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Atividade 2
NALINI, Joé Renato (Org.). Magistratura e ética: perspectivas. São Paulo: Contexto, 2013. 157
p.
Existem duas leituras possíveis dos artigos reunidos: a primeira, que estabelece que há
um consenso sobre o funcionamento da Justiça brasileira ser merecedor de uma coleção de
críticas, em razão da morosidade, eficiência, burocratização, método de recrutamento de seus
membros, privilégios de classe e da corrupção interna, sem que haja prejuízo nas iniciativas de
proposição de melhorias e soluções pelos próprios autores e a segunda, que justifica a
primeira, diagnosticando o fisiologismo da política nacional, o “império do favor”, o desprezo
pela coisa pública.
Reconhece, nas críticas ao Judiciário, que o juiz é um ser humano limitado, imperfeito
e falível, recebendo privilégios como os altos salários, sessenta dias de férias etc. Ademais,
entende que a exigência de imparcialidade faz com que o juiz cultive uma assepsia que o torna
insensível, insuscetível a comprometimento emocional.
Os Tribunais são vistos como santuários onde a verdade está foragida. Sendo assim, o
juiz pode ajudar a transformar o atual contexto se assumir uma consciência consistente a
respeito da potencialidade de seu protagonismo transformador.
A obra se inicia pelo artigo do autor Luiz Werneck Vianna, demonstrando como o
contexto das reformas neoliberais promoveu mudanças que vem na contramão de nossa
cultura jurídica, fortemente assentada na prevalência do Estado sobre a sociedade civil,
contestando no Judiciário a “nova arena para a ação política”. Existe uma percepção de que a
modernização era necessária diante de um movimento de democratização das estruturas do
Judiciário.
Vianna cita Nalini ao tratar que ao juiz singular cabe o lugar de herói, desde que
transforme a consciência individual em verdadeiro acesso à justiça. Sendo assim, a
Constituição Federal dá ao Judiciário o papel ativo na concretização do que a própria lei
dispõe.
Nalini explica o que é um “olhar externo” sobre a magistratura e atribui ao Brasil uma
patologia grave, a de ser uma nação de litigantes, onde a sociedade precisa de tutela judicial.
Para o autor, o juiz não se sente responsável pelas desigualdades, sendo mais importante o
que se passa em sua mente do que a própria letra do texto da lei.
Não existe um juiz padrão, mas sim os que desempenham o papel como vocação,
empenhando-se para corresponder `as expectativas simbólicas, assim como há os que
entendam como emprego, esforçando-se para tanto.
No artigo “Pela cidadania e contra a vassalagem”, José Nêumanne Pinto defende que
o Poder Judiciário garante o mínimo de poder real à sociedade, vendo a intervenção judicial
como garanti da paz, da ordem, e da igualdade de direitos no país.
Willis Guerra Filho, no artigo “Por uma ética sensível” traz uma retrospectiva histórica
e defende na qualidade de “saber fundamental necessário ao nosso viver humano. Vê na ética
uma disciplina que nos conduz à felicidade e que temos hoje uma ética “pós-convencional”,
agregando elementos da antiga ética material.
Renato Janine Ribeiro desenvolveu a ideia da relação da ética com os juízes. O juiz, ao
julgar, deve se ater aos fatos.
Ricardo Dip, segundo desembargador do TJSP, após visitas às sedes de comarca, com
narrativas dos casos e processos observados estabelece que os juízes humanos são ministros
de Deus, mas não são Deus.
Para Regis de Morais, os esforços éticos possibilitados por uma dada estrutura de
valores, seriam o meio hábil a diminuir o paradoxo essencial do ser humano. Atribui-se ao
Estado a garantia dos direitos e a exigência do cumprimento de deveres dos cidadãos. Para o
autor, é necessário superar desigualdades mentais que ainda nos venham do longo
escravismo.