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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS

MISSÕES
PRÓ-REITORIA DE ENSINO
CAMPUS SANTO ÂNGELO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

FRANCISCO DALCIN VEZARO

ACOMPANHAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES


AMBIENTAIS EXIGIDAS PARA OPERAÇÃO DE UM FRIGORÍFICO
DE GRANDE PORTE

SANTO ÂNGELO-RS
2018

0
FRANCISCO DALCIN VEZARO

ACOMPANHAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES


AMBIENTAIS EXIGIDAS PARA OPERAÇÃO DE UM FRIGORÍFICO
DE GRANDE PORTE

Relatório de estágio apresentado


como requisito parcial à obtenção
do grau de Bacharel em
Engenharia Química,
Departamento de Engenharias e
Ciência da Computação da
Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões –
Câmpus de Santo Ângelo.

Orientador: Prof. Me. Isaac dos


Santos Nunes

SANTO ÂNGELO - RS
2018
FRANCISCO DALCIN VEZARO

ACOMPANHAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES


AMBIENTAIS EXIGIDAS PARA OPERAÇÃO DE UM FRIGORÍFICO
DE GRANDE PORTE

Relatório de estágio apresentado


como requisito parcial à obtenção
do grau de Bacharel em
Engenharia Química,
Departamento de Engenharias e
Ciência da Computação da
Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões –
Câmpus de Santo Ângelo.

Santo Ângelo, 27 de Novembro, 2018.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Isaac dos Santos Nunes (Orientador)


URI – Santo Ângelo

Prof. Me. Nataly Leidens


URI – Santo Ângelo

Prof. Dra. Patrícia Siqueira Alves


URI – Santo Ângelo

2
RESUMO
A industrialização tornou possível a produção em grande escala de diversos
produtos. Com a superprodução industrial, fez-se necessário a criação de
legislações para ter-se controle do impacto ambiental ocasionado pela mesma.
Durante o estágio realizado no setor ambiental do Frigorífico Callegaro foi
possível ter contato com a grande quantidade de exigências feitas pelos órgãos
ambientais com a indústria e o trabalho que esses cuidados geram para
manter-se tudo dentro dos parâmetros exigidos. O tratamento de efluentes,
central de armazenamento temporário para resíduos sólidos, controle de
emissão de fumaça da caldeira, análise de efluente e análise de solo
fertirrigado pelo efluente são algumas das práticas exigidas na licença de
operação da empresa, que foram realizadas. Além disso, realizou-se o
preenchimento de documentos e planilhas que também são necessários para
estar regulamentado. Foi realizada a confeccção de MTRs para diversos
resíduos, preenchimento de planilhas como do SIGECORS, DMR e da
aplicação da fertirrigação, foi feita a organização e controle das licenças de
operação de empresas parceiras e das FISPQ e Ficha de Segurança de
produtos químicos utilizados no frigorífico, como também a participação no
preenchimento do ILAI para pedido de aumento de capacidade produtiva.
Essas atividades foram algumas das realizadas durante o estágio, sendo que
são diretamente ligadas a possíveis futuras atuações na área de Engenharia
Química, além de terem trazido o conhecimento de como é o dia a dia em uma
empresa de grande porte.
Palavras-chave: setor ambiental, órgãos ambientais, licença de operação.

3
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fluxograma do processo de produção da carne bovina.....................8


Figura 2 - Efluente linha vermelha e verde........................................................18
Figura 3 - Retenção da parte sólida do efluente de linha verde........................18
Figura 4 - Gradreamento para retenção das gorduras presentes no efluente
linha vermelha.....................................................................................................19
Figura 5 - Estação de tratamento de efluentes..................................................20
Figura 6 - Momento de aplicação do efluente já tratado como fertirrigante.......21
Figura 7 - Coleta de solo realizado com um trado e a amostra embalada........22
Figura 8 - Central de armazenamento temporário dos resíduos sólidos...........23
Figura 9 - Chifres dos bovinos armazenados para posterior venda para
empresas que utilizam como matéria prima.......................................................24
Figura 10 - Revestimento das lâmpadas descartadas com plástico bolha........24
Figura 11 - Leitura da densidade da fumaça da caldeira...................................27
Figura 12 - Distribuição das mudas de árvore...................................................28
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................6
2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................8
2.1. Produção de carne bovina......................................................................8
2.2. Tratamento de efluentes..........................................................................9
2.3. Recursos hídricos..................................................................................11
2.4. Geração de Resíduos industriais e destinação final..........................12
2.5. Licenças industriais...............................................................................14
3 A EMPRESA...................................................................................................16
4 DESENVOLVIMENTO.....................................................................................17
4.1. Departamento ambiental.......................................................................17
4.1.1. Efluentes............................................................................................17
4.1.2. Retenção esterco sólido....................................................................18
4.1.3. Lagoas de tratamento (ETE/total de 8 lagoas)..................................19
4.1.4. Controle de consumo de água dos poços artesianos.......................20
4.1.5. Fertirrigação.......................................................................................21
4.1.6. Geração de resíduos.........................................................................22
4.1.7. Licenças Ambientais..........................................................................26
4.1.8. Outras atividades realizadas..............................................................27
REFERÊNCIAS..................................................................................................30

5
1 INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da indústria e aumento da necessidade de


produção para o consumo humano, tornou-se de suma importância os
cuidados com o meio ambiente. Para isso, foram tomadas precauções tanto
por entidades governamentais que constituíram leis que protegem o
ecossistema, quanto pelas indústrias que também se preocupam com os
recursos, às vezes limitados que são retirados da natureza.
A visão moderna das empresas em relação ao meio ambiente é muito
complexa. A nova forma de administrar essa questão está ligada a pressões
por parte da sociedade (movimentos reivindicatórios, denúncias), como
também a regulamentação de leis que obrigam as empresas a criar novas
adequações e enquadramentos de atuação, e adequarem-se a uma nova
administração empresarial, onde as questões socioambientais são introduzidas
diariamente nos negócios. A sociedade está mais atenta ao comportamento
das empresas, pois as pessoas têm preocupações com o ambiente, com a
segurança e com a qualidade de vida e dos produtos oferecidos. Qualidade
que foi relacionada também aos cuidados com o meio ambiente, o que
possibilitou às empresas a realizarem o marketing ambiental (OLIVEIRA,
2014).
Os assuntos ambientais pertinentes à atividade econômica têm ocupado
espaço de investimento, tornando-se um fator de destaque para
competitividade das empresas. A adoção de sistemas de gestão ambiental
integrados ao negócio tem se constituído em objeto de cuidados por parte das
empresas industriais, tornando-se necessário um posicionamento frente às
exigências de mudanças, em termos de gestão ambiental. A minimização do
impacto ambiental tornou-se uma exigência para as empresas que desejam
continuar atuando no mercado, tanto nacional quanto internacional (BORELLI,
2011).
Dando ênfase aos cuidados com o meio ambiente e a obrigatoriedade
em cumprir as legislação e itens das licenças, da indústria e fertirrigação da
empresa Callegaro ressalta-se ainda, que a preocupação vai, além disso. Com
esse intuito busca-se constantemente a sustentabilidade, realizam-se práticas
que oferecem esses meios. Dentro disso, dispõem-se do sistema de captação
de água pluvial para posterior aproveitamento em áreas externas, além de
captação de energia solar, faz-se ainda reaproveitamento de sucatas
provenientes de ampliações e obras, que são transformadas em novos
materiais para serem utilizados dentro da própria empresa, a substituição de
copos descartáveis por reutilizáveis com fibra de coco. Além de outras práticas
para incentivo e educação ambiental, como distribuição anual de mudas de
árvores para instigar o plantio e a importância dessa prática, assim como
apresentação do setor ambiental aos novos colaboradores.
Portanto, o trabalho desenvolvido neste relatório teve como objetivo
acompanhar e auxiliar nas atividades desenvolvidas no setor do meio
ambiente, assim como na emissão de documentações obrigatórias por lei e
exigidas nas licenças de operação da empresa (indústria e fertirrigação).
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Produção de carne bovina

O setor industrial, relacionado ao abate e processamento de carnes de


bovinos, possui grandes responsabilidades com o meio ambiente. As leis
impostas, tanto nacionais quanto estaduais, exigem cuidados das empresas
para evitar a poluição e contaminação do meio ambiente. Essas leis obrigam as
indústrias a tomarem as providências adequadas com a destinação final de
resíduos, tratamento de efluentes, licenciamento ambiental para instalação e
operação industrial, entre outras exigências que são necessárias para controle
total da parte ambiental.
Porém, antes de tudo, para abordar sobre os cuidados com o meio
ambiente que um frigorífico de produção de carne bovina deve ter, faz-se
necessário também o conhecimento de todo o processo produtivo. Dessa
forma é possível avaliar quais partes do processo podem influenciar na
natureza de forma negativa e então tomar as atitudes para controlar e eliminar
possíveis danos.
Para realizar em grande escala o abate e produção de carne bovina
divide-se o processo em várias etapas, que podem ser verificadas na Figura 1.

Figura 1 - Fluxograma do processo de produção da carne bovina.

Fonte: BLOCK, et al. 2016.


No processo de produção de carne bovina há geração de vários tipos de
aspectos que causam impactos ambientais, nos diferentes setores de
produção. Como o consumo de água, que grande parte é destinada para as
ETEs (Estação de Tratamento de Efluentes), o gasto de energia, produtos
químicos usados para sanitização, resíduos sólidos, emissões atmosféricas
como odor, fumaça e ruídos (PACHECO, 2008).
Fernandes (2004) diz que o abate de bovinos gera quantidades
relevantes de resíduos líquidos, semissólidos e sólidos, como couros, sangue,
ossos, gorduras, aparas de carne, vísceras, animais ou suas partes
condenadas pela inspeção sanitária, entre outros, que são contaminantes e,
por isso, necessitam de uma separação e tratamento apropriados, antes de
serem encaminhados ao destino final adequado.
Cruz e Araújo (2015) comentam que o grande consumo de água no
abate dos bovinos acaba ocasionando uma volumosa geração de efluentes.
Diariamente chegam a ser gastos cerca de 2700 l de água por boi abatido.
Sabendo-se disso, para não causar maiores problemas ao meio ambiente é
necessário um sistema de tratamento bastante eficiente que remova pelo
menos 80% da DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) para ser lançado em
corpo hídrico, e assim, atender aos parâmetros exigidos pela resolução
CONAMA nº 430 de 2011.

2.2. Tratamento de efluentes

De acordo com Metcalf e Edd (2015), o tratamento de efluentes pode ser


dividido em pré-tratamento, onde tem como objetivo separar os sólidos
suspensos através de gradeamento ou sedimentação. Após, vem o tratamento
primário, utilizando produtos químicos com o intuito de coagular e flocular os
sólidos dissolvidos para remoção. Depois vem o tratamento secundário, que
ocorre através de bactérias naturais que dissolvem a matéria orgânica. E por
fim, o tratamento terciário, que é utilizado para eliminação de poluentes de
difícil remoção, que não foram eliminados pelos outros métodos.
Apesar de poder ser dividido em tratamento primário, secundário e
terciário o procedimento pode ser realizado em menos etapas. O método
utilizado pode variar conforme as necessidades/exigências dos órgãos
ambientais. Nos frigoríficos, as estações de tratamento podem ser compostas
por lagoas anaeróbias, aeróbias e facultativas, que decompõem a matéria
orgânica sem adição de químicos, apenas por ação de bactérias (biológico).
(SANTOS et al., 2011)
As lagoas anaeróbias são uma opção para tratamento de efluentes.
Normalmente elas são utilizadas em parceria com outros tipos de lagoas ou
métodos para aumentar a eficácia do processo de purificação do efluente. O
processo de degradação de matéria orgânica ocorre na ausência de oxigênio, e
é nesta etapa do tratamento que ela é decomposta gradualmente em produtos
menos complexos, ou seja, metano e dióxido de carbono (MEIRA, 2003)
Com uma profundidade entre 4 e 5 metros, as lagoas anaeróbias tornam
difícil a entrada do oxigênio produzido na superfície para as partes mais
profundas. Esta etapa do tratamento apresenta uma remoção de carga
orgânica em torno de 50%, porém acrescentando mais etapas ao tratamento,
os resultados podem ser otimizados (MORAIS, 2005).
Nessas lagoas, a matéria orgânica tende a sedimentar formando um
lodo. Os microorganismos anaeróbios transformam o lodo sedimentado em
água (H2O), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) permanecendo
inalterado apenas o não biodegradável. A matéria orgânica dissolvida (DBO
solúvel) fica dispersa no efluente. Sendo degradada por bactérias facultativas,
que sobrevivem tanto na presença como ausência de oxigênio, e utilizam a
matéria orgânica como fonte de energia, através da respiração (VON
SPERLING, 2002).
Devido ao fato do tratamento com lagoa facultativa ser totalmente
natural, este requer um elevado tempo de retenção do efluente no
procedimento, com duração superior a 20 dias. Também é necessária uma
grande área de exposição do efluente, o que acarreta numa ocupação
relevante de espaço para implantação do sistema (REISDÖRFER, 2011).
O efluente tratado não precisa obrigatoriamente retornar à natureza
através de um corpo hídrico, ele também pode ser reaproveitado dentro da
indústria ou até utilizado para fertirrigação. Dessa forma, atualmente o
Frigorífico Callegaro aplica como fertirrigante todo efluente tratado, assim
tornando benéfico para o desenvolvimento de pastagens, que serão usadas na
alimentação do gado de corte.
O efluente tratado pode ser utilizado como fertirrigante para cultivo
agrícola de determinados tipos de plantas. O mesmo não pode ser aplicado em
olerícolas, tubérculos, raízes, culturas inundadas e culturas cuja parte
comestível entre em contato com o solo, por conter risco de apresentar
características contaminantes na alimentação humana. Por isso, geralmente,
são utilizados para irrigação de pastagens, como tifton, aveia e azevem. Além
de ser utilizado apenas para alguns tipos de culturas, a Resolução CONAMA nº
460/2013 exige que no monitoramento do solo (análises) não pode ultrapassar
os valores máximos de nutrientes descritos na mesma, em razão de que o
excesso de fertilização também pode ser prejudicial ao solo.
De acordo com Marques et al. (2017), a fertilização com o efluente do
tratamento preliminar do esgoto doméstico para capim elefante mostrou-se de
excelente qualidade em relação aos seus atributos químicos, podendo suprir a
demanda nutricional do capim-elefante. Essa água residuária foi capaz de
substituir 100% do pentóxido de fósforo (P 2O5), 33% do óxido de potássio
(K2O), e 93% de nitrogênio (N) para essa cultura, gerando uma economia
financeira de US$ 445,00 ha-1 para adubação; de US$ 624,00 ha -1 no custo de
produção; e de US$ 6,00 ha-1 no custo de irrigação, proporcionando uma
economia total de US$ 630,00 ha -1 e uma economia hídrica de 58% do total
demandado.
Além do tratamento de efluentes e utilização na fertirrigação do solo, há
outros fatores ambientais a serem explorados e que requerem cuidados dentro
de um frigorífico. A economia na utilização de recursos hídricos é um segmento
que pode ser buscado dentro desse tipo de indústria, devido à grande
necessidade da utilização de água no processo produtivo.

2.3. Recursos hídricos

A Lei Nº 9.433/1997 determina que a água é um bem de domínio


público, que é um recurso natural limitado de valor econômico. Além disso,
institui que faz parte da Política Nacional de Recursos Hídricos a gestão
sistemática, sem dissociação de quantidade e qualidade e a integração da
gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental (BRASIL, 1997).
A Lei Estadual do Rio Grande do Sul Nº 10.350, de 30 de dezembro de
1994, em seu artigo 29, diz que os empreendimentos ou ações que alteram as
condições quantitativas ou qualitativas das águas, superficiais ou
subterrâneas, observando o Plano Estadual de Recursos Hídricos e os Planos
de Bacia Hidrográfica, dependerão de outorga. Caberá ao Departamento de
Recursos Hídricos a emissão de outorga para os usos desses recursos (SEMA,
2018).
Tendo em vista a importância dos recursos hídricos, o Frigorífico
Callegaro busca ter uma captação significativa da água da chuva para uso nas
atividades fora das instalações industriais. Com a utilização da água pluvial é
possível reduzir a utilização dos recursos hídricos provenientes de poços
subterrâneos.
Melo et al. (2015) comentam que o sistema de captação pode ser
aplicado em todos os tipos de edificações, necessitando apenas que a mesma
ofereça estrutura para captação e locomoção. No estudo realizado sobre a
captação de água da chuva, seria aproveitada a água para banheiros, lava-
botas, bucharia, produção de charque e limpeza geral. Desse modo, pode-se
obter uma redução de 105 m³ de água por mês e 13,61% do uso de energia
elétrica devido à diminuição do bombeamento nos períodos chuvosos. O
Departamento de Obras e Serviços Públicos do Estado de Rondônia salientou
que o custo total para a execução do projeto seria de R$ 31.783,59. Durante os
7 meses que se constatam grandes volumes de chuva, obtém-se uma
economia de R$ 8.054,97. Para recuperação do investimento seria necessário
um período de 4 anos, o que implica no cooptação de valor à atividade,
afirmando então a viabilidade de execução, classificando-o como um projeto
sustentável.
Além do elevado consumo de água no setor industrial, a produção em
grande escala também resultou em uma maior geração de resíduos industriais.
Para a proteção tanto ambiental quanto da saúde pública, foram criadas leis
que exigem do gerador a busca por uma destinação final adequada para esses
resíduos.

2.4. Geração de Resíduos industriais e destinação final

Simião (2011) diz que as atividades industriais geram resíduos sólidos


de diferentes características e quantidades, e para não causarem danos ao
meio ambiente deve-se realizar um gerenciamento adequado. Para isso, foi
instituída a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305
(BRASIL, 2010). A PNRS define o gerenciamento de resíduos sólidos como um
“conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta,
transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada
dos resíduos sólidos”. Além de ter como objetivos a não geração, redução,
reutilização, reciclagem e tratamento de resíduos sólidos.
Almeida Jr et al. (2015) dizem que uma vez caracterizados, os resíduos
poderão ser cadastrados e classificados, identificando se a solução mais
adequada, caso a caso, para o seu tratamento ou disposição final. A norma
brasileira de resíduos sólidos, NBR 10.004/2004, classifica os resíduos sólidos
como Classe I (Resíduos perigosos), Classe II (Resíduos não perigosos), II A
(Não inertes) e II B (Inertes). Os resíduos não perigosos podem ser
classificados como inertes e não inertes e sua disposição é relativamente
simples. Os resíduos sólidos perigosos são resíduos que em função de suas
propriedades, podem apresentar riscos, podendo provocar um aumento de
mortalidade ou doenças, além de causar possíveis danos ao ambiente, quando
manuseados ou dispostos de forma inadequada.
Para o controle da geração de resíduos industriais, a FEPAM institui pela
portaria Nº 06/2018 a obrigatoriedade da utilização do Sistema de MTR Online
(Manifesto de Transporte de Resíduos) e da DMR (Declaração de
Movimentação de Resíduos), para todo o estado do Rio Grande do Sul. Sendo
que deve constar no sistema online, à disposição da FEPAM, todas as
informações sobre o procedimento tomado para destinação final do resíduo.
Em caso de infrações e sanções administrativas aplicáveis, as condutas e as
atividades lesivas ao meio ambiente serão apuradas em processo
administrativo próprio de auto de infração, conforme legislação ambiental
vigente (FEPAM, 2018).
Além do MTR – online, também há o SIGECORS (Sistema de
Gerenciamento e Controle de Resíduos Sólidos Industriais), que tem como
objetivo o acompanhamento da geração, transporte e destinação final dos
resíduos sólidos enquadrados nas classes I (perigosos) e II (inertes ou não
inertes, conforme NBR 10.004), geradas por empreendimentos potencialmente
poluidores. Visa acompanhar o atendimento às determinações do Decreto
Estadual do RS Nº 38.356, de 01/04/1998, que Regulamenta a Lei Estadual do
RS Nº 9.921, de 27/07/1993. Segundo a legislação, o gerenciamento dos
resíduos, da geração até a destinação final, é de responsabilidade da fonte
geradora mesmo que este efetue a contratação de terceiros, configura-se a
responsabilidade solidária. A empresa geradora deve assegurar que as
empresas responsáveis pelo transporte e pela destinação final dos resíduos
possuam licença ambiental emitida pela FEPAM, em vigor, para esta finalidade
(SENFF et al., 2010).

2.5. Licenças industriais

A industrialização de carne é uma área significante da indústria


alimentícia, sendo que para a obtenção de sua matéria prima, o processo de
abate dos animais, bem como o processamento de derivados é etapa crucial e
que exige o cumprimento de regras sanitárias e de saúde coletiva. Com os
riscos de contaminação ambiental que envolvem os abatedouros de animais,
tornam-se obrigatória a análise dos impactos ambientais e a obtenção da
licença ambiental para o abate e processamento de carnes e derivados. A fim
de se garantir a qualidade da produção e eliminar riscos de contaminação, são
estabelecidas sobre os métodos da produção, por meio das licenças
ambientais, as medidas necessárias para a prevenção ambiental e o bem-estar
animal (SANTOS; PADILHA, 2015).

A portaria Nº 71/2018 da FEPAM, diz que para fins desta portaria,


considera-se Licença de Operação (LO) parcial, a permissão para
operação de parte específica da atividade ou do empreendimento,
após a verificação do efetivo cumprimento do que consta nas licenças
ambientais anteriores, incluindo as medidas de controle ambiental e
as condicionantes para a operação.
§ 1º A parte da atividade ou do empreendimento que não consta na
Licença de Operação (LO) parcial, mas que consta na licença que
permite a instalação deverá seguir as determinações expressas na
licença para instalação.
§ 2º As licenças ambientais que permitem instalação são: Licença de
Instalação (LI), Licença de Instalação de EIA/RIMA (LIER), Licença
Prévia e de Instalação Unificadas (LPI), Licença Prévia e de
Instalação para alteração (LPIA) e Licença de Instalação de
Ampliação (LIA).
§ 3º A permissão para instalação está vinculada à validade das
licenças ambientais que permitem instalação.
Art. 3º A solicitação de Licença de Operação (LO) parcial deverá
ocorrer via Sistema Online de Licenciamento (SOL), sendo obrigatória
a anexação de todos os documentos exigidos pelo sistema, bem
como daqueles contidos na licença ambiental que permitiu a
instalação.

Desse modo, o conhecimento das licenças ambientais é importante para


a formação em Engenharia Química, devido ao provável contato com as
mesmas em trabalhos nas indústrias ou até mesmo para possível implantação
de novos empreendimentos.
Além disso, durante o estágio foi possível ter contato com vários setores
do Frigorífico Callegaro, tendo em vista que apesar de haver setores separados
cada um com suas responsabilidades, todos estão ligados entre si para
realização dos trabalhos do dia a dia. Tanto na parte prática, quanto na
burocrática, ficou evidente a necessidade e importância dos cuidados que uma
empresa deve ter e a prestação de contas de como está procedendo o
empreendimento para com órgãos ambientais. Dessa forma, foi possível ver
uma amplitude de trabalhos relacionados na área ambiental, a qual está
diretamente ligada à formação em Engenharia Química, sabendo-se que é uma
das possíveis áreas de atuação.
3 A EMPRESA

A empresa Callegaro & Irmãos LTDA, também conhecida pelo nome


fantasia Frigorífico Callegaro foi fundada em 1974 por Adolfo Callegaro, que já
naquela época atuava no ramo de carnes bovinas. Em 1985 os filhos de Sr.
Adolfo entraram para a sociedade, para continuar o trabalho iniciado pelo pai,
sendo que em 1991, assumiram o comando da empresa, passando a serem os
diretores até os dias atuais.
Em 1997 a empresa passou por uma expansão e construção de uma
nova sede, sendo esta a que se encontra estabelecida. Em 1999 a empresa
transfere o processo de produção para uma nova construção, dentro dos mais
modernos padrões de qualidade. No ano de 2000 também foi transferido o
setor administrativo para a nova sede e assim integrando-o junto ao processo
produtivo e comercial da empresa.
A empresa está atualmente situada em Santo Ângelo – RS, atuando em
todo o estado do Rio Grande do Sul e em outras partes do Brasil.
4 DESENVOLVIMENTO

Na etapa inicial de ingresso ao estágio foi realizada a integração dos


novos colaboradores do Frigorífico Callegaro. Nela foi apresentada um pouco
da história da fundação da empresa e como os fundadores iniciaram no ramo
de abatedouro e comercialização de carne de gado. Também foi conversado
com os chefes de setores, de garantia de qualidade, segurança do trabalho e
meio ambiente. Cada um deu explicações sobre a importância de suas áreas
dentro da indústria e como se deve proceder na empresa.
Durante os dias iniciais também foi apresentada toda a parte interna da
indústria. Desse modo foi acompanhado todo o processo produtivo do princípio
da matéria prima até os produtos e resíduos finais.

4.1. Departamento ambiental

No setor do meio ambiente foram realizadas várias atividades, sendo a


maioria delas obrigatórias por legislações ambientais ou presentes na licença
de operação da indústria. Essas atividades foram desenvolvidas ao longo do
estágio, sendo uma delas o acompanhamento e monitoramento do tratamento
de efluentes do frigorífico.

4.1.1. Efluentes
No frigorífico Callegaro há dois tipos de efluentes oriundos do processo
produtivo, linha verde, que são provenientes da lavagem de currais,
higienização dos caminhões de transporte dos animais vivos e do conteúdo
gastrointestinal dos animais; E linha vermelha, que são resultantes da sangria
dos bois, lavagem de carcaças, secção de cortes, lavagem de pisos e
equipamentos. Pode-se observar os efluentes na Figura 2
Figura 2 - Efluente linha vermelha e verde

Fonte: o autor.

4.1.2. Retenção esterco sólido


O efluente de linha verde passa primeiramente por uma retenção da
parte sólida para diminuir a concentração do fluido enviado para a ETE. Após
isso, o efluente da linha verde ainda passa por um processo de decantação,
sendo que, diariamente esse efluente foi misturado para que as partículas de
sólidos incorporem ao líquido. Posteriormente, a mistura foi bombeada
novamente para a esterqueira, visível na Figura 3, a fim de haver melhor
filtração para impedir a ida de partículas sólidas para a estação de tratamento.

Figura 3 - Retenção da parte sólida do efluente de linha verde.

Fonte: o autor.
Assim como o efluente da linha verde, o da linha vermelha também é
encaminhado para as lagoas, mas primeiramente realiza-se um gradeamento
para retenção dos sólidos (visualizado na Figura 4), passando também por
chicanas para retirada das gorduras que passaram pelo gradeamento.

Figura 4 - Gradeamento para retenção das gorduras presentes no


efluente linha vermelha.

Fonte: o autor.
4.1.3. Lagoas de tratamento (ETE/total de 8 lagoas)
Depois de ser realizada a remoção do excesso de sólidos da linha verde
e vermelha, o efluente é enviado para as lagoas da ETE, o que pode ser
observado na Figura 5, que possui um total de 8 lagoas (7 anaeróbias e 1 para
armazenamento). O fluido foi encaminhado até as lagoas por meio de
canaletas por ação da gravidade, onde permaneceram em processo de
estabilização da matéria orgânica. O sistema de depuração anaeróbio dessa
matéria orgânica do efluente ocorre pela decomposição e ação das bactérias
presentes no mesmo.
De acordo com a LO (licença de operação), são exigidas análises de
efluente com periodicidade semestral, de diferentes parâmetros como: DBO,
DQO, sólidos dissolvidos totais, óleos e graxas, carbono orgânico total (COT),
pH, série nitrogenada completa (N-Kjedahl, N-amoniacal, N-nitrato, N- nitrito),
sulfeto, cloretos, dureza, condutividade elétrica, alumínio, fósforo, potássio,
cálcio, magnésio, enxofre, ferro, cobre, zinco, boro, manganês, sódio, arsênio,
cádmio, mercúrio, níquel, chumbo, bário, cianeto, cobalto, fluoreto, molibdênio,
selênio, vanádio e cromo.
Após a realização de todo tratamento de efluentes, foi efetuada a coleta
de amostras para análises de alguns parâmetros, os quais são exigidos na
licença de operação da empresa. As mesmas foram encaminhadas para
laboratórios credenciados junto à FEPAM.

Figura 5 - Estação de tratamento de efluentes.

Fonte: o autor.

4.1.4. Controle de consumo de água dos poços artesianos


Foi realizado o controle de consumo diário de água de 4 poços
artesianos, utilizando planilhas do software Excel para efetuar o cálculo de
consumo semanal. A importância disso se dá devido às diferenças na
quantidade e capacidade de fornecimento de água para cada poço, que já
foram estudados previamente por geólogos para legalização e utilização dos
mesmos. Esse controle também está diretamente ligado à geração de
efluentes, que passam pela estação de tratamento e posteriormente podem ser
lançados na natureza novamente, que, no caso do frigorífico Callegaro, para
fertirrigação.
4.1.5. Fertirrigação
Após o tratamento, o efluente final presente na última lagoa ainda
apresenta quantidades de alguns macronutrientes e micronutrientes, benéficos
para o solo. Essas propriedades possibilitam a utilização dessa água como
fertilizante líquido, assim contribuindo para o desenvolvimento das pastagens.
Sendo assim, foi realizada a fertirrigação, em dias propícios, nas áreas
licenciadas para aplicação do efluente, como pode ser visualizado na Figura 6.

Figura 6 - Momento de aplicação do efluente já tratado como


fertirrigante.

Fonte: o autor.

Como são utilizadas áreas de pastagens para fertirrigação, são


necessários cuidados, para garantir que não venha ocorrer uma contaminação.
Além das análises de efluente, também é preciso ter o monitoramento do solo,
do qual são exigidas análises semestrais para os parâmetros de condutividade
elétrica, argila, pH, índice SMP, fósforo, potássio, matéria orgânica, alumínio,
cálcio, magnésio, H + Al, CTC, saturação de bases e saturação de alumínio e
os parâmetros enxofre, cobre, zinco, manganês, sódio, boro, cádmio, níquel,
chumbo, mercúrio, arsênio, molibdênio, selênio, bário e cromo. A seguir pode-
se verificar na Figura 7 a coleta de solo e o mesmo já embalado para envio ao
laboratório credenciado junto à FEPAM.
Figura 7 - Coleta de solo realizado com um trado e a amostra embalada.

Fonte: o autor.

4.1.6. Geração de resíduos


A empresa por ser de grande porte gera diferentes classes de resíduos,
cada um caracterizado por sua tipologia, com isso precisa-se ter um plano de
gerenciamento dos resíduos sólidos (PGRS). Este plano foi elaborado
dispondo-se a minimizar a geração de resíduos na própria fonte adequando a
segregação na origem, controlando e reduzindo os riscos ao meio ambiente,
assegurando também, o correto manuseio e disposição final.
Em conformidade com a legislação federal nº 12.305/2010 que institui a
PNRS, assim como a NBR 10.004/2004, de definição e classificação de cada
resíduo, a classificação de um resíduo envolve a identificação do processo ou
atividade que deu origem de seus constituintes, e características e a
comparação desses constituintes com listagem de resíduos e substâncias cujo
impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido. Baseado nas legislações, há
uma central de armazenamento temporário para posterior coleta e destinação
final adequada, que pode ser observada na Figura 8.
Dessa forma, foi acompanhado o armazenamento e organização dos
resíduos, além da coleta por empresas terceirizadas, e devidamente
licenciadas, para posterior envio às indústrias de reciclagem.
Figura 8 - Central de armazenamento temporário dos resíduos sólidos.

Fonte: o autor.

A geração de resíduos da indústria foi bastante diversificada, com


materiais que não são utilizados no ramo alimentício, porém podem ser
matérias primas para obter-se outros tipos de produtos. Sangue e ossos foram
encaminhados até empresas parceiras para serem usados na fabricação de
ração animal. Os chifres, visualizados na Figura 9, e os cascos foram enviados
para empresas que os transformavam em aditivos para o solo ou na confecção
de artefatos diversos como brincos, armação para óculos, brinquedos, cabos
de facas etc.
Figura 9 - Chifres dos bovinos armazenados para posterior venda para
empresas que utilizam como matéria prima.

Fonte: o autor.

Outro resíduo que foi gerado durante o estágio foram lâmpadas de vapor
de mercúrio e LED. Para as lâmpadas de vapor de mercúrio foi necessário
acondicioná-las de forma segura, até o momento de enviá-las para empresas
especializadas em dar seu destino final. Esse cuidado foi realizado devido à
toxidade do vapor de mercúrio em contato humano e a capacidade poluidora
para o meio ambiente. A Figura 10 mostra as lâmpadas sendo revestidas com
plástico bolha, quando na ausência da embalagem original das mesmas.

Figura 10 - Revestimento das lâmpadas descartadas com plástico bolha.

Fonte: o autor.
Como pode ser visto teve-se uma geração de vários tipos de resíduos no
empreendimento, sendo que, cada resíduo teve que ser acondicionado dentro
da central de armazenamento temporário, para posterior coleta por empresas
regulamentadas junto a Fundação e Proteção Ambiental (FEPAM) ou
Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMA).
Além de todas as atuais exigências ambientais que cabe a cada
empreendimento, a FEPAM está intensificando as cobranças nos cuidados
com o meio ambiente. Recentemente lançou a Portaria FEPAM Nº 033/2018 de
obrigatoriedade de emissão de Manifesto de Transporte de Resíduos (MTRs).
Esses documentos foram preenchidos em tempo real no sistema online
da FEPAM. Os MTRs são documentos que o transportador leva durante o
deslocamento de cada resíduo gerado dentro da empresa, constando pesos e
dados do receptor. Essas legislações desenvolvidas pelo órgão ambiental são
com intuito de ter total controle de que todos os resíduos gerados dentro dos
empreendimentos tenham seu destino final adequado.
Além dos MTRs de diferentes resíduos produzidos no frigorifico,
também foi realizado o preenchimento da DMR (Declaração de Movimentação
de Residuos). A DMR é uma declaração trimestral, sendo realizada no site da
FEPAM e nela foi informado a quantidade total produzida de cada resíduo, no
último trimestre. Sendo que foram informados tanto os resíduos que eram
obrigatórios a realização de MTRs quanto os desobrigados (que constam na
Portaria FEPAM nº 033/2018).
Outro controle realizado pela FEPAM é o SIGECORS (Sistema de
Gerenciamento e Controle de Resíduos Sólidos Industriais), que é
relativamente semelhante ao DMR. O SIGECORS também foi um feito, sendo
obrigatório o preenchimento trimestral do mesmo.
Como mencionam SENFF et al. (2010), o SIGECORS tem como objetivo
o acompanhamento da geração, transporte e destinação final dos resíduos
sólidos enquadrados nas classes I e II. O SIGECORS é realizado em uma
planilha online em que é necessário informar sobre os tipos de resíduos,
quantidade, acondicionamento, qual o procedimento que será realizado depois
de enviado para o destino final e a licença de operação do destinador.
Todas essas informações e sistemas de controles exigidos pela FEPAM
são necessários para garantir que os empreendimentos tenham cuidado total
com os resíduos gerados e como será o descarte final.
Além dessas documentações, também foi realizada a confecção do ILAI
(Informações para Licenciamento Ambiental de Atividades Industriais), para
pedido de aumento de capacidade produtiva. Esse documento é necessário ser
fornecido ao órgão ambiental para obter-se a Licença Prévia, Licença de
Instalação ou Licença de Operação, que todas as empresas passíveis de
licenciamento ambiental são obrigadas a prestar essas informações para
obtenção das licenças.

4.1.7. Licenças Ambientais

No ILAI para a indústria foram diversas informações sobre a mesma,


desde as etapas do processo produtivo, a quantidade de matéria prima usada,
produtos e subprodutos gerados, produtos químicos utilizados, equipamentos
que emitem gás, vapor, radiação, resíduos sólidos, entre outras informações
relevantes.
Além disso, foi necessário informar a quantidade de água consumida em
cada setor dentro da indústria, qual a origem da água (poço artesiano, açudes,
captação da chuva), assim como a quantidade de efluentes enviados para
tratamento e como esse ocorre. Também se informou o destino do efluente
pós-tratamento, se é reaproveitado (reciclo/reuso), ou lançado em corpo hídrico
ou solo.
Também foi esclarecido no ILAI a área que a indústria ocupa e a
localização dela (coordenadas), e o que há nas proximidades, como área
urbana, rios ou APPs. Juntamente com esse documento fez-se necessário o
envio de plantas com áreas construídas e quais construções planeja-se fazer
na indústria.
A Licença Prévia (LP) para instalação e ampliações na indústria é a
licença anterior a todas as outras que deve ser adquirida apresentando os
planejamentos da implantação, alterações ou ampliações do empreendimento.
Nesta licença o projeto já atende aos requisitos ambientais básicos exigidos
pelo órgão ambiental responsável, após a licença prévia é necessário
conseguir a LI.
Licença de Instalação e Ampliação (LI) é a que deve ser solicitada na
fase anterior à execução das obras referentes ao empreendimento/atividade;
nesta fase, são analisados os projetos e, somente após a emissão deste
documento, poderão ser iniciadas as obras do empreendimento/atividade.
Licença de Operação (LO) é a licença que permite o funcionamento da
indústria, nela constam as orientações a serem seguidas, quanto à
conservação ambiental, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, resíduos
sólidos, áreas de tancagem, riscos ambientais e planos de emergência.

4.1.8. Outras atividades realizadas

Além das atividades já mencionadas, foram realizadas outras práticas


dentro da empresa. Para aquecimento da água para o processo produtivo do
frigorífico utiliza-se uma caldeira a qual possui como combustível madeira,
dessa forma gera-se gases potencialmente poluidores. Devido a isso, um dos
controles ambientais exigidos na LO (Licença de Operação), é que a emissão
da fumaça não pode ultrapassar 20% na escala de Ringelmann, que pode ser
medida através de teste de visão para determinar a densidade da fumaça.
Acima desse parâmetro considera-se a fumaça como excessivamente
poluente, por isso foi realizado o controle diário, como mostrado na Figura 11
para manter-se dentro do estipulado. Outro monitoramento realizado na
caldeira foi a verificação diária da pressão interna.

Figura 11 - Leitura da densidade da fumaça da caldeira.

Fonte: o autor.
Outra atividade realizada ocorreu no Dia da Árvore, 21 de setembro,
nesta foram confeccionados e colocados a mostra cartazes sobre o cultivo de
árvores e a sua importância socioambiental. Além disso, foram distribuídas
mais de 130 mudas, que variam entre pitangueiras, ipês roxos e murtas. Dessa
forma os funcionários acabaram contribuindo com a arborização dentro da
cidade e em suas residências. A Figura 12 demonstra o momento que ocorreu
a distribuição das mudas.

Figura 12 - Distribuição das mudas de árvore.

Fonte: o autor.

Além de tudo, para controle dos tipos de produtos químicos utilizados


em cada setor da empresa, foi feita a atualização e obtenção das Fichas
Técnicas, e Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos
(FISPQ). Assim, as mesmas foram disponibilizadas no local de armazenamento
dos produtos, para caso ocorra algum derramamento ter-se as instruções de
como proceder e pela questão de manuseio e segurança dos colaboradores.
Também foi realizado o controle e organização das LOs de empresas
parceiras, as quais fazem coleta de todos os resíduos gerados para o envio às
indústrias de reciclagem. Além disso, realizou-se a atualização de planilhas
com as datas atuais e de vencimento das mesmas, com isso sabe-se se as
empresas estão em conformidade para operação.
Transcorreu-se a execução de treinamento sobre operação do sistema
MTR-Online para empresas coletoras de resíduos que ainda não tinham
acesso ao mesmo. Dentro do treinamento, abrangeu-se o aceite do manifesto
pós emissão pela empresa (Callegaro & Irmãos), geração do Certificado de
Destinação Final (CDF) e DMR.
Além disso, realizou-se a elaboração de planilhas no excel de volumes
irrigados dentro do semestre, constando nessa, a taxa de aplicação por hectare
e volume total do período, seguindo as condições da licença da indústria.
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