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LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE P/ ESCRIVÃO PC/DF - PACOTE

PROFESSOR: MARCOS GIRÃO

AULA – 02

Caro futuro Policial,

Nesta aula você fará uma grande e boa viagem por uma das mais
cobradas normas em concursos públicos: a Lei nº 8.069/90, o Estatuto Da
Criança e do Adolescente, mais conhecido como ECA.

O Estatuto da Criança e do Adolescente comparece no nosso


ordenamento jurídico enquanto forma de regulamentação do art. 227 da
Constituição Federal, que absorveu os ditames da doutrina da proteção integral
e contemplando o princípio da prioridade absoluta.

Formulado com o objetivo de intervir positivamente na tragédia de


exclusão experimentada pela nossa infância e juventude, o Estatuto da Criança
e do Adolescente apresenta duas propostas fundamentais, quais sejam:

garantir que as crianças e adolescentes brasileiros, até então


reconhecidos como meros objetos de intervenção da família e do Estado,
passem a ser tratados como sujeitos de direitos;

o desenvolvimento de uma nova política de atendimento à infância e


juventude, informada pelos princípios constitucionais da descentralização
político-administrativa (com a consequente municipalização das ações) e
da participação da sociedade civil.

Pois bem, o Edital PC/DF 2013 cobra o assunto dessa forma: 7. Lei no
8.069/1990 e alterações (Estatuto da Criança e do Adolescente). Aí você me
pergunta: professor, então terei que estudar a lei inteira? Não deveria estudar
apenas os temas relacionados aos Direitos Penal e Processual Penal da norma?

Olhe, sinceramente não consigo visualizar um estudo eficiente e efetivo


do ECA somente olhando para seus aspectos processuais e penais. É um risco
muito grande fazer apenas esse foco para a sua prova! Pela experiência de
outros certames, o melhor a fazer é ter um conhecimento amplo da matéria
para que você abra sua mente e, assim, o seu entendimento fique mais
apurado ao chegar ao estudo dos aspectos processuais e penais dessa lei.

E é dessa forma que está estruturada esta aula! Você estudará os


conceitos estruturais trazidos pelo ECA e, em seguida, lá pelo meio da aula,
adentraremos com a profundidade necessária naquilo que os editais vêm
cobrando. Você perceberá que seu entendimento estará facilitado e,
certamente, como consequência seu aproveitamento nas inúmeras questões
aqui apresentadas será muito, mas muito melhor.

Quer ver?? Vamos em frente!!

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I – ECA – CONCEITOS INICIAIS

1.1. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

Vamos combinar o seguinte para nossa aula: chamaremos o Estatuto da


Criança e do Adolescente pelo seu mais conhecido apelido – ECA, pois você há
de concordar comigo que, assim, as citações a ele ficarão bem mais fáceis.

Pois bem, a Lei nº 8.069/90, que instituiu o ECA, nos diz que ela dispõe
sobre a proteção integral à CRIANÇA e ao ADOLESCENTE.

Então pergunto: quem o ECA considera como criança? E qual a definição


por ele dada de adolescente? Vamos às definições:

IMPORTANTE

CRIANÇA Pessoa ATÉ OS 12 ANOS DE IDADE INCOMPLETOS.

ADOLESCENTE Pessoa entre 12 e 18 ANOS DE IDADE.

Nos casos expressos em lei, aplica-se EXCEPCIONALMENTE o Estatuto


às pessoas entre 18 e 21 anos de idade.

Dito isso, perceba no quadro acima outra informação muito relevante: as


disposições do ECA não são exclusivas para pessoas até 18 anos de idade.
Em casos excepcionais, os maiores de 18 e menores de 21 anos poderão ser
contemplados com disposições desse Estatuto.

Além da proteção integral, a criança e o adolescente gozam de todos


os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana (em obediência
irrestrita aos fundamentos de nossa Constituição).

A eles deve ser assegurado, seja por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social.

Tudo em condições de liberdade e de dignidade!!

É de fundamental importância saber que não só é dever da família, mas


também da comunidade, da sociedade em geral, e do poder público,
assegurar, com absoluta prioridade a efetivação dos direitos fundamentais
da criança e do adolescente.
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Você então me pergunta: o que significa essa garantia de prioridade


absoluta? E que direitos fundamentais são esses?

A garantia de prioridade absoluta compreende o que chamamos de 4 Ps:

Primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

Precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância


pública;

Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

Privilégio na destinação de recursos públicos nas áreas relacionadas com


a proteção à infância e à juventude.

Acabei de responder sobre a garantia de prioridade (nunca se esqueça de


que ela é absoluta!!). Falta responder-lhes sobre os tais direitos fundamentais
da criança e do adolescente. São eles os direitos referentes à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

É importante que você, caro aluno, não se esqueça também desses


direitos, pois versa ainda o ECA que nenhuma criança ou adolescente será
objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.

Quem desrespeita tal regra certamente será responsabilizado nos termos


do Estatuto. Quando estudarmos sobre os crimes previstos no ECA,
conheceremos esses termos e como se dá a responsabilização dos agentes
infratores.

Nosso intuito não será o de detalhar letra por letra o que o ECA
regulamenta sobre cada um dos direitos acima citados. Entretanto, vou falar
um pouco mais sobre eles, pois sem o conhecimento de suas linhas gerais, fica
mais difícil fazermos links futuros com os atos infracionais, as infrações
administrativas e os crimes previstos no Estatuto.

Vamos começar a ver como isso tem sido cobrado em provas:

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01. [FCC – AGENTE PENITENCIÁRIO- SJDH/BA – 2010] O Estatuto da


Criança e do Adolescente aplica-se, apenas, a pessoas entre 12 e 18 anos.

Comentário:

A questão usa a expressão “apenas a pessoas de 12 a 18 anos de


idade”. Você já sabe: essa regra não é absoluta!! O próprio Estatuto versa que
ele poderá ser aplicado, em casos excepcionais, a pessoas com idade entre 18
e 21 anos de idade.

Gabarito: Errado

02. [CEC – EDUCADOR SOCIAL I – PREF. PALMEIRA/SC – 2012] O ECA


estabelece que é dever exclusivo do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária das crianças e
adolescentes.

Comentário:

Não é só do poder público o dever de assegurar com absoluta prioridade


a efetivação dos direitos fundamentais da criança e do adolescente. É também
da família, da comunidade e da sociedade em geral.

Gabarito: Errado

Antes de adentrarmos na seara dos direitos fundamentais, faz-se


necessário que você conheça alguns conceitos extremamente importantes
regulamentados pelo Estatuto. Conhecidos tais conceitos, estudaremos com
mais propriedade os direitos fundamentais da criança e do adolescente.

1.2. A FAMÍLIA NATURAL

O conceito é simples: família natural é a comunidade formada


pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.

Os descendentes são aqueles que nascem da pessoa e a sucedem na


escala familiar, como por exemplo, filhos e netos. A família natural de uma
criança ou adolescente, portanto, é aquela formada pelos seus pais (ou pai ou
mãe sozinhos) e seus irmãos (ou outro descendente de seus pais, se houver).

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A Constituição Federal, em seu art. 226, nos ensina que para efeito da
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

Mas ela não para por aí quanto ao conceito de entidade familiar e nos
ensina ainda que também se entende como entidade familiar a comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

Perceba que o ECA corrobora com a definição constitucional!! E mais:

IMPORTANTE

Deve ser dada preferência à permanência da criança ou adolescente


em sua família natural, sendo sua transferência para uma família
substituta (veremos já também esse conceito), medida de caráter
EXCEPCIONAL.

É daí que se deriva o PODER FAMILIAR. De acordo com o Estatuto, esse


poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe, na
forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito
de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para
a solução da divergência.

Agora pergunto: e o filhos havidos fora do casamento?

O ECA estabelece que os filhos havidos fora do casamento poderão ser


reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de
nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público,
qualquer que seja a origem da filiação.

1.3. A FAMÍLIA EXTENSA OU AMPLIADA

Entende-se por família extensa ou ampliada aquela que se estende


para além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal, formada por
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém
vínculos de afinidade e afetividade.

Para que seja realmente considerada família extensa, veja que não basta
tal família ser formada por parentes próximos. Além dessa prerrogativa, outras
duas precisam ser cumpridas cumulativamente:

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A criança ou adolescente deve nela CONVIVER e;

Deve nela manter dois VÍNCULOS: o de afinidade e o de afetividade.

Ter afinidade significa ter uma relação de simpatia, de aproximação. Ter


afetividade significa ter sentimentos mais profundos de emoção, amor e
carinho.

IMPORTANTE

A família extensa terá PREFERÊNCIA no acolhimento familiar de


criança ou adolescente que, por qualquer razão, não possa
permanecer (ainda que temporariamente) na companhia de sua família
natural.

1.4. A FAMÍLIA SUBSTITUTA

Entende-se como família substituta aquela na qual a criança ou o


adolescente foi ou estão inseridos mediante guarda, tutela ou adoção,
independentemente de situação jurídica, nos termos do Estatuto.

Importante não perder de vista, no entanto, que a colocação de criança


ou adolescente em família substituta é medida de proteção que visa
beneficiar a estes e não aos adultos que eventualmente a pleiteiem.

IMPORTANTE

A família substituta possui também um caráter EXCEPCIONAL, pois


a preocupação precípua, inclusive em respeito ao disposto no art. 226 da
CF, deve ser a manutenção da criança ou adolescente em sua família
de origem.

A colocação em família substituta estrangeira constitui medida


ainda mais excepcional, somente admissível na modalidade de
ADOÇÃO.

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É exatamente por seu caráter excepcional, que a criança ou o


adolescente que for colocado em família substituta será, sempre que possível,
previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio
de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e
terá sua opinião devidamente considerada.

IMPORTANTE

Tratando-se de MAIOR DE 12 ANOS de idade, será necessário seu


consentimento, colhido em audiência.

Bom, ainda sobre a colocação em família substituta, o ECA prevê que,


em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de
comunidade remanescente de quilombo, é obrigatório:

que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural,


os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que
não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos
por esta Lei e pela Constituição Federal;

que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua


comunidade ou junto a membros da mesma etnia;

a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável


pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas,
e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou
multidisciplinar que irá acompanhar o caso.

Vamos ver como esses conceitos foram cobrados:

03. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Na colocação da criança


ou do adolescente em família substituta, somente este, cuja opinião deve ser
devidamente considerada, deve ser previamente ouvido por equipe
interprofissional, respeitado o seu grau de compreensão sobre as implicações
dessa medida.

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Comentário:

Caro aluno, preste bem atenção no pequeno e maldoso deslize que a


banca comete nessa assertiva. Ela afirma que na colocação da criança ou do
adolescente em família substituta, somente este, ou seja, SOMENTE O
ADOLESCENTE, terá que ser previamente ouvido e sua opinião devidamente
considerada. De jeito nenhum!! E a criança não deve ser ouvida não é? Claro
que sim e da mesma forma que o adolescente!!

Gabarito: Errado

04. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A criança ou o


adolescente devem ser ouvidos por equipe interprofissional, respeitados seu
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão, antes da colocação em
família substituta.

Comentário:

Observe que essas duas últimas questões, elaboradas pelo nosso querido
CESPE, foram para cargos de juízes, do mesmo ano de aplicação, e abordaram
praticamente a mesma coisa. Nessa, a banca acertou direitinho estando em
conformidade com o que já discutimos e que é o disposto no art. 28, § 1º do
ECA. Não tem o que temer!! A sua prova trará também questões nesse grau
de “dificuldade”!!

Gabarito: Certo

Ao conceituar FAMÍLIA SUBSTITUTA, faz-se relevante estudar em


detalhes os conceitos de guarda, tutela e adoção conforme dispõe o Estatuto
da Criança e do Adolescente.

A Guarda

O ECA conceitua a guarda como a obrigação da prestação de assistência


material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu
detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida,


liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no
de adoção por estrangeiros. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável
prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante
termo nos autos.
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Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário da


autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em
preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a
terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim
como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação
específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público.

Dá-se o nome de guardião àquele a quem é deferida a guarda da criança


ou do adolescente. A guarda pode coexistir com o poder familiar e não confere
o direito de representação do guardião em relação ao guardado.

Cabe ressaltar que o fato de o guardião ser obrigado a prestar


assistência material à criança não desobriga os pais deste mesmo dever
podendo ser os mesmos demandados a prestar alimentos ao filho que estiver
sob a guarda de terceiro, contribuindo com sua manutenção, atendendo aos
critérios de necessidades do alimentado/ possibilidades do alimentante.

IMPORTANTE

A guarda confere à criança ou adolescente a condição de


DEPENDENTE, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários.

A guarda poderá ser revogada A QUALQUER TEMPO, mediante ato


judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.

Por fim, o Estatuto estabelece ainda que o poder público estimulará, por
meio de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a
forma de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar.

Vamos exercitar!!

05. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A


guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à
criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais, além de conferir à criança ou ao adolescente a
condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários.

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Comentário:

Veja como a banca, em uma questão se nível superior, copiou exatamente


a literalidade da Lei!! A assertiva em tela está corretíssima e representa as
disposições do art. 33 caput e § 3º do ECA.

Gabarito: Certo

06. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Salvo expressa e


fundamentada determinação judicial em contrário, ou se a medida for aplicada
em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou
adolescente a terceiros não impede que os pais exerçam o seu direito de visita
nem que cumpram o dever de lhe prestar alimentos.

Questão 06: Perfeito!! Essa é uma das determinações do ECA por nós
estudadas, disposta no seu art. 33, § 4º.

Gabarito: Certo

A Tutela

A tutela é o instituto que a primeira vista tende a proporcionar ao menor


em situação de desamparo, decorrente da ausência do poder familiar, proteção
pessoal e a administração de seus bens, por nomeação judicial de pessoa
capaz, objetivando atender o melhor do menor.

IMPORTANTE

O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação DA PERDA OU


SUSPENSÃO do poder familiar e implica NECESSARIAMENTE o
dever de GUARDA.

O ECA regulamenta que a tutela será deferida, nos termos do Código


Civil Brasileiro, a pessoa DE ATÉ 18 ANOS INCOMPLETOS.

O objetivo precípuo da tutela (e seu maior diferencial em relação à


guarda), é o de conferir um representante legal à criança ou adolescente que
não o possui, valendo lembrar que a simples guarda, embora atribua ao
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guardião a condição de responsável legal pela criança ou adolescente, não lhe


confere o direito de representá-la na prática dos atos da vida civil.

Quando o tutelado atinge a idade da plena capacidade civil ou é


emancipado, a tutela cessa.

Perceba que ao contrário do que ocorre com a guarda, a tutela não


pode coexistir com o poder familiar, tendo assim por pressuposto a prévia
suspensão, destituição ou extinção deste.

É imprescindível, portanto, que a criança ou adolescente resida com o


tutor nomeado, que deverá prestar-lhe toda assistência MATERIAL,
MORAL e EDUCACIONAL e representá-lo ou assisti-lo na prática dos
atos da vida civil.

Veja como foi cobrado:

07. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A tutela é uma medida


precária, deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até dezoito anos de
idade completos.

Comentário:

Temos dois erros nessa questão: o primeiro está em afirmar que a tutela
é uma medida precária. Ora, se ela só pode ser destituída judicialmente, é
claro que não pode ser revogada a qualquer tempo e, por isso, não se constitui
em medida precária. O segundo erro está em dizer que a tutela será deferida,
nos termos da lei civil, a pessoa de até dezoito anos de idade completos
quando na verdade é de até dezoito anos incompletos.

Gabarito: Errado

08. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O deferimento da tutela


do menor a pessoa maior de dezoito anos incompletos pressupõe prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e não implica dever de
guarda, o que só se efetiva após os dezoito anos completos.

Comentário:

Veja bem: de fato, o deferimento da tutela pressupõe sim prévia


decretação da perda ou suspensão do poder familiar, mas implica
necessariamente o dever de guarda. E outra: Não há o que se falar em dever
de guarda depois que o menor atinge os 18 anos completos, pois a tutela

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cessa quando o tutelado atinge a idade da plena capacidade civil ou quando é


emancipado.

Gabarito: Errado

A Adoção

O processo de adoção de criança e de adolescente, em nosso país, é todo


regido pelo ECA. E é exatamente ele que nos traz o conceito de adoção.

A adoção atribui a condição de filho ao adotado com os mesmos


direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com
os pais e os parentes originais, salvo os impedimentos matrimoniais.

Uma vez consumada a adoção, a relação de parentesco original é


extinta e, de forma concomitante, uma nova relação de parentesco é
estabelecida, passando o adotado, a partir daí, a ter os mesmos direitos e
obrigações que os filhos biológicos em relação a seus pais e parentes adotivos.

Saiba que, conforme o Estatuto, a adoção é medida excepcional à


qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da
criança ou adolescente na família natural ou extensa e será deferida quando
apresentar reais vantagens para o adotando e fundar-se em motivos
legítimos.

A adoção depende do consentimento dos pais ou do representante legal


do adotando. No entanto, o consentimento será dispensado em relação à
criança ou adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido
destituídos do poder familiar.

IMPORTANTE

A adoção é medida irrevogável e o adotando deve contar com, NO


MÁXIMO, 18 ANOS À DATA DO PEDIDO, salvo se já estiver sob a
guarda ou tutela dos adotantes.

Para a sua adoção, em se tratando de adotando MAIOR DE 12 ANOS de


idade, será também NECESSÁRIO o seu consentimento.

E aí você me pergunta: ok, professor, mas quem pode adotar uma


criança ou um adolescente? Existem pré-requisitos para a adoção? Se sim,
quase são??
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Ufa, calma!! Vamos às respostas:

O ECA regulamenta que podem adotar os maiores de 18 anos,


independentemente do estado civil, desde que esses adotantes não sejam
ascendentes ou irmãos do adotando. Nesses casos a adoção é PROIBIDA!!

Qualquer pessoa maior de 18 (dezoito) anos, mesmo que seja solteira,


pode adotar, devendo, no entanto, se submeter ao procedimento de
habilitação previsto no próprio Estatuto e demonstrar, em qualquer caso, que
possui maturidade e preparo para adoção. Vale também mencionar que,
apesar de prever uma idade mínima para adoção, não há, no Direito Brasileiro,
a previsão de uma idade máxima, tal qual ocorre em outros países.

Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes sejam


casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade
da família.

IMPORTANTE

O adotante há de ser, PELO MENOS, 16 ANOS MAIS VELHO do que o


adotando.

É VEDADA a adoção POR PROCURAÇÃO.

A morte dos adotantes NÃO RESTABELECE o poder familiar dos pais


naturais.

A adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou


adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, observadas as
peculiaridades do caso. O estágio de convivência será acompanhado pela
equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da
política de garantia do direito à convivência familiar.

O estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver


sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que
seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

IMPORTANTE

Em caso de adoção por pessoa ou casal RESIDENTE ou


DOMICILIADO FORA DO PAÍS, o estágio de convivência, cumprido no
território nacional, será de, no mínimo, 30 (trinta) dias.

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Preenchidos todos os requisitos, como então será efetivamente constituída a


adoção?

O vínculo da adoção constitui-se por SENTENÇA JUDICIAL, que será


inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se fornecerá certidão.
Tal inscrição consignará o nome dos adotantes como pais, bem como o nome
de seus ascendentes, ou seja, dos seus “novos” avós. O mandado judicial, que
será arquivado, cancelará o registro original do adotado.

E mais: nenhuma observação sobre a origem do ato poderá constar nas


certidões do registro!!

E se o adotante falecer no curso do procedimento antes de prolatada a


sentença judicial que concederá a adoção? O processo é extinto e a criança ou
o adolescente deixará de ser adotado?

De jeito nenhum!! Ainda assim a adoção poderá ser deferida ao


adotante!!

Para finalizarmos os principais aspectos sobre a adoção, é preciso


salientar também que o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica,
bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi
aplicada e seus eventuais incidentes. Entretanto, ele só goza desse direito
após completar 18 (dezoito) anos!!

Há casos em que o acesso ao processo de adoção poderá ser também


deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu pedido, assegurada
orientação e assistência jurídica e psicológica.

Mais questões para analisarmos:

09. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A adoção, medida


excepcional e irrevogável, concedida apenas quando esgotados os recursos de
manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa, pode
ser realizada mediante procuração.

Comentário:

A questão até que acerta quando afirma que a adoção é medida


excepcional e irrevogável, concedida apenas quando esgotados os recursos de
manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa.
Entretanto, erra ao firmar que a adoção pode ser realizada mediante
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procuração. O ECA, já vimos, estabelece que é vedada (não esqueça!!) a


adoção por procuração.

Gabarito: Errado

10. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] O


direito de saber a verdade sobre sua paternidade é decorrência jurídica do
direito à filiação, que visa assegurar à criança e ao adolescente a dignidade e o
direito à convivência familiar.

Comentário:

Vimos que o adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem
como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada. O
normal é que ele goze desse direito só após completar 18 (dezoito) anos,
porém vimos também que há casos em que o acesso ao processo de adoção
poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos. Isso
tudo, obviamente, decorre sim do direito à filiação!!

Gabarito: Certo

11. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A


adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, não podendo tal
estágio ser dispensado.

Comentário:

A adoção de fato será precedida de estágio de convivência com a criança ou


adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, mas você estudou
comigo que tal estágio poderá sim ser dispensado se o adotando já estiver
sob a tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que
seja possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.

Gabarito: Errado

2.4. O CONSELHO TUTELAR

O CONSELHO TUTELAR, importantíssimo para o nosso estudo, é órgão


permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

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IMPORTANTE

Em cada Município e em cada Região Administrativa do Distrito Federal


haverá, no mínimo, 01 Conselho Tutelar como órgão integrante
da administração pública local, composto de 05 MEMBROS,
escolhidos pela população local para mandato de 04 anos, permitida
01 recondução, mediante novo processo de escolha.

O Conselho Tutelar possui um caráter institucional, ou seja, uma vez


criado e instalado, passa a ser, em caráter definitivo, uma das instituições
integrantes do chamado Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do
Adolescente, não mais devendo haver solução de continuidade em sua
atuação, mas apenas a renovação periódica de seus membros.

A autonomia é sinônimo de independência funcional, que por sua vez,


se constitui numa prerrogativa do órgão, enquanto colegiado, imprescindível
ao exercício de suas atribuições. Embora, como resultado de sua autonomia, o
Conselho Tutelar não necessite submeter suas decisões ao crivo de outros
órgãos e instâncias administrativas, lhe tendo sido inclusive conferidos
instrumentos para execução direta das mesmas, estão aquelas sujeitas ao
controle de sua legalidade e adequação pelo Poder Judiciário, mediante
provocação por parte de quem demonstre legítimo interesse ou do Ministério
Público.

O Conselho Tutelar é órgão municipal que possui completa autonomia em


relação ao Poder Judiciário, e embora, dentre outras atribuições, tome decisões
e aplique medidas de proteção a crianças, adolescentes, pais e responsáveis
(que estudaremos mais adiante), estas possuem um caráter meramente
administrativo.

Uma das ideias básicas que inspirou a criação do Conselho Tutelar foi a
“desjudicialização” do atendimento à criança e ao adolescente, na perspectiva
de assegurar maior capilaridade (quis o legislador que o Conselho Tutelar
estivesse presente - fisicamente - em todos os municípios, o que não ocorre
com o Poder Judiciário, cujas comarcas, não raro, abrangem diversos
municípios), assim como maior agilidade e menos burocracia na aplicação
de medidas e encaminhamento para os programas e serviços públicos
correspondentes.

Para tornar-se um membro do Conselho Tutelar, o ECA exige os


seguintes requisitos:

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Reconhecida idoneidade moral;

Idade superior a 21 anos;

Residir no município.

Sobre os impedimentos à participação no Conselho Tutelar, o art. 140 do


ECA estabelece que são impedidos de servir no mesmo Conselho:

marido e mulher;

ascendentes e descendentes;

sogro e genro ou nora;

irmãos;

cunhados, durante o cunhadio;

tio e sobrinho;

padrasto ou madrasta e enteado.

Importante salientar também que o membro do Conselho Tutelar não


integra o Poder Judiciário nem se confunde com a figura do antigo
“comissário de menores”.

2.4.1. Atribuições e competências do CONSELHO TUTELAR

O Estatuto, em seu art. 136, elenca uma série de atribuições do


Conselho Tutelar. Sugiro que você, caro aluno, dê uma lida em todas as
atribuições procurando entendê-las. No entanto, listarei as competências que
considero mais importantes para as finalidades de nosso estudo, ou seja,
aquelas relacionadas ao direito penal e a processual penal.

Assim, temos, dentre outras, as seguintes atribuições do Conselho


Tutelar:

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Atender as crianças e adolescentes sempre que os seus direitos


reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados por ação ou
omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais
ou responsável; em razão de sua conduta.

Se uma das hipóteses acima acontecer, o Conselho Tutelar será


autoridade competente para aplicar qualquer uma das seguintes medidas de
proteção:

Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de


responsabilidade;

Orientação, apoio e acompanhamento temporários;

Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de


ensino fundamental;

Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à


criança e ao adolescente;

Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em


regime hospitalar ou ambulatorial;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e


tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Acolhimento institucional;

Tais medidas protetivas poderão ser aplicadas isolada ou


cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Na
aplicação das medidas serão levadas em conta as necessidades pedagógicas,
preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e
comunitários.

IMPORTANTÍSSIMO

O Conselho Tutelar terá a competência para aplicar uma das mesmas


medidas acima quando uma CRIANÇA (e não um adolescente)
cometer qualquer ATO INFRACIONAL.

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Dispõe o ECA que ato infracional é a conduta descrita como crime


ou contravenção penal. Para os adolescentes que cometem tais atos, o
Estatuto prevê algumas punições enquanto que, para as crianças infratoras,
caberá ao Conselho Tutelar, a aplicação das medidas de proteção acima
mencionadas.

Trataremos mais adiante sobre os procedimentos a serem tomadas


quando do cometimento de atos infracionais por adolescentes.

Continuemos com outras importantes competências dos conselhos


tutelares:

Cabe ao Conselho Tutelar atender e aconselhar os pais ou


responsável, aplicando a eles uma das seguintes medidas previstas:

Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à


família;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e


tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;

Encaminhamento a cursos ou programas de orientação;

Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência


e aproveitamento escolar;

Obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento


especializado e;

Advertência.

Outras competências a se destacar:

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Encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua


infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou
adolescente;

Requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente


quando necessário;

Representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos


direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;

Representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou


suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de
manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.

O objetivo fundamental da intervenção do Conselho Tutelar não é com a


pura e simples (e burocrática) aplicação de medidas (e/ou com o mero
“encaminhamento” para os programas de atendimento e serviços existentes),
mas com a efetiva solução dos problemas que afligem a população infanto-
juvenil, proporcionando-lhes, de maneira concreta, a proteção integral que
lhes é prometida pelo ECA.

Assim sendo, a intervenção do Conselho Tutelar deve ter um caráter


RESOLUTIVO, de modo que as causas que se enquadram na sua esfera de
atribuições sejam por ele próprio solucionadas, não podendo o órgão servir de
mero “degrau” para que o caso chegue ao Poder Judiciário.

Para isso, o Estatuto prevê que as decisões do Conselho Tutelar


somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a pedido de
quem tenha legítimo interesse. E quem é essa autoridade judiciária?

Antes de responder, exercitemos!!

12. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O conselho tutelar


constitui órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

Comentário:

Tranquila, não é mesmo? O Conselho Tutelar é órgão municipal


permanente que possui completa autonomia em relação ao Poder Judiciário.
Embora, dentre outras atribuições, tome decisões e aplique medidas de
proteção a crianças, adolescentes, pais e responsáveis, estas possuem um
caráter meramente administrativo não sendo, portanto, um órgão jurisdicional.

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Gabarito: Certo

13. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em cada estado, deve


haver, no mínimo, um conselho tutelar, composto de cinco membros,
escolhidos pela comunidade local para mandato de cinco anos, permitida uma
reeleição.

Comentário:

Uma questão que traz duas pegadinhas bem bobas. Se você de uma lida
rápida, será induzido ao erro! Primeiro: não é no estado e sim no Município
(ou em cada uma das Regiões Administrativas do Distrito Federal) que deve
haver no mínimo um Conselho Tutelar. Segundo: o mandato dos membros do
Conselho Tutelar é de 04 anos e não de 05 como afirma a questão.

Gabarito: Errado

2.5. A JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

A autoridade judiciária a que se refere o Estatuto da Criança e do


Adolescente é o Juiz da Infância e da Juventude, ou o juiz que exerce
essa função, na forma da lei de organização judiciária local.

Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas especializadas e


exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer
sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e
dispor sobre o seu atendimento, inclusive em plantões. E é nessa vara
especializada que esse Juiz exerce suas funções.

Diante da extrema complexidade e relevância das causas que envolvem


interesses infanto-juvenis, a criação de varas especializadas e exclusivas da
infância e da juventude, sobretudo nos grandes centros, é de suma
importância para que se possa garantir um atendimento adequado e prioritário
a crianças e adolescentes, com reais condições de lhes proporcionar a proteção
integral há tanto prometida.

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2.5.1. Competências da JUSTIÇA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE

Caro aluno, são várias as competências da Justiça da Infância e da


Juventude elencadas pelo ECA. É importante que você, como futuro agente de
segurança pública, conheça todas elas. Você vai encontrá-las no art. 148 do
referido Estatuto.

No entanto, assim como fiz com as atribuições dos Conselhos Tutelares,


elencarei, a seguir, aquelas que entendo serem as principais e mais
diretamente ligadas ao nosso propósito maior.

Assim, temo que a Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para


apuração de ATO INFRACIONAL atribuído a adolescente, aplicando as
medidas cabíveis;

conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do


processo;

conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;

conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de


atendimento, aplicando as medidas cabíveis;

aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra


norma de proteção à criança ou adolescente;

conhecer de casos encaminhados pelo conselho tutelar, aplicando as


medidas cabíveis.

Sempre que os direitos da criança e do adolescente, reconhecidos no


ECA, forem AMEAÇADOS ou VIOLADOS por ação ou omissão da sociedade
ou do Estado ou por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável em razão
de sua conduta a Justiça da Infância e da Juventude será também competente
para o fim de:

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conhecer de pedidos de guarda e tutela;

conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação


da tutela ou guarda;

conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os


pais;

determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de


nascimento e óbito.

suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;

conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em


relação ao exercício do poder familiar;

conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os


pais;

designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou


representação, ou de outros procedimento judiciais ou extrajudiciais em
que haja interesses de criança ou adolescente;

conhecer de ações de alimentos.

Em termos processuais, sobre a competência do juízo menorista


(expressão sinônima de Juizado da Infância e da Juventude), o ECA estabelece
em seu art. 147 que esta será determinada:

1º - pelo domicílio dos pais ou responsável.

2º- Se estes faltarem, a competência se dará pelo lugar onde se


encontre a criança ou adolescente.

A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade competente


da residência dos pais ou responsável, ou do local onde sediar-se a entidade
que abrigar a criança ou adolescente.

Nos casos de ato infracional, será competente a autoridade do lugar


da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, continência e
prevenção.

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Bom, conforme for necessário, faremos ainda outras remissões tanto às


competências do Conselho Tutelar como às do Juiz e às da Justiça da Infância
e da Juventude.

Vamos às questões!!

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Com relação à competência


da justiça da infância e da juventude, julgue os itens a seguir.

14. A competência da justiça é determinada pelo lugar onde se encontre a


criança ou o adolescente, independentemente de serem conhecidos o domicílio
e a identidade dos pais ou responsável.

15. No caso de ato infracional, são competentes para o processo e o


julgamento da ação tanto a autoridade do lugar em que o ato foi praticado
quanto a do lugar onde se produziu ou deveria ter-se produzido o resultado.

16. Nas hipóteses de aplicação das medidas de proteção a criança ou


adolescente, a justiça da infância e da juventude é competente para conhecer
de ações de alimentos.

Comentário 14:

A questão erra ao inverter as ordens das coisas. O certo seria dizer que a
competência será determinada pelo domicílio dos pais ou responsável e,
somente se estes faltarem, é que será pelo lugar onde se encontre a criança
ou o adolescente.

Gabarito: Errado

Comentário 15:

Retificando a informação: nos casos de ato infracional, será competente


a autoridade do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de
conexão, continência e prevenção.

Gabarito: Errado

Comentário 16:

Perfeito!! Estudamos aqui que essa é de fato uma das competências da


Justiça da Infância e da Juventude.

Gabarito: Certo

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Finalizamos nosso tópico sobre os conceitos e fundamentos iniciais dos


principais “atores” do ECA. Durante esse estudo, citei por varas vezes que o
Estatuto reconhecia expressamente alguns direitos fundamentais da criança e
do adolescente. É preciso, pois, que entendamos as principais diretrizes dadas
pelo ECA sobre tais direitos para só assim chegarmos com qualidade ao nosso
alvo: o estudo dos atos infracionais e dos crimes previstos neste Estatuto.

Estudaremos agora os direitos fundamentais da criança e do adolescente


previstos no ECA.

III – OS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Aqueles que por ação ou omissão desrespeitarem os direitos


fundamentais da criança e do adolescente expressos no Estatuto, fatalmente
incorrerão em prática de infração administrativa ou, a depender da gravidade,
até mesmo de crime tipificado no Estatuto. Assim, reitero que é de
fundamental importância que você, aluno, antes de estudar as infrações e os
crimes, conheça as linhas mestras desses direitos fundamentais. Vamos a elas!

3.1. DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Versa o Estatuto que a criança e o adolescente têm direito a proteção à


vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em
condições dignas de existência.

A Gestante

À gestante é assegurado, através do Sistema Único de Saúde, o


atendimento pré e perinatal (pouco depois do nascimento). A parturiente
será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou
na fase pré-natal (não é uma obrigação, mas uma recomendação!!)
incubindo também ao poder público propiciar apoio alimentar à gestante e à
nutriz (aquela que amamenta) que dele necessitem.
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O poder público deve proporcionar ainda assistência psicológica à


gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de
prevenir ou minorar as consequências do estado pós-parto. Esse tipo de
assistência deve ser prestado inclusive a gestantes ou a mães que
manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.

As gestantes ou as mães que manifestem interesse em entregar seus


filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas à Justiça da
Infância e da Juventude.

Ainda quanto às gestantes, o ECA regulamenta deveres especiais a


serem exigidos dos hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de
gestantes, sejam eles públicos ou particulares. Revisaremos tais deveres
quando estudarmos um dos crimes previstos no Estatuto. Aguarde!!

Cabe destacar também que o poder público, as instituições e os


empregadores propiciarão condições adequadas para o aleitamento
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas à medida privativa de
liberdade.

A Criança e o Adolescente

É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do


adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso
universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e
recuperação da saúde. A criança e o adolescente portadores de deficiência
devem receber atendimento especializado.

O poder público tem o dever de fornecer gratuitamente àqueles que


necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao
tratamento, habilitação ou reabilitação e os estabelecimentos de atendimento
à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo
integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de
criança ou adolescente.

Aos trabalhos!!

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Acerca dos direitos


fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, julgue os itens a seguir.

17. Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e


à mãe no pré e no pós-natal, desde que a mãe não manifeste interesse em
entregar seus filhos para adoção.

18. Não há previsão legal de atendimento preferencial da parturiente, no SUS,


pelo médico que a tenha acompanhado no período pré-natal.

Comentário 17:

Para não esquecer: o poder público deve proporcionar assistência


psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como
forma de prevenir ou minorar as consequências do estado pós-parto. Esse tipo
de assistência deve ser prestado inclusive a gestantes ou a mães que
manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção. Perceba
que a questão equivoca-se ao afirmar que essa assistência será dada apenas
quando a mãe não manifeste interesse em entregar seus filhos para adoção.

Gabarito: Errado

Comentário 18:

Simples, não é verdade?? Nem dá para acreditar que foi questão CESPE e para
cargo de Juiz!! É claro que o ECA prevê sim atendimento preferencial da
parturiente, no SUS, pelo médico que a tenha acompanhado no período pré-
natal.

Gabarito: Errado

3.2. DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE

A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à


dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como
sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
leis.

O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

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ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários,


ressalvadas as restrições legais;

opinião e expressão;

crença e culto religioso;

brincar, praticar esportes e divertir-se;

participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;

participar da vida política, na forma da lei;

buscar refúgio, auxílio e orientação.

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física,


psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação:

da imagem;

da identidade;

da autonomia;

dos valores, ideias e crenças;

dos espaços e objetos pessoais.

O direito à dignidade da criança e do adolescente é dever de TODOS,


pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante,
vexatório ou constrangedor.

Muitos dos crimes contra crianças adolescentes, previstos no Eca e que


estudaremos mais adiante, têm intrínseca relação com o desrespeito a esses
três direitos aqui relatados, principalmente, o desrespeito à DIGNIDADE da
criança e do adolescente.

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3.3. DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

Já tratamos muito desse direito quando estudamos os conceitos de


família natural, família ampliada ou extensa e família substituta. Entretanto,
vamos aqui dar uma reforçada em outros aspectos trazidos pelo ECA.

Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio


da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de
pessoas dependentes de substâncias entorpecentes.

Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de


acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo,
a cada 06 meses, devendo a autoridade judiciária competente, com base em
relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de
forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou colocação
em família substituta, seja por guarda, tutela ou adoção.

IMPORTANTE

A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento


institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

A manutenção ou reintegração de criança ou adolescente à sua família


terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em
que será esta incluída em programas de orientação e auxílio.

Ainda sobre esse direito, o ECA estabelece que aos pais incumbe o
dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes
ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.

E ainda mais: os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por


adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação.

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3.4. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO


LAZER

O direito à educação tem o objetivo precípuo de promover o pleno


desenvolvimento da criança e do adolescente, o seu preparo para o exercício
da cidadania e a sua qualificação para o trabalho.

O estatuto nos ensina que esse direto deve assegurar à criança e ao


adolescente:

Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

Direito de ser respeitado por seus educadores;

Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias


escolares superiores;

Direito de organização e participação em entidades estudantis e;

Acesso à escola PÚBLICA e GRATUITA próxima de sua residência.

O Estado em todas as suas instâncias é o agente que tem papel


fundamental para a promoção desse direito. O Estatuto, em seu art. 54, traz
os deveres do Estado relacionados à promoção da educação para as crianças e
adolescente. Fiz um resumo desses deveres trazendo aqueles que considero os
principais:

CRIANÇA de 0 a 06 anos atendimento em creche e pré-escola;

ENSINO FUNDAMENTAL deve ser obrigatório e gratuito (inclusive


para os que a ele não tiveram acesso à idade própria);

ENSINO MÉDIO progressiva extensão da obrigatoriedade e


gratuidade;

ENSINO NOTURNO REGULAR oferta adequada às condições do


adolescente trabalhador;

PORTADORES DE DEFICIÊNCIA atendimento especializado


preferencialmente na rede regular de ensino.

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Já sei que você vai me perguntar: professor, você acabou de me dizer


que o ECA estabelece que é dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis
anos de idade. Mas isso não vai de encontro ao que diz a nossa Lei Maior, a
Constituição Federal? Em seu art. 208, inciso IV, ela estabelece que o dever do
Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de educação
infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade.
Como faço agora para a minha prova?

Bom, quando se estuda a hierarquia normativa brasileira, é indubitável


que a Constituição Federal sempre prevalecerá frente às demais normas
infraconstitucionais. No entanto, perceba que o inciso IV do art. 54 não foi
revogado na letra da lei nem muito menos está escrito nele qualquer
observação do tipo "vide Constituição Federal".

Para efeitos de prova (nosso foco central), é um risco enorme para as


bancas inserirem questões dando como gabarito correta o limite de idade de 0
a 06 anos indicado pelo ECA. No entanto, perceba que, por não estar
revogado, mesmo com o respeito à hierarquia de normas, nada impede a
organizadora considerar a afirmativa como certa se no enunciado ela
especificar que quer a "resposta correta segundo o disposto no Estatuto da
Criança e do Adolescente, ou na Lei nº 8.069/90". Se assim o fizer, ela poderá
considerar o disposto nesse inciso e só nos restará tentar os velhos recursos.

Como já vi cada coisa vindo dessas bancas, o mais correto, portanto, é


ficar em alerta e prestar atenção no enunciado da questão. Se essa afirmação
for a única correta (ou menos errada) marque-a sem medo de ser feliz!! Se na
questão tiver as duas opções (e o enunciado não for claro) marque a
disposição constitucional.

Versa também o Estatuto que o Estado deve garantir o acesso aos níveis
mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um e que deverão ser respeitados, no processo
educacional, os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da
criação e o acesso às fontes de cultura.

Outra garantia é o atendimento no ensino fundamental por meio de


programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde.

E quanto aos pais? Quais os seus direitos e deveres no que tange À


educação?

Os pais ou o responsável têm como DEVER a obrigação de matricular


seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino e como DIREITO o de ter

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ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das


propostas educacionais.

No âmbito do ensino fundamental, os dirigentes de estabelecimentos de


ensino fundamental também têm algumas obrigações. Eles devem comunicar
ao Conselho Tutelar: os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos; a
reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos
escolares; e os elevados níveis de repetência.

Por fim, vamos consolidar o aprendizado:

19. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL- PREF. PAULO AFONSO/BA –


2008] Conforme determina o Estatuto, os dirigentes de escolas públicas e
privadas de Ensino Fundamental deverão comunicar ao Conselho Tutelar,
dentre outros, os casos de maus tratos envolvendo seus alunos, de reiteração
de faltas injustificadas e de evasão escolar.

Comentário:

Como você acabou de ver, os dirigentes de estabelecimentos, no âmbito do


ensino fundamental, devem comunicar ao Conselho Tutelar os casos de maus-
tratos envolvendo seus alunos, a reiteração de faltas injustificadas e de evasão
escolar - esgotados os recursos escolares -, e os elevados níveis de repetência.
Tudo certinho!

Gabarito: Certo

3.5. DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO DO TRABALHO

O Estatuto estabelece que o adolescente tem direito à


profissionalização e à proteção no trabalho, observados o respeito à
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e a capacitação profissional
adequada ao mercado de trabalho.

Vamos ver em que termos o ECA trata sobre a profissionalização do


adolescente falando um pouco sobre a condição de aprendiz e sobre com se dá
a sua formação técnico-profissional.

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3.5.1. O trabalho e a criança e o adolescente

Gostaria, caro aluno, de que você observasse a seguinte regulamentação


dada pelo ECA:

ECA – Lei 8.069/90

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de


idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição Federal)

Ao ler esse artigo, você é levado a constatar que o trabalho de menores


de 14 anos é proibido. Até aí, tudo bem!! Entretanto, continuando a leitura
você percebe que há uma ressalva: salvo na condição de aprendiz. Isso nos
leva a crer que quem for menor de 14 anos, ou seja, até mesmo uma criança,
poderá trabalhar desde que na condição de aprendiz.

Essa interpretação há muito está EQUIVOCADA!! Em vermelho está a


remissão que o próprio art. 60 faz à Constituição Federal. O link nos remete
diretamente ao art. 7º, inciso XXXIII da nossa Carta Magna, in verbis:

CF/88

Art. 7º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

(...)

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a


menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, A PARTIR de quatorze
anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Ora, de acordo com essa redação, não é permitido o trabalho nem na


condição de aprendiz aos menores de 14 anos!! Poderemos traduzir a
redação do dispositivo constitucional supracitado da seguinte forma:

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ATÉ 14 anos trabalho proibido sob qualquer hipótese.

MAIOR de 14 até os 16 anos trabalho permitido somente na


condição de aprendiz.

Trabalho noturno, perigoso ou insalubre proibido.

MAIOR de 16 até 18 anos permitido qualquer trabalho com


exceção do trabalho noturno,
perigoso ou insalubre

MAIOR de 18 anos permitido qualquer trabalho inclusive o


noturno, o perigoso ou o insalubre.

Perceba que essa redação vai completamente de encontro ao que versa o


ECA. Aí você me pergunta: mais por que professor? Em qual delas devo me
basear diante de uma questão da minha prova?

Nesse caso posso garantir-lhe com toda tranquilidade: você se baseará


na disposição constitucional!!

Dê uma lida novamente no inciso VIII acima mencionado e veja que ele
teve nova redação a partir da Emenda Constitucional de nº 20 de 1998,
emenda essa aprovada 08 anos após a publicação do ECA. Como não foi outra
lei ordinária que deu nova redação ao dispositivo (e nem poderia ser), não
houve mudança na redação no art. 60 do ECA. Isso não quer dizer que
devamos obedecer aquilo que lá está escrito. Tanto é que, ao acessar a
redação do art. 60, há um link direto para o art. 7º, inciso VIII da CF,
obrigando o leitor a respeitar o que ali está estabelecido.

Vou repetir: o trabalho só é permitido para pessoas a partir de 14 anos


e na condição de aprendiz!!

Corroborando com a CF/88, o Estatuto da Criança e do Adolescente


estabelece que para o adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar
de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade governamental ou
não governamental, é vedado o trabalho:

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noturno, realizado entre as 22hs de um dia e as 05hs do dia


seguinte;

perigoso, insalubre ou penoso;

realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu


desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;

realizado em horários e locais que não permitam a frequência à


escola.

O ECA assegura ao adolescente aprendiz os direitos trabalhistas e


previdenciários além do trabalho protegido ao adolescente portador de
deficiência.

3.5.1. A formação técnico-profissional do adolescente

Versa a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT - que a formação


técnico-profissional caracteriza-se por atividades teóricas e práticas,
metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva
desenvolvidas no ambiente de trabalho.

Pois bem, a formação técnico-profissional, ministrada segundo as


diretrizes e bases da legislação de educação em vigor, é considerada pelo
Estatuto como aprendizagem e deve obedecer aos seguintes princípios:

Garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

Atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

Horário especial para o exercício das atividades.

Caro aluno, com a explanação desse último direito, finalizamos a nossa


parte inicial do Estatuto da Criança e do Adolescente. Agora, você tem base
suficiente para estudar o conteúdo dos próximos IMPORTANTÍSSIMOS
TÓPICOS dessa aula. Antes disso, um questãozinha para consolidar o seu
aprendizado:

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20. [FGV – TÉCNICO JUDIC. SEGURANÇA – TRE/PA – 2010] Com relação


à proteção reservada ao menor em nosso ordenamento jurídico, está de
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente o desenvolvimento de
capacitação profissional, assegurado ao menor de 12 anos o trabalho como
ajudante.

Comentário:

Fico até sem graça de comentar mais uma questão tão bobinha como essa.
Bobinha para você, meu estimado aluno do Ponto!! A questão afirma
erroneamente que, aos menores de 14 anos, é assegurado algum tipo de
trabalho. Insinua que o trabalho de ajudante é permitido ao menor de 12 anos.
De jeito nenhum!! Você já sabe que não!!

Gabarito: Errado

Estudaremos, a partir de agora, os temas do Estatuto que são os


grandes alvos de questões em concursos na área policial e jurídica: os ATOS
INFRACIONAIS cometidos por crianças e adolescentes.

Prepare-se para fortes emoções!!

IV – OS ATOS INFRACIONAIS

4.1. CONCEITO DE ATO INFRACIONAL

O ECA define ato infracional como a conduta descrita como crime ou


contravenção penal.

Começo o tópico com uma pergunta:

Por que o Estatuto fala em ato infracional e em crime ou contravenção


penal propriamente ditos? Qual a diferença entre eles?

Resposta na ponta da língua: toda conduta que a Lei Penal tipifica como
crime ou contravenção, se praticada por criança ou adolescente é
tecnicamente denominada ato infracional.

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Pois bem, a Constituição Federal, em seu art. 228, estabelece que são
penalmente inimputáveis os menores de 18 anos. Ser inimputável
significa, em linhas gerais, não ter a capacidade de ser responsabilizado
penalmente pelos seus próprios atos. Ora, se uma criança ou um adolescente
não pode ser responsabilizado penalmente por seus atos então, em tese, não
se pode responsabilizá-los por crimes ou contravenções penais tipificados em
Lei. Concorda?

Agora te faço então outra pergunta: e se uma criança ou um adolescente


fere ou mata alguém? Fica impune pelo fato de não poder responder
penalmente por esse ato? Claro que não!!

Foi por essa razão que o ECA utilizou a terminologia de ato infracional.
O intuito foi o de produzir uma designação diferenciada procurando enaltecer o
caráter extra penal da matéria e o atendimento a ser prestado em especial ao
adolescente em conflito com a lei. Isso quer nos dizer então que, ao cometer
um crime ou uma contravenção penal, a criança ou o adolescente não ficará de
todo impune. Haverá sim algum tipo de responsabilização diferenciada.

Nessa mesma linha de raciocínio, você há de convir comigo que, mesmo


sendo responsabilizados de forma especial, não é coerente que o tratamento
dado a um adolescente seja o mesmo dado a uma criança quando ambos
tenham cometido, por exemplo, o mesmo ato infracional. Não poderiam
mesmo ser!! As eventuais medidas a serem tomadas devem respeitar os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

O ECA estabelece, portanto, que a criança ou o adolescente que cometer


ato infracional estará sujeito às medidas nele previstas e que, para o
estabelecimento dessas medidas, será considerada a idade do adolescente à
data do fato. A regra é a seguinte:

IMPORTANTE

Se o agente cometer ato infracional enquanto tiver idade inferior a 12


(doze) anos, será tratado como CRIANÇA mesmo após completar esta
idade.

Se praticar o ato estando com a idade entre 12 (doze) e 17


(dezessete) anos, será tratado como ADOLESCENTE mesmo após
completar 18 (dezoito) anos.

Vamos ver como essas disposições foram cobradas?

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21. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES –


2006] Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente,
considera-se ato infracional a conduta praticada por criança ou adolescente
que esteja descrita como crime na legislação penal, não abrangendo a
legislação em referência as contravenções penais.

Comentário:

A assertiva erra ao afirmar que uma contravenção penal praticada por


criança ou adolescente não é um ato infracional. É sim!! Repetindo: toda
conduta que a Lei Penal tipifica como crime ou contravenção, se praticada
por criança ou adolescente é tecnicamente denominada ato infracional.

Gabarito: Errado

22. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Ato


infracional é a ação tipificada como contrária a lei que tenha sido efetuada pela
criança ou adolescente. São inimputáveis todos os maiores de 18 anos e não
poderão ser condenados a penas.

Comentário:

Dois erros nessa questão: o primeiro é o de conceituar ato infracional de


forma errada; o segundo é o de afirmar que os maiores de 18 são inimputáveis
e não poderão ser condenados a penas. Ato infracional é o crime ou a
contravenção penal quando cometido por criança ou adolescente. E
inimputáveis são os menores de 18 anos!!

Gabarito: Errado

No próximo tópico, trataremos das medidas passíveis de serem aplicadas


a crianças que cometem atos infracionais. Em seguida, estudaremos aquelas
a serem aplicadas aos adolescentes infratores.

4.2. ATO INFRACIONAL COMETIDO POR CRIANÇAS

Se uma criança comete um crime ou uma contravenção penal, você já


sabe que ela não pode responder conforme as disposições do Código Penal e
nem as da Lei de Contravenções Penais. Estará sujeita às medidas
estabelecidas no ECA.

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Pois saiba também que a criança autora de ato infracional não está
sujeita à aplicação das medidas sócio-educativas previstas no Estatuto
(como é o caso dos adolescentes), mas apenas a das medidas de proteção.
Umas são bem diferentes das outras!! As medidas de proteção a serem
aplicadas às crianças infratoras são as seguintes:

Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de


responsabilidade;

Orientação, apoio e acompanhamento temporários;

Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de


ensino fundamental;

Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à


criança e ao adolescente;

Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em


regime hospitalar ou ambulatorial;

Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e


tratamento a alcoólatras e toxicômanos;

Acolhimento institucional;

Inclusão em programa de acolhimento familiar;

Colocação em família substituta.

IMPORTANTE

O órgão competente para aplicar as medidas de proteção às crianças


infratoras é o CONSELHO TUTELAR;

O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são medidas


PROVISÓRIAS E EXCEPCIONAIS, utilizáveis como forma de transição
para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em
família substituta, não implicando privação de liberdade.

A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento


institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

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Sobre os atos infracionais cometidos por crianças, são essas as


disposições que você precisa levar para sua prova.

Agora, quanto aos adolescentes infratores, os procedimentos são um


pouco mais rigorosos. No tópico a seguir, vamos conhecer quais são as suas
garantias processuais, as medidas sócio-educativas para eles previstas e o
procedimento para a apuração dos fatos.

Antes, vamos praticar:

23. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da


Criança e do Adolescente estabelece medidas de proteção à criança e ao
adolescente, dentre as quais estão o acolhimento institucional, a colocação em
família substituta e a matrícula e frequência facultativas em estabelecimento
de ensino livre.

Comentário:

A questão até que ia bem não fosse pela afirmação de que a medida de
proteção de matrícula e frequência facultativas deve ser aplicada em
estabelecimento de ensino livre, quando vimos que tal estabelecimento deve
ser oficial e de ensino fundamental. Você pode ainda achar que há outro
erro nessa questão: a afirmação de que as medidas de proteção não são
aplicáveis a adolescentes. Muita calma nessa hora, pois não foi isso que eu
disse!

As medidas de proteção foram estabelecidas pelo ECA tanto para a


criança como para o adolescente. Elas visam, na verdade, à proteção
integral dessas pessoas quando elas forem submetidas a determinadas
situações previstas no Estatuto. São elas:

Art. 98 As medidas de proteção à CRIANÇA e ao ADOLESCENTE


são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

Essas medidas visam, portanto, à proteção geral da criança e do


adolescente. Agora, ao se falar em atos infracionais cometidos por essas
pessoas, aí teremos que separar o joio do trigo.

Se o infrator for criança, só poderá ser submetido às medidas de


proteção;

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Se for adolescente, só poderá ser apenado com uma das medidas


socioeducativas.

Estudaremos sobre essas medidas sócio-educativas logo mais adiante.


Por enquanto guarde essa informação e saiba que não foi ela que causou o
erro da questão em análise.

Gabarito: Errado

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas


de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

24. As medidas de proteção são aplicadas às crianças; as socioeducativas, aos


adolescentes.

25. As medidas de proteção poderão ser aplicadas isolada ou


cumulativamente, mas não podem ser substituídas a qualquer tempo.

Comentário 24:

Brincadeira!! Parece que a questão foi copiada da anterior!! O erro aqui é


o mesmo. Repetindo para não esquecer:

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente


são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei
forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

III - em razão de sua conduta.

A criança autora de ato infracional não está sujeita à aplicação das


medidas sócio-educativas previstas no Estatuto (como acontece com os
adolescentes), mas apenas a medidas de PROTEÇÃO.

As medidas socioeducativas são destinadas apenas a adolescentes


acusados da prática de atos infracionais, devendo ser considerada a idade do
agente à data do fato.

Gabarito: Errado

Comentário 25:

As medidas de proteção, já vimos, estão elencadas no art. 101 do ECA.


Em seu art. 98, o referido Estatuto estabelece que “as medidas previstas neste
Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo”. Estabelece ainda que na aplicação das
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medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se


aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Gabarito: Errado

26. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] A permanência da


criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se
prolongará por mais de cinco anos, salvo comprovada necessidade,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

Comentário:

Quanto ao acolhimento familiar, é importante não esquecer que a


permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento
institucional não poderá se prolongar por mais de 02 (dois) anos, salvo
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, devidamente
fundamentada pela autoridade judiciária.

Gabarito: Errado

27. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] A


criança acusada de um crime deverá ser conduzida imediatamente à presença
de um delegado.

Comentário:

Você já sabe que a criança acusada de ato infracional, não é submetida a


medidas sócio-educativas e, sim, a medidas de proteção. E quem é
competente, segundo o ECA, para aplicar tais medidas às crianças infratoras?
O Conselho Tutelar e não um delegado!!

Gabarito: Errado

4.3. ATO INFRACIONAL COMETIDO POR ADOLESCENTES

No caso de adolescentes que cometem atos infracionais, é preciso que


tenhamos em mente os seguintes princípios fundamentais:

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Aos procedimentos regulados no ECA aplicam-se subsidiariamente


as normas gerais previstas na legislação processual pertinente.

É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na


tramitação dos processos e procedimentos previstos no Estatuto,
assim como na execução dos atos e diligências judiciais a eles
referentes.

Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido


processo legal.

O último dos princípios acima todos conhecemos, pois ele deriva do art.
5º, inciso LIV da nossa Constituição Federal. Veremos que o procedimento
para apuração de ato infracional praticado por adolescente, embora revestido
das mesmas garantias processuais e demandando as mesmas cautelas que o
processo penal instaurado em relação a imputáveis, com este não se confunde.

Isto se dá pelo fato de que ao contrário do processo penal instaurado em


relação a imputáveis, o procedimento para a apuração de ato infracional não
tem como objetivo final a singela aplicação de uma pena, mas sim, em
última análise, a proteção integral do jovem, para o que as medidas sócio-
educativas se constituem apenas no meio que se dispõe para chegar a este
resultado.

Para tanto, o procedimento possui regras e, acima de tudo, princípios


que lhe são próprios, cuja inobservância, por parte da autoridade judiciária,
somente pode conduzir à nulidade absoluta do feito. Antes de estudarmos as
regras para a apuração dos atos infracionais, vejamos quais são as garantias
processuais asseguradas aos adolescentes.

4.3.1. AS GARANTIAS PROCESSUAIS DOS ADOLESCENTES

Partindo-se do princípio que a criança e o adolescente gozam de todos os


direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, da inevitável incidência da
regra básica de que toda e qualquer disposição estatutária somente pode ser
interpretada e aplicada no sentido da proteção integral infanto-juvenil, e da
previsão expressa da aplicação, em caráter subsidiário, das regras gerais
contidas na Lei Processual Penal, não é possível, lógica e legalmente, negar ao
adolescente acusado da prática de ato infracional qualquer dos direitos e
garantias assegurados tanto pela Lei Processual Penal quanto pela Constituição
Federal aos imputáveis acusados da prática de crimes.
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E é exatamente por esse motivo que o legislador preocupou-se em


reforçar tais garantias e discriminá-las no referido Estatuto. São, portanto,
estas as garantias asseguradas aos adolescentes:

Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional,


mediante citação ou meio equivalente;

Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas


e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

Defesa técnica por advogado;

Assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma


da lei;

Direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

Direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em


qualquer fase do procedimento.

Conheceremos agora as medidas sócio-educativas que poderão ser


aplicadas ao adolescente infrator. Vamos a elas!!

4.3.2. AS MEDIDAS SÓCIO-EDUCATIVAS

Você já sabe que as medidas socioeducativas são destinadas aos


adolescentes acusados da prática de atos infracionais, devendo ser
considerada a idade do agente à data do fato (a criança está sujeita APENAS a
medidas de proteção). Embora pertençam ao gênero "sanção estatal"
(decorrentes da não conformidade da conduta do adolescente a uma norma
penal proibitiva ou impositiva), não podem ser confundidas ou encaradas como
penas, pois têm natureza jurídica e finalidade diversas.

Pois bem, enquanto as penas possuem um caráter eminentemente


retributivo/punitivo, as medidas socioeducativas têm um caráter
preponderantemente pedagógico, com preocupação única de educar o
adolescente acusado da prática de ato infracional, evitando sua reincidência.

Versa o Estatuto que verificada a prática de ato infracional, a autoridade


competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:

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Advertência;

Obrigação de reparar o dano;

Prestação de serviços à comunidade;

Liberdade assistida;

Inserção em regime de semi-liberdade;

Internação em estabelecimento educacional e;

Todas as medidas de proteção aplicadas às crianças infratoras, com


exceção das medidas de acolhimento institucional, de inclusão em
programa de acolhimento familiar e de colocação em família substituta
(essas três não serão aplicadas aos adolescentes infratores como
modalidades de medidas sócio-educativas).

Trataremos logo em seguida dos detalhes mais importantes de cada uma


dessas medidas, mas antes disso preciso destacar outros princípios
fundamentais referentes ás medidas sócio-educativas:

IMPORTANTE

A imposição das medidas de obrigação de reparar o dano, de prestação


de serviços à comunidade, de liberdade assistida, de inserção de regime
de semi-liberdade e a de internação pressupõe a existência de
provas suficientes da autoria e da materialidade da infração,
ressalvada a hipótese de remissão.

A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de


cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração;

Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental


receberão tratamento individual e especializado, em local
adequado às suas condições.

E quem tem competência para aplicá-las?

É só lembrar-se das competências do Juiz de Infância e da


Juventude, estudadas em tópico anterior. Uma de suas competências é
exatamente a de conhecer de representações promovidas pelo Ministério
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Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando


as medidas cabíveis.

Uma bateria de questões para treinarmos:

28. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Prescreve o ECA


(Estatuto da Criança e do Adolescente) que verificada a prática de ato
infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre
outras, as medidas de colocação em família substituta, de advertência, de
prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida.

Comentário:

A questão estaria certinha se não fosse o erro em afirmar que uma das
medidas aplicáveis a adolescentes infratores seria a sua colocação em família
substituta. Acabamos de ver que essa não é medida aplicável nesses casos!!

Gabarito: Errado

29. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. SÃO JOSE PINHAIS/PR –


2011] De acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente,
verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar
ao adolescente, dentre outras, as medidas de obrigação de reparar o dano, a
internação em estabelecimento não educacional e a prestação de serviços à
comunidade somente se autorizado pelos pais.

Comentário:

O Estatuto não prevê que haja necessária autorização dos pais para a
aplicação das medidas sócio-educativas a um adolescente infrator. Esse é o
primeiro equívoco!! O segundo é o que afirma que a internação deve ser
obrigatoriamente em estabelecimento não educacional. Aí é demais, não é
mesmo?? É claro que o estabelecimento tem que ser educacional.

Gabarito: Errado

30. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se


uma criança e ou adolescente efetivamente praticou ato infracional será
aplicada medida específica de punição, conforme estabelece o art. 101 do ECA,
tais como reclusão, frequência obrigatória em ensino fundamental, entre
outras medidas.

Comentário:

Uma coisa que você não pode esquecer: não existe no ECA nenhuma
medida de punição para adolescentes infratores, muito menos para crianças
infratoras. O que existe são medidas de proteção (para crianças e

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adolescentes) e medidas sócio-educativas (para adolescentes) nos casos de


práticas de atos infracionais. E mesmo no rol de medidas sócio-educativas não
há previsão de reclusão.

Gabarito: Errado

31. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN –


2008] Em se tratando de menor inimputável, inexiste pretensão punitiva
estatal propriamente, mas apenas pretensão educativa, que é dever não só do
Estado, mas da família, da comunidade e da sociedade em geral, conforme
disposto expressamente na legislação de regência e na CF.

Comentário:

Isso mesmo!! O ECA utiliza a terminologia de ato infracional no intuito


de produzir uma designação diferenciada procurando enaltecer o caráter extra
penal da matéria e o atendimento a ser prestado em especial ao adolescente
em conflito com a lei.

Gabarito: Certo

32. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN –


2008] O instituto da prescrição não é compatível com a natureza não-penal
das medidas socioeducativas.

Comentário:

Em momento algum, a Lei nº 8.069/1990 (o nosso ECA) dispõe sobre a


“prescrição”. A prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo decurso
do tempo. Apesar de não ser a medida mais adequada e nem se constituir a
melhor opção (em razão da natureza jurídica diversa das medidas
socioeducativas em relação às penas), a matéria foi objeto da Súmula nº 338,
do Superior Tribunal de Justiça. Segunda a referida súmula: “a prescrição
penal é aplicável nas medidas sócio-educativas”. O item afirma exatamente o
oposto.

Gabarito: Errado

33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008]


Considere que determinado crime foi praticado por um adolescente, em
detrimento de bens e serviços da União. Nesse caso, tratando-se de menor de
18 anos de idade, inimputável, caberá conhecer do ato infracional o juiz da
infância e da juventude, ou o juiz que exercer essa função, na esfera estadual.

Comentário:

A autoridade competente para aplicar as medidas sócio-educativas aos


adolescentes é o Juiz da Infância e da Juventude. No entanto, em seu art. 146,
o Estatuto prevê que outro juiz que exerça essa função, na forma da lei de

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organização judiciária local, será também considerado competente. Daí você


pode me perguntar: professor, mas não seria o Juiz Federal o competente para
julgar crimes contra bens e serviços da União?

Já te respondo: de fato são os juízes federais os competentes para julgar


os crimes cometidos em detrimento de bens e serviços da União, mas quando
um adolescente os pratica não há que se falar em crimes e, sim, em atos
infracionais de competência, portanto, das varas estaduais da infância e da
juventude. E quem dá esse poder ao Estatuto da Criança e do Adolescente? A
própria CF em seu art. 228!! Veja:

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito


anos, sujeitos às normas da legislação especial.

Gabarito: Certo

34. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008


– ADAPT.] Compete exclusivamente à autoridade judiciária e ao membro do
MP a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato
infracional.

Comentário:

Compete exclusivamente à autoridade judiciária a aplicação de medidas


socioeducativas ao adolescente pela prática de ato infracional. O Ministério
Público não aplica tais medidas e, sim, auxilia e fiscaliza o processo de
apuração desses atos e a aplicação das medidas deles decorrentes.

Gabarito: Errado

35. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] As medidas


socioeducativas só devem ser aplicadas em face da existência de provas
suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
remissão.

Comentário:

A questão está quase certa. O problema foi generalizar e afirmar que as


medidas socioeducativas, aí subentendidas todas, só devem ser aplicadas em
face da existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da
infração, ressalvada a hipótese de remissão. Não é bem assim, pois a regra
não vale para todas as medidas!!

Vimos que a imposição medidas de obrigação de reparar o dano, de


prestação de serviços à comunidade, de liberdade assistida, de
inserção de regime de semi-liberdade e a de internação é que pressupõe
a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração,
ressalvada a hipótese de remissão.

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Gabarito: ERRADO

36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de


advertência poderá ser aplicada à criança ou ao adolescente sempre que
houver prova da autoria e da materialidade da infração.

Comentário:

Não se esqueça!! Estamos falando de medidas sócio-educativas a serem


aplicadas para os ADOLESCENTES infratores. Logo, como a medida de
advertência é uma delas, já vimos que não há o que se falar em sua aplicação
à CRIANÇA infratora. E outra: a medida de advertência não está incluída no rol
daquelas que, para a sua imposição, há a necessidade de haver prova de
autoria e materialidade da infração.

Gabarito: Errado

Vamos agora conhecer um pouco mais sobre as tais medidas sócio-


educativas:

A advertência

Versa o Estatuto que a advertência consistirá em admoestação


verbal, que será reduzida a termo e assinada.

Professor, e como se dá essa admoestação verbal?

Admoestar é aconselhar, advertir, repreender com brandura.

Pois bem, a advertência é a única das medidas socioeducativas que deve


ser executada diretamente pela autoridade judiciária. O Juiz deve estar
presente à audiência admonitória, assim como o representante do Ministério
Público e os pais ou responsável pelo adolescente, devendo ser este alertado
das consequências da eventual reiteração na prática de atos infracionais e/ou
do descumprimento de medidas que tenham sido eventualmente aplicadas
cumulativamente.

Os pais ou responsável deverão ser também orientados e, se necessário,


encaminhados ao Conselho Tutelar para receber as medidas a eles pertinentes
(reveja essas medidas no nosso tópico sobre o Conselho Tutelar).
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A obrigação de reparar o dano

Se o ato infracional cometido por um adolescente tiver reflexos


patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente
restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma,
compense o prejuízo da vítima.

É fundamental que a reparação do dano seja cumprida pelo


adolescente, e não por seus pais ou responsável, devendo ser assim
verificado, previamente, se esse adolescente tem reais capacidades de cumpri-
la. A reparação pode se dar diretamente, através da restituição da coisa, ou
pela via indireta, através da entrega de coisa equivalente ou do seu valor
correspondente em dinheiro.

IMPORTANTE

Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o dano,


a medida poderá ser substituída por outra adequada.

Duas questões tranquilas cobradas elaboradas em provas para juízes:

37. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Tratando-se de medida


de obrigação de reparar o dano, o magistrado deve determinar a restituição da
coisa ao seu verdadeiro proprietário, ainda que o ato infracional tenha sido
praticado por criança.

Comentário:

As questões vão sempre querer induzi-lo ao erro insinuando que


crianças infratores são submetidas às medidas sócio-educativas. Tenho
certeza que você, meu estimado aluno do Ponto, não cai mais nessa. Crianças
infratoras não são submetidas a nenhuma medida sócio-educativa. Somente os
adolescentes!!

Posso até dizer que há entendimentos doutrinários de que seja possível


que crianças infratoras reparem os danos causados pela prática de atos
infracionais. Normalmente, em se tratando do ECA, as bancas buscam a
literalidade da Lei para as suas questões, pois se trata de uma norma polêmica
e de várias discussões doutrinárias. Veja que estamos diante de uma questão
para JUIZ e a banca não complicou a coisa.
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Gabarito: Errado

38. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Verificada a prática de


ato infracional por adolescente, a autoridade competente poderá exigir do
menor infrator a obrigação de reparar o dano por meio de trabalho necessário
prestado a instituição mantida pelo setor público.

Questão 38: Se houver manifesta impossibilidade do adolescente reparar o


dano, a medida poderá ser substituída por outra adequada, mas isso não quer
dizer que o juiz possa exigir que o menor necessariamente trabalhe em
instituição mantida pelo setor público.

Gabarito: ERRADO

A prestação de serviços à comunidade

A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas


gratuitas de interesse geral junto a entidades assistenciais, hospitais,
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.

Cabe ressaltar que as tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do


adolescente, devendo ser cumprida aos sábados, domingos e feriados ou em
dias úteis. Mas atenção:

IMPORTANTE

Para a prestação de serviços comunitários o adolescente deverá cumprir


jornada máxima de 08 horas de modo a não prejudicar a frequência à
escola ou à jornada normal de trabalho;

A prestação de serviços comunitários não poderá exceder os 06


meses;

Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a


prestação de trabalho forçado;

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O adolescente vinculado a tal medida não pode ser obrigado a realizar


atividades degradantes, humilhantes e/ou que o exponham a uma situação
constrangedora. A medida não pode se restringir à “exploração da mão de
obra” do adolescente, devendo ter um cunho eminentemente pedagógico.

Aos trabalhos:

39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A prestação de serviços


comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por
período não excedente a quarenta e cinco dias, em entidades assistenciais,
hospitais, escolas e estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.

Comentário:

O erro está em afirmar que a prestação de serviços comunitários não


pode exceder a 45 dias quando o correto seria 06 meses.

Gabarito: Errado

40. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A prestação de serviços


à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
por período não inferior a seis meses.

Comentário:

Exato! A prestação de serviços comunitários não poderá exceder os 06


meses. A questão afirma o contrário: que não poderá ser inferior a 06 meses!

Gabarito: Errado

41. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012]


A prestação de serviços comunitários como medida socioeducativa consiste na
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, não podendo exceder, em
nenhuma hipótese, a seis meses.

Comentário:

Alguma dúvida? Às vezes nossa banca abusa nas repetições. duas questões
aplicadas nesse ano quase idênticas!! Você já está cansado de saber: a
prestação de serviços à comunidade não poderá exceder os 06 meses. E em
nenhuma hipótese mesmo!!

Gabarito: Certo

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Inserção em regime de semi-liberdade

O Estatuto dispõe que o regime de semi-liberdade pode ser


determinado de duas formas: como medida inicial ou como forma de
transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.

A semi-liberdade é das medidas de execução mais complexa e difícil


dentre todas as previstas pelo ECA. Em 1996, o Conselho Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente – CONANDA expediu a Resolução n° 47, de
06/12/1996, na tentativa de regulamentar a matéria. Em que pese tal esforço,
vários aspectos sobre a forma como se dará o atendimento do adolescente
permanecem obscuros, o que sem dúvida contribui para a existência de poucos
programas em execução em todo o País.

É importante que se diga que não há qualquer obrigatoriedade de o


adolescente que está internado passe primeiro pela semi-liberdade antes de
ganhar o meio aberto e que a medida não comporta prazo determinado
aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à internação.

E assim a nossa estimada banca cobrou:

42. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de


semiliberdade pode ser aplicada desde o início, quando, pelo estudo técnico, se
verificar que é adequada e suficiente do ponto de vista pedagógico. A
possibilidade de atividades externas é inerente a essa espécie de medida e
depende de autorização judicial.

Comentário:

Há sim a possibilidade de atividades externas, mas essa possibilidade


independe de autorização judicial.

Gabarito: Errado

43. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O regime de


semiliberdade pode ser determinado, desde o início, pelo prazo de seis meses,
como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de
atividades externas, independentemente de autorização judicial.

Comentário:

Acabamos de estudar que a medida de semiliberdade não comporta


prazo determinado aplicando-se, no que couber, as disposições relativas à
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internação. Não há expressa determinação legal para que esse tal prazo seja
de seis meses informado na questão.

Gabarito: ERRADO

A liberdade assistida

A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida


mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
A autoridade designará pessoa capacitada, denominado orientador, para
acompanhar o caso. Essa pessoa poderá ser recomendada por entidade ou
programa de atendimento.

A liberdade assistida é a medida que melhor traduz o espírito e o sentido


do sistema sócio-educativo estabelecido pelo ECA e, desde que corretamente
executada, é sem dúvida a que apresenta melhores condições de surtir os
resultados positivos almejados, não apenas em benefício do adolescente, mas
também de sua família e, acima de tudo, da sociedade.

Não se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente


estaria em uma espécie de período de prova, mas sim importa em uma
intervenção efetiva e positiva na vida do adolescente e, se necessário, em sua
dinâmica familiar, por intermédio de uma pessoa capacitada para acompanhar
a execução da medida, chamada de “orientador”.

Incumbe ao orientador, como o apoio e a supervisão da autoridade


competente, a realização das seguintes tarefas:

• promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes


orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;

• supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,


promovendo, inclusive, sua matrícula;

• diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua


inserção no mercado de trabalho;

• apresentar relatório do caso.

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IMPORTANTE

A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de 06 meses,


podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída
por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

E vamos trabalhar:

44. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de liberdade


assistida deve ser fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
ouvidos o orientador, o MP e o DP.

Comentário:

É exatamente a literalidade do art. 188, § 2º do ECA: a liberdade


assistida será fixada pelo prazo mínimo de 06 meses, podendo a qualquer
tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor.

Gabarito: Certo

45. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A aplicação da medida


de liberdade assistida, uma das mais rigorosas, prevê a manutenção do
adolescente em entidades de atendimento.

Comentário:

Nada a ver!! Muito pelo contrário. Vou repetir: a liberdade assistida será
adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o fim de
acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente. Não é uma medida rigorosa,
pois não se trata de uma mera liberdade vigiada, na qual o adolescente estaria
em uma espécie de período de prova. E nem é uma privação de liberdade. É na
verdade uma intervenção efetiva e positiva na vida do adolescente e, se
necessário, em sua dinâmica familiar.

Gabarito: Errado
46. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A liberdade assistida
será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, presumindo-se que poderá ser
fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

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Comentário:

A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses,


podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
medida, ouvidos o orientador, o Ministério Público e o defensor.

O Estatuto silencia quanto ao tempo a ser fixado para a liberdade


assistida, logo, percebe-se que tal medida poderá ser sim fixada pelo tempo
que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

Gabarito: Certo

A internação

A internação constitui medida privativa de liberdade, sujeita aos


princípios:

da brevidade;

da excepcionalidade e;

do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

A reclusão de um jovem em um estabelecimento deve ser feita apenas


em último caso e pelo menor espaço de tempo necessário. Medida privativa de
liberdade por excelência, a internação somente deverá ser aplicada em casos
extremos, quando, comprovadamente, não houver possibilidade da aplicação
de outra medida menos gravosa devendo sua execução se estender pelo
menor de tempo possível.

IMPORTANTE

A medida de internação só poderá ser aplicada quando tratar-se de ato


infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; por
reiteração no cometimento de outras infrações graves ou por
descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente
imposta.

É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos,


cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
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A medida de internação não comporta prazo determinado, devendo


sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo
a cada 06 meses. Mas preste atenção: caso a medida seja aplicada por conta
de descumprimento reiterado e injustificável de medida anteriormente imposta
(e somente neste caso), o prazo de internação não poderá ser superior a
03 meses.

A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para


adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida
rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da
infração. Durante todo o período de internação, mesmo que essa internação
seja provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas. E ainda mais: a
realização de atividades externas será permitida a critério da equipe técnica da
entidade a não ser por expressa determinação judicial em contrário.

IMPORTANTÍSSIMO

Em nenhuma hipótese o período máximo de internação excederá a 03


anos;

Atingido o tempo limite de 03 anos, o adolescente deverá ser


liberado, colocado em regime de semi-liberdade ou de liberdade assistida;

A liberação será COMPULSÓRIA (obrigatória) aos 21 anos de idade.

Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de autorização


judicial, ouvido o Ministério Público apenas.

Vale salientar que este prazo máximo de 03 anos de duração da medida


privativa de liberdade extrema abrange todos os atos infracionais anteriores à
sentença que a decretou e ao início de sua execução (ainda que, por uma
razão ou por outra, não tenham sido por ela expressamente abrangidos), vez
que não há previsão legal para o “somatório” de medidas socioeducativas.

Assim sendo, por exemplo, independentemente de quantos tenham sido


os atos infracionais anteriores à sentença em cujos procedimentos houve o
decreto da medida sócio-educativa extrema da internação, estará o
adolescente sujeito ao máximo de 03 (três) anos de privação de liberdade.

Devemos lembrar que a tônica do procedimento para apuração de ato


infracional é a celeridade, e se isto não foi respeitado, e o adolescente não
recebeu, ao tempo e modo devidos, a intervenção socioeducativa que se fazia
necessária na espécie, não pode ser por tal razão prejudicado.

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Uma perguntinha: você se lembra que, além das crianças (pessoas de


até 12 anos incompletos) e dos adolescentes (entre 12 e 18 anos) estarem
protegidos pelo ECA, o Estatuto também prevê casos em que suas disposições
seriam excepcionalmente aplicadas às pessoas entre 18 e 21 anos de idade?

Pois bem, a liberdade compulsória, a que se refere o quadro acima,


se constitui numa dessas exceções da aplicação do Estatuto da Criança e do
Adolescente a jovens entre de 18 (dezoito) e 21 (vinte e um) anos de idade. E
continua em pleno vigor, apesar da alteração na idade do advento da plena
capacidade civil, promovida pelo art. 5º, do Código Civil de 2002. Uma vez
atingido o limite etário de 21 anos, não mais será possível a aplicação e/ou
execução de qualquer medida sócio-educativa, devendo ser o jovem
desinternado compulsoriamente, com o máximo de celeridade.

A medida de internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva


para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo,
obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.

Por fim, é preciso saber que o Estatuto elencou um rol de direitos aos
adolescentes internados, ou seja, privados de liberdade. São muitos os
direitos, no entanto, para o nosso estudo, vou destacar a seguir apenas
aqueles os quais considero mais importantes:

ser tratado com respeito e dignidade;

permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao


domicílio de seus pais ou responsável;

receber visitas, ao menos, semanalmente;

corresponder-se com seus familiares e amigos;

habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;

receber escolarização e profissionalização;

realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;

ter acesso aos meios de comunicação social;

receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais


indispensáveis à vida em sociedade;

em hipótese alguma poderá ficar incomunicável.

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Em se tratando do direito à visita semanal, estamos diante de uma regra


que não é de todo absoluta, pois o Estatuto prevê que a autoridade
judiciária (e somente ela!!) poderá suspender temporariamente a visita,
inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de
sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.

A internação é muito cobrada em provas. Veja:

47. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009]


Qualquer medida privativa de liberdade imposta a adolescentes deve ter como
pressuposto a brevidade e excepcionalidade da medida.

Comentário:

Certinha!! A questão está em perfeita conformidade com dois dos princípios


por nós estudados: o da brevidade e o da excepcionalidade.

Gabarito: CERTO

48. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] A


medida de internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional
cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa ou em caso de ato
infracional semelhante a crime hediondo.

Comentário:

O erro está em afirmar que a internação pode ser aplicada em caso de


prática de ato infracional semelhante a crime HEDIONDO. De forma alguma!! A
medida de internação só poderá ser aplicada em três casos: ato infracional
cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa; por reiteração no
cometimento de outras infrações graves ou por descumprimento reiterado e
injustificável da medida anteriormente imposta.

Gabarito: Errado

49. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de internação


não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a cada três anos.

Comentário:

De fato, a medida de internação não comporta prazo determinado, entretanto,


sua manutenção deverá ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
máximo a cada 06 meses e não a cada 03 anos. A nossa querida banca teve
a “inocente” intenção de confundir o candidato trocando os prazos reativos à
medida de internação.

Reavaliação da internação a cada 06 meses

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Período Máximo de Internação 03 anos

Gabarito: errado

50. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Sobre a internação


(medida privativa da liberdade prevista no ECA, sujeita aos princípios de
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento), é INCORRETO afirmar que tal medida não excederá o
período de três anos e que será aplicada exclusivamente quando se tratar de
ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

Comentário:

Preste atenção: a questão erra ao dizer que é INCORRETO afirmar que a


medida de internação não poderá exceder a 03 anos. Isto está falso, pois o
Estatuto afirma exatamente o contrário: a internação não excederá a três
anos (art. 121 § 3º do ECA).

Quanto ao fato de que a internação é uma medida aplicável


exclusivamente mediante grave ameaça ou violência à pessoa, aí sim temos
uma afirmação incorreta, pois sabemos que há as outras duas opções
possíveis. Se a afirmativa da questão fosse somente essa, a assertiva estaria
correta!! O que a tornou errada foi a primeira afirmação.

Gabarito: Errado

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Considerando o que dispõe


o ECA a respeito da medida de internação, julgue os itens a seguir.

51. A desinternação deve ser precedida de autorização judicial, ouvidos o MP e


o DP.

52. A medida de internação restringe-se aos casos de ato infracional cometido


mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

53. A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes,


no mesmo local destinado ao abrigo, atendida rigorosa separação por critérios
de idades, compleição física e gravidade da infração.

54. Durante a internação, medida excepcional, não é permitida a realização de


atividades externas, salvo expressa determinação judicial em contrário.

55. A internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a


sua manutenção, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis
meses.

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Comentário 51:

Errado!! O ECA determina, em seu art. 121, § 6º, que em qualquer


hipótese a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o
Ministério Público apenas.

Gabarito: Errado

Comentário 52:

Já vimos que não é só nesse caso que poderá ser aplicada a medida de
internação. A medida de internação, vou repetir, só deve ser aplicada nos
seguintes casos:

por ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à


pessoa;

por reiteração no cometimento de outras infrações graves ou;

por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente


imposta.

Gabarito: Errado

Comentário 53:

Sobre o local para o cumprimento da medida de internação, o ECA, em


seu art. 123, estabelece que tal medida deverá ser cumprida em entidade
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao
abrigo (contrariando o que diz a questão), obedecida rigorosa separação por
critérios de idade, compleição física e gravidade da infração.

Gabarito: Errado

Comentário 54:

Não é bem assim!! Quero relembrar-lhe que a realização de atividades


externas é permitida sim ao adolescente internado, a critério da equipe
técnica da entidade, salvo por expressa determinação judicial em contrário.

Gabarito: Errado

Comentário 55:

Perfeito!! É exatamente o que já estudamos sobre a modalidade de


internação e é o que rege o art. 121, § 2º, do ECA.

Gabarito: Certo

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às medidas


de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os itens a seguir.

56. A aplicação do regime de semiliberdade deve ser reavaliada a cada seis


meses e não comporta prazo máximo.

57. O acolhimento, seja institucional ou familiar, equipara-se à internação,


visto que afasta o menor do seio familiar.

Comentário 56:

A banca maldosamente trocou as bolas!! A regra dessa assertiva não é para a


medida de semi-liberdade e, sim, para a medida de internação! É a medida
de internação que não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção
ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada 06
meses.

Gabarito: Errado

Comentário 57:

Outra maldadezinha da banca!! Não confunda acolhimento com


internação, pelo amor de Deus!! (rsrsrs). O acolhimento institucional e o
acolhimento familiar são medidas de proteção à criança e ao adolescente
previstas no art. 101 do ECA. O acolhimento institucional e o acolhimento
familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de
transição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para
colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade. O
intuito não é o de afastar a criança do seio familiar. Já a internação, como
vimos, constitui medida privativa da liberdade. Esta sim tem o condão de
afastar o menor seio familiar.

Gabarito: Errado

Finalizamos mais um importantíssimo tópico.

Vamos tratar agora do processo de apuração de ato infracional cometido


por adolescente. Antes disso, precisamos falar também do instituto da
remissão. O que ela significa?

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4.3.3. A REMISSÃO

Versa o Estatuto, em seu art. 126, que antes de iniciado o


procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do
Ministério Público poderá conceder a REMISSÃO, como forma de exclusão do
processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional.

Professor, você poderia explicar melhor o que de fato representa para o


adolescente infrator essa tal remissão?

A remissão se constitui em instituto próprio do Direito da Criança e do


Adolescente, que pretende sanar os efeitos negativos e prejudiciais
acarretados pela deflagração ou demora na conclusão do procedimento judicial
destinado à apuração do ato infracional praticado por adolescente. A concessão
da remissão deverá ser sempre a regra, podendo já ocorrer logo após a oitiva
informal do adolescente pelo representante do Ministério Público, ou a
qualquer momento, antes de proposta a ação socioeducativa, via
representação.

A remissão visa evitar ou abreviar o processo envolvendo o


adolescente acusado da prática infracional, permitindo uma rápida
solução para o caso. Vale lembrar que o objetivo do procedimento sócio-
educativo não é a aplicação de uma sanção estatal, mas sim a efetiva
recuperação do adolescente, sempre da forma mais célere e menos traumática
possível. Isso pode perfeitamente ocorrer via remissão, notadamente nos
casos de menor gravidade, através do ajuste de uma ou mais medidas sócio-
educativas e/ou protetivas, conforme as necessidades pedagógicas específicas
do adolescente.

Detalhe IMPORTANTE!!

Iniciado o procedimento judicial, a concessão da REMISSÃO será


feita pela autoridade judiciária e importará na suspensão ou extinção
do processo.

Mas porque esse detalhe é importante? Porque pode ser alvo de


pegadinha em provas!! Veja bem:

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Antes de oferecida a representação sócio-educativa, a prerrogativa


pela concessão da remissão é do Ministério Público, que afinal, é o titular
exclusivo da ação sócio-educativa. Neste caso, a remissão concedida excluirá
o processo (evitará a representação).

Entretanto, após o oferecimento da representação sócio-educativa, a


prerrogativa pela concessão da remissão passa à autoridade judiciária
(invariavelmente o Juiz da Infância e Juventude), que pode optar por tal
solução a qualquer momento, antes de prolatar a sentença, após ouvir o
Ministério Público. Em tal hipótese, a remissão poderá ser concedida como
forma de suspensão ou extinção do processo.

Segundo o Estatuto, a remissão não implica necessariamente o


reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de qualquer
das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de semi-
liberdade e a internação.

A remissão como forma de SUSPENSÃO do processo será, em regra,


cumulada com medida sócio-educativa não privativa de liberdade cuja
execução se prolongue no tempo, que deverá ser ajustada entre a autoridade
judiciária e o adolescente, ouvido o Ministério Público.

Já a remissão como forma de EXTINÇÃO do processo será concedida


pela autoridade judiciária, também em regra, quando desacompanhada de
medidas socioeducativas ou quando cumulada unicamente com a advertência
que se exaure num único ato.

Por fim, temos que a medida aplicada por força da remissão poderá
ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expresso do
adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério Público.

Mais questões:

58. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A


remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser
aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

Comentário:

Essa questão é bem simples. Sua redação está de acordo com o que
acabamos de estudar e nos diz de forma correta o que deve acontecer em caso
de concessão da remissão, depois de oferecida a denúncia em qualquer fase do
processo, antes da sentença: A EXTINÇÃO ou SUSPENSÃO do processo.

Gabarito: Certo

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59. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008]


Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o
representante do Ministério Público pode conceder a remissão, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato
infracional. Essa remissão implica extinção do processo e reconhecimento da
responsabilidade por parte do adolescente.

Comentário:

Outra do CESPE, aplicada no mesmo ano da questão anterior, e que pede


o mesmo conhecimento!! O art. 126 do ECA rege que antes de iniciado o
procedimento judicial para apuração de ato infracional, o representante do
Ministério Público poderá conceder a REMISSÃO, como forma de exclusão do
processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto
social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional. Agora, a remissão não implica necessariamente
o reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
efeito de antecedentes.

Gabarito: Errado

60. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008]


Compete exclusivamente à autoridade judiciária conceder remissão ao
adolescente pela prática de ato infracional equivalente aos crimes de furto e
estelionato.

Comentário:

A concessão da remissão não é de competência exclusiva da autoridade


judiciária, pois o Ministério Público também é competente para tanto. É
preciso, no entanto, que você se lembre de que a competência para a
concessão da remissão dependerá do momento do processo. Antes de
oferecida a representação sócio-educativa, a prerrogativa pela concessão da
remissão é do Ministério Público. Após o oferecimento da representação sócio-
educativa, a prerrogativa pela concessão da remissão passa à autoridade
judiciária (invariavelmente o Juiz da Infância e Juventude).

Gabarito: Errado

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Com relação à prática de ato


infracional, julgue os itens a seguir.

61. A concessão de remissão não impede que se aplique qualquer medida


socioeducativa.

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62. Cabe ao MP conceder remissão em qualquer fase do procedimento para


apuração de ato infracional.

Comentário 61:

O Estatuto ainda dispõe que a remissão não implica necessariamente o


reconhecimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação de
qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em regime de
semi-liberdade e a internação. A parte em negrito traduz o erro da
questão, pois não é qualquer medida socioeducativa que pode ser aplicada
junto à remissão. As exceções são a colocação em regime de semi-liberdade e
a internação.

Gabarito: Errado

Comentário 62:

O representante do Ministério Público poderá:

promover o arquivamento dos autos;

conceder a remissão;

representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-


educativa.

A remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá


ser aplicada em qualquer fase do procedimento, mas cuidado com um detalhe
importantíssimo: deve ser aplicada somente antes da sentença.

Gabarito: Errado

63. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012]


A remissão concedida pelo representante do MP como forma de exclusão do
processo poderá ser determinada em qualquer fase do procedimento judicial,
atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem
como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no
ato infracional.

Comentário:

A remissão como forma de suspensão do processo será, em regra,


cumulada com medida sócio-educativa não privativa de liberdade cuja
execução se prolongue no tempo, que deverá ser ajustada entre a autoridade
judiciária e o adolescente, ouvido o Ministério Público.

66
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Já a remissão como forma de extinção do processo será concedida pela


autoridade judiciária, também em regra, quando desacompanhada de
medidas socioeducativas ou quando cumulada unicamente com a advertência
que se exaure num único ato.

Gabarito: Errado

4.3.4. A APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL COMETIDO POR


ADOLESCENTE

Os Direitos Fundamentais do Adolescente

Em respeito aos Direitos Individuas elencados no art. 5º de nossa


Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente determina que
NENHUM ADOLESCENTE será privado de sua liberdade senão:

em flagrante de ato infracional ou;

por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária


competente.

Ainda em consonância com o referido dispositivo da CF/88, o Estatuto


prevê que a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra
recolhido serão imediatamente comunicados à autoridade judiciária
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada. O
adolescente também goza, é claro, do direito à identificação dos
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus
direitos.

O Código de Processo Penal servirá de base para definição das situações


em que restará caracterizado o flagrante de ato infracional praticado por
adolescente, que serão exatamente as mesmas em que um imputável seria
considerado em flagrante de crime ou contravenção penal. A apreensão de
criança ou adolescente sem que esteja caracterizado o flagrante de ato
infracional ou sem ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária

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competente caracteriza, em tese, crime previsto no Estatuto (estudaremos


sobre os crimes mais adiante).

Por fim, saiba ainda, caro aluno, que em respeito ao art. 5º da CF/88, o
adolescente civilmente identificado não será submetido à identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de
confrontação, havendo dúvida fundada.

Veja como foi cobrado:

64. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] O


procedimento de apuração de ato infracional só é aplicável em se tratando de
conduta praticada por adolescente (pessoa entre 12 e 18 anos de idade). Se o
ato praticado for imputável a criança (pessoa de até 12 anos de idade), o caso
deve ser apreciado pelo conselho tutelar na respectiva localidade.

Comentário:

Com as informações até aqui estudas, já é possível concluir com


tranquilidade que há sim, de fato, um procedimento diferenciado para a
apuração de atos infracionais cometidos por adolescentes. E é isso que nos
informa corretamente a questão em análise.

Gabarito: Certo

65. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PORTO VELHO/RO –


2012] A apreensão de adolescente e o local onde ele se encontra recolhido
devem ser comunicados imediatamente à autoridade judiciária competente e à
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Comentário:

Com certeza!! Versa o ECA (art. 107) que a apreensão de qualquer


adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
pessoa por ele indicada.

Gabarito: Certo

66. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Os atos infracionais


compreendem crimes e contravenções penais, e, para a prova da idade do
adolescente, o documento primordial é a certidão de nascimento, muito
embora esta gere presunção apenas relativa (juris tantum) da idade, o que
significa poder ser afastada, diante de prova idônea em contrário. Por outro
lado, no caso de apreensão de adolescente já civilmente identificado, é
juridicamente possível, a depender das circunstâncias, a identificação
compulsória por parte da autoridade policial.

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Comentário:

A assertiva está correta ao afirmar que a certidão de nascimento gera


apenas presunção relativa de comprovação da idade e, acerta também, ao
dizer que a identificação compulsória de um adolescente infrator por parte da
autoridade policial é juridicamente possível, a depender das circunstâncias.
Como regra geral, vimos que o adolescente civilmente identificado não deve
ser submetido à identificação compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e
judiciais. Entretanto, o próprio ECA, em seu art. 109, prevê uma exceção: tal
medida pode ser tomada para efeito de confrontação, havendo dúvida
fundada.

Gabarito: Certo

Pois bem, suponhamos que um adolescente cometeu um ato infracional


ou é suspeito de tê-lo cometido. Como é então o procedimento propriamente
dito para que esse adolescente possa responder pelo seu ato e a ele ser (ou
não) atribuída uma das medidas sócio-educativas previstas pelo ECA?

A Apreensão do Adolescente Infrator

A fase que agora estudaremos é bem similar a do inquérito policial para


imputáveis. O adolescente, após cometer ou ser suspeito de ter cometido um
ato infracional, é encaminhado à autoridade policial, de preferência de uma
delegacia especializada, a fim de ser tomado o seu depoimento e eventuais
depoimentos de vítima(s) ou testemunha(s). Após essa fase veremos como o
Ministério Público entra na história.

IMPORTANTE

O adolescente apreendido em FLAGRANTE de ato infracional será, desde


logo, encaminhado à autoridade POLICIAL competente.

O adolescente apreendido por força de ORDEM JUDICIAL será, desde


logo, encaminhado à autoridade JUDICIÁRIA.

Não será admitida a apreensão de adolescente PARA SIMPLES


“AVERIGUAÇÃO”

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Em caso de FLAGRANTE de ato infracional cometido mediante violência


ou grave ameaça à pessoa, a autoridade policial, respeitadas as disposições
até aqui estudadas, deverá:

lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o adolescente;

apreender o produto e os instrumentos da infração;

requisitar os exames ou perícias necessários à comprovação da


materialidade e autoria da infração.

IMPORTANTE

Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura do auto poderá ser


substituída por Boletim de Ocorrência Circunstanciada.

É isso mesmo!! Admite-se a forma simplificada do procedimento, ante a


não ocorrência de flagrante de ato infracional mediante violência ou grave
ameaça à pessoa. Nestes casos, não será possível, nem mesmo em tese, a
aplicação de medida privativa de liberdade ao adolescente, devendo o caso ser
resolvido, em regra, através da concessão de remissão no qual independe da
comprovação da autoria e materialidade da infração.

Ademais, o que se procura é agilizar o atendimento prestado na


repartição policial, com o mínimo de constrangimento ao adolescente, que
após lavrado o boletim, deverá ser desde logo entregue aos pais.

Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente será


prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso
e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público,
no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto
quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o
adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança
pessoal ou manutenção da ordem pública.

Impende ressaltar que o ECA admite a internação antes da sentença


judicial, mas nesse caso, ela só poderá ser determinada pelo prazo máximo
de 45 dias. Apenas o Juiz da Infância e da Juventude é competente para
determinar a internação provisória de adolescente acusado da prática de ato
infracional.

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IMPORTANTE

Saiba que a ÚNICA FORMA de manter apreendido o adolescente após seu


flagrante, é decretando sua internação provisória.

E ainda assim: a decisão deverá ser fundamentada e basear-se em


indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a
NATUREZA IMPERIOSA da medida.

Caso o ato praticado não seja de natureza grave, o decreto da internação


provisória será juridicamente impossível e, mesmo diante da prática de atos de
natureza grave, a contenção cautelar do adolescente, somente deverá ocorrer
quando comprovada nos autos (e devidamente fundamentada), a “necessidade
imperiosa” da medida, devendo, em regra, ser o adolescente liberado pela
própria autoridade policial, independentemente de ordem judicial,
mediante termo.

Caro aluno, vou repetir: a regra geral é que ao adolescente, após


apresentado a autoridade policial, seja liberado imediatamente (com a
presença dos pais ou responsável, é claro!!).

Professor, e se não houver a necessidade de internação provisória e os


pais ou o responsável pelo adolescente não comparecerem à delegacia? Como
fica a situação desse adolescente? Ele vai para onde?

Nessa hipótese, o adolescente não poderá ser liberado pela autoridade


policial. Nesses casos (da não liberação do adolescente), versa o Estatuto que
a autoridade policial encaminhará, desde logo, o adolescente ao representante
do Ministério Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou
boletim de ocorrência.

Agora, no caso de ser possível a liberação desse adolescente, a


autoridade policial encaminhará imediatamente ao representante do
MINISTÉRIO PÚBLICO cópia do auto de apreensão ou boletim de
ocorrência.

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Revisando:

Adolescente liberado deverá apresentar-se no mesmo dia ou no dia


útil seguinte ao Ministério Público Autoridade Policial encaminhará
imediatamente ao MP cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência.

Adolescente não liberado Autoridade Policial encaminhará o


adolescente desde logo ao Ministério Público juntamente com cópia do
auto de infração ou de boletim de ocorrência.

Agora, pode acontecer também de o ato infracional ter acontecido, mas


não ter havido flagrante delito. Se, mesmo afastada a hipótese de flagrante,
houver indícios de participação de adolescente na prática de ato infracional,
prevê o ECA que a autoridade policial encaminhará ao representante do
Ministério Público relatório das investigações e demais documentos.

Veja como esse tópico, bastante explorado pelas bancas, foi cobrado:

67. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Nenhum adolescente


pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional,
permitindo-se a sua prisão preventiva ou temporária desde que decretada por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Comentário:

A nossa questão insinua equivocadamente que há a possibilidade de


decretação de prisão preventiva ou temporária para o adolescente infrator,
desde que decretada por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente. Não foi isso que acabamos de estudar!! O máximo que
pode acontecer é a decretação de internação provisória e isso só se dará em
caráter de exceção!!

Gabarito: Errado

68. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se for


adolescente e em caso de flagrância de ato infracional, o jovem de 12 a 18
anos será levado até a autoridade policial mais próxima.

Comentário:

Isso mesmo!! Rege o ECA (art. 171, caput e parágrafo único) que o
adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo,
encaminhado à autoridade policial competente e, de preferência, a uma
delegacia especializada.
72
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Mas cuidado: isso não quer dizer que a autoridade policial competente
seja necessariamente a mais próxima. É aí que está a pegadinha a banca!!.

Gabarito: Errado

69. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A


responsabilidade penal de um adolescente de 17 anos de idade que comete um
crime grave deve ser aferida em exame psicológico e psicotécnico, pois,
restando demonstrado em laudo pericial que este tinha plena capacidade de
entendimento à época do delito, deverá responder criminalmente, ficando à
mercê dos dispositivos do Código Penal brasileiro.

Comentário:

Você já sabe que qualquer conduta descrita como crime ou contravenção


penal, se cometida por um adolescente, é chamada pelo ECA de ato
infracional. Sabe também que são penalmente inimputáveis os menores de
dezoito anos e que, por isso, serão sujeitos às medidas previstas no estatuto
da criança e do adolescente.

Pois bem, a questão comete dois erros: o primeiro em afirmar que a


responsabilidade penal de um adolescente (que comete um crime grave) será
aferida por exame psicológico e psicotécnico. De tudo que já foi estudado, você
há de concordar comigo que não há previsão no ECA para a realização de tais
exames em adolescentes infratores, não é mesmo? Segundo: afirmar que o
adolescente ficará à mercê, para responder criminalmente, dos dispositivos do
Código Penal Brasileiro caso seja confirmado que ele tinha plena capacidade de
entendimento à época do delito. De jeito nenhum!! Ele ficará à mercê do
procedimento apuratório estabelecido pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente o qual estamos a estudar.

Gabarito: Errado

70. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] É


totalmente ilegal a apreensão do adolescente para "averiguação". A apreensão
somente ocorrerá quando for em flagrância ou por ordem judicial e em ambos
os casos esta apreensão será comunicada, de imediato, ao juiz competente,
bem como à família do adolescente.

Comentário:

Autoridade policial nenhuma pode apreender criança ou adolescente para fins


de averiguação a não ser em flagrante delito de cometimento de ato infracional
ou por expressa ordem judicial. O fato de os menores estarem perambulando
pelas ruas não se traduz em motivo para apreensão dos menores.

Gabarito: Certo
73
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71. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008]


Considere que uma autoridade policial de determinado município, ao transitar
em via pública, observou a presença de menores perambulando pela rua,
tendo, de pronto, determinado aos seus agentes a apreensão de dois deles
para fins de averiguação. Nessa situação, a atitude da autoridade policial está
correta por se tratar de adolescentes em situação de risco.

Comentário:

Apreensão de adolescentes para simples averiguação é terminantemente


proibida pelo Estatuto.

Gabarito: Errado

72. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] Antes


da sentença, a internação do adolescente infrator poderá ser determinada pelo
juiz por prazo indeterminado.

Comentário:

Olha só essa questão!! Pode acreditar, é fácil e elaborada pelo CESPE?


Nessa você não cai mais, não é verdade? Antes da sentença, a internação do
adolescente infrator poderá ser determinada pelo juiz, mas não por prazo
indeterminado. Nesses casos, a duração da internação não poderá exceder
45 dias (art. 108).

Gabarito: Errado

73. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN –


2008] A internação provisória do menor não pode extrapolar o prazo de 60
dias estabelecido pelo ECA.

Comentário:

A nossa banca gosta de trocar o prazo máximo permitido para a


internação provisória. Repetindo: o prazo desse tipo de internação é de no
máximo 45 dias!!

Gabarito: Errado

74. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Em


caso de flagrante da prática de ato infracional, o adolescente não é
prontamente liberado pela autoridade policial, apesar do comparecimento dos
pais, quando, pela gravidade do ato infracional e por sua repercussão social, o
adolescente deve permanecer sob internação para manutenção da ordem
pública.

74
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Comentário:

A regra é que comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o adolescente


será prontamente liberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso
e responsabilidade de sua apresentação ao representante do Ministério Público,
no mesmo dia ou, sendo impossível, no primeiro dia útil imediato. A exceção à
regra se dá quando, pela gravidade do ato infracional e sua repercussão social,
deva o adolescente permanecer sob internação para garantia de sua segurança
pessoal ou manutenção da ordem pública. É exatamente o que afirma a nossa
questão!!

Gabarito: Certo

[NCE/UFRJ – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/DF – 2005] De


acordo com a Lei 8.069/90, julgue os itens a seguir.

75. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de


ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.

76. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua


apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

77. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido


serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família
do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

78. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade


de internação imediata, em respeito à condição peculiar da pessoa em
desenvolvimento.

79. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo de 45


(quarenta e cinco) dias, devendo a decisão ser fundamentada e basear-se em
indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade
imperiosa da medida.

Comentário 75:

Corretinha!! Traz exatamente as únicas duas possibilidades de um


adolescente ser privado de sua liberdade:

Flagrante de ato infracional ou;

Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária


competente.

Gabarito: CERTO

75
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Comentário 76:

A assertiva acima está corretíssima. Expressa tanto a determinação do


parágrafo único do art. 106 do ECA como a regra constitucional.

Gabarito: Certo

Comentário 77:

A afirmativa acima é de fato uma das determinações procedimentais,


previstas no ECA, para atos infracionais praticados por adolescentes.

Gabarito: Certo

Comentário 78:

Sabemos que não é bem assim. A única forma de manter apreendido o


adolescente após seu flagrante é decretando sua internação provisória. E
mesmo assim, rege o ECA que tal medida é realizada em caráter excepcional
cuja decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de
autoria e materialidade, demonstrada a natureza imperiosa da medida.

Gabarito: Errado

Comentário 79:

Foi o que acabamos de discutir!! Muda a banca, mas a cobrança se


repete: o conhecimento do prazo máximo para a internação provisória. Você já
está cansado de saber: o prazo máximo é de 45 dias.

Gabarito: Certo

80. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O prazo máximo da


internação provisória do adolescente, para a aplicação de medida
socioeducativa, é de até sessenta dias, constituindo a privação da liberdade
verdadeira medida cautelar.

Comentário 80:

Realmente a medida de internação provisória é uma medida cautelar,


mas a aplicação dessa internação, vou repetir de novo, é de até 45 dias e não
de até 60 como afirma a questão!!

Gabarito: Errado

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O Encaminhamento do caso ao Ministério Público

Terminada a fase policial entramos na fase de apreciação do processo


pelo representante do Ministério Público. É o Ministério Público o competente -
segundo o que estabelece o art. 201, inciso II do ECA - para promover e
acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.

Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Público, no


mesmo dia e à vista do auto de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório
policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e com informação sobre os
antecedentes do adolescente, procederá imediata e informalmente à sua
oitiva e, em sendo possível, a de seus pais ou responsável, vítima e
testemunhas.

IMPORTANTE

O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional não poderá


ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo
policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que
impliquem risco à sua integridade física ou mental, sob pena de
responsabilidade.

Em caso de não apresentação, o representante do Ministério Público


notificará os pais ou responsável para apresentação do adolescente,
podendo requisitar o concurso das POLÍCIAS CIVIL e MILITAR.

Pois bem, ao receber o adolescente infrator, o representante do


Ministério Público, poderá tomar uma das providências:

promover o arquivamento dos autos;

conceder a remissão;

representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-


educativa.

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A decisão pelo ARQUIVAMENTO DOS AUTOS ou pela REMISSÃO

Suponhamos que o representante do Ministério Público decida por


promover o arquivamento dos autos ou por conceder a remissão ao
adolescente. Se assim o fizer, deverá remeter conclusos os autos, mediante
termo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, à autoridade judiciária
que será a responsável pela homologação.

A decisão pela aplicação da MEDIDA SÓCIO-EDUCATIVA

Se por qualquer razão o representante do Ministério Público não


promover o arquivamento ou conceder a remissão, oferecerá representação à
autoridade judiciária, propondo a instauração de procedimento para aplicação
da medida sócio-educativa que se afigurar a mais adequada.

Essa representação será oferecida por petição, que conterá o breve


resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quando necessário, o
rol de testemunhas, podendo ser deduzida oralmente, em sessão diária
instalada pela autoridade judiciária.

ATENÇÃO!!

A representação à autoridade judiciária independe de prova pré-


constituída da autoria e materialidade.

Caro aluno, tendo em vista que a tônica do procedimento é a celeridade,


com uma rápida sucessão de atos processuais, visando agilizar a solução do
caso, não se exige, quando do oferecimento da representação, a prova pré-
constituída da autoria e da materialidade da infração, bastando meros indícios.

Importante não perder de vista, no entanto, que ao final do


procedimento, para que possa ser a representação julgada procedente e
aplicada ao adolescente alguma medida socioeducativa, autoria e
materialidade devem estar devidamente comprovadas.

Aos exercícios:

78
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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] Com relação à


representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério Público,
em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os itens a seguir.

81. A representação depende de prova pré-constituída da autoria e


materialidade, sob pena de ser rejeitada.

82. O Ministério Público, caso entenda não ser o caso de oferecimento da


representação para aplicação de medida socioeducativa, poderá promover o
arquivamento dos autos ou conceder a remissão.

Comentário 81:

A assertiva equivoca-se ao afirmar que a representação depende de prova pré-


constituída da autoria e materialidade, sob pena de ser rejeitada. Acabamos de
ver que não há essa dependência.

Gabarito: Errado

Comentário 82:

Verdade!! São três as providências possíveis a serem tomadas pelo Ministério


Público quando do recebimento do adolescente infrator:

Promover o arquivamento dos autos;

Conceder a remissão;

Representar à autoridade judiciária para aplicação de medida sócio-


educativa.

Assim, conclui-se que se o MP decidir por não oferecer a representação para


aplicação de medida socioeducativa, poderá mesmo promover o arquivamento
dos autos ou conceder a remissão.

Gabarito: Certo

[CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES –


2011] No que concerne aos procedimentos e ao papel do Ministério Público,
conforme estabelecido no ECA, julgue os itens que se seguem.

83. Ao parquet compete, de forma exclusiva, promover e acompanhar os


procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.

84. Em caso de infração, comparecendo um dos pais ou responsável, o


adolescente deverá ser, em qualquer caso, prontamente liberado pela
autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo
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impossível, no primeiro dia útil imediato, devendo a autoridade policial


fundamentar sua decisão para não incidir nas penas elencadas no estatuto.

Comentário 83:

O enunciado da questão pede que o aluno foque nos procedimentos e no papel


do Ministério Público. Nesse item em análise, a banca fez uma gracinha de
muito mau gosto com o intuito de “pegar” um monte de candidatos usando o
termo “parquet”. Refrescando sua memória, o termo parquet, no ramo do
Direito, significa Ministério Público ou faz referência a um membro do
Ministério Público. Apesar do termo não ter referência direta no texto das leis,
é de uso frequente no meio judiciário, inclusive em despachos e sentenças,
quando o juiz se refere ao representante do Ministério Público.

Pois bem, o inciso II do art. 201 (ECA) estabelece que compete ao MP


promover e acompanhar os procedimentos relativos à apuração de atos
infracionais cometidos por adolescentes. Saiba que toda ação
socioeducativa é pública incondicionada, sendo o Ministério Público seu
titular exclusivo (art. 129, I da CF/88).

Vá ao Estatuto e constate que todo o procedimento descrito nos seus arts. 174
a 183 têm o MP (ou o parquet, como queira chamar) como o principal agente
de condução do procedimento apuratório. Verifique também as competências
do Juizado da Infância e da Juventude e constate que não há, dentre elas, a de
acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.
Dessa forma, podemos afirmar com toda certeza que o MP é sim o titular
exclusivo para promover e acompanhar os procedimentos acima mencionados.

Gabarito: Certo

Comentário 84:

Caro aluno, cuidado com a afirmação desse item!! De fato, a determinação do


Estatuto é para que o adolescente infrator, apreendido em uma delegacia
especializada deva ser imediatamente liberado, diante do comparecimento dos
pais ou responsável. Mas não em qualquer caso!! Comparecendo qualquer dos
pais ou responsável, o adolescente será prontamente liberado pela autoridade
policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresentação ao
representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo impossível, no
primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela gravidade do ato infracional e
sua repercussão social, deva o adolescente permanecer sob internação para
garantia de sua segurança pessoal ou manutenção da ordem pública.

Gabarito: Errado

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Julgue os itens a seguir a


respeito das medidas protetivas destinadas a crianças e adolescentes.

85. O MP tem competência para determinar o afastamento da criança do


convívio familiar, devendo comunicar o fato ao juiz competente em até
quarenta e oito horas.

86. Na área do direito da criança e do adolescente, a falta de intervenção do


MP pode acarretar a nulidade do processo, desde que requerida pelo
interessado e se devidamente comprovado prejuízo processual.

87. No que tange à promoção e ao acompanhamento dos procedimentos


relativos às infrações atribuídas a adolescente, a competência do MP é
exclusiva.

88. É facultativa a atuação do MP na área do direito da criança e do


adolescente.

Comentário 85:

O art. 101, seu § 2º, determina que sem prejuízo da tomada de medidas
emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e de
outras providências, o afastamento da criança ou adolescente do convívio
familiar é de competência exclusiva da autoridade judiciária E não do
MP!! Essa medida importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou
de quem tenha legítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no
qual se garanta aos pais ou ao responsável legal o exercício do contraditório e
da ampla defesa.

Gabarito: Errado

Comentário 86:

A resposta para essa assertiva encontra-se no art. 204 do ECA ao


estabelecer a falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do
feito, que será declarada de ofício pelo juiz OU a requerimento de qualquer
interessado.

Destaquei o “ou” exatamente para mostrar que há duas formas do


processo ser anulado.

Gabarito: Errado

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Comentário 87:

Perfeito!! Mais uma vez temos o CESPE afirmando que essa competência
é exclusiva do MP, apesar de não vir expressa a palavra “exclusiva” no art. 201
do ECA.

Veja:

Art. 201. Compete ao Ministério Público:

I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;

II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às


infrações atribuídas a adolescentes;

No entanto, já vimos em comentário anterior que a CF/88 garante essa


exclusividade de competência ao MP.

Gabarito: Certo

Comentário 88:

Não é o que afirma o art. 202 do ECA. Veja:

Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte,


atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos
direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá
vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e
requerer diligências, usando os recursos cabíveis.

Gabarito: Errado

A autoridade judiciária (Juiz da Infância e da Adolescência) e


sua decisão final

Acabamos de estudar que o representante do Ministério Público poderá


decidir pelo arquivamento ou pela concessão de remissão ao adolescente
acusado de ter cometido ato infracional. Vimos também que, em ambas as
decisões, esse representante deve enviar os autos conclusos à autoridade
judiciária que decidirá ou não pela homologação.

Cabe à autoridade judiciária a aferição da legalidade e da adequação do


arquivamento ou da remissão concedida pelo representante do Ministério
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Público, devendo homologar o arquivamento ou a remissão exatamente como


constam do seu respectivo termo. Homologado o arquivamento ou a remissão,
a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da
medida.

Agora, caso deles discorde total ou parcialmente, a autoridade judiciária


fará remessa dos autos ao PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA, mediante
despacho fundamentado. O referido Procurador, por sua vez, oferecerá
representação, designará outro membro do Ministério Público para apresentá-
la, ou ratificará o arquivamento ou a remissão, que só então estará a
autoridade judiciária obrigada a homologar.

O procedimento acima citado é similar ao previsto pelo art. 28, do CPP.


Em sendo o Ministério Público o titular exclusivo da ação sócio-educativa, caso
o Procurador-Geral de Justiça ratifique a manifestação original, no sentido do
arquivamento ou concessão da remissão ao adolescente, a autoridade
judiciária não terá alternativa além da homologação da promoção respectiva.

Vimos também que o representante do Ministério Público pode não


arquivar o processo e nem conceder a remissão, optando por representar à
autoridade judiciária propondo a adoção de determinada medida sócio-
educativa.

Pois bem, oferecida a representação, a autoridade judiciária


designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo, desde
logo, sobre a decretação ou manutenção da INTERNAÇÃO (caso esteja
internado provisoriamente). Lembre-se que nesse caso, como a internação
será decretada ou mantida antes da sentença, sua duração não pode exceder a
45 dias. E mais: esse prazo é IMPRORROGÁVEL!!

IMPORTANTE!!

A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá


ser cumprida em estabelecimento prisional.

O adolescente e seus pais ou responsável serão cientificados do teor da


representação, e notificados a comparecer à audiência, acompanhados de
advogado. Se o adolescente já estiver INTERNADO, será requisitada a sua
apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.

Agora vamos para a audiência:

A audiência de apresentação é muito mais que um simples


“interrogatório”, pois visa colher elementos que vão além da conduta
infracional propriamente dita, sendo ainda o primeiro momento no qual a

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autoridade judiciária avaliará a possibilidade de concessão de remissão ao


adolescente. Vale notar que o ECA determina que a autoridade judiciária não
deve se limitar a ouvir o adolescente, mas precisa ouvir também seus pais ou
responsável, colhendo informes sobre a conduta pessoal, familiar e social
daquele.

A intervenção de uma equipe interprofissional, neste momento, é de


suma importância para apuração das circunstâncias de ordem psicossocial, que
levaram o adolescente a cometer a infração, de suas necessidades
pedagógicas específicas e de sua capacidade de cumprir determinada medida
sócio-educativa e/ou protetiva que lhe venha a ser aplicada.

IMPORTANTE

Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional,


ainda que ausente ou foragido, será processado SEM DEFENSOR;

Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz,


ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua
preferência;

Será prestada assistência judiciária integral e gratuita àqueles que


dela necessitarem.

Caso o advogado (ou defensor constituído) não esteja presente quando


da realização da audiência de apresentação, deverá ser pessoalmente intimado
a apresentar a defesa prévia, no prazo de 03 (três) dias a contar da
audiência de apresentação. Na defesa prévia o defensor deverá arrolar não
apenas testemunhas presenciais dos fatos, mas também aquelas que possam
prestar informações acerca da conduta pessoal, familiar e social do
adolescente, vez que tais informações são de suma importância quando da
análise da medida sócio-educativa mais adequada.

Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas arroladas na


representação e na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o
relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra ao representante do
Ministério Público e ao defensor, sucessivamente, pelo tempo de vinte
minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade
judiciária, QUE EM SEGUIDA PROFERIRÁ DECISÃO.

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IMPORTANTE

Se já houver elementos suficientes, a autoridade judiciária, ouvido o


Ministério Público, poderá DESDE LOGO CONCEDER REMISSÃO ao
adolescente, proferindo a sua decisão.

Outro fator importantíssimo que você não pode se esquecer é de que a


autoridade judiciária NÃO APLICARÁ QUALQUER MEDIDA, se reconhecer na
sentença que:

a inexistência do fato está provada;

não há prova da existência do fato;

não se constitui o fato ato infracional;

não existe prova de ter o adolescente concorrido para o ato


infracional.

Versa o Estatuto que, nas hipóteses acima citadas, estando o


adolescente internado, será imediatamente colocado em LIBERDADE.

Não acontecendo nenhuma dessas hipóteses, o juiz então proferirá a


sentença aplicando a medida sócio-educativa pertinente. Se a medida decidida
for MEDIDA DE INTERNAÇÃO ou REGIME DE SEM-LIBERDADE, a intimação da
sentença que aplicar a medida será feita ao adolescente e ao seu defensor
ou, quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou
responsável, sem prejuízo do defensor.

Porém, se a medida decidia for qualquer outra que não seja de


internação ou regime de semi-liberdade, a intimação far-se-á unicamente na
pessoa do defensor.

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Revisando

Se a medida aplicada pelo juiz for de INTERNAÇÃO OU REGIME DE


SEMI-LIBERDADE a intimação será feita ao adolescente e a seu
defensor. Não encontrado o adolescente, aos seus pais ou responsável (e
também ao defensor).

Se medida aplicada pelo juiz for para QUALQUER OUTRA DAS


MEDIDAS SOCIO-EDUCATIVAS intimação será feita ao seu defensor.

Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá este manifestar


se deseja ou não recorrer da sentença.

Fique ligado, pois esse é mais um tópico também bastante explorado


pelas bancas. Vamos ver como o assunto foi cobrado:

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação à


representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério Público,
em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os itens a seguir.

89. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de


apresentação do adolescente, somente após a qual decidirá sobre a decretação
ou manutenção da internação.

90. O prazo máximo para a conclusão do procedimento para apuração de ato


infracional, estando o adolescente internado provisoriamente, será de 45 dias,
prorrogável uma única vez por igual período.

Comentário 89:

O erro está na afirmação de que somente após a audiência de


apresentação do adolescente é que a autoridade judiciária decidirá sobre a
decretação ou manutenção da internação. Oferecida a representação, a
autoridade judiciária designará audiência de apresentação do adolescente,
decidindo, desde logo, sobre a decretação ou manutenção da INTERNAÇÃO

Gabarito: Errado

Comentário 90:

De fato, estando o adolescente internado provisoriamente, será de 45


dias o prazo máximo para a conclusão do procedimento para apuração de ato
infracional, mas o ECA, em seu art. 183, determina que esse prazo é
improrrogável. Não caia nessa, ok??
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Gabarito: Errado

91. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] A


internação pode ser cumprida em estabelecimento prisional comum, desde que
o adolescente permaneça separado dos demais presos, se não existir na
comarca entidade com as características definidas em lei para tal finalidade.

Comentário:

A assertiva em análise usa da argumentação furada de que desde que o


adolescente permaneça separado dos demais presos, a internação pode ser
cumprida em estabelecimento prisional comum. De jeito nenhum!! A
internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, não poderá ser
cumprida em estabelecimento prisional.

Gabarito: Errado

92. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Se o


adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente, à
audiência de apresentação, a autoridade judiciária deve decretar sua revelia e
encaminhar os autos à defensoria pública para apresentação de resposta
escrita.

Comentário:

Não falamos nada até aqui a respeito de decretação de revelia. É


justamente porque não existe mesmo tal decretação em processo de apuração
de ato infracional cometido por adolescente. Se o adolescente, devidamente
notificado, não comparecer injustificadamente à audiência de apresentação, a
autoridade judiciária designará nova data, determinando sua condução
coercitiva (art. 187, ECA).

Gabarito: Errado

93. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008]


Durante o período de internação, é vedado à autoridade judiciária ou policial
suspender temporariamente a visita dos pais do adolescente.

Comentário:

O ECA, em seu art. 124 § 2º, estabelece que a autoridade judiciária


poderá suspender sim temporariamente as visitas, se existirem motivos sérios
e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. Mas só a
autoridade judiciária!! A questão insinua que autoridades policiais também
têm essa competência, o que não é verdade.

Gabarito: Errado

87
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94. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A


medida de internação decretada por autoridade judiciária poderá
excepcionalmente ser cumprida em estabelecimento prisional, quando não
existir na comarca entidade exclusiva para adolescentes.

Comentário:

Você já está cansado de saber que, em nenhuma hipótese, a internação


decretada por autoridade judiciária poderá ser cumprida em estabelecimento
prisional. Para reforçar, é preciso lembrar que o art. 123 do ECA determina
que a internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para
adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida
rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da
infração. E mais: inexistindo na comarca entidade com tais características, o
adolescente deverá ser imediatamente transferido para a localidade mais
próxima. Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente aguardará
sua remoção em repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e
com instalações apropriadas, não podendo ultrapassar o prazo máximo de 05
dias, sob pena de responsabilidade.

Gabarito: Errado

95. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A internação de


adolescente infrator decretada ou mantida pelo juiz deve ser cumprida em
estabelecimento prisional com condições adequadas para abrigar adolescentes.

Comentário:

Nossa banca adora repetir questões!! Essa você deve ter respondido em
menos de 01 segundo, não é mesmo?? Está mais do que claro que, em
nenhuma hipótese, a internação decretada por autoridade judiciária poderá ser
cumprida em estabelecimento prisional. Deverá ser cumprida em entidade
exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo,
obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e
gravidade da infração.

Gabarito: Errado

96. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Não se computa, no


prazo máximo de internação, o tempo de internação provisória.

Comentário:

Vamos lá, mais uma vez: a internação, antes da sentença, pode ser
determinada pelo prazo máximo de 45 dias. Essa é a chamada internação
provisória. Você já sabe também que em nenhuma hipótese o período máximo
de internação (o definitivo) excederá a três anos. Pois bem, sendo condenado
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em definitivo à medida de internação, e estando já internado provisoriamente,


esse tempo será computado dentro do prazo de internação a ele aplicado. E
quem nos diz isso? O nosso Código Penal ao estabelecer, em seu art. 42, que
computam-se, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, o
tempo de prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro, o de prisão
administrativa e o de internação em qualquer dos estabelecimentos referidos
no artigo anterior. É a chamada detração!!

Gabarito: Errado

97. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação ao


procedimento dos atos infracionais, nos termos do ECA, é desnecessária a
defesa técnica por advogado, desde que seja nomeado curador para o menor
infrator, ainda que leigo.

Comentário:

O ECA, em seu art. 111, prevê que são asseguradas ao adolescente, entre
outras, as seguintes garantias:

pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante


citação ou meio equivalente;

igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e


testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

defesa técnica por advogado;

assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da


lei;

direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;

direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer


fase do procedimento.

Com relação à defesa técnica, o ECA também prevê que a assistência judiciária
gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público
ou advogado nomeado. Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida
de internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autoridade
judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado constituído,
nomeará defensor. Não há aqui o que se falar, portanto, em nomeação de
curador, muito menos, alguém leigo.

Gabarito: Errado

89
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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Com referência ao


procedimento para apuração de ato infracional cometido por
adolescente, julgue os itens a seguir.

98. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, em


qualquer caso, é de quarenta e cinco dias.

99. Justifica-se a representação quando o curador da infância e da juventude


entender que o adolescente, pelo ato infracional praticado, deva cumprir uma
das medidas socioeducativas elencadas no estatuto, já que, para a
representação, é necessária prova préconstituída da autoria e da
materialidade.

100. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional deve ser, desde


logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Comentário 98:

Revisando o que já comentamos: o prazo máximo e improrrogável para a


conclusão do procedimento será de 45 dias apenas se o adolescente
estiver internado provisoriamente (art. 183). Só nessa situação!!

Gabarito: Errado

Comentário 99:

O CESPE usa nessa questão a função de “curador da infância e da


juventude”. Faz isso só pra dificultar um pouquinho a vida dos candidatos já
que poucos ligam a cara ao crachá. Quando você vir em questões tal
expressão, saiba que ela se refere ao membro do Ministério Público!! Você já
revisou aqui comigo que a representação do curador da infância e da
juventude (membro do MP) à autoridade judiciária independe de prova pré-
constituída da autoria e materialidade. E é justamente onde erra a afirmativa
de nossa questão!!

Gabarito: Errado

Comentário 100:

Cuidado com a pegadinha!! Eu disse para você não se esquecer:

O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde


logo, encaminhado à autoridade POLICIAL competente.

O adolescente apreendido por força de ordem judicial será, desde


logo, encaminhado à autoridade JUDICIÁRIA.

Gabarito: Errado
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101. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O adolescente


apreendido por força de ordem judicial ou em flagrante de ato infracional deve
ser, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

Comentário:

Veja que interessante!! Duas questões quase idênticas aplicadas em dois


concursos no mesmo ano pelo CESPE!! Parece até invenção minha, mas o
melhor é que não é!! O comentário da questão anterior já nos dá a resposta
dessa.

Gabarito: Errado

102. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em caso de apuração


de ato infracional atribuído a adolescente, o prazo máximo e improrrogável
para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

Comentário:

Insisto em mostrar a você, caro aluno, como a nossa estimada banca repete
questões em várias de suas provas. Já comentamos aqui umas duas ou três
parecidas!! Nessa há uma afirmação que bate diretinho com o que você já
estudou e com o que versa o ECA em seu art. 183.

Gabarito: Certo

Bom, finalizamos aqui o estudo sobre os crimes e contravenções penais


(ditos atos infracionais) cometidos POR criança ou adolescente. Abordaremos,
a partir de agora, os crimes e infrações administrativas cometidos CONTRA a
criança e o adolescente e que estão previstos no ECA.

V – OS CRIMES CONTRA A CRIANÇA E O ADOLESCENTE

Caro aluno, não há como se falar em crimes CONTRA a criança e o


adolescente se antes revisarmos um princípio basilar fundamental trazido pelo
Estatuto da Criança e do Adolescente.

Na aula passada, vimos que o ECA versa, em seu art. 5º, a seguinte
determinação:

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Nenhuma CRIANÇA ou ADOLESCENTE será objeto de qualquer


forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, PUNIDO NA FORMA DA LEI QUALQUER
ATENTADO, POR AÇÃO OU OMISSÃO, aos seus direitos
fundamentais.

Essa regra consiste em um desdobramento do contido no art. 227, caput,


da CF que impõe a todos o dever de velar pelos direitos assegurados a crianças
e adolescentes, auxiliando no combate a todas as formas de violência,
negligência ou opressão.

O ECA relaciona inúmeras condutas atentatórias aos direitos de crianças


e adolescentes que, se praticadas, podem caracterizar crimes (arts. 228 a 244-
A) e outras que constituem as chamadas infrações administrativas (arts. 245 a
258-B). Estudaremos nesse tópico aquelas condutas comissivas ou omissivas
que, se praticadas contra a criança e o adolescente, serão consideradas
como CRIME.

IMPORTANTE

Quem comete esses crimes estará sujeito a responder penalmente não só


pelo que dispõe o ECA, mas também pelas disposições presentes
na LEGISLAÇÃO PENAL vigente em nosso país.

Os crimes definidos no ECA são TODOS de ação pública


incondicionada!!

Aos crimes tipificado no Estatuto, serão aplicadas as normas da Parte


Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinentes ao Código de
Processo Penal!! Não se esqueça dessa informação!!

Na verdade não existe qualquer diferencial, em termos processuais,


entre os crimes previstos no ECA e os crimes previstos no Código Penal,
ressalvado o fato de serem todos aqueles de ação penal pública
incondicionada. Interessante observar que o processo e o julgamento destes
crimes não estão definidos como sendo de competência do Juízo da infância e
da juventude, ficando, a rigor, a cargo do Juízo criminal (ressalvada a
existência de disposição em contrário na Lei de Organização Judiciária local).

Seu processo e julgamento, no entanto, está também sujeito ao princípio


da prioridade absoluta à criança e ao adolescente e aos princípios e

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normas de interpretação próprios do ECA e do Direito da Criança e do


Adolescente devendo, portanto, ser as normas incriminadoras interpretadas e
aplicadas da forma que melhor assegure a proteção integral infanto-juvenil.

A atuação da autoridade policial no sentido da investigação de qualquer


notícia de um dos crimes definidos no ECA será, pois, obrigatória,
independentemente da iniciativa da vítima e/ou de seus
representantes. Tamanha a gravidade dos crimes relacionados no ECA, e
tamanha a importância de sua adequada apuração e repressão, que é
perfeitamente admissível que a investigação acerca de sua prática fique a
cargo do Ministério Público.

Aos exercícios:

103. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Todos os crimes


previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada.

Comentário:

A atuação da autoridade policial no sentido da investigação de qualquer


notícia de um dos crimes definidos no ECA será, pois, OBRIGATÓRIA,
independentemente da iniciativa da vítima e/ou de seus representantes. Dessa
forma, a nossa questão está perfeita ao afirmar que todos os crimes previstos
no ECA são de ação penal pública incondicionada.

Gabarito: Certo

104. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A maioria dos crimes


definidos no ECA é de ação pública incondicionada.

Comentário:

Caros alunos, não tenham duvidas: não é a maioria, mas todos os


delitos previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada (art. 227
do ECA).

Gabarito: Errado

Feita esta introdução chegou a hora de conhecermos os crimes previstos


pelo Estatuto. É preciso esclarecer que, mais do decorá-los ou memorizá-los (o
que será uma tarefa árdua), é preciso que você os entenda em sua essência.

A nossa missão nesta aula será tentar facilitar ao máximo seu trabalho.
Mas já te adianto que não há receita “mágica” de bolo para uma memorização
mnemônica de cada um deles. Busquei agrupar, por assunto, aqueles crimes
que direta ou indiretamente são correlatos. Para grande parte deles,
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teceremos alguns comentários e faremos também remissões a vários


dispositivos presentes no Estatuto.

Tenho absoluta certeza de que você, com certa facilidade, conseguirá


resolver as questões de provas relacionadas aos crimes. Vamos então dar
início a nossa jornada!!

5.1. CRIMES RELACIONADAS À APREENSÃO DE CRIANÇA OU


ADOLESCENTE

Bom, puxando o gancho do estudo que acabamos de fazer sobre os


procedimentos de apuração de atos infracionais, começaremos o estudo dos
crimes previstos no ECA por aqueles cometidos por quem não observa as
regras estatuídas para o devido processo legal de apreensão de criança ou
adolescente. Vamos conhecê-los:

Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, procedendo à sua


apreensão sem estar em flagrante de ato infracional ou inexistindo ordem
escrita da autoridade judiciária competente:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Caro aluno, você já estudou nesta aula que, em respeito aos Direitos
Individuas elencados no art. 5º de nossa Constituição Federal, o Estatuto da
Criança e do Adolescente determina que nenhum adolescente será privado de
sua liberdade senão em FLAGRANTE de ato infracional ou por ORDEM ESCRITA
E FUNDAMENTADA da autoridade judiciária competente.

Você viu também que é o CPP que servirá de base para definição das
situações em que restará caracterizado o flagrante de ato infracional, que
serão exatamente as mesmas em que um imputável seria considerado em
flagrante de crime ou contravenção penal.

Vale destacar que as crianças que se encontrem em flagrante de ato


infracional podem ser apreendidas (inclusive como forma de preservar a ordem
pública e mesmo de colocá-las a salvo de represálias por parte de populares) e
os atos infracionais a elas atribuídos, a rigor, devem ser investigados pela
polícia judiciária (inclusive no que diz respeito à apuração da eventual
participação de terceiros). A diferença em relação aos adolescentes é que, na
sequência, as crianças acusadas deverão ser encaminhadas ao Conselho
Tutelar, não podendo, sob qualquer circunstância, permanecer privadas de
liberdade.

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Pois bem, quem desrespeita essa determinações do ECA incorrerá


certamente no crime acima previsto. O Estatuto estabelece ainda que INCIDE
NA MESMA PENA aquele que procede à apreensão sem observância das
formalidades legais como, por exemplo, quando o adolescente não for
informado de seus direitos constitucionais (inclusive o de permanecer calado);
quando não for lavrado auto de apreensão em flagrante ou boletim de
ocorrência circunstanciado etc.

Deixar a autoridade policial responsável pela apreensão de criança ou


adolescente de fazer imediata comunicação à autoridade judiciária
competente e à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Caro aluno, a comunicação da apreensão à autoridade judiciária, à


família do apreendido ou, na falta desta, à pessoa por ele indicada deve ser
efetuada incontinenti, ou seja, no exato momento em que o adolescente
apreendido dá entrada na repartição policial, devendo ser a lavratura do auto
de apreensão em flagrante ou boletim de ocorrência circunstanciado efetuada
na presença dos pais ou responsável pelo adolescente, que na sequência já
irão, em regra, receber o adolescente liberado, firmando termo de
compromisso de apresentação do adolescente ao representante do MP.

Vale lembrar que a CRIANÇA apreendida em flagrante de ato infracional


deverá ser encaminhada incontinenti ao Conselho Tutelar e a apreendida por
força de mandado de busca e apreensão deverá sê-lo à autoridade judiciária
competente (nenhuma criança pode ser submetida a medidas privativas de
liberdade), sem prejuízo, em ambos da imediata comunicação aos pais ou
responsável legal.

Quem desrespeita essas determinações, passa então a responder pelo


tipo penal aqui analisado.

Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a


vexame ou a constrangimento:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Numa interpretação sistemática desse crime, percebe-se que o


dispositivo abrange não apenas aqueles casos em que o dever de guarda
decorre expressamente da lei (como nos casos da guarda propriamente dita,

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tutela, equiparação do dirigente da entidade de acolhimento institucional ao


guardião ou como atributo natural do poder familiar), mas também toda e
qualquer situação em que um adulto se coloca na posição de “autoridade”
e/ou de “cuidador” de uma criança ou adolescente, como é caso do policial
quando da apreensão de criança ou adolescente em flagrante de ato
infracional, o professor ou diretor da escola onde a criança estuda etc.

O crime em questão pode restar caracterizado quando da violação dos


direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes. O sujeito ativo será o
pai, mãe, tutor, guardião, dirigente da entidade de entidade de acolhimento
familiar, policial, membro do Conselho Tutelar, Ministério Público ou Poder
Judiciário, comissário de vigilância da infância e da juventude, professor,
diretor de escola e/ou qualquer outra pessoa que detém autoridade em relação
à criança ou ao adolescente, assim como as pessoas encarregadas de sua
guarda ou vigilância.

Para caracterização da infração aqui tipificada, em tese, não há


necessidade de que o agente use de violência ou grave ameaça (tal qual ocorre
com o tipo penal previsto no art. 146, do CP), dada a “ascendência” natural
que o mesmo exerce em relação à criança ou adolescente. Vale dizer que é
perfeitamente admissível o concurso material entre este e outros crimes
tipificados no ECA ou na Lei Penal.

Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de ordenar a imediata


liberação de criança ou adolescente, tão logo tenha conhecimento da
ilegalidade da apreensão:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Sabemos que o que deve marcar o processo de apuração de ato


infracional é a sua agilidade. O atendimento prestado na repartição policial
deve ser o mais breve possível, com o mínimo de constrangimento ao
adolescente, que após lavrado o boletim, deverá ser desde logo entregue aos
pais.

O crime terá como sujeitos ativos tanto a autoridade policial quanto a


autoridade judiciária. Vale lembrar que, seja qual for o ato infracional praticado
e mesmo quando perfeito o flagrante, a regra será a colocação do
adolescente em liberdade, inclusive pela própria autoridade policial,
independentemente de ordem judicial.

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Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei em benefício de


adolescente privado de liberdade:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

Professor, e que prazos são esses?

Os prazos a que se refere o dispositivo são:

• Internação provisória - 45 dias (art. 121, §2º);

• Reavaliação judicial da necessidade de continuidade da medida de


internação - no máximo a cada 06 meses (art. 121, §3º c/c art. 122,
incisos I e II);

• Período máximo de duração da medida de internação sócio-educativa -


03 anos (art. 121, §5º);

• Liberação compulsória - quando o jovem completar 21 anos (art. 122,


inciso III c/c §1º);

• Período máximo de duração da internação por descumprimento de


medida anteriormente imposta - 03 meses (art. 175, §1º);

• Encaminhamento do adolescente apreendido ao MP - 24 horas (art. 185,


§2º);

• Transferência de adolescente apreendido da repartição policial para


entidade própria para adolescentes – 05 dias.

É preciso que se atente para o fato de os referidos prazos serem


computados do dia em que o adolescente é apreendido (inclusive), não
podendo ser em hipótese alguma dilatados ou prorrogados.

Impedir a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou


representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos.

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Vale notar que constitui o mesmo crime impedir ou embaraçar a ação


tanto da autoridade judiciária quanto de membro do Conselho Tutelar,
o que reafirme o status de autoridade pública que este possui, instituído na
já mencionada perspectiva de “desjudicializar” e agilizar o atendimento à
criança e ao adolescente.

O Estatuto determina ainda que INCIDE NAS MESMAS PENAS quem


oferece ou efetiva a paga ou recompensa.

5.2. CRIMES RELACIONADOS À GESTANTE

Começaremos com os crimes cometidos contra as gestantes!!

O Estatuto estabelece em seu art. 10 que os hospitais e demais


estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
OBRIGADOS a:

Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários


individuais, pelo prazo de DEZOITO ANOS;

Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão


plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de
outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

Proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de


anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar
orientação aos pais;

Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente


as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a


permanência junto à mãe.

Repetindo: as obrigações acima mencionadas são de responsabilidade


não só de HOSPITAIS, mas também dos DEMAIS ESTABELECIMENTOS DE
ATENÇÃO À SAÚDE DE GESTANTES. E mais: são responsáveis não só os da
rede pública, mas também os particulares.

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O Estatuto tipifica dois crimes para quem desobedece as disposições


acima:

Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de estabelecimento de


atenção à saúde de gestante de manter registro das atividades desenvolvidas,
através de prontuários individuais, pelo prazo de DEZOITO ANOS, bem como
de fornecer à parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências do parto e do
desenvolvimento do neonato:

Pena – Se for DOLOSO, detenção de 06 meses a 02 anos.

Se o crime for CULPOSO:

Pena - detenção de 02 a 06 meses, OU multa.

Vale lembrar que a declaração de nascimento, que servirá de base ao


registro da criança, deverá ser fornecida gratuitamente, independentemente
do pagamento de eventual débito hospitalar.

Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à


saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por
ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames visando ao
diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido:

Pena – Se o crime for DOLOSO, detenção de 06 meses a 02 anos.

Se o crime for CULPOSO:

Pena - detenção de 02 a 06 meses, OU multa. (perceba que a opção de


multa é só para a modalidade culposa!!)

5.3. CRIME RELACIONADO À GUARDA E À TUTELA

No começo da aula estudamos os conceitos de GUARDA, TUTELA e


FAMÍLIA SUBSTITUTA. Dentre as várias regras estudadas, uma delas é que a
colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou
adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-
governamentais, sem autorização judicial.
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Quem desobedece à regra, certamente incorrerá em um dos crimes


abaixo citados:

Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em


virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto:

Pena - reclusão de 02 a 06 anos + multa.

Para caracterização do tipo penal previsto neste dispositivo é necessária


a presença de dolo específico, ou seja, a subtração da criança ou adolescente
deve ter por objetivo a colocação em lar substituto.

5.4. CRIMES RELACIONADOS AO COMERCIO E AO TRANSPORTE


IRREGULAR DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE

Ainda quanto às gestantes, vimos também que as gestantes ou mães


que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão
OBRIGATORIAMENTE encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.
O ECA prevê o seguinte crime para aquelas mães que porventura
queiram ou prometam entregar seus filhos ou pupilos (enteado, sobrinho, filho
adotivo) mediante recebimento de dinheiro. Veja:

Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga


ou recompensa:

Pena - reclusão de 01 a 04 anos + multa.

O STJ já decidiu que o conceito de “filho”, para fins de tipificação deste


crime, abrange o nascituro, sendo necessário, no entanto, que a oferta ou
promessa seja efetuada a pessoa determinada, e não de maneira genérica.

IMPORTANTE

Incide NAS MESMAS PENAS quem OFERECE OU EFETIVA a paga ou


recompensa!!

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O Estatuto determina que nenhuma criança possa viajar para fora da


comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem
expressa autorização judicial.

Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização somente será


dispensável, se a criança ou adolescente:

estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo


outro através de documento com firma reconhecida.

Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma criança ou


adolescente nascido em território nacional poderá sair do País em companhia
de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.

Lembre-se também de que é possível a colocação de criança ou


adolescente em família substituta ESTRANGEIRA, mas que essa será uma
medida EXCEPCIONAL, somente na modalidade de adoção e respeitando-se
estritamente os requisitos e procedimentos legais previstos no próprio
Estatuto.

Quem desobedecer às disposições acima citadas estará sujeito a


responder pelo seguinte crime:

Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou


adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com
o fito de obter lucro:

Pena - reclusão de 04 a 06 anos + multa.

Se for praticado com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:

Pena - reclusão, de 06 a 08 anos, além da pena correspondente à


violência.

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5.5. CRIMES RELACIONADOS À PEDOFILIA

Dentre os crimes sexuais tanto combatidos pela sociedade desde os


tempos mais remotos e agora com mais freqüência, estão, sem sombras de
dúvidas entre os mais reprováveis, os atos insanos decorrentes da
PEDOFILIA, que além de serem depravados, sórdidos, repugnantes e
horrendos, produzem seqüelas irreparáveis para as inocentes crianças vítimas
e seus familiares.

O termo pedofilia que é de conotação clinica ingressa na área penal não


como um tipo definido de crime, mas como atos que formam os delitos
sexuais contra as crianças.

A pedofilia que é a perversão sexual de uma pessoa adulta ou


adolescente contra crianças com idade anterior a sua puberdade, é classificada
pela Organização Mundial de Saúde, como sendo uma desordem mental e um
desvio sexual, enquanto que para outros estudiosos no assunto, trata-se de
uma parafilia, um distúrbio psíquico que se caracteriza pela obsessão de
adultos por praticas sexuais anormais, mas que, em ambos os casos tratável
pela psiquiatria ou pela psicologia.

Há ainda os casos mais violentos da espécie em que o construto


obsessivo do pedófilo pode chegar às formas mais desumanas possíveis, até
mesmo com o assassinato da vítima praticado com extremo sadismo, pois
nesse caso o que provoca o prazer sexual ao criminoso é o sofrimento da
vítima, não o ato sexual propriamente dito.

Os meios legais de punição aos indivíduos considerados PEDÓFILOS,


estatuídos no nosso ordenamento jurídico estão devidamente relacionados no
Estatuto da Criança e do Adolescente nos seus artigos 240 a 241-D e 244-A,
assim como, nos artigos 217-A a 218-B do Código Penal, cujos criminosos são
passíveis a diversas penalidades.

Caro aluno, como esse assunto é fruto de recentes debates e de muita


polêmica, aconselho que você dê uma ATENÇÃO ESPECIALÍSSIMA a esse
conjunto de normativos. Revise-os várias vezes e busque entender as
similaridades e diferenças entre eles, pois serão fundamentais para sua prova!!

Antes de qualquer coisa, é preciso que entendamos o conceito, definido


pelo próprio Estatuto, de “cena de sexo explícito ou pornográfica”:

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IMPORTANTE

A expressão “CENA DE SEXO EXPLÍCITO OU PORNOGRÁFICA”


compreende qualquer situação que envolva criança ou adolescente em
atividades sexuais explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos
genitais de uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.

São, portanto, esses os crimes de pedofilia tipificados no ECA:

Crime de PRODUÇÃO de pornografia INFANTIL

Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer


meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente:

Pena – reclusão, de 04 a 08 anos + multa.

Esse crime proíbe e combate a PRODUÇÃO de qualquer forma de


pornografia envolvendo criança ou adolescente, cujas penas para os
transgressores, como você acabou de ver, são a de reclusão de 04 a 08 anos,
e a de multa. Para você ter uma idéia da gravidade, o simples ato de
fotografar criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica já
caracteriza o crime neste artigo tipificado.

Mas não é só quem produz, reproduz, dirige, fotografa, filma ou registra


essas cenas que responderá por esses crimes não!!

O ECA estabelece que incorre nas mesmas penas quem agencia,


facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de
criança ou adolescente em cenas de sexo explícito ou pornográfica, ou ainda
quem com esses contracena.

E as penas previstas podem ainda ser aumentadas de um terço (1/3)


caso o referido crime seja praticado por:

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Pessoa no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de exercê-


la;

Pessoa que se prevaleça de relações domésticas, de coabitação ou de


hospitalidade; ou

Pessoa que se prevaleça de relações:

de parentesco consangüíneo ou afim até o terceiro grau, ou por


adoção,

de tutor;

de curador;

de preceptor;

de empregador da vítima ou;

de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade sobre ela.

E O MAIS IMPORTANTE!!

Nos casos acima mencionados, a pessoa responderá pelo crime e tem


sua pena aumentada em até um 1/3 MESMO QUE A CRIANÇA OU O
ADOLESCENTE TENHA CONSENTIDO as práticas citadas nesse crime
em espécie!!

A lei pune com maior rigor aqueles que, prevalecendo-se de sua função
ou da relação de parentesco ou proximidade com a criança ou adolescente, a
induz à prática das condutas que o dispositivo visa coibir. Em qualquer caso, o
eventual “consentimento” da vítima e/ou o fato de já ter se envolvido em
situações similares no passado é absolutamente irrelevante para
caracterização do crime.

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Crime de VENDA de pornografia INFANTIL

Vender ou expor à venda fotografia, VÍDEO ou OUTRO REGISTRO que


contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou
adolescente:

Pena – reclusão, de 04 a 08 anos + multa.

Estima-se que o comércio de pornografia infantil movimenta mais de 3


bilhões de dólares por ano, só no Brasil. Um número deverasmente devastador
e preocupante que comprova a grande quantidade de pedófilos existente no
nosso país.

Existem sites e pessoas maledicentes que procuram enganar, incitar,


induzir ou seduzir crianças e adolescentes a acessar na internet conteúdos
imorais e indecentes como pornografia de todo tipo e até infantil, no intuito de
obter fotos e informações pessoais de tais vítimas também em situações
semelhantes, em troca de favores diversos.

Crime de DIVULGAÇÃO de pornografia INFANTIL

Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por


qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática ou
telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 03 a 06 anos + multa.

Se a pessoa troca fotos pornográficas envolvendo crianças e


adolescentes através da internet, resta caracterizada a conduta descrita no
tipo penal acima, uma vez que permite a difusão da imagem para um número
indeterminado de pessoas, tornando-as públicas.

Para a caracterização desse crime não se exige dano individual


efetivo, bastando o potencial. Significa não se exigir que, em face da
publicação, haja dano real à imagem, respeito à dignidade etc. de alguma
criança ou adolescente, individualmente lesados. O tipo penal se contenta com
o dano à imagem abstratamente considerada.
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Vale destacar que se as imagens foram trocadas entre pessoas


residentes no Brasil, a competência para processar e julgar o crime será da
Justiça ESTADUAL.

No entanto, em se tratando de divulgação de imagem em site de


relacionamento (Orkut, Facebook e outros etc.), dada abrangência da
divulgação, que potencialmente extrapola o âmbito do território nacional, a
competência para processar e julgar o crime em questão passa a ser da Justiça
FEDERAL.

E não para por aí!! Não é só quem oferece, troca, disponibiliza,


transmite, distribui, publica ou divulga essas cenas que poderá ser enquadrado
nesse crime.

O Estatuto estabelece que NAS MESMAS PENAS incorra quem assegura


os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou
imagens de sexo explícito ou pornográfica e quem assegura, por qualquer
meio, o acesso por rede de computadores a essas fotografias, cenas ou
imagens.

Esse é o caso, por exemplo, dos proprietários de lan-houses que


permitam (ou sem omitem) tanto o armazenamento quanto o acesso a esses
dados.

ATENÇÃO!!

O responsável legal pela prestação do serviço (o dono de uma lan-house ou


de um site de internet, por exemplo) SÓ INCORRERÁ NAS MESMAS PENAS
se depois de oficialmente notificado, deixar de desabilitar o acesso
ao conteúdo ilícito tratado nesse crime.

Crime de POSSE de pornografia INFANTIL

Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou


outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente:

Pena – reclusão, de 01 a 04 anos + multa.

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Com o disposto acima, o Estatuto passa a criminalizar a simples posse


de material pornográfico envolvendo criança ou adolescente, sob qualquer
forma, visando assim coibir a ação de pessoas mantém tais registros para uso
próprio.

IMPORTANTE

Agora, se o material encontrado com a pessoa for de pequena


quantidade sua pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços).

Crime de PRODUÇÃO de pornografia INFANTIL SIMULADA

Esse é o crime que trata das cenas pornográficas montadas e versa o


seguinte:

Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo


explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação
de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual.

Pena – reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

Muitas das imagens de pornografia infantil divulgadas são na verdade


imagens fictícias tecnologicamente alteradas pelos abusadores sexuais para
tornar os fatos como sendo normais ou banais aos olhos das crianças. O intuito
é o de conseguir que estas inocentes vítimas produzam suas próprias fotos ou
vídeos encaminhando-as para tais criminosos em troca de alguma vantagem
auferida ou prometida, por isso também a preocupação do legislador em cercar
tal possibilidade de delinqüência.

Cabe destacar que, para caracterização do crime acima tipificado, sequer


é necessária a prática real de sexo com criança ou adolescente. Basta a sua
simples simulação, ainda que por intermédio de montagem ou edição de
cenas e imagens. O objetivo da norma é desestimular toda e qualquer
produção de imagens pornográficas envolvendo crianças ou adolescentes.

Mesmo que a pessoa não seja o produtor dessa simulação ou montagem,


ela incorrerá nas mesmas penas se vender, expor à venda, disponibilizar,

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distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, adquirir, possuir ou


armazenar o material produzido.

PRESTE BASTANTE ATENÇÃO!!

NÃO HÁ CRIME se a posse ou o armazenamento tem a finalidade de


comunicar às autoridades competentes a ocorrência das condutas dos
crimes de produção, venda, divulgação ou produção simulada de pornografia
infantil, quando a comunicação for feita por:

Agente público no exercício de suas funções;

Membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas


finalidades institucionais, o recebimento, o processamento e o
encaminhamento de notícia dos crimes acima citados;

Representante legal e funcionários responsáveis de provedor de


acesso ou serviço prestado por meio de rede de computadores, até
o recebimento do material relativo à notícia feita à autoridade policial, ao
Ministério Público ou ao Poder Judiciário.

As pessoas acima mencionadas deverão manter SOB SIGILO o


material ilícito referido.

Crime de ALICIAMENTO de criança

Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de


comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:

Pena – reclusão, de 01 a 03 anos + multa.

O crime acima descrito, muito estranhamente cita apenas a criança


omitindo o adolescente, ou seja, deixando a entender que não é crime se
cometido contra adolescente. É possível, no entanto, que as condutas venham
a caracterizar outros crimes, previstos no próprio ECA ou em outras leis,
valendo observar, em especial, o disposto no art. 217-A, do Código Penal (com
a redação que lhe deu a Lei nº 12.015/2009), que considera “estupro” a
prática de qualquer ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos.

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O ECA estabelece ainda que NAS MESMAS PENAS incorre quem:

facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo


explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato
libidinoso;

pratica as condutas descritas acima com o fim de induzir criança a se


exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.

É muito comum esse tipo de assédio pela internet, através de salas de


bate-papo tipo chats ou programas de relacionamento tipo MSN, ORKUT,
MySpace... Sendo também comum o caso do criminoso pedófilo que pede a
criança para se mostrar nua, seminua ou em poses eróticas diante de uma
webcam, ou mesmo pessoalmente.

5.6. CRIME DE PROSTITUIÇÃO INFANTIL

Preste bastante atenção a esse crime, pois é um dos mais graves. Te


todos os crimes vistos até aqui, esse precisa correr em suas veias para a sua
prova!! Vamos a ele:

Submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual:

Pena – reclusão de 04 A 10 ANOS + multa.

As normas instituídas no sentido da responsabilização penal dos agentes


que praticam abuso ou exploração sexual de crianças e adolescentes decorrem
nada menos que do disposto nos art. 227 caput e §4º da CF, como forma de
resguardar, acima de tudo, o princípio da dignidade da pessoa humana.

A garantia da cidadania plena de todas as crianças e adolescentes, em


especial daquelas que se encontram em condição de maior vulnerabilidade,
sem dúvida passa pelo reconhecimento de que, nos casos de exploração
sexual, independentemente de qualquer "experiência prévia" da vítima, a
mesma invariavelmente se encontra em posição de inferioridade em relação ao

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agente, restando, portanto, sempre presente uma relação desigual de poder e


de "submissão" que, necessariamente, levará à caracterização do tipo penal
acima descrito.

Crianças e adolescentes, em razão de sua peculiar condição de pessoas


em desenvolvimento, estarão sempre em posição de inferioridade em relação
aos adultos, notadamente para fins de caracterização de abuso ou exploração
sexual. Assim sendo, para fins de caracterização desse crime, é
absolutamente irrelevante se perquirir acerca da conduta da criança
ou adolescente vítima da exploração sexual, até porque não é esta quem
deve ser julgada (e muito menos discriminada) e a repressão a este tipo de
infração, de elevada reprovabilidade moral, social e jurídica, transcende o
interesse individual e, como ocorre com outras normas que visam tutelar a
dignidade humana de crianças e adolescentes, atinge a toda sociedade.

Trata-se, portanto, de um crime formal, para cuja caracterização a


conduta da vítima é absolutamente irrelevante. Assim, devem ser considerados
incursos neste tipo penal todos aqueles que, de alguma forma, praticam ou
contribuem para prática de atos libidinosos com crianças e adolescentes,
notadamente a troco de vantagens de qualquer ordem.

Importante saber que INCORREM NAS MESMAS PENAS o proprietário, o


gerente ou o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
criança ou adolescente às práticas de prostituição ou exploração sexual. E
ainda mais: constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.

Relacionado ainda à questão dos criminosos sexuais contra crianças,


disposta no nosso ordenamento repressivo penal, temos os que se enquadram
juridicamente no CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, cujas penas são bem
mais rigorosas. Esse crime não está previsto no ECA e, sim, no art. 217-A do
Código Penal, mas pela sua relevância e atualidade, faz-se necessário que eu
revise esse tipo penal com você.

5.7. CRIME DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL

Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14


(catorze) anos:

Pena - reclusão, de 08 a 15 anos.

Incorre na mesma pena quem pratica as ações acima descritas com alguém
que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência.

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Aquela pessoa que tiver conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso
com menor de 14 anos estará sujeita, além das penas acima previstas, a não
obter certos benefícios da Lei pelo fato do crime ser considerado como
hediondo.

O entendimento do estupro de vulnerável nasceu de forma mais real,


mais presente, mais viva, vez que substituiu a duvidosa presunção da violência
do antigo tipo. O dispositivo busca punir toda relação sexual ou ato
considerado libidinoso, de qualquer natureza, ocorridos com ou sem
consentimento do menor de 14 anos de idade, não importando o meio
usado para a consolidação do fato, se por violência, ameaça, fraude ou livre
vontade da vítima.

5.8. CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES

Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele


praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la:

Pena - reclusão, de 01 a 04 anos.

Impende observar que o crime acima tipificado é meramente formal,


razão pela qual é irrelevante o fato de as crianças ou adolescentes com as
quais o crime é praticado tenham ou não antecedentes infracionais.

Outro fato importante a respeito desse crime é que INCORRRERÁ NAS


MESMAS PENAS pratica tais condutas utilizando-se de quaisquer meios
eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. Podemos ainda
nesse crime inserir também o PEDÓFILO, vez que se configura com a indução
de alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem.

E mais: caso o crime praticado em companhia de criança ou adolescente


se enquadre no rol dos chamados “crimes hediondos”, a pena é
aumentada em 1/3 (um terço), dada maior reprovabilidade da conduta. É o
caso de alguém que corrompe um menor de 18 anos a junto com ele praticar
um latrocínio ou um estupro, por exemplo.

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5.9. CRIMES RELACIONADOS À VENDA DE ARMAS, SUBSTÂNCIAS


CAUSADORAS DE DEPENDÊNCIA E FOGOS DE ARTIFÍCIO

O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 81, PROÍBE


EXPRESSAMENTE a venda à criança ou ao adolescente de:

Armas, munições e explosivos;

Bebidas alcoólicas;

Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou


psíquica ainda que por utilização indevida;

Fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu


reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico
em caso de utilização indevida;

Pois bem, e o que acontece com quem desrespeita uma dessas


proibições? Certamente será responsabilizado por um dos crimes que
trataremos agora. Vamos conhecê-los:

Armas, munições e explosivos

Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a


criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 03 a 06 anos.

Sobre esse crime é preciso que façamos uma reflexão, observando o


disposto também no art. 13 do Estatuto do Desarmamento!!

O art. 13, do Estatuto do Desarmamento estabelece que caracteriza-se,


em tese, crime punível com detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa:

“deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que


menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência
mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse
ou que seja de sua propriedade”.

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O Estatuto do Desarmamento, aliás, em seu art. 16, par. único, inciso V,


também considera crime, punível de 03 (três) a 06 (seis) anos de reclusão, e
multa:

“vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma


de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou
adolescente”.

Quer nos parecer, portanto, que o crime de venda de armas de munições


e explosivos à criança e adolescente aqui examinado foi tacitamente revogado
pelo citado art. 16, par. único, da Lei nº 10.826/2003, que além de se tratar
de lei posterior, estabelece um tratamento mais rigoroso ao agente, por incluir
a multa como pena a ser também aplicada, conjuntamente com a privativa de
liberdade.

Entretanto, caro aluno, perceba que essa revogação não está


oficialmente estabelecida na letra do ECA. Diante disso, para fins de sua prova,
recomendo que você considere que o crime de fato é previsto sim na lei, mas
que, no entanto, há o entendimento doutrinário acima explanado. Fazendo isso
você se protege de possíveis armadilhas em sua prova.

Vender, fornecer ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar, de


qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica, ainda que
por utilização indevida:

Pena - detenção de 02 a 04 anos + multa, se o fato não constitui crime mais


grave.

Trata-se de um tipo penal aberto, posto que somente aplicável a


substâncias que não são consideradas “drogas ilícitas”. Essa conduta foi
tipifica justamente para permitir a punição daqueles que fornecem a crianças e
adolescentes produtos tais como thinner e outros solventes, "cola de
sapateiro" e outros inalantes, que por utilização indevida, podem causar
dependência física ou psíquica.

A rigor aqui também são enquadrados o cigarro comum (pois a nicotina


nele contida comprovadamente pode causar dependência) e a bebida alcoólica.
Em que pese alguns julgados excluírem as bebidas alcoólicas do rol de
substâncias cuja venda ou fornecimento caracterizaria o crime tipificado neste
artigo, semelhante entendimento, não é razoável nem correto, haja vista que
jamais foi a intenção do legislador tal exclusão.

Desnecessário dizer que seria um verdadeiro contra-senso criminalizar o


fornecimento de um simples cigarro comum (tal qual permite o dispositivo) e

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considerar que o fornecimento de bebida alcoólica caracterizaria mera


contravenção penal. Vale lembrar que todas as disposições contidas no ECA,
inclusive as relativas aos crimes praticados contra crianças e adolescentes,
devem ser invariavelmente interpretadas e aplicadas da forma que melhor
assegurem a proteção integral prometida no ECA, punindo da maneira mais
rigorosa e eficaz aqueles que violam seus direitos.

Importante observar que o crime somente é punível a título de DOLO,


ou seja, o agente deve ter consciência de que está fornecendo a substância à
criança ou a adolescente e que este a utilizará como entorpecente.

Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a


criança ou adolescente fogos de estampido ou de artifício, EXCETO aqueles
que, pelo seu reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano
físico em caso de utilização indevida:

Pena - detenção de 06 MESES a 02 anos + multa.

Esse crime é de simples compreensão, porém vale destacar que não são
todos os tipos de fogos de estampido ou de artifício que o ECA proíbe que
sejam vendidos, fornecidos ou entregues à criança ou ao adolescente. O
próprio tipo penal acima descrito exclui do delito aqueles tipos de fogos que,
pelo reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico
mesmo que sejam usados indevidamente. Lembre-se disso!!

Boa notícia: as questões de crimes não têm chamado muita atenção das
bancas e, quando são cobradas, não trazem dificuldades para aqueles que
realmente estudaram (o seu caso!!). Comprove:

[CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011]


Determinado cidadão, penalmente responsável, valendo-se de uma
adolescente de treze anos de idade, sexualmente corrompido, produziu
imagens eróticas em cenário previamente montado, divulgando-as por meio de
sistema de informática em sítio da Internet. O mantenedor do sítio, tão logo
divulgadas as imagens, foi notificado pelo juiz da infância e da juventude do
conteúdo ilícito do material e, de imediato, desabilitou o acesso às imagens.

Com referência à situação hipotética acima, julgue os itens a seguir à luz do


Estatuto da Criança e do Adolescente.

105. Na situação considerada, é viável a prisão em flagrante do mantenedor


do sítio, porquanto a sua conduta é classificada como crime permanente, uma
vez ultrapassada a fase de notificação e não desativado o acesso.

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106. Para a configuração da conduta do criador das imagens em relação ao


tipo penal descrito como produzir imagem pornográfica envolvendo
adolescente, exige-se a prática de relação sexual entre o agente e o menor,
não se demandando qualquer correção moral do adolescente.

107. À conduta do produtor das imagens não caberão, de regra, os benefícios


penais da transação penal, da suspensão condicional do processo e da
suspensão condicional da pena, em face de a pena cominada à conduta ser
superior a quatro anos.

108. A natureza jurídica da notificação do mantenedor do sítio constitui


condição de procedibilidade e a ação penal somente poderá ser intentada
quando a notificação tiver sido efetivamente realizada e o serviço de acesso
não tiver sido desabilitado.

Comentário 105:

Vamos analisar o fato: uma pessoa produziu imagens eróticas de uma


adolescente em um cenário previamente montado e as divulgou por meio de
sistema de informática em sítio da Internet. De acordo com o que acabamos
de estudar, existe um grupo de crimes previstos pelo ECA que tem relação
direta com a pedofilia e, analisando a situação hipotética da questão,
percebemos que dois desses crimes foram cometidos por essa pessoa: o crime
de PRODUÇÃO de pornografia infantil (produzir, reproduzir, dirigir, fotografar,
filmar ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica,
envolvendo criança ou adolescente) e o crime de DIVULGAÇÃO de pornografia
infantil (oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou
divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informática
ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente).

Até aí tudo bem, mas acontece que ao divulgar essa imagem, não é só o
carinha que responderá por pelo crime de divulgação não!! O ECA também
estabelece que o responsável legal pela prestação do serviço (o mantenedor do
sítio na Internet) incorrerá NAS MESMAS PENAS do crime de DIVULGAÇÃO se
depois de oficialmente notificado, deixar de desabilitar o acesso ao
conteúdo ilícito tratado nesse crime. Vimos no enunciado da questão que o
mantenedor do sítio foi notificado pelo juiz da infância e da juventude do
conteúdo ilícito do material e, de imediato, desabilitou o acesso às imagens. Se
assim não tivesse feito, praticaria sim esse crime, seria esse considerado de
fato um crime permanente e tal conduta viabilizaria de imediato a sua prisão
em flagrante. É o que argumenta corretamente a assertiva da questão.

Gabarito: Certo

Comentário 106:

Essa assertiva tem a clara intenção de “pegar” aquele aluno menos


preparado. E esse não é esse o seu caso, eu seu disso!! Ao estudar o crime de
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produção de pornografia infantil, vimos que é um crime tão grave que, o


simples ato de fotografar criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou
pornográfica, já o caracteriza. Não há necessidade alguma de que haja a
relação sexual para que o crime seja consumado. E ainda mais: também
incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta, coage, ou de
qualquer modo intermedeia a participação de criança ou adolescente em cenas
de sexo explícito ou pornográfica, ou ainda quem com esses contracenam!!

Gabarito: Errado

Comentário 107:

Na preparação para a sua prova, ao ver o Direito Penal, certamente você


já estudou ou estudará sobre a Lei 9.099/95, a Lei dos Juizados Especiais
Criminais. O maior objetivo dessa lei foi pautar os processos contra crimes de
menor potencial ofensivo pelos critérios da oralidade, informalidade, economia
processual e celeridade, objetivando, sempre que possível, a reparação dos
danos sofridos pela vítima e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Para tanto, ela traz algumas vantagens (ou benefícios) para quem reponde por
esses crimes. Dentre outras, temos a transação penal e a suspensão
condicional do processo ou da pena.

Nos crimes considerados de menor potencial ofensivo (crimes cuja pena


máxima não exceda a 02 anos), pode o Ministério Público negociar com o
acusado sua pena. Chamamos isso de transação penal, ou seja, é um “bem
bolado” entre a acusação e a defesa pra evitar que o processo corra, poupando
o réu (e o Estado também) de todas as cargas consequentes (sociais,
psicológicas, financeiras etc.). As propostas podem abranger só duas espécies
de pena: multa e restritiva de direitos. A primeira é obviamente pecuniária, a
segunda pode ser prestação de serviços à comunidade, impedimento de
comparecer a certos lugares, proibição de gozo do fim de semana etc.,
depende da criatividade dos promotores (que atualmente só conhecem o
pagamento de cesta básica). A aceitação da proposta não pode ser
considerada reconhecimento de culpa ou de responsabilidade civil sobre o fato,
não pode ser utilizada para fins de reincidência e não consta de fichas de
antecedente criminal.

Outro benefício trazido por essa lei é a suspensão condicional do


processo que é uma forma de solução alternativa para problemas penais.
Busca evitar o início do processo em crimes cuja pena mínima não ultrapasse 1
ano (pena ≤ 1 ano) quando o acusado não for reincidente em crime doloso e
não esteja sendo processado por outro crime.

Por último, temos a suspensão condicional da pena, instituto


regulamentado pela Lei de Execuções Penais (art. 156) e que consiste num
benefício concedido ao acusado onde este não terá sua liberdade tolhida em
razão de ter praticado determinado delito cuja cominação da pena não SEJA

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SUPERIOR A 2 (DOIS) ANOS, atendidos, ainda, os requisitos da Lei e demais


condições impostas pelo juiz.

Agora te pergunto: qual a pena para o crime de produção de


pornografia infantil, crime esse praticado pelo agente de nossa questão?
Reclusão de 04 A 08 anos e multa!! Ora, se a pena mínima já é maior que 02
anos, esse crime jamais será de menor potencial ofensivo e, sim, de MAIOR
potencial. Por esse motivo, o criminoso não gozará dos benefícios penais
suscitados na questão: transação penal, suspensão condicional do processo e
suspensão condicional de pena.

Gabarito: Certo

Comentário 108:

De fato, a notificação do mantenedor do sítio tem natureza apenas


processual, pois não significa que, ao ser autuado, necessariamente ele estará
respondendo a uma ação penal. Ao ser notificado, o mantenedor deve
suspender de imediato o acesso às imagens ilícitas. Agora, caso não o faça, aí
sim, responderá a ação criminal e incorrerá, se condenado, às mesmas penas
de quem produziu as imagens.

Gabarito: Certo

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Nos termos do ECA, julgue


os itens a seguir.

109. O ator que, em representação televisiva, contracena com criança ou


adolescente em cena vexatória pratica crime.

110. A conduta de divulgar pela Internet fotografias ou imagens com


pornografia infantil é crime material, ou seja, de resultado.

111. No crime de submeter criança à exploração sexual, constitui efeito


obrigatório da condenação a cassação da licença de funcionamento do
estabelecimento em que ocorreu o fato.

Comentário 109:

Cena vexatória é a que humilha, molesta, atormenta ou causa vergonha.


O ator que contracena com criança ou adolescente em cena vexatória será sim
enquadrado na prática do crime de PRODUÇÃO de pornografia infantil, abaixo
transcrito:

Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer


meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo criança ou
adolescente:

Pena – reclusão, de 04 a 08 anos + multa.

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O ECA estabelece que incorra nas mesmas penas quem agencia,


facilita, recruta, coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de
criança ou adolescente em cenas de sexo explícito ou pornográfica, ou ainda
quem com esses contracena. Uma observação importante:

Para a doutrina, o conceito de cena vexatória (expor a vexame) engloba


também a molestação e pode ser considerado sim crime de pedofilia o fato de
um autor contracenar com criança em cena desse tipo. É claro que cada caso
concreto deve ser analisado. Se pesquisar decisões de tribunais,
você constatará isso.

De qualquer forma, cabe destacar que essa questão foi elaborada antes
da sanção da Lei n. 11.829/08. Essa Lei modificou a redação do art. 240 do
ECA retirando a palavra "vexatória". Muito provavelmente, por ter sido a
questão baseada na redação anterior, o gabarito foi dado como certo. Mesmo
assim, não podemos, nos dias atuais, dizer que a questão está de todo
errada! O fato da palavra ter saído da redação do artigo, como lhe disse, não
retira o fato da doutrina, a depender do caso concreto, considerar tal cena
vexatória como prática de pedofilia. Bom, e aí vem a pergunta: e para a prova
do dia 06/05, o que fazer? Tenha certeza que a banca usará, para eventual
questão em sua prova, a redação atual do referido art. 240 e, certamente, não
deverá utilizar o termo novamente tal qual foi usado nessa questão.

Gabarito: Certo

Comentário 110:

Para a caracterização desse crime – divulgação de pornografia infantil -,


não se exige dano individual efetivo, bastando o dano potencial. Significa não
se exigir que, em face da publicação, haja dano real à imagem, respeito à
dignidade etc. de alguma criança ou adolescente, individualmente lesados. O
tipo penal se contenta com o dano à imagem abstratamente considerada. Não
há que se falar, portanto, em crime material.

Gabarito: Errado

Comentário 111:

Submeter a criança à exploração sexual é o famoso crime de prostituição


infantil. O ECA, em seu art. 244-A, §§ 1º e 2º, estabelece que incorre nas
mesmas penas o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se
verifique a submissão de criança ou adolescente às práticas de prostituição ou
exploração sexual. Versa também que a cassação da licença de localização e
de funcionamento do estabelecimento constitui efeito obrigatório da
condenação.

Gabarito: Certo
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112. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da


Criança e do Adolescente estabelece que é proibida a venda à criança ou ao
adolescente de armas, munições e explosivos; de bebidas alcoólicas; de fogos
de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização
indevida; de bilhetes lotéricos e equivalentes e; de produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica, salvo se tal efeito
resultar de utilização indevida.

Comentário:

O ECA, em seu art. 81, determina que é proibida a venda à criança ou ao


adolescente de:

armas, munições e explosivos;

bebidas alcoólicas;

produtos cujos componentes possam causar dependência física ou


psíquica ainda que por utilização indevida;

fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu


reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
físico em caso de utilização indevida;

revistas e publicações a que alude o art. 78;

bilhetes lotéricos e equivalentes.

A questão está correta, portanto, quando afirma a proibição de venda desses


produtos à criança ou ao adolescente. Agora, preste bastante atenção na
pegadinha da banca: é crime vender, fornecer ainda que gratuitamente,
ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa
causa, produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica, ainda que por utilização indevida. Perceba que a questão usa a
palavra “salvo” no intuito de insinuar que a proibição não é válida se o efeito
desses componentes resultar de utilização indevida. Muito pelo contrário!!

Gabarito: Errado

113. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] É atípica a conduta de


fornecer fogos de estampido ou de artifício que, pelo reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida.

Comentário:

Beleza!! Foi o que acabamos de ver: o ECA traz a proibição venda à


criança ou ao adolescente de fogos de estampido e de artifício, mas a proibição
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não é absoluta, pois excetua da regra aqueles fogos que pelo seu reduzido
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida.

Gabarito: Certo

114. [IAUPE – EDUCADOR SOCIAL- PREF. OLINDA/PE – 2008] O


educador que trabalha com crianças e adolescentes deve estar informado
sobre os produtos e os serviços que não devem ser oferecidos a essa
população. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibida a
venda à criança e aos adolescentes, dentro outros, de guloseimas que
prejudiquem seu desenvolvimento físico e intelectual, de vestimentas
inadequadas que agridem e atentam ao seu pudor e de bebidas alcoólicas e
produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

Comentário:

Questão bem parecida com a anterior, mas cheia de invenções trazidas


pelo imaginário da banca!! É bem verdade, já vimos, que há no ECA (art. 81) a
proibição da venda à criança e ao adolescente de bebidas alcoólicas e produtos
cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica. No entanto,
o Estatuto nada fala a respeito de proibição de venda de guloseimas que
prejudiquem seu desenvolvimento físico e intelectual e nem de vestimentas
inadequadas que agridem e atentam ao seu pudor.

Gabarito: Errado

115. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004]


Rodrigo compareceu ao Aeroporto Internacional de Belém com seu filho
Gustavo, de 8 anos de idade, para juntos embarcarem em um vôo com destino
à Venezuela, onde deveriam se encontrar com a mãe da criança, que havia
viajado uma semana antes e deixado com Rodrigo uma autorização por
escrito, sem firma reconhecida, para que ele levasse Gustavo à capital
venezuelana. Nessa situação, o embarque de Gustavo deve ser autorizado
porque, estando ele acompanhado de seu pai, o reconhecimento de firma na
autorização é uma formalidade dispensável.

Questão 115: Olhando para o caso hipotético de nossa questão, temos que
Rodrigo está viajando para o exterior (Venezuela) levando consigo seu filho.
Conforme estudamos, se ele está viajando sozinho com seu filho, precisaria de
uma autorização expressa da mãe para tanto. De fato, a mãe fez a referida
autorização, porém não reconheceu firma. Com isso, sua autorização não tem
validade alguma à luz do que estabelece o Estatuto da Criança e do
Adolescente. Assim, Rodrigo não poderá embarcar com o seu filho. Se assim o
fizer praticará o crime previsto no art. 239 do ECA e estará sujeito às penas de
reclusão de 04 a 06 anos e multa. A questão afirma equivocadamente que no
caso do transporte de Gustavo é dispensável o reconhecimento de firma.

Gabarito: Errado
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VI – AS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Caro aluno, estamos enfim terminando!! Ao introduzir sobre crimes,


pontuamos que o ECA trata algumas condutas atentatórias aos direitos de
crianças e adolescentes como crime e outras como infrações
administrativas (arts. 245 a 258-B).

Pois bem, embora não cheguem a ser caracterizadas como crimes, no


entender do legislador estatutário, certas condutas que acarretam a violação
de direitos infanto-juvenis devem ser alvo da repressão estatal, através do
processo e julgamento perante a Justiça da Infância e da Juventude.

Ao estudar, sobre o Juizado da Infância e da Juventude, vimos que uma


de suas principais competências é exatamente a de aplicar penalidades
administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou
adolescentes (cf. art. 148, inciso VI, do ECA).

O mais curioso sobre as infrações administrativas previstas no


ECA é que algumas delas trazem as sanções expressas em “salários-de-
referência”, que há muito não mais existem. No caso das infrações
administrativas, não se fala em penas privativa de liberdade (detenção ou
reclusão). Embora tais salários-de-referência ainda estejam na letra da lei, as
multas ainda podem sim ser aplicadas, agora em reais, usando os parâmetros
mínimo e máximo fixados pela lei, tomando por base o último salário-de-
referência, devidamente corrigido (embora já se tenha admitido fixar a pena
em salários mínimos).

O art. 145 c/c art. 264 do ECA estabelece que o produto da arrecadação
dessas multas é revertido ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente. Importante também mencionar que as multas administrativas,
cominadas a estas infrações, não se confundem com as multas penais, tendo
um prazo prescricional também diferenciado: 05 (cinco) anos, vez que são
consideradas “receitas não tributárias”, consoante disposto no Código
Tributário Nacional.

Para a sua prova, você não precisará se preocupar em memorizar ou


saber quando caberá ou não a aplicação desse tipo de pena, pois nenhuma
prova elaborada até hoje ousou cobrar do aluno tal conhecimento. Você há de
concordar comigo que, para o elaborador, há muitos assuntos bem mais
interessantes e inteligentes que possam suscitar questões do que o
conhecimento das multas de infrações administrativas.

Nossa preocupação aqui não será com os valores de multa e sim em


explicar as infrações administrativas mais relevantes.

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E quais são então essas infrações administrativas? Vamos conhecê-las!!

Maus-tratos

Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção


à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo
suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

Já estudamos que no âmbito do ensino fundamental, os dirigentes de


estabelecimentos de ensino fundamental devem comunicar ao Conselho
Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos. E não só os
dirigentes de escola!! Os professores ou responsáveis por estabelecimento de
atenção à saúde, pré-escola ou creche.

O estatuto determina, em seu art. 13, que os casos de suspeitas ou


confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente devem ser
OBRIGATORIAMENTE comunicados ai Conselho Tutelar da respectiva
localidade. Quem assim não o fizer, incorrerá na prática de infração acima
descrita.

Diretos do adolescente em regime de internação

Impedir o responsável ou funcionário de entidade de atendimento o


exercício dos direitos constantes nos incisos II, III, VII, VIII e XI do art. 124
desta Lei:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

Aos estudarmos sobre a internação de adolescente infrator, vimos que o


Estatuto elencou um rol de direitos aos adolescentes internados, ou seja, os
privados de liberdade. Dentre eles quero destacar aqueles a que se refere a
infração administrativa acima citada. O responsável ou funcionário da entidade

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de atendimento que desrespeitá-los responderá por essa infração. São eles os


seguinte direitos:

Peticionar diretamente a qualquer autoridade;

Avistar-se reservadamente com seu defensor;

Receber visitas, ao menos, semanalmente;

Corresponder-se com seus familiares e amigos e;

Receber escolarização e profissionalização.

Sigilo nos processos

Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devida, por qualquer


meio de comunicação, nome, ato ou documento de procedimento policial,
administrativo ou judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua ato
infracional:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

O Estatuto veda expressamente a divulgação de ATOS JUDICIAIS,


POLICIAIS e ADMINISTRATIVOS que digam respeito a crianças e adolescentes
a que se atribua autoria de ato infracional. E se houver algum tipo de
divulgação ou notícia a respeito do fato, estabelece ainda que não poderá
haver a identificação da criança ou do adolescente, vedando-se fotografia,
referência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e,
inclusive, iniciais do nome e sobrenome.

É, inclusive, irrelevante determinar se houve ou não dolo, bastando a


simples constatação da divulgação indevida, sem autorização judicial, para
caracterizar a infração respectiva. A criança e o adolescente têm direito ao
resguardo da imagem e intimidade e, por isso, é vedado, por isso, aos órgãos
de comunicação social narrar fatos, denominados infracionais, de modo a
identificá-los.

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IMPORTANTE

INCORRE NA MESMA PENA quem exibe, total ou parcialmente,


fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracional,
ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos que lhe
sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, direta ou
indiretamente.

Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emissora de rádio ou


televisão, além da pena prevista acima, a autoridade judiciária poderá
determinar a apreensão da publicação.

Caro aluno, muita atenção: esta última regra sofreu recente mudança
através da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN nº 862-DF)!!

Antes dessa ADIN, a parte final dessa regra tinha a seguinte redação:

“... e a suspensão da programação da emissora até por dois


dias, bem como a publicação do periódico até por dois
números”.

Pois bem, essa frase foi declarada INCONSTITUCIONAL e hoje não mais
tem efeitos jurídicos. Subsiste, portanto, para o órgão de imprensa ou
emissora de rádio ou televisão, que exibe, total ou parcialmente, fotografia de
criança ou adolescente envolvido em ato infracional a possibilidade de
aplicação tanto da multa administrativa quanto da pena acessória da
apreensão da publicação em que houve a divulgação indevida.

Poder Familiar, Guarda e Tutela

Deixar de apresentar à autoridade judiciária de seu domicílio, no prazo de


cinco dias, com o fim de regularizar a guarda, adolescente trazido de outra
comarca para a prestação de serviço doméstico, mesmo que autorizado pelos
pais ou responsável:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência, independentemente das despesas de
retorno do adolescente, se for o caso.

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O presente dispositivo é muito criticado por, de um lado, desvirtuar o


instituto da guarda e comprometer o regular exercício do direito à convivência
familiar (que deve ocorrer preferencialmente no seio da família de origem da
criança ou adolescente) e, de outro, dar uma aparente “legitimidade” a uma
das formas mais “tradicionais” de exploração do trabalho juvenil.

O guardião, por razões óbvias e dada amplitude de seus deveres para


com o guardado, não deve se confundir com a figura de seu empregador,
sendo desnecessário dizer, a propósito que, na pior das hipóteses, para
prestação de serviços domésticos o adolescente teria de contar, no mínimo,
com 16 (dezesseis) anos de idade e ter obrigatoriamente registrada sua CTPS,
com a garantia de todos os direitos trabalhistas e previdenciários, na forma da
lei e da Constituição Federal.

Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes ao poder


familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem assim determinação da
autoridade judiciária ou Conselho Tutelar:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

Sobre essa infração, sugiro que você dê uma olhadinha também nos arts.
244, 246 e 247 do Código Penal, que definem os crimes de abandono material,
abandono intelectual e abandono moral (respectivamente).

A responsabilidade dos pais, nos termos dessa infração, pode decorrer,


inclusive, da constatação da prática de condutas ilícitas de seus filhos, que
traduziriam o descumprimento do dever de educação no mais amplo sentido da
palavra, que àqueles incumbe.

Interessante observar a equiparação, em termos de importância, do


Conselho Tutelar em relação à autoridade judiciária. Haverá incidência da
infração administrativa em questão tanto quando do descumprimento, por
parte dos pais ou responsável por criança ou adolescente, das medidas
aplicadas pelo Conselho Tutelar, quando do descumprimento, por parte das
autoridades competentes, das requisições efetuadas pelo órgão, no regular
exercício de suas atribuições.

Vale mencionar que semelhante disposição visa dar coercibilidade às


determinações e requisições do Conselho Tutelar, de modo a assegurar que os
casos de ameaça ou violação dos direitos infanto-juvenis por ele atendidos
sejam rapidamente solucionados, sem que, para tanto, tenha de ser acionada
a autoridade judiciária.

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Importante também não perder o crime que já estudamos de “impedir ou


embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou
representante do Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei”,
o que reforça a idéia de que o Conselho Tutelar possui o status de autoridade
pública, dotada de poderes equiparados aos da autoridade judiciária e
Ministério Público, para fins de defesa dos direitos infanto-juvenis.

Hospedagem indevida de menores

Hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou


responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em
hotel, pensão, motel ou congênere:

Pena – multa.

Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem ser sujeitos


passivos desta infração administrativa, que restará caracterizada ainda que o
acesso irregular no estabelecimento seja permitido por negligência do
responsável pelo estabelecimento ou seus prepostos.

No caso das pessoas jurídicas, temos ainda que, em caso de reincidência,


sem prejuízo da pena de multa, a autoridade judiciária poderá determinar O
FECHAMENTO DO ESTABELECIMENTO POR ATÉ 15 DIAS. E ainda tem mais: se
comprovado que o estabelecimento reincidiu em período inferior a 30 dias, o
estabelecimento será definitivamente fechado e terá sua licença
cassada.

O legislador demonstrou, com isso, ter colocado a pessoa jurídica no pólo


passivo da infração administrativa, ao prever como pena acessória à multa, no
caso de reincidência na prática de infração, o "fechamento do
estabelecimento". É fundamental que os estabelecimentos negligentes - que
fazem pouco caso das leis que amparam o menor - também sejam
responsabilizados, sem prejuízo da responsabilização direta das pessoas físicas
envolvidas em cada caso, com o intuito de dar efetividade à norma de proteção
integral à criança e ao adolescente.

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Transporte indevido de menores

Transportar criança ou adolescente, por qualquer meio, sem observar as


exigências constantes nos arts. 83, 84 e 85 do ECA (vide artigos):

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

Importante aqui observar que não se exige o fim de lucro e/ou qualquer
qualidade especial do agente. Qualquer pessoa, física ou jurídica, que efetuar o
transporte irregular da criança ou adolescente, estará, em tese, sujeito às
sanções contidas no dispositivo.

Exibição de espetáculos, filmes, rádio e televisão impróprios

Para esse grupo de infrações administrativas vou fazer um bate-pronto


mencionando as condutas estabelecidas pelo Estatuto e que devem ser
respeitadas e, para cada uma delas, mencionarei a infração correspondente
para quem as descumpre, ok?

O ECA versa que O PODER PÚBLICO, ATRAVÉS DO ÓRGÃO COMPETENTE,


regulará as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que
sua apresentação se mostre inadequada.

Determina também que os responsáveis pelas diversões e espetáculos


públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local
de exibição, informação destacada sobre a natureza do espetáculo e a faixa
etária especificada no certificado de classificação.

A desobediência a essa determinação legal incorrerá no cometimento da


infração a seguir:

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Deixar o responsável por diversão ou espetáculo público de afixar, em lugar


visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada
sobre a natureza da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada
no certificado de classificação:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões e espetáculos


públicos classificados como adequados à sua faixa etária e as crianças
menores de dez anos somente poderão ingressar e permanecer nos locais de
apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais ou
responsável.

Assim:

Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer representações ou espetáculos,


sem indicar os limites de idade a que não se recomendem:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência), duplicada em caso


de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e
aos órgãos de divulgação ou publicidade.

As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, no horário


recomendado para o público infanto-juvenil, programas com finalidades
educativas, artísticas, culturais e informativas e nenhum espetáculo será
apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua
transmissão, apresentação ou exibição.

Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo em horário diverso


do autorizado ou sem aviso de sua classificação:

Pena - multa de (vinte a cem salários de referência); duplicada em caso


de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a suspensão
da programação da emissora por até dois dias.

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Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere classificado pelo órgão


competente como inadequado às crianças ou adolescentes admitidos ao
espetáculo:

Pena - multa de (vinte a cem salários de referência); na reincidência, a


autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o
fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de empresas que


explorem a venda ou aluguel de fitas de programação em vídeo cuidarão
para que não haja venda ou locação em desacordo com a classificação
atribuída pelo órgão competente. Tais fitas deverão exibir, no invólucro,
informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.

Vender ou locar a criança ou adolescente fita de programação em vídeo, em


desacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de (três a vinte salários de referência); em caso de


reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento
do estabelecimento por até quinze dias.

Revistas e publicações

As revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a


crianças e adolescentes devem ser comercializadas em embalagem
lacrada, com a advertência de seu conteúdo. As editoras devem cuidar para
que as capas que contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam
protegidas com embalagem opaca.

As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não


poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de
BEBIDAS ALCOÓLICAS, TABACO, ARMAS e MUNIÇÕES, e deverão respeitar os
valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Para quem descumprir essas obrigações responderá por infração


administrativa e terá como pena multa de (três a vinte salários de referência),
duplicando-se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão
da revista ou publicação.
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Gestantes e a Adoção

Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à


saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária
de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada
em entregar seu filho para adoção:

Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil


reais). (ESSA PENA É BEM RECENTE!!)

Incorre na mesma pena o funcionário de programa oficial ou


comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar que deixa de
efetuar a supracitada comunicação.
O objetivo da norma é evitar que profissionais de saúde e/ou
encarregados de programas de atendimento a crianças, adolescentes e famílias
promovam a “intermediação” de adoções irregulares. Demonstra a
preocupação do legislador em assegurar que as adoções sejam sempre
realizadas em estrita observância das regras e parâmetros estabelecidos em
lei, na perspectiva de abolir, em definitivo, as práticas ilegais e abusivas
tradicionalmente verificadas.

Pensou que as questões tinham acabado? Vamos fechar a contas e


terminar essa aula com as seguintes:

116. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Constitui crime vender


ou locar a criança ou a adolescente programação em vídeo em desacordo com
a classificação atribuída pelo órgão competente.

Comentário:

A questão erra ao afirmar que constitui crime vender ou locar à criança


ou ao adolescente programação em vídeo em desacordo com a classificação
atribuída pelo órgão competente. Não é crime e, sim, infração
administrativa prevista no art. 256 do ECA.

Gabarito: Errado

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117. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN –


2008] Não constitui crime, mas mera infração administrativa, divulgar pela
televisão, sem autorização devida, o nome de criança envolvida em
procedimento policial pela suposta prática de ato infracional.

Comentário:

Foi o que você acabou de constatar ao estudar as infrações administrativas


previstas no ECA!! Divulgar pela televisão, sem autorização devida, o nome de
criança envolvida em procedimento policial pela suposta prática de ato
infracional é uma conduta considerada pelo ECA como uma infração
administrativa e não um crime.

Gabarito: Certo

118. [CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES


– 2011] O valor das multas aplicadas em face de crimes e infrações
administrativas cometidas pelos órgãos auxiliares será revertido ao fundo
gerido pelo conselho dos direitos da criança e do adolescente do estado no
qual esteja localizado o órgão autuado.

Comentário:

Saiba, caro aluno, que as multas aplicadas em decorrência de crimes e


infrações administrativas, só serão exigíveis do réu após o trânsito em julgado
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver
configurado o descumprimento. Em seu art. 214, o ECA estabelece também
que os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo Conselho dos
Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo município e não do Estado
como afirma a assertiva.

Gabarito: Errado

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT – 2005] A adolescente Kátia, com


dezessete anos de idade, submetida ao poder familiar de seus pais, está sendo
judicialmente processada por prática de ato infracional. Considerando essa
situação hipotética, julgue os itens a seguir.

119. É permitido à imprensa noticiar o fato pelo qual Kátia está sendo
processada, desde que não se divulgue a imagem de Kátia e que ela seja
identificada apenas pelas iniciais de seu nome.

120. Se, antes do oferecimento da representação, o promotor de justiça


competente houvesse concedido remissão a Kátia, essa remissão seria válida
independentemente de homologação judicial, pois ainda não havia sido iniciado
o processo judicial de apuração do ato infracional.

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Comentário 119:

O Estatuto veda expressamente a divulgação de ATOS JUDICIAIS, POLICIAIS e


ADMINISTRATIVOS que digam respeito a crianças e adolescentes a que se
atribua autoria de ato infracional. E se houver algum tipo de divulgação ou
notícia a respeito do fato, estabelece ainda que não poderá haver a
identificação da criança ou do adolescente, vedando-se fotografia, referência
a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do
nome e sobrenome. É, inclusive, irrelevante determinar se houve ou não
dolo, bastando a simples constatação da divulgação indevida, sem autorização
judicial, para caracterizar a infração respectiva. A criança e o adolescente têm
direito ao resguardo da imagem e intimidade e, por isso, é vedado, por isso,
aos órgãos de comunicação social narrar fatos, denominados infracionais, de
modo a identificá-los.

Gabarito: Errado

Comentário 120:

O representante do Ministério Público poderá decidir pelo arquivamento ou pela


concessão de remissão ao adolescente acusado de ter cometido ato infracional.
Vimos que em ambas as decisões, esse representante deve enviar os autos
conclusos à autoridade judiciária que decidirá ou não pela homologação. Cabe
à autoridade judiciária a aferição da legalidade e da adequação do
arquivamento ou da remissão concedida pelo representante do Ministério
Público, devendo homologar o arquivamento ou a remissão exatamente como
constam do seu respectivo termo. Homologado o arquivamento ou a remissão,
a autoridade judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da
medida (art. 181, § 1º). A questão afirma que a remissão seria válida
independente da homologação, o que é um erro!!

Gabarito: Errado

Caro aluno, antes de finalizarmos, quero apresentar-lhe duas


questõezinhas que acabaram de ser aplicadas no recente concurso CNJ 2013
para o cargo de Analista Judiciário (Espec. Judiciária). Veja só que
tranquilidade:

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – CNJ – 2013] Com referência ao


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.o 8.069/1990 e
alterações, julgue os itens a seguir.

121. O direito da criança e do adolescente à dignidade deve ser assegurado


com exclusividade pelo Estado e pela família.

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122. Considera-se criança, para os efeitos do ECA, a pessoa com até dezesseis
anos de idade incompletos.

Comentário 121:

O erro do item foi ter usado o termo “exclusividade”, pois vimos que o
direito à dignidade da criança e do adolescente é dever de TODOS, pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor. (ECA, art. 18)

Gabarito: Errado

Comentário 122:

Essa foi demais! Vamos revisar:

Criança Pessoa até os 12 anos de idade incompletos.

Adolescente Pessoa entre 12 e 18 anos de idade.

A assertiva erra, portanto, ao considerar a criança como pessoa com até


dezesseis na os incompletos. (ECA, art. 2º)

Viu só como a nossa banca não dificultou a vida de quem estudou?

Gabarito: Errado

Quer um palpite?? Arrisco dizer que as questões de sua prova terão


certamente “inspiração” em uma dessas todas que resolvemos nessa aula!! E
principalmente da questão 21 em diante!!

Fica o registro para a posteridade...

****

Ufa!! Finalizamos mais um passo de sua caminhada para a grande


vitória! Sei que a aula foi extensa, mas, para o estudo completo do ECA, não
tinha outro jeito... O que importa é que a grande quantidade de questões lhe
deixará bastante “alimentado” e “protegido” para a sua prova.

Não deixe de prestigiar o fórum de seu curso com suas dúvidas e


questionamentos. Já disse e repito: estarei sempre por lá à sua disposição!!
Conte comigo e até a próxima aula!

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QUESTÕES DE SUA AULA

01. [FCC – AGENTE PENITENCIÁRIO- SJDH/BA – 2010] O Estatuto da


Criança e do Adolescente aplica-se, apenas, a pessoas entre 12 e 18 anos.

02. [CEC – EDUCADOR SOCIAL I – PREF. PALMEIRA/SC – 2012] O ECA


estabelece que é dever exclusivo do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária das crianças e
adolescentes.

03. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Na colocação da criança


ou do adolescente em família substituta, somente este, cuja opinião deve ser
devidamente considerada, deve ser previamente ouvido por equipe
interprofissional, respeitado o seu grau de compreensão sobre as implicações
dessa medida.

04. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A criança ou o


adolescente devem ser ouvidos por equipe interprofissional, respeitados seu
estágio de desenvolvimento e grau de compreensão, antes da colocação em
família substituta.

05. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A


guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à
criança ou ao adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a
terceiros, inclusive aos pais, além de conferir à criança ou ao adolescente a
condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive
previdenciários.

06. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Salvo expressa e


fundamentada determinação judicial em contrário, ou se a medida for aplicada
em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou
adolescente a terceiros não impede que os pais exerçam o seu direito de visita
nem que cumpram o dever de lhe prestar alimentos.

07. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A tutela é uma medida


precária, deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até dezoito anos de
idade completos.

08. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O deferimento da tutela


do menor a pessoa maior de dezoito anos incompletos pressupõe prévia
decretação da perda ou suspensão do poder familiar e não implica dever de
guarda, o que só se efetiva após os dezoito anos completos.

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09. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A adoção, medida


excepcional e irrevogável, concedida apenas quando esgotados os recursos de
manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa, pode
ser realizada mediante procuração.

10. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009] O


direito de saber a verdade sobre sua paternidade é decorrência jurídica do
direito à filiação, que visa assegurar à criança e ao adolescente a dignidade e o
direito à convivência familiar.

11. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STF – 2008] A


adoção será precedida de estágio de convivência com a criança ou
adolescente, pelo prazo que a autoridade judiciária fixar, não podendo tal
estágio ser dispensado.

12. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O conselho tutelar


constitui órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela
sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.

13. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em cada estado, deve


haver, no mínimo, um conselho tutelar, composto de cinco membros,
escolhidos pela comunidade local para mandato de cinco anos, permitida uma
reeleição.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Com relação à


competência da justiça da infância e da juventude, julgue os itens a
seguir.

14. A competência da justiça é determinada pelo lugar onde se encontre a


criança ou o adolescente, independentemente de serem conhecidos o domicílio
e a identidade dos pais ou responsável.

15. No caso de ato infracional, são competentes para o processo e o


julgamento da ação tanto a autoridade do lugar em que o ato foi praticado
quanto a do lugar onde se produziu ou deveria ter-se produzido o resultado.

16. Nas hipóteses de aplicação das medidas de proteção a criança ou


adolescente, a justiça da infância e da juventude é competente para conhecer
de ações de alimentos.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Acerca dos direitos


fundamentais inerentes à criança e ao adolescente, julgue os itens a
seguir.

17. Incumbe ao poder público proporcionar assistência psicológica à gestante e


à mãe no pré e no pós-natal, desde que a mãe não manifeste interesse em
entregar seus filhos para adoção.

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18. Não há previsão legal de atendimento preferencial da parturiente, no SUS,


pelo médico que a tenha acompanhado no período pré-natal.

19. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL- PREF. PAULO AFONSO/BA –


2008] Conforme determina o Estatuto, os dirigentes de escolas públicas e
privadas de Ensino Fundamental deverão comunicar ao Conselho Tutelar,
dentre outros, os casos de maus tratos envolvendo seus alunos, de reiteração
de faltas injustificadas e de evasão escolar.

20. [FGV – TÉCNICO JUDIC. SEGURANÇA – TRE/PA – 2010] Com relação


à proteção reservada ao menor em nosso ordenamento jurídico, está de
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente o desenvolvimento de
capacitação profissional, assegurado ao menor de 12 anos o trabalho como
ajudante.

21. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES –


2006] Nos termos do que dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente,
considera-se ato infracional a conduta praticada por criança ou adolescente
que esteja descrita como crime na legislação penal, não abrangendo a
legislação em referência as contravenções penais.

22. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Ato


infracional é a ação tipificada como contrária a lei que tenha sido efetuada pela
criança ou adolescente. São inimputáveis todos os maiores de 18 anos e não
poderão ser condenados a penas.

23. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da


Criança e do Adolescente estabelece medidas de proteção à criança e ao
adolescente, dentre as quais estão o acolhimento institucional, a colocação em
família substituta e a matrícula e frequência facultativas em estabelecimento
de ensino livre.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às


medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os
itens a seguir.

24. As medidas de proteção são aplicadas às crianças; as socioeducativas, aos


adolescentes.

25. As medidas de proteção poderão ser aplicadas isolada ou


cumulativamente, mas não podem ser substituídas a qualquer tempo.

26. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] A permanência da


criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se
prolongará por mais de cinco anos, salvo comprovada necessidade,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.

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27. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] A


criança acusada de um crime deverá ser conduzida imediatamente à presença
de um delegado.

28. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Prescreve o ECA


(Estatuto da Criança e do Adolescente) que verificada a prática de ato
infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente, dentre
outras, as medidas de colocação em família substituta, de advertência, de
prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida.

29. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. SÃO JOSE PINHAIS/PR –


2011] De acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente,
verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar
ao adolescente, dentre outras, as medidas de obrigação de reparar o dano, a
internação em estabelecimento não educacional e a prestação de serviços à
comunidade somente se autorizado pelos pais.

30. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se


uma criança e ou adolescente efetivamente praticou ato infracional será
aplicada medida específica de punição, conforme estabelece o art. 101 do ECA,
tais como reclusão, frequência obrigatória em ensino fundamental, entre
outras medidas.

31. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN –


2008] Em se tratando de menor inimputável, inexiste pretensão punitiva
estatal propriamente, mas apenas pretensão educativa, que é dever não só do
Estado, mas da família, da comunidade e da sociedade em geral, conforme
disposto expressamente na legislação de regência e na CF.

32. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN –


2008] O instituto da prescrição não é compatível com a natureza não-penal
das medidas socioeducativas.

33. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008]


Considere que determinado crime foi praticado por um adolescente, em
detrimento de bens e serviços da União. Nesse caso, tratando-se de menor de
18 anos de idade, inimputável, caberá conhecer do ato infracional o juiz da
infância e da juventude, ou o juiz que exercer essa função, na esfera estadual.

34. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008


– ADAPT.] Compete exclusivamente à autoridade judiciária e ao membro do
MP a aplicação de medidas socioeducativas ao adolescente pela prática de ato
infracional.

35. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] As medidas


socioeducativas só devem ser aplicadas em face da existência de provas
suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de
remissão.

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36. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de


advertência poderá ser aplicada à criança ou ao adolescente sempre que
houver prova da autoria e da materialidade da infração.

37. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Tratando-se de medida


de obrigação de reparar o dano, o magistrado deve determinar a restituição da
coisa ao seu verdadeiro proprietário, ainda que o ato infracional tenha sido
praticado por criança.

38. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Verificada a prática de


ato infracional por adolescente, a autoridade competente poderá exigir do
menor infrator a obrigação de reparar o dano por meio de trabalho necessário
prestado a instituição mantida pelo setor público.
39. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A prestação de serviços
comunitários consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral, por
período não excedente a quarenta e cinco dias, em entidades assistenciais,
hospitais, escolas e estabelecimentos congêneres, bem como em programas
comunitários ou governamentais.

40. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A prestação de serviços


à comunidade consiste na realização de tarefas gratuitas de interesse geral,
por período não inferior a seis meses.

41. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012]


A prestação de serviços comunitários como medida socioeducativa consiste na
realização de tarefas gratuitas de interesse geral, não podendo exceder, em
nenhuma hipótese, a seis meses.

42. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de


semiliberdade pode ser aplicada desde o início, quando, pelo estudo técnico, se
verificar que é adequada e suficiente do ponto de vista pedagógico. A
possibilidade de atividades externas é inerente a essa espécie de medida e
depende de autorização judicial.

43. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O regime de


semiliberdade pode ser determinado, desde o início, pelo prazo de seis meses,
como forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de
atividades externas, independentemente de autorização judicial.

44. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A medida de liberdade


assistida deve ser fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida,
ouvidos o orientador, o MP e o DP.

45. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A aplicação da medida


de liberdade assistida, uma das mais rigorosas, prevê a manutenção do
adolescente em entidades de atendimento.

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46. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] A liberdade assistida


será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, presumindo-se que poderá ser
fixada pelo tempo que o juiz da infância e da juventude considerar necessário.

47. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA MILITAR/ES – 2009]


Qualquer medida privativa de liberdade imposta a adolescentes deve ter como
pressuposto a brevidade e excepcionalidade da medida.

48. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008] A


medida de internação pode ser aplicada em caso de prática de ato infracional
cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa ou em caso de ato
infracional semelhante a crime hediondo.

49. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] A medida de internação


não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a cada três anos.

50. [CONSULPLAN – ADVOGADO – AVAPE/SP – 2009] Sobre a internação


(medida privativa da liberdade prevista no ECA, sujeita aos princípios de
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento), é INCORRETO afirmar que tal medida não excederá o
período de três anos e que será aplicada exclusivamente quando se tratar de
ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Considerando o que


dispõe o ECA a respeito da medida de internação, julgue os itens a
seguir.

51. A desinternação deve ser precedida de autorização judicial, ouvidos o MP e


o DP.

52. A medida de internação restringe-se aos casos de ato infracional cometido


mediante grave ameaça ou violência a pessoa.

53. A internação deve ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes,


no mesmo local destinado ao abrigo, atendida rigorosa separação por critérios
de idades, compleição física e gravidade da infração.

54. Durante a internação, medida excepcional, não é permitida a realização de


atividades externas, salvo expressa determinação judicial em contrário.

55. A internação não comporta prazo determinado, devendo ser reavaliada a


sua manutenção, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis
meses.

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] No que se refere às


medidas de proteção aplicadas a crianças e adolescentes, julgue os
itens a seguir.

56. A aplicação do regime de semiliberdade deve ser reavaliada a cada seis


meses e não comporta prazo máximo.

57. O acolhimento, seja institucional ou familiar, equipara-se à internação,


visto que afasta o menor do seio familiar.

58. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A


remissão, como forma de extinção ou suspensão do processo, poderá ser
aplicada em qualquer fase do procedimento, antes da sentença.

59. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – TJDFT – 2008]


Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o
representante do Ministério Público pode conceder a remissão, atendendo às
circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem como à
personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato
infracional. Essa remissão implica extinção do processo e reconhecimento da
responsabilidade por parte do adolescente.

60. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN – 2008]


Compete exclusivamente à autoridade judiciária conceder remissão ao
adolescente pela prática de ato infracional equivalente aos crimes de furto e
estelionato.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Com relação à prática de


ato infracional, julgue os itens a seguir.

61. A concessão de remissão não impede que se aplique qualquer medida


socioeducativa.

62. Cabe ao MP conceder remissão em qualquer fase do procedimento para


apuração de ato infracional.

63. [CESPE – ANALISTA MINISTERIAL – PROCESSO – MPE/PI – 2012]


A remissão concedida pelo representante do MP como forma de exclusão do
processo poderá ser determinada em qualquer fase do procedimento judicial,
atendendo às circunstâncias e consequências do fato, ao contexto social, bem
como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no
ato infracional.
64. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] O
procedimento de apuração de ato infracional só é aplicável em se tratando de
conduta praticada por adolescente (pessoa entre 12 e 18 anos de idade). Se o
ato praticado for imputável a criança (pessoa de até 12 anos de idade), o caso
deve ser apreciado pelo conselho tutelar na respectiva localidade.
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65. [CONSULPLAN – EDUCADOR SOCIAL – PREF. PORTO VELHO/RO –


2012] A apreensão de adolescente e o local onde ele se encontra recolhido
devem ser comunicados imediatamente à autoridade judiciária competente e à
família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

66. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/BA – 2005] Os atos infracionais


compreendem crimes e contravenções penais, e, para a prova da idade do
adolescente, o documento primordial é a certidão de nascimento, muito
embora esta gere presunção apenas relativa (juris tantum) da idade, o que
significa poder ser afastada, diante de prova idônea em contrário. Por outro
lado, no caso de apreensão de adolescente já civilmente identificado, é
juridicamente possível, a depender das circunstâncias, a identificação
compulsória por parte da autoridade policial.

67. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Nenhum adolescente


pode ser privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional,
permitindo-se a sua prisão preventiva ou temporária desde que decretada por
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

68. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] Se for


adolescente e em caso de flagrância de ato infracional, o jovem de 12 a 18
anos será levado até a autoridade policial mais próxima.

69. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008] A


responsabilidade penal de um adolescente de 17 anos de idade que comete um
crime grave deve ser aferida em exame psicológico e psicotécnico, pois,
restando demonstrado em laudo pericial que este tinha plena capacidade de
entendimento à época do delito, deverá responder criminalmente, ficando à
mercê dos dispositivos do Código Penal brasileiro.

70. [FAFIPA – EDUCADOR SOCIAL- PREF. CARIACICA/ES – 2011] É


totalmente ilegal a apreensão do adolescente para "averiguação". A apreensão
somente ocorrerá quando for em flagrância ou por ordem judicial e em ambos
os casos esta apreensão será comunicada, de imediato, ao juiz competente,
bem como à família do adolescente.

71. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/TO – 2008]


Considere que uma autoridade policial de determinado município, ao transitar
em via pública, observou a presença de menores perambulando pela rua,
tendo, de pronto, determinado aos seus agentes a apreensão de dois deles
para fins de averiguação. Nessa situação, a atitude da autoridade policial está
correta por se tratar de adolescentes em situação de risco.

72. [CESPE – AGENTE DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2009] Antes


da sentença, a internação do adolescente infrator poderá ser determinada pelo
juiz por prazo indeterminado.

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73. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/RN –


2008] A internação provisória do menor não pode extrapolar o prazo de 60
dias estabelecido pelo ECA.

74. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Em


caso de flagrante da prática de ato infracional, o adolescente não é
prontamente liberado pela autoridade policial, apesar do comparecimento dos
pais, quando, pela gravidade do ato infracional e por sua repercussão social, o
adolescente deve permanecer sob internação para manutenção da ordem
pública.

[NCE/UFRJ – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/DF – 2005] De


acordo com a Lei 8.069/90, julgue os itens a seguir.

75. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de


ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária
competente.

76. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua


apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

77. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido


serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família
do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

78. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a possibilidade


de internação imediata, em respeito à condição peculiar da pessoa em
desenvolvimento.

79. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo de 45


(quarenta e cinco) dias, devendo a decisão ser fundamentada e basear-se em
indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade
imperiosa da medida.

80. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O prazo máximo da


internação provisória do adolescente, para a aplicação de medida
socioeducativa, é de até sessenta dias, constituindo a privação da liberdade
verdadeira medida cautelar.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/TO – 2007] Com relação à


representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério
Público, em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os
itens a seguir.

81. A representação depende de prova pré-constituída da autoria e


materialidade, sob pena de ser rejeitada.

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82. O Ministério Público, caso entenda não ser o caso de oferecimento da


representação para aplicação de medida socioeducativa, poderá promover o
arquivamento dos autos ou conceder a remissão.

[CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES –


2011] No que concerne aos procedimentos e ao papel do Ministério
Público, conforme estabelecido no ECA, julgue os itens que se seguem.

83. Ao parquet compete, de forma exclusiva, promover e acompanhar os


procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes.

84. Em caso de infração, comparecendo um dos pais ou responsável, o


adolescente deverá ser, em qualquer caso, prontamente liberado pela
autoridade policial, sob termo de compromisso e responsabilidade de sua
apresentação ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sendo
impossível, no primeiro dia útil imediato, devendo a autoridade policial
fundamentar sua decisão para não incidir nas penas elencadas no estatuto.
[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PI – 2012] Julgue os itens a seguir a
respeito das medidas protetivas destinadas a crianças e adolescentes.

85. O MP tem competência para determinar o afastamento da criança do


convívio familiar, devendo comunicar o fato ao juiz competente em até
quarenta e oito horas.

86. Na área do direito da criança e do adolescente, a falta de intervenção do


MP pode acarretar a nulidade do processo, desde que requerida pelo
interessado e se devidamente comprovado prejuízo processual.

87. No que tange à promoção e ao acompanhamento dos procedimentos


relativos às infrações atribuídas a adolescente, a competência do MP é
exclusiva.

88. É facultativa a atuação do MP na área do direito da criança e do


adolescente.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação à


representação para aplicação de medida socioeducativa pelo Ministério
Público, em casos de prática de ato infracional, à luz do ECA, julgue os
itens a seguir.

89. Oferecida a representação, a autoridade judiciária designará audiência de


apresentação do adolescente, somente após a qual decidirá sobre a decretação
ou manutenção da internação.

90. O prazo máximo para a conclusão do procedimento para apuração de ato


infracional, estando o adolescente internado provisoriamente, será de 45 dias,
prorrogável uma única vez por igual período.

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91. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] A


internação pode ser cumprida em estabelecimento prisional comum, desde que
o adolescente permaneça separado dos demais presos, se não existir na
comarca entidade com as características definidas em lei para tal finalidade.

92. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008] Se o


adolescente, devidamente notificado, não comparecer, injustificadamente, à
audiência de apresentação, a autoridade judiciária deve decretar sua revelia e
encaminhar os autos à defensoria pública para apresentação de resposta
escrita.

93. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA CIVIL/PB – 2008]


Durante o período de internação, é vedado à autoridade judiciária ou policial
suspender temporariamente a visita dos pais do adolescente.

94. [CESPE – ANAL. JUDICIARIO AREA JUDICIARIA – STJ – 2008] A


medida de internação decretada por autoridade judiciária poderá
excepcionalmente ser cumprida em estabelecimento prisional, quando não
existir na comarca entidade exclusiva para adolescentes.

95. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A internação de


adolescente infrator decretada ou mantida pelo juiz deve ser cumprida em
estabelecimento prisional com condições adequadas para abrigar adolescentes.

96. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Não se computa, no


prazo máximo de internação, o tempo de internação provisória.

97. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/AC – 2007] Com relação ao


procedimento dos atos infracionais, nos termos do ECA, é desnecessária a
defesa técnica por advogado, desde que seja nomeado curador para o menor
infrator, ainda que leigo.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/ES – 2011] Com referência ao


procedimento para apuração de ato infracional cometido por
adolescente, julgue os itens a seguir.

98. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do procedimento, em


qualquer caso, é de quarenta e cinco dias.

99. Justifica-se a representação quando o curador da infância e da juventude


entender que o adolescente, pelo ato infracional praticado, deva cumprir uma
das medidas socioeducativas elencadas no estatuto, já que, para a
representação, é necessária prova préconstituída da autoria e da
materialidade.

100. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional deve ser, desde


logo, encaminhado à autoridade judiciária.

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101. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] O adolescente


apreendido por força de ordem judicial ou em flagrante de ato infracional deve
ser, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.

102. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Em caso de apuração


de ato infracional atribuído a adolescente, o prazo máximo e improrrogável
para a conclusão do procedimento, estando o adolescente internado
provisoriamente, será de quarenta e cinco dias.

103. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Todos os crimes


previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada.

104. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] A maioria dos crimes


definidos no ECA é de ação pública incondicionada.
[CESPE – DELEGADO DE POLICIA SUBST. – POLICIA CIVIL/ES – 2011]
Determinado cidadão, penalmente responsável, valendo-se de uma
adolescente de treze anos de idade, sexualmente corrompido, produziu
imagens eróticas em cenário previamente montado, divulgando-as por
meio de sistema de informática em sítio da Internet. O mantenedor do
sítio, tão logo divulgadas as imagens, foi notificado pelo juiz da
infância e da juventude do conteúdo ilícito do material e, de imediato,
desabilitou o acesso às imagens.

Com referência à situação hipotética acima, julgue os itens a seguir à


luz do Estatuto da Criança e do Adolescente.

105. Na situação considerada, é viável a prisão em flagrante do mantenedor


do sítio, porquanto a sua conduta é classificada como crime permanente, uma
vez ultrapassada a fase de notificação e não desativado o acesso.

106. Para a configuração da conduta do criador das imagens em relação ao


tipo penal descrito como produzir imagem pornográfica envolvendo
adolescente, exige-se a prática de relação sexual entre o agente e o menor,
não se demandando qualquer correção moral do adolescente.

107. À conduta do produtor das imagens não caberão, de regra, os benefícios


penais da transação penal, da suspensão condicional do processo e da
suspensão condicional da pena, em face de a pena cominada à conduta ser
superior a quatro anos.

108. A natureza jurídica da notificação do mantenedor do sítio constitui


condição de procedibilidade e a ação penal somente poderá ser intentada
quando a notificação tiver sido efetivamente realizada e o serviço de acesso
não tiver sido desabilitado.

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[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] Nos termos do ECA,


julgue os itens a seguir.

109. O ator que, em representação televisiva, contracena com criança ou


adolescente em cena vexatória pratica crime.

110. A conduta de divulgar pela Internet fotografias ou imagens com


pornografia infantil é crime material, ou seja, de resultado.

111. No crime de submeter criança à exploração sexual, constitui efeito


obrigatório da condenação a cassação da licença de funcionamento do
estabelecimento em que ocorreu o fato.

112. [FMZ – EDUCADOR SOCIAL- IAPEN-GEA – 2010] O Estatuto da


Criança e do Adolescente estabelece que é proibida a venda à criança ou ao
adolescente de armas, munições e explosivos; de bebidas alcoólicas; de fogos
de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial
sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização
indevida; de bilhetes lotéricos e equivalentes e; de produtos cujos
componentes possam causar dependência física ou psíquica, salvo se tal efeito
resultar de utilização indevida.

113. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/SE – 2008] É atípica a conduta de


fornecer fogos de estampido ou de artifício que, pelo reduzido potencial, sejam
incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida.

114. [IAUPE – EDUCADOR SOCIAL- PREF. OLINDA/PE – 2008] O


educador que trabalha com crianças e adolescentes deve estar informado
sobre os produtos e os serviços que não devem ser oferecidos a essa
população. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, é proibida a
venda à criança e aos adolescentes, dentro outros, de guloseimas que
prejudiquem seu desenvolvimento físico e intelectual, de vestimentas
inadequadas que agridem e atentam ao seu pudor e de bebidas alcoólicas e
produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica.

115. [CESPE – DELEGADO DE POLICIA – POLICIA FEDERAL – 2004]


Rodrigo compareceu ao Aeroporto Internacional de Belém com seu filho
Gustavo, de 8 anos de idade, para juntos embarcarem em um vôo com destino
à Venezuela, onde deveriam se encontrar com a mãe da criança, que havia
viajado uma semana antes e deixado com Rodrigo uma autorização por
escrito, sem firma reconhecida, para que ele levasse Gustavo à capital
venezuelana. Nessa situação, o embarque de Gustavo deve ser autorizado
porque, estando ele acompanhado de seu pai, o reconhecimento de firma na
autorização é uma formalidade dispensável.

116. [CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/PB – 2011] Constitui crime vender


ou locar a criança ou a adolescente programação em vídeo em desacordo com
a classificação atribuída pelo órgão competente.

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117. [CESPE – AGENTE DE POLICIA SUBST.– POLICIA CIVIL/RN –


2008] Não constitui crime, mas mera infração administrativa, divulgar pela
televisão, sem autorização devida, o nome de criança envolvida em
procedimento policial pela suposta prática de ato infracional.

118. [CESPE – ANALISTA JUDIC. COMIS. INFANCIA E JUVENT. – TJ/ES


– 2011] O valor das multas aplicadas em face de crimes e infrações
administrativas cometidas pelos órgãos auxiliares será revertido ao fundo
gerido pelo conselho dos direitos da criança e do adolescente do estado no
qual esteja localizado o órgão autuado.

[CESPE – JUIZ SUBSTITUTO – TJ/MT – 2005] A adolescente Kátia, com


dezessete anos de idade, submetida ao poder familiar de seus pais, está sendo
judicialmente processada por prática de ato infracional. Considerando essa
situação hipotética, julgue os itens a seguir.

119. É permitido à imprensa noticiar o fato pelo qual Kátia está sendo
processada, desde que não se divulgue a imagem de Kátia e que ela seja
identificada apenas pelas iniciais de seu nome.

120. Se, antes do oferecimento da representação, o promotor de justiça


competente houvesse concedido remissão a Kátia, essa remissão seria válida
independentemente de homologação judicial, pois ainda não havia sido iniciado
o processo judicial de apuração do ato infracional.

[CESPE – ANALISTA JUDICIÁRIO – CNJ – 2013] Com referência ao


Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n.o 8.069/1990 e
alterações, julgue os itens a seguir.

121. O direito da criança e do adolescente à dignidade deve ser assegurado


com exclusividade pelo Estado e pela família.

122. Considera-se criança, para os efeitos do ECA, a pessoa com até dezesseis
anos de idade incompletos.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
E E E C C C E E E C
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
E C E E E C E E C E
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
E E E E E E E E E E
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
C E C E E E E E E E
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
C E E C E C C E E E
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
E E E E C E E C E E
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
E E E C C C E E E C
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
E E E C C C C E C E
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
E C C E E E C E E E
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
E E E E E E E E E E
101 102 103 104 105 106 107 108 109 110
E C C E C E C C C E
111 112 113 114 115 116 117 118 119 120
C E C E E E C E E E
121 122
E E

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