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Lição 05: Membros da Família de Deus | EBD – Betel | 4° Trimestre De 2021

TEXTO ÁUREO

“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de
Deus.” Efésios 2.19

VERDADE APLICADA

O perfeito sacrifício de Jesus Cristo resultou em reconciliação com Deus e permitiu que nos tornássemos
membros de Sua família.

OBJETIVOS DA LIÇÃO

Apresentar a posição de Israel diante de Deus.


Explicar como o sacrifício de Cristo nos trouxe paz.
Falar sobre como nos tornamos a morada de Deus.

TEXTOS DE REFERÊNCIA

EFÉSIOS 2
11- Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios na carne e chamados incircuncisão pelos
que, na carne, se chamam circuncisão feita pela mão dos homens;
12- Que, naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos aos concertos
da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.
13- Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto.
14- Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que

INTRODUÇÃO

Após sua brilhante exposição sobre a doutrina da salvação, Paulo agora trata acerca da condição dos gentios
antes de Cristo e revela como Cristo desfez as barreiras que havia entre judeus e gentios naquele tempo.

PONTO DE PARTIDA

O sacrifício de Jesus nos tornou família de Deus.

1- UM NOVO POVO FORMADO POR DEUS

Antes da vinda de Jesus, havia um desprezo muito grande por parte dos judeus em relação aos gentios,
considerados indignos e incircuncisos [Ef 2.11].

1.1. Éramos gentios na carne, chamados incircuncisão. A Bíblia nos ensina que Israel foi o povo
escolhido por Deus para Lhe representar e anunciar a salvação diante das nações da terra [Êx 19.5-6; Jo
4.22]. Porém, ao detestar e até desprezar os pagãos, Israel fez mau uso desse privilégio. De acordo com
Willian Barclay, os judeus acreditavam que Deus amava apenas a eles e mais ninguém. Diziam que os
gentios haviam sido criados para serem combustível para o fogo do inferno. Até a vinda de Cristo, os gentios
eram um objeto de desprezo para os judeus. Se por acaso um rapaz judeu se casasse com uma gentia ou
vice-versa, era considerado como morto, e um enterro simbólico era realizado [At 10.28]. Se uma mulher
gentia fosse dar à luz, era proibido lhe prestar socorro, pois significava a vinda de mais um gentio ao mundo.
O contato com um gentio era semelhante à morte.

Subsídio do Professor: Para melhor esclarecer, todo aquele que não era judeu (circuncisão), era gentio
(incircuncisão). Na visão judaica e de acordo com o pacto feito a Abraão, o judeu interpretava que ser gentio
era estar fora de qualquer privilégio ou aliança por parte de Deus [At 11.1-3; 15.5; Ef 2.11]. Primeiro, porque
os judeus haviam sido escolhidos por Deus; segundo, porque estavam sob uma promessa divina; e terceiro,
porque tinham no corpo uma marca de aliança com Deus, a circuncisão. Para eles, os gentios eram
desprezíveis porque viviam de acordo com seus desejos e paixões, e eram idólatras, servindo a deuses
estranhos.

1.2. Éramos sem Cristo e sem esperança. Existem momentos que essa palavra é muito apropriada em
nossas vidas: “lembrai-vos” [Ef 2.11]. O teólogo William Hendriksen faz o seguinte resumo acerca da situação
dos gentios naquele tempo: estavam “sem Cristo, sem estado, sem amigos, sem esperança e sem Deus”.
Essa era a terrível situação do antigo mundo gentio antes de Cristo. Os judeus esperavam o Messias, jamais
duvidaram de Sua vinda [Lc 3.15; Jo 11.27]. Mas que esperança havia para os gentios? Craig S. Keener,
comentando sobre Romanos 1.18-32, discorre sobre o mundo pagão e assinala que o povo judeu
considerava a idolatria [Rm 1.23] e o vício sexual [Rm 1.24-25], especialmente o comportamento
homossexual [Rm 1.26-27], como pecados característicos gentílicos. F. F. Bruce lembra que o conhecimento
do Deus verdadeiro era acessível aos homens, mas eles fecharam suas mentes para Ele.

Subsídio do Professor: Todos nós também estivemos um dia nessa mesma situação desalentadora [Is 53.6;
1Pe 2.25]. Estávamos sem qualquer perspectiva de salvação. Éramos inimigos de Deus, estávamos fora com
todas as letras. Tem coisas que as Escrituras nos mandam esquecer, e isso é muito bom. Mas existem coisas
que jamais devemos esquecer, e uma delas é a misericórdia com a qual o Senhor nos tornou salvos e
cidadãos de Seu Reino. Não existe nada maior que a salvação [Lc 10.20]. Se apenas fôssemos salvos, essa
já seria a maior premiação de uma vida.

1.3. Éramos estranhos às alianças da promessa e sem Deus no mundo. Paulo continua sua exposição
sobre a situação dos gentios [Ef 2.12] dizendo que “estavam separados da comunidade de Israel e estranhos
aos concertos da promessa”. John Stott comenta sobre esse texto: “A referência é provavelmente à promessa
fundamental feita por Deus a Abraão. Israel era o povo da aliança, a qual era acompanhada de promessas
específicas para esse povo”. Douglas Baptista lembra que os vários pactos que Deus estabeleceu com Israel
giravam em torno da grande promessa da vinda do Messias: o pacto abraâmico [Gn 12.1-3], o pacto mosaico
[Dt 28.1-14] e o pacto davidico [2Sm 7.13-16]. Os outros povos não tinham conhecimento desses pactos e
viviam envolvidos com “muitos deuses e muitos senhores” [1Co 8.4-6]. Por isso, Deus ordenou que a nação
de Israel fosse bênção a todas as nações [Gn 12.2-3; Êx 19.5-6].

Subsídio do Professor: Vemos Deus se revelando a Israel como Seu marido [Is 54.4-6]. Que tremendo
privilégio: o Soberano, Deus de toda a terra, o Senhor do Universo, estabelece graciosamente uma
comunhão com o Seu povo escolhido. Mas, pela graça, o Senhor revelou a toda humanidade Seu grande
amor [Jo 3.16; Ef 2.8-9]. Paulo diz que pelo tropeço e endurecimento de Israel fomos enxertados [Rm 11.11,
17, 22]. Não significa que Ele os desprezou, mas que abriu a possibilidade para que fôssemos salvos, nos
achegássemos a Ele e não fôssemos mais estranhos à promessa. De dois povos, Deus fez um só [Ef 2.14].

EU ENSINEI QUE:

Havia um desprezo muito grande por parte dos judeus em relação aos gentios antes da vinda de Jesus.

2- A UNIDADE DO CORPO DE CRISTO

2.1. Estávamos longe e chegamos perto. A obra expiatória realizada por Jesus Cristo pôs um ponto final
nas divergências sociais, culturais e religiosas entre judeus e gentios, e Paulo usa duas palavras para
explicar esse contraste: “Longe e perto” [Ef 2.13]. A situação do povo gentílico era semelhante à de
navegantes que, sem bússola ou guia, flutuavam em um navio sem leme à noite, sem estrelas no meio do
mar tempestuoso e longe do porto. Essa era uma realidade tanto literal, quanto espiritual. “Mas agora” tudo
mudou e, pela fé em Cristo, todos aqueles a quem o Evangelho é pregado têm a oportunidade de se
aproximar [Is 57.19; At 2.39]. Nosso antes incluía estar separado de Deus, nosso hoje inclui estar salvo pela
graça [Is 59.2; Ef 2.8-9].

Subsídio do Professor: Os gentios eram os de longe, os judeus eram os de perto, mas ambos estavam
distantes de Deus. Um porque estava desprovido de tudo; o outro porque pecava por desprezar seu propósito
diante de Deus. Na verdade, tanto gentios quanto judeus precisavam ser iluminados. Não havia somente uma
distância horizontal, havia também uma vertical. A distância de separação sucumbiu diante da grandeza do
sacrifício de Cristo. Na cruz, judeus e gentios se reconciliaram com Deus e se abraçaram [Ef 2.11-15].

2.2. Estávamos sem reconciliação e alcançamos a paz. Jesus Cristo em seu anúncio de “boas novas”
trouxe a paz de Deus ao coração perturbado do homem. A paz que excede todo entendimento [Fp 4.7], não a
que o mundo dá, mas a paz que transforma o homem ao se reconciliar com Deus [Rm 5.1]. A obra de Jesus
Cristo na cruz do Calvário não apenas concedeu a paz entre Deus e nós, mas também estabeleceu a paz
entre os dois povos: “gentios e judeus”. Dessa maneira, e pelo Seu sangue, agora todos os crentes são
transformados em um único povo, um único corpo [Ef 2.15; Cl 1.20-22]. “Pelo sangue de Cristo”, o pecado,
poderoso separador, foi derrotado [Ef 2.13-15].

Subsídio do Professor: Francis Foulkes comenta Efésios 2.14: “Não é suficiente dizer que Cristo traz a paz.
Ele é a nossa paz. À medida que os homens passam a estar nEle, e continuam a viver nEle, encontram paz
com Deus, e, dessa forma, também um ponto de encontro com o seu semelhante, quaisquer que tenham sido
anteriormente as divisões de raça, cor, posição social ou credo. Ele veio com este propósito [Lc 2.14], para
ser o Príncipe da paz, e, de fato, foi assim que os profetas predisseram Sua vinda [Is 9.6; 53.5; Mq 5.5; Ag
2.9; Zc 9.10].”

2.3. Éramos dois povos e nos tornamos um só povo. Elienai Cabral cita que a cruz de Cristo serviu de elo
de reconciliação e também de destruição. Ela foi o ímã para a reconciliação dos homens com Deus [Rm 5.10;
2Co 5.18-20; Cl 1.20], e foi também o símbolo de morte e destruição das inimizades existentes entre Deus e o
homem. No templo antigo havia uma parede que separava os judeus dos gentios, onde um gentio era
proibido de avançar. Agora, em Cristo, não existe mais parede, nem templo. Hoje somos todos iguais diante
de Deus. Pela graça, nos tornamos filhos de Deus, herdeiros juntamente com Cristo, povo santo de Deus e
membros de Sua grande família [Ef 2.14, 19].

Subsídio do Professor: Comentário de R. N. Champlin sobre Efésios 2.14: “Harmonia e união foram


conferidas “a judeus e a gentios”, que ficaram assim unidos dentro da comunidade superior da igreja, ficando
eliminadas as muitas barreiras e preconceitos inerentes ao sistema judaico. Por conseguinte, em Cristo há
um só “corpo”, há união. Em contraposição a isso, não há judeu ou gentio, escravo ou livre, varão ou varoa,
mas todos são um só em Cristo Jesus [Gl 3.28; Jo 10.16].”

EU ENSINEI QUE:

Na cruz, Jesus promoveu a reconciliação entre judeus e gentios.

3- O EDIFÍCIO DE DEUS

Já não somos mais estrangeiros em terra distante. Cristo nos tornou cidadãos de Seu Reino e membros da
família de Deus [Ef 2.19]. Paulo compara a Igreja como um grande edifício que cresce a cada dia, e a cada
dia é edificado.

3.1. O fundamento dos apóstolos e profetas. A obra de Jesus Cristo não apenas reconciliou o homem com
Deus, mas, além de tornar os dois povos um, os reúne em um projeto, como um edifício, chamado
“congregação dos santos” ou “congregação dos justos”, o que conhecemos hoje como “Igreja” [Rm 5.10-11;
2Co 5.17, 21]. É como uma casa santa, completamente edificada na rocha, a “pedra angular”, que é Cristo
[1Pe 2.7]. O fundamento dos apóstolos e dos profetas são as verdades reveladas pelo Espírito Santo acerca
do plano de Deus e da pessoa de Jesus Cristo [Ef 2.20-21].

Subsídio do Professor: Comentário de John Stott sobre Efésios 2.20: “Visto que tanto os apóstolos quanto
os profetas eram grupos com um papel pedagógico, parece claro que o que constitui o fundamento da igreja
não é a pessoa deles nem o seu ofício, mas, sim, a sua instrução. Além disso, devemos pensar neles como
sendo educadores inspirados, órgãos da revelação divina, portadores desta autoridade”. Importante notarmos
que Paulo menciona, em Efésios 3.5, que aos apóstolos e profetas a Palavra de Deus em Cristo foi revelada
de modo único, pela ação do Espírito Santo.

3. 2. Nossa posição no edifício de Deus. Para ilustrar nossa posição em Deus, Paulo usa a figura de um
edifício. Pensa a Igreja como parte de um grande edifício e em cada cristão como uma pedra viva no serviço
da igreja [Ef 2.21; 1Pe 2.5]. Paulo nos apresenta a Igreja como um edifício que cresce dia a dia. Indicando,
assim, uma construção progressiva e contínua. Importante também notarmos que a figura do edifício aponta
para o aspecto da coletividade, tão enfatizado nas Escrituras e, às vezes, desprezado por alguns que dizem
ser “igreja”, porém não cultivam a necessária comunhão em uma igreja local [Ef 2.22 – notar a expressão –
“vós juntamente”; 4.16; Hb 10.25]. A Igreja, como resultado do sangue de Cristo derramado na cruz [Ef 2.13,
16], continua a crescer, constantemente edificada pela obra do Espírito de Deus até “o aparecimento da glória
do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” [Tt 2.13].

Subsídio do Professor: Cristo, além de ser o princípio de estabilidade e direção da Igreja, também é o


começo de seu crescimento. Todo o edifício está “crescendo” ou “subindo” por causa de uma união vital com
Ele. Não há nada estático nesse edifício. É uma construção viva formada por pedras vivas: crentes. E como
cada pedra viva faz sua própria contribuição para o crescimento e a beleza do edifício, a última é descrita
como “harmoniosamente ajustada”. Assim, o edifício está sempre sendo aperfeiçoado como “um templo
sagrado no Senhor”. É santo, isto é, limpo e consagrado, por causa do sangue e do Espírito de Cristo [1Pe
2.5].

3.3. Morada de Deus em Espírito. Nossa posição em Deus é digna de nota. Recebemos uma salvação
muito poderosa em Jesus Cristo. Como gentios, estávamos totalmente fora de qualquer promessa da parte
de Deus, e de um Salvador. Mas a expiação de Cristo não somente tornou possível a nossa entrada ao
templo, Ele nos tornou Seu próprio templo, Sua habitação através de Seu Espírito Santo em nós. “Ou não
sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, provenicente de Deus, e que não
sois de vós mesmos?” [1Co 6.19]. Tal verdade revelada – que somos templo do Espírito Santo – deve
despertar-nos para o fato de que não devemos pensar acerca de nós mesmos como independentes, como se
tivéssemos plenos direitos sobre o que fazer com o nosso corpo, como muitos gostam de expressar.

Subsídio do Professor: Esse novo templo não é uma construção material, é um edifício espiritual, a família
de Deus, uma comunidade interracial que abrange tanto gentios quanto judeus, e tem alcance mundial, ou
seja, onde estiverem os membros do povo de Deus, ali Deus estará habitando na pessoa do Espírito Santo.
Deus não está vinculado a edifícios sagrados, mas a pessoas santas, agora conhecidas como sua nova
comunidade, onde Ele tanto reside quanto vive [1Jo 4.13].

 EU ENSINEI QUE:

Já não somos mais estrangeiros em terra distante. Cristo nos tornou cidadãos de Seu Reino e membros da
família de Deus.

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