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Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo

Curso de Ética – Módulo II

Hellen Cristine Alves Esquarcio – 19754

Atividade 2

NALINI, Joé Renato (Org.). Magistratura e ética: perspectivas. São Paulo: Contexto, 2013. 157
p.

José Renato Nalini era desembargador à época e Corregedor Geral do Tribunal de


Justiça do Estado de São Paulo. Em 2017 atuou como Secretário da Educação do governo
Alckmin.

O interesse de José Renato na Ciência Política nacional vem da expansão política do


poder judicial no Brasil.

Existem duas leituras possíveis dos artigos reunidos: a primeira, que estabelece que há
um consenso sobre o funcionamento da Justiça brasileira ser merecedor de uma coleção de
críticas, em razão da morosidade, eficiência, burocratização, método de recrutamento de seus
membros, privilégios de classe e da corrupção interna, sem que haja prejuízo nas iniciativas de
proposição de melhorias e soluções pelos próprios autores e a segunda, que justifica a
primeira, diagnosticando o fisiologismo da política nacional, o “império do favor”, o desprezo
pela coisa pública.

Reconhece, nas críticas ao Judiciário, que o juiz é um ser humano limitado, imperfeito
e falível, recebendo privilégios como os altos salários, sessenta dias de férias etc. Ademais,
entende que a exigência de imparcialidade faz com que o juiz cultive uma assepsia que o torna
insensível, insuscetível a comprometimento emocional.

A política nacional é tida num viés patológico, onde a corrupção manifesta um


desequilíbrio na estrutura federativa e nas relações entre os poderes, estando o poder público
sempre em crise.

Os Tribunais são vistos como santuários onde a verdade está foragida. Sendo assim, o
juiz pode ajudar a transformar o atual contexto se assumir uma consciência consistente a
respeito da potencialidade de seu protagonismo transformador.

Entende-se que o papel institucional do Judiciário foi modificado pelo constituinte.

A obra se inicia pelo artigo do autor Luiz Werneck Vianna, demonstrando como o
contexto das reformas neoliberais promoveu mudanças que vem na contramão de nossa
cultura jurídica, fortemente assentada na prevalência do Estado sobre a sociedade civil,
contestando no Judiciário a “nova arena para a ação política”. Existe uma percepção de que a
modernização era necessária diante de um movimento de democratização das estruturas do
Judiciário.
Vianna cita Nalini ao tratar que ao juiz singular cabe o lugar de herói, desde que
transforme a consciência individual em verdadeiro acesso à justiça. Sendo assim, a
Constituição Federal dá ao Judiciário o papel ativo na concretização do que a própria lei
dispõe.

Nalini explica o que é um “olhar externo” sobre a magistratura e atribui ao Brasil uma
patologia grave, a de ser uma nação de litigantes, onde a sociedade precisa de tutela judicial.
Para o autor, o juiz não se sente responsável pelas desigualdades, sendo mais importante o
que se passa em sua mente do que a própria letra do texto da lei.

Não existe um juiz padrão, mas sim os que desempenham o papel como vocação,
empenhando-se para corresponder `as expectativas simbólicas, assim como há os que
entendam como emprego, esforçando-se para tanto.

Ethevaldo Siqueira, em “A justiça de meus sonhos” enumera os problemas da justiça e


seus desafios, sugerindo melhorias ao sistema de justiça. Defende a tecnologia digital e a
implantação de reformas modernizantes.

No artigo “Pela cidadania e contra a vassalagem”, José Nêumanne Pinto defende que
o Poder Judiciário garante o mínimo de poder real à sociedade, vendo a intervenção judicial
como garanti da paz, da ordem, e da igualdade de direitos no país.

Em “Judiciário e democracia”, Sandro Vaia destaca que a ministra Eliana Calmo,


quando ocupava o cargo de Corregedora Geral de Justiça junto ao Conselho Nacional de
Justiça foi responsável por tentar ressacralizar a magistratura, criticando o corporativismo da
classe e a corrupção dos “bandidos togados”. Nalini defendia, por sua vez, menos punição e
mais orientação na relação com os juízes enquanto desembargador, devendo a corregedoria
atuar para prevenir episódios que justificam uma pena. Sandro Vaia defende que tanto mais
será democrático o sistema quanto mais consolidada for a imagem de respeito e admiração do
Poder Judiciário junto à população.

Willis Guerra Filho, no artigo “Por uma ética sensível” traz uma retrospectiva histórica
e defende na qualidade de “saber fundamental necessário ao nosso viver humano. Vê na ética
uma disciplina que nos conduz à felicidade e que temos hoje uma ética “pós-convencional”,
agregando elementos da antiga ética material.

Renato Janine Ribeiro desenvolveu a ideia da relação da ética com os juízes. O juiz, ao
julgar, deve se ater aos fatos.

Luiz Paulo Rouanet, filosofo, questiona o porquê devemos agir moralmente,


sustentando que um pacto moral é pressuposto de um pacto político, o que conferiria
estabilidade e justiça ao longo do tempo.

Ricardo Dip, segundo desembargador do TJSP, após visitas às sedes de comarca, com
narrativas dos casos e processos observados estabelece que os juízes humanos são ministros
de Deus, mas não são Deus.
Para Regis de Morais, os esforços éticos possibilitados por uma dada estrutura de
valores, seriam o meio hábil a diminuir o paradoxo essencial do ser humano. Atribui-se ao
Estado a garantia dos direitos e a exigência do cumprimento de deveres dos cidadãos. Para o
autor, é necessário superar desigualdades mentais que ainda nos venham do longo
escravismo.

Sergio Paulo Rouanet disserta sobre a questão se deve a política submeter-se as


mesmas regras morais que valem na esfera privada. Para o autor, os tribunais e as
universidades seriam os santuários onde a verdade está foragida pois é gerada e confirmada
nesses espaços e caberia assim ao Judiciário um papel positivo na busca imparcial da verdade.

Oswaldo Giacoia Junior, no trabalho “O pálido criminoso no veredito do Dr. Freud”


trata da tese que põe fim aos alicerces que sustentam a possibilidade de uma justificação e
fundamentação ético-moral para os juízos de imputação. O autor afirma que só é possível
haver responsabilidade autêntica após a supressão da culpabilidade, da cauterização de todo
resíduo moralista, símbolo de uma “consciência sublimada”, extramoral e supra jurídica.

Roberto Romano, no artigo “Sobre o princípio da responsabilidade” sustenta que o


Brasil os males vêm de longa data, resultando do caráter contrarrevolucionário do estado
brasileiro. Nomeia a sociedade no país como “império do favor”, no qual os espaços perenes
de favorecimento que são criados acabariam inviabilizando programas políticos.

O livro Magistratura e Ética: perspectivas esclarece os princípios que orientam a logica


interna do Direito Nacional.

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