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A Passagem Da Consciência Individual Ao Posto de Centro Mimético Da Narrativa' em Clarice Lispector e Hilda Hilst
A Passagem Da Consciência Individual Ao Posto de Centro Mimético Da Narrativa' em Clarice Lispector e Hilda Hilst
São Paulo
2019
Fluxo de consciência, de acordo com Humphrey em seu livro "O Fluxo da
correntes, bem como suas sensações, as quais verbalizará, pois muitas vezes, nem
Consciência Tradicional, mas quando tratamos da não mediação da narrativa por meio
consigo mesma ou, até mesmo, com um interlocutor imaginário, dentro do plano
encadeamento das vozes que se passam em sua psique, numa espécie de transcrição
dos seus pensamentos, através do que Carlos Reis e Ana Cristina M. Lopes
Tratando-se de "A obscena senhora D", de Hilda Hilst, percebemos que esse
que jeito?
você sabe
sangrenta lógica dos dias, nem os rostos que me olham nesta vila
O trecho acima é um exemplo suscinto de como em toda essa obra de Hilda tal
sobrepõe uma sucessão de vozes introspectivas (no fragmento, hora de Hillé, hora de
seu marido, Ehud), em um diálogo interior, já que seu interlocutor já estava, inclusive,
morto naquele tempo. Sob a lente da formalidade, inteligentemente, Hilst quebra com
de vírgulas, bem como as vozes dos interlocutores são alternadas sem quaisquer
aspas, travessões, parágrafos, somente pulando linhas, não coloca nem mesmo letras
de um pensamento desordenado.
monólogos interiores, havendo uma busca por entender a si, ao mundo e a si inserida
nesse mundo e, por isso, ela perpassa por questões sociais, sexuais, do feminino,
sobre Deus, morte, envelhecimento e sobre o "eu". Tendo em vista a técnica utilizada,
fatores externos a Hillé, não são de grande importância, o que vai realmente importar,
Por isso, o livro trabalha com uma grande incerteza, não temos como ter a noção da
entre coisas, memórias sensações, etc., mas, da forma que são apresentados,
busca sem uma conclusão definitiva, Hillé procura entender o físico através do
percebendo que não encontraria respostas no mundo exterior, ela se isola, se confina,
no centro "de alguma coisa que nem sei dar nome", mas, ao mesmo tempo, se afasta
suas personagens também são representadas – no trecho "Por que não chegavam
sensações e vozes.
sua vida e, principalmente, sua relação com a mãe, o que dará margem para expandir
suas reflexões às suas relações familiares. A partir dessa reflexão, realizada sozinha,
no caminho de volta para casa, no fim do conto, ela resolve sair, sem qualquer
explicação, com seu filho, o que representa, de certo modo, o seu isolamento do
mundo, assim como fez Hillé em Hilst, nesse ponto, a focalização, assim como o fluxo
de consciência, que até então a acompanhavam, voltam-se para o seu marido, que
ao ver a partida de sua mulher e seu filho. Seus entes, passam a ser vistos pelos seus
Clarice apoia seu fluxo de consciência em um enredo simples, no caso de "Os laços
da visitante, em que uma freada brusca provoca o toque inesperado das familiares e,
banida. Sabemos sua idade, sua condição de viuvez, os diálogos que teve com seu
marido e algumas situações que viveram, somente através do mergulho que a autora
faz à consciência de Hillé. Parece, até mesmo, que a escrita não conta com um leitor
mas em Lispector, temos um processo ascendente que vai culminar no mais alto nível
de consciência tradicional.
Referências Bibliográficas
HILST, Hilda. "A Obscena Senhora D" São Paulo: Globo, 2001.
JAMES, William. "O Fluxo do Pensamento." In: ___. Pragmatismo e outros textos.
Almedina, 2007.