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Anestesia em Lacertídeos

Lacertídeos são répteis da família Squamata, e englobam mais de 4500 espécies de


lagartos, habitando várias regiões do globo (especialmente zonas tropicais e desérticas), onde
ocupam meios aquáticos, terrestres e arborícolas. Seus hábitos alimentares são também
variados, desde insetívoros (lagartixas), carnívoros (varanos e lagartos monitores), onívoros
(teiú) e herbívoros (iguanas). Variam grandemente em tamanho, desde cinco centímetros até
dois metros, conforme a espécie.
Lagartos de todas as categorias são identificados pela dentição invisível quando a boca
está fechada e pelo tegumento seco e recoberto de escamas. Este serve tanto para proteção
mecânica dos animais como para aumentar a retenção de água, uma característica extremamente
útil às espécies que habitam áreas desérticas ou áridas. Salvo as espécies com hábitos marinhos
(como certas iguanas), não apresentam um controle sobre a apnéia como os crocodilianos.
Assim como outros répteis, também são ectotérmicos, dependendo da luz solar para regular sua
temperatura e taxa metabólica.
Seu sistema excretor renal libera os compostos nitrogenados na forma de ácido úrico
por meio de seus ureteres diretamente na região de cloaca. É importante ressaltar a presença do
sistema porta renal, onde o sangue oriundo da porção posterior do corpo passa pelos rins antes
de atingirem a circulação sistêmica. Portanto, deve-se evitar o uso de medicamentos com alto
potencial nefrotóxico quando se utilizar dos membros posteriores para a aplicação de
medicamentos. Apesar desta característica, é comum a cateterização de répteis por meio de
veias presentes na cauda
Para realizar a anestesia em lacertídeos, é importante levar em conta o tamanho e a
agressividade dos animais. Um método de eleição para realizar uma indução é o uso de uma
câmara de gás ou de uma máscara para administrar isofluorano. Outra opção preferida para a
indução é o uso de propofol (3-10mg/kg, via intravenosa ou intraóssea) por ter uma rápida
indução, durando entre 15 e 25 minutos. Caso tenha sido realizada uma medicação pré
anestésica (como por exemplo, diazepam associado à cetamina) a dosagem de propofol pode ser
reduzida pela metade. O animal vai se recuperar sem excitação, embora possa ocorrer a
presença de apnéia. Portanto, é importante utilizar uma sonda traqueal para realizar ventilação
assistida. Essa intubação pode ser feita facilmente, visto que a traqueia dos lagartos é facilmente
visível por ser deslocada rostralmente.
A administração de fármacos intraóssea deve ser realizada em ossos longos dos
membros, enquanto que animais de tamanho reduzido podem receber a via de administração
intracelomática, desde que seja realizada pelo flanco direito do animal, já que a vesícula urinária
do animal se encontra no antímero direito.
Assim como outras classes de répteis, é importante regular a temperatura do animal
durante todo o procedimento cirúrgico, pois dela depende a taxa de metabolização e portanto a
eficácia de ação e excreção dos fármacos administrados.
Para procedimentos extra curtos (pesagem, posicionamento radiográfico, alteração de
decúbito) pode-se fazer uso do reflexo vago-vagal por meio da pressão sobre os globos oculares,
o que gera uma imobilização momentânea do animal, podendo ser revertida por meio de um
estímulo físico simples.
Outros fármacos que tem uso relatado em lacertídeos são:
Cetamina (30-50mg/kg) intramuscular, apresentando lentidão na indução e
recuperação. Deve ser evitada ao máximo em animais já debilitados. Pode ser
associada a diazepam (2,5mg/kg) ou midazolam (2mg/kg)
Meperidina (5-10mg/kg): intramuscular ou subcutânea, tem uso como
analgésico
Meloxicam (0,2mg/kg) intramuscular ou intravenoso, usado para analgesia.

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