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construção e dimensionamento
Introdução
Este material apresenta algumas das principais considerações sobre
os elementos constituintes e o dimensionamento dos cabos de energia
desenvolvidos e fabricados pela Prysmian, no Brasil.
ABRIL/2012 - 1ª VERSÃO
Tensão Aplicação
• Baixa tensão • Cabos de uso geral
Cabos até 1 kV • Cabos de uso específico
• Cabos de comando
• Média tensão • Cabos para uso móvel
Cabos de 2 a 35 kV • Cabos para uso submarino
• Cabos para instrumentação
• Cabos para equipamentos de solda
• Alta tensão • Cabos para lides de motores
Cabos de 36 a 150 kV • Cabos para navios
• Cabos para sistemas ferroviários (vias, locomotivas e vagões)
• Altíssima tensão • Cabos para a indústria de petróleo
Cabos acima de 150 kV (plataformas, bombeio submerso, umbilicais e refinarias)
• Cabos para elevadores
• Cabos para circuitos de segurança (resistentes ao fogo)
Tipo de dielétrico
A Prysmian no Brasil se encontra apta a atender consultas de qualquer tipo de cabo das linhas apresentadas na
tabela acima (ainda que esta consulta demonstre alguma especificidade adicional) e também de vários outros
cabos para aplicações especiais.
Material e concluir:
Os materiais utilizados atualmente na fabricação de _____
Øal √1,64 1,28
___
condutores dos cabos elétricos são o cobre e o alumínio. = =
Øcu
O cobre, que é o material tradicional, deve ser ele-
trolítico, ou seja, refinado por eletrólise, de pureza
mínima 99,9% (considerando a prata como cobre), Por outro lado:
recozido (têmpera mole), de condutibilidade 100% γcu ___
___ 8,9
IACS (International Annealed Copper Standard). So- γal = 2,7 = 3,29
mente em aplicações especiais, torna-se necessária
a utilização de cobre de têmperas meio-dura e dura.
, o que permite concluir:
O alumínio, normalmente obtido por laminação contí-
nua, vem sendo amplamente empregado como con- Mcu
___ 3,29
dutor elétrico em virtude principalmente de sua boa = ____ = 2
Mal 1,64
trabalhabilidade, menor peso específico e conveniên-
cia econômica.
O alumínio puro utilizado em condutores isolados é,
Simbologia
normalmente, de têmpera meio-dura e de condutibi- R = resistência ohmica do condutor (Ω/km)
lidade 61% IACS.
ρ = resistividade do material condutor (Ω.cm)
Para uma comparação entre ambos os materiais, cal-
S = seção do condutor (mm2)
cularemos as seções necessárias de cada um para o
transporte de uma mesma corrente. Ø = diâmetro do condutor (mm)
Esta condição equivale aproximadamente à igualda- γ = peso específico (kg/cm3)
de das resistências ohmicas (*), ou seja:
M = massa (kg)
PVC
TERMOPLÁSTICOS (Policloreto de vinila)
PET (Polietileno)
XLPE e TR XLPE(1)
SOLIDOS (Polietileno reticulado
(EXTRUDADOS) quimicamente)
TERMOFIXOS EPR, HEPR(2)
Condutor sem Blindagem e EPR 105(3)
(Borracha
Aqui vemos um condutor encordoado recoberto ape- etilenopropileno)
nas por uma camada isolante. Com esta construção - PAPEL IMPREGNADO COM MASSA
simples o campo elétrico devido à energização, as- ESTRATIFICADOS - PAPEL IMPREGNADO COM ÓLEO FLUÍDO
-sume uma forma distorcida, acompanhando as ir- SOB PRESSÃO
regularidades da superfície do condutor, provocando (1) - TR XLPE - Polietileno reticulado quimicamente retardante
concentração de esforços elétricos em determinados à arborescência (tree retardant) • (2) - HEPR - Borracha etile-
pontos. Nestas condições, as solicitações elétricas nopropileno de alto módulo ou EPR de maior dureza • (3) - EPR
concentradas podem exceder os limites permissíveis 105 - Borracha etilenopropileno para temperatura no condutor
pelo isolamento, ocasionando uma depreciação na de 105°C, em regime permanente
vida do cabo. Além disso, no caso de cabos com iso-
lamento sólido, a existência de ar entre o condutor e
O nosso objetivo aqui é comparar as principais pro-
o isolante pode dar origem a ionização, com conse-
priedades físicas e elétricas destes materiais.
qüências danosas para o material isolante.
Até o início da década de 90 cabos com isolamen-
to estratificado foram muito utilizados. São cabos de
muita confiabilidade ao longo de sua vida útil (a qual
também é elevada), porém com custo e peso supe-
riores a cabos equivalentes de isolamento extrudado.
Atualmente sua utilização fica restrita a aplicações
especiais bem como a produção que está limitada a
poucas fábricas no mundo.
Ao longo do texto, falaremos frequentemente do pa-
râmetro “gradiente”. Julgamos oportuno relembrar o
significado de tal parâmetro:
Condutor com Blindagem
Chama-se “gradiente de potencial” (ou “força elé-
trica”), que se exprime normalmente em kV/mm, a
Com a interposição de uma camada semicondutora,
relação entre: a diferença de potencial, ou tensão,
o campo elétrico se torna uniforme e os problemas
aplicada a uma camada elementar de dielétrico e a
são minimizados ou mesmo totalmente eliminados.
espessura desta camada.
Evidentemente, para um perfeito desempenho desta
Sabe-se que o gradiente não é uniforme em toda a
função, a blindagem interna, constituída pela camada
espessura do dielétrico. sendo mais elevado nas pro-
semicondutora, deve estar em íntimo contato com a
ximidades do condutor e mais baixo na superfície ex-
superfície interna do isolamento. No caso de cabos
terna do isolamento,
secos (isolamento extrudado) isto é alcançado me-
diante extrusão simultânea da semicondutora e da Fala-se, todavia, em “gradiente médio” que se en-
camada isolante. tende como a relação entre a tensão fase-terra e a
espessura total isolante.
No caso de isolamento estratificado, a blindagem é
constituída por fitas de papel semicondutor aplicadas A expressão matemática que define o gradiente má-
helicoidalmente sobre o condutor. ximo é:
P = K.Є.tgδ (Watts)
Capa Externa
Enchimento
Blindagem
Externa
Isolamento
do Condutor
Blindagem
Interna
Condutor
Não-Metálicas
(por exemplo, PVC)
CARGA DE
ALONGAMENTO À RESISTÊNCIA À RESISTÊNCIA A
RUPTURA (kg/ FLEXIBILIDADE
RUPTURA (%) ABRASÃO GOLPES
mm2)
PVC 1,41 150 BOM BOM BOM
PET 0,98 350 BOM BOM REGULAR
XLPE 1,26 250 EXCELENTE EXCELENTE REGULAR
Neoprene 0,49 250 EXCELENTE EXCELENTE EXCELENTE
Afumex ®
0,92 120 BOM BOM REGULAR
Proteções metálicas
Proteções metálicas adicionais com função de arma-
ção são empregadas nas instalações sujeitas a danos
mecânicos. Os tipos mais usados são:
Armações de fitas planas de aço, aplicadas helicoi-
dalmente.
Fitas Armaflex
500
Espessura isolante
É determinada a partir da seção do condutor, do gra-
diente de projeto (característico do material isolante)
Seção do condutor (mm2)
Início 100
Estima bitola
50
Calcula espessura isolante 40
30
Determina materiais e dimensões das proteções
20
Bitola satisfaz?
NÃO Cálculo da espessura isolante
SIM A espessura isolante é usualmente fixada pela espe-
Calcula condições de curto-circuito cificação relativa ao cabo, já considerados todos os
fatores de segurança necessários. Seu valor mínimo,
entretanto, pode ser facilmente calculado a partir das
NÃO
Bitola satisfaz? relações existentes entre tensão, gradiente e dimen-
SIM sões do cabo.
Cabo dimensionado A fórmula de cálculo é deduzida considerando a dis-
tribuição do campo elétrico ao redor do condutor
supondo que este seja o condutor ideal infinito de
Fim
Gauss. Nestas condições, o campo elétrico será com-
Є
ou, integrando:
Onde:
ρ R
Q = cargas (coulombs) V - v = ____ . ln __
r
(7)
2πЄ
Є = constante dielétrica relativa
substituindo o resultado (4) nesta equação, obtém-se:
V
E = __ 1
_____ (9)
dh r R
ln __
r
ou
0,868V
E = _______ (10)
D
d.log__
d
D
0,868 BIL
E = _________
Q
E 2πr dh = ___ (3)
D
(12)
Є d.log__
d
sendo r = raio do condutor (mm)
Como a espessura isolante
Observa-se que a temperatura das regiões do corpo em O postulado de Fourier tem uma analogia mais do
redor do ponto P começará a subir progressivamente. Se que puramente formal com a lei de Ohm. Com efeito,
traçarmos idealmente a superfície ocupada pelos pontos a lei de Ohm pode ser escrita:
que se acham numa determinada temperatura interme-
diária entre T e t, verificaremos facilmente tratar-se de
uma superfície fechada, aproximadamente paralela ao V
I = __ onde R = ____
ℓ
contorno externo do corpo e às superfícies correspon- R S.σ
dentes às demais temperaturas intermediárias.
Estas superfícies tomam o nome de superfícies iso- sendo: ℓ = comprimento do condutor (km)
térmicas e servem para caracterizar a distribuição S = seção do condutor (mm2)
das temperaturas do corpo. Durante o período de σ = condutividade
aquecimento, a temperatura em cada ponto do corpo
estará subindo, o que significa que cada superfície e o postulado de Fourier
isotérmica se movimentará em direção à superfície
externa. Este período é chamado período variável. dq dt
____ = ________
Ao aumentar a temperatura da superfície externa, dθ dx/dS.K
esta começará a ceder calor ao ambiente, em inten-
sidade tanto maior quanto maior for sua temperatura Observando-se que:
em relação à do ambiente. Quando a cessão de calor
ao ambiente igualar a quantidade de calor recebida I (corrente elétrica) corresponde a
no ponto P, chegaremos a um equilíbrio dinâmico: dq
____
a temperatura da superfície externa permanecerá dθ (intensidade do fluxo de calor)
constante e da mesma forma todas as superfícies
isotérmicas internas se imobilizarão. V (diferença de potencial) corresponde a
dt (salto térmico)
O calor continua passando do interior para o exterior,
mas sem acarretar variações da temperatura dos di- R = ____
ℓ (resistência elétrica) corresponde a
versos pontos do corpo. Foi atingido o chamado es- S.σ
dx
_____
tado estacionário. (resistência térmica)
dS.K
Como não há fluxo de calor entre 2 pontos na mesma
temperatura, não haverá componente tangencial do
fluxo e este se processará no sentido ortogonal às Assim, o postulado de Fourier se resume em:
superfícies isotérmicas.
salto térmico
intensidade do fluxo de calor = _____________
Esta descrição corresponde à transferência de calor resistência
por condução, que é regida pelo postulado de Fourier, térmica
cujo enunciado é o seguinte:
“A quantidade infinitesimal de calor dq que no inter- Em um cabo conduzindo corrente, haverá aumento
valo infinitesimal de tempo dθ passa através da su- de temperatura no condutor, que é um ponto interno,
perfície dS é proporcional a esta superfície, ao tem- e consequente transmissão de calor, conforme des-
po, gradiente térmico dt/dx e a um coeficiente K, ca- crito. Sabemos que a energia gerada pode ser ex-
racterístico do material constituinte do corpo.” pressa por: P = I2R, onde a resistência R do condutor
é conhecida. Também conhecemos o salto térmico
dq -dt entre a superfície do condutor e o meio ambiente,
Matematicamente: ____ = ____ sendo seu valor máximo definido pela temperatura
dθ dx
____
admissível no material isolante.
KdS
ℓ
a Lei de Ohm estabelece que a queda de tensão nos
[ ]
∆t = (I2R+1/2Wd)T1+ (I2R (1+λ)+Wd) .(T2-3+T4) condutores ocasionada pela passagem da corrente
pelo circuito será ∆V = 2RI onde I é a corrente con-
sumida pela carga e R a resistência de cada um dos
condutores utilizados na ligação. Em função da resis-
tência r por unidade de comprimento dos condutores,
Simbologia:
esta igualdade pode ser escrita na forma:
∆t = diferença de temperatura entre o condutor
e o ambiente (°C) ∆V = 2rIℓ (1)
I = corrente no condutor (Ampères)
Se a alimentação for feita em corrente alternada con-
R = resistência elétrica do condutor (ohm/cm) siderando carga indutiva e a indutância da linha, o cir-
Wd = perdas no dielétrico (W/cm) cuito terá que ser analisado pelo diagrama vetorial:
E1 E2
α
1 T + (T + T )
∆t - Wd __
I= 2 1 2-3
_________________________
4
A queda de tensão máxima admissível nas instalações Segundo a NBR 5410, a queda de tensão não deve
elétricas de baixa tensão é regulamentada pela ABNT. exceder os valores da tabela abaixo:
VALOR MÁXIMO
Calculados a partir dos terminais secundários do transformador MT/BT,
A 7%
no caso de transformador próprio.
Calculados a partir dos terminais secundários do transformador MT/BT,
B da empresa distribuidora de eletricidade quando o ponto de 7%
entrega for aí localizado.
Calculados a partir do ponto de entrega, nos demais casos com
C 5%
fornecimento em tensão secundária de distribuição.
Calculados a partir dos terminais de saída do gerador, no caso do
D 7%
grupo gerador próprio.
CONDUTOR FÓRMULA
2
T2 + 234
l t = 115679 log _________
___
Cobre
S T1 + 234
2
l
___ t = 48686 log T2 + 228
_________
Alumínio
S T1 + 228
SIMBOLOGIA
Estas fórmulas se baseiam na energia térmica ar- Geralmente a temperatura do condutor no momen-
mazenada no material condutor e no limite máximo to do curto-circuito não é precisamente conheci-
de temperatura admitida pelo isolamento. Admite- da, uma vez que depende da carga do cabo e das
-se ainda que o intervalo de tempo da passagem da condições do ambiente. Por motivos de segurança,
corrente de curto-circuito é pequeno, de forma que deve-se adotar a máxima temperatura admissível
o calor desenvolvido durante o curto fica contido no condutor nas condições normais de trabalho
no condutor. contínuo do cabo.