e renda e varia de 0 (pior)
a 1 (melhor).” (SALVADOR, 2018). A tabela 05 aponta o crescimento do IDHM em
Salvador, entre os anos de 1991, 2000 e 2010, com os dados de 0,56, 0,65 e 0,76,
respectivamente. Entre os três períodos consecutivos, o município possuía padrões
mais elevados com relação aos demais da Região Metropolitana de Salvador.
Segunda a pesquisa, apenas Lauro de Freitas e Madre de Deus se aproximam dos
padrões da capital, com os valores de 0,75 e 0,71, em 2010. Esta classificação
demonstra a importância de Salvador para o contexto local e regional.

TABELA 05 – Evolução do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de


Salvador e RMS.
MUNICÍPIOS 1991 2000 2010
Camaçari 0.42 0.55 0.69
Candeias 0.41 0.55 0.69
Dias D´Ávila 0.42 0.54 0.68
Continua

76
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

Itaparica 0.41 0.52 0.67


Lauro de Freitas 0.47 0.62 0.75
Madre de Deus 0.47 0.56 0.71
Mata de São João 0.38 0.51 0.67
Pojuca 0.44 0.52 0.67
Salvador 0.56 0.65 0.76
São Francisco do Conde 0.35 0.52 0.67
São Sebastião do Passé 0.40 0.51 0.66
Simões Filho 0.43 0.54 0.67
Vera Cruz 0.41 0.52 0.64

FONTE: Salvador (2018).

A “Taxa ou grau de urbanização é o percentual da população residente em áreas


urbanas, em determinado espaço geográfico, no ano considerado.” (SALVADOR,
2018). O indicador de urbanização da RMS apresenta, entre os primeiros colocados
em 2010, os municípios de Itaparica, Lauro de Freitas e Salvador, com 100%, 100%
e 99,97%, respectivamente (Tabela 06). Em último lugar está Mata de São João, com
74,22% de urbanização, em 2010. A análise destes dados permite inferir que os
municípios representados são regiões com elevado grau de adensamento urbano,
marcados pela presença de incrementos em infraestrutura, como sistemas de
iluminação, drenagem, pavimentação, instalações hidrossanitárias e outros.

TABELA 06 – Evolução da taxa de urbanização de Salvador e RMS.


MUNICÍPIOS 1991 2000 2010
Camaçari 95.24 95.47 95.47
Candeias 90.43 90.03 91.39
Dias D´Ávila 94.30 94.13 94.03
Itaparica 100 100 100.00
Lauro de Freitas 64.06 95.46 100.00
Madre de Deus 95.74 96.37 97.0
Mata de São João --- --- 74.22
Pojuca --- --- 85.82
Salvador 99.92 99.96 99.97
São Francisco do Conde 77.74 83.21 82.55
São Sebastião do Passé --- --- 78.55
Simões Filho 61.25 81.76 89.63
Vera Cruz 91.74 93.69 93.82

FONTE: Salvador (2018).

77
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Outro parâmetro importante a ser analisado é a taxa geométrica anual de crescimento,


que corresponde “[...] à média anual obtida para um período de anos compreendido
entre dois momentos, em geral correspondentes aos Censos Demográficos.”
(SALVADOR, 2018). Neste índice, as cidades da RMS com maior percentual em 2010
foram Camaçari, Dias D`Ávila, Madre de Deus, Lauro de Freitas, São Francisco do
Conde e Veracruz, com os percentuais de 4,15, 3,89, 3,74, 3,71, 2,36 e 2,36,
respectivamente.

TABELA 07 – Evolução da taxa geométrica anual de crescimento (percentual) de


Salvador e RMS.
MUNICÍPIOS 2000 2010
Camaçari 4,0 4,15
Candeias 1,37 0,8
Dias D´Ávila 4,21 3,89
Itaparica 2,59 0,9
Lauro de Freitas 5,64 3,71
Madre de Deus 3,05 3,74
Mata de São João 0 2,12
Pojuca 0 2,35
Salvador 1,83 0,91
São Francisco do Conde 2,95 2,36
São Sebastião do Passé 0 0,54
Simões Filho 2,93 2,3
Vera Cruz 3,34 2,36

FONTE: Salvador (2018).

Tendo em vista a posição de destaque da capital com relação aos demais municípios
do Estado, a cidade possui novas perspectivas para a sua expansão no cenário atual,
no que se refere ao crescimento populacional, na distribuição da renda, na oferta de
trabalho e na saúde. É importante descrever que esse contexto indica a possibilidade
de transformações na malha urbana, tendo em vista em que há a demanda da criação
de novos equipamentos de infraestrutura.
A legislação municipal de Salvador prevê instrumentos para o planejamento do
território da cidade. Entre estes estão o ordenamento territorial e a gestão ambiental,
que disciplinam o planejamento espacial dos equipamentos complexos.
Especialmente o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e o Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) são tópicos que promovem a gestão dos impactos urbanístico e
ambiental na cidade.

Art. 314. São considerados empreendimentos, atividades e intervenções


urbanísticas geradores de impacto aqueles que, por sua característica, porte
ou natureza, possam causar impacto ou alteração no ambiente natural ou
construído, sobrecarga na capacidade de atendimento de infraestrutura
básica e que exijam licenciamento especial por parte dos órgãos competentes
do Município. (SALVADOR, 2016, p. 163)

78
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Os Polos Geradores de Tráfego (PGT) são empreendimentos urbanos que produzem


impacto no sistema viário. De modo geral, este tipo de projeto precisa de aprovação
para a sua implantação. O art. 323 do PDDU (SALVADOR, 2016b) descreve que a
viabilidade destes complexos depende dos seguintes aspectos:

I - as características e o dimensionamento dos dispositivos de acesso de


veículos e pedestres, inclusive das áreas de acomodação e acumulação;
II - as características e o dimensionamento das áreas de embarque e
desembarque de passageiros, inclusive de carga e descarga de mercadorias;
III - as características e o dimensionamento da área de estacionamento,
inclusive disposição das vagas de veículos;
IV - a análise do impacto do PGT sobre a operação do sistema viário e de
transportes;
V - a relação das medidas mitigadoras, incluindo, dentre outras, as obras e
serviços necessários para a minimização dos impactos negativos.
(SALVADOR, 2016b, p. 167)

Os hospitais de grande porte podem ser enquadrados como Polos Geradores de


Tráfego (PGT). Eles estão classificados na subcategoria de empreendimentos não
residenciais, em Zonas Predominante Residenciais (ZPR). De modo geral, estes EAS
precisam apresentar para análise e a aprovação do licenciamento o Relatório de
Impacto no Trânsito (RIT), cujo documento deve demonstrar os impactos negativos
na circulação viária. Os RIT são obrigatórios para:

• serviços de saúde com 40 (quarenta) vagas de estacionamento ou mais;


• serviços de diversão, cultura, recreação e lazer com mais de 2.500 m² (dois mil e
quinhentos metros quadrados) de área construída computável;
• serviços de saúde com área construída computável superior a 2.500m² (dois mil
e quinhentos metros quadrados).

Com relação a categoria dos Empreendimentos Geradores de Impacto de Vizinhança


(EGIV), os complexos hospitalares classificam-se em hospitais e maternidades. Eles
estão sujeitos à elaboração de Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e do Relatório
de Impacto de Vizinhança (RIV), descrevendo os itens relacionados como aspectos
positivos e negativos do empreendimento (SALVADOR, 2016a, p. 69).
Os hospitais de grande porte estão classificados como Empreendimentos Geradores
de Impacto de Vizinhança (EGIV). Nesta condição, precisam apresentar o EIV e o RIV,
que contém os seguintes itens:
I - localização do empreendimento e sua área de influência de, no mínimo,
500 m (quinhentos metros) em relação às divisas do terreno onde será
implantado o empreendimento ou a atividade;
II - o adensamento populacional e seus efeitos sobre o espaço urbano e a
população moradora e usuária da área;
III - os equipamentos urbanos e comunitários;

79
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

IV - o uso e a ocupação do solo;


V - a valorização imobiliária;
VI - a geração de tráfego (área de estacionamento, entrada e saída de
veículos, área para carga e descarga, embarque e desembarque de
passageiros e horário de funcionamento) e a demanda por transporte público;
VII - a capacidade de atendimento das redes de infraestrutura (esgoto, água,
comunicações, energia elétrica e gás canalizado);
VIII - a ventilação e iluminação naturais, a geração de ruído e a emissão de
resíduos sólidos e de efluentes líquidos e gasosos;
IX - a conservação do ambiente natural e construído;
X - a ampliação ou redução do risco ambiental urbano;
XI - as alterações na paisagem urbana e nos padrões urbanísticos e
ambientais da vizinhança;
XII - a definição das medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos
negativos, bem como daquelas intensificadoras dos impactos positivos.
(SALVADOR, 2016a, p. 70-71)

Além disso, a implantação destes complexos de saúde nos terrenos selecionados


implica na análise da sua viabilidade, definida pelo Termo de Viabilidade de
Localização (TVL). Este protocolo legal descreve as condições de instalação e
parâmetros de incomodidade para empreendimentos deste porte.
A respeito das condições de instalação de um hospital, é verificada a previsão do
número de vagas para estacionamento de automóveis, veículos especiais e bicicletas.
Também é verificada a previsão de vagas para carga e descarga e área de embarque
e desembarque de pessoas, o horário de carga e descarga de mercadorias, o horário
de funcionamento, a categoria da via que dá acesso ao imóvel e o sistema de
transporte de alta e média capacidade (SALVADOR, 2016a, p. 71).
A análise dos parâmetros de incomodidade verifica a instalação de usos relativos à
emissão de ruído, de efluentes líquidos, de resíduos sólidos, atmosférica (odores,
gases, vapores, material particulado e fumaça) e de radiação eletromagnética
(SALVADOR, 2016a, p. 75).
É importante salientar que o planejamento adequado dos EAS envolve a verificação
de inúmeros condicionantes, anteriores à fase de seleção do seu terreno. São
avaliados, sobretudo, indicadores regionais que caracterizam a expansão urbana da
cidade aonde está localizado, como demografia, índices de natalidade, morbidade,
PIB, urbanização, taxa geométrica anual de crescimento e outros fatores. A análise
dos parâmetros urbanísticos são aspectos legais que também precisam ser
identificados nesta fase de planejamento.

80
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.3 HOSPITAIS NO MUNICÍPIO


A evolução física da RMS sofreu grandes transformações nos últimos anos. Sampaio
(2015) afirma que a Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (CONDER),
criada em 1973, foi responsável pelo sistema de planejamento metropolitano, no
intuito de avançar com as políticas estatais no espaço urbano-regional.
O Estudo de Uso do Solo e Transportes (EUST) e o Plano de Desenvolvimento Urbano
da Cidade de Salvador (PLANDURB) foram planos elaborados pela CONDER
(SAMPAIO, 2015, p. 250). Eles foram fundamentais para a expansão da cidade em
função do complexo petroquímico de Camaçari e a criação de cidades próximas, como
Dias D`Ávila. Já a CEDURB (Companhia Estadual de Desenvolvimento Urbano)
atuava na criação de grandes conjuntos habitacionais, como os de Narandiba,
Cajazeiras e Mussurunga.
Sampaio (2015, p. 255) afirma que a combinação destes planos, juntamente com o
envolvimento político, gerou os esquemas teóricos de alternativas da malha
estratégica espacial da RMS. Este modelo é denominado de sprawl urbano-
metropolitano, modalidade de desenvolvimento urbano que explora a expansão da
cidade através da ocupação de áreas rarefeitas nas extremidades da capital, seguindo
eixos estratégicos.
Apesar dos avanços da capital com relação aos indicadores urbanos de densidade
bruta, Índice do Desenvolvimento Humano e Moradia (IDHM), taxa de urbanização e
taxa geométrica anual de crescimento, a cidade apresenta ainda grande débito com
relação aos parâmetros nacionais e municipais de saúde. A quantidade de serviços e
leitos por habitantes são aspectos que merecem ser analisados.
De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), Salvador
possuía 3.024 unidades de saúde, em 2017, considerando todos os tipos de serviços,
como de baixa, média e alta complexidade (BRASIL, 2017c). A grande maioria destes
equipamentos está relacionada com prédios com serviços de baixa e média resolução,
enquanto que os hospitais concentram a proporção de 2% do número total de
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) da cidade, realizando as operações
de elevada complexidade da rede de atenção à saúde.
A predominância principal das unidades de saúde refere-se a clínicas ou centros de
especialidades, com 1.252 unidades; em segundo lugar estão os consultórios
isolados, com 835 unidades e na terceira posição estão as unidades de Serviço de
Apoio ao Diagnóstico e Terapia (SADT isolado), com 278 unidades. Entre as unidades
de menor predominância estão a unidade mista, o pronto socorro geral, a unidade de
vigilância em saúde, a unidade de atenção à saúde indígena, o serviço de telessaúde,
a central de regulação médica de urgências e a central de notificação, capacitação e
distribuição de órgãos estadual, todas com apenas uma unidade em Salvador.
O quadro geral da distribuição do número de leitos na capital aponta as principais
características relacionadas aos segmentos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do
sistema suplementar de saúde, ou rede privada (Tabela 08). Os leitos cirúrgicos e
clínicos possuem a maior parcela do montante total, com 24% e 25%, em 2017,
respectivamente (Gráfico 04). Os leitos complementares de internação atingem a

81
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

terceira maior média, com 16%. Em seguida estão os leitos de outras especialidades
(12%), pediátricos (8%), de hospital dia (8%) e obstétricos (7%).

TABELA 08 – Número de leitos em Salvador, por especialidade, em 2017.


CÓDIGO DESCRIÇÃO EXISTENTE SUS NÃO
SUS
CIRÚRGICO
1 BUCO MAXILO FACIAL 58 47 11
2 CARDIOLOGIA 187 84 103
3 CIRURGIA GERAL 736 498 238
4 ENDOCRINOLOGIA 9 1 8
5 GASTROENTEROLOGIA 25 3 22
6 GINECOLOGIA 122 97 25
8 NEFROLOGIAUROLOGIA 94 54 40
9 NEUROCIRURGIA 116 76 40
11 OFTALMOLOGIA 79 37 42
12 ONCOLOGIA 171 107 64
13 ORTOPEDIATRAUMATOLOGIA 518 364 154
14 OTORRINOLARINGOLOGIA 40 13 27
15 PLASTICA 87 73 14
16 TORACICA 44 24 20
67 TRANSPLANTE 25 20 5
TOTAL 2311 1498 813

CLÍNICO
31 AIDS 62 61 1
32 CARDIOLOGIA 177 66 111
33 CLINICA GERAL 1302 1006 296
35 DERMATOLOGIA 4 3 1
36 GERIATRIA 228 216 12
37 HANSENOLOGIA 25 25 0
38 HEMATOLOGIA 23 17 6
40 NEFROUROLOGIA 112 65 47
41 NEONATOLOGIA 95 79 16
42 NEUROLOGIA 78 38 40
Continua

82
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

44 ONCOLOGIA 212 112 100


46 PNEUMOLOGIA 100 57 43
88 QUEIMADO ADULTO 18 18 0
89 QUEIMADO PEDIATRICO 10 10 0
TOTAL 2446 1773 673

COMPLEMENTAR
66 UNIDADE ISOLAMENTO 60 33 27
74 UTI ADULTO - TIPO I 12 0 12
75 UTI ADULTO - TIPO II 688 347 341
76 UTI ADULTO - TIPO III 140 31 109
77 UTI PEDIATRICA - TIPO I 3 0 3
78 UTI PEDIATRICA - TIPO II 105 62 43
79 UTI PEDIATRICA - TIPO III 4 4 0
80 UTI NEONATAL - TIPO I 15 0 15
81 UTI NEONATAL - TIPO II 184 106 78
82 UTI NEONATAL - TIPO III 10 0 10
83 UTI DE QUEIMADOS 4 4 0
85 UTI CORONARIANA TIPO II - UCO 8 8 0
TIPO II
86 UTI CORONARIANA TIPO III - UCO 21 0 21
TIPO III
92 UNIDADE DE CUIDADOS 123 79 44
INTERMEDIARIOS NEONATAL
CONVENCIONAL
93 UNIDADE DE CUIDADOS 50 38 12
INTERMEDIARIOS NEONATAL
CANGURU
95 UNIDADE DE CUIDADOS 97 52 45
INTERMEDIARIOS ADULTO
TOTAL 1524 764 760

OBSTÉTRICO
10 OBSTETRICIA CIRURGICA 364 232 132
43 OBSTETRICIA CLINICA 284 233 51
TOTAL 648 465 183
PEDIATRICO
45 PEDIATRIA CLINICA 550 433 117
Continua

83
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

68 PEDIATRIA CIRURGICA 194 158 36


TOTAL 744 591 153

OUTRAS ESPECIALIDADES
34 CRONICOS 515 485 30
7 PSIQUIATRIA 459 255 204
48 REABILITACAO 112 105 7
49 PNEUMOLOGIA SANITARIA 61 61 0
TOTAL 1147 906 241

HOSPITAL DIA
7 CIRURGICO/DIAGNOSTICO/TERAPEU 615 191 424
TICO
69 AIDS 7 7 0
71 INTERCORRENCIA POS- 5 5 0
TRANSPLANTE
73 SAUDE MENTAL 205 1 204
TOTAL 832 204 628

SUMÁRIO
TOTAL CLÍNICO/CIRÚRGICO 4757 3271 1486
TOTAL GERAL MENOS COMPLEMENTAR 8128 5437 2691

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017c).

84
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

GRÁFICO 04 – Número de leitos por especialidade em Salvador, em 2017.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017c).

GRÁFICO 05 – Comparativo entre o número de leitos públicos e privados em


Salvador, em 2017.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017c).

85
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

O município possuía um total geral de 7.261 leitos, em 2009 (BRASIL, 2017c). São
computados 6.455 leitos, entre as redes pública e a privada, destinados para o
Sistema SUS, contabilizando 89% de todos os leitos da capital. Considerando o total
da população para o período, a proporção geral é de 368 leitos existentes por
habitante.
A predominância dos leitos em Salvador já em 2017 é destinada ao Sistema de Saúde
SUS, com 5.997 unidades (63%) e os leitos não SUS possuem o total de 3.451
unidades (37%), conforme o Gráfico 05. Atualmente os leitos privados têm obtido
valores elevados em função da carência da atenção hospitalar a nível governamental.
Os leitos complementares de internação também devem ser computados. Eles são
“[...] destinados a pacientes que necessitam de assistência especializada exigindo
características especiais, tais como: as unidades de isolamento, isolamento reverso e
as unidades de tratamento intensiva e semi-intensiva.” (BRASIL, 2016, p. 22). A
classificação dos leitos complementares está organizada em Leito de Isolamento,
Leito de Isolamento Reverso, Leito de Cuidados Intensivos (UTI) e Leito de Cuidados
Intermediários (UCI).
O fluxo de clientela determina as formas de demandas do público de pacientes
ingressarem no Sistema de Saúde, quer seja através do Sistema Suplementar de
saúde (particular e/ou convênios) ou através do Sistema Único de Saúde. Ele é
classificado em três modalidades, como o atendimento de demanda espontânea e
referenciada, o atendimento de demanda referenciada e o atendimento de demanda
espontânea (BRASIL, 2017c). O total de casos em Salvador é de 3024 atendimentos,
sendo que a predominância destes fluxos é da rede suplementar de saúde. A parcela
da clientela para o SUS tem o volume de 419 casos, com a contribuição de 327 casos
(7%) para a demanda espontânea e referenciada, 76 casos (25%) para a demanda
referenciada e 16 casos (13%) para a demanda espontânea.
É importante esclarecer que a arrecadação do montante orçamentário do Estado
destinado ao setor saúde compreende, de acordo com a legislação federal, valores
de investimentos fixados periodicamente. A Emenda Constitucional 29/2000 (BRASIL,
2000) assegura a aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos
estaduais proveniente das transferências para as ações e serviços públicos de saúde.
A normativa prevê, desde 2000, a destinação de doze por cento do produto
arrecadado dos impostos do Distrito Federal e dos Estados. No caso dos Municípios,
deve ser destinado à saúde quinze por cento do produto interno bruto arrecadado.
Para o Plano Estadual de Saúde do Governo Estadual (PES) de 2016 a 2019, a
previsão de recursos orçamentários tem estrita relação com o Plano Plurianual 2016-
2019 (PPA), aonde prevê compromissos, metas, iniciativas e previsão de recursos
para o Estado da Bahia (BAHIA, 2016). Através desse documento são definidas
estratégias para apoio aos programas de saúde.
O enquadramento das edificações, conforme a sua homogeneidade, permitiu verificar
a situação a qual estão classificados os hospitais no município, que são grandes
edificações e complexos urbanos. Fisicamente eles se destacam da morfologia
urbana, devido à grande proporção da sua estrutura. Além disso, possuem a

86
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

característica de gerar novas dinâmicas urbanas, repercutindo nas alterações dos


usos e ocupações do solo.
Segundo Bahia (2009), as categorias de ocupação urbana de edificações são
descritas como:
a) Ocupação Rarefeita;
b) Ocupação Predominantemente Horizontal I;
c) Ocupação Predominantemente Horizontal II;
d) Ocupação Predominantemente Horizontal III;
e) Ocupação Predominantemente Horizontal IV;
e) Ocupação Predominantemente Horizontal V;
g) Ocupação Predominantemente Vertical I;
h) Ocupação Predominantemente Vertical II;
i) Conjunto Habitacional Horizontal;
j) Conjunto Habitacional Vertical I;
l) Conjunto Habitacional Vertical II;
m) Concentração de Galpões e/ou de Naves Industriais;
n) Grandes Edificações e Complexos Urbanos.

A análise dessas hierarquias pretende avaliar qualitativamente as várias formas de


ocupação e utilização do espaço, pela população residente e pelos setores de
atividades econômicas. De acordo com a classificação dos tipos das edificações de
Salvador (BAHIA, 2009), os hospitais não se enquadram em nenhumas das situações
de ocupação predominante horizontal ou vertical, porém, devido a sua complexidade,
propiciam elevado impacto urbano. Por definição, os EAS representam:
Tipologia não residencial, correspondente a edificações de grande porte ou
complexos de edificações, podendo se apresentar integrados em
concentrações homogêneas ou na forma de unidades relativamente isoladas
que se distinguem da ocupação do entorno. (BAHIA, 2009, p. 20)

Em Salvador, é possível constatar que as unidades de saúde têm a sua localização


definida a partir da necessidade dos seus usuários. Detecta-se que elas podem estar
localizadas em áreas consolidadas, em estágio de desenvolvimento ou em áreas
isoladas. Os EAS localizados em áreas consolidadas representam a maior parte dos
hospitais, entre eles estão o Complexo Hospitalar Ernesto Simões Filho, o Hospital
Santa Isabel, o Hospital Universitário (HUPES), o Hospital Geral do Estado (HGE), o
Hospital Português e o Hospital da Bahia. É importante mencionar que, em tempos
anteriores, no momento da fundação destas unidades de saúde, estes territórios
também eram áreas em estágio de expansão territorial.

87
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

O Hospital do Subúrbio é um caso de unidade de saúde implantada em região da


cidade que ainda está em estágio de consolidação. Ele foi criado em local com baixa
densidade populacional, em terreno anteriormente caracterizado apenas com a
presença de massa vegetal.
Analisar os impactos provocados pela implantação dos hospitais é uma tarefa
essencial para o avanço do planejamento urbano da cidade de Salvador. A
espacialização destas informações em mapas temáticos poderá auxiliar nos
processos decisórios dos gestores e projetistas em sistemas de saúde, bem como
alimentar as bases de dados das instituições de pesquisas.

4.3.1 Localização dos hospitais em Salvador e potenciais impactos


A implantação dos hospitais nas cidades deve obedecer a critérios bem definidos. Os
principais aspectos se referem às questões legais, quanto ao atendimento da
demanda de cada região, ao perfil epidemiológico ou levar em consideração
parâmetros econômicos, como o perfil do empreendimento.
Segundo Batista (2009, p. 6), “No caso de um Estabelecimento de Atendimento em
Saúde (EAS), a localização deve ser determinada atendendo a uma hierarquia
funcional, com diversos níveis de cuidados de saúde.” A autora coloca que
equipamentos de baixa complexidade devem ser distribuídos de forma pulverizada,
enquanto os equipamentos mais complexos, que agregam maior tecnologia no seu
funcionamento, devem ser em número menor, cobrindo um maior grupo de população.
Esse entendimento contempla a teoria das redes dos sistemas de saúde, que
preconiza que a organização deve ser de forma hierarquizada.
Em Salvador, as unidades hospitalares “Atendem ao primeiro, segundo e terceiro nível
da média complexidade e a alta complexidade [...]”. (BATISTA, 2009, p.73). Estes
tipos de serviços estão destinados aos hospitais de pequeno e médio porte, os
hospitais gerais e os especializados. A distribuição espacial dos hospitais de maior
destaque no município pode ser verificada através da Figura 03. Este mapeamento
demonstra que a localização dos EAS ocorre de forma dispersa nos diversos distritos
sanitários da cidade, impactando diretamente na acessibilidade, na mobilidade das
pessoas e no dinamismo econômico de cada área.
Outra análise importante a ser feita é que as regiões do centro antigo e da orla
marítima concentram a maior quantidade destes complexos hospitalares. Elas são
áreas aonde estão consolidados os serviços de saúde e demais infraestruturas
urbanas, como saneamento, água potável, sistema viário e coleta de resíduos. Já as
regiões de Itapoan e do Subúrbio Ferroviário apresentam carência de equipamentos.
É interessante perceber que as unidades de saúde têm a capacidade de potencializar
a criação de novas centralidade urbanas. O Hospital do Subúrbio é um exemplo de
EAS de grande porte, construído recentemente. Esta unidade de saúde foi inaugurada
em 2010 e a sua implantação transformou rapidamente o contexto do bairro de Valéria
(Figura 04).

88
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 03 – Distribuição espacial dos hospitais de porte especial em


Salvador/BA, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017a) e Bahia (2008a).

89
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 04 – Localização do Hospital do Subúrbio, em Periperi, Salvador/BA, em


2018.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017a) e Bahia (2008a).

As características do Hospital do Subúrbio são de hospital geral, de gestão estadual


e natureza de administração pública (BRASIL, 2017). Esta edificação atende o público
da Cidade Baixa e possui o principal acesso através da BR 324, via que conecta
Salvador a Feira de Santana e demais municípios. O hospital possui instalações para
atender a capacidade de 268 leitos de internação, distribuídos pelas especialidades
de clínica médica, clínica pediátrica, cirurgia geral adulto e pediátrica, traumato-
ortopedia adulto e pediátrica, semi-intensiva e UTI adulto e pediátrica. O equipamento
presta serviço de urgência e emergência clínica, cirúrgica e traumato-ortopédica
(adulto e pediátrica).
Os serviços identificados apontam que o equipamento foi planejado para atender a
um raio de abrangência entre bairros do Subúrbio Ferroviário. Outra questão relevante
é que o seu perfil assistencial atende as especialidades relacionadas aos traumas,

90
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

como acidentes de trânsito e por outros problemas de violência urbana. Isto quer dizer
que a unidade de saúde se adequa a realidade da região, tendo em vista problemas
de colisões entre veículos ocorridos na BR 324, no acesso a Salvador. Ou seja, o HS
atua com múltiplas dimensões, perpassando pelas escalas local e regional.
Segundo as informações do IBGE (2017), este hospital está enquadrado no distrito de
Periperi. Esta região possui uma população de 83.886 pessoas, o que equivale a
3,13% da população total de Salvador. Já a população do setor aonde está inserida
esta unidade de saúde não chega a 1% do total do distrito. A densidade demográfica
de Periperi é de 1.416,87 habitantes/Km2 e a densidade do setor aonde está inserida
esta unidade de saúde é de 1.416,87 habitantes/Km2, muito abaixo da média em
Salvador. Estas características permitem inferir que a área de inserção do EAS, em
2010, encontra-se rarefeita com relação a densidade demográfica.
O acesso ao Hospital do Subúrbio, no Bairro de Valéria, ocorre principalmente através
da BA-528. A forma de locomoção para a unidade pode ser efetuada a partir de
diversos tipos de modais. O estudo de mobilidade urbana aponta que do trecho do
entroncamento viário de Águas Claras/ BR-324 ao HS possui 4,6 Km. Um fator
relevante para as pessoas que realizam o trecho pelos percursos pedonal e de
bicicleta deve-se a diferença de nível da topografia entre estes dois pontos, que é de
32 metros de altitude, ou seja, enquanto o hospital está na cota de implantação 102
metros acima do nível do mar, a BR-324 está na cota 70 metros.
O bairro de Valéria avançou em adensamento populacional nos últimos 41 anos,
porém ainda possui grande área de recursos naturais. A análise da cronologia dos
avanços do adensamento neste bairro é mostrada através das imagens
georeferenciadas, na Figura 05. Podemos atribuir a configuração atual desta
localidade a dois vetores de expansão ao longo dos últimos anos: a primeira causa é
ao grande fluxo de movimento de pessoas e cargas proporcionado pela BR 324 e a
segunda causa a expansão das zonas habitadas de Periperi e proximidades.
Em 1976 a predominância da extensão territorial urbana do bairro Valéria era de áreas
verdes com pouca interferência humana e a Bacia do Cobre, no Parque São
Bartolomeu. Existiam os primeiros traçados do sistema viário, embora sem
pavimentação. As ocupações até o momento ora tangenciavam a BR 324, ora
estavam próximas a Baía de Todos os Santos, com edificações residenciais
unifamiliares com baixo pavimento, em Periperi.
A partir de 1980 percebe-se grande expansão das novas nucleações urbanas,
ocupando zonas muito próximas da reserva ambiental existente. Em seguida, são
definidos novos traçados viários internos em Valéria e Periperi, aonde é percebido o
contínuo avanço das moradias em direção as áreas verdes. A área de futura inserção
do Hospital do Subúrbio se mantém intacta.
Em 1989 há uma distinção muito nítida entre as ocupações e as áreas verdes limitadas
ao novo padrão, porém não estão evidenciadas as moradias subnormais. Já em 1992
todo o trecho da BR 324 possui seu território demarcado por construções de grande
porte, ou seja, a rodovia tem o seu padrão de utilização de trânsito e usos comerciais
e de serviços. É nesta mesma época que ocorre o início da movimentação de terras
no local de inserção do HS.

91
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Em 2006 esta região já se encontrava com habitações subnormais, com a supressão


de massa vegetal e várias vias de circulação ainda não pavimentadas. Neste
momento o bairro de Valéria possui extensa área verde, porém com interferências
diretas das novas configurações urbanas. Novos distritos ganham destaques devido
ao número elevado de habitações, como o Rio Sena e o Alto da Terezinha.

FIGURA 05 – Evolução da ocupação do solo urbano nos anos de 1976, 1980 e


1989, 2006 e 2010, respectivamente, no entorno imediato do Hospital do
Subúrbio, no bairro de Valéria, no Subúrbio Ferroviário, em Salvador/BA.

1976

FONTE: Elaboração do autor baseado em Bahia (2008a).

92
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

1980

FONTE: Elaboração do autor baseado em Bahia (2008a).

93
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

1989

FONTE: Elaboração do autor baseado em Bahia (2008a).

94
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

2006

FONTE: Elaboração do autor baseado em Bahia (2008a).

95
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

2010

FONTE: Elaboração do autor baseado em Bahia (2008a).

Observa-se, portanto, que o terreno do HS não sofreu grandes intervenções humanas


anteriores a 2006. A data do início da sua obra é de 2010, sendo importante mencionar
que a análise do impacto urbano deste equipamento de saúde deve ser realizada a
partir do período em que é inserido no local.
Os hospitais acarretam, sistematicamente, problemáticas e potencialidades no
território das metrópoles. De acordo com a análise do contexto das cidades
contemporâneas, podemos compreender de maneira crítica, a implantação de
grandes complexos hospitalares.

96
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.4 O HOSPITAL SÃO RAFAEL - CARACTERÍSTICAS

4.4.1 Critérios de seleção


A escolha da edificação escolhida como estudo de caso levou em consideração os
seus impactos urbanos, tanto positivos quanto negativos, que influenciam na
qualidade de vida dos habitantes. Com relação aos potenciais do EAS, estão
relacionados à criação de novos estabelecimentos e unidades habitacionais em sua
proximidade, como serviços e comércio. Quanto aos aspectos negativos, se refere ao
reflexo na mobilidade e no trânsito urbano, seguido de congestionamentos, e aspectos
ambientais, com relação aos resíduos produzidos.
Sendo assim, os principais critérios para a seleção do hospital atendem aos requisitos
utilizados para a análise da sua inserção urbana e, sobretudo, demonstram o caráter
de complexidade do EAS. Entre os itens de seleção adotados, foram considerados os
seguintes aspectos:
I. Grandes edificações, atendendo a categorização de interferência no solo
urbano e morfologia de prédio isolado dentro do contexto da paisagem local,
de acordo com o mapeamento de tipologias da CONDER (BAHIA, 2009);
II. Presença de serviços de alta complexidade enquadrada no nível de
atendimento terciário, sendo hospital de caráter regional, de base ou
especializado (GÓES, 2004);
III. Oferta de número de leitos com capacidade superior a 300 unidades, que
se caracteriza como Hospital de Porte Especial IV, de acordo com a Portaria
N°. 2.224, de 5 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002);
IV. Hospital de grande porte enquadrado como empreendimento urbano Polo
Geradores de Tráfego (PGT), de acordo com o Plano Diretor Urbano de
Salvador (SALVADOR, 2016b), obedecendo às características de serviços
de saúde com 40 vagas de estacionamento ou mais e com área construída
computável acima de 2.500,00 m2;
V. Localização do empreendimento na cidade, em região e área de influência
de no mínimo 500 m, marcada pelo adensamento populacional e presença
de equipamentos urbanos e comunitários;
VI. Edificação construída ou ampliada recentemente, no período dos últimos
cinquenta anos, para se constatar as fases evolutivas do seu crescimento
atual;
VII. Complexo situado em área de expansão da cidade, para que possam ser
avaliados os critérios de uso e ocupação do solo, a valorização imobiliária,
a geração de tráfego, a capacidade de atendimento das redes de
infraestrutura, a ventilação e a iluminação naturais (SALVADOR, 2016a);
VIII. Edificação implantada em área urbanas não consolidada, para facilitar a
percepção da avaliação dos critérios da conservação do ambiente natural e
construído, a ampliação ou a redução do risco ambiental urbano e as
alterações na paisagem urbana, nos padrões urbanísticos e ambientais da
vizinhança (SALVADOR, 2016a).

97
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A etapa seguinte, com relação aos critérios de seleção do hospital, levou em


consideração as tipificações do EAS com relação aos parâmetros do Cadastro
Nacional de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (BRASIL, 2017). Os complexos
hospitalares podem ser classificados em Hospital Geral, Hospital Especializado e
Hospital/dia. O quadro comparativo entre os tipos de hospitais em Salvador (Tabela
09) aponta a existência de 116 unidades, sendo que a maior predominância é dos
Hospitais/dia, com 52 unidades e correspondente a 45% dos casos. Um dos critérios
da seleção da pesquisa foi de estudar a categoria dos Hospitais Gerais, pois possuem
maior nível de complexidade dos seus serviços. Para esta situação, foram detectadas
32 unidades (28%) na capital.
O próximo critério de avaliação dos hospitais corresponde a sua capacidade de leitos,
em particular as situações de porte especial, aonde possuem grande dimensão física
e elevada quantidade de leitos. Segundo a Portaria N°. 2.224, de 5 de dezembro de
2002 (BRASIL, 2002), os hospitais são classificados em função da sua quantidade de
leitos. Existem as unidades de pequeno porte (20 a 49 leitos), de porte médio (50 a
149 leitos), grande (150 a 299 leitos) e porte especial (acima de 300 leitos).
A Tabela 10 estabelece o quadro comparativo entre o número de leitos em complexos
hospitalares em Salvador, em 2017, de acordo com a classificação de Hospitais
Gerais. Foi detectado um total de 31 unidades, representando 5.343 leitos da cidade.
Dentro deste panorama, 6 hospitais gerais são de pequeno porte, com o montante de
117 leitos (2%); 13 unidades de médio porte, com 1.198 leitos (22%); 6 unidades de
grande porte, com 1.119 leitos (21%); e 6 unidades de porte especial, com 2.909 leitos
(54%). Percebe-se que os hospitais gerais de pequeno porte possuem o menor
quantitativo de unidades e de leitos, em contraposição, os hospitais gerais de porte
especial, que concentram uma parte considerável do total de unidades (19%), e
também com a maior parcela dos leitos do município.
Entre os hospitais gerais de porte especial, mais relevantes da cidade, estão o
Hospital do Subúrbio, o Hospital Geral do Estado, o Hospital Geral Roberto Santos, o
Hospital Santa Isabel, o Hospital Santo Antônio/ Associação Obras Sociais Irmã Dulce
e o Hospital São Rafael. Os complexos de saúde citados possuem uma quantidade
de leitos superior a 2909 unidades. O exemplo de menor capacidade de leitos é o
Hospital do Subúrbio, com 313 unidades cadastradas, e o de maior número na
pesquisa é o do Hospital Santo Antônio, com 924 leitos.

TABELA 09 – Quadro comparativo entre os tipos de hospitais em Salvador,


2017.
ITEM NOME TOTAL %
1 HOSPITAL GERAL 32 28%
2 HOSPITAL ESPECIALIZADO 32 28%
3 HOSPITAL/DIA - ISOLADO 52 45%
TOTAL 116 100%

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017c).

98
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

TABELA 10 – Quadro comparativo entre o número de leitos em hospitais de


grande porte em Salvador, 2017.
ITEM NOME BAIRRO GESTÃO PORTE LEIT %
OS
EXIS
TEN
TES
1 HOSPITAL GERAL 32 unidades hospitalares
1.1 CLISUR Periperi Privado Pequeno 11 0,2%
1.2 HOSPITAL ALAYDE COSTA Alto da Público Médio 60 1,1%
Terezinha,
Subúrbio
Ferroviário
1.3 HOSPITAL ALIANÇA Av. Juraci Privado Grande 153 2,8%
Magalhães
Junior, Rio
Vermelho
1.4 HOSPITAL ANA NERY Caixa D`Água Público Grande 198 3,7%
1.5 HOSPITAL DA BAHIA Pituba Privado Grande 138 0,0%
1.6 HOSPITAL DA CIDADE Caixa D`Água Privado Médio 55 1,0%
1.7 HOSPITAL DA SAGRADA Monte Serrat Público Grande 101 1,8%
FAMÍLIA
1.8 HOSPITAL DO SUBÚRBIO Periperi Público 313 5,8%
1.9 HOSPITAL ELÁDIO Cajazeiras II Público Médio 144 2,6%
LASSERRE
1.10 HOSPITAL ESTADUAL DA Roma Público Médio 126 2,3%
MULHER
1.11 HOSPITAL EVANGÉLICO DA Avenida D. Privado Médio 64 1,1%
BAHIA HEB João VI,
Brotas
1.12 HOSPITAL GERAL DO Vasco da Público Especial 318 5,9%
ESTADO Gama
1.13 HOSPITAL GERAL ERNESTO Praça Púbico Médio 127 2,3%
SIMÕES FILHO Conselheiro
João Alfredo,
Pau Miúdo
1.14 HOSPITAL GERAL Estrada Público Especial 546 10,2%
ROBERTO SANTOS Saboeiro,
Saboeiro
1.15 HOSPITAL JORGE VALENTE Avenida Anita Privado Médio 111 2,0%
Garibaldi, Rio
Vermelho
1.16 HOSPITAL MUNICIPAL DE Via Coletora Público Médio 120 2,2%
SALVADOR B, Boca da
Mata
1.17 HOSPITAL PORTUGUÊS Avenida Filantrópi Grande 282 5,2%
Princesa co
Isabel, Barra
Avenida
1.18 HOSPITAL PROFESSOR Praça Público Médio 84 1,5%
CARVALHO LUZ Conselheiro
Almeida
Couto, Nazaré
Continua

99
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

1.19 HOSPITAL PROHOPE Estrada da Privado Médio 91 1,7%


Paciência,
Cajazeiras VIII
1.20 HOSPITAL SA Rua Natanael Privado Pequeno 9 0,1%
Palma,
Periperi
1.21 HOSPITAL SALVADOR Rua Caetano Privado Pequeno 5 0,1%
Moura,
Federação
1.22 HOSPITAL SANTA ISABEL Praça Filantrópi Especial 393 7,3%
Conselheiro co
Almeida Couto
1.23 HOSPITAL SANTO AMARO Rua Ladeira Privado Médio 74 1,3%
do Campo
Santo,
Federação
1.24 HOSPITAL SANTO ANTÔNIO/ Largo de Filantrópi Especial 924 17,2%
ASSOCIAÇÃO OBRAS Roma, co
SOCIAIS IRMÃ DULCE Avenida
Bonfim, Roma
1.25 HOSPITAL SÃO RAFAEL Avenida São Filantrópi Especial 415 7,7%
Rafael, São co
Rafael
1.26 HOSPITAL TERESA DE Avenida Privado Pequeno 43 0,8%
LISIEUX Antônio Carlos
Magalhães,
Pituba
1.27 HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Avenida Público Grande 247 4,6%
PROFESSOR EDGARD Augusto Lima,
SANTOS Canela
1.28 HOSPITAL 2 DE JULHO Avenida São Público Médio 68 1,2%
Marcos, São
Marcos
1.29 MEDTOWER Federação Privado Médio 74 1,2%
1.30 SAMES Largo de Privado Pequeno 23 0,4%
Nazaré,
Nazaré
1.31 SEMEC CENTRO MÉDICO Rua Henrique Privado Pequeno 26 0,4%
HOSPITALAR AGENOR Dias, Bonfim
PAIVA
5.343
(total
leitos)

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017c).

As informações dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde e o seu entorno


imediato foram atualizadas nos softwares AutoCAD versão 2014 e ARCGIS 10.4 para
plataforma Windows 7, permitindo realizar a simulação digital da situação atual do
planejamento urbano da cidade.
Diante do levantamento realizado, o hospital selecionado para o desenvolvimento dos
estudos foi o Hospital São Rafael (HSR). Este EAS está instalado no Bairro São Rafael

100
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

desde 1974 e teve sucessivas ampliações da sua infraestrutura física. Além disso, o
complexo de saúde contribuiu para a expansão do seu entorno imediato, assim como
a promoção de postos de trabalho para grande parcela da população.
Os dados qualitativos da unidade de saúde o caracterizam como hospital geral de
porte especial, com 415 leitos, o que representa 7,7% dos leitos dos hospitais dessa
mesma categoria. As informações gerais do objeto da pesquisa foram coletadas a
partir de visitas programadas, fotos aéreas e observações realizadas no seu terreno
e vizinhança.
Os dados quantitativos, como índices, tabelas e projeções, foram extraídos a partir
das bases de dados de Instituições Municipais, Estaduais e Nacionais, como a
Prefeitura Municipal de Salvador, a CONDER, a Secretaria de Saúde do Estado, o
CNES (BRASIL, 2017c), o IBGE (BRASIL, 2011) e o Atlas Brasil (ATLAS BRASIL,
2017).
Os parâmetros adotados para a análise das características da evolução do território
na circunvizinhança do HSR, ao longo da Avenida São Rafael, localizada no bairro de
São Rafael (Figura 06), foram distribuídos em dez tópicos. Estes itens estão
relacionados diretamente com os parâmetros para as análises dos Estudos de
Impactos Ambientais (EIA) de edificações complexas, preconizado pela legislação
PPDU de Salvador, de 2016 (SALVADOR, 2016b).
Os itens relacionados são:
I. Localização do terreno do EAS;
II. Perfil do empreendimento;
III. Características do hospital;
IV. Características físicas e naturais da região;
V. Evolução física urbana;
VI. Uso e ocupação do solo;
VII. Infraestrutura;
VIII. Demografia;
IX. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM);
X. Mobilidade urbana.

A partir da análise desses tópicos, foram elencados os principais impactos, positivos


e negativos, produzidos por esse EAS. Eles foram identificados e registrados em dois
quadros. O primeiro deles é um relatório de Impacto de Vizinhança para edificações
complexas implantadas no solo urbano. O segundo quadro trata do roteiro de
verificação de impactos urbanos e indicação inicial de medidas mitigadoras/
compensatórias para edificações implantadas no solo urbano.
Outras justificativas para a escolha do estudo de caso da pesquisa, sobre a análise
dos impactos urbanos do Hospital São Rafael a partir da evolução do bairro São
Rafael, deve-se, necessariamente, a três fatores principais.
O primeiro aspecto de análise dos impactos refere-se ao bairro aonde está implantado
o Hospital São Rafael. Historicamente esta é uma região relativamente nova para a
cidade e que fazia parte da área de expansão de Salvador. O local até o final da

101
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

década de 1970 possuía o aterro sanitário de Salvador e demonstrava certo


crescimento da habitação subnormal. Neste sentido, é uma área de interesse
relevante para serem verificadas as transformações urbanas ocorridas a partir desse
período, quando foram iniciadas as obras modificadoras da paisagem do bairro, a
exemplo da implementação dos condomínios habitacionais verticais e da criação da
Avenida São Rafael.

FIGURA 06 – Localização do Hospital São Rafael, no Bairro São Rafael, em


Salvador/BA, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017a) e Bahia (2008a).

O EAS demonstra elevado potencial de interferência nas escalas local, intermediária


e regional, ou seja, os serviços de saúde que estão disponibilizados determinam um
grande fluxo de pacientes neste hospital, proporcionando impacto para as dimensões
da avenida, como o trânsito e os serviços existentes; o bairro, como a capacidade de
atração de novos empreendimentos de usos comerciais, serviços e habitacionais;

102
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

para a cidade, como a movimentação de profissionais e o público para esta região; e


demais municípios, no sentido de virem para esta unidade em busca de serviços
especializados.
Um terceiro fator que influenciou na decisão dessa opção, deve-se a percepção da
evolução física do Hospital São Rafael, devido ao crescimento da sua estrutura e o
aumento do volume de serviços especializados.
Em paralelo, também existiram modificações detectadas na dinâmica da economia
local e na morfologia da malha urbana do bairro. Este processo foi constatado a partir
da análise quantitativa, com a verificação dos dados de indicadores urbanos, e da
análise qualitativa, com as observações locais do fenômeno. A partir da inauguração
do hospital, na década de 1980 até o presente momento, ele sofreu inúmeras
transformações na sua estrutura física, com a ampliação da capacidade da área
construída no seu território.
É de fundamental relevância estabelecer, portanto, uma relação cronológica sobre a
evolução dos acontecimentos urbanos entre o bairro São Rafael e Salvador. As
décadas de 1970 e 1980 são o período de metropolização acelerada do município.
Sampaio (2015) explica que a cidade realizava um novo modelo de expansão
territorial em função das diretrizes do planejamento sistêmico, que será denominado
de “Região Metropolitana de Salvador”. Esta nova realidade ocorre em função da
redução da economia do Recôncavo baiano e o crescimento das atividades no polo
industrial.
Neste mesmo período são criados os Planos Setoriais, responsáveis pelo
planejamento da infraestrutura do espaço produtivo na capital e no interior, ou seja,
saneamento, abastecimento d`água, poluição hídrica, turismo, construção civil e
planejamento metropolitano em geral.

4.4.2 Características do Hospital


O histórico da implantação do Hospital São Rafael, no bairro São Rafael, remete a
decisão do grupo fundador italiano Monte Tabor na escolha desse local, em
detrimento a outras áreas distintas, localizadas em outros países e no próprio território
brasileiro (INOVAR H, 2018).
Entre os motivos principais da sua seleção, deve-se, essencialmente, ao contexto
social da região que se encontrava em elevado estágio de vulnerabilidade humana.
Essa foi uma das prerrogativas essenciais para a decisão do grupo. Além disso, as
autoridades religiosas locais também influenciaram a comitiva europeia, julgadora do
processo de seleção, nesse momento inicial.
Conforme as informações descritas abaixo, o crescimento desse EAS percorreu
períodos sucessivos até a sua consolidação atual:
Tudo começou a partir do sonho do Sacerdote e Professor italiano D. Luigi
Maria Vergè que, há 30 anos atrás, tinha o desejo de levar uma grande
instituição de saúde para um país do Terceiro Mundo. Ele visitou a África, a
Ásia e o Chile, chegando finalmente em Salvador, onde conheceu o Frei
Benjamim, religioso italiano que, na época, era o Superior do Convento da

103
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Piedade. Tendo se interessado pelo assunto, Frei Benjamim levou Luigi Verzé
e sua comitiva para conversar com o Cardeal Dom Avelar Brandão Vilela e os
então governantes locais. O Frei tratou de garantir um bom terreno para o
Hospital, na Estrada de São Marcos, por se tratar de um local próximo a
comunidades carentes, convencendo a comitiva das vantagens e da
necessidade de trazer a instituição para a capital baiana. A comitiva prosseguiu
viagem para o Norte do país em visita a outros estados, e, depois de algum
tempo, veio a confirmação de Milão: o Hospital São Rafael viria mesmo para
Salvador.
A história – No dia 6 de agosto de 1974, a Entidade Monte Tabor é construída
e, em 15 de março de 1980, são inaugurados a primeira sede, bem mais
simples que a atual, e o Laboratório de Patologia Clínica e Toxicologia
Ocupacional, seguindo à filosofia das instituições italianas Monte Tabor e
Fondazione Centro S. Raffaele dele Monte Tabor, atendendo, inclusive, o Pólo
Petroquímico da Bahia. A partir daí, o Monte Tabor cresceu, construindo o
ambulatório e um posto médico no bairro de São Marcos, e posteriormente o
Hospital São Rafael. (INOVAR H, 2018)

Segundo o Sistema de Informação Gerencial Inovar H (2018), em 1974 foi fundado


em Salvador o Monte Tabor Centro Ítalo-Brasileiro de Promoção Sanitário. Em 1978,
foi escolhido o terreno para a construção do Hospital São Rafael, no bairro de São
Rafael. No começo da década de 1980 a entidade Monte Tabor inicia suas atividades
de assistência à saúde em São Rafael. A partir de 1990 é realizada a inauguração do
moderno Complexo Médico Hospitalar, classificada no período pelo Instituto Miguel
Calmon como a maior unidade de saúde da região Nordeste. Em 2012 e 2013, ele
sofre ampliações, com as alas da emergência pediátrica e a construção do edifício
anexo.
Atualmente, a rede de saúde atingiu maiores proporções para a extensão dos seus
serviços, passando a representar a escala de dimensão regional. O grupo Monte
Tabor possui novas unidades dispersas na RMS, configurando um total de seis
equipamentos (Figura 07). Entre as unidades em Salvador estão o Centro Médico
Alexander Fleming e o Centro Médico Garibaldi, na Avenida Garibaldi, em Ondina; a
unidade Brotas, na Avenida Dom João VI; a unidade de Oncologia, no Edifício
Millenium Empresarial, na Avenida Professor Magalhães Neto; e o Hospital São
Rafael, na Avenida São Rafael. A unidade laboratorial está situada no município de
Lauro de Freitas, na Rua André L. R. Fontes.
Com relação a localização do Hospital São Rafael, ele está implantado na Avenida
São Rafael, no bairro de São Rafael, em Salvador, na Bahia. As coordenadas
geográficas do terreno desta unidade de saúde são latitude -12.9282 e longitude -
38.4303. São Rafael faz fronteira a leste com os bairros de Canabrava e Vale dos
Lagos; e ao oeste com o Centro Administrativo, Nova Sussuarana e São Marcos. O
acesso principal ao bairro ocorre através da Via arterial Avenida São Rafael, que se
conecta diretamente a Via Expressa Avenida Luís Viana (Figura 08).
O terreno do EAS limita-se ao Norte e a Leste pela área de proteção ambiental
estadual, a Mata Atlântica, que se encontra em estágio de média e alta degradação.
Ao Sul limita-se pela Avenida São Rafael, que delimita toda esta faixa, e a Oeste, por
habitações subnormais, cujo crescimento ocorreu espontaneamente. A área de
implantação do HSR possui aproximadamente 40.000 m2 (Figura 09). A poligonal do

104
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

lote possui geometria de formato irregular, apresentando um baixo índice de área


ocupada por edificações. Somando o total das áreas ocupadas obtém-se a média de
6.075,00 m2, o que corresponde a 15% do terreno. As demais dimensões
correspondem as áreas pavimentadas e verdes. O conjunto arquitetônico possui três
edificações, de três a treze pavimentos.
O Hospital possui o nome empresarial Monte Tabor Centro Ítalo Brasileiro de
Promoção Sanitário. Ele é classificado como Hospital Geral, com gestão dupla e de
natureza jurídica tipo entidade sem fins lucrativos (BRASIL, 2017c). Possui exclusivo
acesso através da Avenida São Rafael.

FIGURA 07 – Localização das unidades do Grupo Monte Tabor, na RMS/BA, em


2018.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017a) e Bahia (2008a).

105
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 08 – Avenida São Rafael e Hospital São Rafael, em 2018.

Acesso principal para a Avenida São Rafael, através da Avenida Luís Viana
(Paralela).

Acesso principal para o Hospital São Rafael (sentido Bompreço – Hospital).

Fachada principal do Hospital São Rafael.

FONTE: Fotos de Mateus Morbeck (2018). Acervo do autor.

106
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 09 – Situação e foto aérea do Hospital São Rafael.

FONTE: Foto de Mateus Morbeck (2018). Acervo do autor.

107
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A caracterização deste EAS é de unidade auxiliar de ensino com natureza de


associação privada. Ele desenvolve as atividades hospitalares de alta e média
complexidade, nas gestões municipal e estadual. Entre os tipos de atendimentos
existentes estão a internação, a urgência, ambulatorial e Serviço de Atenção ao
Diagnóstico e Terapia (SADT). Enquanto assistência ambulatorial, a unidade de saúde
possui a diálise, quimioterapia/ radioterapia e hemoterapia.
Atualmente o número total de leitos hospitalares do Hospital São Rafael, segundo o
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (BRASIL, 2017c), é de 415
unidades. A distribuição geral dos leitos ocorre entre os segmentos pediátrico (48),
hospital dia (37), especialidade clínica (73), especialidade cirúrgica (126) e
complementares (68). Deste montante, 18% refere-se a leitos destinados para o SUS
(Tabela 13).
Em comparação com Salvador, este Hospital possui cerca de 4% do total geral de
leitos hospitalares da cidade, considerando computadas os diferentes serviços, no ano
de 2017. Dentre as especialidades médicas dos leitos hospitalares existentes
destacam-se a clínica, a cirúrgica e a complementar, com 96 leitos, 139 leitos e 87
leitos, respectivamente. Este é um indicativo importante que demonstra o quantitativo
de pacientes que são tratados no Hospital São Rafael.
De acordo com o montante total de leitos do HSR, a unidade de saúde está
classificada como Hospital de Porte Especial – Tipo IV. O seu enquadramento está de
acordo com a Portaria N°. 2.224, de 5 de dezembro de 2002 (BRASIL, 2002), pois se
encontra acima de 300 leitos.

TABELA 13 – Número de leitos hospitalares do Hospital São Rafael, com


comparativo entre leitos existentes e SUS, em 2017.
DESCRIÇÃO LEITOS LEITOS
EXISTENTES SUS

COMPLEMENTAR 68 19
95 - UNIDADE DE CUIDADOS 16 0
INTERMEDIARIOS ADULTO
76 - UTI ADULTO - TIPO III 34 10
79 - UTI PEDIATRICA - TIPO III 4 4
78 - UTI PEDIATRICA - TIPO II 4 2
75 - UTI ADULTO - TIPO II 10 3

ESPECIALIDADE - CIRÚRGICO 126 13


13 - ORTOPEDIATRAUMATOLOGIA 7 1
14 - OTORRINOLARINGOLOGIA 4 0
15 - PLASTICA 5 0
16 - TORÁXICA 4 0
67 - TRANSPLANTE 5 1
02 - CARDIOLOGIA 16 0
Continua

108
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

04 - ENDOCRINOLOGIA 4 0
06 - GINECOLOGIA 4 0
09 - NEUROCIRURGIA 15 2
12 - ONCOLOGIA 20 6
03 - CIRURGIA GERAL 14 1
05 - GASTROENTEROLOGIA 4 0
01 - BUCO MAXILO FACIAL 4 0
11 - OFTALMOLOGIA 8 1
08 - NEFROLOGIAUROLOGIA 12 1

ESPECIALIDADE - CLÍNICO 73 20
32 - CARDIOLOGIA 4 0
33 - CLINICA GERAL 10 4
38 - HEMATOLOGIA 1 0
40 - NEFROUROLOGIA 16 2
42 - NEUROLOGIA 4 0
46 - PNEUMOLOGIA 4 0
44 - ONCOLOGIA 34 14

HOSPITAL DIA 37 6
07 - 37 6
CIRURGICO/DIAGNOSTICO/TERAPEUTICO

PEDIÁTRICO 48 5
45 - PEDIATRIA CLINICA 30 5
68 - PEDIATRIA CIRURGICA 18 0

TOTAL 352 63

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017c).

O complexo possui 2.467 profissionais cadastrados relacionados ao segmento saúde,


sem considerar os demais colaboradores dos setores funcionais de apoios técnico-
logístico, correspondentes às áreas de manutenção, limpeza, projetos e obras
BRASIL (2017c). Entre os profissionais envolvidos existem cerca de 14 categorias
diferentes, que são os: auxiliares de enfermagem; enfermeiros; psicólogo hospitalar;
técnico de radiologia e imagenologia; assistente social; auxiliar de farmácia de
manipulação; fisioterapeuta geral; nutricionista; auxiliar de farmácia de manipulação;
farmacêutico; auxiliar técnico em patologia clínica; assistente administrativo; físico
(nuclear e reatores); médicos de diversas especialidades.

109
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Segue o quadro de áreas do EAS (Tabela 12), informando as dimensões e as


proporções gerais dos índices urbanísticos do empreendimento, como as áreas do
terreno, de preservação, ocupada, permeável, pavimentada, construída e os números
de pavimentos das edificações e vagas de estacionamento.
De acordo com o Hospital São Rafael (2018), a área total do terreno é de 149.423,16
m2, sendo que aproximadamente 70% deste território está reservado para área de
preservação ambiental. A área do complexo hospitalar, como edificações e sistema
viário, atinte cerca de 25% deste montante global. A área construída tem o valor de
40.000 m2, distribuída em 03 blocos pavilhonares de múltiplos pavimentos. Além
disso, a área aproximada destinada para os estacionamentos é de 6.479,06 m2.
Com relação ao dimensionamento do número de veículos do complexo hospitalar,
foram identificadas 470 vagas para automóveis, na área interna do hospital; 300 vagas
na área externa, para aluguel; e 30 vagas para carga e descarga. Sendo assim, o
montante máximo é de 800 veículos nas suas instalações.
As atividades deste EAS ocorrem todos os dias da semana, com o horário de
funcionamento de 24h. A estrutura física hospitalar contempla 12 salas de cirurgia,
são realizados o atendimento a 2.000 pacientes/dia, possui 47 especialidades
médicas, 03 prédios, 02 salas para procedimentos hemodinâmicos, possui um número
superior a 3.000 colaboradores, 88 consultórios médicos no centro médico
diagnóstico, 415 leitos de internação, 22 leitos de observação para adultos e 05 leitos
de observação para pediatria no setor de emergência e 68 leitos de terapia intensiva
e semi-intensiva.

TABELA 12 – Caracterização do Hospital São Rafael em Salvador, em 2018.


CARACTERIZAÇAÕ DO DADOS GERAIS
EMPREENDIMENTO
DENOMINAÇÃO Monte Tabor Centro Ítalo Brasileiro
de Promoção Sanitário
CLASSIFICAÇÃO Hospital Geral
ENDEREÇO Avenida São Rafael, Bairro São
Rafael
COORDENADAS Latitude -12.9282 Longitud
e-
38.4303
RUAS/AVENIDAS DE ACESSO Avenida São Rafael
PORTE Hospital de porte especial (acima
de 300 leitos)
TIPOLOGIA Blocos pavilhonares de múltiplos
pavimentos
LEITOS 415 Leitos

ÁREA DE CONSTRUÇÃO ÁREAS ÍNDICE


ÁREA TERRENO TOTAL 149.423,16 M2 1,00
ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL 104.750,04 M2 0,70
Continua

110
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

ÁREA POLIGONAL DO COMPLEXO 38.194,06 M2 0,25


HOSPITALAR
ÁREA PAVIMENTADA 6.479,06 M2 0,04
(ESTACIONAMENTO)
ÁREA CONSTRUÍDA 40.000,00 M2 -
NÚMERO DE PAVIMENTOS 13 -

VAGAS PARA VEÍCULOS DIMENSIONAMENTO


VAGAS PARA AUTOMÓVEIS 01 - ÁREA 470 -
INTERNA DO HOSPITAL
VAGAS PARA AUTOMÓVEIS 02 - ÁREA 300 -
EXTERNA DO HOSPITAL (ALUGUEL)
VAGAS DE CARGA/DESCARGA 30 -
TOTAL 800 -

ATIVIDADES DADOS
ESPECIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES
DIAS DE FUNCIONAMENTO Todos os dias da semana
HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO 24h

ESTRUTURA UNIDADES
SALAS DE CIRURGIA 12
PACIENTES ATENDIDOS/ DIA 2.000
ESPECIALIDADES MÉDICAS 47
NÚMERO DE PRÉDIOS 03
SALAS PARA PROCEDIMENTOS 02
HEMODINÂMICOS
NÚMERO DE COLABORADORES Superior a 3.000
NÚMERO DE CONSULTÓRIOS MÉDICOS 88
(CENTRO MÉDICO DIAGNÓSTICO)
NÚMERO DE LEITOS DE INTERNAÇÃO 415
NÚMERO DE LEITOS DA UNIDADE DE 22 leitos de
EMERGÊNCIA observação/ 05
pediátricos
NÚMERO DE LEITOS DE TERAPIA 68
INTENSIVA E SEMI-INTENSIVA

FONTE: Elaboração do autor baseado em Hospital São Rafael (2018).

A Figura 10 apresenta diagramas ilustrando em perspectivas a setorização funcional


do HSR e a volumetria das 03 edificações hospitalares inseridos na topografia
existente.

111
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Através das imagens é possível verificar as fases de expansão e a complexidade dos


usos da unidade de saúde, comprovando a multiplicidade dos seus serviços
realizados atualmente.
Os diferentes fluxos dos usuários do equipamento, quer sejam pacientes,
acompanhantes, funcionários ou visitantes são diferenciados em função dos blocos e
seus usos internos. A ideia principal é direcionar as massas de pessoas por percursos
distintos, aonde não haja cruzamentos indesejáveis de fluxos. Os setores de maior
afinidade funcional possuem proximidade física, enquanto que as zonas de menor
afinidade estão distanciadas no corpo das edificações.
A partir das análises percebe-se que o bloco 01 desenvolve-se com 03 pavimentos.
Ele possui o acesso voltado para a Avenida São Rafael e tem os serviços de baixa
complexidade, como laboratório, ambulatório e diagnóstico. Neste volume o público
geral de pacientes externos e acompanhantes pode realizar suas atividades
programadas sem necessariamente acessar os demais blocos. Este equipamento
está contíguo a portaria principal, ao lado do ponto de ônibus e táxi. O percurso dos
pacientes pode ser realizado a partir de veículos particulares, ambulância ou através
de via pedonal ao longo de um espaço com paisagismo exuberante.
O bloco 02 possui os serviços de maior complexidade hospitalar. Esta edificação
possui 11 pavimentos, de modo que nos níveis dos subsolos estão concentrados os
setores de semi-intensiva, apoio técnico-logístico (Serviço de Nutrição e Dietética,
Central de Armazenamento Farmacêutico e Imagenologia), emergência e apoio
administrativo. No pavimento térreo ocorre o acesso principal e estão os serviços de
pediatria e administração. Nos pavimentos superiores, do primeiro ao sexto
pavimento, estão os serviços de internação, Unidade de Terapia Intensiva (U.T.I.), o
Centro Cirúrgico (C.C.). No último pavimento está a área técnica, destinada para
equipamentos de climatização, casa de máquinas e outras atividades correlatas.
O bloco 03, que se refere a torre nova, foi edificado na última etapa de obra. Ele possui
13 pavimentos no total e está localizado no fundo do terreno, paralelo a primeira torre,
o bloco 02. A conexão entre ambos os prédios ocorre a partir de duas passarelas
elevadas, nas quais permitem a circulação horizontal dos usuários entre todos os
pavimentos, excluso os subsolos -2, -3, -4, -5 e -6. Com relação ao seu zoneamento
funcional, o pavimento térreo possui o uso do setor de oncologia; o primeiro e o
segundo ocorrem a internação; o terceiro o serviço de Onco-Hematologia e
Transplante de Medula Óssea (TMO); o quarto pavimento e os subsolos -5 e -6
destinam-se a áreas de futura ampliação; o quinto está a Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) e o sexto a área técnica, correspondente com o mesmo nível da área técnica do
bloco 02. No pavimento do subsolo -1 está agenciada a emergência, no pavimento -2
está o refeitório, no -3 a administração e no -4 a garagem de funcionários.
É importante mencionar que apesar do HSR possuir um plano diretor para a expansão
dos seus serviços ao longo do seu tempo de operação, são realizadas constantes
obras de reformas e adequações para a instalação de novos equipamentos.

112
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 10 – Volumetria das edificações e a setorização funcional do Hospital


São Rafael inserido na topografia existente, em 2018.

FONTE: Acervo do autor.

113
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Com relação a infraestrutura, de acordo com o Hospital São Rafael (2018b), é


interessante descrever que a instituição possui preocupação com relação a qualidade
ambiental. Os sistemas de instalações estão sendo gradualmente modernizados para
o atendimento de critérios de sustentabilidade ambiental.
A partir dos levantamentos do consumo dos insumos e a produção de resíduos atual,
em 2017, são registrados os dados da sua evolução. Os registros apontam que ele
gera expressiva demanda para manter o seu adequado funcionamento e o suporte
para o dimensionamento do número de leitos existentes. O complexo adota, portanto,
estratégias de sustentabilidade em todos os sistemas de instalações, em diferentes
estágios de validação, visando a redução dos consumos dos insumos, a diminuição
do custo operacional do empreendimento e a obtenção da certificação ambiental.
O quadro comparativo (Tabela 14) informa que são gerados cerca de 10.164,00
M3/mês de efluentes líquidos. O sistema de tratamento desse tipo de resíduo é tratado
integralmente antes da emissão final para o recurso hídrico do Rio Passa Vaca, que
cruza bairros importantes da cidade, inclusive São Marcos. A estação de tratamento
interna do HSR está localizada no fundo do terreno, na região de menor cota da
topografia, aproximadamente na curva de nível de trinta metros. Neste local os
efluentes líquidos passam pelo processo de aeração, com a injeção de O2 por
turbilhão e sucessivas filtragens, por caixas de areia de diferentes graduações. Todo
o processo é controlado por amostras laboratoriais. Após o líquido final atingir o nível
de classificação dos corpos hídricos N°. 24, conforme a Secretaria do Meio Ambiente
(SEMA), pode ser lançado na natureza. Esta estratégia possui bons resultados,
embora não se saiba ao certo quais as consequências, a médio e em longo prazo,
quanto a contaminação dos lençóis freáticos da região.
Os resíduos sólidos também sofrem processo de triagem anterior à sua fase de
descarte. Após a coleta diária dos detritos, eles são armazenados no abrigo de
resíduos final. Ele está localizado no fundo do Hospital, anterior ao acesso do setor
de emergência infantil, num bloco de apoio logístico, reservado para os usos do
controle do meio ambiente interno e a infraestrutura de climatização geral. Em
seguida, é realizada a seleção dos resíduos por tipologias, como Resíduos de
Serviços de Saúde (R.S.S.), comum, recicláveis, químicos e orgânicos. Eles são
coletados por caminhões coletores distintos. Do montante de 810.529 Kg/mês de
resíduos sólidos gerados, são reciclados 9,48%, o que corresponde a 76.799 Kg/mês.

4 Definições:
I - águas doces: águas com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰;
II - águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30 ‰;
III - águas salinas: águas com salinidade igual ou superior a 30 ‰. (BRASIL, 2005, p. 1-2)

Classificação das águas doce tipo III - classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução
CONAMA no 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os
quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aqüicultura e à atividade de pesca. (BRASIL, 2005, p. 4)

114
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Com relação a energia da unidade de saúde são consumidos 1.360.800 Kw/h através
do sistema de geradores5, sendo que o montante de cerca de 70% desse percentual
está destinado para o sistema de refrigeração. O sistema de climatização abastece
todo o complexo por meio dos equipamentos com resfriamento com água gelada. A
energia residual desse equipamento é gerada a partir do sistema de bombas
trocadoras de calor, aonde pode ser acumulada e reaproveitada em outro sistema que
demande.
Na cobertura das edificações existe um sistema de coleta de energia a partir de
painéis solares, associado com boiler de acumulação, que é destinado para o
aquecimento da água que se destina para os quartos de internação. A ideia principal
é de assegurar o princípio da sustentabilidade, no sentido de que a água aquecida
pode ser reutilizada. A energia renovável representa uma economia para o
empreendimento de 13.500 Kw/ano, enquanto que o consumo de energia total do
empreendimento representa 1.360.800 Kw/h.
O consumo de água potável da unidade representa 12.705 M3/mês. Este sistema de
abastecimento é servido por duas fontes principais. É realizada pela Empresa Baiana
de Abastecimento e Saneamento (EMBASA) ou está associada com a água potável
dos poços artesianos, localizada dentro do próprio terreno da unidade de saúde. O
recurso hídrico advindo do lençol freático possui estação de tratamento própria,
representando o montante de 30% do total da água consumida pelo HSR. A estimativa
é que este valor aumente nos próximos anos com a perfuração de novos poços.

TABELA 14 – Quadro comparativo entre os insumos/resíduos do Hospital São


Rafael em Salvador, 2017.
ITEM INSUMOS/ RESÍDUOS GERAÇÃO/ CONSUMO
1 EFLUENTE 10.164 M3/mês
2 ENERGIA
2.1 ENERGIA LIMPA (PLACAS SOLARES)/ ECONOMIA 13.500 Kw/ano
2.2 ENERGIA GERADORES EM PONTA 1.360.800 Kw/h
3 RESÍDUOS
3.1 RESÍDUOS GERADOS 810.529 Kg/mês (100%)
3.2 RESÍDUOS RECICLADOS 76.799 Kg/mês (9,48%)
4 ÁGUA EMBASA 12.705 M3/mês

FONTE: Elaboração do autor baseado em HSR (2018b).

5 Grupo motor gerador (GMG): Consiste em um motor diesel acoplado a um alternador síncrono
trifásico, montado sobre uma base comum. (BRASIL, 2001, p. 2)

115
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.5 O BAIRRO SÃO RAFAEL E A AVENIDA SÃO RAFAEL

4.5.1 Características gerais


A partir da configuração do crescimento da malha urbana da RMS é possível perceber
profundas transformações na estrutura física na capital. De acordo com o Sistema de
Informação Municipal de Salvador (SALVADOR, 2018), os anos de 2000 e 2010 no
município registram a redução do número de habitantes por domicílio, variando de
3,73 para 3,11, respectivamente.
Segundo o levantamento dos dados socioeconômicos de Salvador, por Bairros e
Prefeituras-Bairro (BAHIA, 2016b), São Rafael faz parte da Prefeitura-bairro IX, em
Pau da Lima. A sua área possui 20,15 km2 e a população, em 2010, é de 184.795
habitantes. Nesse mesmo agrupamento existem 13 bairros, entre os quais estão São
Marcos, Pau da Lima, Jardim Cajazeiras, Porto Seco Pirajá, Vila Canária, Sete de
Abril, Novo Marotinho, Canabrava, Vale dos Lagos, Trobogy, Nova Brasília e Jardim
Nova Esperança.
São Rafael é um bairro da cidade aonde houve modificações consideráveis na sua
história recente, considerando os últimos cinquenta anos. De acordo com Santos
(2010):
O bairro de São Rafael localiza-se no “Miolo” de Salvador e, segundo
Ubiratan Nascimento, presidente da Associação de Moradores do
Recanto São Rafael, surgiu do desmembramento do bairro de São
Marcos. Nascimento conta que a Avenida São Rafael chamava-se São
Marcos e que o atual nome deste logradouro, assim como de todo
bairro, está relacionado à presença do Hospital São Rafael, instalado
no local desde o início da década de 1990.

O presidente da Associação também lembra que acerca de quarenta


anos, o bairro era isolado do Centro de Salvador; não tinha luz elétrica,
não existia água encanada, havia apenas chafarizes e fontes nos
quais pegava-se água para beber e tomar banho. Toda a região tinha
muita jaca, umbu e caju. Não havia colégio e só um ônibus que saía
de manhã e retornava à tarde para Pau da Lima, fazia o transporte dos
moradores. (SANTOS, 2010, p. 224)

Os acessos ao bairro São Rafael ocorrem através de três vias. A primeira delas é a
Avenida São Rafael, uma via de classificação coletora que se inicia através da via de
hierarquia expressa, a Avenida Luís Viana (Paralela) localizada no quadrante Leste
da cidade. O outro acesso é realizado a partir da Rua São Marcos, que tem conexão
com a BR 324 através da ligação com a Avenida Aliomar Baleeiro, no quadrante
Oeste. E, o terceiro acesso, pode ser realizado a partir da Avenida Maria Lúcia, sentido
Cajazeiras-São Marcos pela Via Regional, no quadrante Norte.
Como características físicas gerais, o bairro apresenta grande potencial de áreas
verdes, classificadas como áreas de preservação ambiental, aonde demonstram a
presença da Mata Atlântica e do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural. O

116
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

parque Horto de Salvador é um exemplo de zona de vegetação preservada e que está


contígua ao bairro São Marcos (Figuras 11 e 12).
A topografia desta região predomina o relevo acidentado com a presença de morros
e vales, atingindo a cota de implantação máxima de 77 metros acima do nível do mar.
As regiões de vale podem chegar a cota de nível 30 metros, ou seja, a diferença de
nível encontrada é de 47 metros entre os pontos mais baixo e mais elevado. Neste
sentido as edificações existentes precisam se adaptar as condicionantes das
irregularidades do terreno.
Com relação ao sistema hídrico existente no local, Santos et al. (2010) infere que São
Rafael está enquadrada na bacia hidrográfica do Rio Passa Vaca e que abarca 1,20%
da área do município. Este rio nasce no mesmo bairro e desagua no estuário do Rio
Jaguaripe, na orla Atlântica da cidade. É importante salientar que esse corpo hídrico,
que possui a mesma denominação da sua bacia hidrográfica, está em estágio de
grande risco ambiental. Como informa o autor:
Na foz desse Rio localiza-se o manguezal do Passa Vaca, último
remanescente de manguezal no meio urbano na Orla Atlântica de
Salvador. É um Rio com importância para a vida marinha, pois serve
de nascedouro e berçário de várias espécies. Apesar disso, o Rio
Passa Vaca vem sendo degradado pelo lançamento de esgotos e
resíduos sólidos de loteamentos e assentamentos irregulares,
comprometendo, consequentemente, o manguezal e todos os
ecossistemas a ele associados. Além da vegetação de mangue, no
Loteamento Patamares e em parte da Av. Paralela que fica na área da
Bacia, existe Floresta Ombrófila em estágio avançado, em área
bastante expressiva. (SANTOS, 2010, p. 221)

Outra característica marcante da região é a predominância da ocupação do uso do


solo por grandes conjuntos habitacionais, com prédios em tipologias de blocos de
baixa elevação vertical, ocupando extensas áreas territoriais. No início da década de
1970 inicia-se a construção de condomínios com tipologia horizontalizada. As áreas
verdes existentes, em sua predominância, foram suprimidas sistematicamente em
detrimento da instalação desses equipamentos. A região avança com este tipo de
ocupação nos terrenos mais próximos da implantação do HSR, com acesso à Rua
Artêmio Castro Valente. Segundo levantamento do Ministério das Cidades (BAHIA,
2017), São Rafael também possui concentração de aglomerados subnormais, com
áreas carentes da realização de obras de infraestrutura nas suas encostas, aonde
apresentam criticidade de desabamento.
Para Carvalho (2014), a historiografia da evolução da ocupação em massa dessa
região pelas habitações ocorre a partir da intervenção do Governo do Estado da Bahia,
através das iniciativas da empresa de Habitação e Urbanização da Bahia (Urbis), na
década de 1965. A intenção era de criar novas moradias e favorecer as famílias com
a faixa até três salários mínios, o que equivaleu, no período citado, a cerca de 93%
das habitações propostas. O autor afirma que a região central do município baiano
passou por transformações estruturais, por períodos sucessivos, até atingir a sua
configuração atual:
A maior parte dos conjuntos construídos pelo estado em Salvador,
nessa época, localizava-se no centro do município, na área conhecida

117
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

como Miolo da cidade, desabitada até a década de 1960. Na região do


Miolo, concentrou-se 66% da produção dos órgãos Urbis e Inoop.
(CARVALHO, 2014, p. 123)

A região tem importância considerável para Salvador, em diversos sentidos. No


aspecto ambiental, ainda preserva recursos naturais da flora e da fauna da Mata
Atlântica, cujas áreas estão protegidas por legislação estadual. No aspecto social é
caracterizada como uma zona em estágio de desenvolvimento, com potencial de
transformação.
As pesquisas sobre indicadores urbanísticos (ATLAS BRASIL, 2017) apontam que
uma parcela dos habitantes dessa região, sobretudo jovens, estão em plena
capacidade de trabalho. Isto quer dizer que 67,1% da composição da população de
18 anos ou mais de idade, em 2010, são de pessoas economicamente ativas. Em
contraposição a esse cenário existe parcela relevante da população que se encontra
em situação de vulnerabilidade social, com o quadro de 54,82% de pobres e 42,44%
de pessoas de 18 anos ou mais, sem fundamental completo e habitando em ocupação
informal. Nesse sentido, o reflexo da situação apresentada reflete no Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) dos habitantes do bairro, que é mediano,
em 0,607.
Com relação aos aspectos da morfologia urbana, São Rafael e os demais bairros do
“miolo” da cidade configuram-se como uma área de expansão da cidade,
caracterizada por construções de baixo gabarito e com a tendência da verticalização
das suas edificações no solo urbano. A região agrega uma série de equipamentos
públicos e privados que beneficiam diretamente a cidade.
O sistema viário é um aspecto que precisa ser melhor resolvido no bairro São Rafael.
Este representa um dos maiores desafios urbanos, relacionado com a mobilidade e a
locomoção da cidade, pois está sujeito a grandes congestionamentos e pontos de
conflitos entre pedestres e veículos. Com relação a infraestrutura, a região ainda é
carente de áreas de lazer e convivência, pois há a característica marcante de zonas
densamente povoadas e áreas de proteção ambiental.

118
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 11 – Características ambientais na Avenida São Rafael, em 2018.

Área de preservação ambiental - Acesso ao Hospital São Rafael e ao Horto de


Salvador.

Área de preservação ambiental – Fundo do Hospital São Rafael.

FONTE: Fotos de Mateus Morbeck (2018). Acervo do autor.

119
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 12 – Bairro São Rafael, sistema viário e áreas de interesse ambiental


em Salvador, em 2017.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Bahia (2017).

120
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.5.2 Evolução física


a. Cartografia urbana
A evolução física do bairro São Rafael ocorre, simultaneamente, com a inserção do
Hospital nesta localidade (Figura 13). Através da análise da ocupação cronológica do
bairro, realizadas a partir da observância de imagens georeferenciadas disponibilizada
pela CONDER, é possível visualizar suas principais modificações.
Percebe-se que a partir de 1976, a predominância maior da superfície desta região
era de massa vegetal entrecortada pelo primeiro sistema viário, que ainda estava por
se formar. A via arterial São Rafael já estava com o seu traçado definido, porém, não
havia vias de caráter coletoras e locais ainda. Neste momento iniciavam-se as
movimentações dos terrenos para a implantação dos conjuntos habitacionais,
entretanto, o Hospital São Rafael ainda não existia. O Centro Administrativo da Bahia
(CAB) também avançava as construções do seu complexo institucional.
A partir de 1980, a paisagem natural de São Rafael passa a sofrer constante
modificação, alterando grande parcela da sua área verde devido aos cortes e aterros
dos dois complexos residenciais, localizados na parte central do distrito. Nesta data
iniciou-se a criação do aterro sanitário de Salvador e da Avenida Gal Costa, no bairro
de Sussuarana.
Constata-se, em 1986, que os complexos de edificações residenciais demonstravam
estágio avançado de construção e novas vias são construídas, conectando-se à via
arterial do bairro. O terreno onde seria implantado o Hospital São Rafael estava em
contínua movimentação e edificações habitacionais unifamiliares ocupavam as
regiões próximas.
Em 1992 a região adquire uma configuração completamente diferenciada da anterior,
ou seja, havia uma maior parcela da superfície ocupada por construções, áreas
pavimentadas e vias. A massa verde vegetal existente se tornava restrita e a
marcação dos novos traçados dos loteamentos urbanos estava presentes. Neste
momento, o HSR continuava em fase de modificação do solo e construção da
edificação principal.
Já em 2006, após 30 anos de desenvolvimento do setor censitário de São Rafael, a
sua proposta urbanística mostrava-se consolidada. Existiam, neste momento, cerca
de 15 condomínios plurifamiliares, com tipologias diferenciadas, em blocos e em
lâminas, ocupando extensa área territorial. Novas vias de categorias locais e arteriais
estavam presentes, articulando-se com os próprios condomínios e conectando-se
com os distritos próximos. O HSR apresentava-se como um complexo de edificações
e estacionamentos, inclusive com área para veículos após o limite do seu lote, ou seja,
do outro lado da via arterial. Neste momento, o solo urbano possui a maior
predominância de ocupação através de construções e as áreas verdes detêm a menor
parcela do espaço.
Também é neste período que são observadas grandes nucleações de habitações
subnormais nos arredores deste centro de saúde, ocupando terrenos desfavoráveis,
com inclinações superiores a 20% e regiões de baixada. As diversas localidades de
São Marcos e Nova Sussuarana possuem as mesmas características, embora com
as habitações ocupando as cumeadas principais. As áreas verdes são drasticamente
devastadas e a hidrografia existente é limitada à mancha verde presente.

121
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 13 – Fotografias aéreas georeferenciadas do Bairro São Rafael,


evolução física de 1976 a 2010.

Avenida São Rafael em 1976.


FONTE: Elaboração do autor baseado Bahia (2018) e Brasil (2011).

122
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Avenida São Rafael em 1980.

FONTE: Elaboração do autor baseado Bahia (2018) e Brasil (2011).

123
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Avenida São Rafael em 1989.

FONTE: Elaboração do autor baseado Bahia (2018) e Brasil (2011).

124
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Avenida São Rafael em 2006.

FONTE: Elaboração do autor baseado Bahia (2018) e Brasil (2011).

125
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Avenida São Rafael em 2010.

FONTE: Elaboração do autor baseado Bahia (2018) e Brasil (2011).

126
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

b. Uso e ocupação do solo


A análise do Bairro São Rafael aponta para uma contínua alteração das áreas natural
e construída desta região. A partir do mapeamento dos usos locais são identificas as
suas transformações do uso e ocupação do solo.
A planta topográfica do entorno imediato do Hospital São Rafael (SICAR, 1992), em
2017, permite constatar a presença da baixa taxa de ocupação das edificações
existentes (Figura 14). Neste momento é possível visualizar o HSR e poucos
conjuntos habitacionais como únicos equipamentos de grande porte construídos; e
apenas uma nucleação de habitação subnormal nas suas proximidades, com
características de baixo nível de evolução.

FIGURA 14 – Base cartográfica com a planta do terreno do Hospital São Rafael,


em 1992.

FONTE: Acervo do autor baseado em Bahia (2017).

127
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

O agrupamento de residências precárias está distribuído em todo o bairro. Ele se inicia


nas bordas da Avenida São Rafael, junto à via, e desenvolve-se no interior do bairro.
Os eixos de crescimento desta tipologia multiplicam-se a partir da Avenida Maria
Lúcia, no sentido do Estádio Barradão; a partir da Rua São Marcos, em direção aos
bairros Pau da Lima e Jardim Cajazeiras.
Os elementos naturais presentes na década de 1992 eram as bacias hidrográficas
representadas pelas nascentes e os lagos nas regiões da várzea, ao fundo do HSR.
O relevo da topografia possuía baixo nível de interferência das construções nas áreas
de depressão, algumas cumeadas também se encontravam isentas de edificações; e
as regiões com a predominância de massas verdes apresentavam maior área com
relação aos limites físicos das edificações.
O mapa de uso do solo urbano ao longo da Avenida São Rafael foi realizado num raio
de abrangência de 1,5 quilômetros, a partir do centro do terreno do HSR (Figura 10).
A partir deste instrumento de análise territorial foi possível verificar a evolução da
localidade, por anos distintos. Em 2007 já estava consolidado o uso residencial desta
localidade, com a presença de habitações subnormais em sua grande maioria e
formadas por conjuntos residenciais. Neste momento ainda existia o aterro sanitário
de São Rafael e o Esporte Clube Vitória, com ambos os acessos através da Rua
Artêmio Castro Valente. Neste momento, o HSR ocupava mais um terreno com o uso
de estacionamento, na frente da sua unidade principal, do outro lado da via.
A análise do mapa de usos em 2017 permite inferir que houve alterações do uso
residencial nesta localidade. Existia, de modo geral, um crescimento da habitação
subnormal, ocupando todas as regiões de aclive e declive da topografia existente.
Também foram criados três novos conjuntos habitacionais do programa federal Minha
Casa Minha Vida, o HSR cria novo bloco de assistência médica no fundo das suas
dependências e as áreas verdes são constantemente reduzidas.
A infraestrutura urbana deste bairro possui grandes intervenções. Foram realizadas
obras do sistema viário urbano através da criação de novos trechos das vias. Esta
interferência favoreceu a expansão do transporte das pessoas das áreas mais
interiores dos bairros São Marcos e São Rafael para a via Expressa Paralela e, por
consequência, para as demais áreas de Salvador.
Ainda no ano de 2017 foram instaladas duas estações de metrô na Avenida Luiz Viana
(Paralela), nas proximidades da rotatória da Avenida São Rafael, que são as Estações
Pituaçu e Flamboyant. A primeira delas realiza a conexão dos passageiros com a
Avenida Gal Costa, que, por sua vez, está em fase de modificação do traçado viário e
ampliação da sua caixa de rua. A segunda obra de expansão do sistema viário ocorre
com uma nova Avenida próxima da Estação Flamboyant. O seu segmento inicial nas
proximidades do Colégio Villa Campus e possui entroncamento com a Rua Artêmio
Castro Valente, nas proximidades do Estádio Manuel Barradas.
As intervenções da infraestrutura urbana executadas promoveram a valorização dos
imóveis locais, favorecendo a criação de novas áreas de expansão das construções
na circunvizinhança deste bairro. Estas zonas de crescimento, por sua vez, avançam
nas áreas verdes ainda presentes na região.
O corredor de circulação principal do bairro São Rafael, a Avenida São Rafael,
consolida-se cada vez mais, como uma via arterial com usos de predominância
comercial. Os casos dos estabelecimentos deste tipo têm aumentado a sua

128
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

proporção, principalmente com construções de pequena e média dimensões. Nas vias


locais, internas ao bairro, também há a predominância das edificações escolares.
Dentro do raio de 1,5 km a partir do HSR existem seis escolas, um equipamento
esportivo para treinamento de futebol com espaço para eventos de grande capacidade
de público, doze instituições religiosas, quarenta e cinco equipamentos de comércio/
serviços, um hotel, uma área para estacionamentos, oito conjuntos habitacionais
residenciais de baixa elevação e um conjunto habitacional de casas, padrão Minha
Casa Minha Vida.
Com relação ao uso de saúde, foi detectado nas proximidades do HSR apenas um
outro Estabelecimento Assistencial de Saúde, que é o Grupo de Apoio à Criança com
Câncer (GACC). Evidenciando, de acordo com as análises, a carência da região
quanto a equipamentos que atendam aos serviços de saúde de baixa e média
complexidade, nas esferas da rede suplementar e pública.

4.5.3 Parâmetros urbanísticos


a. Infraestrutura da habitação
Os indicadores de habitação para o setor censitário de São Rafael, em Salvador,
demonstram diferenças evolutivas com relação a sua infraestrutura urbana, entre os
períodos de 2000 e 2010.
De acordo com a pesquisa do Atlas Brasil (2017) a porcentagem da população em
domicílios com água encanada evoluiu, passando de 90,03% em 2000, para 95,82%
em 2010; com relação a demanda pelo consumo de energia elétrica houve um
aumento, passando de 99,84% em 2000, para 99,57% em 2010; e com relação a
coleta de lixo houve um decréscimo, passando de 95,48% em 2000, para 90,72% em
2010 (Gráfico 06).
O indicador habitação/ Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH), em São Rafael,
demonstra que a região se encontra em estágio de desenvolvimento com relação ao
restante da cidade. As demandas dos insumos como energia, água e a produção de
resíduos tendem a aumentar devido ao crescimento da população na região, o que
acarreta em novos domicílios e edificações de usos diversos (comerciais, serviços e
outros).
Segundo os dados de abastecimento de água, “Os mananciais que abastecem a RM
Salvador possuem disponibilidade hídrica para o atendimento das demandas futura.”
(BRASIL, 2010, p. 36). É necessário, porém, o contínuo investimento no sistema de
abastecimento da capital, com ampliação de novas redes e a implantação de outros
sistemas e poços para os atendimentos das próximas demandas.

129
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

GRÁFICO 06 – Indicadores de habitação/ Unidade de Desenvolvimento


Humano (UDH) em São Rafael, BA.6

HABITAÇÃO
2010 2000

90,72
% da população em domicílios com coleta de lixo
95,48

99,57
% da população em domicílios com energia elétrica
99,84

95,82
% da população em domicílios com água encanada
90,03

FONTE: Elaboração do autor baseado em Atlas Brasil (2017).

b. Demografia
De acordo com a sinopse por setores censitários do IBGE (BRASIL, 2017), em 2010,
o Hospital São Rafael está enquadrado no distrito ou subdistrito de Pirajá, no setor
censitário São Rafael, em Salvador, Bahia.
De acordo com os dados resumidos apontados na Tabela 13, o distrito de Pirajá
possui uma população de 395.411 pessoas, o que equivale a 14,77% da população
total do município. Já a população do setor censitário São Rafael abrange cerca de
0,40% do total do distrito de Pirajá. A densidade demográfica de Pirajá é de 10.904,05
habitantes/Km2, superior à média de Salvador que é de 3.859,35 habitantes/Km2,
enquanto que a densidade do setor censitário estudado é de 865,26 habitantes/Km2.
Atribui-se o valor elevado da densidade da região devido as concentrações
populacionais nos setores censitários de São Marcos e Pirajá, com características
similares nas regiões localizadas no “miolo” de Salvador. O baixo valor da densidade
em São Rafael está relacionado à existência das grandes áreas de preservação

6
Apesar de ter havido um decréscimo no indicador na porcentagem em domicílios com coleta de lixo
em São Rafael de 2000 para 2010, o Sistema de Informação Municipal de Salvador (SIM) aponta que
houve uma evolução no indicador Domicílio Particular Permanente com Coleta Adequada de Resíduos
Sólidos de 36,43%, em 2010 (SALVADOR, 2018a). A proporção deste mesmo indicador em 2000 foi
de 93,42% e em 2010 de 96,65%. Dessa maneira, há cerca inconsistência entre os dados extraídos do
Atlas Brasil (2017), na medida em que a Prefeitura Municipal de Salvador (PMS) informa que para o
município a coleta aumentou no período verificado.

130
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

ambiental na localidade, impossibilitando a criação de novas edificações, muito


embora haja o avanço das construções irregulares.
A razão da população por sexo aponta uma predominância de mulheres, 879 pessoas
(52,2%), com relação aos homens, 805 pessoas (47,8%). A razão de sexo do setor
censitário São Rafael possui valor de 91,58 pontos, inferior as médias da Bahia, de
Salvador e do próprio distrito, respectivamente com os índices de 96,35, 87,53 e
91,65. A pirâmide etária apresenta a prevalência da população de meia idade,
resultando num gráfico com a base e o topo estreitos e a coluna central alargada. Há
a acentuação para as pessoas masculinas com as faixas etárias de 25 a 29 anos
(6,83%), 30 a 34 anos (7,30%) e 35 a 39 anos (6,89%); e com inflexão para o sexo
feminino nas faixas de 25 a 29 anos (7,90%) e 30 a 34 anos (8,43%). Esses dados
são superiores aos apresentados no distrito de Pirajá, ou seja, a população de São
Rafael possui elevada concentração de adultos, conforme o Gráfico 07.
De acordo com os cartogramas do distrito de Pirajá (Figura 15) é possível identificar
que o setor censitário em que está inserido o HSR está entre as densidades
demográficas mais baixas da região (de 0,30 até 12.862,28 habitantes/km2) e a menor
média de moradores por domicílio ocupado (de 0 a 2,66 moradores), com 756
domicílios particulares e coletivos e 1.684 pessoas residentes. Os indicadores de
domicílios particulares e coletivos (de 385 a 850 domicílios) e pessoas residentes (de
1.038 a 2.825 pessoas) ocupam as maiores posições com relação aos setores
próximos.
Esses dados podem ser explicados devido à presença do vazio urbano da região e
edificações distribuídas de forma rarefeita. Na localidade concentram-se áreas de
preservação ambiental, o terreno do HSR, cinco conjuntos habitacionais residenciais
de tipologia de blocos verticais até seis pavimentos e poucas unidades residenciais
unifamiliares, com até três pavimentos.
Outro aspecto importante para o entendimento da evolução da população na cidade
de Salvador refere-se ao fator do crescimento populacional urbano do estado da
Bahia. A população do município representa 19,1% do total do estado. De acordo com
o censo de 2000 esse quantitativo era de 8.761.604 pessoas, enquanto que, em 2010,
passa a ser de 10.102.476 pessoas. A densidade demográfica estadual também teve
elevação, aumentando de 23,16% para 24,82%, de 2000 para 2010 (BRASIL, 2017a).

TABELA 15 – Dados do setor censitário de São Rafael em Salvador, em 2017.


DADOS POPULAÇÃO RAZÃO DE DENSIDADE
SEXO DEMOGRÁFICA
(habitante/Km2)
UF Bahia 14.016.906 96.35 23,16
MUNICÍPIO Salvador 2.675.656 87.53 3.859,35
DISTRITO São Marcos 395.411 91.65 10.904,05
SETOR São Rafael 1.684 91.58 865,26
CENSITÁRIO (292.740.805.180.151)
FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017a).

131
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

GRÁFICO 07 – Indicadores demográficos em São Rafael, em Salvador, em 2010.

Sinopse por setor censitário

Pirâmide etária por distrito e setor censitário


FONTE: Brasil (2017a).

132
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 15 – Cartogramas dos indicadores demográficos do setor censitário de


Pirajá, em Salvador, sinopse do Censo 2010.

1 - Densidade Demográfica Preliminar 2 - Média de Moradores por Domicílio


(Habitantes/ Km2) Ocupado

3 - Domicílios Particulares e Coletivos 4 - Pessoas Residentes

LEGENDA HOSPITAL SÃO RAFAEL.

FONTE: Elaboração do autor baseado em Brasil (2017a).

133
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

c. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)


Salvador possui 401 Unidades de Desenvolvimento Humano e a UDH de São Rafael
está classificada na posição 371°. A Unidade de Desenvolvimento Humano (UDH),
que constitui a Região Metropolitana (RM) de Salvador, possui 13 municípios:
Camaçari, Candeias, Dias D`Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata
de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé,
Simões Filho e Vera Cruz.
De acordo com o Atlas Brasil (2017), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM) da Unidade de Desenvolvimento de São Rafael evoluiu de 0,468, em 2000,
para 0,607, em 2010 (Gráfico 04). Se comparado com o UDH de Salvador e da RM,
que foram, respectivamente de 0,759 e 0,743, São Rafael se encontra abaixo dos
seus índices (Gráfico 08).
As dimensões que contribuem para este índice são a longevidade (expectativa de vida
da população), a renda (Produto Interno Bruto per capita) e a educação (anos médios
de estudos). O IDHM Educação apresentou um crescimento de 0,218 pontos e o maior
avanço foi com relação à pessoas com 18 anos ou mais, com o ensino fundamental
completo, com o acréscimo de 22,41%. O Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) referente a longevidade apresentou um crescimento de 0,059
pontos e o IDHM de Renda obteve um crescimento de 0,079 pontos (Gráfico 09).
As características de São Rafael apontam para uma localidade em evolução dos seus
parâmetros urbanísticos. O bairro iniciou sua expansão a partir da década de 1970,
num cenário aonde a região possuía baixo índice de ocupação e, atualmente, está em
estágio de crescimento desordenado. Visivelmente é possível perceber a ocorrência
do acelerado avanço das habitações subnormais, a ocupação de áreas verdes de
preservação e a ampliação do adensamento populacional por condomínios
habitacionais.

GRÁFICO 08 – Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em São Rafael,


Salvador, em 2010.

FONTE: Atlas Brasil (2017).

134
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

GRÁFICO 09 – Comparativo do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) em


São Rafael, Salvador e RMS, em 2010.

FONTE: Atlas Brasil (2017).

e. Mobilidade urbana
As Pesquisas Origem e Destino Domiciliar (BAHIA, 2012a) apontam que as
características das viagens ocorrem com maior predominância através do modal a pé,
em 35,3% dos casos, com 2.097.843 viagens. A seguir estão os modais ônibus
municipais e direção por automóveis, com 31,5% (1.873.028 casos) e 13,5% (80.172
casos) das viagens.
Os demais modais possuem participações menores com o somatório total de 19,7%
e incluem as modalidades de passageiro de automóvel, ônibus intermunicipais,
transporte escolar, ônibus fretado, moto, lotação/van/perua, táxi, bicicleta, mototáxi e
outros.
Com relação as características das viagens por flutuação horária há a presença de
quatro picos diários, motivados principalmente por razões de estudo e de trabalho. O
primeiro no início da manhã, às 6:00h; o segundo no horário de almoço, às 12:00h; o
terceiro no final da tarde, às 17:30h; e o quarto à noite, às 22:00h.
O índice de mobilidade possui relação direta com o padrão econômico dos grupos
sociais. A classe “A” atinge 2,40 viagens/pessoa/dia, enquanto a classe E tem a
mobilidade de 1,44 viagens/pessoa/dia. A média do índice de mobilidade de Salvador
é de 1,65 viagens/pessoa/dia.
A taxa de motorização de Salvador, ou seja, o total de automóveis por mil habitantes
é a segunda maior da Região Metropolitana, com 105,2%, enquanto Lauro de Freitas
está na primeira colocação, com 113,7% (BAHIA, 2012a, p. 31)). Na sequência
decrescente estão os municípios de Dias D`Ávila, Camaçari, Simões Filho, Candeias,
Pojuca, Vera Cruz, Mata de São João, São Sebastião do Passé, São Francisco do
Conde, Itaparica e Madre de Deus.

135
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A pesquisa tipo Cordon Line “Consiste na contagem, a cada 15 minutos, do número


de veículos por tipo (auto, ônibus, caminhões, motos, etc) que passam no posto em
um determinado sentido de tráfego.” (BAHIA, 2012a, p. 20). Ela indica que, do total
geral de viagens originadas por município na Região Metropolitana de Salvador
(RMS), pertencente à área de estudo, por tipo de veículo, Salvador representa um
total de 75,9% viagens, que foi de 20.852. O número de viagens da capital baiana
representa para a RMS 4,7% de automóveis, 96,3% de ônibus e 54,5% de carga. As
viagens com destino à Salvador, diante da RMS, resultaram em um total de 21.591
(73,4%), sendo 66,7% de automóveis, 93,6% de ônibus e 48,0% de carga (BAHIA,
2012a, p. 46). Esse resultado aponta para um fluxo maior de saída de pessoas com
relação ao fluxo de entrada no município.
De acordo com o estudo de mobilidade de Salvador (SALVADOR, 2018b), a Tabela
16 “Representa o número de pessoas que se deslocam do seu domicílio para o
trabalho diariamente em determinado tempo.” Os dados indicam que há a ocorrência
em média de 355.991 habitantes que se deslocam em 30 minutos, em 2010. Este
valor aumenta para 349.662 habitantes quando o tempo é de até 1 hora. A pesquisa
aponta que o município possui um baixo índice de mobilidade urbana e que há uma
equivalência entre a capacidade de público transportado, nos parâmetros de tempos
de 30 minutos, mais de 1 até 2 horas, mais de 2 horas e mais de 30 minutos até 1
hora.

TABELA 16 – Pessoas ocupadas que se deslocam diariamente do domicílio para


o trabalho em determinado tempo (Habitantes).
2010
<= 30min Mais de 1 até 2 Mais de 2 Mais de 30 minutos até 1 hora
horas horas
Salvador 355.991 176.067 23.239 349.662

FONTE: Elaboração do autor baseado em Salvador (2018b).

O transporte de massa por ônibus em Salvador possui categorizações diferentes. A


primeira categorização distribui as linhas em três regiões, denominadas de áreas
operacionais, representadas pelas cores verde (área central do “miolo” da cidade),
azul (borda marítima atlântica) e amarela (borda marítima da Baía de Todos os
Santos). O que caracteriza cada região é a origem de partida dos ônibus. Esta
sistemática define o modo como o modal pode se integrar com as estações de
transbordo de ônibus e metrô da cidade.
Neste sentido, São Rafael tem importante função de conexão entre zonas distintas de
Salvador, como o Subúrbio Ferroviário, a Pituba/ Itaigara e o Aeroporto. As operações
das linhas de ônibus ocorrem através das gestões municipal, intermunicipal e mista
(CITTATI, 2018). De acordo com a Tabela 17, pode-se observar as quatro linhas de
ônibus que circulam nessa região, como Castelo Branco x Pituba Via BR 324, Pau da
Lima x Nordeste de Amaralina, Nova Brasília x Pituba e Paripe x Aeroporto.

136
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Com relação ao transporte público existentes para o bairro São Marcos e adjacências,
o itinerário é realizado através da conexão com a avenida São Rafael, contando com
sessenta linhas de ônibus (SALVADOR, 2018). Para a localidade, os horários dos
transportes variam de 4:45h da manhã às 23:30h da noite, nos dias úteis. Nos finais
de semana, sábado e domingo, a oferta é diminuída em quantidade e horários,
compreendendo o período de 4:45h às 21:31.

TABELA 17 – Linhas de ônibus na Avenida São Rafael, em 2018.


CÓDIGO LINHAS DE ÔNIBUS CONEXÃO
130501 Castelo Branco x Pituba Via BR 324 Subúrbio Ferroviário –
Pituba/ Itaigara
1320 Pau da Lima x Nordeste de Amaralina Zona central –
Amaralina
1356 Nova Brasília x Pituba Zona Central – Pituba
1653 Paripe x Aeroporto Subúrbio Ferroviário -
Aeroporto
FONTE: Elaboração do autor baseado em Cittati (2018).

A segunda categorização das linhas de ônibus de Salvador classifica-as em dois


sistemas, o municipal e o metropolitano. Os dados extraídos destes roteiros permitem
visualizar o diagnóstico da cidade, representado pelo Plano de Mobilidade de
Salvador, em 2017 (SALVADOR, 2018). O cadastro operacional destes sistemas
fornece parâmetros, como frota de veículos, viagens e quilometragens, em dias úteis
e finais de semana, nos sábados e domingos.
O Sistema de Transporte Público Coletivo de Passageiros por Ônibus no Município
de Salvador (STCO) é compreendido em três áreas: as linhas da área de operação A,
no Subúrbio (STCO); B, no Miolo (STCO); e C, Orla/Centro (STCO). Segundo a Tabela
16, em maio de 2017, a região B, aonde está o bairro São Rafael, presentou os valores
dos parâmetros analisados mais representativos com relação as regiões A, C, e,
inclusive, a região metropolitana. Foi registrado no período, considerando os dias
úteis, a frota de 866 veículos e 5.532 viagens. No sábado foram 511 veículos e 3.870
viagens, e, no domingo 384 veículos e 3.099 viagens.
Os resultados da pesquisa sinalizam que a quilometragem da área B atingiu a
extensão de 5.515.971 Km. Esta distância é superior em 1,18 vezes com relação a
área A, superior em 1,06 vezes com relação a área C e 1.170 vezes superior com
relação ao sistema metropolitano.
O estudo da mobilidade urbana no Bairro de São Rafael (Figura 16) demonstra o grau
de saturação das vias através do trânsito típico de veículos no local, representada por
horários distintos, nos dias ao longo da semana. A pesquisa com relação ao trânsito
foi feita na segunda-feira, dia 18 de setembro de 2017, às 12:00 h, através do mapa
de mobilidade. A análise dos dados aponta que a localização do Hospital São Rafael
é um ponto diferenciado com relação a Via Arterial Avenida São Rafael. No local da

137
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

implantação desta unidade de saúde, a velocidade predominante medida é moderada,


nas frequências dos horários registrados das 8:00 h, 16:00 h e 20:00 h. No horário
das 12:00 h o trânsito se comporta neste trecho de modo lento (GOOGLE MAPS,
2017).

TABELA 18 – Dados operacionais das linhas das áreas de operações, em 2017.


ÁREAS FROTA FROTA FROTA VIAGENS VIAGENS VIAGENS KM MENSAL
DIA ÚTIL SÁBADO DOMINGO DIA ÚTIL SÁBADO DOMINGO
A 707 483 332 4.191 3.164 2.411 4.647.141
B 866 511 384 5.532 3.870 3.099 5.515.971
C 775 508 371 5.305 3.803 2.973 5.180.307
METROPITANO 640 - - 3.326 2.713 1.917 4.714
FONTE: Elaboração do autor baseada em Salvador (2018).

É possível afirmar que o EAS contribui diretamente sobre o potencial impacto negativo
no trânsito desta localidade. Um dos fatores relaciona-se com o elevado número de
funcionários do empreendimento, com aproximadamente 2.467 profissionais da área
de saúde cadastrados, excluídos os que atuam nas áreas de apoio técnico e logístico.
Outro fator relevante refere-se à quantidade de pacientes.

FIGURA 16 – Mapas de mobilidade urbana no Bairro São Rafael em Salvador,


evolução diária, em 2017.

08:00 horas – Trânsico RÁPIDO/ MODERADO 12:00 horas – Trânsico MODERADO/ LENTO
Continua

138
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

16:00 horas – Trânsico MODERADO 20:00 horas – Trânsico RÁPIDO

FONTE: Elaboração do autor baseado em Google Maps (2017).

O acesso ao HSR, no Bairro de São Rafael, ocorre, principalmente, através da Via


Expressa Avenida Luís Viana (Paralela). A forma de locomoção à unidade de saúde
pode ser observada a partir de diversos tipos de modais, para se verificar o
comportamento da população ao longo do seu trajeto.
A Figura 17 apresenta o Mapa de mobilidade urbana, no trecho selecionado da
Estação de Metrô Pituaçu ao Hospital São Rafael. O percurso possui 3,3 Km através
da Avenida São Rafael. A seleção dos dados foi monitorada na segunda-feira, dia 18
de setembro de 2017, às 12:00 h, que é o horário com maiores problemas de conflito
de trânsito urbano na localidade.
A interpretação das imagens informa que o trajeto de veículo carro pode ser realizado
de 8 a 18 minutos, de ônibus até 16 minutos, a pé em média 40 minutos e de bicicleta
até 12 minutos. Um fator relevante para os usuários que realizam o trecho pelos
percursos pedonal e de bicicleta deve-se a diferença de nível da topografia entre estes
dois pontos, que é de 40 metros de altitude. Ou seja, enquanto o Hospital está na cota
de implantação 77 metros acima do nível do mar, a Estação está na cota 27 metros.
A acessibilidade para o complexo de saúde a partir dos bairros em suas proximidades,
como São Marcos e Pau da Lima, ocorre através da Rua São Marcos. Dos bairros
Sete de Abril, Novo Marotinho, Jardim Esperança, Castelo Branco e Cajazeiras VIII
até o Hospital, o acesso é realizado através da Avenida Regional. Ambas as vias

139
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

possuem fácil acessibilidade à Avenida São Rafael, após o seu entroncamento viário,
localizado na extremidade leste do bairro São Rafael.
Segundo as informações do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Salvador
(SALVADOR, 2017, p. 8), fatores contribuem para a dificuldade de acesso e
mobilidade na cidade.
Entre os problemas principais de acesso e locomoção urbana estão a desigualdade
da mobilidade socioespacial, que ocorre quando existem graves diferenças entre os
padrões sociais distribuídos na cidade e há um conflito de tráfego de acordo com os
interesse público e privado; outro aspecto relaciona-se com a topografia/ morfologia
acidentada, quando há regiões com elevados desníveis; deficiências à micro
acessibilidade, como carência de pontos de ônibus, vias pavimentadas nas áreas de
habitação subnormais e escadarias em locais de difícil acesso; a precariedade da
infraestrutura de suporte ao transporte ativo, no caso de regiões aonde não existem
estações de ônibus ou de metrô; além de outros quesitos técnicas.

FIGURA 17 – Mobilidade urbana no Bairro São Rafael em Salvador,


acessibilidade por modais, em 2017.

Veículo CARRO Veículo ÔNIBUS


3,3 Km - 8 – 16 Minutos 3,3 Km - 16 Minutos
Continua

140
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

Meio PEDESTRE Veículo BICICLETA


3,4 Km - 40 Minutos 3,2 Km - 12 Minutos

FONTE: Elaboração do autor baseado em Google Maps (2017).

141
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.5.4 Análise urbana


a. Uso do solo
A análise do mapa de uso da sala na Avenida São Rafael, em 2018, demonstra a
concentração do tipo residencial, configurado a partir dos conjuntos habitacionais e
das residências subnormais (Figura 18). Os blocos de apartamentos, ou os prédios,
têm acesso a partir da Avenida São Rafael em direção as vias Estrada da Muriçoca,
Travessa do Mandu, Rua Humberto Pôrto e Avenida Oceano Pacífico. As edificações
subnormais estão distribuídas a partir da Rua São Marcos e a Avenida Maria Lúcia,
em São Marcos.
Os demais usos são o institucional, o comercial e o misto (residencial, comércio e
serviço). Com relação às edificações com o uso institucional, estão presentes no início
da Avenida São Rafael, a partir do Terminal de ônibus integrado de Pituaçu. Como
exemplos desse segmento tem-se a sede da Companhia Hidrelétrica do São
Francisco em Salvador (CHESF), o Colégio Estadual David Mendes Pereira, a
Associação do Recanto das Ilhas e o Hospital São Rafael. O uso de serviço agrupa,
principalmente, as edificações do Bompreço, do Ceo Evolution, do Laboratório
Labchecap, do Motel Le Royale, do Colégio Ponto Alto e do Centro Educacional São
Rafael.

FIGURA 18 – Mapa de usos da Avenida São Rafael, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor.

142
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

b. Equipamentos públicos e privados


A análise do mapa de equipamentos presentes nas proximidades da Avenida São
Rafael, em 2018, aponta para a existência de edificações de grande atratividade,
desde pequenos prédios a grandes complexos (Figuras 19 e 20).
De modo geral, todos estão situados na Avenida ou contíguos a ela, pois o seu público
necessita de fácil acesso e mobilidade de deslocamento. Entre os prédios de uso
privado estão presentes o Centro Empresarial Evolution Business, o Shopping Ponto
Alto, o Supermercado Bom Preço, o Posto de Combustível Menor Preço e o Motel
Royale. Os equipamentos com uso público são o Hospital São Rafael, a Escola
Municipal Dr. Orlando Imbassahy, o Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC),
o Colégio Estadual David Mendes Pereira, a Companhia Hidrelétrica do São Francisco
e o Terminal de Conexão Intermodal Pituaçu.
No entorno imediato da Avenida São Rafael também se encontram outros complexos
institucionais e esportivos, como o Centro de Treinamento/ Estádio do Esporte Clube
Vitória, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, o Estádio Governador Roberto
Santos e a Estação de metrô de Pituaçu.

FIGURA 19 – Equipamentos nas proximidades da Avenida São Rafael, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor.

143
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 20 – Edificações complexas ao longo da Avenida São Rafael, em 2018.

Estação de Metro Pituaçu Conjunto habitacional Jardim das


Limeiras
Data: 25 de maio de 2017.
Área: 12.151,00 M2. Data: 1980.
Capacidade: 180.000 usuários (todas as linhas). Acesso: Avenida São Rafael.
Espaço: Plataformas, escadas rolantes,
elevadores, bicicletário, sanitários.

Terminal de Ônibus Pituaçu Estádio Manoel Barradas/ Sede do


Esporte Clube Vitória
Data: 22 de março de 2018.
Capacidade: 280.000 passageiros/dia; 175 Data: 11 de novembro 1986.
coletivos/hora. Área: 105x68 m (campo).
Espaço: 25 baias de ônibus, serviços, lojas e Capacidade: 30.618 pessoas.
praça de alimentação. Espaço: Estádio e centro de treinamento
Investimento: R$ 81.000.000. esportivo.
Acesso: Avenidas Paralela, Professor Pinto de Investimento: R$ 100.000.000,00.
Aguiar, São Rafael e Gal Costa. Acesso: Avenida Aliomar Baleeiro e Rua
Artêmio Castro Valente.

144
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Hospital São Rafael Centro Empresarial Evolution


Business
Data: 2000.
Área: 4.500 m2 (terreno). Data: 2015.
Capacidade: 255 leitos, 3.560 colaboradores, Área: 6.422,15 m2 (terreno), 3.418,00 m2 (área
2.280 cirurgias de grande porte (2015) e construída).
141.927 pacientes atendidos (2015). Capacidade: 112 salas.
Acesso: Avenida São Rafael, São Marcos. Espaço: 8 andares.
Acesso: Avenida São Rafael, São Marcos.

Estádio Metropolitano Governador Companhia Hidrelétrica do São


Roberto Santos/ Pituaçu Francisco (CHESF)

Data: 10 de março de 1979. Data: 3 de outubro de 1945.


Área: 105x68 m (campo). Investimento: - (Governo Federal – Eletrobrás/
Capacidade: 34.000 torcedores. Sociedade de economia mista)
Espaço: Arquibancada, tribunas de honra e Acesso: Avenida São Rafael.
de imprensa, cabines de rádio e TV.
Investimento: R$ 21.000.000,00
Acesso: Rua dos Rádioamadores, Pituaçu.

FONTE: Elaboração do autor baseado em CCR Metrô Bahia (2018); OAS (2018); Brasil (2018); Bahia
(2018b); Hospital São Rafael (2018a); Esporte Clube Vitória (2018). Fotos de Mateus Morbeck (2018).

145
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

c. Gabarito das edificações


O gabarito no entorno imediato da Avenida São Rafael, em 2018, indica as elevações
das edificações presentes nesta região, conforme a Figura 21. Esta representação
aponta o grau de saturação das edificações e a sua relação com o solo urbano do
bairro.
A análise demonstra a predominância das edificações de poucos pavimentos, na faixa
de dois a quatro andares, com o uso residencial, construídas no início da ocupação
do bairro. As edificações na faixa de apenas um pavimento, possuem uso misto
(comercial e serviços) e estão localizadas adjacentes à via principal. As edificações
na faixa de gabarito acima de oito pavimentos são prédios construídos recentemente,
com exceção do Hospital São Rafael (10 pavimentos), os demais são o Centro
Empresarial Evolution Business (12 pavimentos), os Condomínios residenciais
Bosque Imperial (11 pavimentos) e Horto São Rafael (15 pavimentos).

FIGURA 21 – Gabarito da Avenida São Rafael, em 2018.

FONTE: Acervo do autor.

146
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

d. Sistema Viário
A análise do mapa do sistema viário e mobilidade da Avenida São Rafael, em 2018,
aponta a hierarquia viária, o funcionamento dos transportes e os deslocamentos das
pessoas nesta localidade (Figura 22).
O acesso principal para a Avenida São Rafael, de hierarquia viária arterial, ocorre a
partir da Avenida Luís Viana, uma via expressa. A partir dessa via são derivadas as
vias coletoras existentes, como a Estrada da Muriçoca, a Rua São Marcos, a Avenida
Maria Lúcia e a Travessa do Mandu. Em seguida, derivam-se as demais vias locais
que conduzem para o interior do bairro São Rafael.
É importante mencionar que a Travessa do Mandu, via de caráter coletora, realiza a
conexão entre a Avenida São Rafael, região elevada do morro, e a Avenida Gal Costa,
região de vale. Segundo o novo PDDU de Salvador, de 2016, a Avenida Gal Costa
adquire a função estratégica de conectar as vias Luís Viana e a BR 324. Atualmente
ela possui ao longo do seu trajeto edificações de uso industrial, comercial e
residencial.
A segunda forma de acesso à Avenida São Rafael pode ocorrer a partir da Rua São
Marcos. Esta via possibilita a conexão com os bairros São Marcos e Pau da Lima. A
terceira forma de acesso é viabilizada através da Avenida Maria Lúcia, a qual permite
a comunicação com os bairros Novo Marotinho, Sete de Abril e Castelo Branco.
Com relação as vias mencionadas, a análise geral realizada permite verificar que a
Avenida São Rafael é a via de maior complexidade urbana da região. No quisito
mobilidade, somente no bairro São Rafael, foram detectados dez pontos de ônibus
distribuídos nos dois sentidos da avenida. Os pontos estão localizados próximos dos
equipamentos de grande porte.
Com relação ao aspecto da acessibilidade à região, percebe-se que existem
possibilidades de modais diferentes, como através do carro, ônibus, metrô e na forma
pedonal. No entroncamento viário entre a Avenida Luís Viana e a Avenida São Rafael
existem uma estação de transbordo de ônibus, uma estação de metrô integrada com
outros modais e o complexo de passarelas, que realizam as conexões do público com
esses conjuntos de prédios.

147
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 22 – Sistema Viário e Mobilidade da Avenida São Rafael, em 2018.

FONTE: Acervo do autor.

148
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

e. Gestão Ambiental
Gestão ambiental da Avenida São Rafael, em 2018 (Figuras 23 e 24). Os impactos
negativos referem-se à recente transformação dessa região.
Os principais fatores do acelerado processo de urbanização no bairro relacionam-se
ao avanço das construções subnormais, localizadas em terrenos com elevada
declividade. Nestes casos, inexiste a assistência técnica especializada para a sua
construção e não estão associados aos sistemas de infraestrutura urbana, como
iluminação, vias, hidrossanitário, contenção, paisagismo e outros aspectos.
Outros fatores não menos importantes na configuração atual do bairro São Rafael
devem-se à criação de condomínios privados horizontais/verticais e populares, com
elevado grau de devastação das áreas verdes existentes e modificação agressiva do
terreno natural por meio de taludes bastante inclinados e a implantação de
equipamentos de grande porte, com elevado potencial de atração de público ao longo
da Avenida, propiciando a saturação das vias, gerando congestionamentos e a
existência de pontos de conflito entre os pedestres e os veículos.

FIGURA 23 – Gestão Ambiental da Avenida São Rafael, em 2018.

FONTE: Acervo do autor.

149
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 24 – Tipologias habitacionais ao longo da Avenida São Rafael e


proximidades do Hospital São Rafael, em 2018.

Expansão dos conjuntos habitacionais privados horizontais.

Expansão dos conjuntos habitacionais privados verticais.

Implantação dos conjuntos habitacionais coletivos e modificação do terreno natural


e supressão de vegetação.

FONTE: Acervo do autor.

150
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Expansão das habitações subnormais.

Expansão das habitações subnormais e supressão da massa verde existente.

FONTE: Acervo do autor.

151
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.6 IMPACTOS URBANOS CAUSADOS PELO HOSPITAL SÃO


RAFAEL
A implantação das edificações complexas no espaço da cidade sem planejamento
pode comprometer a qualidade ambiental urbana. Esta ação pode causar graves
problemas, como poluição atmosférica, degradação ambiental, dificuldade de
locomoção, acessibilidade e grande adensamento populacional.
O esquema das fases do Estudo de Impacto Urbano e Ambiental do Hospital São
Rafael, ilustrado na Figura 25, exemplifica a metodologia utilizada para analisar
equipamentos de grande porte em Salvador.
No primeiro momento foram definidos dois critérios de seleção da unidade de saúde
a ser pesquisada. O item inicial refere-se às análises dos parâmetros dos hospitais e
o segundo item está associado com a amostragem das edificações existentes em
Salvador, que atendem às condicionantes do número de leitos.
O momento posterior foi de escolha do estudo de caso da edificação complexa do
segmento saúde, o HSR. Neste sentido, o embasamento teórico da pesquisa
colaborou para a apresentação das suas definições conceituais e das técnicas
relacionadas com as análises, realizadas a partir dos levantamentos de dados
quantitativos e qualitativos.
A pesquisa dos impactos provocados pelos hospitais é organizada em duas fases. A
fase 1 inicia-se com a identificação dos problemas gerados por estes equipamentos.
São realizados, neste momento, quatro tipos de análises, sendo que a primeira
identifica as características gerais do HSR, no Bairro São Rafael e da Avenida São
Rafael. A segunda faz referência à evolução física do espaço urbano aonde o hospital
foi instalado. O método utilizado se baseia na seleção de cartografias e da
identificação do uso e ocupação do solo da cidade. A terceira evidencia os parâmetros
urbanísticos, aonde são constatados dados da infraestrutura da habitação, da
demografia e do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). A quarta
análise trata dos aspectos dos elementos construídos e ambientais. Neste tópico são
desenvolvidos cinco mapas temáticos, a exemplo do uso do solo, dos equipamentos
de grande porte presentes na região, do gabarito, do sistema viário e da gestão
ambiental.
Verificou-se, através dos levantamentos, que o HSR é uma edificação complexa com
crescimento ordenado. A sua expansão ocorre em paralelo ao desenvolvimento
espontâneo da cidade, de acordo com as transformações do uso e ocupação do
espaço urbano do bairro São Rafael. Isto quer dizer que não há meios de separar os
impactos do avanço deste EAS com relação ao município. Constata-se também que
o complexo de saúde possui elevada capacidade de atração de público, oportuniza a
oferta de empregos para profissionais de saúde e atividades correlatas, propicia o
incremento de veículos nas vias próximas, demanda a incorporação de novos
territórios e promove a dinamização da economia da região.
De acordo com o Plano Diretor de Salvador (2016b), os hospitais de grande porte
estão classificados como Empreendimentos Geradores de Impacto de Vizinhança
(EGIV). Baseado nesse enquadramento foi desenvolvido o Relatório de Impacto de
Vizinhança (RIV) do HSR, que também está enquadrado nesta categoria de grande

152
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

porte, diante das escalas da Avenida São Rafael e do bairro São Marcos, apresentado
no Quadro 01.
Sobretudo no diagnóstico dos aspectos naturais, é verificado que o relevo nas
proximidades do HSR sofreu grandes transformações, devido às atividades de cortes
e aterros no terreno. Este fenômeno deve-se a criação de diversos condomínios
horizontais e do avanço das habitações subnormais no território, da supressão da
massa vegetal existente e da degradação dos seus recursos hídricos. Por este motivo,
o ambiente construído precisa ampliar sua infraestrutura urbana, como abastecimento
de energia, sistema de iluminação, esgotamento sanitário e outros, para o
atendimento dos novos domicílios.
A observação do parâmetro social no bairro São Rafael informa sobre avanços
positivos adquiridos para a região, nos últimos dez anos, como o crescimento
populacional e o aumento do perfil econômico dos habitantes desta localidade. Esta
situação não implica necessariamente na melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Foi observado que o adensamento populacional compromete a mobilidade dos
habitantes através, principalmente, da saturação das vias locais. A expansão da
quantidade de empreendimentos na Avenida São Rafael também é observada.
Através de períodos sucessivos, verifica-se que este processo altera as dinâmicas
econômicas da região, estimulando os usos de equipamentos comerciais e de serviço.
A partir da análise da evolução física do HSR, em comparação com o desenvolvimento
da região, é possível identificar problemas existentes e apontar os impactos urbanos
e ambientais produzidos por este equipamento. A implantação desta unidade de
saúde possui certa relevância na medida em que impulsionou o desenvolvimento
deste território, tendo em vista o dimensionamento dos seus serviços oferecidos, o
público atendido, a quantidade de profissionais existentes envolvidos, o consumo dos
insumos necessários ao seu funcionamento (energia, gases, água e climatização) e a
produção de resíduos (efluentes e poluição).
As problemáticas diagnosticadas são discutidas em três níveis de escalas: a. micro,
ou localizada nos limites do terreno do empreendimento; b. intermediária, com relação
a análise da interferência no nível do bairro; e c. macro, com relação aos níveis da
cidade e aspectos inter-regionais. A ideia principal é de serem verificados a maior
quantidade possível dos níveis de impactos gerados pelo equipamento.
A fase 2 da pesquisa utiliza os indicadores do diagnóstico realizado anteriormente, na
fase 1, para avançar com a análise do desempenho do HSR. Nesse momento são
traçados dois tipos de avaliações do EAS. A primeira avaliação apresenta o Relatório
de Impacto de Vizinhança (RIV) para edificações complexas instaladas no solo
urbano, com a definição dos impactos do Hospital e os urbanos. A segunda avaliação
aponta a determinação de soluções para os problemas gerais, que é o Roteiro de
verificação de impactos urbanos e identificação de medidas mitigadoras/
compensatórias para edificações complexas.

153
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 25 – Esquema das fases do Estudo de Impacto Urbano e Ambiental


do Hospital São Rafael.

FONTE: Elaboração do autor.

154
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

QUADRO 01 - Relatório de Impacto de Vizinhança para edificações complexas


implantadas no solo urbano: o caso do Hospital São Rafael, em Salvador/BA.

I – A localização do empreendimento e sua área de influência de, no mínimo,


500m (quinhentos metros) em relação às divisas do terreno onde está
implantado o empreendimento ou a atividade;
O Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador, de 2016 (SALVADOR,
2016b), estabelece que o bairro São Rafael (codificação N°.156) faz parte da
Prefeitura-bairro IX – Pau da Lima7, localizada na região central do município. Esta
subdivisão administrativa possui, entre os seus bairros limítrofes a Leste São Rafael,
Vale dos Lagos e Trobogy; ao Norte estão Canabrava e Nova Brasília; a Oeste está
Porto Seco Pirajá, delimitado pela BR 324; e ao Sul estão os bairros Vila Canária e
Pau da Lima.
Para a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) São
Rafael faz parte do setor censitário com a mesma denominação, situado no distrito de
Pirajá. De acordo com esta categorização o distrito possui a maior quantia de áreas
com relação à classificação da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS). O vetor Norte
limita-se com Cajazeiras, o vetor Oeste com o Parque São Bartolomeu e o vetor Sul
faz fronteira com a Fazenda Grande do Retiro. Entre os demais setores envolvidos
estão os bairros de São Caetano, Marechal Rondon, Jardim Santo Inácio, Mata
Escura, Sussuarana, Novo Horizonte e Centro Administrativo da Bahia (BRASIL,
2017b).
A população de São Rafael apresenta 1.684 pessoas residentes, em 2017, e a
predominância de adultos é de 29 a 34 anos. Segundo as pesquisas do Atlas Brasil
(BRASIL, 2017b) os porcentuais entre a quantidade de pessoas dos sexos masculino
e feminino encontram-se equilibrados.
O Hospital São Rafael está localizado na Avenida São Rafael, no bairro de São Rafael,
em Salvador, na Bahia. O seu terreno está inserido na região central de Salvador,
denominada de “miolo” e faz fronteira por uma área de preservação ambiental a Norte
e a Leste, e a Oeste está cercado por habitações subnormais, contíguas ao bairro São
Marcos.
O acesso principal a unidade de saúde ocorre através da via expressa Avenida Luís
Viana (Avenida Paralela), no sentido Avenida São Rafael, através da Rua São Marcos,
em São Marcos; e, através da Avenida Maria Lúcia, no sentido do Estádio Manuel
Barradas (Esporte Clube Vitória). Nas proximidades do EAS estão os equipamentos

7
Prefeituras Bairro: As Prefeituras Bairro, instituídas pelo art. 13 da Lei nº 8.376, de 21 de dezembro
de 2012, têm como finalidade de promover nas respectivas áreas de competência em articulação com
as secretarias e entidade da administração municipal a execução dos serviços públicos, inclusive a
fiscalização, a manutenção urbana e o atendimento ao cidadão, bem como assegurar a participação
da comunidade na gestão pública, devendo contar com sistema interligado de informações sobre os
serviços prestados pelos diferentes órgãos municipais, facilitando o atendimento e o acesso
regionalizado dos serviços municipais prestados à população. (SALVADOR, 2016b, p. 191)

155
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

de referência Centro Administrativo da Bahia, o Centro de Treinamento do Esporte


Clube Vitória, a Penitenciária Lemos de Brito, o Batalhão da Polícia Militar da Bahia e
a Estação de Metrô de Pituaçu.

II - O adensamento populacional e seus efeitos sobre o espaço urbano e a


população moradora e usuária da área;
De acordo com os dados do Censo IBGE (BRASIL, 2017), em 2010, o setor censitário 8
de São Rafael possui uma densidade demográfica de 865,26 habitantes/Km2. Este
parâmetro está muito abaixo da realidade de Salvador, sendo que no mesmo período
foi mensurado o valor de 3.859,35 habitantes/Km2 para a capital. Outra comparação
que deve ser realizada é com São Marcos, o bairro imediatamente próximo do setor
censitário de São Rafael. Nesta outra situação a região possui o valor expressivo de
10.904,05 habitantes/Km2.
Avaliando os dados apresentados é relevante mencionar que São Rafael possui
extensa área territorial com zonas de preservação ambiental. Em contraposição, São
Marcos e os demais setores censitários definidos ao longo da Rua São Rafael refletem
outro panorama. Nestas localidades o poder público municipal não conseguiu limitar
o avanço das construções irregulares, configurando-as, atualmente, em áreas com o
tecido urbano adensado.
É importante descrever que a dinâmica da metrópole tem um padrão de crescimento
caracterizada por momentos distintos (Tabela 19). A partir das décadas de 1960 e
1970 o município passa a ter as maiores variações de elevação populacional,
atingindo o índice de 57%. A Avenida Luís Viana Filho, consolida-se como o mais novo
eixo da cidade, através do Centro Administrativo da Bahia (SALVADOR, 2017). De
forma similar, o Hospital São Rafael foi implantado no bairro São Rafael, com acesso
principal pela mesma via.
Os efeitos imediatos desse registro demográfico, sem um avanço da qualidade dos
indicadores sociais, implica em fragilidade no posicionamento da Unidade de
Desenvolvimento Humano Municipal (UDH) de São Rafael, que é de 0,607, em 2010,
ocupando a classificação 371° do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM).

8
O setor censitário: É a unidade territorial estabelecida para fins de controle cadastral, formado por
área contínua, situada em um único quadro urbano ou rural, com dimensão e número de domicílios que
permitam o levantamento por um recenseador. Assim sendo, cada recenseador procederá à coleta de
informações tendo como meta a cobertura do setor censitário que lhe é designado. (BRASIL, 2017b)

156
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

TABELA 19 – Evolução populacional na cidade de Salvador, nas décadas de


1960 a 2010.
ANO POPULAÇÃO VARIAÇÃO
1960 655.735 57%
1970 1.027.142 57%
1980 1.531.242 49%
1991 2.072.058 35%
2000 2.440.828 18%
2010 2.675.656 10%

FONTE: Elaboração do autor com adaptação de Salvador (2017, p. 9).

Apesar do aspecto negativo representado por este índice, constata-se que houve uma
evolução dos indicadores de infraestrutura da habitação no bairro pesquisado. O
fenômeno é marcado pela porcentagem da população em domicílios com água
encanada, representada pela margem de 95,82%, de energia elétrica por 99,57% e
de coleta de lixo por 90,72%.
Em São Marcos, bairro vizinho, o IDHM mensurado foi de 0,633, ocupando a
classificação de 249°, medida entre os 401 bairros de Salvador, no censo de 2010
(ATLAS BRASIL, 2017). A população aferida no período foi de 58.892 habitantes,
numa área de 2.747,4 km2, com a densidade demográfica de 21.435,85
habitantes/Km2. Utilizando como amostra o setor censitário, localizado ao longo da
Avenida Maria Lúcia, no interior do bairro São Marcos, é identificada a densidade
populacional de 37.491,48 habitantes/Km2, numa área com 1.375 pessoas residentes,
com 479 domicílios particulares e coletivos (BRASIL, 2017). Este exemplo supera a
média dos índices existentes em suas proximidades, demonstrando ser um local com
elevada densidade, em estágio precário de urbanização.
Avaliando as médias dos parâmetros de São Marcos comparadas com as de São
Rafael, percebe-se um número superior em 35 vezes a quantidade de habitantes e
densidade maior em 5,5 vezes, numa área de dimensões similares. A relação entre
estes bairros revela uma diferença significativa entre os aspectos sócio demográficos
dos setores censitários presentes no mesmo distrito, em Pirajá.
A elevada densidade de São Marcos está associada a evolução do seu crescimento
de modo desordenado, por meio de habitações subnormais, iniciado a partir da
década de 1970. Além disso, há carência de infraestruturas nesta localidade,
relacionadas com equipamentos de saúde, habitação, transporte, educação, trabalho
e alimentação. Este cenário reflete o seu posicionamento entre os piores índices de
qualidade de vida da cidade.
São Rafael avançou com o crescimento populacional nos últimos anos, embora
possuindo uma área com restrições legais, como áreas de reserva e proteção
ambiental, que restringem o avanço sobre a sua ocupação territorial.

157
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

III - Os equipamentos de infraestrutura urbana;


Os equipamentos presentes detectados no bairro São Rafael e nas suas
proximidades, num raio de até dois quilômetros do Hospital São Rafael, são inúmeros
e possuem grande capacidade de atração de pessoas.
As edificações podem ser subdivididas em administração pública e privada.
Classificados na categoria de Polos Geradores de Tráfego (PGTs) são o Centro
Empresarial Evolution Business, o Shopping Ponto Alto, o Supermercado Bom Preço,
o Posto de Combustível Menor Preço, o Motel Royale, o Hospital São Rafael, a
Companhia Hidrelétrica do São Francisco, o Terminal de Conexão Intermodal Pituaçu,
o Centro de Treinamento/ Estádio do Esporte Clube Vitória, a Companhia Baiana de
Pesquisa Mineral, o Estádio Governador Roberto Santos e a Estação de metrô de
Pituaçu. Enquadram-se na categoria de equipamentos comunitários a Escola
Municipal Dr. Orlando Imbassahy, o Grupo de apoio à Criança com Câncer (GACC) e
o Colégio Estadual David Mendes Pereira.
Estas edificações potencializam a dinâmica urbana no bairro, movimentando a região
através dos usos comercial, de serviços e institucional. Após a criação do novo Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU), em 2016, houve uma maior
valorização imobiliária da região. Bairros como Pau da Lima, São Marcos e São Rafael
configuram-se como Zona de Centralidade Municipal de Pau da Lima9 (ZCMu-2), pois
está localizada em área com proximidade dos corredores de transporte coletivo de
passageiro de média capacidade, “[...] compreendendo atividades comerciais
diversificadas e de prestação de serviços diversificados e por equipamentos de saúde,
educação, dentre outros, de atendimento à população moradora, bem como o uso
residencial.” (SALVADOR, 2016b, p. 91).
Esta zona possui diretrizes urbanísticas diferentes de outras partes da cidade, como:
a elaboração de planos e projetos específicos, com a participação da comunidade
local; o incentivo à diversidade de usos; a possibilidade dos remembramentos; o
controle das nucleações de comércio e serviços; a adequação das condições de
acessibilidade; a criação, a ampliação e o tratamento urbanísticos adequado para os
espaços públicos; a organização do comércio informal; a conciliação dos usos de lazer
e turismo com os usos residenciais; o fortalecimento da centralidade de Pau da Lima,
com equipamentos institucionais para a prestação de serviços públicos e o
atendimento ao cidadão.
Não foram detectados equipamentos de saúde básica, como centros e/ou postos de
saúde e Unidade de Pronto Atendimento (UPA). O horto de Salvador, em São Marcos,
possui restrições de acesso e não possui áreas de lazer e recreação para o público

9
ZCMu: As ZCMu são porções do território que concentram atividades administrativas, financeiras, de
prestação de serviços diversificados, atividades comerciais diversificadas, de âmbito municipal e
regional, bem como uso residencial, geralmente instaladas em áreas com fácil acessibilidade por vias
estruturais e por transporte coletivo de passageiro de média e alta capacidade, classificando-se em: I.
ZCMu-1, Zona Centralidade Municipal 1; II. ZCMu-2, Zona Centralidade Municipal. (SALVADOR,
2016b, p. 91)

158
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

geral. Esta situação implica em espaços livres insuficientes, além de um grande


adensamento habitacional em zonas subnormais.

IV - O uso e a ocupação do solo;


O uso do solo urbano predominante é o habitacional, com a presença da tipologia de
habitações subnormais em áreas de menor desenvolvimento econômico, como São
Marcos.
Estas são edificações com até três pavimentos, tendo iniciadas suas construções na
década de 1970 (CONDER, 2018). Há a presença de conjuntos habitacionais
horizontais e verticais de até quatro pavimentos, consolidados na década de 1980. Os
equipamentos institucionais presentes no bairro e o Hospital São Rafael são desse
mesmo período. Os prédios comerciais e de serviços, caracterizados como grandes
edificações e complexos urbanos, surgem a partir da década de 2000. Desse
momento em diante, foram criados novos conjuntos habitacionais verticais, com
gabarito acima de quinze pavimentos.
Ao longo da Avenida São Rafael predominam os usos comercial, serviço e misto,
desde o acesso através do viaduto de acesso à Avenida Paralela a rotatória viária de
conexão com São Marcos. No interior do bairro São Rafael, nas vias transversais a
avenida principal, como nas vias Estrada das Muriçocas, Travessa do Mandu e Rua
Carlos Marighela, estão presentes os usos institucional e comercial.
Com relação à ocupação, é importante mencionar o modo de evolução de Salvador,
para compreender as características atuais dessa região. A cidade cresceu de modo
acelerado no período de 1950-1980, povoando as regiões da Área Urbana
Consolidada, que abrange o centro histórico, o subúrbio ferroviário e a Orla Atlântica.
O centro geográfico do município, denominado “Miolo”10, não teve o mesmo processo.
Segundo as pesquisas sobre o crescimento da cidade (SALVADOR, 2017), as
características da evolução da ocupação das áreas centrais do município estendem-
se até as vias atuais:
Por sua vez, a ocupação da área interna da cidade, conhecida como “Miolo”
se deu em parte por meio de loteamentos que deram origem a conjuntos
habitacionais, como parte de políticas públicas habitacionais e, também,
diversas invasões às áreas não edificáveis, caracterizadas por terrenos mais
acidentados e pouca articulação com o viário do entorno, dando lugar a

10
Ocupação do “Miolo”: A ocupação desta porção da cidade, compreendida entre a BR-324 e a Av.
Luís Viana (Paralela) se deu por meio de três processos: inicialmente com o loteamento de porções
edificáveis para construção de conjuntos habitacionais financiados pelo BNH tendo como público alvo,
a população da classe média-baixa. Houveram também loteamentos destinados a habitações
populares da classe baixa e, por fim, uma série de invasões em áreas de encostas, não edificáveis,
ocupando terrenos de intensa declividade e de difícil ocupação, originando porções de habitação
precária, carente de equipamentos públicos e com problemas de acesso aos serviços urbanos.
(SALVADOR, 2017, p. 15)

159
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

ocupações bastante precárias, criando um mosaico nesta porção da cidade.


(SALVADOR, 2017)

Os estudos de locomoção urbana apontam para a região do “Miolo” como uma área
que, de acordo com a sua evolução histórica, é carente de infraestrutura urbana, com
alta concentração de pobreza e segregação socioespacial. Associados a esses
fatores há problemas de acesso ao sistema viário e de transportes públicos.
A existência de problemas estruturais na região pode ser comprovada ao serem
analisados os dados de distribuição de riquezas da Unidade de Desenvolvimento
Humano (UDH) do setor censitário de São Rafael (ATLAS BRASIL, 2017). A renda
per capita dos habitantes dessa localidade tem evoluído de 2000 (R$ 200,73) para
2010 (R$ 328,08), muito embora continue com valores abaixo da média de Salvador,
que foi de R$ 973,00, em 2017. A concentração dos habitantes extremamente pobres
e pobres também tem reduzido no mesmo período avaliado, porém, apresenta valores
elevados para a capital. O Índice de Gini demonstra uma situação de desequilíbrio
social, aonde cerca de 50% dos habitantes da região estão em situação de pobreza
com relação aos mais ricos, conforme Tabela 20.

TABELA 20 – Evolução de renda, pobreza e desigualdade, UDH São Rafael/BA.


2000 2010
Renda per capita 200,73 328,08
% de extremamente pobre 16,54 10,04
% de pobres11 48,16 27,55
Índice de Gini12 0,44 0,46

FONTE: Elaboração do autor baseado em Atlas Brasil (2017).

V - A valorização imobiliária;
O investimento na infraestrutura de locomoção e mobilidade urbana é um dos fatores
para a valorização imobiliária e do solo urbano. A conectividade da malha viária de

11
Pessoas pobres: Com renda domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a preço de agosto de
2010). (ATLAS BRASIL, 2017).
12
Índice de Gini: É um instrumento usado para medir o grau de concentração de renda. Ele aponta a
diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0 a i,
sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1
significa completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar.
(ATLAS BRASIL, 2017).

160
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Salvador, em seus distintos distritos, melhora a mobilidade dos usuários e a


acessibilidades as partes da cidade.
Regiões com maior integração entre os diversos modais (pedestre, bicicletas, veículo,
ônibus, metrô e outros) e sistema viário possuem maior valoração, enquanto regiões
localizadas na periferia de Salvador, e de menor acessibilidade, têm a sua valorização
diminuída. No município, as áreas com melhor desempenho econômico estão
dispersas ao longo da borda marítima, como a orla Atlântica e a Baía de Todos os
Santos. As regiões de menor valorização ocupam as áreas centrais da cidade.
É relevante mencionar que a Avenida Luís Viana Filho, criada em 1971, tem uma
função importante de circulação e valorização dos terrenos em Salvador.
Historicamente, ela foi uma via estruturante para o desenvolvimento do município,
induzindo a criação de novas centralidades, como a região do “Miolo” de Salvador e a
Orla Atlântica:
A expansão urbana da cidade de Salvador, ocorrida no início da década de
1970, resultou em significativa alteração na conformação física do município e
acentuou as questões relativas à desigualdade socioespacial percebidas na
cidade.

Esta expansão deu-se, entre outros fatores, pela implantação dos quatro eixos
viários estruturantes da cidade: Av. Afrânio Peixoto (Av. Suburbana), BR-324,
Av. Luis Viana Filho (Av. Paralela) e Av. Otávio Mangabeira (na Orla Atlântica).
(SALVADOR, 2017, p. 67)

A criação dessa via expressa, bem como de outros eixos viários, como da Avenida
Afrânio Peixoto (Suburbana), a BR 324 e a Avenida Otávio Mangabeira (na Orla
Atlântica), favoreceu a consolidação da malha viária da capital, tanto por vias de
“fundo de vale” como em vias de “cumeada” (SALVADOR, 2017).
A partir do PDDU de 2016, a Avenida Luís Viana tornou-se um novo vetor de expansão
da cidade, classificada como Centralidade Metropolitana (ZCMe) Avenida Luís Viana/
Avenida 29 de Março13. A partir da sua evolução física foi implantado um novo sistema
de transporte de massa, com a criação recente do metrô e a sua respectiva
infraestrutura de apoio, como as estações de transbordo e as passarelas de pedestre.
Entre os principais impactos deste novo zoneamento estão o aumento do gabarito das
edificações, a partir da criação de novos empreendimentos residenciais; a
adensamento urbano, com a presença de edificações de usos diversos; e a supressão
das áreas verdes, com o surgimento dos novos loteamentos.

13
ZCMe: São porções do território contidas em sua maioria na macroárea de integração metropolitana
e parte na macroárea de urbanização 87 consolidada, apresentando características multifuncionais,
para as quais convergem e se articulam os principais fluxos de integração dos demais municípios da
Região Metropolitana de Salvador e de outros Estados com o Município de Salvador... (SALVADOR,
2016b, p. 87-87)

161
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

O Plano de Mobilidade da cidade (SALVADOR, 2017), aponta que a Avenida Gal


Costa, via desenvolvida paralelamente a Avenida São Rafael, em área de baixada, irá
passar por reestruturações. Ela deverá ser duplicada e irá compor a conexão entre a
Avenida Luís Viana.
O novo PDDU de Salvador (SALVADOR, 2016b) propiciou a valorização imobiliária
da cidade através da liberação dos gabaritos das alturas máximas das edificações.
Esta legislação municipal viabilizou a verticalização das edificações em todas as
zonas de Salvador, sem restrição de gabarito, excluindo as áreas de borda marítima,
denominadas de Borda Baía de Todos os Santos e Borda Atlântica, e do Centro Antigo
da cidade. Estas localidades com restrições de gabaritos têm as faixas de seis a
setenta e cinco metros, necessitando da apresentação de estudo de sombreamento,
junto ao projeto da edificação.
Observa-se, dessa maneira, que a partir do novo vetor de crescimento ao longo da
via do metrô, houve uma supervalorização dos bairros circunvizinhos a Avenida
Paralela. Novos empreendimentos de caráter residencial e comercial têm sido criados,
em função da atualização da legislação municipal.
O bairro São Rafael faz parte deste raio de abrangência da Avenida Luís Viana e o
Hospital São Rafael é mais uma edificação complexa da cidade que acompanha a sua
modernização com ampliações verticalizadas.

VI - A geração de tráfego (área de estacionamento, entrada e saída de veículos,


área para carga e descarga, embarque e desembarque de passageiros e horário
de funcionamento) e a demanda por transporte público;
De acordo com o sistema de transporte coletivo de passageiros e cicloviário do
município (SALVADOR, 2016b), a Avenida São Rafael faz parte do sistema
convencional de baixa capacidade, classificada como rede de corredores de ônibus.
Com relação à integração desta avenida com a malha viária da cidade, constituído
pelo PDDU de Salvador, de 2016, ela se integra com o sistema estrutural de alta e
média capacidade através do sistema de metrô e dos corredores de média
capacidade. Com relação à rede de metrô, podem ser consideradas a Avenida Luís
Viana e a BR 324, ambas com as suas respectivas estações de metrô e ônibus. Os
novos corredores de média capacidade estão caracterizados pela ampliação das
Avenida Gal Costa e a nova Avenida Mário Sérgio Pontes de Paiva (conexão Avenida
Luís Viana e São Marcos), sendo as duas tangentes ao bairro São Rafael.
De acordo com o requisito mobilidade urbana do bairro São Rafael, identificado nos
parâmetros urbanísticos da região, o volume de pessoas que circulam pelo modal
ônibus no “Miolo” é superior à demanda de público para as outras partes da cidade,
como no Subúrbio e na Orla/Centro. Inclusive, os quantitativos da área referida são
superiores com relação às viagens metropolitanas, ou seja, entre Salvador e os

162
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

demais municípios da RMS. Os dados operacionais das linhas das áreas de


operações (SALVADOR, 2018) apontam para a região do “Miolo”, com a realização
de 5.532 viagens de ônibus nos dias úteis (30%), com a frota de 866 veículos (29%)
e 5.515.971 (36%). Diante destas evidências, destaca-se a importância do tráfego
viário da região para o contexto de Salvador.
Outro fator relevante para a análise da geração de tráfego é constatado a partir da
pesquisa Cordon Line que 96,3% das viagens no município ocorrem por ônibus e 4,7%
são de auto (BAHIA, 2012). Com relação ao sistema viário da cidade, a Avenida São
Rafael contribui com quatro linhas de ônibus estruturantes, realizando as conexões
com o Subúrbio Ferroviário, a Orla Atlântica e o Aeroporto (CITTATI, 2018).
É importante mencionar que a mobilidade do bairro São Rafael apresenta grave
comprometimento, em função da grande saturação dos veículos, principalmente nos
horários de pico, como às 6:00h, às 12:00h, às 18:00h e às 22:00h (GOOGLE MAPS,
2017). Sendo assim, a utilização dos modais de grande atratividade de público, como
ônibus e metrô, devem ser incentivados para viabilizar a fluidez do trânsito local.
A criação de novos equipamentos urbanos nesta localidade dinamiza a economia da
região e polariza novos usos e serviços. Esse fenômeno propicia, a saturação das
vias locais. A avenida São Rafael encontra-se cada vez mais adensada de serviços e
reduz, como consequência, a mobilidade e a locomoção das pessoas.
O HSR possui uma capacidade de atração potencial de público. Em média, existem
415 leitos de internação e 2.467 profissionais exclusivos do segmento saúde. Existem
os profissionais do apoio às atividades de saúde, os fluxos dos acompanhantes, dos
visitantes e ainda dos fornecedores. Devido a quantidade de usuários existentes
(público geral e profissionais), o complexo tem uma parcela significativa de
contribuição para a geração do tráfego local. Além do estacionamento interno da
unidade de saúde, com cerca de 470 vagas gerais e 30 vagas de carga e descarga,
existe em sua proximidade o estacionamento externo, com 300 vagas para
automóveis, dois pontos de ônibus e um ponto de táxi com capacidade para 15
veículos.

VII - A capacidade de atendimento das redes de infraestrutura (esgoto, água,


comunicações, energia elétrica e gás canalizado);
Os indicadores de infraestrutura da habitação de São Rafael (ATLAS BRASIL, 2017),
em 2010, apontam a evolução dos índices de água encanada (95,82%) e energia
elétrica (99,57%) no bairro. Apenas a coleta de lixo houve uma redução do seu valor,
representado por 90,72%.
Os dados da capacidade de atendimento das redes refletem o estágio de uma região
em pleno desenvolvimento urbano, que se caracteriza pelo crescimento populacional
e pelo adensamento demográfico. O setor censitário de São Rafael possui

163
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

características demográficas distintas das demais, devido, essencialmente, pelas


suas restrições ambientais, que limitam a expansão populacional.
Segundo Santos et al. (2010), historicamente, a região de São Rafael passou por um
crescimento acelerado nos últimos anos. Considerando a pesquisa realiza em 2010,
sobre a evolução do bairro, percebe-se que: “[...] acerca de quarenta anos, o bairro
era isolado do Centro de Salvador; não tinha luz elétrica, não existia água encanada,
havia apenas chafarizes e fontes nos quais pegava-se água para beber e tomar
banho.” (SANTOS et al., 2010, p. 224). Essa descrição esclarece o cenário de
evolução da região, tendo como contribuição a implantação do Hospital São Rafael,
numa área ainda distante do centro da cidade.
Este EAS possui, atualmente, o abastecimento das suas redes de infraestrutura
seguindo diretrizes de sustentabilidade ambiental, ou seja, os seus sistemas foram
desenvolvidos para assegurar a autossuficiência do complexo de saúde e estabilidade
para os seus usuários (HSR, 2018a).
A capacidade de atendimento da rede de esgoto do complexo de saúde, em 2017, foi
de 10.164 M3/mês, com o tratamento de 100% dos seus efluentes líquidos. Ele dispõe
de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no seu terreno, cuja localização está
próxima do limite do recuo de fundo, nas proximidades com o Rio Passa Vaca, local
de destinação final.
É importante mencionar que, com relação ao Índice de Qualidade das Águas (IQA) na
Bacia do Rio Passa Vaca, este elemento hídrico de vital importância para a cidade
apresentou parâmetros irregulares. O rio, que cruza o distrito de Pirajá, a Avenida
Paralela e que tem como foz a praia de Patamares, margeia os limites físicos de São
Rafael. A sua bacia foi classificada na categoria Regular, com valores de 40,5% e
38,1% (SANTOS et al, 2010, p. 222). Ao longo do percurso Rio Passa Vaca existe
uma série de contribuições das edificações para a condição deste parâmetro de
qualidade, e, apesar do HSR realizar a emissão dos seus efluentes líquidos tratados,
é realizado o monitoramento constante e periódico, para evitar que eleve a condição
de contaminação.
O Hospital São Rafael possui autonomia com relação ao consumo de água. O EAS
possui o abastecimento de forma mista, com a utilização da água da Empresa Baiana
de Abastecimento de Águas (EMBASA) e com nove poços artesianos dispostos no
terreno. O volume de água total consumida, em 2017, foi de 12.705 M3/mês.
Este volume de água utilizada pelo complexo repercute num grande impacto para a
concessionária local. Segundo os dados do Atlas de Saneamento, Salvador precisa
de adequação do seu sistema de abastecimento de água. De acordo com a pesquisa,
o município possui os sistemas de mananciais superficial, por rios e lagos, e misto,
aonde inclui poços artesianos. O montante total de investimentos no Estado para
adequação do sistema é de aproximadamente 2,58 bilhões de reais, sendo R$ 217,3
milhões (8% do total) destinados à Região Metropolitana de Salvador (BRASIL, 2010,
p. 36).

164
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Com relação à demanda de energia elétrica, a unidade de saúde tem o padrão de


entrada de alta tensão, diferenciado das demais construções do bairro, que são, de
modo geral, de baixa tensão. O complexo possui subestação para a redução da
tensão energia e posterior consumo. A demanda elétrica anual, em 2017, foi de
1.306.800 Kw/h.

VIII - A ventilação e iluminação naturais, a geração de ruído e a emissão de


resíduos sólidos e de efluentes líquidos e gasosos;
O conjunto arquitetônico do Hospital São Rafael está implantado em terreno com
topografia acidentada, em uma região de cumeada, assentado na cota média de nível
76,2 metros. Em suas proximidades não existem edificações de grande porte e, as
construções vizinhas possuem gabarito de um a três pavimentos.
A tipologia das edificações do Hospital São Rafael é de torres verticais em formato de
lâminas, orientadas no sentido Sudeste-Noroeste. Esta solução arquitetônica propicia
a ventilação e iluminação natural em todas as fachadas do complexo, através das
esquadrias, sobretudo nas fachadas de maiores dimensões, que são a Nordeste e a
Sudoeste.
Muitos dos setores do EAS necessitam do sistema de exaustão/ ventilação mecânica
para o seu funcionamento, a exemplo das emergências adulto e pediátrica, do Centro
Cirúrgico (CC), da Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Existe uma área exclusiva para
a infraestrutura de equipamentos de apoio para refrigeração, aonde está alocado o
prédio para abrigo dos chilers e das bombas de calor, localizado no fundo do terreno,
implantado na cota 25,50 metros. Esses equipamentos emitem ruídos de alta
frequência, com elevados níveis de poluição sonora.
Os resíduos sólidos são armazenados em abrigo de destinação final, para retirada a
partir de caminhões coletores. A Estação de Tratamento de Efluentes líquidos (ETE)
localiza-se em uma outra área distinta, implantado na cota 25 metros, sendo
armazenados em tanques coletores e destinados, posteriormente, no Rio Passa Vaca.

IX - A conservação do ambiente natural e construído;


O Hospital São Rafael é um empreendimento em contínua expansão. Desde a década
em que foi criado, em 1970, o terreno natural aonde foi implantado passou por
contínuas transformações, até o tempo presente.
A primeira modificação da topografia ocorreu para a implantação do prédio do
laboratório, que foi a sua primeira edificação. Na década de 2000, a obra do
empreendimento de maior porte, com 10 pavimentos, já estava consolidada. Na

165
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

década de 2010, iniciou-se uma ampliação. Ele possui o mesmo número de


pavimentos do anterior e abriga os setores de administração geral e oncologia.
Segundo Filho e Vilas-Boas (2018), em 2016 o HSR desenvolve o seu Plano Diretor
Hospitalar14, documento que define os planos de expansão e remanejamento do
complexo de saúde, programado para os intervalos de tempo de curto, médio e longo
prazos. É importante mencionar que as edificações continuam em evolução, sendo
que o potencial da área ocupada do terreno se encontra no limite máximo permitido
para o local, de acordo com o Código de Obras Municipal (HOSPITAL SÃO RAFAEL,
2018). Esta situação reduz a área livre, exigindo o recurso de verticalização das
edificações. Neste sentido, a estratégia do empreendimento, daqui em diante, será de
aquisição de novos terrenos e criação de unidades dispersas, ao longo da cidade e
na Região Metropolitana.
O ambiente construído existente encontra-se em bom estado de conservação, tendo
em vista que as ampliações do prédio original ocorreram em paralelo com o processo
de modernização do complexo. As reformas e as ampliações seguem as legislações
sanitárias e as demais normativas edilícias do município (HOSPITAL SÃO RAFAEL,
2018), assim como as normas destinadas às saídas de emergência (ABNT, 2001) e
de acessibilidade (ABNT, 2015).
Com relação ao ambiente natural, existe no limite do terreno, ao fundo, um trecho de
mata atlântica considerável, que é classificado como área de preservação ambiental
e está em bom estado de conservação. A massa de vegetação arbórea é de grande
porte e faz parte do recuo do hospital. No entanto, na sua circunvizinhança, as áreas
verdes deste mesmo bioma encontram-se em estágios de degradação avançado. O
crescimento acelerado da quantidade das habitações subnormais provoca a
supressão da vegetação natural, classificada como de níveis de interferência humana
médio a avançado (BAHIA, 2017).

X - A ampliação ou redução do risco ambiental urbano;


A avaliação da questão do risco ambiental urbano produzido por equipamentos
complexos possui inúmeras variáveis. Verifica-se que não é possível deixar de
relacionar a ampliação ou a redução do risco produzido pelo Hospital São Rafael ao
longo da Avenida São Rafael.

14
Plano Diretor Hospitalar: O Plano Diretor deve conter a visão global e integrada de todos os
elementos que incidem no funcionamento de um hospital, e não deve se limitar à análise espacial,
aspecto no qual se centrará o resultado, senão que deve incluir os aspectos sócio-econômicos,
tecnológicos, assistenciais, administrativos e do entorno geográfico. Essa análise serve para guiar as
discussões, decisões, necessidades programáticas e fases de implementação, e deve alcançar futuras
ampliações e reformas. (LEMOS, 2014, p. 59)

166
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

De acordo com Lamas (2014), as formas urbanas podem ser estudadas em múltiplas
dimensões. A unidade de saúde pesquisada contribui para a transformação do
ambiente urbano, em escalas distintas.
Na primeira situação, as análises ocorrem em relação à microescala, ou seja, no nível
do próprio terreno do HSR. Nesta situação podem ser verificados aspectos de
conservação das áreas construídas e natural, os fluxos de serviços internos, de
profissionais e a poluição gerada pelo empreendimento.
Com relação ao local, ocorrem diversos tipos de poluição, como por exemplo, ruídos
sonoros produzidos pelo grupo gerador; a poluição atmosférica, produzida através dos
veículos transitando no estacionamento e nas vias do bairro; a contaminação do lençol
freático, a partir da perfuração dos poços artesianos. Com relação ao aspecto
construtivo, há a forte tendência de ampliação da unidade e a redução das áreas
permeáveis do terreno.
Quanto à escala intermediária, as análises urbanas adquirem maior dimensão, se
aproximando da relação do lote do empreendimento e o bairro aonde está inserido.
Neste nível é possível avaliar as condicionantes de ventilação, iluminação, saturação
do trânsito, mobilidade e acessibilidade.
Na relação entre o complexo hospitalar e os setores censitários dentro do mesmo
distrito que está inserido o bairro São Rafael, que é Pirajá são avaliados parâmetros
urbanísticos entre as localidades vizinhas, como as características gerais do território,
IDHM, demografia, saúde, educação, renda, trabalho, habitação e vulnerabilidade
social. A mobilidade na região também enfrenta grave problema pela saturação das
vias locais e a existência de pontos de conflito, entre veículos e pedestres.
O HSR também contribui para o crescimento da densidade populacional do bairro
através do impulsionamento das novas construções, como dos condomínios
residenciais e equipamentos de atividades comerciais

XI - As alterações na paisagem urbana e nos padrões urbanísticos e ambientais


da vizinhança;
As alterações na paisagem urbana ocorrem através da elevação do gabarito das
construções vizinhas, principalmente, devido a implantação de prédios de grande
porte, como mercados, centros empresariais, e condomínios verticais. Há, ainda, o
adensamento das construções habitacionais subnormais e condomínios horizontais,
ocupando os terrenos vazios da região.
Os padrões urbanísticos em São Rafael têm sido modificados nos últimos anos. Com
relação ao nível da urbanização, houve variações dos valores evidenciados entre os
anos de 2000 a 2010. No período considerado, a porcentagem da população com
água encanada subiu de 90,03% para 95,82%, a porcentagem da população em
domicílios com energia elétrica teve uma pequena redução de 99,84% para 99,57% e

167
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

a porcentagem da população em domicílios com coleta de lixo baixou de 95,48% para


90,72% (ATLAS BRASIL, 2017).
Segundo o Atlas Brasil (2017), o crescimento populacional do bairro teve elevação,
passando de 4.377 pessoas residentes, em 2000, para 5.671, em 2010. Muito embora,
tenha havido o aumento dos habitantes desse setor censitário, a renda per capita dos
seus habitantes, em 2010, tem um valor muito baixo, de R$ 328,00. Para o último ano
considerado a taxa de atividade da população de 18 anos ou mais foi de 67,07% e a
taxa de desocupação na UDH foi de 20,37%. O indicador escolaridade da região
continua baixo, com a expectativa de anos de estudo na UDH de 8,23 anos, sendo
que no município e na RMS os valores são de 9,2 e 9,4 anos, respectivamente.
As alterações dos padrões ambientais em São Rafael e localidades vizinhas são
consequências do fenômeno de urbanização dos seus bairros, que seguem tendência
de crescimento da cidade de Salvador. Com a elevação da quantidade das
construções na região, alavancada a partir da década de 1960 aos tempos atuais,
vários fatores contribuíram para a configuração de um novo panorama na região.
Houve, de certo modo, a ampliação da quantidade dos efluentes líquidos, sem
tratamento adequado, desprezados no Rio Passa Vaca. Isso caracteriza-o,
atualmente, como um corpo hídrico completamente contaminado, desde a sua
nascente até a foz, em Patamares. Mesmo que o Hospital São Rafael realize o
controle dos seus dejetos sob parâmetros legais, não é possível avaliar o real impacto
ao longo de anos de sua existência.
A supressão das áreas verdes existentes anteriormente no bairro, devido ao
incremento de habitações subnormais e condomínios, favoreceu a redução das zonas
de preservação natural, caracterizada nesta localidade. O terreno do HSR continua
sendo uma exceção para a região, pois ainda conserva a vegetação de mata atlântica
dentro dos seus limites legais.
Outra questão relevante, é o aumento dos níveis de poluição (atmosférica, ruídos e
outros), devido ao maior tráfego de veículo e o número crescente de habitações.

XII - A definição das medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos


negativos, bem como daquelas intensificadoras dos impactos positivos.
As medidas mitigadoras dos impactos negativos requerem modificações tanto na
regulação do uso do solo urbano ao longo da Avenida São Rafael, quanto de
intervenções dentro do próprio limite do terreno do Hospital São Rafael.
A primeira situação, exige atenção para a macro escala do bairro, é necessário
disciplinar a criação dos novos empreendimentos de usos comerciais, serviços e
residenciais no eixo principal da Avenida São Rafael, tendo em vista que o sistema
viário não está compatível com maiores fluxos de veículos. As dimensões das caixas
das vias atingiram um ponto de saturação, em todos os períodos dos dias úteis.

168
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Uma medida necessária seria a criação de baias para paradas de veículos ao longo
das faixas de rolagens, juntos aos estabelecimentos de maior atratividade de público.
Nos pontos de conflito entre pedestres e veículos, as sinalizações urbanas podem ser
reforçadas, com identificação nas pistas, trafic calming e novos semáforos.
Outra solução para viabilizar o melhor deslocamento dos usuários no sistema viário
da região, seria criar novas vias transversais, ao longo da Avenida São Rafael. A
intensão seria de viabilizar novas vias de caráter coletora, com o intuito de facilitar o
trânsito local e conduzir o fluxo de veículos para as vias arteriais e expressas. De certo
modo, o Plano Diretor de Salvador de 2016 (SALVADOR, 2016b) adota o conjunto
dessas ações no novo planejamento para o local. O Governo do Estado da Bahia
também tem avançado o nível de investimentos, sobretudo com a implementação de
novas obras no sistema viário. São exemplos recentes a ampliação da Avenida Gal
Costa e articulação com a BR 324, a ampliação da Rua Artêmio Castro Valente e
conexão com a Avenida Mário Sérgio Pontes de Paiva. Os dois casos possuem
conexão com a Avenida Luís Viana.
Com relação aos recursos naturais, é necessário preservar as áreas existentes com
vegetação natural, para manter as zonas de preservação ambiental. Conter o avanço
das construções desordenadas e de novos empreendimentos de grande porte deve
ser uma ação prioritária para se estabelecer a qualidade de vida dos moradores da
região. A criação de áreas de recreação e lazer para os seus habitantes também é
fundamental, sob o aspecto da saúde mental e higiene.
Com relação ao nível da escala do HSR, é importante manter o controle e o
planejamento de toda a infraestrutura interna, sobretudo, através do instrumento do
Plano Diretor Hospitalar (HOSPITAL SÃO RAFAEL, 2018). Esta ação pode assegurar
uma maior eficiência do complexo, evitando trabalhos desnecessários, que podem
elevar os investimentos do hospital, inclusive com o aumento da demanda de insumos
(energia, gases e água) e a produção de resíduos em elevados níveis. Nesse sentido,
as estratégias básicas do empreendimento devem seguir os critérios de
sustentabilidade em unidades de saúde, como a escolha dos materiais construtivos
duradouros, de fácil manutenção e de boa qualidade, bem como a utilização dos
espaços internos sob o princípio da flexibilidade e racionalidade funcional
(BITENCOURT, 2006).
Para o atendimento das novas demandas de ampliação do HSR é necessário haver
uma articulação maior com as instituições públicas, como as secretarias estadual e
municipal de mobilidade urbana, para regular e compatibilizar a logística da operação
da infraestrutura de transportes urbanos, a Avenida São Rafael. É importante verificar
com atenção o contexto do público usuário do equipamento de saúde e dos demais
equipamentos de grande porte da região. A ideia principal é de criar linhas de ônibus
que realizem as conexões com os terminais de transporte de massa mais próximos,
também denominadas de linhas de integração urbana, para atrair os habitantes que
estão mais distantes destes equipamentos (CITTATI, 2018).
Esta ação visaria reduzir a quantidade de veículos autônomos nas vias públicas
arteriais, como a Avenida São Rafael e Gal Costa, proporcionando a melhoria do seu

169
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

grau de saturação diário. A criação de novas vagas de estacionamento para veículos


particulares deve estar associada com as demandas dos equipamentos
multifuncionais. As estações de transbordo de ônibus e metrô devem funcionar
integradas, valorizando a conexão entre os diversos modais.
A análise dos impactos sobre a via de acesso principal ao Hospital, a Avenida São
Rafael, é essencial para a compreensão sobre a expansão e renovação da cidade.
Esta unidade de saúde demanda, por consequência, a criação de novos
estabelecimentos próximos e novas unidades habitacionais. Há, portanto, a
necessidade de estudos aprofundados sobre a sua evolução, no intuito de
proporcionar indicadores e medidas mitigadoras sobre os efeitos negativos causados
pelos seus impactos.
O Quadro 02 apresenta um roteiro de verificação de impactos urbanos e indicação
inicial de medidas mitigadoras/ compensatórias para edificações complexas
implantadas no solo urbano, inclusive os equipamentos hospitalares. Através destes
dados é possível identificar os principais conflitos ocorridos ao longo da Avenida São
Rafael, oriundos, diretamente ou indiretamente, na inserção do Hospital São Rafael
nessa localidade. As medidas mitigadoras são soluções estudas para evitar os efeitos
negativos provocados pelo EAS. Elas também funcionam como estratégias para a
definição do planejamento na gestão pública, nas esferas municipal e estadual.
O Mapa de impactos ambientais urbanos da Avenida São Rafael, no Bairro São
Marcos, em 2017, está no Anexo 06. A partir deste estudo foram identificadas as áreas
que mais sofrem com os problemas desta região, que são a mobilidade urbana, a
metropolização e a ausência de espaços livres.

170
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

QUADRO 02 – Roteiro de verificação de impactos urbanos e indicação inicial de


medidas mitigadoras/ compensatórias para edificações complexas implantadas
no solo urbano: o caso do Hospital São Rafael, em Salvador/BA.
ITEM CARACTERÍSTICAS DOS TIPO DE MEDIDAS MITIGADORAS/
CONFLITOS IMPACTO COMPENSATÓRIAS
URBANO

1 BAIRRO SÃO RAFAEL


1.1 Conflito/ alteração dos parâmetros Social. Adoção de políticas públicas, maior
urbanísticos sócio demográficos de oferta de estágios e empregos para
aumento da densidade os habitantes locais e adesão das
populacional, baixa taxa de crianças, jovens, adolescentes e
empregos, baixa renda per capita e adultos para a maior permanência
aumento da violência local, na escola, ampliando o seu tempo
influenciando no IDH negativo da de estudos.
região.
Novas áreas de recreação e lazer
devem ser criadas na região, como
por exemplo a execução do projeto
de requalificação do horto
municipal, em São Marcos.15

1.2 Conflito/ alteração dos parâmetros Social. Necessidade da criação de novos


urbanísticos sócio demográficos de Estabelecimentos Assistenciais de
média de moradores por domicílio Saúde públicos, hierarquizados nos
ocupado, domicílios particulares serviços de baixa e média
coletivos e pessoas residentes, complexidade, para atender as
associado a apresentação de comunidades locais.
indicadores de saúde reduzidos
(longevidade, mortalidade e
fecundidade)16.

Continua

15
PAV – Pavilhão da Mata Atlântica: “O Pavilhão da Mata Atlântica faz parte do projeto de
requalificação do Jardim Botânico de Salvador que abrange em seu total uma área de 160.000 m2
buscando integrar o equilíbrio na relação entre homem e natureza em um espaço predominantemente
de Mata Atlântica. O pavilhão surge como um complemento às edificações de caráter científico voltadas
ao estudo, manutenção e conservação da Mata Atlântica. [...]” (URBAN RECYCLE, 2014).
16
Mortalidade infantil: A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano) na UDH
é de 30,9 óbitos por mil nascidos vivos, em 2010. As taxas de mortalidade do município e da região
metropolitana são de 14,9 e 16,2 óbitos por mil nascidos vivos, respectivamente, para o mesmo ano.
(ATLAS BRASIL, 2017).

171
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

1.3 Conflito/ carência de Social e Rever a política de planejamento


infraestrutura urbana e infraestrutura habitacional da região, no
habitações para pessoas em . sentido da criação de novos
estágio de vulnerabilidade social. conjuntos habitacionais
populares para o atendimento da
demanda real; a execução de
infraestrutura das construções
existentes, com a conexão entre
os sistemas de água, esgoto,
iluminação e recolhimento de
resíduos; e a retirada de
habitações em condições
inadequadas a implantação dos
terrenos, de acordo com as
diretrizes da legislação do
Estatuto da Cidade.17

1.4 Conflito/ acessibilidade e Infraestrutura. Estímulo da utilização de veículos


locomoção urbana dos usuários públicos. Uma primeira ação seria a
para o bairro, devido à grande melhoria do sistema de linhas de
demanda de viagens de veículos de ônibus urbano municipal, no sentido
transporte de massa e presença em de realizar a integração deste modal
grande número de veículos com os terminais de ônibus de
particulares. O sistema de passeios Pituaçu e o do metrô. Uma segunda
públicos também não atende as estratégia poderia estar associada
necessidades locais. com a modernização dos ônibus,
utilizando veículos novos, com
sistema de climatização e meios de
comunicação em mídia digital.

Tratamento das calçadas públicas


ao longo da Avenida São Rafael e
vias internas do bairro18.

Continua

17
Parcelamento do solo: A lei de parcelamento do solo urbano, preconizada pelo Estatuto da Cidade
e presente na Constituição Federal Brasileira, estabelece condições para a adequação dos terrenos
das construções. Os principais parâmetros devem atender que as construções não podem estar em
terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o
escoamento das águas; em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública,
sem que sejam previamente saneados; em terrenos que tenham declividade igual ou superior a 30%
(trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; em terrenos
onde as condições geológicas não aconselham a edificação; em áreas de preservação ecológica ou
naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. (BRASIL, 1979)
18
O manual técnico de arborização urbana de salvador com espécies nativas da mata atlântica prevê
soluções para espaços e ambiente para arborização, como calçadas de vias públicas, em ruas e
avenidas. (SALVADOR, 2017b).

172
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

1.5 Conflito/ poluição ambiental Infraestrutura Ações de melhoria do conforto


urbana provocada pelos urbana e meio ambiental urbano através do
congestionamentos e saturação natural. plantio de espécies vegetais
das vias existentes, arbóreas ao longo das vias
principalmente pela Avenida São existentes.
Rafael.

1.6 Conflito/ degradação da massa de Meio natural. Ações de controle, monitoramento e


vegetação da mata atlântica educação ambiental das instituições
existente. competentes.

2 AVENIDA SÃO RAFAEL


2.1 Conflito/ congestionamentos na via Mobilidade e Projeto de segurança externo para
de acesso, nos horários de entrada/ segurança. pedestres e veículos.
saída, por disputa de espaço para
embarque/ desembarque,
insegurança de pedestres.

2.2 Conflito/ expansão da quantidade Mobilidade e Rever as interferências pedestres x


de edificações comerciais e de segurança. caminhões, pontos de conflito no
serviços ao longo da avenida sistema viário.
principal gerando circulação intensa
de veículos de carga e de grande
porte, carga/ descarga, ocupação
de passeios por veículos e
congestionamentos.

2.3 Conflito/ criação de novos conjuntos Topografia e Exigência de Estudo de Viabilidade


habitacionais predominantemente vegetação. e realização de análise de Estudo
horizontais e ocupação de extensas de Viabilidade de
áreas territoriais, com a supressão Empreendimentos.
de massa verde e grande
movimentação de terreno.

Continua

173
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

2.4 Conflito/ expansão das Expansão Regulação fundiária das


habitações informais e ocupação urbana edificações construídas e
irregular no território, sem a informal. utilização dos instrumentos
utilização de normativas do uso legais das Zonas de Especial
do solo e códigos ambientais. Interesse Social (ZEIS)19 para
evitar a expansão desordenada.

2.5 Conflito/ expansão dos Planejamento Controle do uso do solo urbano.


equipamentos de grande porte urbano.
(mercado, centros comerciais e
empresariais, academias e outros)
ao longo da avenida principal.

2.6 Conflito/ expansão das unidades Planejamento Definição das áreas de risco e
residenciais subnormais. urbano. proibição do crescimento.

2.7 Conflito/ implantação de novas vias Planejamento Redução de áreas verdes, de lazer
e ampliação da malha urbana. urbano. e de convivências no bairro.

3 EMPREENDIMENTO HOSPITAL
3.1 Conflito/ ampliação das áreas para Mobilidade Criação de passarela elevada para
estacionamentos na região exterior urbana e conexão entre o estacionamento e o
ao empreendimento e desconforto segurança. hospital.
para os usuários na travessia da via
principal.

3.2 Conflito/ atração de novos Mobilidade Planejamento, disciplina e controle


empreendimentos para a região, urbana. do trânsito local.
com a saturação das vias urbanas.

3.3 Conflito/ expansão das construções Planejamento Controle do crescimento da


do complexo hospitalar e aumento urbano. unidade, replantio de árvores e
dos índices de construção, mudança das pavimentações
ocupação e redução do índice de exteriores para piso drenante de
permeabilidade urbana. águas pluviais.

Continua

19
Zonas de Especial Interesse Social: Segundo o PDDU de Salvador, de 2016, as categorias das
ZEIS são subdividas em:
I - ZEIS-1: assentamentos precários – favelas, loteamentos irregulares e conjuntos habitacionais
irregulares;
II - ZEIS-2: edificação ou conjunto de edificações deterioradas, desocupadas ou ocupadas,
predominantemente, sob a forma de cortiços, habitações coletivas, vilas ou filas de casas;
III - ZEIS-3: compreende terrenos não edificados, subutilizados ou não utilizados;
IV - ZEIS-4: assentamentos precários, ocupados por população de baixa renda, inseridos em APA ou
APRN;
V - ZEIS-5: assentamentos ocupados por comunidades quilombolas e comunidades tradicionais,
especialmente aquelas vinculadas à pesca e mariscagem. (SALVADOR, 2016b, p.35)

174
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Continuação

3.4 Conflito/ expansão da rede de Ambiental. Estabilização da expansão dos


abastecimento de água potável poços e busca por novas fontes
através de poços artesianos e de abastecimento renováveis,
contaminação da bacia como a coleta de água das
hidrográfica da região. chuvas e reuso20 dos efluentes
dos esgotos de diferentes
classes21.

3.5 Conflito/ ampliação do lançamento Ambiental. Controle de qualidade rigoroso dos


de efluentes líquidos na fonte efluentes e reúso dos resíduos.
natural, Rio Passa Vaca.

3.6 Conflito/ ampliação do consumo de Ambiental. Substituição por insumos


insumos (água, energia e gases). renováveis, como energia solar e
vapor.

3.7 Conflito/ utilização de Ambiental. Substituição por equipamentos


equipamentos de climatização com sustentáveis, como a bomba de
elevado consumo energético. calor.

FONTE: Elaboração do autor.

4.7 O BAIRRO CENTRO ADMINISTRATIVO E A AVENIDA GAL


COSTA
4.7.1 Características gerais
A motivação para a escola da Avenida Gal Costa como via de comparação entre a
Avenida São Rafael deve-se a sua importância. Além dela funcionar como elemento
urbano delimitador físico entre os bairros São Rafael e o Centro Administrativo, tem
fundamental importância em articular a região entre as duas Avenidas expressas da
cidade, a Avenida Luís Viana Filho e a BR 324.

20
Água de reúso
Água residuária, que se encontra dentro dos padrões exigidos para sua utilização nas modalidades
pretendidas. (BRASIL, 2005, p. 1)
21
Classes e parâmetros para os esgotos
Classe 1 – lavagem de veículos e outros usos que requerem o contato direto do usuário com a água,
com possível aspiração de aerossóis pelo operador incluído chafarizes;
Classe 2 – lavagens de pisos, calçadas e irrigação de jardins, manutenção de lagos e canais para fins
paisagísticos, excetos chafarizes;
Classe 3 – reúso nas descargas de vasos sanitários;
Classe 4 – reúso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros cultivos através de
escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual. (ABNT, 1997, p. 22)

175
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

A Avenida Gal Costa é uma via possui limites físicos com o bairro São Rafael, o Centro
Administrativo da Bahia (CAB), Sussuarana, Nova Sussuarana e Pau da Lima. Ela
inicia a partir da via expressa Avenida Luís Viana (Paralela), em entroncamento viário
com a Avenida são Rafael, e se estende até Pirajá, no acesso à BR 324.
A construção da avenida Gal Costa iniciou-se na década de 2000, após a
consolidação dos bairros vizinhos. A via teve uma recente ampliação do seu sistema
viário, em 2017, após a vigência do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano
de Salvador (PDDU), em 2016 (SALVADOR, 2016b). As obras de infraestrutura
envolveram a macrodrenagem das nascentes dos Rios Cachoeirinha e Pituaçu, a
movimentação de terra para a estabilização da via, contenção de encostas, trevo
viário, criação de passeios, sistema de iluminação e energia elétrica.
A partir do novo planejamento da cidade, essa região caracteriza-se como um vetor
de crescimento urbano. Ocorre, a partir deste novo panorama, a ampliação dos
gabaritos das edificações circunvizinhas e a implementação de um novo sistema de
veículos de massa, como o metrô e a estação de transbordo de Pituaçu.
Consequentemente, a Avenida Gal Costa adquire maior relevância, pois cumpre a
função de via de conexão com a BR 324, caracterizado como outro vetor de
crescimento de Salvador. Neste sentido, a Avenida Gal Costa funciona como via de
interligação entre a Avenida Paralela e a Rua do Porto Rico e a Rua da Indonésia, no
bairro Jardim Santo Inácio. Essa área está consolidada como região fabril da cidade.
Nesse mesmo período foi realizado o recente sistema de complexo viário e a nova
Estação de Metrô de Pirajá.
Para Santos (2010), o Centro Administrativo da Bahia é um bairro de forte influência
para as transformações ao longo da Avenida Gal Costa. Desde a década de 1970, o
local funciona como polarizador de fluxos da cidade:
O Centro Administrativo da Bahia - CAB é um bairro de uso
predominantemente institucional, onde se localiza a maior parte das
secretarias e órgãos de Governo do Estado da Bahia, como a
Assembléia Legislativa e o Tribunal de Justiça. Em suas imediações
passa o Rio Pituaçu.
O CAB foi inaugurado em 1973, em uma área cuja maioria das terras
pertencia a Adilson Ataíde da Fonseca. Segundo Ivan Barbosa,
engenheiro civil, coordenador de fiscalização e supervisor geral das
obras de edificação do CAB, a implantação do Centro Administrativo
na Avenida Luiz Viana Filho, mais conhecida como Avenida Paralela
justificou-se na década de setenta, porque o Centro da Cidade dava
sinais de fadiga.
A expansão em direção ao “Miolo” de Salvador era o movimento
natural. A Paralela, com apenas uma pista, colocava a possibilidade
de polarização e crescimento da cidade em direção ao Norte.
(SANTOS, 2010, p. 197)

Santos (2010) alerta que o Centro Administrativo e as demais regiões próximas devem
ser planejados com cuidado, pois é uma região que não possibilita a permeabilidade
urbana, ou seja, possui uso restrito institucional e não se integra com o restante da

176
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

cidade. Além disso, a região possui elevada saturação das vias com grandes níveis
de congestionamento.
O fato da Avenida Gal Costa possuir proximidade com o CAB, impulsionou o avanço
das construções ao longo da via, tanto pela sua proximidade, quanto pela atratividade
de empregos para os seus habitantes. Os relatos históricos apontam que este território
sempre foi uma região de certo modo marginalizada, pois o seu terreno se encontra
numa topografia de vale, entre morros, com a presença de exuberante vegetação.
Santos (2010) aponta que os primeiros moradores utilizavam dos recursos naturais
em abundância para as práticas de pesca e lavagem de roupas nas nascentes dos
rios locais, a partir da década de 1970.
Segundo o Painel de Informações dos Dados Socioeconômicos por Bairros e
Prefeituras-Bairro de Salvador (BAHIA, 2016b), o Centro Administrativo está situado
na Prefeitura-Bairro VIII Cabula/ Tancredo Neves. Essa macro zona tem a área de
25.727 km2 e 374.013 habitantes, em 2010. Ela é formada por 22 bairros: Arenoso,
Arraial do Retiro, Barreiras, Beiru/Tancredo Neves, Cabula, Cabula VI, Calabetão,
Centro Administrativo da Bahia, Doron, Engomadeira, Granjas Rurais Presidente
Vargas, Jardim Santo Inácio, Mata Escura, Narandiba, Nova Sussuarana, Novo
Horizonte, Pernambués, Resgate, Saboeiro, São Gonçalo, Saramandaia e
Sussuarana.
O CAB está entre os bairros de menor densidade demográfica da sua vizinhança, com
a faixa até 69 habitantes/ha. Com relação a quantidade de domicílios, não há
ocorrências na região, pois ele está enquadrado em bairro de uso restrito institucional.
A zona preserva áreas verdes e, distribuído na sua Prefeitura Bairro, há a ocorrência
de 35 ZEIS. Este dado constata a fragilidade do tecido social urbano existente nesta
parte de cidade.

4.7.2 Análise urbana


As análises urbanas realizadas da Avenida Gal Costa têm a função fundamental em
apresentar a realidade urbana atual ao longo da via selecionada. Foram realizados os
estudos por meio de mapas temáticos de usos, de equipamentos, de gabarito, de
sistema viário e de mobilidade urbana. A partir destes documentos é possível definir
um diagnóstico tanto dos problemas, quanto das potencialidades locais.
Na sequência dessa avaliação, é realizado o estudo comparativo entre as Avenida
Gal Costa e a Avenida São Rafael, analisando os parâmetros urbanísticos de ambas
as vias, com dados quantitativos e qualitativos.
Os dados quantitativos se referem às dimensões gerais das vias, como percurso
longitudinal, caixa de rolagem, equipamentos próximos, cotas de níveis dos seus
trechos, número de bairros envolvidos, presença de unidades de saúde, gabarito
máximo das edificações, número de pontos de ônibus, categoria e estado de

177
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

conservação das vias. Os aspectos qualitativos são baseados em observações locais.


Eles fazem referência a ambiência urbana e a relação dos usuários quanto a
acessibilidade e o uso dos espaços urbanos, no trecho selecionado.
A intenção é descrever como ambas as localidades se comportam com relação a
evolução da cidade. Trata-se, portanto, de perceber quais as distinções entre as
características das duas avenidas e quais são os principais impactos urbanos
presenciados em cada uma delas.

178
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

a. Uso
A análise do uso do solo no entorno imediato da Avenida Gal Costa, em 2018, permite
evidenciar que a região possui atividades predominantemente residenciais,
constatado através da presença de condomínios habitacionais privados de padrão
horizontal e habitações subnormais (Figura 26).
As edificações de uso religioso possuem um número expressivo na região, totalizando
vinte e três unidades. Os usos comercial, de serviço e misto têm a presença menos
significativa no local e estão distribuídos no interior do bairro Sussuarana, nas vias
locais. Além disso, a Avenida Gal Costa é um dos limites físicos do Centro
Administrativo da Bahia, aonde estão concentrados em edificações de caráter
institucional.

FIGURA 26 – Usos do solo da Avenida Gal Costa, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor.

179
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

b. Equipamentos públicos e privados


A análise dos equipamentos ao longo da Avenida Gal Costa, em 2018, permite
constatar que há apenas um equipamento público presente, que é o Terminal de
Conexão de Pituaçu (Figura 27). Nas suas proximidades apresentam-se outros, como
o Posto de combustível, Estádio Governador Roberto Santos, Escola Municipal Jesus
de Nazaré.
A Avenida Gal Costa tem limite com a o Centro Administrativo da Bahia (CAB), aonde
estão presentes a Companhia de Pesquisa de Recursos Naturais, a Agência Nacional
de Mineração, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Departamento
Nacional de Obras contra as secas, a Defensoria Pública da Bahia, Instituto do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da
Bahia, a Secretaria de Estado de Saúde da Bahia, a Companhia de Processamento
de Dados, a Secretaria de Direito Econômico, a Secretaria de Agricultura, o Centro de
Operações e Inteligência de Segurança Pública, a Empresa Baiana de Águas e
Saneamento (EMBASA), o Juizado Especial Federal, o Departamento de
Infraestrutura de Transportes da Bahia, a Agência Estadual de Regulação de Serviços
Públicos de Energia, Transporte e Comunicação da Bahia (AGERBA), a Secretaria de
Segurança Pública e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral,

FIGURA 27 – Equipamentos da Avenida Gal Costa, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor.

180
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

c. Gabaritos
A análise de gabaritos da Avenida Gal Costa aponta para uma grande diversidade
(Figura 28). As construções subnormais com gabarito de dois a quatro pavimentos
concentram-se em Sussuarana, ao longo da Rua Rubens Zardival; em São Marcos
predominam conjuntos habitacionais residenciais nas faixas de dois a quatro
pavimentos e acima de oito pavimentos; as edificações de caráter institucional do
Centro Administrativo da Bahia possuem de cinco a seis pavimentos. Ao longo da
Avenida Gal Gosta as edificações são predominantemente baixas, na faixa de um a
dois pavimentos. Nesta via não há a presença de edificações de grande porte no
segmento entre o acesso da Avenida Luís Viana ao acesso do bairro Pau da Lima. No
trecho do início do bairro Pau da Lima até as proximidades do acesso a BR 324, na
conexão com a Rua do Porto Rico, são apresentadas construções de uso industrial,
com tipologia de galpões, com gabarito estimado até quinze metros de altura, e
construções pavilhonares pertencentes ao Batalhão de Guardas da Polícia Militar da
Bahia e a Penitenciária Lemos de Brito.

FIGURA 28 – Gabaritos da Avenida Gal Costa, em 2018.

FONTE: Elaboração do autor.

181
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

d. Mapa de Sistema Viário e Mobilidade Urbana


A Avenida Gal Costa tem acesso através da Avenida Luís Viana (expressa), em
Sussuarana, e se desenvolve até as proximidades da BR 324, no Bairro Jardim Santo
Inácio. A conexão com a Avenida São Rafael ocorre através da Travessa do Mandu,
via de caráter coletora.
A análise do mapa de sistema viário e mobilidade urbana da Avenida Gal Costa, em
2018, mostra uma via com pouca acessibilidade (Figura 29). Nota-se que existem
apenas quatro pontos de ônibus ao longo do trajeto selecionado, apesar da
proximidade com o Terminal de ônibus de Pituaçu. Além disso, também há poucas
edificações voltadas para a via, reduzindo a mobilidade das pessoas para este
espaço.
A via possui 14 pontos de ônibus distribuídos nos seus 5,3 Km de extensão. Todas as
linhas de operação de ônibus existentes são exclusivamente municipais, realizando
apenas um itinerário, entre a Via Pituaçu e Jardim Cajazeiras (CITTATI, 2018). Esta
limitação de oferta de veículos de transporte de massa deixa os usuários da região
com poucas opções de deslocamento.

FIGURA 29 – Sistema viário e mobilidade urbana da Avenida Gal Costa, em


2018.

FONTE: Elaboração do autor.

182
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

4.8 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS AVENIDAS SÃO RAFAEL


E GAL COSTA
A importância do estudo comparativo entre as Avenidas São Rafael e Gal Costa trata
de demonstrar a situação atual de cada uma das vias, com o intuito de delimitar as
suas características principais. Em seguida, são elencados os possíveis impactos
urbanos traduzidos pela implantação do Hospital São Rafael nestas localidades.
Com relação aos antecedentes históricos, a Avenida São Rafael possui maior tempo
de vida útil. A via recebeu os elementos da infraestrutura urbana, como a
pavimentação asfáltica, a partir da execução da via expressa Avenida Luís Viana, na
década de 1970 (BAHIA, 2018a). O sistema viário foi implantado em local de
topografia elevada, na cumeada, sendo que a menor cota de implantação é de 38
metros em sua origem, nas proximidades do viaduto de Pituaçu. A cota de implantação
de 77 metros ocorre no entroncamento viário de São Marcos, no trecho final da via. A
extensão total deste perímetro da via é de 3,3 Km. Os bairros de São Marcos e São
Rafael desenvolvem-se ao longo do seu trajeto e são formados por grande quantidade
de conjuntos habitacionais residenciais, datados por períodos distintos. Na década de
1970 surgem as primeiras construções subnormais da região, na década de 1980 são
construídos os conjuntos habitacionais de até 6 pavimentos, na década de 1990 as
habitações ocupam novas áreas e na década de 2000 a parcela de áreas edificadas
é superior à de áreas livres.
A Avenida Gal Costa possui o seu traçado a partir da década de 1980. Diferentemente
da via anterior, recebeu a classificação de via arterial após as novas diretrizes do
Plano Diretor de Salvador de 2016. Neste sentido, o seu uso deixa de ser local para
realizar a conexão interurbana do município, conectando as vias BR 324 e a Avenida
Paralela. As obras de infraestrutura mais recentes deste sistema viário realizaram
cortes da topografia de locais mais acidentados para a duplicação da via, a
desapropriação de imóveis de população com perfil de baixo poder aquisitivo, o aterro
de áreas inundadas pelas nascentes dos Rios Pituaçu e Cachoeirinha, a
macrodrenagem das águas fluviais, a supressão de vegetação natural existente, novo
sistema de calçamentos e iluminação pública, todos no trecho do Terminal de Ônibus
de Pituaçu ao bairro Sussuarana.
Os bairros que têm limites com esta via são Sussuarana, Nova Sussuarana, Mata
Escura, Pau da Lima, Jardim Cajazeiras e Granjas Rurais Presidente Vargas. A
extensão total do seu trajeto possui 5,3 Km e inicia-se na cota de implantação de 23
metros, a partir da Avenida São Rafael, e encerra-se na cota de implantação de 81
metros, na Rua do Porto Rico em Pirajá.
Na Avenida São Rafael há a concentração dos usos residencial e misto, existindo 12
equipamentos urbanos atratores de público. Entre eles estão duas unidades de saúde,
que são o GACC e o Hospital São Rafael. O gabarito das edificações desta localidade
atinge até 15 pavimentos, sendo que a predominância maior é de conjuntos
habitacionais até 6 pavimentos e habitações subnormais de até 2 pavimento. A via
está enquadrada como arterial e funciona como conexão das vias locais até a via

183
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

expressa, a Avenida Luís Viana. Foram detectadas 12 paradas de ônibus que realizam
a acessibilidade do público nos bairros referidos.
Já a Avenida Gal Costa possui características distintas, pois tem o uso das edificações
em suas proximidades predominantemente residencial. Possui 4 equipamentos
urbanos de grande capacidade de público, sendo o conjunto das edificações do
Centro Administrativo de elevada importância. Além disso, as edificações ao longo da
via atingem o gabarito de até 4 pavimentos. A Avenida Gal Costa também está
classificada como via arterial e foram detectados 4 pontos de ônibus no trecho em
estudo.
Foi percebido que a Avenida São Rafael possui um caráter de maior dinamicidade
urbana com relação a Avenida Gal Costa, pois agrega uma quantidade maior de
atividades de comércio e serviços. Ela também tem o potencial de maior atratividade
de pessoas, devido ao conjunto de equipamentos urbanos em suas proximidades, de
caráter público e privado. Além disso, esta via permite maior acessibilidade do público
da região e de outras partes da cidade, já que há uma quantidade relativamente maior
de pontos de ônibus ao longo do seu percurso.
A Avenida Gal Costa é uma via que permite menor locomoção e acessibilidade urbana
para os seus usuários. Além de estar situada numa região de topografia em região de
vale, ou seja, entre morros, ela possui baixa. Este fator ocorre devido à presença de
áreas verdes e ao curso d`água natural dos rios existentes, que funcionam como
obstáculos à via transitável de veículos e de pedestres. Este dado constata-se a partir
da existência da menor quantidade de equipamentos urbanos ao longo do seu
percurso, bem como um menor número de pontos de ônibus e a dificuldade de acesso
dos moradores à própria via.
Constata-se, portanto, que o HSR é um empreendimento importante para o
impulsionamento do desenvolvimento local, no sentido de que contribuiu desde o
primeiro momento, para a evolução dos setores censitários no entorno imediato da
Avenida São Rafael. O EAS possibilitou que a infraestrutura urbana22 avançasse até
a região, muito embora houvesse impactos ambientais significativos com a expansão
da malha urbana dos bairros São Rafael e São Marcos, como as grandes
movimentações na topografia devido as construções de usos diversificados. Outro
impacto considerável ocorre no sistema viário, pois é uma via de grande tráfego de
veículos ao longo do dia. Além disso, tem grande impacto econômico, devido a sua
capacidade de atração de novos investimentos, como os equipamentos de grande
porte.

22
Infraestrutura urbana: “O espaço urbano não se constitui apenas pela tradicional combinação de
áreas edificadas e áreas livres, intimamente relacionadas entre si ou fragmentadas e desarticuladas
entre si ou fragmentadas e desarticuladas, conforme o caso. Do espaço urbano também fazem parte
as redes de infraestrutura que possibilita seu uso e de acordo com sua concepção, se transforma em
elemento de associação entre a forma, a função e a estrutura.” (MASCARÓ, 2013, p. 13)

Secundo Mascaró (2013), classificam-se como sistemas de redes de infraestrutura urbana, segundo
sua função, os sistemas viário, sanitário, energético e de comunicações.

184
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Em contraposição a este cenário, o desenvolvimento das localidades ao longo da via


Gal Costa ocorreu com maior intensidade a partir da década de 2010. Os impactos da
nova infraestrutura ocorrem em suas múltiplas dimensões, como ambiental, social e
na economia. Os habitantes dessa região enfrentam graves problemas sociais, como
desemprego, educação e saúde; a fauna e a flora local foram fortemente marcadas
pelo sistema viário e há o crescente avanço de novas edificações habitacionais de
grande porte, bem como a modificações de usos das construções existentes.
A Tabela 21 apresenta o estudo comparativo entre as Avenidas São Rafael e Gal
Costa. Através dos dados é possível perceber que a Avenida São Rafael possui maior
tempo de formação e, consequentemente, maior destaque quanto as análises de
equipamentos urbanos, unidades de saúde, gabarito das edificações, sistema viário e
estado de conservação da via.

TABELA 21 – Estudo comparativo entre as Avenidas São Rafael e Gal Costa.


ITEM QUANTIDADE AVENIDA SÃO AVENIDA GAL
RAFAEL COSTA
1 EXTENSÃO TERRITORIAL 3,3 Km 5,3 Km
2 COTA IMPLANTAÇÃO 38 m - 77 m 23 m - 81 m
3 NÚMERO DE BAIRROS 2 6
4 CONCENTRAÇÃO DE USOS Residencial e Residencial
misto (comércio e
serviços)
5 EQUIPAMENTOS URBANOS 12 4
6 UNIDADES DE SAÚDE 2 -
6 GABARITO Até 15 pavimentos Até 4 pavimentos
7 SISTEMA VIÁRIO/ PONTOS 12 4
ÔNIBUS
8 CATEGORIA DA VIA Arterial Arterial
9 ESTADO DE CONSERVAÇÃO Bom Regular

FONTE: Elaboração do autor (2018).

A Figura 30 ilustra a implantação das Avenidas São Rafael e Gal Costa na morfologia
de Salvador. As duas avenidas possuem a mesma hierarquia de via arterial, portanto,
possuem a mesmo grau de importância quanto à classificação do sistema viário. 23

23
Via Arterial: Art. 203. A infraestrutura viária do Município orienta-se pela definição de uma rede
hierarquizada de vias, abrangendo todo o território municipal, compatibilizada com o Código de Trânsito
Brasileiro (CTB) e adequada às características físicas e funcionais das vias existentes, ou planejadas,
compreendendo duas categorias:

I - Rede Viária Estrutural (RVE), composta por:


a) Via Expressa (VE) ou Via de Trânsito Rápido (VTR);
b) Via Arterial I (VA-I);
c) Via Arterial II (VA-II);
d) Pista Marginal (PM);

185
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Elas fazem parte da Rede Viária Estrutural (RVE), no entanto as suas características
são bastante distintas, conforme apontado anteriormente.
A Figura 31 indica que as seções transversais típicas do sistema viário ao longo das
Avenidas São Rafael (Seções 1.1, 1.2 e 1.3) e Gal Costa (Seções 2.1, 2.2 e 2.3)
sofrem variações. A comparação entre elas permite uma melhor visualização sobre o
grau de importância das vias e comunicação entre as demais regiões da cidade.
Na primeira situação, considerando o percurso da Avenida São Rafael, percebe-se
que a via possui variações de 13 metros a 26 metros, incluindo as pistas de rolamento
com as faixas dos dois sentidos, canteiros e passeios. No ponto em frente ao Centro
Educacional São Rafael (Seção 1.3), nas proximidades do posto de combustível
Menor Preço, a caixa de rua é de 8,71 m, com apenas 02 faixas de rolamento. No
trevo viário de acesso ao Conjunto Recanto das Ilhas (Seção 1.2), a via é duplicada
com dimensão de 10,29 metros e 06 faixas de rolamento. Enquanto no ponto em frente
ao estacionamento externo do HSR a dimensão da caixa de rua é de 8,71 m, com 02
vias e 04 faixas de rolamento. Ou seja, há uma redução da via na proximidade de um
equipamento de grande porte, que é o hospital, causando um ponto de conflito no
tráfego de veículos nesta região.
Na segunda situação, considerando o percurso da Avenida Gal Costa, visualiza-se
que a nível de hierarquia viária, a pista possui menor grau de importância com relação
à anterior. No ponto de proximidade com a Estação de integração de ônibus de
Pituaçu (Seção 2.1) possui 02 pistas com três faixas de rolamento, com caixas de rua
variando de 5m a 9 m. No ponto anterior ao trevo viário (seção 2.2), sentido bairro Pau
da Lima, a pista é única, com 02 faixas de rolagem e dimensão aproximada da caixa
de rua de 9 m. E no ponto posterior ao trevo viário (seção 2.3), em zona de grande
adensamento de habitação subnormal, a via adquire a caixa de rua de dimensão 8,71
m.
A interpretação dessa leitura infere que a Avenida Gal Costa tem um caráter maior de
via de conexão rápida entre os bairros São Rafael e Pau Miúdo, enquanto que a
Avenida São Rafael tem um potencial de maior capilaridade de público e irradiação
de vias locais para o interior do bairro. Esta constatação pode ser demonstrada pela
Avenida São Rafael possuir maior quantidade com as suas faixas de rolagem,
conexões rodoviárias e vias locais.

II - Rede Viária Complementar (RVC), composta por:


a) Via Coletora I (VC-I);
b) Via Coletora II (VC-II);
c) Via Local (VL);
d) Via de Pedestre e/ou de transporte não motorizado (VP).
(SALVADOR, 2016b, p. 103)

Via Arterial I (VA-I), com a função principal de interligar as diversas regiões do Município, promovendo
ligações intraurbanas de média distância, articulando-se com as vias expressas e arteriais e com outras
de categoria inferior, contando com faixas de tráfego segregadas para o transporte coletivo, que terão
prioridade sobre qualquer outro uso projetado ou existente na área destinada à sua implantação;
(SALVADOR, 2016b, p. 104)

186
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 30 – Implantação das Avenidas São Rafael e Gal Costa.

FONTE: Acervo do autor.

187
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FIGURA 31 – Seções transversais típicas em trechos viários nas Avenidas São


Rafael e Gal Costa.

Seção 1.1 – Avenida São Rafael/ em frente ao estacionamento externo do HSR.

Seção 1.2 - Avenida São Rafael/ no trevo viário de acesso ao Conjunto Recando
das Ilhas, na Avenida Oceano Pacífico.

Seção 1.3 - Avenida São Rafael/ em frente ao Centro Educacional São Rafael.

188
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Seção 2.1 - Avenida Gal Costa/ área de vegetação de grande porte nas
proximidades com a Estação de integração de ônibus de Pituaçu.

Seção 2.2 - Avenida Gal Costa/ área de habitação subnormal, anterior ao trevo
viário, sentido bairro Pau da Lima.

189
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Seção 2.3 – Avenida Gal Costa/ área de habitação subnormal, após trevo viário,
sentido bairro Pau da Lima.

FONTE: Acervo do autor.

190
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

5
CONCLUSÃO

HOSPITAL DO SUBÚRBIO - HS
FONTE: Elaborado por Rafael Câmara – Arquiteto e urbanista UNIFACS/ Mestrando pela Escola
de Belas Artes UFBA. Acervo do autor.

191
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Os resultados da pesquisa realizada sobre o impacto urbano de edificações


complexas em Salvador refletem em questões sobre a realidade das Regiões
Metropolitanas brasileiras. Os dados levantados conduzem a análises críticas sobre o
fenômeno urbano da inserção de equipamentos de grande porte na malha das
cidades, sobretudo os edifícios hospitalares.
Os estudos das contínuas transformações no entorno imediato da Avenida São Rafael
permitiram evidenciar algumas características nas quais o Hospital São Rafael tem
sua parcela de contribuição. O fato é que este complexo de saúde acompanha o
desenvolvimento da região ao longo dos anos, e, em paralelo, impulsiona a localidade
do seu entorno imediato, através da dinamização dos seus usos e a configuração de
uma nova centralidade urbana em Salvador.
Percebe-se através dos critérios de seleção da unidade hospitalar, que o HSR atende
aos requisitos utilizados para a análise da sua inserção urbana e demonstra o seu
caráter de complexidade. Ele está enquadrado na categoria de grandes edificações,
de acordo com o mapeamento de tipologias da CONDER (BAHIA, 2009). A finalidade
do uso urbano em serviços de saúde e a morfologia de prédio, isolado do contexto da
paisagem urbana local, o diferencia dos demais.
De acordo com os demais aspectos para a sua escolha, pode-se associá-lo ao que
diz respeito à presença de serviços de alta complexidade (GOES, 2004). O hospital
atende ao nível terciário, de caráter geral e especializado. O empreendimento
apresenta características assistenciais que refletem numa estrutura física de grande
porte, diferenciado dos demais equipamentos especializados da cidade. São
requisitos fundamentais para associá-lo ao seu nível de elevada complexidade a
existência de 12 salas de cirurgia, 2.000 pacientes atendidos diariamente, 46
especialidades médicas, 2 prédios, 2 salas para procedimentos hemodinâmicos,
3.000 colaboradores, 88 consultórios médicos, 415 leitos de internação, 22 leitos de
observação, 5 leitos pediátricos na unidade de emergência, e 68 leitos de terapia
intensiva e semi-intensiva (HOSPITAL SÃO RAFAEL, 2018).
A oferta do número de leitos caracteriza o HSR como hospital de Porte Especial –
Tipo IV (BRASIL, 2002), pois está acima de 300 unidades. Atualmente o complexo de
saúde possui 415 leitos (BRASIL, 2017c), com a sua distribuição entre leitos
pediátricos, hospital dia, especialidade clínica, especialidade cirúrgica e
complementares. A parcela do SUS considerada atinge cerca de 18% do montante
total de leitos (Tabela 13). Diante do cenário municipal, representado em 2017, o EAS
possui 4% dos leitos da capital baiana e 7% da categoria dos hospitais gerais
municipais.
O empreendimento urbano avaliado encaixa-se no perfil de Polo Gerador de Tráfego
(SALVADOR, 2016b), na medida em que trata de um serviço de saúde com mais de
40 vagas de veículos e está acima de 2.500 m2 de área construída. Segundo as
características do HSR, o equipamento funciona todos os dias da semana, em regime
de 24h; possui aproximadamente 800 vagas para veículos, considerando as áreas
internas, externas e de carga e descarga; e tem área construída de 40.000,00 m2.
Quanto a localização do empreendimento na cidade em seu raio de interferência de
500 m, detecta-se a presença de adensamento populacional e de equipamentos
urbanos e comunitários.

192
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Os cartogramas de indicadores demográficos no bairro São Rafael, em Salvador, de


acordo com a sinopse do censo 2010 (BRASIL, 2017), apontam para uma densidade
relativamente baixa com relação aos demais setores censitários do distrito de Pirajá,
com cerca de 12.862,28 Habitantes/Km2. A média de moradores também apresenta
valores inferiores, até 2,66 Habitantes/Km2. A quantidade de domicílios desse setor
censitário é superior aos demais existentes em sua proximidade, na faixa de 385 até
850 unidades e a quantidade de pessoas residentes também está acima dos demais
setores censitários, na faixa de 1.038 a 2.825 moradores. Os dados inferem que
devido a região possuir grandes áreas de preservação ambiental, a sua densidade
atual é relativamente baixa.
De modo geral, com relação ao meio ambiente, têm surgido grandes problemas ao
longo da Avenida São Rafael. Devido à expansão dos novos edifícios e da abertura
de novas vias, cada vez mais há maiores movimentações no solo urbano, criando uma
nova configuração dos terrenos, sobretudo, através de taludes de cortes e de aterros
de grandes inclinações. Exemplos de prédios verticais ocorrem na Travessa do
Mandu, transversal à avenida principal; e o caso de conjunto habitacional popular
ocorre no fundo do terreno do HSR, na Rua Artêmio Castro Valente (Figura 18). A
vegetação natural existente nas duas situações citadas anteriormente está sendo
suprimida, em decorrência do fenômeno da urbanização acelerada. Por sua vez, as
áreas de permeabilidade do solo e as zonas de drenagem natural da localidade estão
sendo reduzidas.
O HSR participa da dinamização dos fatores socioeconômicos do bairro São Rafael,
mencionada acima, na medida em que ele também é um agente de transformações
do espaço urbano em Salvador. Os impactos, positivos e negativos, ocorridos na
região, em decorrência da sua pré-existência, favorecem as alterações dos seus
parâmetros urbanísticos. A partir da década de 1970, este estabelecimento tem
ampliado seu parque de infraestrutura e tecnologias, com a criação de novos blocos.
Esse crescimento tem atingido o nível máximo de potencial construtivo do complexo
diante do lote, o aumento da sua área de ocupação e, por conseguinte, a redução das
áreas permeáveis no terreno. A consequência direta é a limitação de novas
construções neste local e a necessidade do grupo Monte Tabor em adquirir novos
terrenos, para a realização de futuras construções.
Outro impacto positivo e de relevância para a dimensão do município, refere-se a rede
de fluxos de serviços em que este Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS)
promove. A modernização constante do HSR favorece o crescimento dos serviços,
inclusive, com a criação de filiais em outras partes da cidade, como em Brotas, na
Avenida Garibaldi e em Vilas do Atlântico, que faz parte da RMS. De acordo com o
mapa de localização das unidades do Grupo Monte Tabor, na RMS, em 2018, essa
dinâmica potencializa novos fluxos migratórios de pacientes e profissionais, com
relação aos bairros diversos da cidade. O Hospital além de atuar na escala local, com
o serviço de saúde de alta complexidade, também avança capilarizando a atenção à
saúde com serviços de baixa e média complexidade, na escala da cidade. Devido aos
seus núcleos de saúde diferenciados, como a pesquisa e o setor de transplante de
células tronco a partir da medula óssea, ele ainda promove a movimentação de
pessoas a nível interestadual, atuando, portanto na macro escala territorial.
É possível mencionar também, mais um impacto negativo importante detectado, como
a poluição ambiental. O HSR produz grande volume de Resíduos de Serviços de

193
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Saúde (R.S.S.) e efluentes, que precisam ser tratados anterior a sua fase de
lançamento no corpo hídrico natural, que é o rio Passa Vaca. De acordo com a
unidade de saúde, os efluentes gerados atingem o valor médio de 10.164 M3/mês,
em 2018. A eliminação desses resíduos líquidos amplia a necessidade das medições
e dos monitoramentos periódicos pelos órgãos ambientais competentes, no nível de
qualidade das águas desta fonte contaminadora. Por conseguinte, os efeitos
prejudiciais dessa situação, a longo prazo, podem contribuir para aumentar a poluição
do Rio Passa Vaca em Salvador e contaminar as reservas de água potável no subsolo
da sua bacia hídrica (SANTOS, 2010). A ampliação do sistema de abastecimento das
águas desse EAS, através da perfuração dos poços artesianos particulares, também
pode refletir, de curto a longo prazo de tempo, na poluição das reservas naturais de
água existentes no subsolo.
A demanda crescente de insumos para o funcionamento desse complexo hospitalar,
como energia, gases e água, necessita de uma avaliação do desempenho dos
sistemas de instalações e máquinas, para se atingir a redução dos investimentos do
empreendimento. De acordo com os dados do relatório apresentado pelo Hospital São
Rafael (2018), o consumo de energia limpa, através de placas solares foi de 13.500
Kw/ano, o consumo por geradores em ponta foi de 1.360.800 Kw/h, a produção de
resíduos gerados foi de 810.529 Kg/mês (100%) e o volume de resíduos reciclados
foi de 76.799 Kg/mês (9,48%). A ideia principal do hospital é que a utilização de
soluções sustentáveis possa viabilizar práticas mais benéficas para a edificação.
Apesar disso, novas alternativas, como o sistema de cogeração de energia, aonde o
excedente de produção pode ser encaminhado para a rede geral de distribuição, pode
ser uma hipótese viável para suprir, em partes, a energia da do bairro.
As principais alterações no bairro São Rafael podem ser descritas pelos impactos da
alteração da paisagem, alterações dos usos na região, modificações na base
econômica local, aumento da receita municipal, redução do índice de vulnerabilidade
social, aumento populacional, desenvolvimento do comércio, melhoria nos serviços
de saúde e educação, controle da poluição em diversos meios naturais, segregação
social, sobrecarga na infraestrutura urbana, carência de áreas de lazer e convivência.
O estudo comparativo entre as Avenidas São Rafael e Gal Costa marcantes
diferenças. Com relação as análises urbanas apresentadas sobre a Avenida São
Rafael, esta via municipal apresenta características distintas de algumas vias
próximas. É perceptível a ampliação da quantidade de construções na região, o
crescimento do seu parque de infraestrutura, com novos equipamentos de usos
comerciais e de serviços, bem como a modificação do sistema de transportes no seu
entorno imediato. Estes fatores favorecem, por sua vez, o adensamento populacional
do bairro, modificando a qualidade de vida dos moradores locais.
A Avenida Gal Costa adquire maior importância para a dimensão da cidade, a partir
do ano de 2016, com a vigência do novo Plano Diretor de Salvador. Antes funcionava
apenas como via de ligação para o bairro de Pirajá, com classificação hierárquica de
via local. Atualmente, faz parte de um novo sistema viário de integração, por
multimodais, como ônibus, metrô e veículos, entre as duas vias expressas da cidade,
a Avenida Luís Viana Filho e a BR 324. Nesse sentido, as edificações vizinhas, ao
longo da Avenida Gal Costa, estão passando por modificações dos usos residencial
para comércio e serviços. Além disso, há a incorporação de novos condomínios
residenciais verticais. É importante mencionar que essa via possui poucos

194
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

equipamentos urbanos de grande porte com acesso direto a mesma, como o Batalhão
da Polícia Militar e a Penitenciária Lemos de Brito. Ambos são complexos urbanos de
característica não permeáveis para a cidade. Além disso, as construções na Avenida
Gal Costa não têm acessibilidade facilitada e os indicadores sociais e demográficos
das proximidades apontam elevados índices de fragilidade urbana.
Em contraposição ao cenário da via anterior, é importante destacar que os usos ao
longo da Avenida São Rafael demonstram uma região com grande dinâmica urbana,
caracterizada pela diversidade de edificações, de usos de serviço, comércio,
habitação, institucional, misto e saúde. Os gabaritos dos prédios existentes nessa
mesma área variam de um a dez pavimentos, sendo que as construções anteriores a
década de 2000 possuíam até cinco pavimentos. Esta relação das alturas das
edificações tem repercussão direta com o cone de aproximação dos aviões para o
aeroporto, aonde não permite prédios maiores que quinze pavimentos nesta área. No
entanto, é possível visualizar que há um nítido avanço de novos empreendimentos,
de forma acelerada. Este fenômeno demonstra a configuração de uma nova
morfologia urbana, através de prédios verticais e horizontais, que vem modificando a
paisagem local.
Com relação as discussões gerais sobre os hospitais, esses equipamentos complexos
acarretam, de modo geral, problemas e potencialidades no território das metrópoles.
De acordo com a análise do contexto das cidades contemporâneas, pode-se explicitar,
a respeito da implantação dos grandes complexos hospitalares, sobretudo em
Salvador, que é necessário uma avaliação abrangente sobre vários aspectos. Os
principais requisitos referem-se as normativas legais, as leis sanitárias, a análise do
contexto da sua territorialidade, o perfil do público da região e outras questões não
menos importantes.
São tópicos importantes a respeito da inserção dos Estabelecimentos Assistenciais
de Saúde, em específico o caso dos hospitais nos grandes centros urbanos, as
questões associadas com a legislação vigente, as suas tipologias, o seu porte, a sua
complexidade, a sua classificação, o trânsito e locomoção, as suas metodologias de
planejamento, os níveis de atendimento, a sua implantação e a sua hierarquia.
Segundo o Estatuto das Cidades (BRASIL, 1979), estabelecido pela Constituição
Federal de 1988, os hospitais são equipamentos complexos, cuja viabilidade da
implantação do seu projeto arquitetônico nos territórios das cidades necessita da
consulta de normativas federais, como o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). As
análises do empreendimento devem ter atenção com relação aos parâmetros de
adensamento populacional, equipamentos urbanos e comunitários, uso e ocupação
do solo, valorização imobiliária, geração de tráfego e demanda por transporte público,
ventilação e iluminação, paisagem urbana e patrimônio natural e cultural;
Os hospitais podem ser considerados como Grandes Projetos Urbanos (GPU), que
são elementos transformadores do espaço das cidades e que produzem impactos de
forma direta ou indireta. Por sua vez, os GPU podem modificar a morfologia urbana,
com relação ao seu tecido e a paisagem, bem como afetar a economia local,
alterando, por conseguinte, os indicadores do Índice do Desenvolvimento Humano
(IDH) da população sob sua influência;
Complexos de saúde possuem características particulares com relação às demais
tipologias de edificações. Predomina a diversidade entre os tipos de usuários e a

195
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

multifuncionalidade entre os seus usos e os setores físicos, ou unidades funcionais.


São prédios desenvolvidos por equipes de múltiplos conhecimentos e extremamente
especializadas, pois os seus projetos necessitam de inúmeras variáveis para a sua
resolução.
Hospitais de grande porte têm a capacidade de gerar dinamicidade urbana, tendo em
vista a forma de acessibilidade das pessoas em seus espaços. Estes equipamentos
podem ser considerados como abertos para a cidade, por possuir um maior grau de
acessibilidade dos seus usuários, na medida em que são de caráter público. Os
hospitais privados têm a característica de serem equipamentos fechados, muito
embora tenham as características de multifunção e promovam certos tipos de trocas
entre a diversidade de público.
A complexidade das unidades de saúde deve-se em razão da sua natureza. Esses
prédios produzem grandes impactos, sobretudo para o meio ambiente, em função da
produção de resíduos e do consumo de insumos de forma geral, como energia, água
e alimentos.
Com relação a normativa municipal, a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Salvador
(LOUOS), os hospitais são classificados como empreendimentos não residenciais,
causadores de impactos urbanos e ambientais. Para este tipo de categorização, os
projetos devem ser submetidos as análises de diversas entidades regulamentadoras,
tendo em vista que são Polos Geradores de Tráfego (PGT), Empreendimentos
Geradores de Impacto de Vizinhança (EGIV) e Empreendimentos Geradores de
Impacto Ambiental (EGIA). A intenção principal preconizada pela legislação é que as
unidades de saúde solucionem problemas, porventura causados na sua vizinhança,
para a mitigação dos seus impactos negativos.
Hospitais de grande porte necessitam apresentar o Relatório de Impacto no Trânsito
(RIT), demonstrando os possíveis impactos negativos no sistema viário. A
infraestrutura do empreendimento deve estar compatível com o número de vagas do
seu estacionamento, adequada a sua quantidade de público almejada. Os prédios
acima da área construída de 2.500 metros quadrados necessitam atender as
exigências do RIT.
Os projetos de hospitais precisam ser concebidos aliados às técnicas e metodologias
atuais, que favoreçam ao adequado planejamento das cidades, com o intuito de
minimizar os seus riscos ambientais urbanos. A utilização de ferramentas digitais
como Geographic Information System (GIS) e o City Information Modeling (CIM)
podem favorecer as análises prediais e urbanas. São exemplos de possíveis estudos
de comparações cartoriais, o agenciamento dos fluxos de usuários (por veículos ou
pedestres), as saídas de emergência, o crescimento das edificações, a ventilação e a
iluminação, a automação predial, o gerenciamento de equipamentos biomédicos e
outras questões. As soluções de simulações e criações de cenários são alternativas
potenciais para estes tipos de estudos.
A implantação de novos hospitais deve considerar a legislação sanitária nacional. O
estudo do porte das edificações de saúde, como pequenas, médias, grandes ou de
porte especial, permite organizar as categorias dos hospitais de acordo com a
quantidade dos leitos e a complexidade dos seus serviços, como de baixo, médio ou
alto risco.

196
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Outra questão importante na definição das unidades de saúde deve levar em


consideração os níveis de atendimento dos hospitais. A caracterização dos serviços
primário, secundário e terciário associam os EAS com relação a quantidade de
população a ser atendida, no raio de abrangência do território selecionado e os tipos
de atividades a serem desempenhadas por cada equipamento. Hospitais enquadram-
se no nível de atendimento terciário e podem ser classificados nos tipos regional, de
base ou referência, e especializados.
Uma terceira interpretação para a implantação dos hospitais deve ser balizada no
conceito das redes, aonde cada unidade de saúde deve ser relacionada com as
demais, em função dos seus níveis de complexidade, de baixo, médio ou alta nível.
Neste sentido, é necessário avaliar as demandas de fluxos das pessoas, a oferta de
serviços e o deslocamento para a obtenção dos seus serviços.
O planejamento do sistema de saúde pressupõe uma hierarquização dos hospitais na
morfologia das cidades. Os prédios hospitalares podem ser interpretados com relação
as suas diferentes relações de escalas, como na dimensão setorial ou local, na
dimensão urbana e na dimensão territorial. A análise de cada uma das suas
dimensões irá refletir diretamente nos tipos de impactos, positivos ou negativos, do
empreendimento.
Tendo em vista os principais conceitos norteadores sobre a inserção dos hospitais
nas cidades, são críticas importantes a respeito da saúde pública em Salvador,
fundamentadas a partir do panorama dos serviços de alta complexidade, as questões
de demandas de leitos, os indicadores urbanísticos, os investimentos em serviços de
saúde e a distribuição espacial dos equipamentos.
A demanda dos leitos hospitalares na Bahia, na Região Metropolitana (RMS) e em
Salvador é elevada, conforme os padrões nacionais e internacionais. Mesmo
havendo, recentemente, políticas públicas importantes e investimentos na
infraestrutura hospitalar, boa parte da população precisa do acesso aos serviços de
saúde. Conforme apresentam os indicadores de saúde na capital baiana, ainda são
elevados os parâmetros de mortalidade e morbidade, principalmente associado aos
fatores de causas externas. Por sua vez, os dados das internações hospitalares
sofrem uma tendência de decréscimo nos últimos anos avaliados.
No contexto nacional, Salvador apresenta um baixo índice de crescimento
populacional, medido até 2017. Aliado a esse fenômeno a sua população possui
redução na taxa de empregabilidade. Esses são indicadores que alertam sobre o
fenômeno da violência urbana da cidade, com reflexos diretos na qualidade de vida,
constatado pelo baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) local. A problemática
nos segmentos da educação e da saúde advém deste panorama atual.
A predominância de leitos na capital baiana é de hospitais públicos, (63%), com 5.997
unidades integrados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A parcela restante, de 37%
do total dos leitos, está direcionada para o sistema suplementar de saúde. Isto quer
dizer que o volume de pacientes dependentes do SUS é considerável e que os
governos municipal, estadual e federal devem regular sobre o tema saúde da
população. Os futuros investimentos devem ser feitos na melhoria da infraestrutura
existente, na ampliação do número de leitos e do parque de equipamentos
biomédicos, para ofertar mais serviços de saúde.

197
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

Enquanto classificação tipológica para prédios de Salvador, os hospitais enquadram-


se na categoria de edificações e complexos urbanos. Os prédios hospitalares do
município estão localizados, em sua maior parte, em áreas consolidadas, como nas
regiões do centro da cidade, em Nazaré, Iguatemi, Itaigara, Centenário e outras
zonas. Esta característica potencializa a grande concentração espacial dos
equipamentos de saúde na capital. Esta constatação se reflete num vazio assistencial
dos serviços de grande complexidade nas localidades do Subúrbio Ferroviário, no
“Miolo” da cidade e em bairros mais afastados do centro, como Itapoã.
Os hospitais de grande porte devem continuar motivando novas pesquisas sobre o
seu impacto nos centros urbanos e Regiões Metropolitanas. A questão relevante deve
estar associada com o papel destes equipamentos nas cidades atuais.
Neste sentido, há a necessidade de pesquisas sobre a contribuição dos hospitais na
transformação do ambiente urbano. A ideia principal é de elucidar, portanto, as reais
potencialidades e os problemas produzidas, especificamente, por esses
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
É evidente que equipamentos complexos provocam dinamismo nas cidades, quer seja
na economia, nos aspectos sociais ou na morfologia urbana. Os hospitais de grande
porte, sobretudo, possuem essa característica. Além de configurarem novas
centralidades urbanas, induzem novos vetores de expansão. A questão crucial será
em proporcionar soluções espaciais, para viabilizar a produção de cidades melhores
e cada vez mais sustentáveis.
Neste cenário de urbanização acelerada e do fenômeno da metropolização, surgem
novas configurações de perfis epidemiológicos da sociedade. Para isso, os
investimentos de infraestrutura em saúde pública devem ser aplicados de forma
adequada, com a alocação dos recursos no sentido da criação de cidades bem
planejadas e com maior qualidade ambiental.
A conexão desses equipamentos de saúde com a cidade deve obedecer à hierarquia
dos seus serviços, funcionando como uma rede com outras unidades de saúde, tanto
no nível urbano-regional quanto entre a capital e os demais municípios do Estado.

198
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

6
REFERÊNCIAS

HOSPITAL TEREZA DE LISIEUX


FONTE: Elaborado por João Lúcio Boni – Arquiteto e urbanista/ UFBA

199
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9077: Saídas


de emergência em edifícios. Rio de Janeiro: ABNT, 2001. 36 p. Disponível em:
<http://www.cnmp.mp.br/portal/images/Comissoes/DireitosFundamentais/Acessibilid
ade/NBR_9077_Sa%C3%ADdas_de_emerg%C3%AAncia_em_edif%C3%ADcios-
2001.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018.
______. NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. 162 p. Disponível em:
<http://www.ufpb.br/cia/contents/manuais/abnt-nbr9050-edicao-2015.pdf>. Acesso
em: 16 jul. 2018.
______. NBR 14.664: Grupos geradores – Requisitos gerais para telecomunicações.
Rio de Janeiro: ABNT, 2001. 11 p. Disponível em:
<http://www3.ifrn.edu.br/~jeangaldino/dokuwiki/lib/exe/fetch.php?media=nbr_14664.p
df>. Acesso em: 30 set. 2018.
______. NBR 13.969: Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos – Projeto, construção e operação. Rio de
Janeiro: ABNT, 1997. 60 p. Disponível em:
<http://acquasana.com.br/legislacao/nbr_13969.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018.
AHSEB – ASSOCIAÇÃO DE HOSPITAIS E SERVICOS DE SAUDE DO ESTADO
DA BAHIA. Segundo OMS, ideal é ter de 3 a 5 leitos para cada mil habitantes:
No Brasil, índice médio é de 2,4. 2014. Disponível em:
<http://www.ahseb.com.br/segundo-oms-ideal-e-ter-de-3-a-5-leitos-para-cada-mil-
habitantes-no-brasil-indice-medio-e-de-24/>. Acesso em: 19 mar. 2018.
ANTUNES, Paulo de Bessa. Manual de Direito Ambiental. 19°. ed. São Paulo:
Atlas, 2017.
ATLAS BRASIL. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Brasil, 2013.
Disponível em: <http://atlasbrasil.org.br/2013/>. Acesso em: 02 nov. 2017.
BAHIA. Departamento de Infraestrutura de Transportes da Bahia: Derba. Secretaria
de Infraestutura (Ed.). Pesquisa de mobilidade: Região Metropolitana de Salvador -
2012: Síntese dos resultados das pesquisas domiciliares. Salvador: Governo do
Estado da Bahia, 2012a. 76 p. Disponível em:
<http://planmob.salvador.ba.gov.br/images/consulte/legislacao/pesquisa-o.d.-da-rm-
de-salvador-2012-sintese-dos-resultados.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2018.
______. Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Revista Baiana de Saúde
Publica. v. 36, supl. 1, dez. 2012b. Trimestral. P. 1-166, Issn 0100-0233. Disponível
em: <http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2012/v36nSupl_1/a3491.pdf>. Acesso
em: 28 maio 2018.
______. Informs. Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Org.). Painel de
Informações: Dados Socioeconômicos do Município de Salvador por Bairros e
Prefeituras-Bairro. 5. ed. Salvador, 2016a. 189 p. Sistema de Informações
Geográficas Urbanas do Estado da Bahia. Disponível em:
<http://www.informs.conder.ba.gov.br/wp-
content/uploads/2016/10/1_INFORMS_Painel_de_Informacoes_2016.pdf>. Acesso
em: 01 jun. 2018.

200
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

______. Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Revista Baiana de Saúde


Publica. v. 40, supl. 3, dez. 2016b. Trimestral. P. 1-124, Issn 0100-0233. Disponível
em: <http://www.conass.org.br/pdf/planos-estaduais-de-saude/BA_Plano-Estadual-
de-Saude_Revista40-Sup3-2016-PES2016-2019.pdf>. Acesso em: 28 maio 2018.
______. Secretaria de Saúde do Estado da Bahia. Plano Plurianual Participativo
2016-2019. Salvador: SESAB, 2016b. Disponível em:
<http://www.portal.ba.gov.br/PublitaoPHP/Uploads/31082015151213000000_PPA_2
016-2019_.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017.
______. Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. Revista Baiana de Saúde
Publica. v. 40, supl. 3, dez. 2016c. Trimestral, p. 1-123, Issn 0100-0233. Disponível
em: <http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2012/v36nSupl_1/a3491.pdf>. Acesso
em: 28 maio 2018.
______. Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. Geopolis.
Salvador: CONDER, 2017. Disponível em: <http://geopolis.ba.gov.br/>. Acesso em:
19 fev. 2017.
______. Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia. Biblioteca.
Salvador: CONDER, 2018a. Disponível em: <http://www.conder.ba.gov.br/.> Acesso
em: 06 mai. 2018.
______. Superintendência dos Desportos. Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda
e Esporte (Ed.). Estádio Roberto Santos: Pituaçu. Salvador: Governo do Estado da
Bahia, 2018b. Disponível em: <
http://www.sudesb.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=18>.
Acesso em: 18 jul. 2018.
BATISTA, Lucianne Fialho. Unidades de Atendimento de Urgência e Emergência
em Salvador: estudos de localização. 2009. 106 f. Dissertação (Mestrado) - Curso
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2009.
Disponível em: <https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/11751/1/unidades de
atendimento de urgência e emergência em Salvador.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2018.
BEIRÃO, José Nuno; MENDES, Leticia Teixeira; CELANI, Gabriela. O uso do CIM
(City Information Modeling) para geração de implantação em conjuntos de habitação
de interesse social: uma experiência de ensino. Gestão & Tecnologia de
Projetos, [s.l.], v. 10, n. 2, p.101-345, 6 nov. 2015. Universidade de São Paulo
Sistema Integrado de Bibliotecas - SIBiUSP. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.11606/gtp.v10i2.102564>. Acesso em: 7 fev. 2017.
BEKTAS, Esra. Knowledge Sharing Strategies for Large Complex Building
Projects. Architecture And Built Environment, Delf, v. 1, n. 4, p.5-332, jun. 2013.
Delft University of Technology, Faculty of Architecture and The Built Environment,
Real Estate and Housing Departmenti. Disponível em:
<https://journals.open.tudelft.nl/index.php/abe/article/view/bektas/740>. Acesso em:
7 fev. 2016.
BITENCOURT, Fábio. A Sustentabilidade em ambientes de saúde: um componente
de utopia ou de sobrevivência? In: CARVALHO, Antônio Pedro Alves de (Org.).
Quem tem medo da Arquitetura Hospitalar? Salvador: Quarteto, FAUFBA, 2006.
p. 13-48. Disponível:

201
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

<file:///C:/Users/Master/Downloads/HOSPITAIS_SUSTENTAVEIS_Um_componente
_de.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2017.
BOER, John de; MUGGAH, Robert; PATEL, Ronak. Conceptualizing City Fragility
and Resilience. 5. ed. Japan: United Nations University Centre For Policy Research,
2016. 25 p. Disponível em:
<http://collections.unu.edu/eserv/UNU:5852/ConceptualizingCityFragilityandResilienc
e.pdf>. Acesso em: 28 maio 2018.
BRASIL. Lei nº 6766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento
do Solo Urbano e dá outras Providências. Brasília, BR, 20 dez. 1979. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6766.htm>. Acesso em: 15 jul. 2018.
______. Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e
diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. Conselho Nacional do
Meio Ambiente - Conama. Brasília, BR, 17 fev. 1986. Seção 1, p. 1-4. Disponível
em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.
pdf>. Acesso em: 17 jul. 2018.
______. Presidência da República. Emenda constitucional N°. 29, de 13 de
setembro de 2000. Altera os arts. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição
Federal e acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e serviços
públicos de saúde. Brasília: Presidência da República, 2000. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc29.htm>.
Acesso em: 17 jun. 2017.
______. Congresso Nacional. Lei 10.257: Estatuto da Cidade, de 10 de julho de
2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes
gerais da política urbana e dá outras providências. Brasília: Congresso Nacional,
2001. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso em: 18
nov. 2017.
______. Departamento Nacional de Trânsito. Manual de procedimentos para o
tratamento de pólos geradores de tráfego. Brasília: DENATRAN/FGV, 2001.
Disponível em:
<http://braganca.sp.gov.br/uploads/files/2017/PolosGeradores_DENATRAN_EIV_RI
V_2C.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2018.
______. Portaria nº 2.224, de 5 de dezembro de 2002. Sistema de Classificação
Hospitalar do Sistema Único de Saúde. Brasília, BR, Ministério da Saúde. 2002a.
Disponível em: <http://www.husm.ufsm.br/janela/legislacoes/sus/sus/portaria-no-
2224-de-5-de-dezembro-de-2002.pdf>. Acesso em: 29 maio 2018.
______. Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Conselho
Nacional do Meio Ambiente - Conama. Brasília, BR, 17 jul. 2002b. Seção 1, p. 1-4.
Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legislacao/CONAMA_RES_CONS_1986_001.
pdf>. Acesso em: 17 jul. 2018.

202
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

______. Resolução nº 54, de 28 de novembro de 2005. Estabelece modalidades,


diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável de água,
e dá outras providências. Brasília, BR: Ministério do Meio Ambiente, p. 1-3.
Conselho Nacional de Recursos Hídricos. Disponível em:
<http://www.ceivap.org.br/ligislacao/Resolucoes-CNRH/Resolucao-
CNRH%2054.pdf>. Acesso em: 16 jul. 2018.
______. Agência Nacional de Águas. Engecorps/ Cobrape (Ed.). Atlas Brasil:
abastecimento urbano de água: Resultados por estado. Brasília, 2010. 92 p.
Volume 2. Disponível em:
<http://arquivos.ana.gov.br/imprensa/publicacoes/atlas/Atlas_ANA_Vol_02_Regiao_
Norte.pdf>. Acesso em: 01 jun. 2018.
______. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ed.). Sinopse do
censo demográfico: 2010/ IBGE. Rio de Janeiro: Ibge, 2011. 265 p. ISBN:
9788524041877. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-
catalogo?view=detalhes&id=249230>. Acesso em: 31 maio 2018.
______. Ministério da Saúde. Portaria nº 3390, de 30 de dezembro de 2013. Institui
a Política Nacional de Atenção Hospitalar (PNHOSP) no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS), Estabelecendo-se as diretrizes para a Organização do
Componente Hospitalar da Rede de Atenção à Saúde (RAS). Brasília, BR,
Disponível em:
<http://www.saude.sp.gov.br/resources/humanizacao/biblioteca/leis/outras-
relevantes/portaria_-_politica_nacional_de_atencao_hospitalar_-
_ministerio_da_saude.pdf>. Acesso em: 28 maio 2018.
______. Ministério da Educação. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares -
EBSERH. Manual de Conceitos e Nomenclaturas de Leitos Hospitalares:
Manual SPA/CRACH/DAS n°.1/2016. 1. ed. – Brasília: BRASIL, 2016. Disponível
em: <http://ebserh.gov.br/documents/695105/1744025/Manual+Leitos+19_10_16+-
VF.pdf/a1cef2e4-a6ed-4881-96cd-a2a99ec15b5c>. Acesso em: 18 fev. 2018.
______. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades. Brasil,
2017a. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/ba/salvador/panorama>.
Acesso em: 17 jun. 2017.
______. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sinopse por setores.
Brasil, 2017b. Disponível em: <https://censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/>.
Acesso em: 24 jul. 2017.
______. Ministério da Saúde. Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017c. Disponível em:
<http://cnes.datasus.gov.br/>. Acesso em: 30 mar. 2017.
______. PNUD. Organização das Nações Unidas. Relatório do PNUD destaca
grupos sociais que não se beneficiam do desenvolvimento humano. 2017d.
Disponível em:
<http://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/presscenter/articles/2017/03/21/relat-
rio-do-pnud-destaca-grupos-sociais-que-n-o-se-beneficiam-do-desenvolvimento-
humano.html>. Acesso em: 19 jul. 2011.
______. EPE - Empresa de Pesquisa Energética. Ministério de Minas e Energia.
Matriz Energética Nacional 2018. Brasília: MME, 2018a. Disponível em:

203
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

<http://epe.gov.br/pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/balanco-energetico-
nacional-2018>. Acesso em: 1 dez. 2018.
______. Semira Adler Vainsencher. Fundação Joaquim
Nabuco. CHESF: Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, 2018b. Disponível
em:
<http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=a
rticle&id=524>. Acesso em: 18 jul. 2018.
CAMPOS, Ricardo Bruna Cunha. Sociedades Complexas: indivíduo, cultura e o
individualismo. Caos: Revista Eletrônica de Ciências Sociais, Paraíba, v. 1, n. 7, p.8-
22, jul. 2004. Disponível em: <http://www.cchla.ufpb.br/caos/ricardocampos.pdf>.
Acesso em: 14 nov. 2015.
CARVALHO, Antônio Pedro Alves de. Introdução à arquitetura hospitalar.
Salvador, BA: UFBA, FA, GEA-hosp, 2014.
CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de, et al. Metrópoles na atualidade brasileira:
transformações, tensões e desafios na Região Metropolitana de Salvador. Salvador:
EDUFBA, 2014.
CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de; PEREIRA, Gilberto Corso. Salvador, uma
metrópole em transformação. In: CARVALHO, Inaiá; PEREIRA Gilberto Corso (Org.).
Salvador: Transformações na ordem urbana. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2014.
Disponível em:
<http://www.observatoriodasmetropoles.net/images/abook_file/serie_ordemurbana_s
alvador.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2016.
CAVALCANTE, Teane da Silveira. Método paramétrico aplicado ao planejamento
urbano. In: ENANPARQ - Porto Alegre: IV ENANPARQ - Encontro da Associação
Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Anais... Porto
Alegre: 2016. Disponível em:
<https://enanparq2016.wordpress.com/principal/anais/>. Acesso em: 05 fev. 2017.
CCR METRÔ BAHIA (Bahia). Linha 2: Estação Pituaçu. Disponível em:
<http://www.ccrmetrobahia.com.br/linha-2/estacoes/estacao-
pituacu?stationid=10331>. Acesso em: 18 jul. 2018.
CELLI, Andressa. Evolução urbana de Sorocaba. Dissertação (Mestrado) –
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-27072012-141358/pt-
br.php>. Acesso em: 14 ago. 2017.
CITTATI (São Paulo) (Ed.). Cittamobi. 2018. Elaborado por Luiz Eduardo Porto.
Disponível em: <https://www.cittamobi.com.br/home/mapa/>. Acesso em: 6 jun.
2018.
CORÁ, Mariana Jundurian. Impactos do Pré-sal no uso e ocupação do solo de
Caraguatatuba, SP. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-04072013-164000/en.php>.
Acesso em: 14 ago. 2017.
CORRÊA, Luciana Reis Carpanez. Os Hospitais de Pequeno Porte do Sistema
Único de Saúde Brasileiro e a Segurança do Paciente. 2009. 126 f. Dissertação

204
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

(Mestrado) - Curso de Administração de Empresas, Escola de Administração de


Empresas de São Paulo, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2009. Disponível
em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/5037/61070100622.pdf
>. Acesso em: 29 maio 2018.
CORREIA, João Carlos. Impactos da indústria automobilística nas cidades do
estado de São Paulo e sua transformação em função do processo industrial.
Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, 2008. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-21012010-145148/pt-
br.php>. Acesso em: 14 ago. 2017.
CRUZ, Rafael da et. al. Geoprocessamento aplicado a planejamento urbano: um
olhar sobre as transformações na paisagem urbana ocorridas no bairro Jabotiana,
Aracaju/SE. In: Simpósio Regional de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto
- Geonordeste 2014. Anais... Aracaju, 2014. Disponível em:
<http://www.resgeo.com.br/geonordeste2014/anais/doc/pdfs/73.pdf>. Acesso em: 29
out. 2017.
DAVIES, Richard; HARTY, Chris. Implementing ‘Site BIM’: A case study of ICT
innovation on a large hospital Project. Elservier, 8 November 2012. Disponível em: <
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0926580512002191>. Acesso em:
07 fev. 2016.
DEGANI, Clarice Menezes; CARDOSO, Francisco Ferreira. A sustentabilidade ao
longo do ciclo de vida de edifícios: Importância da etapa de projeto arquitetônico.
2002. Universidade de São Paulo. Disponível em:
<http://www.pcc.usp.br/files/text/personal_files/francisco_cardoso/Nutau%202002%2
0Degani%20Cardoso.pdf>. Acesso em: 31 jul. 2018.
DINARDO, Anne. 8 Benefits Of BIM In Healthcare Design. Helthy Care Design,
[s.l.], 3 dez. 2014. Disponível em:
<https://www.healthcaredesignmagazine.com/trends/perspectives/8-benefits-bim-
healthcare-design/>. Acesso em: 18 jul. 2018.
ESPORTE CLUBE VITÓRIA (Salvador). História. 2018. Disponível em:
<http://www.ecvitoria.com.br/historia/>. Acesso em: 18 jul. 2018.
FARIA, Gabriella Almeida de; ALVA, Juan Carlos Rossi; CARVALHO, Silvana Sá de.
Ocupação territorial e impactos ambientais em Mata de São João. In: CARVALHO,
Inaiá Maria Moreira de. Metrópoles na atualidade brasileira: transformações,
tensões e desafios na Região Metropolitana de Salvador. Salvador: Edufba, 2014. p.
203-230.
FERREIRA, Thayana Hoth. Edifícios multifuncionais (híbridos). 2014. Disponível
em: <https://www.webartigos.com/artigos/edificios-multifuncionais-hibridos/121911/>.
Acesso em: 14 nov. 2015.
FILHO, João Martins de Oliveira e VILAS-BOAS, Doris. Martins Vilas-Boas
Arquitetura LTDA: depoimento [set. 2018]. Entrevistador: J. Ferreira Nobre Neto.
Salvador, 2018.
GAETE, Constanza Martínez. Mapa da urbanização no mundo entre 1950 e
2030. 2015. Traduzido por Julia Brant. Disponível em:

205
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

<https://www.archdaily.com.br/br/763172/mapas-a-urbanizacao-no-mundo-entre-
1950-e-2030>. Acesso em: 30 set. 2018.
GHIONE, Roberto. Contrariedade e complicação. Vitruvius, São Paulo, v. 12, jul.
2013. Disponível em:
<http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/12.141/4885>. Acesso
em: 7 fev. 2016.
GÓES, Ronald de. Manual prático de arquitetura hospitalar. São Paulo, Edgard
Blucher, 2004.
GOOGLE MAPS for Windows 10: Google LCC, 2017. Disponível em:
<https://maps.google.com/>. Acesso em: 15 nov. 2017.
GRICOLON, A. B. Impactos dos Padrões de Crescimento Espacial e de
Transportes no Entorno de Pólos Geradores de Viagens. Dissertação (Mestrado)
– Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2007.
HSR - HOSPITAL SÃO RAFAEL. Hospital São Rafael: Histórico. 2018a. Disponível
em: <http://portalhsr.com.br/historico/>. Acesso em: 12 fev. 2018.
HSR - HOSPITAL SÃO RAFAEL. Hospital São Rafael: depoimento [mai. 2018].
Entrevistadores: J. F. Nobre Neto. Salvador: ARQSAÚDE-BA, 2018b. Folhas com
anotações. Entrevista concedida aos membros do grupo de pesquisa
ARQSAÚDE/PPGAU/UFBA.
IGARAPÉ INSTITUTE. Fragile Cities. Rio de Janeiro, 2017. Disponível em:
<http://fragilecities.igarape.org.br/>. Acesso em: 20 nov. 2017.
INOVAR H (Salvador). Escola de Administração da Ufba. Hospital São Rafael.
2018. Disponível em: <http://www.inovarh.ufba/instituicoes/18>. Acesso em: 28 maio
2018.
KOWALTOWSKI et al. O processo de projeto em arquitetura. – São Paulo: Oficina
de textos, 2011.
LAMAS, José Manoel Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade.
7ª. Ed., Fundação Calouste Gulbenkian, 2014.
LAWSON, Bryan. How Designers Think: The Design Process Desmytified. 4ª. Ed.,
2005.
LEMOS, Jonas Badermann de. Planos Diretores para Estabelecimentos Assistenciais
de Saúde. In: BITENCOURT, F.; COSTEIRA, E. (Org.). Arquitetura e engenharia
hospitalar: Planejamentos, projetos e perspectivas. Rio de Janeiro: Rio Books, 2014.
p. 55-71.
MA, J. et al. Modeling pedestrian space in complex building for efficient pedestrian
traffic simulation. Automation In Construction, [s.l.], v. 30, p.25-36, mar. 2013.
Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.autcon.2012.11.032. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0926580512002270>. Acesso em:
7 fev. 2016.
MACHADO, Daiane Borges; SANTOS, Darci Neves dos. Suicídio no Brasil, de 2000
a 2012. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, [s.l.], v. 64, n. 1, p.45-54, mar. 2015.

206
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0047-2085000000056. Disponível


em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v64n1/0047-2085-jbpsiq-64-1-0045.pdf>. Acesso
em: 31 maio 2018.
MACHRY, Hermínia Silva. O impacto dos avanços da tecnologia nas
transformações arquitetônicas dos edifícios hospitalares. 2010. 375 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura, Fauusp, São Paulo, 2010. Disponível
em: <http://livros01.livrosgratis.com.br/cp134490.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2018.
MASCARÓ, Juan Luis. Infraestrutura urbana. Porto Alegre: Masquatro, 2013. 208
p.
MIQUELIN, Lauro Carlos. Anatomia dos edifícios hospitalares. São Paulo: Cedas,
1992. 231 p. Disponível em:
<file:///C:/Users/aep.estagiario4/Downloads/anatomia+dos+edif%C3%ADcios+hospit
alares.pdf>. Acesso em: 30 jul. 2018.
MIKLOS, Manoela; PAOLIELLO, Tomaz. Fragile Cities: a Critical Perspective on the
Repertoire for New Urban Humanitarian Interventions. Contexto Internacional, [s.l.],
v. 39, n. 3, p.545-568, dez. 2017. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0102-8529.2017390300005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
85292017000300545>. Acesso em: 28 maio 2018.
MORAES, Patrícia; SOUZA, Cinthia Raquel de. The Environmental Impact of a
Building. Organização Sistêmica, São Paulo, v. 7, n. 4, p.1-15, dez. 2015.
Disponível em:
<https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:JpPIv5vim4UJ:https://w
ww.uninter.com/revistaorganizacaosistemica/index.php/organizacaoSistemica/article/
download/358/188+&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 19 nov. 2017.
MOREIRA, Antônio Cláudio M. L. Megaprojetos e ambiente urbano: Parâmetros para
elaboração do relatório de impacto de vizinhança. PÓS: Revista do Programa de
Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP, São Paulo, v. 7, p.109-
120, jul. 1999. Bianual. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/137137/132930>. Acesso em: 24 jun.
2018.
MUGGAH, Robert (Brasil). Ranking: Quais são as cidades mais frágeis do
mundo? Le Monde: Diplomatique Brasil. São Paulo, p. 1-10. 9 nov. 2017.
Disponível em: <http://diplomatique.org.br/quais-sao-as-cidades-mais-frageis-do-
mundo/>. Acesso em: 20 nov. 2017.
NEWMAN, Oscar. Creating defensible spaces. Washington, DC: U.S. Department
of Housing and Urban Development, Office of Policy Development and Research,
abr. 1996.Disponível em: <https://www.huduser.gov/publications/pdf/def.pdf>.
Acesso em: 28 mai. 2017.
OAS (Salvador). Evolution Business. Disponível em:
<http://oasempreendimentos.com/EVOLUTION-BUSINESS-SALVADOR>. Acesso
em: 18 jul. 2018.
REHBEIN, Moisés Ortemar. Mapeamenteo geomorfológico aplicado na análise
de impactos ambientais urbanos: contribuições ao (re) conhecimento de

207
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

morfologias, morfocronogêneses e morfodinâmicas do relevo da bacia hidrográfica


do arroio Feijó – RS. Tese (Doutorado) – Geografia física, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2011. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-20062012-112916/pt-br.php>.
Acesso em: 12 fev. 2018.
RODRIGUES, Valéria Lopes. Sistema de Apoio à Gestão Urbana estruturado em
SIG: Aplicabilidade em Jaú-SP. 2013. 141 f. Tese (Doutorado) - Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013.
Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18132/tde-28112013-
162846/pt-br.php>. Acesso em: 14 ago. 2017.
SALGADO, Mônica Santos, et al. Projetos complexos e seus impactos na cidade
e na paisagem. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU/PROARQ; ANTAC, 2012.
SALVADOR. Prefeitura Municipal do Salvador – Bahia. Lei Nº 3.903/1988. Institui
normas relativas à execução de obras do Município do Salvador, alterando as Leis
Nºs 2.403/72 e 3.077/79 e dá outras providências. 1. ed. Salvador, BA, p. 1-40.
Disponível em: <http://www.sucom.ba.gov.br/wp-
content/uploads/2014/11/lei3903_1988.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2018.
______. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio
Ambiente. Cadernos da cidade: Uso e Ocupação do Solo em Salvador. Salvador:
SEDHAM, 2009. Disponível em:
<http://www.sim.salvador.ba.gov.br/caderno/Cadernos_da_Cidade.pdf>. Acesso em:
10 fev. 2018.
______. Prefeitura Municipal do Salvador – Bahia. Lei N°. 9.148/2016. Dispõe sobre
o Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo do Município de Salvador e dá
outras providências. Salvador: Prefeitura Municipal do Salvador, 2016a. Disponível
em: <http://www.sucom.ba.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/LEI-n.-9.069-PDDU-
2016.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2018.
______. Prefeitura Municipal do Salvador – Bahia. Lei N°. 9.069/2016. Dispõe sobre
o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador – PDDU 2016
e dá outras providências. Salvador: Prefeitura Municipal do Salvador, 2016b.
Disponível em: <http://www.sucom.ba.gov.br/wp-content/uploads/2016/07/LEI-n.-
9.069-PDDU-2016.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2018.
______. Prefeitura Municipal do Salvador – Bahia. Lei Nº 9.281/2017. Institui
Normas Relativas à Execução de Obras e Serviços do Município do Salvador, e dá
Outras Providências. 1. ed. Salvador, BA, p. 1-40. Disponível em:
<http://www.sucom.ba.gov.br/wp-
content/uploads/2017/10/Lei_9281_2017_codigodeobras.pdf>. Acesso em: 05 jul.
2018.
______. Prefeitura Municipal de Salvador. Secretaria Municipal de Mobilidade
Urbana de Salvador – Semob (Ed.). PlanMob Salvador - Plano de mobilidade
urbana sustentável de Salvador: Relatório Técnico RT06: Diagnóstico da
Mobilidade em Salvador. Salvador: Semob, 2017a. 70 p. Volume único, Revisão A.
Disponível em: < http://planmob.salvador.ba.gov.br/images/consulte/planmob/RT-14-
PlanMob_SSA-TOMO_I-V12.2-pgs-01-90.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2018.

208
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

______. Prefeitura Municipal de Salvador. Secretaria da Cidade Sustentável e


Inovação - Secis. Manual Técnico de Arborização Urbana de Salvador com
espécies nativas da Mata Atlântica. Salvador: Prefeitura Municipal de Salvador,
2017b. 166 p. Disponível em: <http://ssamataatlantica.com/wp-
content/uploads/2017/09/Manual-de-Arboriza%C3%A7%C3%A3o-web.pdf>. Acesso
em: 15 jul. 2018.
______. Sistema de Informação Municipal de Salvador – SIM. Indicadores.
Salvador: Prefeitura de Salvador, 2018a. Disponível em:
<http://www.sim.salvador.ba.gov.br/indicadores/>. Acesso em: 12 fev. 2018.
______. Transalvador. Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana de Salvador –
Semob (Ed.). Linhas de ônibus. 2018b. Disponível em:
<http://www.transalvadorantigo.salvador.ba.gov.br/homologacao/?pagina=onibus/oni
bus>. Acesso em: 6 jun. 2018.
SCALCO, Veridiana Atanasio; PEREIRA, Fernando Oscar Ruttkay; RIGATTI, Decio.
Impacto de novas edificações na vizinhança: proposta de método para a análise das
condições de iluminação natural e de insolação. Ambiente Construído, Porto
Alegre, v. 10, n. 2, p.171-187, jun. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1678-
86212010000200012&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 19 nov. 2017.
SAHAMIR, Shaza Rina; ZAKARIA, Rozana. Green Assessment Criteria for Public
Hospital Building Development in Malaysia. Procedia Environmental
Sciences, [s.l.], v. 20, p.106-115, 2014. Elsevier BV. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1016/j.proenv.2014.03.015>. Acesso em: 20 mar. 2017.
SAMPAIO, Antônio Heliodório Lima. Formas urbanas: cidade real & cidade ideal
contribuição ao estudo urbanístico de Salvador. Salvador: Quarteto, PPGAU-
FAUFBA, 2015.
SANTANA, Sheyla. Geoprocessamento na modelagem parametrizada da
paisagem territorial: aplicações da geovisualização na simulação da paisagem
urbana. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, 2014. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/handle/1843/BUOS-9KPHUK>. Acesso
em: 28 mai. 2017.
SANTOS, Elisabete et al. (Orgs.). O caminho das águas em Salvador: Bacias
Hidrográficas, Bairros e Fontes. Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010. Disponível
em: < https://drive.google.com/file/d/0B0hr8TPr78saTnAwclFMamthSkk/view >.
Acesso em: 15 fev. 2018.
SILVA, Sylvio Bandeira de Mello e; SILVA, Barbara-christine Nentwig; SILVA, Maina
Pirajá. A Região Metropolitana de Salvador na rede urbana brasileira e sua
configuração interna. In: CARVALHO, Inaiá Maria Moreira de; PEREIRA, Gilberto
Corso (Org.). Salvador: transformações na ordem urbana [recurso
eletrônico]: metrópoles: território, coesão social e governança democrática. Rio de
Janeiro: Letra Capital, 2014. Cap. 1. p. 21-50. Coordenação Luiz Cesar de Queiroz
Ribeiro. Disponível em:
<http://www.observatoriodasmetropoles.net/images/abook_file/serie_ordemurbana_s
alvador.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2016.

209
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

UNEP. Sustainable building and construction: facts and figures. Industry And
Environment, London, p.5-8, abr. 2003. Disponível em:
<http://www.uneptie.org/media/review/vol26no2-3/005-098.pdf>. Acesso em: 28 nov.
2017.
URBAN RECYCLE (Salvador). PAV - Pavilhão da Mata Atlântica: Requalificação
do Jardim Botânico de Salvador. 2014. Disponível em:
<http://urbanrecycle.com.br/portfolio/pav/>. Acesso em: 15 jul. 2018.
VIEIRA, Elvis José. Grandes projetos urbanos e a transformação da forma
urbana na cidade contemporânea: Operação Urbana Orla Ferroviária de Suzano.
Tese (doutorado) – São Paulo, 2012. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-15052013-135626/pt-
br.php>. Acesso em: 14 ago. 2017.
VILAS NOVAS, Grasiella Drumond Bowen. Os impactos das transformações
econômicas no território local: estudo de caso da Região Metropolitana da
Grande Vitória. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, São
Paulo, 2009. Disponível em:
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16139/tde-16032010-104428/pt-
br.php>. Acesso em: 14 ago. 2017.
VILLAÇA, F. Plano diretor: modernismo x pós-modernismo. USP, 1993. Disponível
em:<www.usp.br/fau/fau/galeria/paginas/index.html>. Acesso em: 15 ago. 2016.
XU, Xung et al. From Building Information Modeling to City Information Modeling.
Itcom, Journal of Information Modeling to city Information modeling, Huazhong, v.
19, set. 2014. Disponível em:
<http://www.itcon.org/data/works/att/2014_17.content.02130.pdf>. Acesso em: 28
fev. 2016.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Healthy Hospitals - Healthy Planet -
Healthy People: Addressing climate change in health care settings. [s.l.]: World
Health Organization, 2009. 32 p. Disponível em:
<http://www.who.int/globalchange/publications/climatefootprint_report.pdf?ua=1>.
Acesso em: 18 jul. 2018.
WOLFFENBÜTTEL, Andrea (Brasil). Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. O
que é?: Índice de Gini. 2004. Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&id=2048:catid=28&
Itemid=23>. Acesso em: 19 jul. 2018.

210
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

APÊNDICE

APÊNDICE A Modelo de entrevista.


APÊNDICE B Mapa de usos da Avenida São Rafael, em São Marcos, em 2018.
APÊNDICE C Mapa de equipamentos complexos da Avenida São Rafael, em
São Marcos, 2018.
APÊNDICE D Mapa de mobilidade urbana e acessibilidade da Avenida São
Rafael, em São Marcos, 2018.
APÊNDICE E Mapa de gabaritos da Avenida São Rafael, em São Marcos, 2018
APÊNDICE F Mapa de impactos ambientais urbanos da Avenida São Rafael,
em São Marcos, 2018.
APÊNDICE G Mapa de usos da Avenida Gal Costa, em Sussuarana, em 2018.
APÊNDICE H Mapa de equipamentos complexos da Avenida Gal Costa, em
Sussuarana, 2018.
APÊNDICE I Mapa de mobilidade urbana e acessibilidade da Avenida Gal
Costa, em Sussuarana, 2018.
APÊNDICE J Mapa de gabaritos da Avenida Gal Costa, em Sussuarana, 2018.
APÊNDICE L Fotos da maquete física da Avenida São Rafael, em São Marcos,
2018.

211
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

APÊNDICE A Roteiro para entrevista com os profissionais da equipe de


saúde do Hospital São Rafael - Gestores

Local da entrevista:
Data: Início: h Término: h
N°. da entrevista:

I.IDENTIFICAÇÃO
1. Nome (iniciais):
2. Idade:
3. Profissão:
4. Cursos realizados (especificar área):
- Capacitação/ Aperfeiçoamento:
- Especialização:
- Mestrado:
- Outros:
5. Tempo de atuação na profissão:
6. Tempo de atuação na Instituição:

II. QUESTÕES NORTEADORAS DA ENTREVISTA


I – Quais as influências da localização do empreendimento em relação à vizinhança
aonde está implantado?;

II – Existem efeitos sobre o espaço urbano e a população moradora e usuária da área


do adensamento populacional em razão do empreendimento?;

III – Quais os equipamentos afins ao Hospital existentes na vizinhança?;

IV – Quais as definições do uso e a ocupação do solo;

V – O hospital produz a valorização imobiliária?;

VI – Qual a geração de tráfego (área de estacionamento, entrada e saída de veículos,


área para carga e descarga, embarque e desembarque de passageiros e horário de
funcionamento) produzido pela unidade de saúde e a demanda de pacientes dia/
semana/ mês?;

VII – Qual a capacidade de atendimento e a evolução histórica das redes de


infraestrutura (esgoto, água, comunicações, energia elétrica e gás canalizado)?;

212
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

VIII – Quais os índices de ventilação e iluminação naturais, a geração de ruído e a


emissão de resíduos sólidos e de efluentes líquidos e gasosos do empreendimento?;

IX – Qual a capacidade dos índices urbanísticos – área construída, área permeável e


área ocupada (a conservação do ambiente natural e construído) do empreendimento?;

X – Quais as medidas para a redução do risco ambiental urbano do empreendimento?;

XI – Quais as alterações na paisagem urbana e nos padrões urbanísticos e ambientais


da vizinhança realizadas a partir do empreendimento?;

XII – Quais as medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos impactos negativos,


bem como daquelas intensificadoras dos impactos positivos a partir do
empreendimento?

213
IMPACTO URBANO DE EDIFICAÇÕES COMPLEXAS: O CASO DO HOSPITAL SÃO RAFAEL EM SALVADOR-BA

ANEXO

214

Você também pode gostar