Você está na página 1de 34

C APÍTULO 1

Teoria das Obrigações


Contratuais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:

� Compreender a concepção do direito contratual e sua finalidade, identificando


suas funções e características.

� Os requisitos de validade do contrato, seus princípios fundamentais e sua


formação.

� Os efeitos oriundos da relação contratual e as formas de extinção de um


contrato.

� Contratos válidos e seguros às partes interessadas.


Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

10
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Contextualização
Neste capítulo, passaremos ao estudo de um elemento central do Direito
Civil: o contrato. Compreendido como um acordo de vontades que irá criar
normas vinculantes entre seus celebrantes, a figura do contrato é tão antiga que
suas origens históricas são imprecisas. É possível encontrar sua presença em
textos cuneiformes mesopotâmicos e em documentos históricos do Egito antigo;
no medievo (século XV) circulou-se a lenda do Dr. Johann Georg Faust, que teria
celebrado um contrato com o próprio diabo, incutindo no imaginário social a ideia
de que os contratos são armadilhas sem escapatória.

No mundo contemporâneo, grande parte das relações jurídicas é estabelecida


por meio de contratos. Da simples compra para o café da tarde na padaria mais
próxima, à venda de um imóvel registrada em cartório, estamos em constante
interação com essa figura jurídica, ainda que não nos demos conta disso.

Desta forma, é de suma importância que o jurista compreenda a fundo a


teoria das obrigações contratuais, no intuito de aprimorar sua prática jurídica e
de prestar um melhor auxílio a seus eventuais clientes contratantes. Ter ciência
de seus requisitos de validade, seus princípios norteadores, suas hipóteses de
celebração e extinção, bem como seus efeitos, pode ser a diferença entre a
firmação de um negócio lucrativo e um que nada ofereça além de desastrosos
prejuízos. Este, portanto, será nosso foco de estudo no presente capítulo.

Conceitos e Requisitos de
Validade do Contrato
Juristas de diversas épocas têm se dedicado a conceituar o termo contrato.
Conforme Farias e Rosenvald (2012), é possível encontrar múltiplos significados
do vocábulo na história de Roma; o que mais se aproxima da ideia moderna de
contrato refere-se a um acordo de vontades a respeito de um assunto. Todavia,
para gerar obrigações, esse contrato deveria possuir existência física, material, ou
seja, um mero acordo verbal mostrava-se insuficiente. Talvez por isso ainda hoje
diversas pessoas ignorem a existência do contrato verbal, não se dando conta
de que a simples compra de uma fruta na quitanda mais próxima constitui um
contrato de compra e venda.

11
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

No século XIX, Farias e Rosenvald (2012) apontam os paradigmas do


liberalismo e individualismo como as bases das relações contratuais, o que na
prática significava uma liberdade absoluta de contratar. Na segunda metade do
século XIX e início do século XX, os abusos oriundos deste tipo de concepção
serão denunciados e, portando, uma nova forma de se conceber
O contrato é um
negócio jurídico por os contratos irá emergir. Limites legais serão impostos, visando
meio do qual as resguardar uma certa igualdade entre as partes, protegendo o indivíduo
partes declarantes, hipossuficiente.
limitadas pelos
princípios da
função social e da Neste sentido, atualmente podemos adotar o conceito cunhado
boa-fé objetiva,
autodisciplinam os por Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho (2014, s.p.): “o
efeitos patrimoniais contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes declarantes,
que pretendem limitadas pelos princípios da função social e da boa-fé objetiva,
atingir, segundo a
autonomia das suas autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem atingir, segundo
próprias vontades a autonomia das suas próprias vontades”.

O contrato é um negócio jurídico por meio do qual as partes


declarantes, limitadas pelos princípios da função social e da boa-
fé objetiva, autodisciplinam os efeitos patrimoniais que pretendem
atingir, segundo a autonomia das suas próprias vontades.

Compreendido o conceito jurídico de contrato, vejamos agora seus requisitos


de validade.

A natureza jurídica do contrato é de negócio jurídico, ou seja, um negócio


constituído a partir da manifestação da vontade das partes visando alcançar
efeitos específicos. Por essa razão, os contratos devem obedecer aos requisitos
gerais de validade do negócio jurídico.

Apesar de ser um tema exaustivamente trabalhado na Parte Geral do


Direito Civil, entendemos que é preciso relembrar, ainda que de forma genérica e
abrangente, os requisitos de validade do gênero negócios jurídicos, cujo contrato
é espécie.

Para ser válido e, portanto, gerar os efeitos pretendidos, o negócio jurídico


precisa ser analisado a partir de três planos principais:

12
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

• Plano da Existência.
• Plano da Validade.
• Plano da Eficácia.

Vejamos cada um deles.

a) O plano da existência
O plano da
O plano da existência refere-se aos elementos imprescindíveis para existência refere-
se aos elementos
a própria existência do contrato; ausente qualquer um deles, o contrato imprescindíveis para
sequer existe juridicamente. Tais elementos são: sujeitos, as partes a própria existência
do contrato; ausente
que celebrarão o contrato; vontade, ou seja, o desejo destes sujeitos qualquer um deles,
contratantes; forma, o meio pelo qual o contrato será materializado (de o contrato sequer
forma verbal, escrita, eletrônica, etc.); e objeto, o bem ou a obrigação existe juridicamente.
abordada no contrato.

b) O plano da validade

O plano da validade irá impor alguns limites ao plano da existência:


Caso algum dos
não é qualquer sujeito que pode contratar, assim como não é qualquer elementos do plano
vontade manifesta que dará validade ao contrato. Veja: caso algum da validade esteja
ausente, o contrato
dos elementos do plano da validade esteja ausente, o contrato até até poderá existir
poderá existir juridicamente, mas não produzirá efeitos, porque possui juridicamente,
algum tipo de invalidade. Os elementos de validade são: sujeito mas não produzirá
efeitos, porque
dotado de capacidade jurídica; vontade livre e sem qualquer vício de possui algum tipo de
consentimento; forma livre ou não proibida por lei; objeto lícito, possível, invalidade.
determinado ou ao menos determinável.

Em outras palavras, segundo os requisitos do plano da validade, o indivíduo


deve ser capaz (ver artigos 3º, 4º e 5º do Código Civil) e sua vontade não pode,
de forma alguma, ser dissimulada (ver artigos 138 ao 165 do Código Civil). A
exteriorização do contrato deve obedecer aos limites legais. Em regra, nosso
ordenamento adota a forma livre, permitindo que os indivíduos adotem as formas
que melhor lhe convirem (ver artigo 107 do Código Civil); em algumas situações,
entretanto, a lei estabelece a forma obrigatória a ser seguida, de maneira que se
um contrato for celebrado de forma diferente da estipulada, será inválido.

Por fim, o objeto deve ser lícito e possível e, se não determinado ao tempo
do contrato, deve ser determinável, pelo menos, até a data escolhida para o
cumprimento do acordo. É o caso de contratos de colheita; pode-se acordar que
no mês de julho serão vendidas 15 sacas de café, mas a espécie de café só será
determinada nesse mês, pois depende da safra.

13
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

c) O plano da eficácia

O último plano refere-se à eficácia, ou seja, ao momento a partir


Em geral, os
contratos produzem do qual o contrato estipulado produzirá seus efeitos. Em geral, os
efeitos imediatos, contratos produzem efeitos imediatos, podendo as partes, entretanto,
podendo as partes,
entretanto, optarem optarem pela produção de efeitos futuros a partir do termo, condição
pela produção de ou encargo. O termo é um evento futuro e certo, por exemplo, uma
efeitos futuros a data do ano; a condição é um evento futuro e incerto, como um
partir do termo,
condição ou casamento; o encargo é um ônus a ser cumprido para que os efeitos
encargo. sejam produzidos; como exemplo, doarei uma casa à minha irmã se
ela se comprometer a cuidar dos gatos que nela habitam.

Tendo em vista os planos abordados, podemos construir o seguinte quadro


geral:

Quadro 1 - Planos do Negócio Jurídico

Plano de Existência Plano de Validade Plano da Eficácia

Sujeito Capaz Eficácia imediata

Vontade Livre, sem vícios de consentimento Termo

Forma Livre, não proibida por lei Condição


Lícito, possível, determinável ou determi-
Objeto Encargo
nado
Fonte: A autora.

OBS: O plano da validade depende do plano da existência; se um


Elementos de
existência do dos elementos de existência não está presente no contrato, ele não
negócio jurídico: existe juridicamente, motivo pelo qual não há que se falar em invalidade,
um sujeito, que mas em inexistência. Pontes de Miranda (1900) coloca os três planos
manifesta vontade,
de alguma forma, distintos numa escada, como se fossem três degraus, quando se
sobre um objeto. sobe um deles, significa que o degrau debaixo foi cumprido, ou seja,
Este sujeito deve ser as regras foram cumpridas. Assim, quando os elementos do plano de
capaz; a vontade
deve ser livre e existência não são observados, o contrato será inexistente; quando os
sem defeitos, a pressupostos do plano de validade não forem observados, o contrato
forma livre ou não será inválido; e, finalmente, quando os fatores de eficácia não forem
proibida por lei e
o objeto precisa observados, o contrato será ineficaz.
ser lícito, possível,
determinado ou Para facilitar o estudo dos requisitos gerais de validade, sugerimos
determinável.
ao aluno lembrar-se dos elementos de existência do negócio jurídico:
um sujeito, que manifesta vontade, de alguma forma, sobre um objeto.

14
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Este sujeito deve ser capaz; a vontade deve ser livre e sem defeitos, a forma
livre ou não proibida por lei e o objeto precisa ser lícito, possível, determinado ou
determinável.

Atividades de Estudos:

1) Levando em consideração que os contratos estão diretamente


relacionados à autonomia da vontade, como podemos conceituá-los?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Quais são os requisitos de validade do contrato?


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Princípios Fundamentais
do Direito Contratual
Conforme o jusfilósofo Guerra Filho (2002, p. 92), os princípios

[...] encontram-se em um nível superior de abstração, sendo


igual e hierarquicamente superiores, dentro da compreensão
do ordenamento jurídico como uma ‘pirâmide normativa’
(Stufenbau), e se eles não permitem uma subsunção direta de
fatos, isso se dá indiretamente, colocando regras sob o seu
‘raio de abrangência’.

Desta forma, é correto afirmar que cada ramo do direito deve ser aplicado e
interpretado de acordo com parâmetros basilares, os princípios, que lhes darão
certo direcionamento para a prática jurídica.

15
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

O direito contratual também possui seus princípios específicos,


O direito contratual
também possui que deverão reger todo o negócio, de sua celebração (e até antes dela)
seus princípios à sua extinção. São eles: 1) Autonomia da vontade; 2) Supremacia
específicos, que da ordem pública; 3) Consensualismo; 4) Relatividade dos efeitos; 5)
deverão reger
todo o negócio, de Obrigatoriedade; 6) Revisão ou onerosidade excessiva; 7) Boa-fé; 8)
sua celebração (e Função social dos contratos.
até antes dela) à
sua extinção. São
eles: 1) Autonomia Como bem destacam Gagliano e Pamplona Filho (2014), não se
da vontade; 2) pode esquecer, porém, que o direito dos contratos deve sempre ser
Supremacia da
ordem pública; 3) observado sob a luz do princípio basilar de nosso atual paradigma
Consensualismo; constitucional, ou seja, o princípio da dignidade da pessoa humana.
4) Relatividade
dos efeitos; 5) Desta forma, caso o contrato não seja cumprido, “o credor não pode
Obrigatoriedade; pretender lançar mão de mecanismos atentatórios à dignidade da
6) Revisão ou pessoa humana, senão quando a própria Constituição expressamente
onerosidade
excessiva; 7) Boa- admitir o sacrifício de um valor individual tendo em vista fins superiores”
fé; 8) Função social (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2014, s.p.).
dos contratos.

Feita essa ressalva, passemos ao estudo dos princípios do direito


contratual.

O princípio da a) Princípio da autonomia da vontade


autonomia da
vontade é o poder De acordo com este princípio, os indivíduos são livres para
dos indivíduos
constituírem contratarem se quiserem, com quem quiserem e sobre o que quiserem.
regras próprias, Assim, o princípio da autonomia da vontade é o poder dos indivíduos
válidas entre si, em
observância aos constituírem regras próprias, válidas entre si, em observância aos
limites estabelecidos limites estabelecidos pelo ordenamento jurídico. A liberdade contratual
pelo ordenamento encontra amparo nos artigos 421 e 425 do Código Civil, que concedem
jurídico.
essa prerrogativa máxima aos particulares.

Entretanto, como é de se supor, a liberdade contratual não é ilimitada; ela


deverá ser exercida dentro dos parâmetros legais e de forma a não ofender os
demais princípios elencados.

Além disso, em nossa sociedade atual, a autonomia da vontade encontra, cada


vez mais, limitações, como bem recorda Carlos Roberto Gonçalves (2014, p. 34):

[...] a faculdade de contratar e de não contratar (de contratar se


quiser) mostra-se, atualmente, relativa, pois a vida em sociedade
obriga as pessoas a realizar, frequentemente, contratos de
toda espécie, como o de transporte, de compra de alimentos,
de aquisição de jornais, de fornecimento de bens e serviços
públicos (energia elétrica, água, telefone etc.). [...] Também
a liberdade de escolha do outro contraente (de contratar
com quem quiser) sofre, hoje, restrições, como nos casos de

16
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

serviços públicos concedidos sob regime de monopólio e nos


contratos submetidos ao Código do Consumidor. E, em terceiro
lugar, o poder de estabelecer o conteúdo do contrato (de
contratar sobre o que quiser) sofre também, hodiernamente,
limitações determinadas pelas cláusulas gerais, especialmente
as que tratam da função social do contrato e da boa-fé objetiva,
do Código de Defesa do Consumidor e, principalmente, pelas
exigências e supremacia da ordem pública.

Esta última limitação mencionada pelo autor, a supremacia da ordem pública,


é justamente o segundo princípio a ser analisado.

b) Princípio da supremacia da ordem pública

O conceito de ordem pública é abstrato e difícil de ser delineado. Levando


em consideração que uma ampla e irrestrita liberdade de contratar poderia gerar
cenários injustos e esdrúxulos, tal princípio assegura a não exploração de uma
das partes contratantes.

Para Gagliano e Pamplona Filho (2014), a ordem pública nada mais é que
um conjunto de princípios jurídicos, políticos e econômicos a serem observados
pelo direito contratual. Neste sentido, segundo Sílvio Rodrigues (2002, p. 16), a
“ideia de ordem pública é constituída por aquele conjunto de interesses
A ordem pública
jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar. Por conseguinte, constitui um limite
os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção principiológico aos
entre os particulares”. possíveis abusos
que possam ser
originados a partir
Em síntese, a ordem pública constitui um limite principiológico aos da constituição de
um contrato.
possíveis abusos que possam ser originados a partir da constituição de
um contrato.

c) Princípio do Consensualismo

O consensualismo refere-se ao necessário acordo de vontades O consensualismo


para efetuação de um contrato. Neste sentido, pode-se entender que o refere-se ao
necessário acordo
negócio se efetua a partir do consenso entre os contratantes e não da de vontades para
entrega do bem em si. efetuação de um
contrato. Neste
sentido, pode-
Imagine, por exemplo, que você se dirige a uma banca de jornal se entender que
em busca de uma revista. Desde que você esteja de acordo com o o negócio se
efetua a partir do
preço ofertado pelo jornaleiro e este esteja de acordo em lhe vender a consenso entre os
revista escolhida, o contrato de compra e venda já se estabeleceu, em contratantes e não
da entrega do bem
observância ao princípio do consensualismo, pois existe um acordo de em si.
vontades.

17
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

Caso você saia da banca com a revista sem efetuar o pagamento, ou caso
o jornaleiro se recuse a entregar o objeto comprado, estaremos diante da fase de
execução contratual, uma vez que o negócio já foi fechado, mas não devidamente
cumprido.

d) Princípio da relatividade dos efeitos do contrato

Suponha que você realize uma compra grandiosa na Polishop mais próxima,
mas se torne inadimplente. A loja, cansada de lhe procurar para cobrar o que
é devido, decide procurar o seu melhor amigo para que ele pague todos os
cinco conjuntos de panelas antiaderentes que você adquiriu. Essa situação é
juridicamente possível?

Princípio da Por certo que não. E a resposta negativa decorre, especialmente,


relatividade dos do princípio da relatividade dos efeitos do contrato, segundo o qual os
efeitos do contrato,
segundo o qual os negócios firmados só terão validade entre as partes contratantes. Não
negócios firmados é possível que a relação alcance terceiro e seu patrimônio, que nada
só terão validade tem a ver com o convencionado.
entre as partes
contratantes. Não
é possível que a Certamente, este princípio possui algumas exceções, como o da
relação alcance estipulação em favor de terceiro e o contrato com pessoa a declarar,
terceiro e seu
patrimônio, que brevemente explanados por Gagliano e Pamplona Filho (2014, s.p.):
nada tem a ver com
o convencionado. Por meio da primeira previsão, [estipulação em favor de
terceiro] uma parte convenciona com o devedor que este
deverá realizar determinada prestação em benefício de
outrem, alheio à relação jurídica obrigacional original. Na
mesma linha, o contrato com pessoa a declarar é uma figura
contratual consagrada expressamente pelo novo Código Civil,
consistindo, em verdade, em uma promessa de prestação de
fato de terceiro, que também titularizará os direitos e obrigações
decorrentes do negócio, caso aceite a indicação realizada.

Este princípio também é limitado nos casos em que há violação da ordem


pública; caso uma empresa ofereça contrato com cláusula abusiva ao consumidor,
a cláusula será considerada nula para toda a coletividade e não apenas
Caso não haja para o consumidor efetivo de determinado produto.
nenhum tipo de
invalidade, nenhuma
afronta a algum e) Princípio da obrigatoriedade dos contratos
dos princípios
gerais do direito
ou aos princípios Pode parecer simplista à primeira leitura, mas, segundo tal
próprios do direito princípio, os contratos existem para serem cumpridos. Em outras
contratual, o pacto palavras, caso não haja nenhum tipo de invalidade, nenhuma afronta
deverá ser cumprido
exatamente nos a algum dos princípios gerais do direito ou aos princípios próprios do
termos em que foi direito contratual, o pacto deverá ser cumprido exatamente nos termos
convencionado.
em que foi convencionado.

18
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Este princípio origina-se da necessidade de segurança jurídica nas relações


contratuais e da ideia de que o contrato faz lei entre as partes (que irá originar o
brocado pacta sunt servanda), não podendo ser alterado nem mesmo pelo poder
público, caso válido e não abusivo.

Algumas exceções a este princípio são: um novo acordo entre as partes, no


qual todos decidem alterar ou mesmo abolir contrato já pactuado, caso fortuito ou
força maior.

f) Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva

Ancorado na teoria da imprevisão, também conhecida como rebus


Este princípio visa a
sic stantibus, este princípio visa a proteger as partes caso ocorra alguma proteger as partes
situação inusitada, imprevisível, que torne o contrato demasiadamente caso ocorra alguma
situação inusitada,
oneroso. Conforme Gonçalves (2014, p. 98): “É por essa razão que imprevisível, que
os tribunais não aceitam a inflação e alterações na economia como torne o contrato
causa para a revisão dos contratos. Tais fenômenos são considerados demasiadamente
oneroso.
previsíveis entre nós”.

Os artigos 478, 479 e 480 do Código Civil positivaram o referido princípio,


estabelecendo que, caso um acontecimento extraordinário e imprevisível torne
as prestações onerosas, as partes podem recorrer ao Judiciário ou para findar o
contrato ou para modificá-lo, afastando o excesso da forma que for possível.

g) Princípio da boa-fé Compreende-se


como princípio da
boa-fé a norma
O artigo 422 do Código Civil assim preceitua: “Os contratantes segundo a qual
são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em as partes devem
se comportar de
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. Neste sentido, maneira ética
compreende-se como princípio da boa-fé a norma segundo a qual e leal durante
as partes devem se comportar de maneira ética e leal durante todo o todo o processo
de formação do
processo de formação do contrato. Pode ser dividida em duas espécies: contrato.

• Boa-fé subjetiva: referente às regras de comportamento e eticidade nas


relações sociais, abrange das negociações iniciais ao fim do contrato.
• Boa-fé objetiva: desempenha uma função interpretativa, criadora de deveres
jurídicos anexos ou de proteção que irão limitar, por exemplo, a existência
de cláusulas abusivas. Uma colocação exemplar diz respeito a uma cláusula
contratual cujo conteúdo impedisse a aplicação da teoria da imprevisão, tem-
se, neste sentido, um dispositivo contratual que atenta contra a boa-fé objetiva,
já que viola princípio juridicamente positivado.

19
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

h) Princípio da função social dos contratos

O artigo 421 do Código Civil assim dispõe: “A liberdade de contratar será


exercida em razão e nos limites da função social do contrato.”.

Porém, conforme Gagliano e Pamplona Filho (2014), o princípio da função


social dos contratos abrange um conceito aberto e indeterminado, de forma que é
preciso explorar suas nuances para então compreendê-lo.

Conforme Paulo Nalin (2002), o aludido princípio precisa ser analisado a


partir de duas perspectivas:

• Intrínseca: ou seja, entre as partes contratantes. Nesta perspectiva, os


indivíduos devem atuar conforme o princípio da boa-fé, respeitando os limites
éticos e a lealdade negocial.
• Extrínseca: ou seja, entre a relação contratual firmada e a coletividade. O
contrato deve ser observado também a partir do impacto que causará na
sociedade onde for firmado.

Desta forma, depreende-se que a função social do contrato diz respeito à
relação existente entre o contrato e a coletividade, como um todo, apesar de
gerar efeitos diretos apenas para as partes contratantes, em algumas situações
o contrato poderá causar impactos no social, positivos ou negativos. Conforme
Gagliano e Pamplona Filho (2014, s.p.):

[...] o contrato é considerado não só como um instrumento de


circulação de riquezas, mas, também, de desenvolvimento social.
Isso mesmo: desenvolvimento social. Sem o contrato, a economia
e a sociedade se estagnariam por completo, fazendo com que
retornássemos a estágios menos evoluídos da civilização
humana. Ocorre que todo desenvolvimento deve ser sustentado,
racionalizado e equilibrado. Por isso, ao concebermos a figura
do contrato – quer seja o firmado entre particulares, quer seja o
pactuado com a própria Administração Pública – não poderíamos
deslocá-lo da conjuntura social que lhe dá ambiência. Consoante
inferimos linhas acima, como chancelar como válido, por exemplo,
um negócio que, posto atenda aos seus pressupostos formais
Segundo o princípio de validade, desrespeite leis ambientais ou pretenda fraudar leis
da função social trabalhistas? Na mesma linha, não se pode admitir contratos que
dos contratos, os violem a livre concorrência, as leis de mercado ou os postulados
negócios firmados de defesa do consumidor, sob o pretexto de se estar incentivando
entre as partes a livre-iniciativa.
não podem ser
celebrados no intuito
de gerar impactos Desta forma, segundo o princípio da função social dos contratos,
socialmente
negativos, como o os negócios firmados entre as partes não podem ser celebrados no
desrespeito às leis intuito de gerar impactos socialmente negativos, como o desrespeito às
ambientais e/ou leis ambientais e/ou trabalhistas.
trabalhistas.

20
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Passamos, agora, ao estudo da formação dos contratos.

Formação dos Contratos



Visto que a autonomia da vontade é um elemento crucial para É possível falar em
celebração de contratos, passaremos agora ao estudo da formação três etapas gerais
para formação
dos contratos. Isto porque não basta que um indivíduo exteriorize sua contratual: 1)
vontade de contratar, é necessário que a outra parte esteja de acordo Negociações
preliminares; 2)
com a proposta oferecida. Neste sentido, é possível falar em três Proposta; e 3)
etapas gerais para formação contratual: 1) Negociações preliminares; Aceitação.
2) Proposta; e 3) Aceitação. Vejamos cada uma delas.

a) Negociações preliminares

Também conhecida como fase de puntuação, esta refere-se ao período inicial


de acordo, discussões e minutas a respeito do contrato. É neste momento que
reflexões, pesquisas de preço, cálculos e exposição de interesses antagônicos
devem ser realizados, pois ainda estamos falando de um contrato a ser efetuado
futuramente. É exatamente por isso que não há que se falar em obrigações
firmadas nesta etapa – as partes ainda estão discutindo os termos do contrato.

Imaginemos que irei efetuar a compra de um carro. Em um primeiro


momento, é necessário verificar o estado de conservação do automóvel, checar
sua regularização junto ao Detran, negociar com o vendedor as condições de
pagamento e possível desconto etc. Se a qualquer momento eu me desinteressar
pelo veículo, não há qualquer consequência jurídica, pois ainda estávamos na
fase de negociações preliminares.

Entretanto, é preciso lembrar que neste momento o princípio da boa-fé deve


ser observado, sob pena de gerar indenização por perdas e danos àquele que
agir de má-fé nesta etapa. Conforme Gonçalves (2014, p. 56):

Embora as negociações preliminares não gerem, por si mesmas,


obrigações para qualquer dos participantes, elas fazem surgir,
entretanto, deveres jurídicos para os contraentes, decorrentes
da incidência do princípio da boa-fé, sendo os principais os
deveres de lealdade e correção, de informação, de proteção
e cuidado e de sigilo. A violação desses deveres durante o
transcurso das negociações é que gera a responsabilidade
do contraente, tenha sido ou não celebrado o contrato.
Essa responsabilidade ocorre, pois, não no campo da culpa
contratual, mas da aquiliana, somente no caso de um deles
induzir no outro a crença de que o contrato será celebrado,
levando-o a despesas ou a não contratar com terceiro etc. e
depois recuar, causando-lhe dano.

21
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

Observe, neste sentido, a seguinte ementa sobre o dever de indenizar em


caso de negociações preliminares:

EMENTA 04: REPARAÇÃO DE DANOS MATERIAIS E MORAIS.


RESPONSABILIDADE PRÉ-CONTRATUAL. PRINCÍPIO DA BOA-
FÉ OBJETIVA DOS CONTRATOS

Negociações preliminares a induzir os autores a deslocarem-se


até o Rio de Janeiro para a aquisição de veículo “seminovo” da ré, na
companhia de seu filho ainda bebê, gerando despesas. Deslealdade
nas informações prestadas, pois oferecido como “uma joia de carro”,
“impecável”, gerando falsas expectativas, pois na verdade o veículo
apresentava pintura mal feita, a revelar envolvimento em acidente
de trânsito. Omissão no fornecimento do histórico do veículo que
poderia confirmar as suspeitas de tratar-se de veículo batido. Danos
materiais, relativos às passagens aéreas e estadia e danos morais
decorrentes do sentimento de desamparo, frustração e revolta diante
da proposta enganosa formulada. Sentença confirmada por seus
próprios fundamentos. (Recurso Cível Nº 71000531376, Segunda
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Ricardo Torres
Hermann, Julgado em 08/09/2004).

Passadas as negociações preliminares, teremos, em seguida, a proposta.

b) Proposta de contratar

Positivada nos artigos 427 e nos seguintes do Código Civil, a proposta


consiste em uma oferta de contratar que uma parte faz a outra, de forma séria,
concreta e com real intenção de firmar contrato. Poderá ser feita de maneira
escrita ou verbal, desde que transmita a real intenção do proponente.

Nesta etapa, já se tem o início de um vínculo obrigacional, pois aquele que


faz a proposta não pode voltar atrás em sua palavra. Esta vinculação comporta,
porém, algumas exceções legais, a saber:

• Se a não obrigatoriedade é prevista na proposta, ou seja, quando o proponente


expressamente declarar que reserva seu direito de arrependimento.

22
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

• Se a não obrigatoriedade resultar da própria natureza do negócio. Tem-se,


como exemplo, as queimas de estoque realizadas por lojas, a oferta é válida
enquanto durar o estoque, visto que findo o produto, é extinta também a
possibilidade de vendê-lo.
• Se a não obrigatoriedade resultar das circunstâncias do caso. Desta forma,
o juiz possui liberdade para auferir no caso concreto situações nas quais a
proposta não poderia ser considerada obrigatória.

Há que se falar, ainda, no prazo de validade das propostas. Seriam elas


ilimitadas temporalmente?

A resposta é não. O artigo 429 do Código Civil estabelece os prazos de


validade aplicáveis à proposta, diferenciando, porém, pessoas presentes de
pessoas ausentes. Assim, para melhor compreender o assunto, é preciso
diferenciar essas duas categorias.

Pessoas presentes são aquelas que mantêm um contato direto e ininterrupto,


tanto ao vivo quanto virtualmente (chats, messenger, whatsapp, desde que haja
resposta imediata etc.). O importante nessa situação é que o indivíduo tome
conhecimento da proposta assim que ela for realizada.

No caso das pessoas ausentes, isso não ocorre porque o meio de


comunicação utilizado não é imediato. Tem-se, por exemplo, propostas firmadas
por e-mail e as propostas de renegociação de dívidas enviadas por correio para a
casa do devedor.

Assim, dispõe o Código Civil que a proposta perde seu prazo de validade
quando:

Art. 428. [...] I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não
foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a
pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação
semelhante;
II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido
tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do
proponente;
III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a
resposta dentro do prazo dado;
IV - se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao
conhecimento da outra parte a retratação do proponente.

É importante destacar que no caso de pessoas ausentes, o contrato será


considerado formado a partir do momento em que a aceitação for enviada,
conforme artigo 434 do Código Civil. Todavia, a lei estabelece três exceções a
essa regra, a saber: 1) Se antes ou junto da aceitação chegar a desistência do

23
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

aceitante; 2) Se quem fez a proposta se comprometer a aguardar a chegada da


aceitação (forma-se o contrato, então, com a chegada e não com a expedição do
ato); 3) Se a aceitação não chegar no prazo combinado entre as partes.

EMENTA: BEM MÓVEL. COMPRA E VENDA. AÇÃO DE


REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. IMPROCEDÊNCIA.
DESCUMPRIMENTO DO PRAZO CERTO DE ENTREGA DA
MERCADORIA ADQUIRIDA. RECUSA DA MERCADORIA. CONTRATO
ENTRE AUSENTES. ART. 434 DO CC. CORREIO ELETRÔNICO.
PREVALECE A TEORIA DA EXPEDIÇÃO. EXISTÊNCIA DE PRAZO
LIMITE DECLARADO NA ACEITAÇÃO EXPEDIDA. ENTREGA
POSTERIOR. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL QUE PERMITIA A
RECUSA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

No caso de contrato entre ausentes aplica-se a regra do art. 434


do CC. Para a aceitação feita mediante correio eletrônico prevalece
a data da expedição, com o envio da mensagem. De qualquer modo,
na mensagem virtual expedida pelo aceitante constou o prazo final
estabelecido para a entrega, sem contrariedade do proponente. Daí
porque, descumprido o termo, a recusa está justificada e não há direito à
reparação de danos. (Tribunal de Justiça de São Paulo TJ-SP - Apelação:
APL 10372187820148260576 SP 1037218-78.2014.8.26.0576)

Vejamos, agora, a fase de aceitação.

c) Aceitação

A aceitação é a manifestação da vontade do indivíduo no sentido de


concordar com a proposta realizada. Conforme o artigo 431 do Código Civil, se
essa aceitação não for integral, teremos uma contraproposta, neste caso, a outra
parte deverá informar se aceita as mudanças sugeridas para que só então o
contrato se firme.

Caso a proposta seja feita entre ausentes, caso haja algum imprevisto que
faça com que a aceitação chegue tarde ao conhecimento do proponente, este
deve comunicar ao aceitante imediatamente sob pena de responder por perdas e
danos. Gagliano e Pamplona Filho (2014, s.p.) apontam o seguinte exemplo:

24
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Imagine-se, por exemplo, que Souza houvesse enviado a Frim


uma proposta para a venda de uma tonelada de bananas-
da-terra. Frim, então, dentro do prazo assinado, responde,
aquiescendo com a oferta. Ocorre que, por circunstância
imprevista, a carta é extraviada e somente chega às mãos do
proponente/vendedor (Souza) sete dias após o final do prazo
de resposta, já tendo o mesmo, inclusive, se comprometido a
vender as bananas a um terceiro, Geraldo. Deverá, pois, neste
caso, comunicar imediatamente a Frim o recebimento tardio
da sua resposta, sob pena de ser civilmente responsabilizado
pelos danos daí resultantes.

Além disso, a aceitação pode se dar de forma expressa ou tácita, conforme


artigo 432 do Código Civil: “Se o negócio for daqueles em que não seja costume a
aceitação expressa, ou o proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o
contrato, não chegando a tempo a recusa”.

Assim, temos duas hipóteses. Imagine um comerciante que sempre


recebe em sua loja tecidos de algodão fiados por moradores locais, sem dizer
expressamente que aceita a mercadoria, realizando pagamento após cinco dias,
os tecidos sempre são deixados na loja e cinco dias depois o comerciante procura
os tecelões para fazer o pagamento. Há, aqui, uma aceitação tácita por costume,
já que nenhuma das partes exige a aceitação expressa, mas ainda assim firmam
contrato.

Um outro exemplo decorre de quando o próprio ofertante dispensa a aceitação


expressa. Imaginemos uma reserva de hotel não negada pelo estabelecimento.
Não há aceitação expressa do cliente que reservou o quarto, mas ainda assim o
contrato está celebrado.

Por fim, cumpre lembrar que o local de celebração do contrato é aquele


no qual foi realizada a proposta, conforme artigo 435 do Código Civil. Caso a
proposta tenha sido feita em local indeterminado, como em um voo ou em águas
internacionais, será considerado o lugar de domicílio do proponente.

Classificação Geral dos Contratos


A classificação geral dos contratos nada mais é que um recurso A classificação geral
dos contratos nada
pedagógico utilizado para facilitar a compreensão das particularidades mais é que um
de cada contrato. Diferentes autores utilizarão diferentes classificações, recurso pedagógico
utilizado para facilitar
o que não prejudica o aprendizado da matéria justamente porque não a compreensão das
se trata de uma verdade universal, mas de um recurso utilizado para particularidades de
viabilizar o entendimento das características de cada contrato. cada contrato.

25
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

É importante mencionar que neste momento iremos apresentar uma


classificação genérica, sem nos ater a fundo a cada tipo contratual. Os contratos
em espécie serão estudados no capítulo 2.

No capítulo 2, você encontra um estudo aprofundado sobre as


espécies de contrato.

Tomaremos por base, aqui, a classificação adotada por Gagliano e Pamplona


Filho (2014), que assim classificam os contratos:

• Classificação dos Contratos quanto à Natureza da Obrigação


-­ Contratos Unilaterais, Bilaterais ou Plurilaterais.
-­ Contratos Onerosos ou Gratuitos.
-­ Contratos Comutativos ou Aleatórios.
-­ Contratos Paritários ou por Adesão.
-­ Contratos Evolutivos.

• Classificação dos Contratos quanto à Forma


-­ Solenes ou Não Solenes.
-­ Consensuais ou Reais.

• Classificação dos Contratos quanto à Designação

• Classificação dos Contratos quanto à Pessoa do Contratante


-­ Pessoais ou Impessoais.
­- Individuais ou Coletivos.
­- Autocontrato

• Classificação dos Contratos quanto ao Tempo

Comecemos, pois, a partir dos contratos classificados quanto à natureza da


obrigação.

a) Contratos classificados quanto à natureza da obrigação

Nesta classificação, é importante observar o tipo de obrigação a ser acordada


entre as partes: se apenas uma das partes receberá algum benefício, se há
prestação pecuniária para todas as partes etc.

26
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Inicialmente, há que se falar em contratos unilaterais e bilaterais


(plurilaterais). O contrato unilateral é aquele no qual apenas uma das partes
realiza prestação pecuniária, como exemplo, na doação pura: caso um pai queira
doar um carro ao filho, apenas o pai irá arcar com algum tipo de prestação. Ao
filho caberá apenas aceitar ou recusar o presente, não é necessário que efetue
pagamento algum ao pai.

Entretanto, se o pai estivesse vendendo o carro ao filho, estaríamos diante


de um contrato bilateral, pois a ambos caberia prestação pecuniária. Se a venda
fosse do pai ao filho e sua nora, teríamos um contrato plurilateral: produção
simultânea de prestações pecuniárias para os três envolvidos. Logo, bilateral
quando há apenas duas partes arcando com prestações pecuniárias, e plurilateral
quando existem mais de três indivíduos na mesma situação.

O contrato também poderá ser oneroso ou gratuito. No contrato oneroso,


todas as partes experimentam benefícios e deveres, como é o caso da compra
e venda. Já no contrato gratuito, apenas uma das partes receberá benefícios,
enquanto a outra arcará com o ônus, como é o caso da doação pura.

Entende-se contrato comutativo aquele no qual as obrigações se equivalem


e são conhecidas de início. Você entra em uma loja para comprar uma bela roupa
exposta na vitrine, desde já você conhece o produto, o valor a ser pago por ele
e, em regra, imediatamente o leva para casa. Porém, existem os contratos
aleatórios, nos quais a prestação só pode ser exigida por uma das partes em
razão de evento futuro. É o caso do contrato de seguro, a cobertura só pode ser
exigida da agência caso haja algum tipo de acidente.

Por fim, há que se falar ainda em contratos paritários e contratos de


adesão. Nos primeiros, há uma igualdade de condições de negociação entre as
partes: em ambos pode-se discutir valores, prazos, formas de pagamento etc. O
mesmo não ocorre nos contratos de adesão, uma das partes impõe cláusulas a
serem cumpridas e cabe a outra aceitar ou não, nem possibilidade de discussões.
Tem-se como exemplo os contratos de planos de telefone, internet e TV à cabo.

b) Contratos classificados quanto à forma

Em regra, nosso ordenamento jurídico não exige uma forma específica a ser
adotada (art. 107 do CC-02), motivo pelo qual o contrato verbal é perfeitamente
válido e eficaz, desde que celebrado mediante os requisitos já estudados. Tais
contratos são classificados como não solenes, já que dispensam formalidades
legais. Porém, em alguns casos, a lei estipula determinadas formalidades a
serem seguidas. Estes são os contratos solenes, como exemplo, os contratos
constitutivos translativos de direitos reais sobre imóveis acima do valor consignado
em lei, uma vez que o código exige a forma pública para a validade do ato.

27
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

O contrato poderá, ainda, ser consensual ou real, quanto à forma. O contrato


consensual é aquele que se concretiza com a mera declaração de vontade, e,
dado o aceite, firmado o acordo. Já os contratos reais exigem a entrega da coisa
para sua concretização, neste sentido, temos como exemplo os contratos de
mútuo, depósito e penhor.

c) Contratos classificados quanto à designação

Algumas espécies contratuais são designadas por lei, outras não, o que não
influencia na sua validade e eficácia. Desta forma, tem-se por nominados os
contratos especificamente tratados no Código Civil, como a compra e venda, e
inominados aqueles que não o são.

d) Contratos classificados quanto à pessoa do contratante

Segundo esta classificação, os contratos podem ser pessoais, impessoais,


individuais ou coletivos.

O contrato pessoal é aquele personalíssimo – celebrado unicamente em


função de uma pessoa. Considere, por exemplo, que você é um grande fã de
Pabllo Vittar e a tenha contratado para cantar em sua festa de aniversário. Veja:
não é possível que Anitta, Valesca ou Alcione cantem no lugar da artista, pois o
contrato é pessoal – você a contratou pelo seu talento específico.

Já o contrato impessoal visa apenas a realização do trabalho,


independentemente de quem o faça. Temos, como exemplo, o contrato de
prestação de serviços de limpeza para com uma empresa: não importa se Pablo,
Anitta, Valesca ou Alcione façam a limpeza, desde que o serviço em si seja
efetuado.

O contrato individual é o celebrado por pessoas determinadas,


individualmente consideradas: Anitta faz um contrato de compra e venda com
Alcione, estabelecendo o acordo entre elas. Já o contrato coletivo é aquele
celebrado por grupos não individualizados, reunidos por uma relação jurídica,
como no caso das convenções coletivas no direito trabalhista. O sindicato realiza
o acordo com a empresa, não Pablo ou Valesca.

Por fim, é importante mencionar a figura do autocontrato, que, apesar do


nome, não se trata de um contrato consigo mesmo. Suponhamos que você more
em Curitiba-PR e esteja vendendo um imóvel à sua amiga Yasmim, que mora
em Belém-PA. Como o preço das passagens é alto, Yasmim o nomeia como
seu representante legal, por meio de procuração, para que você resolva todos
os trâmites do negócio em nome dela. Veja: você é a parte contratual que está

28
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

vendendo o imóvel e está atuando como representante legal da Yasmim, que está
comprando este mesmo imóvel – seu nome aparecerá duas vezes no contrato,
nos dois polos, mas com uma grande diferença: em um deles você age em nome
próprio, no outro, em nome alheio. A este fenômeno, chamamos autocontrato.

e) Contratos classificados quanto ao tempo de execução

De acordo com esta classificação, pode-se falar em contratos


instantâneos, como exemplo, a compra e venda à vista, ou de duração, como é o
caso da compra e venda a prazo.

Efeitos do Contrato
Em geral, é possível elencar quatro efeitos gerais oriundos dos Em geral, é possível
elencar quatro efeitos
contratos. O primeiro deles é a obrigatoriedade; uma vez firmado o gerais oriundos
pacto, ele se torna lei absoluta entre as partes, devendo ser cumprido dos contratos. O
conforme o combinado, se nele não há qualquer invalidade. O segundo primeiro deles é a
obrigatoriedade; O
refere-se à irretratabilidade; isto significa que o contrato previamente segundo refere-se à
estabelecido só poderá ser desfeito por outro contrato, chamado irretratabilidade; O
terceiro efeito é o da
de distrato (art. 472 CC). O terceiro efeito é o da intangibilidade; o intangibilidade; Por
contrato não poderá ser alterado por vontade única de uma das partes, fim, não custa lembrar
dependendo de um consenso mútuo para que haja a efetivação de que o contrato
possui um efeito
qualquer mudança. Por fim, não custa lembrar que o contrato possui pessoal, pois vincula
um efeito pessoal, pois vincula apenas as partes contratantes, não apenas as partes
contratantes.
podendo, em regra, atingir terceiro desinteressado.

Existem, porém, dois elementos oriundos dos efeitos contratuais que
merecem ser estudados com maior atenção. Tratam-se do vício redibitório e da
evicção. Vejamos cada um deles.

a) Vícios redibitórios

Conforme o artigo 441 do Código Civil, os vícios redibitórios são defeitos


ocultos que diminuem o valor ou prejudicam a utilização da coisa recebida.
Segundo Farias e Rosenvald (2012, p. 469):

[...] o vício redibitório consiste no vício oculto que acomete


a coisa transferida em contratos comutativos, tornando-a
imprópria ao uso a que se destina ou lhe reduzindo o valor.
Sendo inerente à essência do produto, o vício é capaz de
torná-lo imprestável ao seu fim natural ou reduzir a capacidade
do bem por ocasião de sua utilização.

29
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

É importante mencionar que em qualquer tipo de contrato no qual haja


transmissão de propriedade, a teoria do vício redibitório poderá ser aplicada.

Segundo Farias e Rosenvald (2012, p. 469): o vício redibitório


consiste no vício oculto que acomete a coisa transferida em contratos
comutativos, tornando-a imprópria ao uso a que se destina ou lhe
reduzindo o valor. Sendo inerente à essência do produto, o vício é capaz
de torná-lo imprestável ao seu fim natural ou reduzir a capacidade do
bem por ocasião de sua utilização.

Para que se caracterize o vício redibitório, alguns requisitos são


Para que se
caracterize o vício necessários. O primeiro deles é o de que o contrato seja comutativo, ou
redibitório, alguns seja, tenha obrigações equivalentes para ambas as partes, exigíveis de
requisitos são
necessários. O imediato. Nos contratos de doação, o doador não é obrigado a suportar
primeiro deles é o as consequências dos vícios redibitórios, embora possa fazê-lo se
de que o contrato assim quiser (art. 552 CC). Além disso, é necessário que o defeito seja
seja comutativo.
oculto e exista antes da tradição, ou seja, da entrega do bem e que
acarrete em diminuição de valor econômico ou prejuízo à adequada
Além disso, é
necessário que o utilização da coisa.
defeito seja oculto
e exista antes da
tradição, ou seja, O referido instituto encontra fundamentação jurídica na garantia
da entrega do bem contratual, segundo a qual, quem adquire um bem por meio de
e que acarrete contraprestação, tem total direito de usufruí-lo segundo sua utilidade
em diminuição de
valor econômico ou natural. Imagine um indivíduo que adquire um Iphone 7, de última
prejuízo à adequada geração, mas em razão de um vício oculto, precisa utilizá-lo como um
utilização da coisa.
simples peso de papel. Não faria o menor sentido.

Por essa razão, é preciso que o adquirente tenha algum tipo de garantia
contra o vendedor, caso o bem venha eivado por algum tipo de defeito. Assim,
a garantia contratual está diretamente relacionada ao princípio da boa-fé, uma
vez que cabe ao vendedor informar ao comprador todos os detalhes relativos
ao negócio a ser firmado. É importante destacar que, mesmo que o vendedor
desconheça o vício no bem a ser vendido, ainda será responsável por reparar o
dano ao comprador.

E quais são as consequências jurídicas do vício redibitório?

30
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Vejamos o que diz o Código Civil, em seu artigo 442: “Em vez de rejeitar a
coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no
preço”. Assim, é possível inferir que, caso o dilema não seja resolvido de forma
amigável, por meio de rescisão ou abatimento no preço, o adquirente terá duas
opções na esfera judicial: redibir o negócio ou obter judicialmente o abatimento
no preço por meio de ação estimatória. São o que chamamos de ações edilícias.

Assim, nas ações estimatórias, o adquirente visa ao abatimento na prestação


já paga. Já nas ações redibitórias, o objetivo é devolver a coisa com a restituição
da quantia ou prestação paga ao comprador adquirente.

Veja o esquema a seguir. Assim, temos:

Ação Redibitória: rejeitar a coisa, redibindo o contrato

Ações Edilícias

Ação Estimatória: reclamar abatimento na prestação

No entanto, o adquirente deve estar atento aos prazos para propositura das
ações edilícias. Se estivermos falando de bens móveis, o prazo será de 30 dias,
para bens imóveis, o prazo será de um ano, sempre contados a partir da efetiva
entrega do bem. É importante, sobretudo, compreender o que diz a segunda parte
do art. 445 do Código Civil: “O adquirente decai do direito de obter a redibição ou
abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se
for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da
alienação, reduzido à metade.”

De acordo com o dispositivo mencionado, se o indivíduo já estava na posse


do bem no momento da efetivação do contrato, seus prazos irão cair para metade.
Claro, se a pessoa já usufruía da coisa, seria de se esperar que ela mesma
notasse os vícios presentes no bem.

Imaginemos duas situações.

Na primeira delas, Ana Paula mora de aluguel na casa de Fabiana há dois


anos, quando finalmente decidiu comprar o imóvel. Realizada a compra, Ana
Paula descobriu que em razão de desmoronamentos na região, o piso do imóvel
tende a inclinar dois centímetros por ano, sendo que com o passar do tempo sua
moradia ali seria inviável. Fabiana não quer conversa, obrigando Ana Paula a
tomar as medidas legais cabíveis.

31
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

Qual o prazo para Ana Paula ajuizar ação edilícia?

O prazo será de seis meses e não de um ano, pois Ana Paula já residia
no imóvel quando fez a compra, ou seja, já estava na posse do bem objeto do
contrato.

Em situação semelhante, imaginemos que Nathália possui um belo carro


Ford KA em sua garagem, presente de seus pais, mas não saiba dirigir. Ela e
sua prima Andressa, que já possui carteira de motorista, combinam que apesar
do carro ser de Nathália, é Andressa quem irá dirigi-lo, tanto para levar e buscar
Nathália em qualquer lugar que ela deseje, quanto para seu uso próprio, para sair
com seus amigos e realizar atividades cotidianas. Andressa gosta tanto de dirigir
o carro que, após seis meses do acordo, fez uma oferta irrecusável a Nathália,
que o vendeu. Todavia, na primeira tempestade que desaba na cidade, o carro,
guardado em garagem aberta, sofre inundação em razão de um pequeno furo
embaixo do volante.

Qual o prazo para Andressa ajuizar a ação edilícia de sua preferência?

Como se trata de bem móvel que já estava na posse da adquirente, o prazo


será de quinze dias (metade do que seria se ela não estivesse na posse do bem).

EMENTA: COBRANÇA. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO.


VÍCIOS REDIBITÓRIOS. O objeto da compra e venda, à época do
negócio, contava com cerca de sete anos. Assim, e tendo a venda
se realizado entre particulares, cumpria ao adquirente verificar o
estado do bem, a fim de evitar a despesa reclamada. Isso porque,
considerando o rol de peças dos orçamentos acostados, observa-se
se tratar muito mais de desgaste por decurso do tempo e de uso do
que por defeito no motor. Dessa forma, não responde o vendedor
pelos problemas manifestados no funcionamento do carro. Esse,
inclusive, é o entendimento predominante nestas Turmas Recursais.
SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
RECURSO IMPROVIDO. (Recurso Cível Nº 71004278974, Terceira
Turma Recursal Cível, Turmas Recursais, Relator: Carlos Eduardo
Richinitti, Julgado em 27/06/2013)

32
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

b) Eviccção

Conforme já mencionado, nas relações contratuais não basta que as partes


cumpram a obrigação acordada. É necessário, ainda, que ajam de acordo
com o princípio da boa-fé, atuando conforme os deveres anexos de proteção,
cooperação e informação. Neste sentido, trataremos de mais uma figura que se
origina a partir dos efeitos do contrato: a evicção.

Conforme Farias e Rosenvald (2012, p. 493), a evicção é “a perda da coisa em


virtude de decisão judicial ou administrativa que conceda o direito – total ou parcial
– sobre ela a um terceiro estranho à relação contratual em que se deu a aquisição”.

Imaginemos que Silvana compre o computador usado de Joel, por meio de
contrato válido de compra e venda. O computador funciona normalmente, não há
nenhum vício redibitório e atende perfeitamente às necessidades de
Silvana. Acontece que, meses depois, ela é surpreendida por Nívea, que Eis a evicção:
perda da posse ou
comprova em juízo que o computador, na verdade, era seu – e não de Joel, propriedade de um
motivo pelo qual ele não poderia tê-lo vendido. Silvana, assim, torna-se bem em razão do
reconhecimento de
evicta (excluída) e deve procurar Joel para obter a devida indenização. que este bem, na
verdade, pertencia
Eis a evicção: perda da posse ou propriedade de um bem em razão a terceiro antes
da celebração
do reconhecimento de que este bem, na verdade, pertencia a terceiro do contrato em
antes da celebração do contrato em questão. questão.

Conforme Farias e Rosenvald (2012, p. 493), a evicção é “a


perda da coisa em virtude de decisão judicial ou administrativa que
conceda o direito – total ou parcial – sobre ela a um terceiro estranho
à relação contratual em que se deu a aquisição”.

Assim como no caso dos vícios redibitórios, a evicção só atinge os contratos


onerosos comutativos, ou seja, no qual ambas as partes têm encargos e
vantagens. No caso da doação, Farias e Rosenvald (2012, p. 494-495) afirmam:

33
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

Não se olvide ainda da possibilidade de o doador suportar


a evicção quando dolosamente transfere a propriedade do
bem, sabendo ser ela portadora de vício jurídico. Cuida-
se do “presente de grego”. A especificidade da hipótese
reside no fundamento diferenciado da demanda: não será o
alienante responsabilizado pela evicção por ser ela estranha
aos contratos gratuitos, mas por eventuais perdas e danos
decorrentes do ato ilícito.

Desta forma, ainda que a evicção em si não possua incidência obrigatória


sobre os contratos de doação, alienar bem que não lhe pertence configura ato
ilícito e, como tal, gera indenização.

Outros elementos constituintes da evicção são: privação do direito do


adquirente, que apesar de já ter firmado o negócio não poderá usufruir do bem
que adquiriu; preexistência do direito de terceiro, em razão da ilegitimidade do
alienante vendedor para dispor sobre a coisa, já que esta, na verdade, pertencia
a terceiro; e privação judicial ou extrajudicial, ou seja, a evicção poderá ocorrer
tanto por força de uma sentença quanto por reconhecimento espontâneo do
adquirente, ou mesmo mediante apreensão por autoridade administrativa. Basta
lembrar de casos de apreensão de veículos furtados, a simples atuação da polícia
já é suficiente para ocorrência da evicção.

Assim como os vícios redibitórios, a evicção tem por fundamentação a


garantia contratual. Conforme Farias e Rosenvald (2012, p. 496):

A função prático-social da garantia da evicção nos contratos


onerosos é a de recompor o equilíbrio contratual, abalado
pelo rompimento da correspectividade das prestações. Com
a provação do bem, experimenta o evicto uma mitigação
patrimonial que rompe o sinalagma genético, pois o seu
sacrifício financeiro já não mais será compensado por qualquer
vantagem econômica.

Assim, a evicção é uma forma de restabelecer o equilíbrio na relação


contratual firmada, já que nos contratos onerosos comutativos há deveres e
obrigações para ambos.

Quanto aos direitos do evicto, além da restituição integral da prestação paga,
ele terá direito a indenização por perdas e danos decorrentes do ato, ainda que
o bem esteja de alguma forma deteriorado. A responsabilidade será do alienante,
exceto quando o adquirente estiver de má-fé (saber que o bem pertencia a
terceiro, por exemplo).

Ainda há que se falar em duas espécies de evicção, a total e a parcial. A
primeira ocorre quando há perda completa da posse ou propriedade do bem, como
mencionado no exemplo do computador. A evicção parcial ocorre quando apenas
parte da posse ou propriedade da coisa é perdida. Como exemplo, imaginemos

34
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

que Beatriz compre a biblioteca completa de seu primo Igor, pelo seu amor à
leitura e à erudição. Satisfeita com a compra, Beatriz é surpreendida por Douglas
que afirma que, dos 890 livros constantes no acervo, 300 são seus, e não de Igor.
Neste caso, conforme artigo 455 do Código Civil, Beatriz poderá optar entre a
extinção do contrato com Igor ou a restituição do preço pelo prejuízo sofrido.

Por fim, é preciso ressaltar que o Código Civil em seu artigo 448 permite
expressamente que as partes diminuam, aumentem ou excluam completamente
a hipótese de evicção. Essas convenções, entretanto, devem estar expressas no
contrato, não podendo nunca serem implícitas. Desta forma, segundo Gagliano e
Pamplona Filho (2014, s.p.):

Se as partes resolverem aumentar (extensão da garantia)


o direito do adquirente – estabelecendo uma multa caso
se consume a perda, por exemplo -, abater a garantia de
indenização pelos eventuais frutos restituídos (diminuição
da garantia), ou, bem assim, excluírem totalmente a
responsabilidade pela evicção, somente poderão fazê-lo por
cláusula expressa constante do contrato firmado.

Vistos os efeitos decorrentes das relações contratuais, passaremos agora ao


estudo das hipóteses de extinção do contrato.

c) Extinção contratual

Neste tópico, abordaremos as hipóteses de extinção contratual. Também


trataremos de algumas questões relacionadas à extinção dos contratos, como a
exceção de contrato não cumprido e a resolução por onerosidade excessiva.

Tomando por base a classificação proposta por Gagliano e Pamplona Filho


(2014), estudaremos as formas de extinção do contrato conforme o seguinte
resumo esquemático:

Cumprimento do pacto
Natural
Verificação de fator eficacial
Extinção
Causa anterior ao contrato: invalidade, cláusula
resolutória, direito de
arrependimento, redibição.
Posterior

Causa posterior ao contrato: resilição, resolução,


rescisão, morte, caso
fortuito ou força maior

35
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

Vejamos primeiro as causas naturais de extinção do contrato.

• Extinção natural do contrato

Primeira hipótese Os contratos existem para serem cumpridos, certo? Neste sentido,
de extinção natural
seja o cumprimento nada mais lógico que a primeira hipótese de extinção natural seja o
integral do contrato. cumprimento integral do contrato. As partes cumpriram as obrigações
As partes cumpriram acordadas, usufruíram dos bônus ofertados e o contrato chegou ao fim
as obrigações
acordadas, de seu ciclo sem maiores problemas.
usufruíram dos
bônus ofertados e o
contrato chegou ao A segunda causa de extinção natural refere-se ao plano da
fim de seu ciclo sem eficácia, já estudado neste capítulo. Como faláramos, em regra, os
maiores problemas. contratos são celebrados de forma que o acordado seja efetivado
imediatamente. A critério das partes, porém, é possível suspender a
É possível que eficácia do acordo para um momento futuro.
as partes tenham
estabelecido um
termo, um evento Assim, é possível que as partes tenham estabelecido um termo,
futuro e certo para
só então o contrato um evento futuro e certo para só então o contrato se efetivar. Por
se efetivar. exemplo, Fabíola encomenda um belo vestido no ateliê de Núbia, que
só ficará pronto em 30 dias. Desta forma, ambas se comprometem a
realizar as devidas prestações 30 dias após a encomenda, ou seja, no dia 09
de abril. Até lá, o contrato existe e é válido, mas é ineficaz em razão do termo
estabelecido, apenas no dia 09 de abril o vestido será entregue, o valor será
recebido e, assim, o contrato terá fim.

Outra possibilidade é que as partes tenham estabelecido uma condição,


um termo futuro e incerto para a efetivação do contrato. Assim, Conceição se
compromete, mediante contrato, a doar um imóvel a seu neto Mateus no dia
de seu casamento. Podem se passar 10, 15, 20 anos, caso o casamento não
aconteça, o contrato jamais terá eficácia, pois está vinculado a esta condição.

Vistas as hipóteses naturais de extinção, passamos às outras hipóteses de


extinção.

Caso as obrigações • Causas anteriores ou contemporâneas à formação do contrato


pactuadas não
tenham sido
cumpridas, Caso as obrigações pactuadas não tenham sido cumpridas,
estaremos diante estaremos diante de causas não naturais de extinção contratual,
de causas não
naturais de extinção que podem ocorrer antes, durante e após a celebração do pacto.
contratual, que Trataremos das hipóteses ocorridas antes ou durante a firmação do
podem ocorrer antes, contrato.
durante e após a
celebração do pacto.

36
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

A primeira delas diz respeito ao plano da validade, conforme já estudado


neste capítulo. Lembre-se de que para um contrato ser válido, ele deve ter sujeito
capaz, vontade livre e sem defeitos, forma livre ou não proibida por lei, objeto
lícito, possível, determinado ou determinável. Assim, imagine o seguinte caso:
José Herrera, uruguaio, firma um contrato de compra e venda de cannabis sativa
com João Pedro, brasileiro, no Brasil, sem saber da ilicitude deste objeto em
solo brasileiro. José Herrera, esperto, recebe o bem, mas se recusa a pagar sua
prestação. O que resta a João Pedro? Sentar e chorar, já que o contrato é inválido
em função da ilicitude do objeto e, portanto, será considerado extinto.

A segunda hipótese refere-se à cláusula resolutória constante no artigo 474


do Código Civil, sendo uma cláusula que contém um evento futuro e incerto e que,
ocorrendo, acarretará a extinção do contrato.

A terceira hipótese refere-se aos vícios redibitórios, aqueles defeitos ocultos


no bem pactuado. Nathália vende a Andressa um carro Ford KA que, ao enfrentar
sua primeira tempestade em local aberto, inunda. Andressa pode tanto extinguir o
contrato, obtendo seu dinheiro de volta, ou optar por manter o contrato e solicitar
abatimento no preço.

A quarta e última hipótese de extinção contratual em razão de causas


anteriores ou contemporâneas à formação do contrato é o direito de
arrependimento. As partes podem pactuar expressamente no contrato que, dentro
de um determinado período de tempo, reservam-se ao direito de se arrepender
do negócio firmado. Caso este arrependimento realmente ocorra, findo está o
contrato, sem que sua finalidade original tenha sido cumprida.

• Causas supervenientes à formação do contrato

A partir de agora, estudaremos as causas de extinção contratual que são


posteriores à formação do pacto entre as partes.

A primeira delas é a resilição, oriunda de uma vontade que poderá ser


bilateral (querida por todas as partes) ou unilateral (desejada por apenas uma
das partes). A primeira, também conhecida como distrato, é um novo contrato
cujo objeto é a extinção de contrato anteriormente firmado. A segunda tem sua
incidência reduzida, podendo incidir em apenas alguns tipos contratuais, em
razão do princípio da obrigatoriedade dos contratos.

A respeito do distrato, o artigo 472 do Código Civil assim preceitua: “O distrato


faz-se pela mesma forma exigida para o contrato”, ou seja, se a lei exige alguma
forma específica para o contrato original, o distrato também deverá obedecê-la.
Conforme Gonçalves (2014, p. 143-144):

37
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

A exigência de observância da mesma forma exigida para o


contrato, feita no citado art. 472, não deve ser interpretada,
contudo, de forma literal, mas com temperamento: o distrato deve
obedecer à mesma forma do contrato a ser desfeito quando este
tiver forma especial, mas não quando esta for livre. Desse modo,
a compra e venda de imóvel de valor superior à taxa legal, que
exige escritura pública, só pode ser desfeita, de comum acordo,
por outra escritura pública. Mas o contrato de locação, que tem
forma livre, pode ser objeto de distrato verbal, mesmo tendo sido
constituído mediante contrato escrito, por exemplo.

É importante mencionar que o distrato pode findar qualquer tipo de contrato


ainda não cumprido, bastando, para tanto, a vontade das duas partes em realizá-
lo e seus efeitos não são retroativos, valendo apenas para o futuro.

A respeito da resilição unilateral, ela poderá ocorrer apenas nos contratos


que tenham por objeto obrigações duradouras, impedindo sua renovação
ou continuação, independentemente do inadimplemento de uma das partes.
Um bom exemplo é o contrato de renovação de aluguel; em regra, ele irá se
renovando automaticamente até que uma das partes opte por findá-lo, sem que
haja inadimplemento de qualquer dos lados. Trata-se do meio adequado para
extinguir contratos que não tenham prazo determinado, pois, se não houvesse tal
possibilidade, o contrato seria eterno.

Ademais, como preceitua Gonçalves (2014, p. 144):

A resilição unilateral independe de pronunciamento judicial e


produz efeitos ex nunc, não retroagindo. Para valer, deve ser
notificada a outra parte, produzindo efeitos a partir do momento
em que chega a seu conhecimento. É, destarte, declaração
receptícia da vontade. Em princípio, não precisa ser justificada,
mas em certos contratos exige-se que obedeça à justa causa.
Nestas hipóteses a inexistência de justa causa não impede a
resilição do contrato, mas a parte que o resiliu injustamente fica
obrigada a pagar, à outra, perdas e danos.

A segunda causa é a resolução, segundo a qual o contrato se extingue em
virtude do descumprimento do que fora pactuado. A resolução pode ocorrer de duas
formas: por inexecução voluntária ou por exceção de contrato não cumprido.

Na inexecução voluntária, um dos contratantes deixa de cumprir a obrigação


pactuada, gerando um desequilíbrio na relação contratual que acarretará em
danos para a outra parte. Resolvido o contrato por esta razão, as partes devem
realizar restituições recíprocas, estando o indivíduo inadimplente sujeito à
indenização por perdas e danos. Caso a obrigação pactuada seja passível de
realização imediata, os efeitos dessa extinção serão retroativos, caso seja de trato
sucessivo, como a compra e venda a prazo, as prestações já pagas permanecem
inalteradas, gerando efeito não retroativo.

38
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

Na exceção de contrato não cumprido, enfrentamos situação um pouco


diferenciada: o contrato será extinto porque nenhuma das partes cumpriu aquilo
que fora pactuado. Geralmente é utilizada como instrumento de defesa na
inexecução voluntária, já que a parte inadimplente pode argumentar que não
cumpriu com sua obrigação porque o outro indivíduo também não cumpriu com
a sua. Disciplinada no artigo 476 do Código Civil, a exceção de contrato não
cumprido tem como um de seus requisitos a existência de um contrato bilateral;
a demanda de uma das partes pelo cumprimento daquilo que fora pactuado e um
prévio descumprimento da prestação pela parte demandante.

Desta forma, imagine que Sofia realiza a compra de uma geladeira usada
com Raíssa. Fica pactuado que a geladeira deverá ser entregue no dia 02 de
março, ao passo que Raíssa deverá depositar o dinheiro no dia 03 de março. No
dia 04, Sofia reclama em juízo que não recebeu a prestação combinada, exigindo,
portanto, a resolução do contrato. Em sua defesa, porém, Raíssa afirma que
não realizou o pagamento porque não recebeu a geladeira, utilizando, assim, a
exceção de contrato não cumprido como forma de defesa processual.

Apesar de ser utilizado de forma indiscriminada, o termo rescisão, em seu


significado técnico, refere-se à invalidade dos contratos em razão de dois vícios
do consentimento: lesão ou estado de perigo.

A lesão, prevista no artigo 157 do Código Civil, caracteriza-se quando um


indivíduo se aproveita da necessidade ou inexperiência de outrem para celebrar
com ele um negócio extremamente desvantajoso. Já o estado de perigo, elencado
no artigo 156 do mesmo diploma legal, configura-se quando um indivíduo celebra
contrato desvantajoso para salvar a si próprio ou alguém de sua família em razão
de perigo conhecido pela outra parte. Nas duas hipóteses o contrato é inválido,
em razão de vício na vontade emanada e, portanto, poderá ser judicialmente
rescindido (extinto).

No caso da morte de um dos contratantes, o contrato só será extinto caso


a obrigação pactuada seja personalíssima, de forma que apenas o falecido
poderia cumpri-la. Caso contrário, ela será transmitida aos herdeiros que
deverão fazê-la se cumprir.

Uma outra hipótese refere-se à extinção contratual em virtude de caso


fortuito ou força maior, cumprimento do contrato torna-se impossível em
razão de acontecimentos alheios à vontade dos contratantes. No entanto, este
ocorrido deve ser objetivo, ou seja, não ser criado ou influenciado pelo devedor;
impossibilitar totalmente o cumprimento do pacto, pois o credor pode ainda
ter interesse na prestação mesmo que parcial; e definitiva, pois, se temporária,
gerará apenas a suspensão momentânea do contrato.

Neste caso, o inadimplente não é responsável por perdas e danos, a não ser
que no contrato haja previsão expressa de que ele arcará com os danos em situação

39
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

de caso fortuito ou força maior ou, ainda, se estiver em mora para com o adquirente
(arts. 393 e 399, CC). A extinção do contrato será imediata, com efeito retroativo, ou
seja, a parte inadimplente deve devolver eventual prestação que já tenha recebido
sem, entretanto, estar obrigado a pagar indenização por perdas e danos.

Por fim, é importante tecer algumas considerações a respeito da teoria


da imprevisão e a extinção contratual por onerosidade excessiva. Como já
mencionado anteriormente neste capítulo, embora a regra seja a não alteração
arbitrária dos contratos, em razão de sua obrigatoriedade, algumas circunstâncias
supervenientes podem tornar a prestação excessivamente onerosa. Por tal
motivo, temos o princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva,
também conhecido como rebus sic stantibus.

De acordo com tal princípio, entende-se que nos contratos comutativos


existe uma cláusula implícita segundo a qual o contrato só será completamente
obrigatório se as situações fáticas que o circundam na origem permanecerem
inalteradas, sem modificações extraordinárias que tornem o contrato excessivo,
por exemplo, na ocorrência de uma guerra.

No ordenamento jurídico brasileiro, para que o devedor se livre da obrigação


tornada demasiadamente excessiva em razão de fato extraordinário, este
acontecimento deve ser, também, imprevisível. Alterações econômicas como
a inflação, por exemplo, não podem ser evocadas como desculpas para o
inadimplemento contratual.

Uma de suas características é a de que a onerosidade excessiva pode ser


alegada tanto pelo devedor quanto pelo credor. Qualquer uma das partes atingida
por uma mudança imprevisível e fora do comum terá o direito de recorrer a essa
cláusula implícita. Além disso, caso ainda haja algum interesse no cumprimento
da obrigação acordada, é possível realizar alterações no contrato para que, ao
invés de extinto, ele adeque-se às circunstâncias.

A matéria é tratada no Código Civil de 2002, nos artigos 478, 479 e 480.
Conforme o referido diploma legal, a extinção contratual com base na onerosidade
excessiva só pode se efetivar na ocorrência dos seguintes elementos:
acontecimento extraordinário, imprevisível e excessivamente oneroso para uma
das partes que acarretará em extrema vantagem para a outra.

Atividades de Estudo:

1) A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário


não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das
circunstâncias do caso. Deixa, entretanto, de ser obrigatória a
proposta.

40
Capítulo 1 Teoria das Obrigações Contratuais

a) se, com prazo, por telefone, não foi imediatamente aceita.


b) se, feita com prazo a pessoa ausente, tiver decorrido
tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do
proponente, independentemente do termo final.
c) se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação
expressa e chegar a tempo a recusa.
d) se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento
da outra parte a confirmação do proponente.

2) Assinale a opção correta a respeito dos vícios redibitórios e


da evicção:

a) Não há responsabilidade por evicção caso a aquisição do bem


tenha sido efetivada por meio de hasta pública.
b) Se o alienante não conhecia, à época da alienação, o vício
ou defeito da coisa, haverá exclusão da sua responsabilidade por
vício redibitório.
c) As partes podem inserir no contrato cláusula que exclua a
responsabilidade do alienante pela evicção.
d) O adquirente, ante o vício redibitório da coisa, somente poderá
reclamar o abatimento do preço.

3) O vício redibitório, previsto nas disposições gerais sobre os


contratos, diz respeito:

a) à manifestação de vontade.
b) ao dolo do vendedor.
c) à coisa.
d) à capacidade das partes.
e) ao preço contratado.

Algumas Considerações
Neste capítulo procuramos tecer algumas considerações gerais a respeito
do direito contratual, como: o conceito técnico de contrato, seus requisitos de
validade, seus princípios, as etapas de formação contratual, a classificação geral
dos contratos, seus efeitos e suas formas de extinção.

Para o jurista, a figura dos contratos é central para a atuação profissional


e para a orientação a futuros e potenciais clientes. Visto como o pilar do direito
civil, as relações contratuais são dotadas de características e elementos
peculiares que, ao serem bem manuseados, dão ensejo a satisfatórios e profícuos

41
Relações Obrigacionais Contratuais e Extracontratuais

negócios jurídicos. É a partir dos contratos que as obrigações se exteriorizam,


gerando garantia e segurança nas relações firmadas. Portanto, explore todas as
possibilidades de estudo a respeito do tema.

No próximo capítulo, abordaremos os contratos em espécie, conforme


elencados no Código Civil. É fundamental, a partir de agora, você reconhecer a
importância da leitura tanto do material de apoio quanto do Código Civil (seco:
sem comentários), uma vez que eventuais dúvidas ou esclarecimentos são
respondidos no próprio texto legal, portanto, faça dele seu aliado.

Referências
BRASIL. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário
Oficial da União. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
CCivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 10 fev. 2018.

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil:


contratos, teoria geral e contratos em espécie. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2012. v. 4

GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito


civil: contratos, teoria geral. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 4. Edição não
paginada. (Ebook).

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos


unilaterais. São Paulo: Saraiva, 2014. v. 3. (Ebook).

GUERRA FILHO, Willis Santiago. A Filosofia do Direito: aplicada ao Direito


Processual e à Teoria da Constituição, 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

NALIN, Paulo. Do Contrato: conceito pós-moderno, em busca de sua formulação


na perspectiva civil-constitucional. Pensamento Jurídico, Curitiba: Juruá, 2002.

PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcante. Tratado de Direito Privado. São


Paulo: Bookseller, 1900.

RODRIGUES, Sílvio. Direito Civil: parte geral. São Paulo: Saraiva, 2002.

42

Você também pode gostar