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A Praia da Saudade

A obra de que vos vou falar é da autoria de Francisco Salgueiro e chama-se “A


praia da saudade”. Foi editado pela primeira vez no ano de 2009 e conta com vários
exemplares vendidos.
Esta obra narra uma história vivia em plena época salazarista numa Lisboa
profundamente dividida entre aqueles que consideravam o regime político uma
autêntica violência de direitos e um atentado à inteligência e que o consideravam o
ideal.
Rodrigo é um convicto defensor da democracia, apesar de não concordar com a
utilização de todos os meios para atingir os fins. Contrapõe-se à família de Beatriz que
vêm em Salazar o topo do regime.
A obra inicia-se numa fase mais tardia da vida de Rodrigo, em que a doença o
leva a um internamento. Durante este tempo, o seu neto Tomás procura entre várias
cartas encontrar algo que o leve a quem o seu avô mais deseja – Beatriz. Estes
conheceram-se na sua juventude e apaixonaram-se. No entanto, foram separados por
uma guerra que não é deles, que tantas vidas roubou e que tantas histórias mudou.
Beatriz e Rodrigo viram-se separados pelas circunstâncias da vida,
nomeadamente, o casamento arranjado para a jovem de forma a impedi-la de lutar
pelo amor da sua vida, Rodrigo. Ela passou a conhecer o verdadeiro mundo em que
vivia pelas mãos do jovem soldado, que lhe mostrou os defeitos de uma sociedade que
vive em ditadura.
Os anos passaram-se e Rodrigo e Beatriz nunca mais se viram. No presente,
Tomás apenas desejava encontrar essa mulher pois reconhecia que era o amor da vida
do avô e seria o seu último desejo.
Ao lado de Tomás sempre esteve Bárbara. A ironia da vida é tanta que o último
desejo de um homem velho e doente, leva a descobrir laços familiares que nunca se
imaginavam. Afinal, o amor de Tomás era também neta da paixão de uma vida de
Rodrigo. Perceberam assim que o mundo era muito pequeno, ainda mais se
comparado com o amor que entre eles nutria. A Praia da Saudade, lugar de eleição do
casal outrora separado, tornou-se também o sítio onde o jovem casal trocou
promessas de amor, depois de lidarem com a morte dos seus avós, quando se viram
no hospital 45 anos depois.
Os meus excertos de eleição referem-se aos últimos momentos descritos na
obra. Por exemplo, “O meu avô e a avó da Bárbara, deitados lado a lado, abraçados.
Na máquina não há nenhum batimento cardíaco. Um dos médicos aproxima-se dela,
abana-a, mas ela não reage. … Os médicos tentaram afastá-los para tentarem reanimá-
los. Mas eles não se largam. Eles vão ficar juntos para sempre. Já ninguém os pode
voltar a separar.” A minha escolha deve-se ao facto de mostrar que o amor não tem
barreiras e, por isso, vence sempre. Mesmo quando já ninguém espera.
Também tenho preferência por um outro que se segue ao pedido de
casamento de Tomás a Bárbara: “A Bárbara e eu abraçamo-nos e começamos a chorar.
A chorar de alegria por eles terem ficado finalmente juntos. E por nós irmos viver
aquilo que eles nunca puderam. A Praia da Saudade também será nossa. Para
sempre.” Este excerto, vai de encontro ao valor do amor e à importância dele para dar
sentido às nossas vidas.
Como apreciação global da obra, devo dizer que me surpreendeu muito e pela
positiva. Embora grande parte da história se passe num período ditatorial e que a mim
não me diz muito, as histórias de amor inerentes valem todas as palavras escritas. É
uma esperança para as relações amorosas e mostra-nos a importância de nunca
desistir daquilo que amamos.
Tendo em conta o quanto gostei, aconselho a sua leitura e devo dizer-vos que é
extremamente fácil de ler.

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