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Na túnica média das artérias possuímos uma camada circular mais espessa que nas veias; e quanto
maior o calibre da artéria, maior a camada elástica nesta mesma túnica, diferenciando-as entre “artérias
musculares” e artérias elásticas. Já na túnica intima, onde encontramos o endotélio, as veias de menor calibre
exibem também um sistema de válvulas, que permitem o fluxo sanguíneo em apenas um único sentido.
Esta noção básica é importante para entendermos a seleção entre um conduto arterial e um venoso ou
entre dois ou mais condutos arteriais, além das implicações desta escolha.
Na seleção dos condutos devemos preferir aquele que melhor representar os seguintes critérios:
3. Boa relação entre o diâmetro da artéria nativa e o conduto a ser utilizado (1:1 a 1:2)
Tipos de condutos:
• Arteriais:
Artéria Radial
• Venosos:
Condutos Arteriais:
As ATI são usadas desde 1960 na cirurgia de revascularização do miocárdio. Esta técnica foi
popularizada por Green e colaboradores, que introduziu o uso de lentes de aumento para uma técnica de
As ATIs tem um comprimento útil de aproximadamente 13,2 cm, e em 90% dos casos possuem
calibre e fluxo que são praticamente idênticos aos da Artéria Descendente Anterior (DA).
Quando usadas de forma pediculada, as ATIs mantém sua inervação, drenagem linfática e vaso
vasorum. Estes fatores associados a um endotélio altamente produtor de prostaciclinas e uma camada
elástica substancial em sua túnica média a conferem uma ótima resistência a eventos ateroscleróticos e
Estudos demonstram que a permeabilidade das ATIs chega a 85-92% em 15 anos. Shah et al.
demonstrou em seu estudo uma permeabilidade de 97% em 12 anos para a Artéria Torácica Interna Esquerda
(ATIE).
A ATIE é classicamente o conduto de escolha para a DA, porém a Artéria Interna Torácica Direita
(ATID) ainda disputa espaço com outros condutos para as demais artérias, tanto por falta de grandes estudos
O uso bilateral de ATIs foi introduzido por Suzuki e colaboradores. De forma pediculada, esta
2. ATIE para DA e ATID para Artéria Circunflexa (Cx) através do seio transverso
De forma livre, a ATID é usada para atingir porções mais distais das coronárias nativas, evitando tensão
O uso da AR foi introduzido Carpentier e colaboradores no início da década de 70. Sua experiência
inicial demonstrou que a AR é uma artéria propensa a vasoespasmos e hiperplasia intimal acelerada. Isso fez
com que o uso desta artéria fosse condenado por mais de duas décadas. Porém, novos estudos – a maioria
introduzindo o bloqueador de canal de cálcio como agente protetor de vasoespasmos – demonstraram que
2,5 mm. Suas medidas aliadas ao seu fácil manuseio e retirada concomitante ao ato cirúrgico propriamente
dito, evitando maior tempo operatório, fazem da AR uma opção viável nos dias de hoje. Sua luz regular e
anos pelos novos estudos, os quais estão completarão seguimento de 10 anos a partir de 2012.
A função endotelial da AR é marcantemente menor que das ATIs. Sua camada elástica da túnica
média é delgada enquanto a muscular é pronunciada, aumentando sua propensão a vasoespasmos. Sua
lâmina elástica da túnica intima é composta por uma única camada, além de ser altamente fenestrada,
aumentando o risco de lesões ateroscleróticas. Aproximadamente 1 a 5% das AR retiradas não são utilizadas
Sua utilização deve ser precedida pela manobra de Allen, que a contraindica 5 a 10% dos pacientes
por ser a principal artéria de perfusão das mãos. Outra contraindicação é seu uso em pacientes portadores de
insuficiência renal crônica, que possam vir a necessitar de diálise por uma fístula arteriovenosa.
Sua permeabilidade em 5 anos associada as suas características histológicas apontam a AR como uma
opção para conduto de qualidade igual ou superior ao principal conduto venoso, a Veia Safena Magna,
A AGD foi proposta como opção para conduto de revascularização miocárdica em 1975 por
Vineberg. Seu comprimento útil é de 12,8 cm, com diâmetro interno de 2,7 mm em sua origem, 2,2mm após
Sua porção proximal exibe moderada propensão à hiperplasia intimal, decrescendo conforme a artéria
progride. Sua túnica média apresenta exuberante camada muscular com apenas algumas fibras elásticas
dispersas, tornando esta artéria muito propensa a vasoespasmos. Assim como a AR, sua camada elástica da
coronárias, principalmente nas porções laterais e posterior do coração, locais de difícil acesso por outros
condutos pediculados. De forma livre é usada apenas quando não se pode obter outro conduto arterial em
Como fator negativo, além das características inerentes deste vaso, existe ainda a necessidade de se
A AEI foi proposta como conduto para revascularização miocárdica em 1990 por Vicent e
colaboradores. Tem diâmetro constante em apenas 5 a 6 cm de sua origem, ponto em que começa sofrer uma
redução gradual de sua luz. Seu comprimento útil é de 11,5 a 17 cm e seu diâmetro interno é de 2,2mm em
Possui uma túnica média semelhante à AGD, porém com uma camada elástica melhor desenvolvida
em sua túnica intima, sendo pouco mais resistente a lesões ateroscleróticas que a anterior.
Seu diâmetro distal, propensão a vasoespasmos e hipoperfusão e técnica operatória difícil fazem da
AEI uma opção viável, porém utilizada apenas quando não se pode obter outros condutos arteriais ou
venosos.
Outras Artérias:
Outras artérias, como a a. esplênica, a. ulnar e aa. intercostais foram anteriormente propostas como
opção para condutos. Porém dificuldade na técnica operatória, como a íntima relação da a. ulnar com o
nervo ulnar assim como da a. esplênica com órgão abdominais ou diâmetro interno e comprimento
insuficientes como as aa. intercostais fizeram com que estas técnicas caíssem em desuso.
Na atualidade estas opções são raramente usadas, e mesmo nestes casos, após exclusão de todas as
outras opções.
Condutos Venosos:
Tradicionalmente, a VSM é o conduto mais utilizado para revascularização miocárdica após as ATIs.
Isso é devido em grande parte ao seu bom diâmetro interno e comprimento, além de fácil acesso. Deve-se
ressaltar que a VSM é uma veia valvulada, e que é imprescindível a inversão de seu sentido no ato cirúrgico
Apesar de sua permeabilidade após 1 ano chegar a 90%, estudos demonstram uma grande
degeneração a longo prazo, com oclusão de 50% dos casos após 10 anos, e nos 50% restantes que se
mantiveram abertos foram observadas alterações estruturais da parede da veia compatíveis com lesões
ateroscleróticas.
Outras Veias:
A Veia Safena Parva (VSP) é menor e mais posterior que a VSM. Isso implica em uma necessidade
de ressecção bilateral para o uso desta opção, assim como uma dificuldade superior da técnica utilizada, já
que sua posição anatômica requer uma movimentação maior do paciente; as técnicas mais utilizadas
descritas nos estudos envolvem rolar lateralmente o paciente ou coloca-lo em uma posição de “prece
maometana”. Estudos sobre a utilização da VSP como conduto para revascularização do miocárdico com
raramente utilizadas. Suas indicações recaem na total falta dos condutos mais recomendados. Apesar de
possuírem um comprimento adequado, sua parede é fina e frágil, propensa a torções, traumatismos e
degenerações aneurismáticas. A melhor marca para a permeabilidade destes vasos foi obtido por Stoney e
A literatura atual, assim como os estudos mais recentes apontam para uma ordem de preferência na
utilização dos condutos apresentados. Esta ordem não leva em consideração situações especiais, apenas
características histológicas dos vasos em situação ideal e dificuldade inerente a cada técnica de obtenção dos
mesmos.
ATIE > ATID > AR > VSM > AGD > AEI > Demais Artérias > Demais Veias
REFERÊNCIAS:
• The Alternatives for Autologous Arterial Grafts for Corornary Bypass Surgery –
Yuan, S.; Shinfeld, A.; Kachal, E.; Raanani, E. - Department of Cardiac & Thoracic
Surgery, The Chaim Sheba Medical Center; 2006