días, el mar, el siempre mar, ya estaba y era. ¿Quién es el mar? ¿Quién es aquel violento y antiguo ser que roe los pilares de la tierra y es uno y muchos, abismos, azares, viento. Quién lo mira lo ve por vez primera. Siempre. ¿Quién es el mar, quién soy?” Jorge Luis Borges
As relações jurídicas entre o Brasil e o
mar são ancestrais e precedem de forma curiosa o descobrimento e o feito de Pedro Álvares Cabral, a configurar peculiar situa- ção em que o direito adianta-se à geografia e às suas ciências auxiliares. Com efeito, as Grandes Navegações, reguladas pelo incipiente direito internacional (além das Bulas Inter Coetera, do Tratado de Alcaço- vas, de 1479, pouco citado na historiografia tradicional, e do Tratado de Tordesilhas, de 1493), conformam valioso case de direito do mar avant la lettre, como prenúncio do destino inexorável do país. Data do período colonial a primeira norma jurídico-marítima brasileira de demarcação do mar territorial, por meio de Alvará Real de 24 de maio de 1805, que estipulava a largura adjacente à faixa lito- rânea de três milhas. Isso era consentâneo com a concepção da época, pelo critério do Jorge Fontoura, doutor em direito interna- tiro de canhão, baseado na teoria de Cor- cional, é professor titular do Instituto Rio Branco nelius van Bynkershöek, a fazer repousar e presidente do Tribunal Permanente de Revisão o querer estatal na efetiva possibilidade de do Mercosul. exercício de seu poderio militar: potestas
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finitur ubi finitur armorum vis. A ideação massa brasileira e para vastos setores da do poder jurídico embasado no poder de opinião pública a ideia de pertencimento fato, como norma consuetudinária, irá do mar e ao mar. Embora contando com vigorar no direito do mar, mas não apenas aproximados oito mil e quinhentos quilô- nele, com mais ou menos intensidade, até metros de litoral, ademais de formidável meados da Idade Contemporânea. Depois, espaço insular e arquipelágico, além de com a era das organizações internacionais, privilegiado posicionamento voltado para no segundo pós-guerra, inúmeros esforços todos os horizontes do Atlântico Sul e para multilaterais, sob os auspícios das Nações o Continente Antártico, até a Guerra da Unidas, dirigiram-se a codificar o direito do Lagosta o mar permanecia como espaço mar. Como decorrência do desenvolvimen- despercebido, alheio à política e aos obje- to tecnológico e do substancial aumento tivos nacionais. Como sinal dos novos tem- do comércio internacional, o mar passava pos, em 1970 o Brasil edita, por iniciativa a dispor de valor inusitado e a constituir legislativa do Presidente da República, o locus de potencial conflito entre as Nações. Decreto Lei 1.098, de 28 de março de 1970, Conferências de codificação do mar foram que proclamava unilateralmente a extensão reiteradamente frustradas, como na Haia e do mar territorial brasileiro de 200 milhas, em Genebra, em meados do século XX, sem conforme já havia sido feito por alguns paí- que se chegasse a entendimento pacífico ses vizinhos, como o Peru, Chile e Equador. sobre coisa alguma, tanto mais a largura Celebrado com gosto pela população, o do mar territorial. fato transformou-se em música de sucesso Após a Declaração Truman, de 28 de nacional, antológico samba que levantou setembro de 1945, que formaliza, entre ou- grande clamor popular.1 tros aspectos, a pretensão norte-americana Já imbuídos da nova mentalidade, os sobre a plataforma continental, bem como brasileiros foram parte destacada das ne- dá forma a sua terminologia (shelf platform), gociações da Comissão das Nações Unidas a consolidar reconhecimento político e a para o Direito do Mar, que nos anos de 1970 projetar nova feição ao mar dos juristas, passaram a discutir os termos da codifica- o Brasil faz publicar, em 1958, legislação ção que se pretendia realizar, a incorporar a propugnar pelo mesmo. A rationale da os novos conceitos e convicções formuladas reivindicação se assentava na ideia de que após a Segunda Guerra Mundial. Na aca- a plataforma continental poderia ser consi- demia, o destaque foi para Vicente Marota derada extensão da massa terrestre do país Rangel, com seus estudos maritmistas costeiro, como seu natural e inelutável pro- elaborados a partir de sua cátedra na Fa- longamento geológico. Depois, no começo culdade de Direito da Universidade de São dos anos de 1960, o mar ganha relevância Paulo. Na diplomacia, destacavam-se os e repercussão junto à opinião pública na- nomes dos Embaixadores Gurgel Valente, cional, com o curioso episódio da Guerra Araújo Castro e Ramiro Saraiva Guerreiro, da Lagosta: a marinha de guerra brasileira hábeis negociadores e defensores dos inte- apreende cinco navios de pesca franceses, que operavam em águas reivindicadas pelo 1 Tratou-se do samba de João Nogueira (1999), gravado por Clara Nunes “Esse mar é meu”, logo país. A questão ganhou foros de agravo e conhecido como “Das duzentas para lá”, com notória as esquadras prepararam-se para o pior, alusão ao mar territorial e à Guerra da Lagosta: “Esse com o exército brasileiro também tomando mar é meu /Leva esse barco pra lá desse mar/Vá jogar a sua posições no litoral do nordeste. A questão rede das 200 para lá/ Pescador dos olhos verdes/Vá pescar em outro lugar/ Tem rede amarela e verde/No verde azul foi resolvida pelos caminhos diplomáti- desse mar/ Obrigado seu doutor pelo acontecimento/Vai ter cos, porém teve importante consequência peixe camarão/Lagosta que só Deus dá/Peixe é bom pro pen- psicossocial, trazendo para a cultura de samento e a partir desse momento meu povo vai pensar/”.
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resses dos países emergentes. Finalmente, davam a decisão de Brasília para também em outubro de 1982, após mais de década incorporar o tratado. Com isso, o quorum foi de debates e de gestões multilaterais, era logo atingido, com o início da vigência da aberta à firma a Convenção das Nações Convenção em 1994, então dotada também Unidas sobre Direito do Mar, conhecida de eficácia no plano jurídico. Como se não como Carta da Jamaica ou de Montego bastasse, fez ainda o Brasil publicar a Lei Bay. Malgrado contemplasse o estado da 8.617 de 1993, que enquadrava o direito arte do que então eram convicções comuns brasileiro ao direito internacional, em téc- da comunidade internacional acerca do nica de manifesto dualismo doutrinário. tema, a “Constituição dos Mares” teve Não bastava o direito internacional feito e sérias dificuldades de aprovação no Poder acabado. Era necessário, mais e mais, que o Legislativo do Brasil, onde tramitou para legislador interno atuasse para pronunciar efeitos de autorização de ratificação pelo o que já era norma feita e acabada do direito Presidente da República, como tratado que das gentes, na ancestral aura “soberanófila era. Isso se deu pela aparente diminuição e estatólatra” do direito público e de nossa de direitos, com a desconstrução da par- própria cultura jurídica. cela de reconhecimento internacional do Como se tem elaborado pacificamente mar territorial de duzentas milhas que em doutrina, a existência da plataforma já havia, e com a adoção multilateral do continental é dado geofísico. Embora co- reconhecimento das doze milhas. Claro nhecida de há muito no plano geográfico, que se criavam áreas adjacentes ao mar só recentemente foi descoberta pelo direito territorial, como a zona contígua e como a internacional, que antes dela não se ocu- zona econômica exclusiva, que salvaguar- pava, Paulo Borba Casela (2009). Nesse davam interesses patrimoniais até mesmo sentido, também aduz Daniel P. O’Connell em alguns casos além das duzentas milhas (1974) que foi a recente prática positivadora antecedentes. Sem tomar-se em conta a dos Estados que tornou lícita a doutrina da previsão que o tratado contemplava sobre plataforma continental, grande novidade a possibilidade de Estados aquinhoados jurídica do pós-guerra. pela natureza, como é o caso do Brasil, Na esteira dos modernos entendimentos apropriarem-se economicamente da pla- acerca dos direitos dos Estados adjacentes taforma continental, o que era de imenso às suas plataformas continentais, o Brasil interesse não apenas para nosso país. Tudo tem compartilhado do que se houve por isso não evitou grande oposição da opinião bem convencionar no plano multilateral. pública pela renúncia às duzentas milhas, No decorrer dos anos, conforme assinala como se alardeava, justamente em meio P. Weill (1988), o direito à plataforma à década em que se reunia a Assembleia continental vai se destacar sempre mais e Nacional Constituinte. Depois de grandes mais de sua raiz física, para adquirir feição esforços de convencimento por parte de de abstração jurídica por excelência, disso- setores mais lúcidos da nação, contra o ciada de fenômeno meramente geográfico. nacionalismo pueril de certa imprensa e Nesse perfil sentido, o direito brasileiro considerável parcela ingênua da academia, estipulou, por meio da Lei no 8.617, de 4 o Congresso Nacional autorizou a ratifica- de janeiro de 1993, que dispõe sobre o Mar ção da Convenção de Montego Bay, o que Territorial, a Zona Econômica Exclusiva ocorreu em 22 de dezembro de 1988, depois e a Plataforma Continental, e dá outras de muitas lamúrias e protestos. A adesão providências, em seu artigo 11, parágrafo brasileira, embora tardia, foi de particular único, conforme segue: importância e utilidade, pois havia inúme- “Limite Exterior da Plataforma Con- ros países latino-americanos que aguar- tinental será fixado de conformidade
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com critérios estabelecidos no Art. 76 sob a coordenação do Itamaraty, o LEPLAC da Convenção das Nações Unidas promoveu a aquisição e a análise de dados sobre o Direito do Mar, celebrada em de toda a margem continental brasileira. Montego Bay, em 10 de dezembro Em 17 de maio de 2004, o Brasil submeteu de 1982 e que entrou em vigor para à ONU a proposta de delimitação de sua o Brasil em 16 de novembro de 1994, plataforma, tendo sido o segundo Estado a de acordo com o Decreto no 1.530, de fazê-lo, após a Rússia. O Brasil requisitou à 22 de junho de 1995” (BRASIL, 1993). Comissão a extensão de 960.000 km2 de sua Dizia a Convenção referida pela nova plataforma continental, distribuídos nas norma brasileira, a consagrar o importante regiões Norte e Sudeste/Sul do território avanço que seria bem dimensionado ape- nacional. Em 2007, solicitou-se mais escla- nas recentemente, na descoberta do pré-sal, recimento acerca de determinadas áreas com todas as implicações patrimoniais re- delimitadas na submissão brasileira. Essas levadas pelas perspectivas de explotação e áreas para as quais careciam mais informa- de exploração de petróleo nas profundezas ções adicionais totalizavam 190.000 km2, ou marinhas, no artigo 4 de seu anexo II: 19% da área pleiteada pelo Brasil, a com- “Quando um Estado costeiro tiver preender as regiões da Foz do Amazonas, intenção de estabelecer, de conformi- das Cadeias Norte-Brasileira, da fratura dade com o artigo 76, o limite exterior de Vitória-Trindade e da Margem Conti- da sua plataforma continental além nental Sul. É importante ressaltar, nesse de 200 milhas marítimas, apresentará passo, que a Comissão não fez objeção ao à Comissão de Limites da Plataforma pleito brasileiro sobre a área onde se situa Continental da ONU, logo que pos- a parte maciça das reservas do pré-sal, o sível, mas em qualquer caso dentro mais importante recurso da nova fronteira dos 10 anos seguintes à entrada em energética brasileira. vigor da presente Convenção para o O Governo brasileiro decidiu, a poste- referido Estado, as características de riori e em conformidade com o artigo 8 do tal limite, juntamente com informa- Anexo II da CNUDM, preparar nova pro- ções científicas e técnicas de apoio. posta de limites de sua PCE, com vistas à O Estado costeiro comunicará ao aceitação da totalidade do pleito nacional. mesmo tempo os nomes de quais- Para isso, foi iniciada, em dezembro de quer membros da Comissão que lhe 2008, no bojo das atividades voltadas aos tenham prestado assessoria científica fins do LEPLAC, nova fase de prospecção e e técnica.” de coleta de dados na margem continental O Decreto no 98.145, de 15 de setembro brasileira, com equipamentos e metodolo- de 1989, estabeleceu por seu turno o Plano gias mais modernos. Desde maio daquele de Levantamento da Plataforma Conti- ano, a fase de coleta de dados foi finalizada nental Brasileira (LEPLAC), programa e o LEPLAC vem realizando a leitura, o governamental instituído no intuito de processamento e a interpretação das novas determinar o limite exterior da Plataforma informações. Com isso, pretende-se que o Continental brasileira em sua clivagem ju- Brasil venha a apresentar, em 2012, nova rídica, ou seja, determinar a área marítima, proposta à Comissão das Nações Unidas, além das 200 milhas, na qual o Brasil exerce- com a possibilidade técnica de prestar in- rá direitos de soberania para a exploração e formações adicionais. para o aproveitamento de recursos naturais Não obstante o caráter provisório das do leito e do subsolo marinho. gestões que ora se formulam acerca do Instituída no bojo da Comissão Intermi- tema, todas as atividades de pesquisas nisterial para os Recursos do Mar (CIRM) e e investigações científicas realizadas em
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áreas potencialmente sob jurisdição brasi- plataforma Continental de Estado costeiro, leira devem ser autorizadas pela Marinha conforme estabelece o Artigo 76 da Con- do Brasil, particularmente na plataforma venção das Nações Unidas sobre o Direito continental expandida, em conformidade do Mar (CNUDM), compreende o leito e o com o Decreto no 96.000, de 2 de agosto de subsolo das áreas submarinas que se esten- 1988. O Brasil, que tem recebido pedidos de dem além do seu mar territorial, em toda a autorização para a realização de pesquisas extensão do prolongamento natural de seu na área ampliada da plataforma continen- território terrestre, até o bordo exterior da tal, justifica sua posição pela perspectiva de margem continental, ou até a distância de consolidar sua reivindicação com a prática duzentas milhas marítimas das linhas de de Governo relativa à política de concessão base, a partir das quais se mede a largura de autorização. Nesse sentido, a Comissão do mar territorial, nos casos em que o bordo Interministerial para os Recursos Marinhos exterior da margem continental não atinja (CIRM) adotou, durante sua CLXXV Sessão essa distância. Plenária, realizada em 26 de agosto de 2010, Os 960 mil km2 correspondentes à área a Resolução no 3 (BRASIL, 2010), publicada total reivindicada além das duzentas mi- no Diário Oficial da União (DOU) no 170, de lhas náuticas que se distribuem ao longo 3 de setembro de 2010, que estipula: da costa brasileira equivalem à soma das “[...] independentemente de o limite áreas dos estados de São Paulo, Paraná, exterior da Plataforma Continental Santa Catarina e Rio Grande do Sul, toda (PC) além das 200 milhas náuticas a região sul do país. Nesses termos, a área não ter sido definitivamente estabele- oceânica sob jurisdição brasileira totalizará cido, o Brasil tem o direito de avaliar 4,4 milhões de km2, o que corresponderá, previamente os pedidos de autoriza- aproximadamente, à metade de seu espaço ção para a realização de pesquisa na Brasileira sob o enfoque jurídico, ou seja, determinar a sua PC além das 200 MN, tendo como área marítima, além das 200 milhas náuticas, na qual o base a proposta de limites exterior Brasil exerce direitos de soberania para a exploração e encaminhada à Comissão de Limites o aproveitamento dos recursos naturais do leito e sub- da Plataforma Continental (CLPC), solo marinhos; TENDO EM VISTA que a Proposta de Limite Exterior da Plataforma Continental Brasileira em 2004, e publicada na página ele- foi encaminhada à Comissão de Limites da Plataforma trônica da ONU.” Continental (CLPC) da ONU, em maio de 2004, por Conforme informações técnicas do intermédio do Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, a decisão da CIRM não tem por tendo o Brasil recebido as Recomendações da CLPC em abril de 2007. Em julho de 2008, o Brasil decidiu objetivo estabelecer, em caráter definitivo formular outra proposta, que se encontra, atualmente, e obrigatório, os limites da PCE, mas, tão em elaboração; CONSIDERANDO que o artigo 11, da somente, consolidar a interpretação do Go- Lei no 8.617, de 4 de janeiro de 1993, estabelece que: “A verno acerca da aplicabilidade das normas plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se estendem relativas à autorização de pesquisas na além do seu mar territorial, em toda a extensão do plataforma continental.2 Como se sabe, a prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem continental, ou até uma 2 RESOLUÇÃO No 3, DE 26 DE AGOSTO DE distância de duzentas milhas marítimas das linhas de 2010 – A CIRM, RECONHECENDO os compromissos base, a partir das quais se mede a largura do mar ter- assumidos pelo Brasil ao ratificar a Convenção das ritorial, nos casos em que o bordo exterior da margem Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), continental não atinja essa distância”; TENDO EM especialmente o disposto nos artigos 76, 77 e 246; LE- CONTA que o parágrafo 1o do artigo 13, da mesma VANDO EM CONTA que o Plano de Levantamento Lei, dispõe que: “A investigação científica marinha, da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC) é na plataforma continental, só poderá ser conduzida o programa de Governo instituído pelo Decreto no por outros Estados com o consentimento prévio do 98.145, de 15 de setembro de 1989, com o propósito de Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor estabelecer o limite exterior da Plataforma Continental que regula a matéria”; TENDO EM MENTE que este
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terrestre, o que vem sendo designado pelo desenvolver expertise no que contempla à Governo brasileiro como a Amazônia Azul. feitura de projetos de estabelecimento de li- A apropriada comparação se dá pela vasti- mites no mar, bem como nas árduas estivas dão do espaço considerado, bem como pela de suas execuções. Com isso, o país se vê exuberância e diversidade de seus recursos capacitado para atuar na área internacional naturais. de cooperação técnica, podendo assessorar Conforme se tem como assente na outras pesquisas congêneres. opinião pública brasileira, a definição do Cumpre destacar, por derradeiro, no limite exterior da plataforma continental plano das negociações internacionais re- será legado vital para as próximas gerações, ferentes à plataforma continental, que foi que terão ampliadas as possibilidades de realizada em Lisboa, em 21 de março de descoberta de novos campos petrolíferos, 2010, a I Reunião Formal dos Ministros do como aqueles do pré-sal, bem como terão Mar da Comunidade de Países de Língua ampliadas as possibilidades de fruição de Portuguesa, CPLP. Na ocasião, foram recursos de biodiversidade marinha, de aprovados os seguintes documentos: i) biogenética, e de exploração de riquezas Estratégia da Comunidade dos Países de jacentes em grandes profundidades. Muitas Língua Portuguesa para os Oceanos; ii) delas que ainda não viáveis de explotação Regimento Interno da Reunião de Ministros e de exploração econômicas, poderão ser dos Assuntos do Mar da CPLP; iii) Contri- no futuro próximo objeto de grandes van- buições para projeto de criação de Atlas dos tagens para o desenvolvimento do país, Oceanos da CPLP; iv) Contributos para pro- mercê dos notáveis avanços científicos que gramas de pesquisa referentes aos fundos se tem verificado, bem como da transferên- marinhos (Área); v) Contribuições relativas cia de tecnologia, cada vez mais comum no à implementação de iniciativas no âmbito mundo das joint ventures e das empresas da “Segurança e vigilância marítima”; vi) bi ou plurinacionais. Vale ressaltar nesse Contribuições para projeto pedagógico des- patamar de comércio de conhecimento tinado à mobilização de professores, alunos técnico, a experiência que se tem adquirido e sociedade civil para a importância dos na realização do LEPLAC, com o Brasil a do Estado sobre a Plataforma Continental são inde- dispositivo encontra-se regulamentado pelo Decreto pendentes da sua ocupação, real ou fictícia, ou de no 96.000, de 2 de agosto de 1988, que, em seu artigo qualquer declaração expressa”; e ACOLHENDO a 2o, destaca que: “Compete ao Ministério da Marinha proposta da Subcomissão para o LEPLAC, na sua 57a (Comando da Marinha) autorizar e acompanhar Sessão Ordinária, realizada em 20 de agosto de 2010, o desenvolvimento de atividades de pesquisas e que deliberou sobre o direito do Estado brasileiro de investigações científicas realizadas na plataforma avaliar previamente os pedidos de autorização para continental e em águas sob jurisdição brasileira”; a realização de pesquisa na Plataforma Continental TENDO EM VISTA que o artigo 21, da Lei no 9.478, brasileira além das 200 milhas náuticas; resolve: a) de 6 de agosto de 1997, dispõe especificamente sobre Aprovar a recomendação da Subcomissão para o LE- a competência da ANP para administrar os direitos PLAC, de que, independentemente de o limite exterior de exploração de petróleo e gás natural, conforme a da Plataforma Continental (PC) além das 200 milhas seguir: “Todos os direitos de exploração e produção náuticas não ter sido definitivamente estabelecido, o de petróleo e gás natural em território nacional, nele Brasil tem o direito de avaliar previamente os pedidos compreendidos a parte terrestre, o mar territorial, a de autorização para a realização de pesquisa na sua plataforma continental e a zona econômica exclusi- PC além das 200 MN, tendo como base a proposta de va, pertencem à União, cabendo sua administração limite exterior encaminhada à Comissão de Limites da à ANP”; e que o inciso XV do artigo 6o da mesma Plataforma Continental (CLPC), em 2004, e publicada Lei define: “Pesquisa ou Exploração: conjunto de na página eletrônica da ONU; e b) Dar conhecimento operações ou atividades destinadas a avaliar áreas, à Marinha do Brasil, por intermédio do Estado-Maior objetivando a descoberta e a identificação de jazidas da Armada, e à Agência Nacional de Petróleo, Gás de petróleo ou gás natural”; CONSIDERANDO o es- Natural e Biocombustíveis (ANP) desta Resolução. tabelecido no artigo 77, da CNUDM, principalmente, Almirante-de-Esquadra JULIO SOARES DE MOURA o constante no parágrafo 3o, a saber: “Os direitos NETO – Coordenador da Comissão.
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Assuntos do Mar como tema de afirmação sustentável dos espaços oceânicos sob as da cultura e da identidade marítima da suas respectivas jurisdições nacionais, por CPLP; vii) Contribuições para projeto de meio da cooperação internacional”. Consta criação de Feira do Mar da CPLP; e viii) da Declaração Final do referido fórum que Declaração Final. os países concordaram quanto à criação de O Brasil coordena a elaboração do Centro de Estudos Marítimos, bem como no Atlas dos Oceanos da CPLP, produto da que concerne à nomeação de Embaixador interação entre os centros nacionais que da Boa Vontade da CPLP para os oceanos. produzem informações de caráter científico No que diz respeito à matéria do mar, as e pedagógico sobre oceanos que banham os reuniões da CPLP serão bienais e a próxima países da organização. Ademais, tendo o deverá ocorrer no primeiro trimestre de país já realizado levantamento de recursos 2012, em Angola. minerais da parte ocidental do Atlântico Consciente de seus direitos e também Sul, está apto a cooperar com os demais deveres em relação aos espaços marinhos, países da CPLP e poderá auxiliar na capa- o Brasil deverá estar apto a enfrentar as citação para o levantamento de outros sítios responsabilidades suscitadas pelos novos marítimos. O primeiro esboço do Atlas de- desafios. Mormente no que concerne à verá ser apresentado em 2012, prevendo-se preservação ambiental e ao ecossistema para 2014 a aprovação de sua versão final. marinho, devendo o país prover meios Também merece destaque a realização, financeiros e preparar recursos huma- em 22 de outubro de 2010, do seminário nos particularmente capacitados para a Os Mares da Lusofonia, promovido pela empreitada. Remanesce a convicção de Comissão de Comemoração do Centenário que, como compromisso com as futuras de Don Carlos, em Cascais, Portugal, em- gerações e como desígnio de convivência blemático lugar em que o rio Tejo ganha o harmônica entre as Nações, a realização mar, o caminho de Cabral e de seus coevos, político-jurídica do direito do mar, por onde academia e ciência se reuniram para seu complexo de direitos e de obrigações, refletir as importantes consequências do é compromisso permanente do país, a in- reconhecimento jurídico da plataforma depender de variáveis de política externa continental. ou das conveniências ou dos humores das A Estratégia da CPLP para oceanos é diplomacias presidenciais. compatível com os objetivos perseguidos pela organização como um todo: basica- mente concertação política, cooperação Referências e promoção da língua e da cultura no espaço lusófono. O documento represen- BRASIL. Lei no 8.617, de 04 de janeiro de 1993. Diário ta, ainda, contribuição à implementação Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 5 jan. da Resolução sobre o Desenvolvimento 1993. p. 57. Disponível em: <https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l8617.htm>. Acesso em: 30 de uma Política de Oceanos da CPLP, ago. 2011. aprovada na XII Reunião do Conselho de Ministros (Lisboa, 02/11/2007) e reitera- ______. Comando da Marinha. Comissão Intermi- nisterial para os Recursos do Mar. Resolução no 3, da na Declaração de Lisboa, emanada da de 26 de agosto de 2010. Diário Oficial União, Brasília, VII Conferência de Chefes de Estado e de n. 170, 3 set. 2010. Seção 1, p. 28. Disponível em: Governo da CPLP (Lisboa, 25/07/2008). A <http://mpnuma.ba.gov.br/index.php?option=com_ iniciativa visa a “concentrar esforços entre docman&task=doc_view&gid=171&tmpl=componen os Estados-Membros da CPLP no sentido t&format=raw&Itemid=57>. Acesso em: 30 ago. 2011. da elaboração de uma visão integrada, CASELA, Paulo Borba. Direito Internacional dos Espaços. com vista a promover o desenvolvimento São Paulo: Atlas, 2009.
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