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Acredito que estas ações devem ser palpáveis, não aquelas mirabolantes ou de teor demasiado
intelectual que acabam não saindo do papel ou, se saem, são inacessíveis do grande público.
Neste sentido, parabenizo o MINC pelo prêmio de culturas populares e pelo seu formato, que
consegue inserir e desburocratizar.
Muito me interessa falar sobre Diversidade Cultural, principalmente pelo exercício que nos
propõe o assunto e sua abrangência.
Mas, vamos por partes! Comecemos pela globalização: o mundo, no meu entendimento, não é
uma cidade global, mas antes um arquipélago planetário, onde a unidade não deve se fazer
pela uniformidade, mas por uma gestão de homogeneidade. O mundo hoje é muito mais
complexo que há décadas e, por conseqüência, a Diversidade Cultural é diariamente
bombardeada, transformada e mudada pela intensidade de fluxos migratórios, pela rapidez da
circulação das informações, o fim dos sistemas de filosofia de destruição… o mundo realmente
é bem mais complexo e ágil nos tempos de hoje.
Toda esta facilidade de circulação de homens, idéias, produtos, ideologias e informações nos
deixam em situação de vulnerabilidade. O Brasil se encontra muitas vezes nesta situação, de
vulnerabilidade ideológica. Enfraquecido pela hegemonia cultural estrangeira, sobretudo a
norteamericana, que nos é imposta pelo cinema, pelos modismos e pelos fast foods e
refrigerantes (que oprimem nosso takaká, nossa pamonha, nosso biju…).
Por outro lado, não nos esqueçamos de que isto não é de forma alguma um problema exclusivo
do Brasil, não diferente dos países emergentes ou pobres da Ásia, África e Américas Central e
do Sul. A maior parte das sociedades ocidentais e orientais se confronta com problemas
nascidos da heterogeneidade sociocultural. Cada uma dessas sociedades se mobiliza e reage de
maneira diferente, segundo suas tradições históricas, religiosas, sociais e econômicas. Estas
sociedades não deixam de ser reconduzidas às novas situações que acabam trazendo
desconforto entre as tradições do passado e as novas metodologias do presente e do futuro,
gerando assim um olhar preocupado do eu coletivo face à diversidade cultural que se
manifesta: certa da importância da preservação das manifestações culturais pretéritas, como
também seguras de que não poderão se esquivar das novas propostas e linguagens da
contemporaneidade. Porém, acontece com muita freqüência esquecermos que tudo isso
pertence de maneira igual a nós mesmos.
Nós, seres efêmeros, somos biologicamente únicos e carregamos nossa carga genética que
assim determina que sejamos únicos. Porém, pertencemos a um grupo de seres vivos: a
humanidade. Este grupo é determinado por certo número de características semelhantes e que
nos distanciam de outros grupos de seres vivos. Temos uma capacidade intelectual que nos
diferencia de qualquer outro ser vivo, nos proporcionando extraordinária condição de
autonomia em relação aos seus determinantes biológicos, individuais ou coletivos.
Eu poderia ainda completar dizendo que o universal não nasce somente das experiências
particulares, mas das suas transformações interativas. A pluricultura deve conduzir ao
intercultural.
Devemos, todos, apoiar e difundir a diversidade cultural que é, sem dúvida, uma das mais
importantes marcas do nosso país.