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Anestesia em Crocodilianos

Crocodilianos são répteis com hábitos semiaquáticos e com muitas espécies distribuídas
por múltiplos continentes. Apresentam tamanho variado entre as espécies (de um metro e meio
até sete metros de comprimento) e predam todo tipo de presa. Insetos, peixes, anfíbios e
mamíferos de porte variado fazem parte de seu cardápio. Humanos também são por vezes
predados pelas espécies de maior porte.
São divididos em aligátores, crocodilos e gaviais, sendo que essa diferenciação é feita
observando suas características físicas. Gaviais são naturais da Ásia e apresentam um focinho
estreito e alongado, apenas se tornando espesso novamente próximo às narinas, dando à face do
gavial uma aparência distinta e inconfundível. Crocodilos e aligátores ocorrem em todos os
outros continentes (à exceção da Europa) e são diferenciados pela posição de sua dentição
quando fecham suas bocas: crocodilos mantém os dentes inferiores e superiores à mostra,
enquanto que aligátores mantém apenas os dentes superiores à mostra.
No Brasil, ocorrem seis espécies: o jacaré de papo amarelo (Caiman latirostris), jacaré
tinga (Caiman crocodilos), jacaré do Pantanal (Caiman yacare), jacaré coroa (Paleosuchus
trigonatus), jacaré paguá (Paleosuchus palpebrosus) e jacaré açu (Melanosuchus niger). Todos
estes são aligátores.
Uma característica importante da anatomia de crocodilianos é a presença de
osteodermos sob sua pele; são placas ósseas justapostas sob sua pele que recobrem seu dorso e
flancos. Isso prejudica a aplicação de tranquilizantes por meio de dardos, vistos que estes não
penetram a pele do animal na maioria dos casos. Para aplicações subcutâneas, o ideal é buscar
pregas de pele desprotegidas nas regiões onde os membros se inserem no corpo.
. Para a contenção química, um dos fármacos preferidos é a lidocaína a 2%, em dose de
5mg/kg, aplicada por via intramuscular ou subcutânea por atender os principais requisitos de um
anestésico local de escolha: curto período de espera para o início dos efeitos, bloqueio neural
reversível, baixa toxicidade sistêmica e absorção tecidual lenta (portanto com uma ação intensa
e duradoura). Em casos onde uma anestesia geral é necessária, pode-se utilizar de propofol (5-
10mg/kg) aplicado em via intramuscular para a indução . No entanto, sua duração é variável
entre 30 minutos e 90 minutos, portanto é mais segura para realizar procedimentos curtos ou
para intubar o animal para realizar a manutenção com o uso de uma anestesia inalatória.
O agente anestésico de eleição para a anestesia inalatória é o isofluorano. A manutenção
da temperatura corporal é mais eficiente quando realizada com o uso de fluxos de ar quente ao
invés de tapetes térmicos, pois estes aquecem apenas as áreas de contato com o animal. Deve-se
realizar manutenção mecânica da respiração a cada certo tempo, pois são animais subaquáticos
que entram voluntariamente em apnéia por longos períodos de tempo. O uso de Doxapram (4-
12mg/kg) intramuscular ou intravenoso pode ser utilizado como estimulante da respiração.
Outros fármacos anestésicos que também podem ser usados são os seguintes:
Cetamina (20-50mg/kg para sedar, 50-100mg/kg para anestesiar) por via intramuscular
ou intravenosa. Irá causar apnéia involuntariamente, portanto requer intubação e
ventilação assistida.
Pentobarbital (8mg/kg) intramuscular. Pode também ser usado para a eutanásia, com
uma dose de 60-100mg/kg por via intravenosa ou intracelomática.
Xilazina (0,1-1mg/kg) por via intramuscular. Sua ação anestésica pode não ocorrer, mas
pode ser revertida em caso de efeitos nocivos pelo uso de ioimbina.
Tiletamina com zolazepam (1-2mg/kg), aplicados em via intramuscular ou intravenosa.
Tem uma recuperação extremamente lenta, podendo durar várias horas. Portanto, não é
recomendado.
Além destes, pode (e é recomendado) o uso de flumixin meglumine por até três dias, para
reduzir a presença de edemas inflamatórios no pós cirúrgicos.

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