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<c>Pode uma operação de marketing salvar a monarquia

britânica da decadência?

<t1>Cercado por um ritual profundamente conservador e


pelas câmeras de redes de TV do mundo inteiro, o
casamento do príncipe britânico, William, e da plebéia, Kate
Middleton, foi, tal como o casamento do príncipe Charles
com Diana, trinta anos atrás, uma operação de marketing
para ocultar a decadência da monarquia britânica e a
profunda crise do regime político do Reino Unido.
O país passa, neste momento, pelo maior declínio das
condições de vida da população desde os anos 1920. O
Orçamento do governo sofreu cortes em todas as áreas. A
demissão de centenas de milhares de funcionários públicos
é esperada para este mesmo ano, ao mesmo tempo em
que a inflação, o aumento de impostos e uma drástica
redução dos benefícios sociais vão consumir a renda dos
demais. Além disso, uma série de instituições públicas, de
baseas aéreas a bibliotecas públicas, estào fechando ou
sendo vendidas.
Desde o ano passado, protestos e greves irrompem pelo
país com maior frequência. Os estudantes e trabalhadores
se levantaram contra a tentativa do governo Trabalhista de
manter um bloco permanente com o imperialismo norte-
americano. Desde o início do mandato Torie, no entanto, a
crise vem se agravando no país e os Conservadores não
têm tido melhor sorte na tentativa de impor à população seu
plano de “austeridade”.
O casamento entre o príncipe e a “plebéia” pode ser,
segundo a imprensa internacional, exatamente o que a
monarquia precisa para “resgatar sua popularidade”.
Certamente não a salvará do declínio em que se encontra
há anos.
Tal como em 1981, o casamento real serviu como distração
para um povo tomado pela agitação política e social. Mas
as semelhanças param por aí. Quando Charles se casou
com Diana, as minas de carvão inglesas ainda
empregavam 250 mil trabalhadores, bem como suas
indústrias naval, de aço, automóveis, tecidos e bebidas,
ainda funcionavam a todo vapor. Hoje, o que quer que
tenha sobrevivido aos anos 80 e 90 está nas mãos de
empresas estrangeiras.
Nos anos 90, em seguida à “desregulação” das finanças por
Margareth Thatcher, as reservas de petróleo do Mar do
Norte, que financiaram o país por uma década, juntamente
com a força e importância de seus bancos entraram em
declínio.
A importância econômica do Reino Unido só se manteve,
relativamente, devido ao monopólio exercido por
banqueiros e a indústria do petróleo sobre a economia
mundial. A sua preponderância sobre as economias de
outros países nas últimas décadas se deve quase que
exclusivamente ao controle exercido pelos banqueiros e por
ramos da produção industrial mundial como o petroleiro.
A “grandeza” da Inglaterra - supostamente traduzida na
pompa e rigor da cerimônia de casamento da última
semana - foi soterrada pela completa estagnação da sua
economia. A monarquia, por sua vez, um anacronismo,
reduzida a um pequeno agrupamento parasitário das contas
públicas, foi deixada para trás em importância pelos
banqueiros e empresários do petróleo do Reino Unido.

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