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<c>Diante da ameaça que o governo dos EUA representa

<t>Por que Julian Assange também deve temer pela sua


própria vida?

<o>Os próximos planos do imperialismo norte-americano


incluem trazer para ser julgado nos EUA o responsável pelo
portal WikiLeaks. Processos contra funcionários públicos já
estão em andamento para preparar o caso contra Assange

<t1>A morte de Osama bin Laden pelas mãos de um


esquadrão de elite da Marinha norte-americana é um sinal
da escalada repressiva que o governo Obama pretende
promover no próximo período.
As manobras conduzidas neste momento nos tribunais
norte-americanos são um alerta para uma enorme gama de
pessoas, que vai de ativistas dos direitos humanos,
pequenos burgueses liberais de esquerda, a envolvidos
diretamente em ataques contra o imperialismo norte-
americano, acusados indiscriminadamente de “terrorismo”.
Neste momento, um tribunal federal no estado da Virgínia
está preparando o caso contra Julian Assange, fundador e
editor do portal WikiLeaks, que recentemente divulgou uma
quantidade enorme de documentos secretos do Pentágono
e das embaixadas norte-americanas espalhadas pelo
mundo.
No que foi apelidado pela imprensa norte-americana de a
“maior investigação criminal do governo” sobre os
vazamentos de informações das agências de segurança
nacional, o processo que está sendo preparado contra
Assange tem como um de seus componentes uma investida
agressiva contra todos os envolvidos nos vazamentos.
Cinco diferentes processos até agora estão sendo
acompanhados pela Federação Norte-americana de
Cientistas. Steve Aftergoos, membro da Federação,
declarou à NPR que “o acesso a informações de segurança
nacional é um desenvolvimento preocupante para as
pessoas dedicadas à liberdade de imprensa”.
Segundo Aftergood, algumas das mais importantes
revelações da última década, incluindo o abuso de detentos
na prisão de Abu Graib, por militares norte-americanos no
Iraque, foram feitas por pessoas que, preocupadas com o
abuso, ventilaram informações sobre o governo.
“Os vazamentos têm uma função muito valiosa como
válvula de segurança. Eles nos ajudam a extrair a
informação que, de outra maneira, ficaria travada”, disse.
Os juízes da Virgínia pretendem explorar as acusações de
conspiração para transmitir informações da defesa nacional;
acessar computadores conscientemente sem autorização; e
roubar de uma agência federal.

<i1>Uma escalada repressiva que não vai se restringir aos


tribunais

<t1>Assim como a operação clandestina conduzida pelo


governo norte-americano para assassinar Osama bin
Laden, a investigação e a tentativa de atribuir culpa a Julian
Assange é apresentada como uma ação “defensiva” do
governo. No caso do líder da Al Qaeda, o objetivo era
garantir a “segurança nacional” evitando novos atentados
terroristas. No caso do editor do WikiLeaks, “proteger as
informações secretas” do país de um novo vazamento.
Igualmente o governo dos EUA tentou justificar, nos últimos
nove anos, por todos os meios legais disponíveis a ofensiva
militar contra o Afeganistão na tentativa de capturar Osama
bin Laden. Não faltaram advogados pagos pelo governo
Bush para tornar legítimo o uso de tortura contra os presos
mantidos nas instalações secretas espalhadas pela
América, Europa Oriental e o Oriente Médio.
A operação militar lançada contra Bin Laden em seu refúgio
no Paquistão, desrespeitando todas as normas e tratados
internacionais, foi uma indicação clara de que, assim como
no caso das batalhas judiciais que abriram o caminho para
o uso da força bruta no Iraque e no Afeganistão, o fundador
do WikiLeaks deve se preocupar com o abuso da força e da
capacidade de promover a violência contra sua pessoa.
Se há uma lição a ser tirada por todos aqueles que lutam
pela defesa da liberdade de expressão, como os envolvidos
na atividade do portal WikiLeaks, é a de que apenas a força
bruta pode parar a máquina de morte e destruição do
imperialismo, assim como o demonstraram as massas
iraquianas, afegãs e dos diversos países árabes que
entraram em revolução nos últimos meses, colocando o
imperialismo norte-americano na defensiva e paralisando a
execução de seus planos.
Se a execução sumária de Osama bin Laden foi uma
demonstração de que não haverá obstáculo legal,
burocrático ou diplomático que impeça o imperialismo norte-
americano de alcançar seus objetivos, então Julian
Assange que, por enquanto, aguarda a realização de uma
audiência em julho em liberdade provisória, sob fiança, na
Inglaterra, deve encarar com atenção a possibilidade
concreta de ele mesmo ser a próxima vítima de um
assassinato brutal ou da conclusão de um processo com
uma pena de prisão, degredo e até mesmo a morte.

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