Você está na página 1de 5

<c>Cameron e Sarkozy em Trípoli

<t>Quais são os planos do imperialismo para a Líbia?

<o>Merkel, Sarkozy, Cameron, Berlusconi e Obama


arquitetam a partilha do petróleo da Líbia depois da
derrubada de Kadafi

<t1>Na quinta-feira, dia 15, o premiê britânico David


Cameron e o presidente francês Nicolas Sarkozy,
cujos governos encabeçaram a operação da OTAN
nos últimos meses, chegaram a Trípoli para uma
reunião com o Conselho Nacional de Transição.
Convidados pelo chefe do CNT líbio, Mustafá Abdul
Jalil, os governantes europeus eram esperados ainda
em Bengazi, bastião das revoltas que levaram a crise
do regime de Muamar Kadafi ao extremo.
Além da visita, em que David Cameron parabenizou o
CNT pela derrubada de Kadafi e prometeu manter as
operações da OTAN para auxiliar o novo governo a
encontrar o ex-líder líbio agora refugiado no Sul do
país, o governo britânico anunciou ainda que
descongelará 688 milhões de euros em ativos da
Líbia para “o pagamento de funcionários públicos e
policiais”.
Além disso, Cameron, que estava acompanhado do
ministro britânico para Assuntos Exteriores William
Hague prometeu ainda que: seu governo vai enviar
uma equipe militar para “aconselhar” o CNT sobre
questões de segurança; devolver ativos da Líbia
estimados em 500 milhões de libras (cerca de 790
milhões de dólares) ao governo provisório o quanto
antes; abrir 50 vagas em hospitais britânicos para
líbios em condições críticas de saúde e, por fim,
fornecer 600 mil libras para a remoção de minas
terrestres e 60 mil para financiar um sistema de
comunicação para as forças policiais do país.

<i1>Sarkozy: um acordo secreto sobre o petróleo líbio

<t1>Sarkozy reforçou a posição do imperialismo


britânico afirmando que o objetivo do seu governo é
“consolidar a posição do CNT e perseguir ‘os últimos
bolsões pró-Kadafi’, ao invés de se concentrar em
acordos econômicos ou contratos para a
reconstrução do país” (BBC, 15/9/2011).
Mas o verdadeiro objetivo de sua visita, segundo o
diário francês Le Monde, foi estabelecer as bases
para uma nova negociação dos preços do petróleo
líbio.
“A visita de Nicolas Sarkozy e David Cameron levanta
novamente as especulações sobre o pós-guerra e a
redistribuiçào dos recursos petrolíferos líbiocs pelo
novo governo saído da rebelião. Privadamente, o
presidente francês se recusa a ouvir falar de uma
guerra conduzida ‘pelo petróleo’. Mas as empresas
francesas, notadamente a Total, podem se beneficiar
do apoio político, mais do que do militar, dado à
rebelião desde fevereiro de 2011” (Le Monde,
15/9/2011).
Para Sarkozy, em particular, a presença do governo
francês na guerra da Líbia é um fator determinante
(assim como sua participação no recente conflito na
Costa do Marfim) para alavancar sua votação nas
próximas eleições presidenciais.
Já as companhias petroleiras francesas não
perderam tempo para estabelecer sua cabeça-de-
ponte tanto em Bengazi. A Total, é entre junho e julho
já fazia parte do grupo de empresas que mais
investiram na Lívia, estava, em fins de agosto, entre
as companhias francesas que já haviam chegado a
Bengazi. Seu objetivo: estabelecer contatos com o
CNT, com o apoio do governo francês. O grupo Total
participará também de uma missão de empresas
francesas organizada em setembro na Líbia com o
objetivo de fazer um balanço da situação local,
segundo declarou o porta-voz da Câmara de
Comércio Franco-Líbia (Le Monde, 1/9/2011).
Também no final de agosto o grupo petroleiro italiano
ENI já havia assinado um acordo com o CNT a fim de
retomar suas atividades no país. A ENI já atua no
país desde 1959.

<i1>O que está em jogo? A concorrência entre os


países imperialistas europeus

<t1>A posição adotada pelo governo francês,


encabeçado por Nicolas Sarkozy, com relação à
intervenção militar no conflito líbio, mostrou que a
disputa interimperialista tende a um acirramento no
próximo período.
Uma crise política no governo alemão trouxe à tona
as preocupações do imperialismo norte-americano e
europeu com relação ao futuro da Líbia.
As posições do ministro de Assuntos Exteriores
alemão, Guido Westerwelle, que segundo a rede
Deutsche Welle pode ser considerado a figura mais
impopular no panorama político do país atualmente,
comprometem os interesses do seu governo nos
desdobramentos que a revolução na Líbia pode ter.
“O tratamento dado pela Alemanha à questão da
Líbia durante a primavera árabe [é a questão mais
controversa do seu mandato] (...) Em 17 de março de
2011, o Conselho de Segurança da ONU votou o
estabelecimento de uma ‘zona de exclusão aérea’
sobre a Líbia. A Alemanha recusou apoiar a medida e
seus mais fortes aliados tradicionais, a França, a Grã-
Bretanha e os EUA. Ao invés disso, ao se abster,
como resultado da sua posição contrária à
intervenção militar, a Alemanha se encontrou na
companha incomum da China e da Rússia”, diz a
reportagem da rede Deutsche Welle.
Fontes dentro do governo alemão indicaram à
imprensa que a decisão do governo de se abster,
aliada ao seu envolvimento na guerra do Afeganistão,
dominam o panorama político do país: a preocupação
do governo com a opinião pública desfavorável à
guerra e às demonstrações de desaprovação da sua
contribuição com os esforços militares da coalisão. O
medo de uma derrota nas eleições regionais
marcadas para acontecer em menos de duas
semanas moveu o partido dos Democratas Livres de
Westerwelle a adotar uma posição de compromisso e
evitar mergulhar o país novamente em um conflito.
O governo alemão, que já havia se comprometido
com um plano de intervenção conjunta em questões
políticas e militares consideradas graves (o R2P -
“Responsabilidade de Proteger”, na siga em inglês),
foi forçado a abandonar sua própria proposta de
acordo com as considerações de analistas como
Edmundo Ratka, um especialista em política externa
alemã, que falou à DW.
A competição entre os governos europeus se agrava
na medida em que a própria crise econômica se
aprofunda, ameaçando a existência da Zona do Euro
e da estabilidade artificialmente criada pela moeda
única e os acordos alfandegários resultantes da
criação da União Europeia.
A crise econômica e política na Europa e a
concorrência entre os grupos imperialistas,
particularente no que diz respeito à divisão da sua
influência na exploração do petróleo líbio, são as
questões determinantes para o envolvimento dos
governos europeus e sua interferência no
desenvolvimento da crise política e social na Líbia.

Você também pode gostar