João Belchior Marques Goulart (João “Jango” Goulart) nasceu na Cidade de
São Borja, a cidade presidenciável, onde nasceu também Getúlio Vargas.
Estudou no Colégio Anchieta, na capital Porto Alegre, onde investiu em sua carreira futebolística – onde jogou pelo Internacional e, diziam que era bom de bola. Durante sua estada na capital contraiu uma doença “venérea” e acabou por ficar manco, o que acabou com sua carreira no futebol. Aos trancos e barrancos se formou em advocacia, entretanto nunca exerceu a carreira com veemência. Em 1947, ao retornar a São Borgia, concorreu a deputado e venceu a eleição. O que serviu de alicerce para sua vida política, uma vez que teve um ótimo governo, logo depois ascendendo para Deputado Federal. Mais tarde neste mesmo ano lançou a candidatura de Getúlio Vargas, que vence as eleições e volta como um “novo Getúlio” – o Populista, disposto a fazer um governo de reformas. Jango foi alocado para Ministro do Trabalho, e buscou os direitos dos trabalhadores. Cita-se como exemplo o aumento de 100% do salário-mínimo, estabelecido no governo anterior de Getúlio Vargas– o que fez com que fosse visto como inimigo pela UDN e por Carlos Lacerda. O que entende-se desse acontecimento é que a Direita em geral começou a odiá-lo. Jango então foi afastado do governo. Pouco se sabe sobre isso, mas depois do suicídio de Vargas, Jango foi chapa com o JK, onde teve mais que o próprio JK. Isso porque o sistema eleitoral do Brasil era diferente na época e os votos para os cargos de presidente e vice-presidente era separados, isto é, vota-se uma vez para cada posição. Foi a partir desse modelo de eleição que surgiu a chapa Jan-Jan (com Jânio e Jango). Em 61 Jânio renuncia o governo, atribuindo a forças ocultas. Enfim, o que Jânio não imagina é que o governo passaria para o vice. Nessa época, concomitantemente a isso, Jango estava na China e, a última coisa que o Jânio imaginava é que o exército e as forças do país deixariam o governo cair nas mãos do comunista Jango – este que por sua vez não o era. Ao chegar no Brasil assume um “novo governo”, uma vez que para diminuir seus poderes o Brasil se torna um governo parlamentarista, o que faz com que Joao Goulart tivesse menos poder que o primeiro-ministro, que na época era Tancredo Neves (diz-se de passagem, foi o único momento em que o Brasil passou por um governo Parlamentarista). Em 1963, por meio de um plebiscito, decidiu-se, com ampla vantagem, que o Brasil voltaria ao regime presidencialista. Jango assume de fato a presidência e inicia um projeto reformista (cita-se como os mais importantes exemplos as reformas urbana e agrária), onde mais uma vez foi visto como inimigo pela direita que não estava a favor de mudanças na estrutura de poder. E é aqui que entramos de fato no tema: Com o passar dos anos muito se falou sobre o movimento ocorrido em 31 de março de 1964 ou melhor primeiro de abril (sim, a piada já veio pronta). Enfim, duas posturas começaram a ser adotadas: uma primeira contrária, que entende o tal movimento como um Golpe e, uma favorável que considera a mesma ação como uma Revolução liderada pelas forças armadas, em especial o Exército. Uma vez que as palavras possuem significado e, falar de uma coisa implica imparcialidade, isto é, implica em tomar uma parte – o que é diferente de preconceito ou predisposição. Somos obrigados a ponderar então: O que leva algo a ser considerado como Golpe e, dessa forma, o que leva um acontecimento a ser considerado como uma Revolução, isto é, tem alguém certo nessa história de golpe contra revolução, ou se trata de subjetividade? Golpe é entendido como um movimento de origem interna ao aparelho do Estado, assim como foi em 64, quando a alta cúpula do Exército - liderado pelos generais Olímpio Mourão Filho, Castello Branco e Costa e Silva -, depõem João Goulart. Uma revolução é algo que modifica ou altera intensamente a sociedade pré- existente a essa, algo que definitivamente não ocorreu no Brasil com o início da Ditadura Militar. Vamos pontuar: Os símbolos nacionais não se alteraram, todos os militares que assumiram a “presidência” já estavam inseridos no Exército, isto é, há diversos exemplos de indivíduos que estavam no poder antes do período da Ditadura, que permaneceram no poder durante esta e após (cita-se como exemplo Sarney e Roberto Marinho). Conclui-se, portanto, que não houve uma revolução na sociedade brasileira, o que existiu, segundo o historiador Filipe Figueiredo foi “uma ruptura no alto escalão do País, com a tomada do Poder Executivo por um grupo interno ao aparelho de Estado” (Golpe). Outro argumento utilizado pelos favoráveis a revolução é do apoio popular para com a mesma. Admite-se a influência que a chamada “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” exerceu, ademais da posição favorável da mídia e dos grandes empresários da época a favor do golpe e ao afastamento do Jango, no entanto, quem executou a tomada de poder foi o Exército, isto é, tais camadas populares não tiveram participação efetiva no movimento; não há uma imagem similar aos populares invadindo a Bastilha durante a Revolução Francesa. Conclui-se que a partir da consideração entre os parâmetros expostos sobre as diferenças entre golpe de Estado e Revolução, e comparando tais parâmetros com os eventos históricos no Brasil no primeiro semestre de 1964, fica claro que o movimento foi um golpe. Agora que concluímos sobre a existência de um golpe, vamos focar na segunda defesa apresentada de forma a tentar sustentar esse fenômeno- não mais para discutir golpe ou revolução, mas para criar a imagem da legitimidade do movimento: O golpe como uma ação necessária para salvar o destino do Brasil, impedindo Jango de implementar seu plano de transformar o Brasil em uma nova Cuba, isto é, implementar a Ditadura Comunista. A partir da análise da situação entende-se que: para evitar a Ditadura Comunista era necessária adotar uma Ditadura Militar. Ainda mais, a fim de prevenir Jango de quebrar a Constituição e desfazer o Congresso, os militares ignoraram a Constituição e fecharam o Congresso. Apenas sendo expulsos do poder 21 anos depois, em 1985, após um período de repressão, medo e morte. O que Jango fez e que resultou na presunção de uma Ditadura Comunista foram as já citadas reformas e o fato de que ele seguiu uma Política Externa Independente (PEI) - iniciada em 61 por Jânio Quadros- que partia do pressuposto que a relação do Brasil com outros países não deveria seguir ideologias políticas, mas sim interesses comerciais. Seu objetivo era de aproximar-se dos países Africanos, do Bloco Comunista e do Leste Europeu - como Romênia, Hungria, Tchecoslováquia, Polônia - com intuito de expandir os consumidores dos produtos nacionais. Do mesmo jeito, afirmar que em 64 teria de ser feita uma escolha em meio a Guerra-Fria, ou seja, escolher um lado seria necessário para manter o país como aliado dos EUA, o que também se mostra não ser necessário. Como prova observa-se o exemplo a Costa Rica, que apesar de ter seu território muito próximo aos EUA não deixou de ser uma democracia, o México, Israel, Índia... etc.
Referências Bibliográficas, Leitura Consultada e Vídeos
Verbal, Xadrez 1964: Golpe ou Revolução? Era inevitável? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=udGwmBERLhM>. Acesso em 5 de julho de 2021. Bueno, Eduardo João Goulart: Eduardo Bueno Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tegPsBb_8qQ>. Acesso em 5 de julho de 2021. Discurso de João Goulart na China Popular: <https://www.youtube.com/watch? v=FyMf0I1RIu0 >