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Usos e sentidos do tempo livre na velhice: um estudo sobre a velhice

vivida de forma performática


Fabíola Orlando Calazans Machado
Uriel Ricardo de Araújo
RESUMO (a ser adicionado)
PALAVRAS CHAVE (a serem adicionadas)

Escrever o resumo seguindo a seguinte orientação:


Organizar o resumo para ser o mais completo possível e cumprir com os objetivos do Congresso de
Iniciação Científica do DF.

É preciso organizar o resumo em quatro tópicos:

1) Introdução (até 1000 (mil) caracteres, incluindo-se espaços),

2) Metodologia (até 1000 (mil) caracteres, incluindo-se espaços),

3) Resultados (até 1000 (mil) caracteres, incluindo-se espaços) e

4) Discussão/Conclusão (até 1000 (mil) caracteres, incluindo-se espaços).

Além disso, devemos inserir 6 palavras-chaves que ancorem o trabalho.

Cada um desses 4 campos tem um limite de 1000 (mil) caracteres, incluindo-se espaços.

INTRODUÇÃO

As dinâmicas sociais contemporâneas refletem as nuances dos indivíduos que a


compõem, e estes moldam subjetividades intimamente ligadas com o tempo presente.
Os modos de ser e estar no mundo assumem características de sua modernidade, os
avanços tecnológicos e os ideais capitalistas e neoliberais passam a constituir um novo
processo de subjetividade, o qual é carregado de fortes características, destacando-se a
competitividade. Esta competição que antes era particular ao mundo empresarial ou
esportivo, agora é uma vertente constituinte de toda a sociedade e parte fundamental da
construção de subjetividade. Diante deste cenário os indivíduos são postos a prova
diariamente, a competitividade se faz presente em todas as experiências sociais, os
aparatos tecnológicos tornam-se instrumentos da competição e em meio a tanta disputa,
ter uma boa performance torna-se uma obrigação.
Neste contexto, o convívio social passa a ser baseado em processos de avaliação
do homem (FERRAZ, 2014), este ambiente de extrema competição faz com que os
indivíduos busquem melhorar o seu desempenho e sejam inseridos em um culto a
performance (HERENBERG, 2010). Este estado de competição ininterrupta inicia um
ciclo de busca igualmente ininterrupta por uma performance perfeita, as constantes
pressões por este desempenho cada vez melhor desvelam uma sociedade que busca
performar em uma configuração 24/7 (CRARY, 2014), de modo que as noções acerca
do tempo, e sobretudo acercado do tempo livre, são tomadas pelo imperativo da
produção, todo o tempo passa a ser destinado a esse impulso de performar mais e
melhor. É atribuído ao tempo o status de capital, e o fato de não possuir tempo livre
torna-se motivo de orgulho (CALAZANS, 2018), assim, a necessidade de ser produtivo
não encontra limites e invade até mesmo o tempo livre individual ressignificando ele.

Todo esse contexto ganhou uma nova perspectiva no ano de 2020, a pandemia
do novo Corona vírus impôs ao mundo uma realidade inesperada, a qual acrescentou
novas camadas à relação dos indivíduos com o tempo disponível, principalmente para
aqueles que se viram mais ameaçados pela doença, os velhos. A necessidade de
isolamento social e o cenário de extrema incerteza ocasionado pela crise sanitária
decorrente da pandemia trouxe consigo novos problemas à já problemática relação da
sociedade com o tempo. A conjuntura anterior apresentava uma forte midiatização e
imposição de uma velhice performática (FREITAS, 2018), porém esse contexto se
altera quando o velho passa a ser a principal vítima da pandemia.

Em meio a todos esses fatos, é objetivo da presente pesquisa entender de que


modo o culto a uma vivência performática, investigada tanto no âmbito teórico quanto no
midiático, associa-se aos usos e sentidos do tempo livre na velhice dentro do contexto da
pandemia do Corona vírus. Para tanto, será analisado o canal do Youtube “Avós da razão”,
que segundo pesquisa de 2019 da consultoria de marketing de influência Squid mostram
que existem hoje no Brasil cerca de 65 micro-influenciadores com mais de 54 anos,
entre os destaques está o canal formado por Helena Wiechamn de 91 anos, Gilda
Bandeira de Melo de 78 anos e Sonia Bonetti de 83 anos. Amigas a mais de 50 anos,
elas discutem em seu canal os mais variados temas relacionados à velhice, e durante os
meses de isolamento elas criaram um quadro especifico para falar sobre a quarentena,
este quadro será o objeto de análise da pesquisa.
REFERNCIAL TEÓRICO

A relação do homem com a passagem e o uso do tempo é tema recorrente dos


estudos acadêmicos, porém o enfoque sobre os seus usos performáticos, sobretudo do
tempo livre, torna-se norteador para se entender a sociedade contemporânea. Jonathan
Crary (CRARY, 2014) é um dos autores que se debruça sobre a nova experiencia
temporal da contemporaneidade, em seu livro “24/7: Capitalismo Tardio e os Fins do
Sono’ ele mostra como o modo de consumir alterou a relação das pessoas com o tempo,
de modo a se impor um consumo “non-stop”, incessante. Essa forma de consumir
elimina os demarcadores materiais da temporalidade, segundo Crary “24/7 anuncia um
tempo sem tempo, um tempo sem demarcação material ou identificável, um tempo sem
sequência nem recorrência” (Crary, 2014), as demarcações materiais acerca do tempo
tornam-se imperceptíveis, o capitalismo se aproveita disso para tornar o consumo mais
refinado e fazer com que ele se adeque ao indivíduo de modo a estar presente no
cotidiano deste sujeito sem que este se de conta, não existe mais o demarcador do tempo
para consumir, todo o tempo torna-se uma oportunidade para tal.

Os pensamentos de Jonathan Crary conduzem as discussões acerca do tempo, e


ajudam a entender como a sociedade se torna avaliativa (FERRAZ, 2014), uma vez que
se consome a todo tempo, chega-se a um ponto no qual a sociedade passa a consumir as
imagens que seus indivíduos criam de si, neste cenário a tecnologia torna-se peça
central desta relação. As mídias sociais tornam-se mais um espaço de consumo e,
portanto, de disputa. Usuários das mídias sociais estão a todo momento avaliando uns
aos outros por meio de curtidas e comentários, neste contexto ter uma boa performance
é fundamental para o sucesso individual. Alain Ehrenberg estudo a fundo o imperativo
performático, em “O Culto da Performance” ele apresenta a figura do empresário de si
(EHRENBERG, 2010), que é este individuo que assume para si as características de
uma empresa, este individuo é imerso numa vivência performática (EHRENBERG,
2010) de modo a buscar ter sempre um desempenho melhor.

Estes pensamentos ajudam a compreender a problemática relação da sociedade


com o tempo livre, em um contexto de competição, consumo e avaliação constante, o
tempo dedicado à não produção torna-se vazio de sentido e transforma-se em um fardo.
Este fardo torna-se mais uma característica desta sociedade, afinal, com tantas pressões
para produzir mais e melhor, a existência de um tempo vago é uma ameaça à avaliação
do indivíduo. Este conjunto de elementos desvela ainda um cansaço da sociedade
(HAN, 2015), este cansaço é descrito por Byung-chul Han em a “Sociedade do
Cansaço”, para Han a “sociedade do desempenho e a sociedade ativa geram um cansaço
e esgotamento excessivos”. Han desenvolve esta ideia e defende que este esgotamento
gera uma estagnação do ser,

Tendo este arcabouço teórico como referência, procura-se entender como todas
essas problemáticas são assimiladas e experimentadas pelos velhos, segundo a
pesquisadora Vanessa santos de Freitas “a velhice é vista como um período de perdas
do capital erótico e corporal, na medida em que o afastamento desses capitais
característicos da juventude acaba favorecendo o sentimento de invisibilidade pelas
mulheres velhas.” A sensação de invisibilidade dos velhos, sobretudo das mulheres
velhas, somada ao preconceito ligado ao seu corpo, desvela uma pressão ainda maior
sobre no sentido de negar as próprias características, a mídia e a sociedade pressionam
os velhos à performar sob o discurso de uma ‘velhice saudável’, este discurso é
carregado de pressões estéticas que agem na velhice expondo esse espectro social à uma
produtividade em seu tempo livre.

A problematização em torno deste impulso por uma velhice produtiva


costumava girar em torno dos programas sociais voltados à velhice, sobretudo aqueles
baseados no lazer dos velhos. Criticava-se também a midiatização da velhice produtiva,
seja esta propagada por revistas com o foco em uma velhice saudável, ou programas
televisivos que exploravam a mesma temática. Entretanto, na contemporaneidade esse
debate é incorporado pelo meio digital. A emergência da figura de influenciadores
digitais velhos, faz com que esse debate ganhe novas camadas, portanto, surgem novas
questões.

A associação dos usos e sentidos do tempo livre na velhice pode agora ser
observada de forma ainda mais clara com o advento de influenciadores digitais velhos.
O influenciador digital se caracteriza por expor sua vida de forma a maximizar sua
performance nos meios digitais, sendo assim, todo momento se torna uma oportunidade
para gerar engajamento em suas redes, deste modo, o tempo livre se torna ao mesmo
tempo objeto de consumo e de comercialização. Neste contexto surge o canal ‘Avós da
razão’. Um canal do Youtube formado por 3 mulheres velhas, são elas por Helena
Wiechamn de 91 anos, Gilda Bandeira de Melo de 78 anos e Sonia Bonetti de 83 anos,
juntas elas decidiram iniciar a produzir os vídeos e em 1 de outubro de 2018 postaram o
primeiro vídeo do canal que já conta com mais de 49 mil subscritos e quase 100 vídeos
publicados, além de um quadro intitulado ‘quarentena com as avós’ criado durante a
pandemia do novo Corona vírus. Os vídeos do canal têm em média 10 minutos e muitas
vezes são pautados por perguntas recebidas.

AVÓS DA RAZÃO: VELHICE, PERFORMANCE E PANDEMIA (a adicionar)

CONLUCSÃO (a adicionar)

BIBLIOGRAFIA (a adicionar)

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