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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____

VARA CRIMINAL DA COMARCA DO RIO DE JANEIRO DO ESTADO DO RIO


DE JANEIRO

INQUÉRITO POLICIAL Nº xxxxxxxxxxxxxx

Pedro, brasileiro, solteiro, bancário, residente e domiciliado na rua


Machado de Assis, nº 167, Rio de Janeiro- RJ, vem por meio de sua advogada
(instrumento de mandato em anexo), vem respeitosamente a presença de V.
Excelência, com amparo no artigo 5º, Inciso LXV, da Constituição Federal/88,
requerer o Relaxamento da Prisão em Flagrante efetuada no dia 04/12/2012,
nesta comarca, pelos seguintes fatos:

I) DOS FATOS

No dia 04 de dezembro de 2012, Pedro, já qualificado, foi abordado em


seu local de trabalho por policiais, averiguando uma denuncia feita no dia
anterior por Maria do Carmo, sendo a mesma ex- namorada do requerente, no
qual a mesma foi indiciada por trafico de drogas, durante seu interrogatório
extrajudicial, apontando-o como responsável pelo fornecimento de
entorpecentes .
Os policiais, na busca, não encontraram com Pedro qualquer substancia
entorpecentes ou objeto que pudesse ligar a prática do crime citado. Apesar
disso, os policiais, autuou em flagrante, entendendo que, por ser o trafico de
drogas um crime permanente, ocorreu, na hipótese, flagrante impróprio ou
quase flagrante.
Pedro, negou as acusações que lhe foram imputadas, informando que
jamais teve envolvimento suspeito a pratica criminosa, ainda, informou que
possui residência e emprego fixo, apresentando sua carteira de trabalho como
prova da alegação.
Mesmo assim, Pedro foi lavrado auto prisão em flagrante e passada nota
de culpa, o qual se encontra detido até o momento, em flagrante ilefal, como
possamos a demostrar.

II) NULIDADE DA BUSCA E APREENSÃO

O requerente, conforme informado acima, foi surpreendido pela ação


dos policias em seu local de trabalho, sendo que, mesmo não estando de
posse de nenhuma substancia entorpecente ou objeto que leva a suspeitar a
pratica do crime, foi preso em flagrante delito por trafico de drogas.

No entanto, não merece prosperar a prisão, tendo em vista que foi


baseada em busca viciada. Os policiais chegaram ao autor através de
denuncia de Maria do Carmo, que venha ser sua EX-NAMORADA, a qual a
mesma esta sendo indiciada por trafico de drogas e indicou Pedro como a
pessoa responsável pelo fornecimento dessas substancias entorpecentes a
ela, qualificando-o informando, inclusive seu endereço residência.
Mesmo com o endereço do autor, a autoridade policial resolver efetuar a
busca em seu local de trabalho, um banco, pois por ser um espaço público, o
ingresso dos policiais neste lical não necessita de autorização judicial escrita.
No entanto, a busca domiciliar, conforme o artigo 241 do CPP,deve ser
precedida da expedição de mandado judicial.
Neste caso em especial, o flagrante que os policiais não tinha razões
para proceder a busca no requerente, tendo em vista que o mesmo não
possuía antecedentes criminais, tem emprego e residência fixas, e jamais
tendo se envolvido com qualquer ação criminisa. Além disso, a busca se
embaseou somente nas informações fornecidas por um ex-namorada,
atualmente sendo indiciada por tráfico de drogas.
Por isso, preferiram os policiais abordar o requerente em seu local de
trabalho, ao qual, por ser publico, tinha livre acesso, expondo-o, ademais a
constrangimento perante colegas de trabalho e clientes.
Da mesma forma, ocorreu quanto a busca pessoal, observamos o
artigo :

Artigo 244 do CPP


“ A busca pessoal independerá de
mandado, no caso de prisão ou quando houver
fundada suspeita de que a pessoa esteja na
posse de arma proibida ou de objetos ou papéis
que constituam corpo de delito, ou quando a
medida for determinada no curso de busca
domiciliar. ”

No caso, a prisão, conforme demostrado acima, FOI ILEGAL, uma vez


que o autor não deu motivo e razão, pois não portava qualquer substancia
entorpecentes.
É claro que, neste caso, as autoridades policial fundamentou-se
exclusivamente nas informações prestadas pela Ex-namorada do requerente,
em interrogatório extrajudicial, o qual não é cercado de formalidades ou
garantias. Alem disso, a qualidade da relação entre a indiciada e o autor
permite suspeitar da informação por ela prestada, pois não se sabe se a
acusação ocupava sentimentos de vingança ou ressentimento, tendo em vista
que a mesma tentou reatar o relacionamento e Pedro recusou. Portanto, os
policiais não tinha elementos concretos para crer na pratica do crime de trafico
ilícito de entorpecentes pelo requerente, mas tão somente informações
abstratas e destoadas da realidade, de cuja legitimidade tinham fundadas
razões para suspeitar, não pode as autoridades policias valer-se
exclusivamente destas informações, suspeitar a pratica deste crime, sendo
imprescindível que tivesse, antes de proceder a busca e prisão, colhido
elementos de convicção suficientes para embasar as fundadas suspeitas da
pratica criminosa, lembrando que a fonte é uma indiciada a trafico de drogas.
Assim, não havia busca domiciliar em curso a, a busca pessoal do
requerente foi maculada com vicio de ilegalidade, vez que não foi precedida de
ordem judicial escrita e não se enquadrou em nenhum das hipóteses para as
quais o artigo 244 do CPP autoriza a realização de busca pessoal sem
mandado. Portanto, ilegal a prova colhida contra o requerente, não pode este
ser utilizada para qualquer fim, vez que a constituição Federal preconiza que
“são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
(artigo 5º, inciso LVI).
Diante disso, requer a decretação da NULIDADE DA BUSCA E
APREENSÃO efetuada contra o autor, com sua consequente liberação e
exclusão da investigação em sede de inquérito policial, vez que a única prova
que em que se fundam é manifestamente ilegal.

III) NULIDADE DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

Preliminarmente, cumpre destacar, a nulidade do auto de prisão em


flagrande pelo descumprimento de formalidade essencial previsto no artigo
50 da Nova Lei de Tóxicos, a lei 11.343/2006.

“ Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de


polícia judiciária fará, imediatamente,
comunicação ao juiz competente, remetendo-lhe
cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao
órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.”

A prisão em flagrante é a única modalidade de prisão processual que não


depende de provimento jurisdicional, podendo, segundo o disposto no artigo
301 do CPP ser efetuada por qualquer pessoa, desde que o detido esteja em
situação de flagrante delito.
Além do mais, os requisitos gerais do auto de prisão em flagrante, contidos no
CPP, a Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006, acrescentou a necessidade de
laudo atestando a materialidade do delito acompanhar o auto de prisão em
flagrante, conforme o paragrafo 1º do artigo 50, in verbis:

“Para efeito da lavratura do auto de prisão em


flagrante e estabelecimento da materialidade do
delito, é suficiente o laudo de constatação da
natureza e quantidade da droga, firmado por
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa
idônea.”

Contudo Excelência, não foi elaborado o laudo competente, tendo em vista que
a autoridade policial sequer encontrou substancia entorpecente na posse do
detido, não restando caracterizada, portanto, a materialidade do delito exigida
pelo artigo 50 da Lei 11.343/2006 para a lavratura do auto de prisão em
flagrante por crimes relacionados a entorpecentes.

Portanto, requer que a nulidade do auto de prisão em flagrante, devido a


omissão de formalidade esecial ao ato, fulcro no artifo 546, inciso IV do CPP,
impõe-se a anulação do auto de prisão em flagrante, por conseguinte, a
liberação do requerente, bem como a sua exclusão do procedimento
investigatório policial, tendo em vista não pesar sobre ele qualquer indicio de
pratica criminosa.

IV) LIBERDADE PROVISÓRIA

Vossa Excelência, entenda pela legalidade da prisão em flagrante, ainda


assim devera o requerente ser posto em liberdade, em razão da
inocorrência de qualquer das hipóteses autorizadora da prisão preventiva,
com fulcro no parágrafo único do artigo 310 do CPP:

“Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de


prisão em flagrante que o agente praticou o fato,
nas condições do art. 19, I, II e III, do Código
Penal, poderá, depois de ouvir o Ministério
Público, conceder ao réu liberdade provisória,
mediante termo de comparecimento a todos os
atos do processo, sob pena de revogação.
Parágrafo único - Igual procedimento será
adotado quando o Juiz verificar, pelo auto de
prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer
das hipóteses que autorizam a prisão preventiva
(CPP, art. 311 e CPP, art. 312).

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser


decretada como garantia da ordem pública, por
conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando
houver prova de existência do crime e indícios
suficientes da autoria. (g.n)

Neste caso em Especial, já mencionando anteriormente, não resta dúvida que


não houve a prova da materialidade do crime, uma vez que se quer, existe
laudo de constatação da apreensão das substancias entorpecentes, já que não
foram encontradas substancias desse tipo na posse do requerente.

Reafirmando Excelência que o requerente não tem antecedentes criminais,


possui residência fixa e emprego fixo, conforme atesta a carteira de trabalho
apresentada as autoridades policiais quando interrogatório do detido. Ou seja,
além de inexistir indícios suficientes da materialidade e da autoria do crime por
trafico de entorpecentes, o que basta neste caso, é a descaracterização da
prosão preventiva, o autor não oferece PERIGO NENHUM para a ordem
publica e econômica, não tem nem antecedentes criminais, não resistiu em
nenhum momento prisão, e também não há perigo de fuga. Portanto, não há
motivos para evadir-se a fim de evitar a aplicação da lei penal.

Contudo, inexistentes os pressupostos autorizadores da decretação de prisão


preventiva, a concessão de liberdade provisão ao requerente a medida que se
impõe.
V) DOS PEDIDOS

Por tudo que foi exposto, requer-se:


1) Requer a decretação da NULIDADE DA BUSCA E APREENSÃO
efetuada contra o autor, com sua consequente liberação e exclusão da
investigação em sede de inquérito policial, vez que a única prova que
em que se fundam é manifestamente ilegal, fulcro no artigo 244 do CPP.

2) Requer que a nulidade do auto de prisão em flagrante, devido a omissão


de formalidade especial ao ato, fulcro no artigo 546, inciso IV do CPP,
impõe-se a anulação do auto de prisão em flagrante, por conseguinte, a
liberação do requerente, bem como a sua exclusão do procedimento
investigatório policial, tendo em vista não pesar sobre ele qualquer
indicio de pratica criminosa.

3) Relaxar a prisão do requerente, com amparo no art. 5º, inc. LXV, da


Constituição Federal, porquanto manifestamente ilegal ante a
inocorrência de flagrante, sob pena de configuração de abuso de
autoridade, conforme previsão do art. 4º, “d”, da Lei 4.898/65;

4) Conceder a liberdade provisória do requerente, ante a inexistência de


motivos autorizadores da decretação da prisão preventiva, consoante o
disposto no art. 310 do CPP.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2012.

Advogado
OAB/RJ xx.xxx

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