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UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA

ESCOLA SUPERIOR DE CONTABILIDADE E GESTÃO


CURSO: GE- GC DISCIPLINA: MERCADOS E PRODUTOS FINANCEIROS-LABORAL-PÓS
LABORAL

DOCENTES: GRUPO DATA:


15/05/2021

ACÇÕES

Conceito
As acções são títulos representativos do capital social de uma sociedade anónima.

Tipos de Acções
O capital social de uma empresa é dividido em partes iguais, todas elas com o mesmo valor nominal.
Podem ser emitidos diferentes tipos de acções, sendo as de maior importância as acções ordinárias,
seguidas das acções preferenciais.

As acções ordinárias conferem os seguintes direitos:

 Participar e votar nas Assembleias Gerais;


 Direito à informação;
 Direito a receber dividendos;
 Atribuição de novas acções em caso de aumentos de capital por incorporação de reservas;
 Preferência na subscrição de novas acções em caso de aumentos de capital por entrada de
dinheiro;
 Livre transmissibilidade (vender os títulos que se detém).

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As acções preferenciais distinguem-se das acções comuns relativamente a prioridade legal sobre os
detentores de acções ordinárias no que diz respeito aos resultados e aos activos da sociedade (em caso de
liquidação). Os detentores destas acções no caso de distribuição de dividendos, são prioritários e, no caso
de falência, são prioritários a receber activos face aos detentores de acções ordinárias, logo a seguir aos
credores da sociedade. Contudo, estas acções têm uma taxa de retorno inferior às acções ordinárias já que
incorrem em menor risco: o valor do dividendo é limitado, o que pode ser penalizante em épocas de
prosperidade e, muitas vezes, têm igualmente limitações a nível de direito de voto em Assembleia Geral.

É importante compreender que o facto de se deter um título representativo do capital social de uma
sociedade significa que, em caso de falência da empresa, a hipótese de receber qualquer tipo de retorno é
praticamente nula, dado que a liquidação dos activos da sociedade irá satisfazer prioritariamente os
credores comuns, os obrigacionistas, e só em último lugar os accionistas preferenciais e comuns.

Caracterização

Os elementos que caracterizam as acções são:

 Valor Nominal é o preço facial da acção aquando da constituição da sociedade.

 Preço de cotação é o preço a que uma acção é transaccionada em Bolsa.

 Valor contabilístico é o valor resultante da divisão da situação líquida ( Activo - Passivo) pelo
número de acções existentes.

Ex. Foi criada a Sociedade Matola, SA com capital social de 2.000.000.000 MT, sendo emitidas 2.000
acções. Dois anos depois, no relatório de contas, a sociedade apresentava um valor de situação líquida de
3.500.000.000 MT. A Matola, SA, era transaccionada nessa data na bolsa de valores ao preço de 2.100
MT.

Qual o valor nominal, contabilístico e preço de cotação?

O valor nominal obtém-se dividindo o capital social pelo número de acções, ou seja, Valor nominal =
2.000.000.000 MT / 2.000.000 acções =1 000 MT.

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O valor contabilístico obtém-se dividindo a situação líquida pelo número de acções:
Valor contabilístico = 3.500.000.000 MT./ 2.000.000 acções = 1.750 MT.

O preço de cotação é o preço que o título é transaccionado no mercado – 2.100 MT.

Existem três valores diferentes para a Matola, SA:

 Valor nominal;

 Valor de balanço ou contabilístico - que é dado pelo balanço da empresa;

 Valor pelo qual o mercado avalia a acção – o preço ao qual é transaccionada. Este preço,
multiplicado pelo número de acções cotadas, é designado por capitalização bolsista e indica-nos o
valor de mercado de uma empresa.

Capitalização bolsista = Número de acções admitidas à cotação x última cotação


efectuada.

Aumentos de Capital Social

O capital social de uma sociedade não é estático ao longo do tempo. Pode haver necessidade de realizar
aumentos ou diminuições de capital no decorrer da actividade da empresa. Os aumentos de capital são as
situações mais frequentes e acontecem várias vezes ao longo da vida de uma empresa. A forma como as
mudanças social de empresas criam direitos económicos susceptíveis de transacção e como alteram o
valor de mercado da empresa.

As formas do aumento do Capital Social de uma sociedade são:

 Por incorporação de reservas – Neste tipo de operação não há modificação da situação líquida da
empresa, uma vez que não há qualquer entrada de capitais adicionais no balanço da empresa,
traduz uma mera operação contabilística, com a qual se transfere para capital social um montante
de reservas que já constituía os capitais próprios, implicando assim a distribuição gratuita de

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algumas acções aos actuais accionistas. O número de acções distribuídas é determinado
proporcionalmente, a partir das acções detidas;

 Por subscrição de novas reservas – neste tipo de operação, há uma modificação na situação
líquida da empresa correspondente ao valor da subscrição das acções emitidas, traduz-se numa
entrada de dinheiro resultante da emissão de novas acções, ou seja, há alteração dos capitais
próprios por via da alteração no capital social. A emissão das novas acções é feita a um preço
determinado, que pode ser diferente do valor nominal e do preço que a empresa é transaccionada
no mercado. O número de acções que o accionista tem direito a subscrever é proporcional às
acções detidas na data de aumento.

Os aumentos de capital criam uma nova categoria de produtos financeiros que decorrem dos direitos
económicos de uma acção: os direitos de incorporação e direitos de subscrição.

O exercício de direitos é a possibilidade de os detentores de acções obterem novas acções aquando de um


aumento de capital que lhes é reservado.

Durante o período em que decorre o aumento de capital, estes direitos activam-se e podem ser
transaccionados separadamente das acções, o que significa que têm um valor. É este valor e o seu
impacto no preço das acções já existentes que vamos determinar.

1. Aumentos de Capital por Incorporação de Reservas

Ex: O capital social da empresa Matola, SA, era de 2.000.000.000 MT. No final de Dezembro de 2005, a
acção era transaccionada a 2.100 MT e o Sr. Tete detinha 1.000 acções. O valor da carteira do Sr. Tete
era de 1.000 × 2.100 MT = 2.100.000 MT.

A empresa Matola, SA, vai proceder a emissão de 1.000 acções com o valor nominal de 1.000 MT,
mediante a incorporação de reservas nas seguintes condições:

 A cada accionista corresponderá 1 acção por cada 2 detidas;

 Os direitos de incorporação serão negociados na bolsa entre 15 e 31 de Janeiro de 2006.

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O Sr. Tete pensou que o valor da sua carteira tinha descido para 1.400.000 MT (1.000 × 1.400 MT) e
assustou-se. No entanto, o Sr Tete detinha 1.000 acções de incorporação que desconhecia porque lhe tinha
passado despercebido o anúncio da empresa em que informava que ia proceder a um aumento de capital
por incorporação de reservas.

Factor de incorporação (FI) = Número de acções novas/Número de acções antigas

~es a emitir )
1000000 (numero de acco
FI = ~es antigas) = 0,5 , ou seja, 1 acção por cada 2 detidas
2000000 (numero de acco

Número de novas acções a que se tem direito = Factor de incorporação × Número de


acções detidas anteriormente (direitos de incorporação).

O Sr. Tete tinha em carteira 1.000 direitos de incorporação que lhe atribuíam 500 novas acções.

Se o Sr. Nacala, accionista da mesma empresa, detiver 401 acções, a quantas novas acções teria direito?

Número de novas acções = 0,5 × 401 = 200,5 acções, no caso do Sr. Nacala.

Como as acções são indivisíveis, há que tentar encontrar o número máximo de acções novas e vender ou
comprar direitos de forma a obter um número de direitos que corresponda a um número certo de acções,
evitando assim, “desperdiçar” direitos que não podem ser excedidos.

O número indivisível é 200. Para obter 200 acções novas precisa de 200/0,5 = 400 direitos. Para ter um
número certo de acções este accionista poderia vender 1 direito, ficando apenas com 400, que lhe dariam
direito a 200 acções novas; ou comprar 1 direito e ficar com 402, que lhe permitiriam obter 201 acções
novas.
No caso de aumento por incorporação de reservas, dado que não há dinheiro novo a entrar na empresa,
modificando-se apenas o número de acções emitidas, o valor da empresa deverá manter-se constante. Se o
número de acções aumenta e a capitalização bolsista se mantém, então a cotação das acções da empresa
em bolsa terá de baixar.

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O Preço teórico para acção (Pt), após o aumento de capital, é dado então pela seguinte fórmula:

~o bolsista antes do aumeto de capital


Capitaliza ca
Pt = ~es emitidas
N º total de acc o

Nº de acções antigas × Cotação da acção antes do aumento de capital


Pt = ———————————————————————————————
Nº de acções antigas + Nº de acções novas

Então, o preço equilíbrio seria:

2.100,00 × 2.000.000
Pt = ————————— = 1.400 MT.
3.000.000

E qual é o valor dos direitos?

Para lhe ser atribuída uma acção no decorrer do aumento por incorporação de reservas na empresa
Matola; SA, precisaria de adquirir dois direitos. Portanto, será indiferente adquirir uma acção após o
aumento de capital ou adquirir dois direitos no decurso do mesmo.

Pelo que:
1 × Pt
2 × VDI = 1 × Pt → VDI = ————
2

VDI é o valor de um direito de incorporação

1 × 1.400,00
VDI = ——————— = 700 MT, valor a que os direitos se deveriam transaccionar
2 em bolsa

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A carteira do Sr. Tete depois do aumento por incorporação é :

Em Dezembro: 1.000 acções × 2.100 MT = 2.100.000 MT

Em Janeiro: 1.000 acções × 1.400 MT + 1.000 direitos × 700 MT = 2.100.000 MT.

 A carteira manteve-se o valor inalterado.

2. Aumentos de Capital por Subscrição de Novas Acções

Quando as empresas se encontram descapitalizadas ou pretendendo efectuar grandes investimentos, há


necessidade de entradas de dinheiro, ou seja, de aumentar os capitais próprios. Neste caso, os accionistas
actuais podem subscrever as novas acções, com preferência relativamente aos novos investidores.

Ex: A empresa Matola, SA, equacionou-se em Assembleia Geral a emissão de um empréstimo


obrigacionista ou um aumento de capital por entrada de dinheiro. Ficou decidido então aumentar o capital
social de 3.000.000.000 MT para 5.000.000.000 MT. aumento esse a ser efectuado por emissão de novas
acções ao preço de subscrição de 1.300 MT, em Abril de 2005. Nesta data, as acções da Matola, SA, eram
transaccionadas em bolsa à cotação de 1.500 MT.

Ex: Analisemos a situação do accionista Nacala em Março de 2005:

 Quantidade de acções : 1.500


 Cotação em bolsa : 1.500 MT
 Capital social da Matola, SA: 3.000.000.000 MT (3.000.000 acções)

Várias questões se põem ao accionista Nacala:

 Quantas acções tenho direito a subscrever?


 Quanto vou despender neste aumento de capital?
 Qual o novo preço de equilíbrio das antigas acções?

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 Quanto valem os meus direitos?

O Sr. Nacala, tal como os outros accionistas tem direito à aquisição de um número proporcional às acções
actualmente detidas, de forma a que mantenha a mesma quota -parte no capital social da Matola.

Dado que o aumento de capital é de 2.000.000 novas acções.

Então: 2.000.000/ 3.000.0000 = 2/3

Isto significa que em cada 3 acções permitem subscrever 2 novas acções ao preço de emissão.

Assim, o Factor de Subscrição(FS) será:

FS = Número de acções novas/Número de acções antigas

Número de acções novas a subscrever = FS × Número de acções detidas

Portanto o Sr. Nacala tem direito a subscrever 2/3 × 1 500 acções = 1 000 acções

Dado que o preço de emissão é de 1.300, 00 MT, vai ter de despender 1.300.000 MT
(1.000 acções × 1.300 MT ).

Qual será o tratamento das antigas acções?

A Entrada de dinheiro, altera a situação líquida da sociedade Matola, no montante de 2.600.000.000 MT


(1.300 MT × 2.000.000 acções).

Assim, a capitalização bolsista aumentará de 3.000.000 × 1.500 MT = 4.500.000.000 MT para


7.100.000.000 MT, ou seja, 4.500.000.000 MT + 2.600.000.000 MT.

Recorde que o preço teórico (pt) das acções, após um aumento de capital, é dado por:

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~o bolsista depois do aumeto de capital
Capitalizaca
Pt = ~es emitidas
N º total de acco

Então o preço a que as acções da sociedade Matola, SA, deveriam estar a ser transaccionadas em bolsa
seria:

Pt = 7.100.000.000 / 5.000.000 = 1.420 MT.

Suponha que o Sr. Nacala não tem liquidez necessária para subscrever as novas acções, pelo que pretende
vender o os direitos de subscrição que detém. Qual o preço mínimo a que o Sr. Nacala deverá vender os
seus direitos, ou seja, quanto valem tais direitos?

O raciocínio é idêntico ao efectuado anteriormente para os direitos de incorporação: deverá ser indiferente
comprar 3 direitos e subscrever 2 acções ao preço de emissão ou comprar 2 acções no mercado após o
aumento do capital.

Equacionado teremos:

VDS × 3 + 2 × 1.300 = 2 × 1.420

VDS = 2/3 × (1.420 – 1.300) = 80 MT , ou seja cada direito do Sr. Nacala vale 80 MT

VDS – valor de um direito de subscrição.

Genericamente, teremos:

~es novas
N º de acco
VDS = ~ × (Diferença que o preço de equilíbrio após
N º de acco es antigas

o aumento de capital e o preço de emissão das novas


acções ).

É importante referir que estes valores teóricos para os direitos não passam exactamente disso mesmo, de
valores teóricos. Na prática podem divergir daqueles praticados no mercado por variadíssimas razões:

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 Porque existe um desajustamento entre oferta e procura de direitos;

 Porque entretanto os preços das acções antigas também já sofreram ajustamentos,

No entanto, o preço dos direitos tende a manter-se em equilíbrio já que, se os preços de direito, for
superior ao valor teórico, os detentores destes vão trocá-los por acções em mercado secundário, dado que
estas estão relativamente mais baratas. Logo se há mais oferta de direitos, o preço tende a baixar e
portanto, a voltar ao equilíbrio.

Resumo dos aumentos de capital:

Aumento por incorporação Aumento por subscrição


Situação Líquida mantém-se Situação Líquida altera-se

Factor de incorporação = Nº de acções Factor de subscrição = Nº de acções novas /


novas / Nº de acções antigas Nº de acções antigas
Pt = cap. bolsista antes do aumento / (Nº de Pt = (cap. bolsista antes do aumento + Nº
acções antigas + Nº de acções novas) de acções novas × preço de emissão) / (Nº
de acções antigas + Nº de acções novas)
VDI = (Nº de acções novas / Nº de acções VDS = (Nº de acções novas / Nº de acções
antigas) × preço teórico após aumento antigas) × (diferença entre Pt e preço de
emissão)

Repare que o aumento por incorporação é um caso particular do aumento por subscrição, no qual o preço
de emissão é igual a zero.

É importante referir que é possível efectuar um aumento de capital que em parte se faz por incorporação
de reservas e em parte por subscrição de novas acções. Neste caso, o valor dos direitos dependeria do
preço das acções após o aumento de capital pela sua totalidade e o preço teórico seria:

~ es antigas  Po  N º de acço
N º de acço ~ es no
Pt  ~ ~ ~o 
Acço es antigas  Acço es por incorporaç a

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Se a Matola, SA, tivesse efectuado um aumento de capital em simultâneo de 2.000.000 para 5.000.000
acções, em que 1.000.000 seriam por incorporação e 2.000.000 seriam por subscrição de novas acções ao
preço de emissão de 1.200 MT, e se a sua cotação em bolsa antes do aumento de capital fosse de 1.900
MT, teríamos:

2 000 000 × 1 900 + 2 000 000 × 1 200


Pt = = 1 240 MT
5 000 000

VDI = 1/2 × 1 240 = 620,00 MT


VDS = 2/2 × (1 240-1 200) = 40,00 MT

DETERMINAÇÃO DO VALOR DE UMA ACÇÃO

O preço actual de qualquer activo financeiro não é mais do que o somatório dos cash flows futuros
gerados por esse activo, actualizados a uma determinada taxa de desconto e ajustada ao nível de risco
desse activo.

Os rendimentos ou cash flows gerados pelas acções podem assumir essencialmente, duas formas:

 Dividendos – parte dos resultados líquidos distribuídos pelos accionistas.

 Ganhos ou perdas de capital – diferença entre o preço de venda e o preço de compra de uma
acção

Ex. O Sr. Tete comprou uma acção da empresa Bassopa, SA ao preço de 200 MT e ao fim de um ano
vendeu por 220 MT, tendo recebido um dividendo de 10 MT. Qual é a taxa de rendibilidade?

R = [(P1-P0) + D1]/P0

R: Rendibilidade ou taxa de retorno esperado


Po: Preço de compra
P1: Preço de venda

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D1: Dividendo recebido

R = [(220-200)+10]/200 = 15%

Se o mercado estiver a ser suficiente e os preços apresentados reflectirem correctamente o valor da acção
da empresa Bassopa, então, resolvendo esta equação em ordem ao preço do momento 0, ou seja, o preço
de compra, obtemos:

P +D
P0 = 1

1+R
1

ou seja, o preço actual (o valor) de uma acção num período único é o somatório dos cash flows esperados
para o período 1 actualizados a uma taxa R, que mais não é do que o retorno exigido pelos investidores
para os activos com o mesmo grau de risco desta acção.

O MODELO DE DESCONTO DE DIVIDENDOS

Modelo do fluxo de caixa descontado do preço de hoje das acções, que nos diz que o valor das acções é
igual ao valor presente de todos os dividendos futuros esperados.

P0 = Valor presente de (DIV1, DIV2, ......., DIV3, ......., DIVt, .......)

DIV1 DIV2 DIV3 DIV t


P0 = ——— + ——— + ——— + … + ——— + ....
(1 + R) (1 + R) (1 + R) (1 + R)

 Para um investidor de um período, a formula de valorização:

DIV1 + P1
P0 = ——————

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(1 + R)

 Para dois períodos, a formula de valorização da acção:

DIV1 DIV2 + P2
P0 = ——— + ——————
(1 + R) (1 + R)

 Para três períodos, usaria a formula seguinte:

DIV1 DIV2 DIV3 + P2


P0 = ——— + ——— + ——————
(1 + R) (1 + R) (1 + R)

 Para um vencimento no horizonte temporal n, teremos:

DIV1 DIV2 DIV3 DIV n + Pn


P0 = ——— + ——— + ——— + … + ————— (A)
(1 + R) (1 + R) (1 + R) (1 + R)

Em princípio as empresas não tem um horizonte de vida delimitado. Portanto, faz sentido alargar o
horizonte temporal de avaliação das acções para o infinito. Assim, se fizermos o n tender para o infinito,
então, (A) tenderá para zero, pelo que a forma geral será dada pela seguinte formula:

n DIVk
P0 = ∑ ——
K=1 (1 + R)

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O preço actual (ou valor) de uma acção não é mais do que a soma actualizada à taxa de rendibilidade
exigida pelo investidor dos dividendos futuros esperados.

Ex: A sociedade Matola, esta em crescimento estável, e os investidores esperam exigem uma taxa de
retorno de 12% e que o preço das acções e dos dividendos aumentem em 8% por ano. Determinar o valor
presente sobre o horizonte temporal de 1 até 5 anos, sabendo que o preço daqui a um ano será de 81,00
MT e o DIV1 3,00 MT.

Anos VP(Dividendos) VP(preço final) Valor por


acção
1 2,68 72,32 75,00
2 5,26 69,74 75,00
3 7,75 67,25 75,00
10 22,87 52,13 75,00
20 38,76 36,24 75,00
30 49,81 25,19 75,00
50 62,83 12,17 75,00
100 73,02 1,98 75,00

 A percentagem dos lucros distribuídos a título de dividendos dá-se o nome de Payout:

Payout = Dividendos / Resultados líquidos) × 100

 A percentagem dos lucros não distribuídos dá-se de Taxa de Retenção:

Taxa de Retenção = Resultados Retidos / Resultados líquidos) × 100

Taxa de Retenção = 1 - Payout

n DIVk
A equação P0 = ∑ —— pode ser simplificada se padronizar a política

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K=1 (1 + R) de dividendos pelo tipo de crescimento:

Modelo de Desconto de Dividendos Sem Crescimento


“Crescimento Nulo”

Considere uma empresa que distribui todos os seus lucros para os accionistas. Tal empresa não cresceria,
porque ela não poderia reinvestir.

O dividendo por acção mantém-se constante ao longo do tempo (DIV1 = DIV2 = ... = DIVK, ....) , isto é,
o preço da acção é o valor actual de uma renda infinita com termos constantes. A taxa de desconto é a
taxa de retorno exigida pelos investidores em outras acções com o mesmo risco:

P0 = DIV1 /R

Em que: DIV1 = DIV0 (último dividendo distribuído)

Uma vez que a empresa não distribui todos os seus lucros com dividendos, dividendos e lucros são a
mesma coisa, e podemos calcular o valor das acções pelo

Valor de uma acção sem crescimento = P0 =


LPA1 /R

Em que: LPA1 representa o lucro por acção do próximo ano.

O preço das acções é o valor presente dos lucros futuros

Ex: O mercado espera que a empresa Matola vai pagar indefinidamente um dividendo por acção de 25
MT, mantendo-se em 17.5 % a rendibilidade exigida. Qual é o valor da acção?

Para o caso de uma perpetuidade de termos constantes, o valor será:

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P0 = 25 /0,175 = 142,86 MT

Modelo de Desconto de Dividendos Com Crescimento Constante

Versão do modelo de desconto de dividendos em que os dividendos crescem a uma taxa constante. Este
modelo requer uma previsão dos dividendos para cada ano futuro, o que representa um problema para as
acções com vida potencialmente infinita.

Os dividendos crescem a uma taxa constante ao longo do tempo, isto é, o preço da acção é o valor actual
de uma renda perpétua com termos crescente, nesse caso, a equação dada é:

P0 = DIV1 /(R – g)

P0 = DIV0 × (1 + g) /(R – g)

Em que: g é a taxa de crescimento dos dividendos.

A equação é chamada de modelo de desconto de dividendos com crescimento constante, ou modelo de


crescimento de Gordon.

Ex: O mercado espera analisou a suas expectativas face a empresa Matola, esperando, um dividendo
dentro de um ano de 55 MT, e que, a partir dessa data, os dividendos crescem a uma taxa de 12.5% ao
ano. Quanto é que estaria disposto a pagar por uma acção da sociedade Matola?

P0 = 45 /(0,175 – 0,125) = 900 MT

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Crescimento Inconstante Ou Diferencial

Os dividendos crescem ao longo do tempo de forma diferenciada, pelo que não é possível simplificar a
equação já conhecida:

DIV1 DIV2 DIVk Pk


P0 = ——— + ——— + ... + ——— + ————
(1 + R) (1 + R) (1 + R) (1 + R)

No entanto, combinando as duas equações podemos facilitar a nossa tarefa:

Ex: No início da actividade, a empresa Bassopa dados os grandes investimentos necessários na compra do
activo fixo e publicidade, a empresa acumulou prejuízos. A partir do exercício findo, começou a
apresentar resultados distribuindo dividendos de 50 MT por acção. Dada a grande aceitação dos seus
produtos, a empresa espera que os resultados durante os próximos 3 anos evoluam de tal forma que
permitam uma taxa de crescimento anual dos dividendos na ordem dos 38%. A partir dessa data, a
empresa entrará em velocidade cruzeiro e o crescimento esperado para os dividendos é de 15% ao ano.
Sabendo que um investidor exige para investimentos do mesmo nível de risco da Bassopa taxas de
retorno de 18%, quanto estará disposto a pagar por uma acção desta empresa?

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