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29 “Venha!”, respondeu Jesus.

Então Pedro desceu do barco e caminhou sobre as águas em direção a Jesus. 30


Mas, quando reparou no vento forte e nas ondas, ficou aterrorizado, começou a
afundar e gritou: “Senhor, salva-me!”.

31 No mesmo instante, Jesus estendeu a mão e o segurou. “Como é pequena a sua


fé!”, disse ele. “Por que você duvidou?”

32 Quando entraram no barco, o vento parou.

33 Então os outros discípulos o adoraram e exclamaram: “De fato, o senhor é o Filho


de Deus!”

Mateus 14: 22-36

Para falarmos de fé é importante que entendamos e conheçamos o que é medo.

Apesar da presença de fé não ser sinônimo de ausência de medo, esses dois são
separados por uma linha quase tênue que limita a nossa espiritualidade (neste caso,
relacionada à nossa decisão) da nossa biologia (comandada por nossos instintos).

Segundo o dicionário, o medo é:

“estado emocional provocado pela consciência que se tem diante do perigo; aquilo que
provoca essa consciência.”

Para a ciência, o medo é:

“uma resposta adaptativa, que na verdade surgiu com o intuito de nos proteger.”

Em situações de perigo ou ansiedade por algo que pode acontecer é normal que
tenhamos medo.

Imagine que estamos num safari, quando um leão corre atrás de nós, e nossa primeira
reação é achar fofinho e ir em sua direção?

Corremos sério risco de não sairmos vivos desta. Então, neste momento em que tememos
que o pior aconteça, nosso corpo sofre diversas reações para nos preparar para o perigo.

Nosso sistema nervoso autônomo é ativado: nosso coração acelera para que nossas
pernas tenham maior bombeação de sangue se precisarmos fugir, nosso sistema digestório
diminui o seu funcionamento para que poupamos energia, e então a gente precisa tomar
uma decisão: lutar ou fugir.
Fato é que cada pessoa reage de forma diferente à uma situação de perigo, algumas lutam
(reagem), outras fogem, outras entram em estado de choque, mas o que eu quero chamar
atenção aqui é que: nosso corpo nos dá todas as condições necessárias, mas no final,
quem decide como reagiremos ao perigo, somos nós.

O que tememos?

- Nós só tememos o desconhecido ou o que já nos feriu:

O medo pode ser:

- incondicionado: quando levamos sustos a alterações súbitas de sons,


imagens .

- condicionado: quando somos expostos à algo que já sabemos que tem


potencial de nos ferir.

Situações como exposição a sons fortes e súbitos,


altura elevada e estímulos visuais grandes não identificados –
que surgem na parte superior do campo visual de modo
repentino –, produzem o chamado medo incondicionado,
presente em vários animais. Na espécie humana, o medo
incondicionado pode ser produzido, por exemplo, pela
escuridão. O medo condicionado, ou aprendido, é causado pela
maioria dos estímulos, que se tornam “avisos” de que situações
ameaçadoras podem acontecer novamente. (Esperidião-
Antonio, V. et al. / Rev. Psiq. Clín 35 (2); 55-65, 2008).

Ou seja, nós podemos aprender a sentir medo.

Se podemos aprender, podemos aprender a controlá-lo também. Muitas vezes deixamos de


fazer algo porque nossa primeira tentativa falhou, ou porque não nos sentimos preparados,
ou até mesmo porque deu errado com outras pessoas.

Agora já podemos nos sentir confortáveis enquanto seres humanos que somos de
sentirmos medo em situações que não temos controle de como as coisas vão se
desenrolar.
Essas situações podem acometer nossa área financeira (investir em um projeto novo,
mudar de emprego, comprar algo), na nossa vida pessoal (investir num relacionamento,
escolher um curso, sair da dependência de nossos pais), ou até mesmo na nossa vida
ministerial e espiritual (uma vez que esta última envolve todas as áreas).

O que é fé?
“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas
que se esperam, e a prova das coisas que
não se vêem.”
Hb 11:1 (NVT)

Definir o que é fé não é fácil. O autor de Hebreus, em sua definição, deixa bem claro que a
fé é um passo dado no escuro. E mesmo que não vejamos saída, as coisas que esperamos
e cremos estão firmemente fundamentadas na fé. Ela é a prova do que não se vê, ou seja,
não devemos esperar respostas lógicas, nós precisamos acreditar.

Nosso medo é porque não sentimos os pés no chão ou porque nos sentimos incapazes de
superar o desafio em questão?

Quando nosso medo é alimentado por nossas inseguranças a nossa fé cai


exponencialmente e ele deixa de ser apenas medo, se torna um híbrido de necessidade de
autoproteção e falta de confiança em Deus.

Mas, calma. Não é porque você é uma pessoa insegura que você não tem fé, deixe-me
explicar.

Enquanto cristãos nós sabemos que a nossa vida está na palma das mãos de Deus.

Não é por isso que devemos sair por aí saltando de penhascos por saber que Deus pode
dar ordens aos seus anjos para nos proteger.

Mas, evidentemente, em muitos momentos temos que decidir enfrentar batalhas para
conquistar o que Deus tem para nós.

Algo que Ele já nos mostrou diversas vezes que Ele está cuidando, como falou para Pedro:
"Venha". Era a voz do Mestre. Não deveriam haver dúvidas de que Jesus era Poderoso
para fazê-lo flutuar.

Era Jesus, de mãos estendidas, do outro lado. Mesmo assim Pedro afundou. E muitas
vezes, em nossas vidas, nós também nos deixamos afogar em nossas incertezas (ou até
mesmo certezas), e se assim fazemos, nossa fé precisa aumentar.

Podem haver momentos em que perdemos a nossa fé. Eu acredito que Pedro, quando
estava afundando, entrou em desespero. Mas depois de andar ao encontro do mestre, os
discípulos testificam:

“32 Quando entraram no barco, o vento parou. 33 Então os outros discípulos o


adoraram e exclamaram: “De fato, o senhor é o Filho de Deus!”.
Mt 14:32-33 (NVT)

A fé de Pedro certamente se fortificou naquele dia, e também a de todos os discípulos. Ele


certamente se arrependeu de não ter acreditado e ido ao encontro de Jesus. Que a cada
momento de fraqueza, a nossa fé cresça. Não desista porque você falhou ou porque sua fé
é pequena. Independente do quanto falhamos, do quanto não acreditamos, devemos deixar
que nossas derrotas nos ensinem lições. Cada manhã é uma nova chance de acreditar.

Hábitos de Fé

O autor C.S Lewis, em sua obra “Cristianismo puro e simples”, argumenta que para sermos
cristãos firmes e certos do que acreditamos, devemos formar o hábito da fé. Para isto, ele
explica dois passos:

1) Reconhecer que os sentimentos mudam: Lewis explica que, para firmarmos nossa
fé, precisamos entender que somos humanos suscetíveis a mudanças de humor,
sensações, emoções, enfim, somos uma montanha russa de sentimentos. Inclusive,
sentimos medo. Devemos reconhecer que nenhuma dessas sensações são eternas,
são efêmeras. Por isso, não devemos basear o que acreditamos nas conclusões que
tiramos quando estamos fragilizados emocionalmente.

2) Devemos manter uma rotina diária do exercício das nossas doutrinas diante dos
olhos da nossa alma: Parece complicado, mas não é: devemos manter uma rotina
de orações, leitura da Bíblia, frequência aos cultos, comunhão com os irmãos, enfim,
toda a rotina relacionada à vida cristã. Devemos nos lembrar constantemente das
coisas em que acreditamos, caso contrário, tais crenças não sobreviverão
automaticamente na nossa cabeça.

Se o nosso medo é grande, devemos aumentar a nossa fé.

“5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Faça nossa fé crescer!”.


6 O Senhor respondeu: “Se tivessem fé, ainda que tão pequena quanto um grão de
mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes
obedeceria.”
Lc 17:5-6 (NVT)

Uma fé do tamanho de um grão de mostarda é capaz de mover montes, imagine se a gente


rega esta semente, plante em solo saudável, dá todo o aporte necessário para que ela
cresça? Quantas maravilhas o Senhor não pode fazer através de nós? Que coloquemos em
nosso coração que precisamos aumentar a nossa fé.

Se Jesus estende sua mão e te chama, é porque Ele vai te sustentar até o final. Se Ele te
espera do outro lado, é porque vai te capacitar. E se falecermos, Ele nos levantará. Não
deixe que o seu medo sufoque a sua fé.

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