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NOME DO ALUNO

CLEONICE FÉLIX DE ARAÚJO E SADIMILA


ALVES DA SILVA
DIREITO
PENAL
2020-2 ESTUDO DIRIGIDO
2

ERRO JURÍDICO-PENAL

(Parte 02)
ORIENTAÇÕES:
1. Preencha os tópicos abaixo, utilizando ao menos TRÊS autores diferentes, fazendo as
devidas citações dos mesmos em notas de rodapé, e referindo exemplos esclarecedores.
2. Antes de terminar, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do
presente estudo, e OUTRA questão objetiva sobre um conteúdo específico, identificando, na sua
opinião, quais são as respostas corretas. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE
(e o não envolvimento do nome do Professor.)
3. Ao final, cole pelo menos uma jurisprudência sobre cada o tema tratado, explicando, na
sequência os motivos que o levaram a escolher o julgado e sua relação com a matéria em estudo.
Atentem à formatação exigida para a colagem da jurisprudência.
4. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri,
tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”,
e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em
parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de
0,5cm; contendo as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item
Bibliografia. A única citação direta permitida é a da(s) ementa(s), que devem ter a seguinte
formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo justificado com recuo à direita de
3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. (Coloque na sequência da ementa e entre parênteses, os
dados fundamentais, como no modelo que segue: [Nome do Tribunal destacado em negrito] TJRS.
[Nome do Recurso] HCnº 123234. [Indicaçao do Desembargador Relator] Rel. Des. Fulano de Tal.
[Indicação do órgão julgador] Primeira Câmara Criminal. [Data do julgamento] Julgado em XX-XX-
XXXX. [Indicação da veiculação da publicação do acórdão] DJ de XX-XX-XXXX, p. XXX. Disponível em
(endereço simplificado – www.tjrs.gov.br). Acesso em XX-XX-XXXX). O documento deverá ter
margens de 2,0 cm em todos os lados. Não esqueçam que CADA PONTO DEVE SER SUCEDIDO POR
UMA NOTA DE NOTA DE RODAPÉ COM A REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA UTILIZADA E A
PÁGINA CORRESPONDENTE À IDEIA TRABALHADA, NAS DEVIDAS NORMAS DA ABNT (sugeridas
para a bibliografia).
Bom trabalho!!

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1 DESCRIMINANTES PUTATIVAS

1.1 Conceito

1. Descriminantes são consideradas como causas excludentes de ilicitude e funcionam, portanto,


como forma de exclusão da ilicitude do fato típico.1

2. Descriminantes putativas, no entanto, são aparentes excludentes, pois na verdade não são. É o que
ocorre com o sujeito que, ao se defender do que pensa ser um assalto, mas que na realidade é
apenas um mendigo lhe pedindo esmola, acredita estar agindo amparado por alguma das causas de
justificação, como por exemplo, a excludente de legítima defesa.2

3. Dessa forma, quando a excludente existe apenas na imaginação do agente, este será absolvido por
ter agido em erro plenamente justificado pelas circunstâncias do caso, conforme artigo 20, § 1.º, 1.ª
parte, do Código Penal.3

Portanto, as descriminantes putativas, apesar de ser apenas um equívoco por parte do


agente, podem ser responsáveis por torná-lo isento da pena.

1.2 Espécies

1.2.1 Erro sobre a situação de fato

1. O erro sobre a situação de fato, previsto no artigo 20, § 1º, do Código Penal, é considerado uma
descriminante putativa e ocorre quando há equívoco, por parte do agente, sobre uma circunstância
de fato, que justificaria a prática do delito, isto é, uma causa de exclusão da ilicitude. Assim, as
descriminantes putativas serão um erro sobre a situação de fato quando incidentes sobre
elementares de um tipo permissivo, que tem como espécie a legítima defesa, estado de necessidade,
exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal. Como exemplo, cita-se o caso do
sujeito que se imagina estar na presença dos requisitos da legítima defesa, pois vê um sujeito

1
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 248.
2
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 10ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014. p. 287.
3
JESUS, Damásio de. Direito Penal Parte Geral. 32 Edição, Vol. 01. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. p. 355.
colocando a mão no bolso e pensa que ele vai sacar uma arma para matá-lo, quando na verdade ele
estava pegando outra coisa.4

2. O erro sobre a ilicitude do fato: No erro sobre a ilicitude do fato, o agente deve atuar convencido
de não estar contrariando a norma jurídica. Ocorre quando o erro recai sobre o conhecimento da
norma proibitiva. Exemplo: sujeito que ignora que o adultério é proibido no Brasil, ou ignora que
trocar a fechadura de um imóvel para impedir a entrada do legítimo possuidor é delito. Ignora que
arrancar um pé de “mata-cavalo”, com mais de um metro, é crime.5

3. Descriminar significa absolver, inocentar, isentar, exculpar. Putativo é um adjetivo aplicável àquilo
que aparenta ser verdadeiro, legal e certo, sem o ser. Assim, as descriminantes putativas são aquelas
hipóteses que isentam o agente de pena, em razão da suposição, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, da existência de situação de fato que, se presente, tornaria legítima a ação.
Dessa forma, à vista do teor dos arts. 20, § 1.o, e 21 do Código Penal, três modalidades de erro
poderão ser apontadas nas descriminantes putativas: a) o agente supõe a existência de causa de
exclusão da antijuridicidade que não existe — essa hipótese é de erro de proibição e será apreciada
em capítulo próprio; b) o agente incide em erro sobre os limites da causa de exclusão da
antijuridicidade — essa hipótese também é de erro de proibição e será apreciada em capítulo
próprio; c) o agente incide em erro sobre situação de fato que, se existisse, tornaria legítima a ação
(estado de necessidade putativo, legítima defesa putativa, estrito cumprimento de dever legal
putativo e exercício regular de direito putativo). Essa hipótese é de erro de tipo, daí por que é
denominada erro de tipo permissivo ou descriminante putativa. Cada causa de exclusão da
antijuridicidade mencionada no art. 23 do Código Penal apresenta suas características próprias,
demandando requisitos específicos para sua ocorrência. Assim, se o agente incide em erro sobre a
situação de fato que autoriza a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento de
dever legal e o exercício regular de direito, estará isento de pena, pois se trata de descriminante
putativa.6

Dessa forma, quando o sujeito incorrer em erro de tipo permissivo, estará agindo sob a égide
de uma descriminante putativa.

4
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
5
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 04.
6
ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de direito penal / Ricardo Antonio Andreucci. – 10. ed. rev. E . – São Paulo: Saraiva,
2014, p. 88-89.
1.2.1.1 Evitável (ou vencível ou inescusável) e sua consequência

1. Quando as descriminantes putativas forem um erro de tipo essencial, incidentes sobre


elementares de um tipo permissivo, porém evitável, isentarão o agente apenas do dolo, mas não da
culpa, quando esta estiver prevista no tipo penal em questão.7

2. Evitável (ou vencível ou inescusável) — quando o agente, embora não agindo com dolo, poderia
ter evitado seu erro, caso agisse tomando os cuidados objetivos necessários, ou seja, qualquer outra
pessoa, nas mesmas circunstâncias, poderia evitar e erro —, não existirá o dolo, mas restará a
responsabilização por crime culposo, caso o fato também seja punível a título de culpa. (art. 20, §1º,
CP: “exclui dolo, mas subsiste a culpa, se prevista”), é dizer: o sujeito deve ser condenado pela
modalidade culposa do crime praticado, se existente.8

3. Cuida o art. 20, § 1º, do Código Penal que “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado
pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima”.9

Assim, caso o agente tenha agido sem apresentar a devida cautela que lhe era exigível na
situação, muito embora não tenha tido o dolo de praticar o ilícito, responderá da mesma forma que
ocorre no erro de tipo essencial evitável, somente respondendo pela forma culposa do delito,
quando prevista.

1.2.1.2 Inevitável (ou invencível ou escusável) e sua consequência

1. Quando as descriminantes putativas forem um erro de tipo permissivo inevitável, isentarão o


agente tanto do dolo quanto da culpa, não havendo crime na situação.10

2. Inevitável (ou invencível ou escusável) — quando o sujeito errou, apesar de ter tomado os
cuidados normais exigíveis nas condições em que se achava, ou seja, qualquer outra pessoa, nas
mesmas circunstâncias, também erraria —, o agente não é responsável nem por dolo, nem por culpa
(art. 20, §1º, CP: “exclui dolo e culpa”), ou seja: é absolvido.11

7
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
8
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.
9
CANTARIO. Víctor Vale. O erro sobre descriminantes putativos no ordenamento jurídico brasileiro. V.7, N.1. Jui de Fora:
Revista das Faculdades Integradas Vianna Júnior, 2016.
10
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
11
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.
3. No erro escusável, inevitável ou invencível, qualquer pessoa agiria do mesmo jeito, de modo que
não há possibilidade de punição por crime culposo. Exclui dolo e culpa.12

Portanto, caso o agente tenha agido sem a consciência potencial da ilicitude, sendo impossível
exigir que, na situação em concreto, ele a tivesse, não responderá pelo ilícito, da mesma forma que
ocorre no erro de tipo essencial inevitável.

1.2.2 Erro sobre os limites de uma causa de justificação existente

1. Quando o erro for acerca dos limites de uma causa de justificação existente, estar-se-á diante de
erro de proibição.13

2. Neste sentido, verifica-se que o erro de proibição direto ou ignorância de direito ocorre quando “o
sujeito sabe o que faz, porém não conhece a norma jurídica ou não a conhece bem e a interpreta
mal”, enquanto que, no erro de proibição indireto, o sujeito faz uma “suposição errônea da
existência de causa de exclusão da ilicitude não reconhecida juridicamente”.14

3. Sobre os limites de norma permissiva existente, sendo exemplo à situação em que o sujeito
acredita poder “defender-se”, dias depois da agressão, em legítima defesa, ou mesmo a famigerada
legítima defesa da honra. Estas hipóteses recebem o mesmo tratamento dado ao erro de proibição. 15

Assim, quando o sujeito incorrer em erro de proibição indireto com relação aos limites de
uma causa de justificação existente, estará agindo sob a égide de uma descriminante putativa.

1.2.2.1 Evitável (ou vencível ou inescusável) e sua consequência

1. Se o erro acerca dos limites de uma causa de justificação existente for inevitável, o agente terá a
sua pena reduzida de um sexto a um terço.16

2. Inevitável: quando não for exigível do agente, por suas condições de formação pessoal, que
alcançasse, naquelas circunstâncias, a consciência da proibição, ISENTA DE PENA, é dizer: o sujeito
deve ser absolvido.

12
FILHO, José Nabuco. Erro. Disponível em: <http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
geral/erro/#:~:text=Descriminantes%20putativas-,Art.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo.>, acesso
em: 27 de outubro de 2020.
13
CALLEGARI, André Luís. Teoria Geral do Delito e da Imputação Objetiva. 3 Edição. São Paulo: Editora Atlas, 2014, p. 141.
14
JESUS, Damásio de. Direito Penal Parte Geral. 32 Edição, Vol. 01. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. P. 533.
15
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.
16
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
3. Se vencível, exclui o dolo e o agente poderá responder pelo crime culposo, caso haja previsão
legal.17

Portanto, caso o agente age de forma inconsciente acerca da ilicitude, porém, em condições
em que poderia conhecê-la, terá a diminuição de sua pena, da mesma forma que ocorre no de
proibição direto evitável.

1.2.2.2 Inevitável (ou invencível ou escusável) e sua consequência

1. Se o erro acerca dos limites de uma causa de justificação existente for inevitável, o agente será
isento de pena.18

2. Quando invencível, exclui não só o dolo, mas também toda a responsabilidade penal.19

3. Caso o erro seja inevitável, haverá a isenção de pena, porque há a exclusão de culpabilidade. Em
outras palavras, a conduta não é tida como reprovável, porque o agente não tinha consciência de que
estava cometendo uma conduta proibida.20

Portanto, caso o agente tenha agido ter como saber que estava realizando uma conduta
proibida, não responderá pelo ilícito, da mesma forma que ocorre no erro de proibição direto
inevitável.

1.2.3 Erro sobre a existência de uma causa de justificação não existente

1. Quando o erro for acerca da existência de uma causa de justificação não existente, estar-se-á
diante de erro de proibição. Neste sentido, verifica-se que o erro de proibição direto ou ignorância de
direito ocorre quando “o sujeito sabe o que faz, porém não conhece a norma jurídica ou não a
conhece bem e a interpreta mal”, enquanto que, no erro de proibição indireto, o sujeito faz uma
“suposição errônea da existência de causa de exclusão da ilicitude não reconhecida juridicamente”.
Um exemplo dessa situação seria quando o marido, muito embora conhecendo a ilicitude do fato, ao

17
CANTARIO. Víctor Vale. O erro sobre descriminantes putativos no ordenamento jurídico brasileiro. V.7, N.1. Jui de Fora:
Revista das Faculdades Integradas Vianna Júnior, 2016.
18
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
19
CANTARIO. Víctor Vale. O erro sobre descriminantes putativos no ordenamento jurídico brasileiro. V.7, N.1. Jui de Fora:
Revista das Faculdades Integradas Vianna Júnior, 2016.
20
FILHO, José Nabuco. Erro. Disponível em: <http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
geral/erro/#:~:text=Descriminantes%20putativas-,Art.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo.>, acesso
em: 27 de outubro de 2020.
ser traído, agride sua esposa, acreditando estar diante de exercício regular de um direito,
confundindo-se com relação à existência da excludente.21

2. Sobre a existência de uma norma permissiva não existente, sendo exemplo à situação em que o
sujeito que acredita existir uma norma que justifique a eutanásia, em alguns casos; ou uma norma
que o autorize a bater n própria mulher, etc.22

3. O agente supõe que sua conduta seja criminosa, mas trata-se de conduta atípica, como na
hipótese em que a pessoa pratica adultério, supondo ser crime, ou na do pai que mantém relação
sexual consentida com a filha de 20 anos, supondo que há crime de incesto no Brasil.23

Assim, quando o sujeito incorrer em erro de proibição indireto com relação à existência de
uma causa de justificação não existente, estará agindo sob a égide de uma descriminante putativa.

1.2.3.1 Evitável (ou vencível ou inescusável) e sua consequência

1. Se o erro acerca da existência de uma causa de justificação existente for inevitável, o agente terá a
sua pena reduzida de um sexto a um terço.24

2. Evitável: quando for exigível do agente, por suas condições de formação pessoal, que alcançasse,
naquelas circunstâncias, a consciência da proibição (Parágrafo único do art. 21), REDUZ A PENA, de
1/6 a 1/3.25

3. Caso o erro seja evitável, se “era possível atingir a consciência” (art. 21, parágrafo único, CP), a
pena será diminuída de 1/6 a 1/3. Nesse caso há a diminuição da reprovabilidade.26
Portanto, caso o agente age de forma inconsciente acerca da ilicitude, porém, em condições
em que poderia conhecê-la, terá a diminuição de sua pena, da mesma forma que ocorre no de
proibição direto evitável.

21
ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Parte Geral. 8 Edição, Vol. 1. São Paulo: Editora Saraiva
Jur., 2019. p. 463.
22
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.
23
FILHO, José Nabuco. Erro. Disponível em: <http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
geral/erro/#:~:text=Descriminantes%20putativas-,Art.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo.>, acesso
em: 27 de outubro de 2020.
24
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
25
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.
26
FILHO, José Nabuco. Erro. Disponível em: <http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
geral/erro/#:~:text=Descriminantes%20putativas-,Art.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo.>, acesso
em: 27 de outubro de 2020.
1.2.3.2 Inevitável (ou invencível ou escusável) e sua consequência

1. Se o erro acerca da existência de uma causa de justificação existente for inevitável, o agente será
isento de pena.27

2. Inevitável: quando não for exigível do agente, por suas condições de formação pessoal, que
alcançasse, naquelas circunstâncias, a consciência da proibição, ISENTA DE PENA, é dizer: o sujeito
deve ser absolvido.28

3. Art. 21 – O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável,


isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço Parágrafo único – Considera-se
evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era
possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Como se vê, o art. 21 começa por dizer
que desconhecer a lei é inescusável, não torna a ação legítima, nem isenta de pena o agente.
Contudo, o erro sobre a ilicitude do fato isenta de pena. O conhecimento sobre a ilicitude do fato
deriva da cultura. Desde cedo, aprendemos na sociedade que não é permitido subtrair a coisa alheia,
agredir as pessoas, ofendê-las etc. A criança na idade pré-escolar que pega um brinquedo de seu
amiguinho é repreendido severamente. Contudo, há certos comportamentos que são proibidos, mas
determinada pessoa pode não ter a consciência de que aquela conduta é proibida, por não ter
aprendido isso socialmente. Falta-lhe a chamada “consciência profana do injusto”, que é
basicamente a falta de conhecimento cultural do injusto.29

Portanto, caso o agente tenha agido ter como saber que estava realizando uma conduta
proibida, não responderá pelo ilícito, da mesma forma que ocorre no erro de proibição direto
inevitável.

27
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011, p. 251.
28
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.
29
FILHO, José Nabuco. Erro. Disponível em: <http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-
geral/erro/#:~:text=Descriminantes%20putativas-,Art.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo.>, acesso
em: 27 de outubro de 2020.
2 QUESTÕES

2.1 QUESTÃO SOBRE TODO O CONTEÚDO

1) Com relação às espécies de descriminantes putativas, assinale a afirmativa incorreta: Resposta em


negrito.

a) as descriminantes putativas serão um erro sobre a situação de fato quando incidentes sobre
elementares de um tipo permissivo;

b) quando o erro for acerca dos limites ou da existência de uma causa de justificação existente, estar-
se-á diante de erro de proibição;

c) toda espécie de descriminante putativa é considerada como erro de proibição, seja a que ocorra
sobre os pressupostos fáticos ou sobre o alcance ou limites da norma;

d) as descriminantes putativas são consideradas como aparentes causas excludentes de ilicitude, que
na verdade não são.

2.2 QUESTÃO SOBRE CADA CONTEÚDO ESPECÍFICO

2) Com relação às consequências das descriminantes putativas, assinale a afirmativa incorreta:

a) se as descriminantes putativas forem um erro de tipo permissivo inevitável, isentarão o agente


tanto do dolo quanto da culpa, não havendo crime na situação;

b) se o erro acerca da existência de uma causa de justificação existente for inevitável, o agente terá
a sua pena excluída;

c) se o erro acerca dos limites de uma causa de justificação existente for inevitável, o agente terá a
sua pena reduzida de um sexto a um terço;

d) quando as descriminantes putativas forem um erro de tipo essencial, incidentes sobre elementares
de um tipo permissivo, porém evitável, isentarão o agente apenas do dolo, mas não da culpa, quando
esta estiver prevista no tipo penal em questão.
3 JURISPRUDÊNCIAS INTERESSANTES
Ementa: APELAÇÃO CRIME. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO COM
NUMERAÇÃO SUPRIMIDA. ART. 16, PARAGRÁFO ÚNICO, INC. IV, DA LEI N°
10.826/03. PROVAS SUFICIENTES. ESTADO DE NECESSIDADE. MERA SITUAÇÃO
DE INSEGURANÇA PESSOAL. ERRO DE PROIBIÇÃO E ERRO DE TIPO.
PRESSUPOSTOS NÃO VERIFICADOS. DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO
PREVISTO NO ART. 14, DA LEI. IMPOSSIBILIDADE. NUMERAÇÃO SUPRIMIDA. I –
Excludente de ilicitude do estado de necessidade não caracterizada. A mera
insegurança não autoriza o indivíduo a se armar, sob pena de tornar sem efeito
o Estatuto do Desarmamento. O réu disse que sabia da proibição de sua
conduta e não descreveu qualquer situação a que estava (ou que imaginava
estar) submetido no momento em que se apossou da arma. Assim, não há
como reconhecer a existência de erro por descriminante putativa, pois não agiu
em erro de fato; ao contrário, ele tinha a plena consciência da realidade e não
havia qualquer situação apta a tornar lícita a conduta criminosa. Precedentes. II
– Inviável a desclassificação para o delito do art. 14, da Lei nº 10.826/03,
porquanto a arma de fogo apresentava o seu número de série suprimido. O
Estatuto do Desarmamento equiparou as armas de fogo com numeração
suprimida ou adulterada àquelas de uso restrito. APELO DEFENSIVO
DESPROVIDO.(Apelação Criminal, Nº 70082647017, Quarta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rogerio Gesta Leal, Julgado em: 07-11-
30
2019)

Na jurisprudência acima, percebe-se que o erro por descriminante putativa não restou
caracterizado, visto que o agente afirmou ter total consciência acerca da norma proibitiva existente
em torno de sua conduta de portar uma arma ilegalmente, não descrevendo qualquer situação que
caracterizasse a presença de uma excludente de ilicitude, motivo pelo qual será condenado pela sua
conduta criminosa de porte ilegal de arma de fogo com numeração suprimida.

30
TJRS. Apelação Criminal nº 70082647017. Rel. Des. Rogerio Gesta Leal. Quarta Câmara Criminal. Julgado em 07-11-2019.
Disponível em www.tjrs.gov.br). Acesso em 25-10-2020).
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CALLEGARI, André Luís. Teoria Geral do Delito e da Imputação Objetiva. 3 Edição. São Paulo: Editora
Atlas, 2014, p. 141.

CANTARIO. Víctor Vale. O erro sobre descriminantes putativos no ordenamento jurídico brasileiro.
V.7, N.1. Jui de Fora: Revista das Faculdades Integradas Vianna Júnior, 2016. Disponível em <
file:///C:/Users/User/Downloads/184-Texto%20do%20artigo-334-1-10-20171108%20(2).pdf>, acesso
em 26 de outubro de 2020.

CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal Parte Geral. 15ª Edição. São Paulo: Editora Saraiva, 2011.

ESTEFAM, André; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Parte Geral. 8 Edição, Vol. 1. São
Paulo: Editora Saraiva Jur., 2019.
FAYET. Fábio Agne. Notas iniciais sobre o erro. Material de Direito Penal II, 2018, p. 05.

FILHO, José Nabuco. Erro. <http://josenabucofilho.com.br/home/direito-penal/parte-


geral/erro/#:~:text=Descriminantes%20putativas-
,Art.,%C3%A9%20pun%C3%ADvel%20como%20crime%20culposo.>, acesso em: 27 de outubro de
2020.

JESUS, Damásio de. Direito Penal Parte Geral. 32 Edição, Vol. 01. São Paulo: Editora Saraiva, 2011.

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal. 10ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Forense,
2014. p. 287.

TJRS. Apelação Criminal nº 70082647017. Rel. Des. Rogerio Gesta Leal. Quarta Câmara Criminal.
Julgado em 07-11-2019. Disponível em www.tjrs.gov.br). Acesso em 25-10-2020).

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