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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ


Campus de Paranavaí
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

BIANCA LAVRATI GUILHERME


DAIANE ALMEIDA SILVA

POSITION PAPER - TEMA: DADOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Paranavaí
2020
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BIANCA LAVRATI GUILHERME


DAIANE ALMEIDA SILVA

POSITION PAPER - TEMA: DADOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

Paper apresentado como requisito parcial


para avaliação na disciplina de
Empreendedorismo e Criação de Novos
Negócios, do curso de Administração, da
Universidade Estadual do Paraná, sob
orientação da Professora Rejane Heloise
dos Santos.

Paranavaí
2020
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PAPER TEMA: DADOS DO EMPREENDEDORISMO NO BRASIL

ANÁLISE DO EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE

O livro GEM (Global Entrepreneurship Monitor) de 2018, sobre


Empreendedorismo no Brasil, desde de 1999 monitora as atividades empreendedoras.
Os estudos realizados pelo GEM têm sido bastante aproveitados por pesquisadores e
agentes públicos para divulgação e análise dos empreendedores e o empreendedorismo.
No Brasil o GEM conta com o apoio do Instituto Brasileiro da Qualidade e
Produtividade (IBQP) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) para a condução das pesquisas relacionadas a função do empreendedorismo no
desenvolvimento econômico e social. Segundo o GEM, o empreendedorismo é qualquer
tentativa de geração de um novo empreendimento, seja por decisão de uma empresa,
grupo ou um único indivíduo.
Um dos tópicos abordados nas pesquisas, é o que leva, um indivíduo a inicializar
um novo negócio. Geralmente os empreendedoras são motivados seja por uma decisão
planejada, uma ideia de inovação, realização financeira ou por falta de oportunidades de
trabalho, buscando assim alternativas para sua própria subsistência.
Analisando os dados da pesquisa de 2018 do GEM, é possível visualizar um
aumento na quantidade de empreendedores por oportunidade por quatro anos seguidos,
entre 2009 e 2013. Porém entre os anos de 2014 e 2015 houve um declínio significativo
neste percentual, pois foi de 70,6% para 56,5%, o que significa que houve uma queda de
14,1% quando comparado com o empreendedorismo por necessidade. Como o
empreendedorismo por oportunidade tem forte influência da economia, os anos entre
2015 e 2018 demonstraram uma recuperação no índice percentual, já que a troca de
comando no governo federal trouxe maior confiança para o mercado. Em tempos de
incerteza, em que a política influencia negativamente o mercado, a tendência é de queda
do empreendedorismo por oportunidade e de aumento dos empreendedores por
necessidade.
Quando analisada a razão entre empreendedorismo por oportunidade e por
necessidade percebemos que os Estados Unidos, a Colômbia e a Alemanha possuem os
melhores índices. Para cada empreendedor por necessidade os EUA possuem 9,6, a
Colômbia 7 e a Alemanha 4,2 empreendedores por oportunidade. Índia, Rússia e Brasil
figuram entre os piores, com os respectivos quocientes 0,9, 1,4 e 1,6. A estimativa é de
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que, em 2018, levando em consideração a população com idade entre 18 e 64 anos (o


que correspondia na época a 136,8 milhões de pessoas), havia mais de 15 milhões de
empreendedores por oportunidade no Brasil.
Considerado a proporção de empreendedores por oportunidade, quando se
agrupa os países conforme a renda, o Brasil ocupa a 9 a posição entre os 12 agrupados
como média renda, ficando atrás de países de menor expressão no cenário mundial
como Peru e Guatemala. Já no cenário geral, entre os 49 países pesquisados pelo GEM,
o Brasil figura entre os últimos no ranking, ficando à frente apenas de Angola, Egito,
Índia, Rússia e Irã. Os países considerados de alta renda possuem percentuais maiores
de empreendedorismo por oportunidade, pois estes têm economias mais desenvolvidas
ou em constante crescimento. Essas economias possuem cenários mais favoráveis e que
possibilitam que os empreendedores possam empreender com menos riscos. Quando
comparamos os três países com maiores índices de empreendedorismo por
oportunidade, Polônia, Suíça e Panamá, verificamos que eles possuem taxas de
desemprego muito inferiores às do Brasil, enquanto aqueles possuíam em 2018
respectivamente 4,5%, 4,8% e 4,9% de taxa de desemprego, este apresentava 13,3%.
Considerando as características sociodemográficas do Brasil é possível perceber
que quando o empreendedorismo é por oportunidade os homens são maioria, diferente
do empreendedorismo por necessidade que é composto em sua maioria por mulheres.
Com 31,7%, a faixa etária que tem mais empreendedores por oportunidade é a de 25 a
34 anos, já em questão de escolaridade, os que possuem ensino médio completo são os
que mais empreendem por oportunidade, com 53,3%. Outro dado interessante sobre
esse tipo de empreendedorismo é o que considera o rendimento familiar, a classe de
renda maior tende a empreender por oportunidade (40,6%), enquanto que a classe com
renda menor é a que mais possui empreendedores por necessidade (68,6%).
Quando analisado se os empreendedores possuem uma ocupação paralela é
possível inferir que aqueles que possuem uma renda fora do empreendimento tendem a
empreender por oportunidade. Os que têm trabalho em tempo integral representam
29,2% dos empreendedores por oportunidade, enquanto os empreendedores por
necessidade representam 18,9%, essa quantidade menor de empreendedores por
necessidade empregados é crucial para entender a motivação que leva as pessoas a
empreender, quanto maiores as oportunidades e menores os riscos, maiores são as
chances de se empreender por oportunidade, um cenário individual e geral benéficos
proporciona uma escolha aos empreendedores, levando àqueles que realmente
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idealizaram ser donos de seu próprio negócio a empreender. Os que não possuem
nenhuma outra atividade paralela representam 46,3% dos empreendedores por
oportunidade.

ANÁLISE DO EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE

De acordo com as pesquisas do GEM, a motivação impulsiona o indivíduo a


criar um negócio novo, essa motivação pode ser desenvolvida pelo empreendedorismo
por necessidade, que ocorre quando as pessoas empreendem por precisar e não por
escolha, dessa forma, essas pessoas encontram no empreendedorismo uma forma de
obter renda e contornar as dificuldades financeiras ou até mesmo problemas
profissionais e de autoestima. Pode ser um desafio esse indivíduo se recolocar no
mercado por conta de barreiras profissionais, falta de alternativa de trabalho e por
precisar de renda para seu próprio sustento e de sua família. Esse empreendedor não
conta com experiência no ramo empresarial, por isso pode apresentar dificuldades no
início do seu negócio
Esse empreendimento depende muito da situação econômica do país, por
exemplo, se o desemprego cresce, os empreendedores por necessidade tendem a
aumentar. Segundo o GEM, pessoas buscam empreender porque procuram maior
independência de vida e trabalho, buscam aumentar a renda familiar e desejam a
manutenção de renda pessoal.
Podemos perceber que no ano de 2018, as pesquisas em relação ao
empreendedor por necessidade e por oportunidade aumentaram, para cada
empreendedor por necessidade havia 1,6 por oportunidade, diferente do ano anterior. É
comum que na maioria das vezes esse tipo de empreendedor encerra suas atividades de
inovação para voltar ao mercado de trabalho, se colocando como a principal fonte de
renda.
Ao analisarmos a motivação do empreendedor inicial por necessidade, é possível
visualizar um aumento entre os anos de 2014 e 2015, tanto dos nascentes quanto dos
novos, percebemos também que houve uma redução em 2018 aos que decidiram
desenvolver essa atividade. O empreendedorismo por necessidade entre os nascentes em
2002 chegou a representar 53,6% e em 2014 atingiu a marca de 13,3%, que representa o
menor percentual entre os anos de 2002 e 2018.
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Observando a pesquisa por características sociodemográfica, destaca-se que, ao


se falar em empreendedores por necessidade, a maior parte são pessoas do gênero
feminino com 57,2%. O índice de faixa etária está entre empreendedores novos e
nascentes com 35 a 44 anos de idade, possuem uma maior necessidade de exercer essa
atividade, com um resultado de 38%. Entre os empreendedores por necessidade 24,4%
tem ensino fundamental incompleto, 28,6% fundamental completo, maior nível está nos
empreendedores que tem ensino médio completo com taxa de 44,1% que desenvolve
essa atividade, e o menor índice está os que completaram o ensino superior ou maior
com 2,9%. Ao se falar na renda familiar entre os empreendedores por necessidade, mais
que dois terços são classificados como na menor faixa de renda.
Além de desenvolver o empreendedorismo por necessidade, muitos indivíduos
exercem outro tipo de atividade paralela a essa. Os empreendedores que trabalham para
outros em período integral têm um percentual de 18,6%, já os que trabalham em período
parcial é de 4,6%. No grupo de aposentados 0,0%. Com 0,8% dos empreendedores por
necessidade são incapacitados e 23,3% estão desempregados. As donas de casa que
trabalham em período integral são de 14,5% e na maior parte de acordo com a pesquisa
apontada 38,3% gasta o seu tempo todo só em exercer o empreendedorismo por
necessidade, ou seja, a maior parte dedica o seu tempo a isso, e mais nenhum outro
trabalho além desse.

CONCLUSÃO

Levando em consideração o empreendedorismo por oportunidade e o


empreendedorismo por necessidade, conclui-se que a classificação em um ou em outro é
devido a motivação que levou o indivíduo empreender. Logo, características pessoais
como escolaridade, renda familiar e escolaridade e características econômicas e
políticas são os principais influenciadores para se empreender por necessidade ou
empreender por ser uma escolha do pessoal.
Países de primeiro mundo, com economias mais desenvolvidas, são aqueles que
proporcionam ambientes mais propícios para os empreendedores por oportunidade, pois
o baixo índice de desemprego somado a outras características que diminuem o risco
para os empreendedores, gera empreendimentos que já eram desejados, que foram
planejados e que têm maior probabilidade de manter-se no mercado. Enquanto que, em
países subdesenvolvidos que têm ambientes econômicos e políticos mais
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desorganizados, o empreendedorismo torna-se uma alternativa de subsistência, pois, o


alto índice de desemprego dificulta o encontro de empregos formais e leva as pessoas a
desenvolverem alguma atividade por conta própria, mesmo que isso não seja o seu ideal
profissional.
O Brasil, ainda possui um índice muito baixo, e isso foi causado principalmente
por causa de anos de instabilidade política. Porém nos últimos anos, devido a uma
melhora na economia chegou-se a uma razão de 1,6 empreendedores por oportunidade
quando comparado com os empreendedores por necessidade. Mas, mesmo que esteja
novamente em desenvolvimento, o Brasil ainda fica atrás de outros países que não tem
tanto destaque no cenário mundial, como por exemplo, o Peru.

REFERÊNCIAS

DORNELAS, J. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 7 ed. São


Paulo: Empreende, 2018. 288 p.
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GEM – Global Entrepreneurship Monitor. Relatório Executivo 2018. Disponível em:


http://datasebrae.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Relat%C3%B3rio-Executivo-
Brasil-2018-v3-web.pdf>. Acesso em: 03 abr. 2020.

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