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Médici (1969-74)
O governo de Médici (1969-74) é considerado o período de maior repressão e
autoritarismo da Ditadura Militar no Brasil. Além disso, a censura dos meios de
comunicação foi acentuada e houve muita tortura contra prisioneiros políticos. De
forma geral os movimentos de oposição eram reprimidos por diversas frentes do
governo militar.
Talvez o acontecimento mais marcante e notório desse governo foi o período
conhecido como o “milagre econômico”. Isso ocorreu porque algumas medidas
econômicas adotadas pelo governo como a restrição ao crédito, o aumento das
tarifas do setor público, a contenção dos salários e direitos trabalhistas, e a
redução da inflação resultaram no crescimento do PIB acima de 10% e
grandes investimentos em infraestrutura. A impressão que se tinha a partir dos
resultados dessas medidas era a de crescimento econômico. Esse “milagre”, no
entanto, era apenas uma farsa, pois deixou uma dívida externa muito grande para
o país, ou seja, na verdade o “milagre econômico” gerou a dependência brasileira Figura 4 Emílio Médici
por empréstimos externos nos anos que seguiram. Consequentemente,
houve um aumento muito significativo da desigualdade de renda. Em DESIGUALDADE SOCIAL
outras palavras, a riqueza se concentrou ainda mais nas mãos dos ricos
e a camada mais pobre da população teve sua situação econômica e O Índice de Gini-que mede a
social ainda mais prejudicada. concentração de renda de um país-
Ainda nesse período, devido ao crescimento da economia e a euforia após alcançou o pior nível da história em
a conquista do tricampeonato mundial de futebol, os militares adotaram 1977, com um valor de 0,62.
campanhas publicitárias nacionalistas, como “Brasil, ame-o ou deixe-
o” ou “Ninguém mais segura esse país”. Talvez você já tenha ouvido falar
delas, não é mesmo?
Em 1973, houve a crise do petróleo no mercado internacional e em 1974 a inflação era de quase 30% ao ano –
chegando a taxa de 242,24% ao final da ditadura. Além disso, os investimentos na economia brasileira caíram,
reduzindo o consumo e a geração de empregos. Como consequência de todos esses problemas, o governo militar
começou a perder apoio.
Em 1971, foi promulgado um decreto que intensificou a censura à imprensa. Além disso, foram criadas instituições
para lutar contra e reprimir grupos de esquerda, como o Departamento de Operações Internas (DOI) e o Centro de
Operação da Defesa Interna (CODI). Estas instituições eram utilizadas como centros de aprisionamento e tortura e
estavam localizados nas principais cidades do Brasil.
Geisel (1974-79)
O início do governo Geisel (1974-79) foi marcado por uma abertura política lenta, gradual e segura. Em outras
palavras, isso significava a transição para um regime democrático, porém, ainda mantendo os grupos de oposição
e movimentos populares afastados dos processos de decisão política. No entanto, o
motivo que impulsionou essa transição foi o desgaste das Forças Armadas após
todos os anos de repressão, violência e restrição à liberdade.
Embora o governo tenha iniciado essa abertura, as violações aos direitos
humanos e repressões violentas continuaram. O caso mais grave ocorrido durante
o governo de Geisel foi a tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
Esse episódio também ocasionou grande comoção popular, mas Geisel não
determinou nenhuma punição para os responsáveis.
A crise econômica também se agravou e em 1978 ocorreu o maior ciclo de greves
da história do Brasil iniciadas por operários metalúrgicos do ABC.
Nesse período, diversos setores da sociedade começaram a se mobilizar e
denunciar as barbaridades e abusos cometidas pelo governo. Dessa forma, o regime
Figura 5 Ernesto Geisel estava se tornando cada vez mais insustentável. Em consequência da pressão da
população e do surgimento de movimentos de oposição ao
regime, em 1978, o presidente anulou diversos decretos-lei,
inclusive o AI 5.
Em relação a investimentos, no governo do Geisel, foram
registrados os mais altos investimentos em infraestrutura e
industrialização desde o início da ditadura militar. Alguns dos
exemplos desses investimentos foram a Transamazônica, a
Ponte Rio-Niterói, as Usinas Nucleares de Angra e a
hidrelétrica de Itaipu. Figura 6 Movimento de oposição ao regime militar
Figueiredo (1979-85)
O governo de Figueiredo (1979-85) durou 6 anos e finalizou o período ditatorial. Em 1979, foi promulgada a Lei de
Anistia. Pouco a pouco, presos políticos foram libertados e os exilados voltaram ao
Brasil.
A Lei da Anistia gerou uma polêmica pois ela excluía os guerrilheiros condenados
por “atos terroristas”, mas incluía os agentes de repressão policial e militar, que
foram os responsáveis por violações aos direitos humanos, como torturas e mortes.
Foi nesse período que houve a criação de novos partidos políticos (muitos desses
existem até hoje). Porém, ao contrário do que provavelmente você está imaginando,
essa abertura do final do regime não era aceita por todos os militares, algumas alas
pretendiam manter o regime. Inclusive, em 1981, houve um ato de terrorismo, no
qual, militares contrários à abertura explodiram uma bomba num centro de
convenções no Rio de Janeiro durante uma comemoração ao dia do trabalho- como
é possível imaginar, neste caso também não houve investigações ou punições.
Figura 7 João Figueiredo
Ao final do mandato de Figueiredo, a população finalmente se mobilizou pela
realização das eleições diretas.