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Anna Laura Cordeiro e Castro

Analisando as matérias jornalísticas “Depois de aumentar renda com


pejotização, classe média sente saudades da CLT”, e, “O controverso
armazém da Amazon no meio da favela”, publicadas pelo jornal Folha
de S. Paulo, fica evidente a clara distopia entre os dois textos.Uma vez
que a matéria que trata de um suposto “aumento de renda”, com a
política PJ, foi publicada apenas alguns dias após o texto que trata da
desigualdade capitalista.

Inicialmente o texto que aborda o suposto aumento de renda deixa claro


, através dos entrevistados, de que público alvo está tratando. Os
valores salariais usados para exemplificar o acréscimo, são superiores
aos salários de muitos brasileiros. A classe social abordada não engloba
a maioria dos trabalhadores do país, que é composto em grande maioria
por pessoas da classe “D” e “E”, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE.

Da mesma forma, o discurso do jornal é de que a Pejotização foi uma


opção, quando na verdade na maioria dos casos a empresa não deu
outra escolha ao trabalhador, como ficou claro na fala do trabalhador
Maurício "Eu queria um aumento de salário e a empresa não topou,
porque iria aumentar os custos dela. Mas ficou acertado que eu abriria a
empresa e prestaria serviços".

Ao longo do texto podemos notar que as novas relações de trabalho


vividas pela classe média no Brasil, trouxeram um novo empecilho para
o trabalhador. Uma vez que a ideia central de ganhar mais abrindo mão
dos seus direitos trabalhistas, se mostra muito cara quando o
trabalhador tem que arcar com seus tributos, como plano de saúde e
seguro de vida.
A matéria que trata da empresa Amazon, localizada em meio a uma
área fragilizada, pode ser um exemplo de como as políticas de
flexibilização trabalhista atuam na realidade. Em “Um relatório especial
da Reuters apontou em abril que os funcionários de um centro de
distribuição da Amazon perto da Cidade do México estavam sendo
forçados a trabalhar mais horas do que o exigido por lei”, fica clara a
real atuação de uma empresa tão rica em um cenário tão pobre e
necessitado.

O investimentos de empresas e relações de trabalho, abordados nos


textos não estão caminhando juntos para contribuir para uma reativação
econômica e um bem-estar dos trabalhadores. O que em maioria
acontece é uma romantização de miséria, em um mundo capitalista, que
como fica claro nas matérias, só está buscando o maior lucro e não
políticas efetivas e práticas ao trabalhador assalariado.

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