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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

LATO SENSU EM CONTROLADORIA

Orçamento Empresarial

Prof. Lincoln Marcellos

1
1ª edição
E-book (2020)

CENTRO UNIVERSITÁRIO ÁLVARES PENTEADO - FECAP


Marcellos, Lincoln
M314i
Orçamento empresarial: Módulo 1: Introdução ao conteúdo de
orçamento empresarial/ Lincoln Marcellos. - - São Paulo, SP: Centro
Universitário Álvares Penteado - FECAP, 2020.

640 Kb ; PDF ; il. color.


Inclui bibliografia

E-book, no formato PDF.

1. Orçamento nas empresas. 2. Planejamento empresarial. 3.


Contabilidade gerencial. I. Título.

CDD: 658.154

Bibliotecária responsável: Iruama de O. da Silva, CRB-8/10268.

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610)
MÓDULO 1
Introdução ao conteúdo de Orçamento Empresarial

Sumário

Apresentação .................................................................................................................... 3
1. A necessidade do orçamento empresarial ...................................................................... 3
2. Compreendendo a estrutura de um orçamento empresarial........................................... 5
3 Tipos de orçamentos empresariais .................................................................................. 9
4. Organização e responsabilização pelo desenvolvimento do Plano Orçamentário .......... 16
5. Especificidades a serem consideradas para a elaboração do orçamento ....................... 17
6. Elementos componentes de um plano orçamentário .................................................... 19
7. Considerações Finais .................................................................................................... 21
Referências bibliográficas ................................................................................................ 22

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MÓDULO 1
Introdução ao conteúdo de Orçamento Empresarial

Apresentação

Bem-vindo ao módulo 1 da disciplina de Orçamento Empresarial!

Sabemos que para a consolidação de seu negócio empresarial, é imprescindível que o profissional da
controladoria e de gestão tenha condições de avaliar a capacidade de prévio gerenciamento de custos,
despesas e receitas.

O objetivo deste módulo de estudo é apresentar um conjunto de informações sobre as melhores


práticas e usos que possam ser adotados pelas empresas para o desenvolvimento de um orçamento
empresarial.

Boa leitura!

1. A necessidade do orçamento empresarial

O uso correto do orçamento empresarial pode trazer diversos benefícios ao planejamento de uma
empresa, pois estabelece dentro de um prazo e de uma estrutura confiável uma configuração próxima
ao que se deseja em uma situação futura. A partir do desenvolvimento do orçamento, é possível pensar
em uma complexidade de ações que envolvam desde a gestão de pessoas, passando pela gestão
patrimonial, de processos, pelo marketing, até mesmo alcançando suprimentos e atividades vinculadas
a um outsourcing.

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Muitas empresas de pequeno e médio porte não adotam o desenvolvimento deste paradigma como
referência para as respectivas tomadas de decisões, assumem o risco iminente de não prever ou
antecipar resultados operacionais e financeiros futuros, colocando em risco a atividade e a consecução
de seu objeto social. A variação do ambiente, assim como de outros fatores econômicos, pode fazer
com que tais gestores possam ganhar agilidade e potencialidade para as respectivas decisões frente
aos eventos intempestivos.

Não deixe de ler!

Padoveze é o autor da obra Orçamento empresarial, importante referência para


quem quer conhecer os conceitos e planos orçamentários, tanto operacionais,
quanto estratégicos. Para este autor, o orçamento empresarial consiste em um
conjunto de informações, previsões e processos elaborados com base em séries
históricas de informações sobre acontecimentos do passado, que envolvem atributos
internos da empresa e aspectos ambientais que estejam vinculados a esta atividade.
O desenvolvimento do orçamento empresarial permite que o gestor tenha
elementos de previsibilidade para operar seu negócio.

Figura 1 – Desenvolvimento do orçamento empresarial

Orçamento Empresarial

Séries históricas

Verificação dos aspectos


ambientais que estejam
vinculados a esta atividade
Verificação de atributos
internos da empresa

Fonte: autor.

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O orçamento da empresa, assim como os pressupostos utilizados para seu desenvolvimento, deve
estar associado ao planejamento estratégico da entidade, pensado a partir da missão da empresa e
dos objetivos e metas previamente delineadas por seus dirigentes, colaboradores e stakeholders.

Alguns orçamentos empresariais podem assumir um caráter um pouco mais pragmático, oferecendo
possibilidade mais rígida para a divulgação dos valores demonstrados, assim como da metodologia
para seu desenvolvimento do mesmo. Outros orçamentos assumem caráter mais flexível, desde a
metodologia utilizada para desenvolver a apresentação dos valores, até mesmo para a efetiva
consecução do disposto numérico contido no instrumento (PADOVEZE, 2012).

2. Compreendendo a estrutura de um orçamento empresarial

Devemos compreender que o orçamento é um instrumento e uma ferramenta para que possamos
decidir o volume de dinheiro que iremos gastar em um determinado momento do tempo e o volume
de dinheiro que estamos propensos a obter no futuro. O orçamento é um instrumento que possibilita
implementar um plano de ação previamente concebido para suportar todos os ônus e possibilidades
que a organização vier a ter.

Para iniciarmos a tarefa para a compreensão da estrutura do orçamento empresarial precisamos


entender que três etapas são imprescindíveis para sua consecução, sendo elas: planejamento,
execução e o controle. A última etapa, em realidade, corresponde ao objetivo o qual se quer alcançar
a partir da implementação do orçamento, que é a lucratividade (PADOVEZE, 2012).

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Figura 2 – Etapas para a consecução do orçamento empresarial.

Alcance de
Planjamento Execução Controle
lucratividade

Fonte: autor.

Para que seja um instrumento confiável para a tomada de decisão empresarial, o orçamento necessita
ser planejado, pois precisa ser pensado previamente de acordo com a natureza e as variáveis
ambientais que influenciam os processos internos e externos da entidade; precisa ser executado, pois
não é somente uma filosofia de pensamento, mas é um plano de ação que necessita ser implementado
de acordo com prévia programação; e precisa ser controlado, havendo por base a premissa da
existência de um plano orçamentário a ser verificado pela área da controladoria da empresa, como
veremos mais adiante.

O objetivo do Plano orçamentário pode ser melhor compreendido nas palavras de Corbari e Macedo
(2012):

Os planejamentos detalhados das operações das atividades da empresa –


suportados por um criterioso orçamento empresarial – constituem uma
ferramenta importante para direcionar os rumos das organizações. O
produto final obtido por essa técnica consiste em um plano que busca definir
a previsão de resultados operacionais esperados para o período orçado,
diagnosticando, inclusive, os problemas decorrentes de algumas decisões.

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Nesse contexto, para alcançar as metas da organização, é imprescindível um
planejamento criterioso de todas as ações que resultarão em receitas e
gastos futuros, visto que um orçamento traça um curso para a empresa,
delineando seus planos em termos financeiros (CORBARI e MACEDO, 2012).

Para elaborarmos nosso orçamento empresarial também precisamos analisar os elementos essenciais
para que este possa ser constituído, sem os quais sua elaboração restará prejudicada por não atender
quesitos para a previsibilidade e austeridade na utilização deste instrumento. O orçamento não pode
ser advindo de uma conversa informal entre gestores, deve ter base contábil, respeitar o plano de
contas e os centros de custos da entidade, deve compreender o período de 12 (doze) meses para o
ano completo e consolidar todas as informações geradas pelas demonstrações financeiras básicas da
entidade (PADOVEZE, 2012; LUZ, 2015).

Figura 3 – Elementos essenciais para a construção do orçamento.

Deve ser formal

Respeitar de forma rígida a estrutura contábil do plano de contas

Compreender o ano em um período de 12 meses

Consolidar as demonstrações financeiras básicas

Fonte: autor.

Podemos refletir sobre algumas vantagens a serem obtidas a partir da utilização do orçamento
empresarial, sendo elas: auxílio aos gestores que conhecerão as áreas e os setores específicos de cada
empresa, auxílio na execução do plano orçamentário de acordo com as políticas de cada
departamento, auxílio no controle e na análise dos resultados financeiros e operacionais da entidade,
e auxílio no planejamento de médio e longo prazo para alcançar novos objetivos mercadológicos e
antecipar possíveis adversidades advindas de oscilações no processo interno e das variáveis ambientais
externas.
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De acordo com Padoveze (2012), o plano orçamentário é um instrumento de controladoria e
representa um conjunto de medidas, procedimentos e averiguações as quais demonstrem em tempo
a programação que uma empresa irá utilizar para executar seus dispêndios e obter suas receitas. Para
tanto, algumas etapas podem ser contempladas para a elaboração de um plano adequado, tais quais:

1) Elaboração prévia da missão e dos objetivos da entidade;


2) Projeção de cenários, havendo por mínimo três tipos (otimista, pessimista e provável);
3) Pensar no orçamento de acordo com a limitação existente de recursos;
4) Desenvolver os orçamentos complementares (com gestão de pessoas, vendas, entre outros)
tomando por base os recursos limitados;
5) Desenvolver o orçamento-mestre;
6) Controlar os resultados reais obtidos a partir dos resultados identificados pelo orçamento-
mestre e anotar as possíveis variações entre o que foi orçado e o que foi realizado; e
7) Revisar periodicamente o orçamento-mestre e os orçamentos secundários com o objetivo de
incorporar as variações detectadas.

Figura 4 – Etapas a serem consideradas para a elaboração de um plano orçamentário.

Elaboração prévia da missão e dos objetivos

Projeção de cenários

Pensar no orçamento de acordo com a limitação de recursos

Desenvolver os orçamentos complementares

Desenvolver o orçamento-mestre

Controlar os resultados reais obtidos a partir dos resultados identificados pelo orçamento-mestre

Revisar periodicamente o orçamento-mestre e os orçamentos secundários

Fonte: autor.

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Determinados softwares de planejamento orçamentário oferecem soluções para que seja elaborado
um plano orçamentário que contemple as informações contábeis a serem alimentadas, comparando
em segundo momento as informações preliminares com as variações verificadas posteriormente em
relação ao orçado.

Alguns destes softwares são módulos de um sistema mais complexo denominado Enterprise Resource
Planning – ERP, comunicando os dados e as variações obtidas com outros nichos ou módulos os quais
repercutem em relatórios gerenciais o quanto o viés foi significativo para o resultado de cada centro
de custo, entre outras possibilidades.

3 Tipos de orçamentos empresariais

Apresentaremos neste tópico os principais tipos de orçamentos empresariais, a evolução passa do


estilo tipicamente estático (com origem no sistema anglo-saxão) para um orçamento flexível e para
um orçamento ajustado (bases utilizadas também nos sistemas atuais).

Os tipos de orçamentos empresariais a serem apresentados foram desenvolvidos com base em


Padoveze (2012) e Luz (2015). De acordo com os autores, a cultura organizacional, assim como o
planejamento estratégico da empresa, tem grande contribuição para a definição dos orçamentos,
conforme veremos adiante:

a) Orçamento estático (tipo budget)

Este orçamento é o convencional e usualmente utilizado pelas organizações. A premissa para seu
desenvolvimento é que seja definida previamente uma escala de vendas a ser considerada, este
volume de vendas estático determinará a configuração de todo o orçamento do período. Os elementos
considerados neste modelo precisam ser estáticos, imutáveis, para que não haja alterações
significativas em momento posterior.

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b) Orçamento ajustado (tipo forecast)

Este tipo de orçamento admite variações em relação ao orçamento original desenvolvido; variáveis
contingenciais como escassez, crise em setores externos, fatos fortuitos ou de força maior, que podem
ser significativos e causar um viés na organização, configurando a necessidade de ajuste em momento.

Algumas das situações anteriormente destacadas podem comprometer o volume de vendas da


empresa e reduzir significativamente a programação de recebíveis futuros, até mesmo a liquidez de
momento para honrar compromissos imediatos, razão pela qual pode ser adotada a revisão (forecast).
As empresas podem adotar este mecanismo levando em consideração variações internas ou externas,
ou em conjunto, não obstante estas variações devem ser consideráveis para provocar a mutação do
plano orçamentário original.

De acordo com levantamento em pesquisas, não existem relatos da periodicidade ou da


tempestividade adequada para provocar o ajuste no orçamento original, a única regra relevante é que
o ajuste seja efetivado para algo que seja significativo e provocará alterações sensíveis na organização
do plano orçamentário da empresa considerada.

Quadro 1– Apresentação da progressão em budget e em forecast de um orçamento em Reais (R$).

Período considerado em meses Budget Realizado Variação Forecast


(Orçamento de receitas)
Janeiro 1.000 1.200 200 1.200
Fevereiro 1.500 1.700 200 1.700
Março 1.500 1.300 (200) 1.300
Abril 1.400 1.400 0 1.400
Maio 1.500 0 0 1.500
Variação contemplada até o mês 200
corrente (ref. Maio)

Fonte: autor.

*O quadro demonstra a diferença entre um orçamento do tipo budget e do tipo forecast em relação
ao que efetivamente fora realizado, inclusive com a variação potencial entre os orçamentos
identificados.

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Gráfico 1 – Apresentação da progressão budget x forecast em reais (R$).

Progressão Budget x Forecast


1.800
1.600
1.400
1.200
1.000
800
600
400
200
0
Janeiro Fevereiro Março Abril Maio

Budget Forecast

Fonte: autor.

*O gráfico demonstra a diferença entre um orçamento do tipo budget e do tipo forecast em relação à
progressão durante o período orçado.

c) Orçamento flexível

Este tipo de orçamento considera que o plano orçamentário possa ser alterado não somente
considerando a modificação de variáveis importantes, sejam externas ou internas, mas simplesmente
diagnosticada a variação na previsão de vendas da entidade. A alteração no volume de vendas provoca
uma reação em cadeia, necessitando alterar as receitas previsíveis, os custos e todos os demais
dispêndios a serem considerados no período.

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Quadro 2 – Apresentação da progressão de um orçamento flexível.

Período considerado em meses (Orçamento Variação da Demanda Receita Custo


de receitas) (itens) (R$) (R$)

Janeiro 1.000 2.000 200


Fevereiro 1.200 2.400 240
Variação (+/-) 20% 20% 20%

Fonte: autor.

*O exemplo acima demonstra a alteração de performance da receita e do custeio de uma entidade


com base na alteração da demanda, esta alteração pode proporcionar uma variação proporcional ou
não de acordo com a atividade da entidade.

É importante salientar que neste tipo de orçamento a entidade deve diferenciar de modo inequívoco
todos os custos fixos dos custos variáveis. Os custos fixos não podem sofrer alteração conforme a
variação na previsão de vendas, diferentemente dos custos variáveis, que receberão tratamento
orçamentário totalmente flexível.

d) Orçamento de previsão contínua (tipo rolling)

O orçamento de previsão contínua tem por objetivo fracionar a apresentação de um plano


orçamentário configurado para a base anual em pequenas repartições, as quais podem representar
um semestre, um trimestre ou até mesmo um mês. Concebemos que, na aplicação do orçamento do
tipo rolling budget, a partir do momento que pequenos períodos sejam superados no plano
orçamentário novos períodos são contemplados e tomam o respectivo lugar.

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Quadro 3 – Progressão de períodos considerando o tipo rolling budget

Ano 1 Ano 2
Q1 Q2 Q3 Q1 Q1 Q2 Q3 Q4
Budget inicial
Rolling - Ano 1 - Q2
Rolling - Ano 1 - Q3
Rolling - Ano 1 - Q4
Rolling - Ano 2 - Q1

Fonte: autor.

Por exemplo, se um orçamento do mês de março de um ano corrente X1 for superado, um novo plano
orçamentário deverá ser desenvolvido para o mês de março relativo ao ano vindouro X2. O princípio
para a aplicação deste modelo guarda correspondência com a manutenção de um plano orçamentário
que preserve sempre o mesmo período total, ou no caso específico, que preserve sempre um plano
orçamentário que contemple 12 meses.

O orçamento de previsão contínua do tipo rolling forecast tem como premissa trabalhar com revisões
e ajustes periódicos e rotineiros por força das contingências identificadas durante o desenvolvimento
dos trabalhos. Os valores podem ser alterados de forma dinâmica e o modelo não admite viés estático
em sua aplicabilidade.

Figura 5- Orçamento de previsão contínua do tipo Rolling budget e Rolling forecast.

Orçamento de previsão contínua

Rolling budget Rolling forecast


Sistema de ajuste que analisa um novo pequeno
Sistema de ajuste periódico e constante
período a partir da superação do período correlato
orçamentário
anterior

Fonte: autor.

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e) Orçamento de tendências

Este tipo de orçamento peculiar utiliza séries históricas obtidas a partir de dados anteriormente
coletados pela entidade para projetar valores futuros a serem consignados no novo plano
orçamentário desenvolvido. Com o orçamento de tendências, as organizações podem estruturar
planos orçamentários futuros a partir de referências passadas que sejam harmônicas quanto à
progressão quantitativa.

Alguns métodos para projeção são passíveis de serem utilizados na forma quantitativa, como a
regressão linear, a regressão exponencial, e até mesmo a média com desvio padrão amostral.

Figura 6 – Orçamento de tendências e metodologias utilizadas.

Tendência de progressão com pequenas


oscilações negativas e positivas no tempo
(Método da média com desvio padrão amostral)

Tendência de progressão positiva linear


(Método da regressão linear)

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Tendência de progressão positiva exponencial
(Método da regressão exponencial)

Fonte: autor.

Saiba mais sobre Técnicas de previsão qualitativa!

Também podemos considerar relevantes as técnicas de previsão qualitativa; se


você ainda não conhece os métodos para projeção, não deixe de ler o artigo
Técnicas Qualitativas de Previsão de Demanda: um Estudo Multicasos com
Empresas do Ramo de Alimentos, de autoria de Marta Rossetto, Moacir Francisco
Deimling, Antonio Zanin, Márcio da Paixão Rodrigues e Anselmo Rocha Neto,
disponível em <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos11/55814697.pdf>,
acessado em 22 de janeiro de 2018.

No entanto, o orçamento de tendências não tem como ser concebido caso o gestor desenvolva o
orçamento de base-zero, pois este tipo de orçamento requer que o plano orçamentário seja
desenvolvido a partir de uma “base zero”, independente dos elementos aprovados em anos
anteriores.

Estas metodologias estatísticas são utilizadas por muitas empresas para trabalhar com tendências
futuras e com base em uma projeção poder antecipar valores integrais relativos a um ano completo,
ou até mesmo parciais, relativos a períodos específicos. Alguns softwares conhecidos no mercado
permitem a projeção com comandos e funções relativamente simples gerando resultados, os quais
podem facilmente ser vinculados ao plano orçamentário desenvolvido.

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4. Organização e responsabilização pelo desenvolvimento
do Plano Orçamentário

O orçamento empresarial é um instrumento que deve ser contemplado e planejado por toda a
organização, envolvendo todas as áreas da empresa e diversos profissionais para sua consecução.
Entende-se, a partir deste princípio, que alguns profissionais estejam aptos a coordenar e direcionar
esta metodologia, sendo este o profissional de finanças ou de controladoria.

Uma das maiores preocupações nas empresas é designar ou discriminar o responsável – ou o setor
responsável - pela condução do desenvolvimento do plano orçamentário. A condução dos trabalhos
para a elaboração do orçamento depende de profissionais com vivência e experimentação que
permitam utilizar as melhores práticas e técnicas para a utilização do instrumental e elaboração das
peças componentes de um processo de planejamento e consolidação orçamentária.

Este profissional necessita ter conhecimento amplo de todas as técnicas orçamentárias e dos métodos
de captação e consolidação dos números que serão apresentados no plano orçamentário, conforme
visto anteriormente. Cabe ao profissional de controladoria o acompanhamento e o alinhamento de
tais técnicas para o efetivo planejamento e para a consolidação dos dados a serem apresentados.

De acordo com Padovese e Taranto (2009), o setor de controladoria é o responsável pelo


acompanhamento do desenvolvimento do orçamento, que deve ser elaborado com base no sistema
de contabilidade geral ou societária. Em uma entidade, a controladoria é encarregada de verificar o
valor realizado obtido pelo sistema de contabilidade geral, razão pela qual consegue empreender
esforços para realizar a análise do valor orçado face ao valor realizado em tempo oportuno.

Em algumas empresas o setor de finanças é o responsável pelo acompanhamento do orçamento, pois


acaba por ser também o responsável pelo planejamento financeiro de curto e longo prazo, além do
controle de dispêndios. Tal responsabilidade pode vincular este setor a acompanhar o valor realizado
e orçado durante um período de tempo, contemplado pelo plano orçamentário (PADOVEZE; TARANTO,
2009).

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Figura 7 – Responsabilidade pelo desenvolvimento e acompanhamento do Plano Orçamentário.

Reponsabilidade pelo
desenvolvimento e
acompanhamento do
Orçamento

Controladoria Setor de Finanças

Fonte: autor.

É recomendável à entidade que, além de manter um setor de controladoria responsável pelo


orçamento empresarial, também crie um comitê orçamentário que oriente e estabeleça princípios,
protocolos e metas para que o planejamento estratégico e os objetivos sociais da entidade sejam
contemplados.

Podem fazer parte deste comitê membros da controladoria, diretores dos principais setores da
entidade e demais stakeholders com vínculo efetivo com a consecução do plano orçamentário e com
o efetivo acompanhamento deste para alcançar os objetivos operacionais, táticos e estratégicos da
entidade.

5. Especificidades a serem consideradas


para a elaboração do orçamento

O momento para o início da elaboração do orçamento empresarial deve considerar o tamanho da


entidade, o número de funcionários, e até mesmo a disposição de sua matriz internacional em relação
às filiais regionais. Por vezes trabalhar o início do orçamento empresarial para o mês de fevereiro e
março pode ser um importante fator de destaque e eficiência (PADOVEZE, 2012).

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O processo de desenvolvimento de um orçamento empresarial pode necessitar de esforços para
trabalhar com unidades monetárias em conjunto, o que exige uma maior atenção e destreza para sua
elaboração. Considerando uma empresa da China que tenha sua filial no Brasil e processos integrados
nos Estados Unidos, esta deverá empreender esforços para que seu orçamento esteja adequado à
moeda Dólar, ao Real brasileiro e ao Yuan chinês (LUZ, 2015).

Por vezes a consolidação de informações no orçamento empresarial não fica restrita a uma filial, mas
ao conjunto de filiais junto à matriz da empresa. Neste caso, o esforço empreendido deve ser adicional
para que todas as informações necessárias sejam consolidadas no menor tempo possível, pois a
elaboração tardia de um orçamento pode comprometer o planejamento empresarial e impedir que o
gestor tenha mecanismos para avaliar se os dispêndios e os recursos realmente têm amparo e
necessidade de serem empregados.

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6. Elementos componentes de um plano orçamentário

Preliminarmente é essencial que a entidade elabore cenários em âmbito estratégico e considerando


variáveis macroeconômicas para que possa prever o comportamento das contas de dispêndios e de
receita em momento futuro. Estas variáveis podem estar associadas a uma conjuntura tipicamente
regional ou internacional, conforme domínio e representatividade concernente à entidade observada
(LUZ, 2015).

Figura 8 – Elaboração de cenários e variáveis impactantes

Provável
Elaboração de
cenários

Otimista

Pessimista

Taxa básica de Desemprego no Crestimento Crescimento do


Taxa de câmbio Juros nominais
juros país econômico setor

Fonte: autor.

Após o estabelecimento do cenário, passamos à fase de elaboração dos principais orçamentos, sendo
eles: o operacional e o de investimentos e financiamentos.

O orçamento operacional deverá demonstrar as receitas e despesas operacionais da entidade,


apurando em momento prévio o lucro operacional a ser aferido durante o período contemplado.

O orçamento de investimentos e financiamentos deverá demonstrar os investimentos (diretos) a


serem realizados e como serão obtidos novos recursos para manter a progressão dos investimentos e
a manutenção do capital de giro a ser considerado para o período contemplado.

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O orçamento de investimentos e de financiamentos também podem ser visualizados de forma distinta,
de acordo com Corbari e Macedo (2012, p. 145):

O orçamento de investimento refere-se ao orçamento de aquisição de bens


de capital para que a empresa possa desenvolver suas atividades
operacionais – por isso ele está ligado diretamente ao orçamento
operacional. Está ligado, também, ao orçamento de financiamento, pois os
investimentos em ativos fixos poderão necessitar de financiamentos
externos.
O orçamento de financiamento diz respeito ao orçamento de fontes de
recursos externos de que a empresa necessitará para que possa investir em
bens de capital na atividade operacional, e é por isso que ele está relacionado
tanto ao orçamento de investimento quanto ao orçamento operacional.

Podemos considerar que desta forma o orçamento de investimento está vinculado à aquisição de bens
de capital, enquanto o orçamento de financiamento às fontes de recursos externos das quais a
entidade precisará para que possa desenvolver suas atividades operacionais. Por fim, os dados
consolidados estarão vinculados à projeção das demonstrações contábeis de resultado e do balanço
patrimonial da entidade.

Figura 9 – Sugestão de estrutura para o orçamento operacional

Orçamento
operacional

Orçamento de
Orçamento de
despesas
estoques
departamentais

Orçamento de
Orçamento de Orçamento de Orçamento de
aquisição de
vendas Produção compras
materiais

Fonte: autor.

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Figura 10 – Sugestão de estrutura para o orçamento de investimentos e financiamentos

Orçamento de
investimento e
financiamento

Orçamento de Orçamento de Orçamento de Orçamento de


investimento depreciação financiamento mídia

Fonte: autor.

7. Considerações Finais

O nosso aprendizado foi grande neste módulo, conseguimos compreender a importância do


orçamento empresarial, essencial para que o gestor possa trabalhar com dados fidedignos para prever
acontecimentos futuros em relação ao seu negócio, conseguimos compreender a estrutura do
orçamento e os principais tipos de orçamentos empresariais.

Esperamos que este conhecimento, imprescindível para o gestor, possa auxiliar em sua tomada de
decisão, colaborando para a formação de um volume de informações que seja suficiente para predizer
e antecipar ações em relação ao cotidiano de sua entidade.

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Referências bibliográficas

CORBARI, Ely Célia; MACEDO, Joel de Jesus. Análise de Projeto e Orçamento Empresarial. Curitiba:
Editora Intersaberes, 2012.

LUZ, Érico Eleuterio da (org). Gestão financeira e orçamentária. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 2015.

PADOVEZE, Clóvis Luís (Org.). Orçamento empresarial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.

PADOVEZE, Clóvis Luís; TARANTO, Fernando César. Orçamento empresarial. São Paulo:
Pearson/Prentice Hall, 2009.

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