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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DE RUPTURA EM ATERROS SOBRE SOLOS MOLES -


ATERRO DO GALPÃO LOCALIZADO NA BR-101- PE

AUTORA: MARIA ISABELA MARQUES DA CUNHA VIEIRA BELLO

ORIENTADOR: ROBERTO QUENTAL COUTINHO


CO-ORIENTADOR: ALEXANDRE DUARTE GUSMÃO

RECIFE, NOVEMBRO DE 2004


i

ESTUDO DE RUPTURA EM ATERROS SOBRE SOLOS MOLES -


ATERRO DO GALPÃO LOCALIZADO NA BR-101- PE

Maria Isabela Marques da Cunha V. Bello

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE PÓS-


GRADUAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO COMO PARTE
DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

Recife, PE – Brasil
Novembro de 2004
ii

B446e Bello, Maria Isabela Marques da Cunha Vieira.


Estudo de ruptura em aterros sobre solos moles – aterro do
galpão localizado na BR-101 - PE / Maria Isabela Marques da
Cunha Vieira Bello. - Recife: O Autor, 2004.
xxiii. 207 folhas.: il.: fig.. graf.. tab. e fotos.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CTG.


Engenharia Civil. 2004.

Inclui bibliografia e apêndices.

1. Mecânica dos solos (Engenharia Civil). 2. Argila Mole –


Aterro (Engenharia Civil). 3. Fundações (Engenharia Civil). I.
Título.

UFPE
624 CDD (21.ed.) BCTG/2004-50
iii

“O êxito se esconde atrás da próxima curva


da estrada. Jamais saberei a que distância
está, a não ser que dobre a curva”.

Og Mandino

Dedico este trabalho ao meu pai, engenheiro


Paulo Roberto Marques da Cunha, motivo de
minha admiração e orgulho.
iv

AGRADECIMENTOS

A meus pais Paulo Roberto e Inez Marques da Cunha, pelo amor incondicional e pelo
empenho e atenção na educação dos filhos;

Ao meu esposo José Milton Vieira Bello Júnior pelo incentivo, companheirismo e
cumplicidade em todos os momentos; e a sua família, a qual adotei também como minha;

Aos meus filhos Vinícius e Helena, apenas por serem meus filhos, dando à minha vida um
sentido de felicidade plena;

Aos meus irmãos Paulo e Karina, pelos bons momentos em família;

Ao Prof. Roberto Quental Coutinho, pela compreensão, apoio e orientação;

Ao Prof. Alexandre Gusmão pela orientação, pelos dados cedidos e parceria realizada;

Aos Profs. Armando Rego e José Orlando pela confiança e incentivo inicial;

Ao Prof. Joaquim T. R. de Oliveira, pela colaboração e amizade;

Ao Prof. Bernard Bulhões Genevois pela ajuda na utilização do Programa GEO SLOPE;

Ao amigo e colega do curso de mestrado Marcelo Patriota pelas longas e produtivas


discussões, pelos intermináveis estudos e trabalhos, e a sua família sempre receptiva e
carinhosa;

Aos colegas do GEGEP/UFPE (Grupo de Engenharia de Encostas e Planícies): Karina,


Kalliny, João Barbosa, Marilia, Ana Patrícia, Everaldo, Fábio, Juliana, Allan e João
Raphael pelo convívio e aprendizado; e a todos os funcionários da UFPE que de alguma
forma se fizeram presente durante este trabalho.
v

RESUMO

Esta dissertação apresenta um estudo da ruptura de um aterro sobre solos moles ocorrida
em um galpão na BR-101- PE, a partir de dados obtidos na consultoria da empresa Gusmão
Engenheiros Associados Ltda.

Foi feita uma revisão da literatura referente aos mecanismos de estabilidade de aterros
sobre solos moles, incluindo os diferentes métodos de cálculo do fator de segurança e
instrumentação relativa ao controle da estabilidade.

Foram analisados 14 considerações, sendo 07 com superfície circular e 07 situações


admitindo-se superfície não-circular. Cálculos do fator de segurança também foram
efetuados através de métodos expeditos. Em função da geometria do aterro observada após
a ruptura, foi possível determinar pontos de prováveis passagem da superfície de ruptura.
Assim, além da análise de estabilidade de projeto, também foi realizada a retroanálise.
Estudos foram efetuados com a consideração de ocorrência de fissuramento no aterro,
procurando simular melhor a ruptura ocorrida.

Na avaliação da resistência não drenada do solo de fundação foram utilizados os resultados


de ensaios de palheta de campo, considerando-se correção proposta por BJERRUM (1972).
Os valores do índice de plasticidade utilizados nesta correção foram estimados a partir do
perfil de umidade natural obtido no SPT e através da Carta de Plasticidade, utilizando
informações do Banco de Dados das argilas moles do Recife. Os valores de resistência não
drenada utilizados foram as médias de cada faixa de profundidade, sendo considerados
constantes por faixa.

Todos os métodos utilizados nessa dissertação indicaram a instabilidade do aterro, com


fatores de segurança próximos de um na condição de construção. Isto comprova que a
consideração de recomendações da literatura técnica incluindo procedimentos de
investigação e de análise permitiria a execução de um projeto adequado.

Vale destacar ainda, a realização do cálculo adicional para implantação de uma berma de
equilíbrio, bem como a consideração do efeito tridimensional nas extremidades do aterro.
vi

ABSTRACT

The thesis presents a study of the rupture of one embankment founded on soft soil occured
in a BR-101- PE road, from data gotten in the consultoria of the Gusmão company
Engineers Ltda Associates.

A revision of referring literature to the mechanisms of stability of embankmens on soft


ground was made, including the different methods of calculation of the security factor and
relative instrumentation to the control of the stability.

Software GEO SLOPE was used in the analysis / back analysis of the failura occurred. The
security factor calculated by GEO SLOPE were comparated with FS obtained by methods
expeditos. In function of the geometry of I fill with earth it observed the rupture after, was
possible to determine probable points of ticket of the rupture surface. Thus, beyond the
analysis of project stability, also retroanálise was carried through. Studies had been
effected with the consideration of occurrence of fissuramento in fill with earth, looking for
to simulate it the occured rupture better.

In the evaluation of the drained resistance of the foundation ground the results of assays of
field vane had not been used, considering themselves correction proposal for BJERRUM
(1973). The values of the plasticity index used in this correction were determinated
empirical from moisture contend profile obtained during the performing e SPT tests
trought to the Letter of Plastic, using information of the soft Data Base of argilas of Recife.
The values of undrained resistance used had not been the averages of each band of depth,
being considered constant for band.

All the methods used in this thesis had indicated the instability of embankment with factors
of security next to one in the construction condition. This proves that the consideration of
recommendations of literature technique including analysis and inquiry procedures would
allow the execution of an adequate project.

Valley to still detach, the accomplishment of the additional calculation for implantation of
a balance berm, as well as the consideration of the three-dimensional effect in the
extremities of the embankment
vii

ÍNDICE

CAPÍTULO I. INTRODUÇÃO 1

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1


1.2. OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO 3
1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO 4

CAPÍTULO II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6

2.1. MODELOS DE ANÁLISE DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES 6


2.1.1. INTRODUÇÃO 6
2.1.2 ABORDAGEM TRADICIONAL – SKEMPTON (1948) 6
2.1.3. MODELO YLIGHT – TAVENAS E LEROUEIL (1980) 8
2.1.4. ADENSAMENTO SECUNDÁRIO – LACERDA E MARTINS (1985) 14
2.2. COMPORTAMENTO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES PARA
ANÁLISE DE ESTABILIDADE 17
2.2.1. INTRODUÇÃO 17
2.2.2. SIGNIFICADO DA ANÁLISE DA ESTABILIDADE 17
2.2.3. TIPOS DE INSTABILIZAÇÃO 19
2.2.4. MÉTODOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE 20
(a) DETERMINAÇÃO DA ALTURA CRÍTICA DO ATERRO E/OU
DO FATOR DE SEGURANÇA ATRAVÉS DA FORMULAÇÃO
DA CAPACIDADE DE CARGA 22
(b) ANÁLISE DE ESTABILIDADE EMPREGANDO
ÁBACOS SIMPLES 24
(b.1) ÁBACOS DE PILLOT e MOREAU (1973) 24
(b.2) ÁBACOS DE PINTO (1974) 25
(c) MÉTODOS DE EQUILÍBRIO LIMITE 26
(c.1) MÉTODO BISHOP SIMPLIFICADO 27
(c.2) MÉTODO JAMBU SIMPLIFICADO 30
(c.3) MÉTODO DE SPENCER 32
viii

(c.4) MÉTODO DAS CUNHAS DESLIZANTES 33


2.2.5. DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA E USO
EM PROJETOS DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES 34
2.2.6. PROPOSTAS PARA DE OBTENÇÃO DA RESISTÊNCIA
NÃO DRENADA 41
(a) ENSAIO DE PALHETA DE CAMPO 42
(b) ENSAIO TRIAXIAL 50
(c) CORRELAÇÕES 43
2.2.7. CONTRIBUIÇÃO DA RESISTÊNCIA NO PRÓPRIO ATERRO
NA SUA ESTABILIDADE 55
(a) MOBILIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA NO CORPO DO ATERRO 56
(b) EFEITO DO FISSURAMENTO NA ESTABILIDADE DO ATERRO 58
2.3. INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA EM ATERROS SOBRE SOLOS MOLES 61
2.4. INSTRUMENTAÇÃO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES QUANTO
AO CONTROLE DA ESTABILIDADE 62

CAPÍTULO III. CASO EM ESTUDO – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA 65

3.1. INTRODUÇÃO 65
3.2. LOCALIZAÇÃO/ CARACTERÍSTICAS DA OBRA 65
3.3.ASPECTOS GEOLÓGICOS E MORFOLÓGICOS DA ÁREA DE ESTUDO 69
3.4. HISTÓRICO DA OBRA 70
3.5. AVALIAÇÃO DOS DANOS 71
3.6. PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA 83
3.6.1. INTRODUÇÃO 83
3.6.2. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO 84
3.6.2.1. SPT 84
3.6.2.2. AMOSTRAGEM DEFORMADA / INDEFORMADA 85
3.6.2.3. ENSAIOS DE PALHETA 86
(a) ÂNGULOS DE ROTAÇÃO NA RUPTURA 87
(b) SENSIBILIDADE 88
3.6.3. INVESTIGAÇÃO DE LABORATÓRIO 89
ix

3.6.3.1. CARACTERIZAÇÃO 90
3.6.3.2. ADENSAMENTO VERTICAL 91
3.6.3.3. TRIAXIAIS UU E CIU 92
3.7. COMENTÁRIOS ADICIONAIS 102

CAPÍTULO IV. ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DE RESULTADOS

4.1. INTRODUÇÃO 103


4.2. SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DAS ARGILAS
MOLES DO RECIFE 103
4.2.1. PERFIS TÍPICOS 105
4.2.2. ÍNDICES FÍSICOS 107
4.2.3. MATÉRIA ORGÂNICA 110
4.2.4. HISTÓRIA DE TENSÕES 112
4.2.5. COMPRESSIBILIDADE 115
4.2.6. RESISTÊNCIA NÃO DRENADA 118
4.2.7. SENSIBILIDADE 120
4.3. EXPERIÊNCIA LOCAL DE OBRAS DE ATERROS SOBRE
SOLOS MOLES 122
4.4. ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS –
CASO DE ESTUDO (ATERRO DO GALPÃO BR-101) 123
4.4.1 ESTIMATIVA DOS VALORES DO LIMITE DE LIQUIDEZ E
ÍNDICE DE PLASTICIDADE. 123
4.4.2. ESTIMATIVA DO OCR 125
4.4.3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DE COMPRESSSIBILIDADE
OBTIDOS ATRAVÉS DE CORRELAÇÕES 127
4.4.4. RESISTÊNCIA NÃO DRENADA - CORREÇÃO 129

CAPÍTULO V. ANÁLISE DE ESTABILIDADE – RETROANÁLISE 139

5.1. INTRODUÇÃO 139


5.2. INFORMAÇÕES / DADOS UTILIZADOS EM UMA ANÁLISE DE
ESTABILIDADE 140
5.2.1. GEOMETRIA DA FUNDAÇÃO E DO ATERRO 140
x

5.2.2. PROPRIEDADES DO MATERIAL DO ATERRO 143


5.2.3. VALOR DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DA FUNDAÇÃO 144
5.2.4. FERRAMENTA DE TRABALHO – PROGRAMA GEO-SLOPE 145
5.3. ANÁLISE / RETROANÁLISE DA ESTABILIDADE - RESULTADOS
OBTIDOS 148
5.3.1. ANÁLISE DE ESTABILIDADE - PROJETO 149
5.3.1. RETROANÁLISE 151
5.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DA SUPERFÍCIE DE
RUPTURA PREVISTA E OBSERVADA 156
5.5. ANÁLISE DA ESTABILIDADE EM TENSÕES TOTAIS ATRAVÉS DE
MÉTODOS EXPEDITOS 159
5.5.1. FORMULA DE CAPACIDADE DE CARGA 161
5.5.2. MÉTODO DAS CUNHAS DESLIZANTES 161
5.5.3 ÁBACOS DE PILLOT e MOREAU (1973) 162
5.5.4. ÁBACOS DE PINTO (1974) 163
5.6. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TRIDIMENSIONAIS 164
5.7. INFLUÊNCIA NO CÁLCULO DO FATOR DE SEGURANÇA QUANDO
DA CONSTRUÇÃO DE UMA BERMA DE EQUILÍBRIO 166
5.8. INFLUÊNCIA NO VALOR DO FS QUANDO DA UTILIZAÇÃO DA
CORREÇÃO DE Su PROPOSTA POR AAS et al. (1986) 168
5.9. COMENTÁRIOS FINAIS 169

CAPÍTULO VI. CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS


PESQUISAS 171

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 175

APÊNDICE A 186
APÊNDICE B 192
xi

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO II . REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura II.1. Modelo de análise e comportamento de aterros sobre solos moles


comumente adotados na prática, propostos por SKEMPTON, 1948.
(LEROUEIL et al, 1990).
Figura II.2. Trajetória de tensões efetivas sobre o centro do aterro. (LEROUEIL et al,
1990).
Figura II.3. Relação poro-pressão x tensão vertical total causada em um aterro.
(LEROUEIL et al, 1990).
Figura II.4. Relação profundidade x coeficiente de poro-pressão B – solo com
OCR<2,5. (LEROUEIL et al, 1990).
Figura II.5. Variações típicas no Carregamento do aterro e Recalque com o tempo.
(LEROUEIL et al, 1990).
Figura II.6. Relação típica entre o Deslocamento horizontal máximo (Ym) e Recalque
(S) sob o aterro. (LEROUEIL et al, 1990).
Figura II.7. Trajetória de tensões do adensamento secundário. (LACERDA e
MARTINS, 1985).
Figura II.8. Representação da compressão secundária no adensamento unidimensional.
(LACERDA e MARTINS, 1985).

Figura II.9. Classes de ruptura de aterros sobre solos moles (ALMEIDA, 1996).

Figura II.10. Ábaco para cálculo de altura crítica de aterros (TERZAGHI, 1943).
Figura II.11. Ábaco para análise de estabilidade de aterro sobre depósito com resistência
constante com a profundidade (PILLOT e MOREAU, 1973).
Figura II.12. Ábaco de PINTO para aterro sobre solo mole (MASSAD, 2003)
Figura II.13. Análise de estabilidade de superfícies circulares pelo método de Bishop
Simplificado.
Figura II.14. Exemplo de cálculo pelo método de Bishop Simplificado (DNER/IPR,
1990).
Figura II.15. Análise de estabilidade de superfícies não circulares pelo Método de Jambu
Simplificado.
xii

Figura II.16. Determinação do fator de correção fo do método Janbu Simplificado


(BROMHEAD, 2000).
Figura II.17. Exemplo de cálculo pelo método de Janbu Simplificado (DNER/IPR, 1990).
Figura II.18. Análise de estabilidade pelo Método de Spencer.
Figura II.19. Análise de estabilidade de aterros sobre argila mole – Método das Cunhas
Deslizantes.
Figura II.20. Análise da estabilidade de um aterro sobre argila mole, em que a resistência
que interessa é a resistência não drenada, Su da argila (PINTO, 2000).
Figura II.21. Curvas de compressão para diferentes amostradores – Clube Internacional -
Recife/PE (OLIVEIRA et al., 2000)
Figura II.22. Solicitações no terreno por efeito de carregamento na superfície; (a) tipos de
solicitação; (b) resultados típicos para cada solicitação (PINTO, 2000).
Figura II.23. Resultados de ensaios de compressão com diferentes velocidades e
coeficientes de segurança para as respectivas resistências (PINTO, 2000).
Figura II.24. Variação nas tensões cisalhalhantes, poro-pressão e fator de segurança
durante e após a construção de um aterro (BISHOP e BJERRUM, 1960).
Figura II.25. Resultados de Su – Barragem de Juturnaíba – trechos II, III-2 e V
(COUTINHO et al., 1998c).
Figura II.26. Fator de segurança, teórico na ruptura de aterros sobre solos moles
(BJERRUM, 1972).
Figura II.27. Fator de correção para ensaio de palheta de campo (BJERRUM, 1972;
1973).
Figura II.28. Fator de correção para ensaio de palheta de campo (AZZOUZ et al., 1983).
Figura II.29. Diagramas para a determinação da história de tensões e fator de correção
para o ensaio de palheta de campo (AAS et al., 1986)
Figura II.30. Fatores de correção obtidos a partir de retroanálise de aterros rompidos
(COUTINHO, 2000; a partir de COUTINHO, 1986b), SANDRONI, 1993)
e MASSAD (1999).
Figura II.31. Esquemas de procedimento dos ensaios triaxiais UU e CU (COUTINHO,
2004).
Figura II.32. Influência da qualidade da amostra na resistência ao cisalhamento de um
solo (BALDI et al., 1988).
Figura II.33. Tipos de incompatibilidade no comportamento tensão-deformação de um
aterro e uma fundação (SOARES, 1981).
xiii

Figura II.34. Curvas de mobilização de resistência com a variação de altura do aterro


(SOARES, 1981).
Figura II.35. Variação dos parâmetros estudados afetando o desenvolvimento das tensões
no aterro e relação dos parâmetros da equação (SOARES, 1981).
Figura II.36. Análise de estabilidade para o aterro nº 1 assumindo fissuras depois do
desenvolvimento de tensões no aterro (SOARES, 1981).
Figura II.37. Localização da superfície de ruptura ocorrida (COUTINHO, 1986).

CAPÍTULO III. CASO EM ESTUDO – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

Figura III.1. Localização do depósito estudado.

Figura III.2. Planta de situação e locação dos furos de sondagem, ensaio de palheta de
campo e retirada de amostra.

Figura III.3. Perfil típico de sondagem.


Figura III.4. Mapa Geológico da Cidade do Recife (ALHEIROS et al., 1995).
Figura III.5. Mecanismo de Escoamento Lateral do Terreno (GUSMÃO, 2000).
Figura III.6. Evidências do Movimento Lateral do Terreno (GUSMÃO, 2000).
Figura III.7. Evidências do Movimento Vertical do Terreno (GUSMÃO, 2000).
Figura III.8. Perfil geotécnico típico e Umidade do SP-02.
Figura III.9. Esquema geral do equipamento de palheta de campo.
Figura III.10. Parâmetros geotécnicos de resistência do ensaio de palheta.
Figura III.11. Curva típica Torque vs. Rotação – Galpão BR 101.
Figura III.12. Característica da amostragem do shelby e composição macroscópica da
amostra.
Figura III.13. Parâmetros geotécnicos de caracterização.
Figura III.14. Curva granulométrica da amostra retirada.
Figura III.15. Curvas tensão x deformação no adensamento vertical.

Figura III.16. σ’vo vs. profundidade.

Figura III.17. Curva Tensão x Coeficiente de adensamento vertical.

Figura IV.21. Ângulo de rotação na ruptura não corrigidos vs. profundidade para o local
estudado.
xiv

Figura IV.22. Sensibilidade do depósito argiloso estudado, segundo a classificação de


SKEMPTON e NOYTHEY (1952).
Figura III.18. Curva tensão-deformação ensaio UU.
Figura III.19. Curva tensão-deformação ensaio CU.
Figura III.20. Envoltória de resistência – Ensaio triaxial UU.
Figura III.21. Envoltória de resistência de Tensões Totais – Ensaio triaxial CIU.
Figura III.22. Envoltória de resistência de Tensões Efetivas – Ensaio triaxial CIU.

Figura III.23. Parâmetros geotécnicos de resistência – Ensaios triaxiais UU e CIU e


Ensaios de Palheta.

CAPÍTULO IV. ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS

Figura IV.1. Perfis geotécnicos típicos: (a) Planície do Recife (COUTINHO et al., 2000),
(b) presente estudo.
Figura IV.2. Carta de plasticidade – Resultados de solos moles de Recife e de Juturnaíba
(a partir de COUTINHO et al. 1998a).
Figura IV.3. Resultados de ensaios de caracterização com a profundidade – Clube
Internacional e SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
Figura IV.4. Curvas W, δ, G e IP vs. TMO (COUTINHO, 1986).
Figura IV.5. Perfil geotécnico com resultados de teor de matéria orgânica - Clube
Internacional e SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
Figura IV.6. Resultados de σ’vo, σ’vp e OCR vs. profundidade – Clube Internacional e
SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
Figura IV.7. Resultados de σ’vo, σ’vp e OCR vs. profundidade – Boa Viagem e Cajueiro
(COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
Figura IV.8. Correlações estatísticas: (a) Cc vs. W (%), (b) eo vs. W(%).
Figura IV.9. Comparação entre umidade retirada do Shelby e SPT- SESI-Ibura
(COUTINHO et al 1998a).
Figura IV.10. Parâmetros de compressibilidade eo, Cc, Cs vs. profundidade – Clube
Internacional e SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
xv

Figura IV.11. Parâmetros de compressibilidade eo, Cc, Cs vs. profundidade – Boa Viagem
e Cajueiro (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
Figura IV.12. Perfis de Su obtidos a partir de EPC, Ensaios UU-C, CIU-C, CPTU e DMT
para as argilas moles de Recife (a partir de OLIVEIRA, 2000).
Figura IV.13. Perfis de St obtidos a partir do ensaio de palheta de campo (OLIVEIRA,
2000).
Figura IV.14. Perfil de umidade natural umidades médias – Galpão BR-101.
Figura IV.15. Posicionamento das faixas de valores das amostras do SPT do aterro do
Galpão da BR-101 na carta de plasticidade (determinação do IP através do
LL).
Figura IV.16. Perfil de OCR estimado a partir do ensaio de palheta de campo – EPC 01.
Figura IV.17. Variação dos parâmetros de compressibilidade com a profundidade.
Figura IV.18. Obtenção do fator de correção µ através do IP (BJERRUM, 1973).
Figura IV.19. Correção da resistência não drenada conforme BJERRUM (1973).
Figura IV.20. Correção da resistência não drenada conforme BJERRUM (1973),
considerando a média da EPC1 e EPC2.
Figura IV.21. Obtenção do fator de correção µ através do IP e σ’vo (AAS et al., 1986).
Figura IV.22. Correção da resistência não drenada conforme AAS et al. (1986).

CAPÍTULO V. ANÁLISE DE ESTABILIDADE – RETROANÁLISE

Figura V.1. Localização da seção escolhida para análise de estabilidade, passagem da


provável superfície de ruptura, e fissuramento do terreno.
Figura V.2. Geometria adotada na análise de estabilidade em tensões totais admitindo
superfície circular – Programa GEO SLOPE
Figura V.3. Geometria adotada na análise de estabilidade em tensões totais admitindo
superfície planar – Programa GEO SLOPE
Figura V.4. Procedimento utilizado para a consideração do fissuramento do aterro.
Figura V.5. Perfis de Su utilizadas na análise de estabilidade – Galpão BR-101.
Figura V.6. Definição de parâmetros de trabalho através do Programa GEO SLOPE.
Figura V.7. Resumo dos resultados da análise de estabilidade de tensões totais
(superfície circular) – Programa GEO SLOPE – Estudo do FSmín
xvi

Figura V.8 Determinação dos pontos de passagem da provável superfície de ruptura –


seção transversal.
Figura V.9. Resumo dos resultados da retroanálise de estabilidade de tensões totais
(superfície circular) – Bishop Simplificado - Programa GEO-SLOPE –
Estudo do FSmín.
Figura V. 10. Resumo dos resultados da retroanálise de tensões totais (superfície planar) –
Spencer - Programa GEO SLOPE - Estudo do FSmín.
Figura V. 11. Resumo e comparação dos resultados da análise e retroanálise de
estabilidade de tensões totais (superfície circular) – Bishop Simplificado -
Programa GEO-SLOPE – Estudo do FSmín.
Figura V.12. Diferença na localização da superfície prevista e observada - 50%
fissuramento aterro - Su sem correção.
Figura V.13. Diferença na localização da superfície prevista e observada - 50%
fissuramento aterro - Su corrigido.
Figura V.14. Consideração da passagem da superfície de cisalhamento e do cálculo da Su
de referência.
Figura V.15. Análise tridimensional – Estimativa do efeito das extremidades do aterro
segundo AZZOUZ et al (1983)
Figura V.16. Cálculo do Fator de Segurança admitindo a construção de berma de
equilíbrio.
Figura V.17. Fatores de correção obtidos a partir de retroanálise de aterros rompidos
(COUTINHO, 2000; a partir de COUTINHO, 1986b), SANDRONI (1993) e
MASSAD (1999), com pontos de Recife – presente trabalho.

APÊNDICE A

Figura A.1. Curvas torque vs. rotação – EPC1 a 7,0, 7,5 e 9,5m – aterro BR101.
Figura A.2. Curvas torque vs. rotação – EPC1 a 11,5, 12,5 e 13,5m – aterro BR101.
Figura A.3. Curvas torque vs. rotação – EPC1 a 14,5, 16,5 e 18,0m – aterro BR101.
Figura A.4. Curvas torque vs. rotação EPC2 a 10,5, 11,0 e 12,0m – aterro BR101.
Figura A.5. Curvas torque vs. rotação - EPC2 a 13,0 e 14,5m – aterro BR101.
xvii

APÊNDICE B

Figura B.1. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização


da superfície de ruptura - SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM
CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.2. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - SEM FISSURAMENTO DO ATERRO
/ Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.3. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização
da superfície de ruptura - SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO/ SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.4. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.5. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização
da superfície de ruptura - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM
CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.6. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.7. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização
da superfície de ruptura - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.8. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.9. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização
da superfície de ruptura - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR (MÉDIA EPC1 E EPC2)
Figura B.10. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR (MÉDIA EPC1 E EPC2)
xviii

Figura B.11. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização


da superfície de ruptura - 100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.12. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.13. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização
da superfície de ruptura - 100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.14. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su
CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
Figura B.15. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO
/ Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE PLANAR
Figura B.16. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da
superfície de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO
/ Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE PLANAR
xix

LISTA DE FOTOS

CAPÍTULO III. CASO EM ESTUDO – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

Foto III.1. A - Detalhe do pilar;


B - Descolamento da viga em relação ao pilar;
C - Detalhe das fissuras na alvenaria junto ao pilar;
D - Afundamento do bloco de fundação.
Foto III.2. A, B - Abertura das juntas do piso próximo ao pilar;
C - Detalhe afundamento do bloco e descolamento do piso;
D - Detalhe da abertura das juntas do piso.
Foto III.3. A, B - Vista geral e detalhe da separação pilar x alvenaria x viga;
C, D- Levantamento de placa.
Foto III.4. A, B - Movimento sofrido pelas estruturas metálicas.
Foto III.5. A, B - Quebra do bloco de fundação;
C, D - Aumento das fissuras no piso.
Foto III.6. A, B, C, D, E - Visão geral da ruptura no galpão.
Foto III.7. A, B - Visão geral da ruptura no galpão.
Foto III.8. A, B - Afundamento do piso do galpão – ponto A;
Foto III.9. A - Vista lateral do galpão;
B - Rachaduras no muro lateral;
Foto III.10. A, B - Utilização da palheta de campo;
C - Local do ensaio de palheta;
Foto III.11. A - Local do ensaio SPT;
B - Tubos de SPT;
Foto III.12. Vista geral do local de estudo após um ano da ruptura.
Foto III.13. A, B - Rebaixamento e fissuras no terreno;
C - Muro de gabião danificado;
D - Movimento do muro com flexão das placas de concreto.
xx

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO II . REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tabela II.1. Principais métodos de análise de estabilidade de taludes.


Tabela II.2. Vantagens e desvantagens dos ensaios de laboratório e de campo aplicados a
argilas moles (ALMEIDA, 1996).
Tabela II.3. Procedimentos recomendados na bibliografia para determinação de
parâmetros de argilas moles (ALMEIDA, 1996 e COUTINHO et al., 2000).

CAPÍTULO III. CASO EM ESTUDO – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

Tabela III.1. Cronograma das visitas ao local de estudo.


Tabela III.2. Cronograma das sondagens realizadas no local de estudo.
Tabela III.3. Resultados de ensaio de palheta de campo.
Tabela III.4. Resultados dos ensaios de caracterização
Tabela III.5. Parâmetros de compressibilidade obtidos a partir do ensaio de adensamento.
Tabela III.6. Resultado do ensaio triaxial UU.
Tabela III.7. Resultado do ensaio triaxial CU.

CAPÍTULO IV. ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS

Tabela IV.1. Perfis típicos da planície do Recife (FERREIRA et al., 1986).


Tabela IV.2. Faixa de variação de valores e índices físicos por local investigado
(COUTINHO E FERREIRA, 1988).
Tabela IV.3. Valores de Supalheta, IP e umidade natural para argila/solos orgânicos
brasileiros (ampliada de COUTINHO et al., 2000).
Tabela IV.4. Correlações estatísticas – solos orgânicos e argilas moles / médias - Recife
(COUTINHO et al., 1998).
Tabela IV.5. Sensibilidade de argilas mole Brasileiras (COUTINHO et al., 2000;
OLIVEIRA, 2000).
Tabela IV.6. Valores de limite de liquidez e índice de plasticidade estimados.
xxi

Tabela IV.7. Parâmetros de compressibilidade obtidos a partir de correlações geotécnicas


propostas por COUTINHO et al. (2001), com perfil de umidade do ensaio
SPT.
Tabela IV.8. Parâmetros utilizados para correção de Su segundo BJERRUM (1973).
Tabela IV.9. Parâmetros utilizados para correção de Su segundo AAS et al. (1986)
Tabela IV.10. Comparação dos valores corrigidos de Su determinados através de
BJERRUM (1973) e AAS et al. (1986)
Tabela IV.11. Sensibilidade das Argilas (SKEMPTON e NORTHEY, 1952).

CAPÍTULO V. ANÁLISE DE ESTABILIDADE – RETROANÁLISE

Tabela V.1. Resistências não drenadas utilizadas na análise de estabilidade – Galpão


BR-101.
Tabela V.2. Hipóteses estabelecidas sobre considerações de resistência do aterro e da
fundação.
Tabela V.3. Resultados dos FSmín da análise de estabilidade – superfície circular.
Tabela V.4. Resultados dos FSmín da retroanálise de estabilidade – superfície circular.
Tabela V.5. Resultados dos FSmín da retroanálise de estabilidade – superfície planar.
Tabela V.6. Resumo dos FSmín calculados no Programa GEO SLOPE.
Tabela V.7. Resumo dos valores de Su (retroanálise) e do FS obtidos através dos
métodos expeditos utilizados.
Tabela V.8. Comparação entre os FS calculados admitindo-se as correções de
BJERRUM (1973) e AAS et al. (1986)
xxii

SIMBOLOGIA

c → coesão
Cc → índice de compressão
Cs → índice de inchamento
CIU-C → ensaio de compressão triaxial (não drenado consolidado isotropicamente)
eo → índice de vazios inicial
eσ’vo → índice de vazios para σ’vo
eσ’vf → índice de vazios para σ’vf
ε σ’vo → deformação específico para σ’vo
EPC → ensaio de palheta de campo
FS → fator de segurança
φ → ângulo de atrito
θrup → ângulo de rotação na ruptura
Hc → altura crítica do aterro
Hadm → altura admissível do aterro
IP → índice de plasticidade
K0 → coeficiente de empuxo no repouso
KE → módulo do aterro
LL → limite de liquidez
LP → limite de plasticidade
Nc → fator de capacidade de carga
OCR → razão de pré-adensamento
µ → fator de correção aplicado ao EPC
δat → peso específico do aterro
δhmáx → deslocamento horizontal máximo
δvmáx → deslocamento vertical máximo
∆σ’v → acréscimo de tensão vertical efetiva
RE, RF → fatores de redução de resistência
St → sensibilidade
Su → resistência ao cisalhamento não drenada
Suamolg. → resistência ao cisalhamento não drenada no estado amolgada
Suo → resistência ao cisalhamento não drenada inicial
xxiii

Sufinal → resistência ao cisalhamento não drenada final


Sucorrig → resistência ao cisalhamento não drenada corrigida
σ'p → tensão de pré-adensamento
σ'vo → tensão vertical efetiva de campo
σ'3f → tensão principal efetiva menor, na ruptura
TMO → teor de matéria orgânica
Tmáx → torque máximo
UU-C → ensaio de compressão triaxial (não drenado e não consolidado)
WN → umidade natural
1

CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A ocupação de terrenos situados sobre espessos depósitos de solo mole tem se tornado
cada vez mais comum nas cidades situadas nas baixadas brasileiras. Essa ocupação se dá
nas fundações de edifícios, aterros de estradas, aeroportos, barragens, urbanização de áreas,
etc.

O estudo do comportamento desses aterros / fundações tem sido abordado por diversos
autores nacionais (ORTIGÃO, 1980; COUTINHO, 1986; DNER/IPR, 1990; BORGES,
1991; COUTINHO et al., 1994; PINTO, 1994; ALMEIDA, 1996; LUCENA, 1997;
NACCI, 2000; SCHINAID e NACCI, 2000; SPOTTI, 2000; ALMEIDA et al., 2001;
CAVALCANTE, 2001, MASSAD, 2003) e internacionais (TAVENAS e LEROUEIL,
1980; MAGNAN e DEROY, 1980; LEROUEIL et al., 1990; LADD, 1991; MESRI et al.,
1994; CUR, 1996), acumulando assim experiências para melhor entendimento dos solos
moles sob a solicitação do carregamento.

Quando simples depósitos, sem acompanhamento tecnológico, os aterros podem ser de


constituição heterogênea e não devem ser utilizados como material de apoio de fundações.
Ainda que se apresentem superficialmente com consistência ou capacidade adequadas,
podem apresentar em camadas profundas, materiais imprevistos. A existência de pedaços
de madeira em decomposição, embalagens e materiais semelhantes no corpo do aterro
pode provocar a ocorrência de grandes deformações quando os aterros são carregados.

Em geral o projeto de construção de aterros sobre solos moles deve apresentar fator de
segurança adequado quanto à possibilidade de ruptura do solo de fundação durante e após
construção; apresentar deslocamentos totais ou diferenciais, no fim ou após a construção,
compatíveis com o tipo de obra; e evitar danos a estruturas adjacentes ou enterradas.
2

Para atender os requisitos acima é necessário o emprego de estudos e métodos para prever
o comportamento da obra, e com isso adotar uma solução adequada na fase de projeto. A
eficácia de uma previsão está aliada não só a adequação do método de análise empregado,
mas também na determinação dos parâmetros do solo a utilizar nessa análise.

Na análise de estabilidade de um aterro construído sobre uma argila mole, a principal


variável e que mais influencia o fator de segurança calculado, é justamente a resistência de
fundação, razão pela qual, maiores esforços são concentrados na sua avaliação através de
ensaios de campo e laboratório. Deve ficar claro que a resistência não drenada (Su) não é
um parâmetro único, visto que depende do tipo de ensaio utilizado, da velocidade de
deformação, da orientação dos planos de ruptura, etc., cabendo ao projetista escolher o
ensaio mais apropriado para o tipo de problema que está sendo analisado.

Este trabalho apresenta um estudo referente ao problema de ruptura de um aterro sobre


solo mole, no qual foi construído um galpão, localizado na BR-101, Dois Irmãos, Recife-
PE. Devido à presença de uma espessa camada de solo mole, com até 12 metros de
espessura, e à forma construtiva, houve a necessidade de se analisar a estabilidade à
ruptura geral comumente considerada nos projetos de aterros sobre solos moles.

Trata-se de uma parceria da Área de Geotecnia da UFPE – DEC através do GEGEP com a
consultoria profissional da Gusmão Engenheiros Associados, que devido à peculiaridade
do caso e dos dados de investigação geotécnica existentes (ensaios de campo e
laboratório), apesar de limitações existentes no projeto prático, tornou-se base para o
desenvolvimento do presente trabalho procurando aliar a pesquisa a casos práticos, de
forma a associar a formação de recursos humanos junto com o ganho de experiência local /
regional.

As análises de comportamento se basearam nas investigações geotécnicas de campo (SPT


com umidade in situ; ensaio de palheta; amostragem indeformada tipo Shelby) e de
laboratório (caracterização, adensamento vertical, triaxiais UU e CU). Face a limitação nos
estudos de laboratório, um estudo adicional do comportamento de solos similares foi
realizado utilizando sobretudo o Banco de Dados das argilas moles do Recife, obtendo
informações geotécnicas na análise e complementação das investigações.
3

1.2. OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo principal o estudo da estabilidade e a conseqüente


ruptura ocorrida no aterro sobre solo mole situado na BR-101 – PE, através da utilização
do programa computacional GEO SLOPE, com aplicação de métodos de análise de
estabilidade propostos na literatura e discussão / avaliação de procedimentos para obtenção
da caracterização geotécnica da área.

Os objetivos específicos são:

ƒ Análise e obtenção de resultados e experiências que venham a agregar os demais estudos


relacionados ao tema, contribuindo com a experiência local e regional;

ƒ Permanente atualização dos conhecimentos no tema de pesquisa, para que, através dos
estudos desenvolvidos na presente dissertação, associado a modelos de previsão, se torne
mais fácil a definição de projetos deste tipo;

ƒ Melhor entendimento do mecanismo / comportamento de aterros sobre solos moles,


quanto à estabilidade, através da comparação das análises de previsão, e a determinação da
caracterização geotécnica a ser utilizada nesta análise;

ƒ Estudo de casos práticos em solos similares encontrados na Cidade do Recife e em outras


planícies brasileiras, visando à comparação / análise dos resultados / procedimentos
utilizados;

ƒ Análise da estabilidade com base nas informações obtidas e retroanálise da ruptura;

ƒ Obter informações geotécnicas através do Banco de Dados, utilizando todo seu potencial
na complementação das investigações, e utilizar correlações estatísticas empíricas de
parâmetros geotécnicos, permitindo desta forma, melhoramento das análises e discussões
dos dados do trabalho.
4

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está subdividida em seis capítulos e dois apêndices. Os assuntos estão
distribuídos da seguinte maneira:

No presente capítulo (Capítulo I) está a INTRODUÇÃO, na qual se tem uma visualização


geral do trabalho desenvolvido e seus objetivos.

O Capítulo II refere-se aos tópicos da REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Inicialmente são


apresentados os principais modelos de análise de aterros sobre solos moles sob a
solicitação de um carregamento externo, e a trajetória de tensões propostas para diversas
fases da construção do aterro. Em uma segunda etapa, o capítulo trata do
comportamento de aterros sobre solos moles para análise de estabilidade, através do
estudo dos mecanismos de estabilidade, métodos de análise, determinação da resistência
não drenada do solo de fundação e fatores que afetam os resultados.

O Capítulo III refere-se ao CASO EM ESTUDO – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA,


incluindo localização / características da obra, histórico do processo de deslocamento que
culminou na ruptura, avaliação dos danos, e programa de investigação geotécnica,
consultoria realizada através da empresa Gusmão Engenheiros Associados e estudos
complementados através da presente pesquisa.

O Capítulo IV trata da ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DE RESULTADOS, com


apresentação de uma síntese de resultados de estudos desenvolvidos na Área de Geotecnia
– DEC/UFPE das características das argilas moles do Recife reunidas a partir do Banco de
Dados, e resultados de parâmetros geotécnicos descritos na literatura brasileira. A partir
desses estudos preliminares, será apresentada a adequação / ampliação dos parâmetros
geotécnicos necessários na análise de estabilidade.

O Capítulo V apresenta a ANÁLISE DE ESTABILIDADE – RETROANÁLISE do


local de estudo, utilizando a programa GEO SLOPE simulando diferentes situações, e
também, métodos empíricos para uma estimativa inicial da estabilidade do solo de
fundação. São detalhados os parâmetros e procedimentos utilizados nesta análise.
5

No Capítulo VI são apresentadas as CONCLUSÕES E AS SUGESTÕES PARA


FUTURAS PESQUISAS.

Nos APÊNDICES A e B são apresentados respectivamente as curvas torque vs. rotação


dos ensaios de palheta de campo, realizados através de equipamento da Área de Geotecnia
– DEC/UFPE, e os resultados obtidos da análise de estabilidade realizadas com o Programa
GEO SLOPE.
6

CAPÍTULO II

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MODELOS DE ANÁLISE DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

2.1.1. INTRODUÇÃO

As deformações que ocorrem em uma massa de solo quando esta é submetida a um


carregamento dependem do estado de tensões aplicado, das propriedades do solo e da
forma pela qual o estado de tensões é atingido.

Alguns modelos de projeto são propostos na bibliografia para representar o


comportamento de aterros sobre solos moles nas diversas fases de solicitação por
carregamento externo (SKEMPTON, 1948; TAVENAS e LEROUEIL, 1980; LACERDA
e MARTINS,1985).

2.1.2. ABORDAGEM TRADICIONAL – SKEMPTON (1948)

A análise de aterros sobre solos moles tem sido tradicionalmente realizada considerando o
comportamento da fundação em duas fases sucessivas (SKEMPTON, 1948), as quais estão
apresentadas na Figura II.1.

a) Durante a construção, devido à rápida velocidade de aplicação de carga e a baixa


permeabilidade das argilas, prevalece uma resposta não drenada. As deformações são
calculadas através da teoria da elasticidade. Quando a argila está saturada, o coeficiente de
Poisson (νu) para carregamento não drenado é 0,5 e este valor é freqüentemente usado nas
tabelas existentes. Sugere-se determinar o módulo de elasticidade da fundação (Eu) através
de ensaios triaxiais CU, porém como sua seleção adequada é muito difícil pela sua
dependência do nível de tensões e da trajetória de tensões, é prática convencional utilizar o
módulo Eu secante correspondendo para 50% da tensão desviatória máxima (Eu50%). As
7

poro-pressões são estimadas usando a teoria da elasticidade com o acréscimo de tensão


octaédrica efetiva igual a zero (∆σ’oct=0; ∆U=∆σoct) ou a teoria da elasticidade-plasticidade
para a condição não drenada com a variação de volume nula (∆V=0). As condições de
estabilidade são analisadas utilizando um perfil da resistência não drenado (Su) com um
método de tensões totais, que considera o ângulo de atrito interno do solo nulo (c=Su;
φ=0);

b) Após o final da construção, o adensamento desenvolve-se com variações associadas às


poro-pressões, tensões efetivas, deslocamentos e resistência disponível. Há, portanto,
queda nas poro-pressões e aumento correspondente nas tensões efetivas e recalques. O
cálculo de recalques e seu desenvolvimento com o tempo geralmente se baseia nos
resultados de testes oedométricos, desprezando-se normalmente as deformações laterais.

De acordo com este modelo, o projeto de um aterro sobre solo mole consiste em uma
análise não drenada de deslocamento e condições de estabilidade durante a construção, e
uma análise drenada da estabilidade ao longo prazo, e também dos recalques devido ao
adensamento, desprezando-se as deformações horizontais.

Figura II.1. Modelo de análise e comportamento de aterros sobre solos moles comumente
adotados na prática, propostos por SKEMPTON, 1948. (TAVENAS e LEROUEIL, 1980).
8

Todavia, este modelo de previsão nem sempre é satisfatoriamente estabelecido.


Comparações entre o comportamento previsto por este método com observações feitas
através da instrumentação desde 1960 têm mostrado casos com resultados que apresentam
diferenças significativas (TAVENAS e LEROUEIL, 1980).

2.1.3. MODELO YLIGHT – TAVENAS E LEROUEIL (1980)

Este modelo baseia-se numa consideração de drenagem parcial durante a construção


(LEROUEIL et al., 1978; TAVENAS e LEROUEIL, 1980; e LEROUEIL et al., 1990).
LEROUEIL et al., (1978) observaram através do estudo de diversos aterros sobre solos
moles o desenvolvimento do adensamento durante os primeiros estágios de carregamento.
Esta drenagem parcial durante a construção influenciaria os métodos de análise de
deslocamentos, acréscimos de poro-pressão e análise de estabilidade. Baseados na revisão
de casos históricos e num modelo de comportamento de argilas moles denominado Ylight
(TAVENAS e LEROUEIL,1980), que utiliza os conceitos de estado limite e estado crítico,
os autores do modelo propõem uma nova abordagem do comportamento real de fundações
argilosas durante e após a construção de aterros, apresentando os respectivos métodos de
análise.

Considerando um depósito de argila pré-adensada onde o solo situa-se sob o centro do


aterro, cuja razão de pré-adensamento é menor que 2,5 (OCR<2,5) e as direções das
tensões principais permanecem horizontal e vertical todo o tempo, a trajetória de tensão
efetiva seguida durante e após a construção de um aterro estável é tal como O’P’A’B’D’
apresentado na Figura II.2.

O período de construção correspondendo a O’P’A’ (para argilas pré-adensada) pode ser


dividido em duas etapas:

1- Inicialmente, devido à argila encontrar-se, pré-adensada, o adensamento ocorre


rapidamente, por apresentar uma permeabilidade maior ou, às vezes pelo solo não estar
completamente saturado. Neste estágio, as poro-pressões geradas (B1) no solo de fundação
são baixas e a trajetória de tensões efetivas mostra uma resposta drenada (O’P’);
9

2- Quando as tensões efetivas alcançam a superfície de plastificação em P’, usualmente no


momento em que ∆σ’V=∆σ’P, a argila se torna normalmente adensada, com menor
permeabilidade e maior compressibilidade, levando o comportamento da fundação para a
condição não drenada e a maiores respostas de poro-pressão (B2), seguindo a trajetória de
tensão efetiva P’A’ na superfície de plastificação da argila.

Após o final da construção (A’), durante a fase de consolidação primária, o adensamento a


longo prazo conduz a um aumento nas tensões efetivas com a tensão total vertical
permanecendo essencialmente constante seguindo uma trajetória tal como A’B’D’.
Segundo LEROUEIL et al. (1990), tal trajetória e a seqüência de respostas que ela revela
pode ser usada para analisar todo o solo de fundação, embora aquela trajetória seja
estritamente válida somente sob o centro do aterro.

Segundo LEROUEIL et al. (1990), SKEMPTON e BJERRUM (1957), notaram


corretamente que o carregamento até mesmo sob condições não drenadas, é acompanhado
por um acréscimo de tensão efetiva vertical (uma trajetória tal como O’U’, Figura II.2.)
que deveria ser levado em consideração no cálculo dos recalques ao longo do tempo. No
entanto, LEROUEIL et al. (1990) mostraram que a análise do comportamento das
fundações de diversos aterros instrumentados tem sugerido que a trajetória de tensões não
segue, em geral como O’U’, mas é bastante próximo à O’P’A’, de forma que na maioria
dos casos, tem-se ao final da construção σ’V=σ’p .

c', φ'
σ'1−σ'3
2 K0 nc

B' D'
U' F' A'
Y0
C' P'

O'

σ'vo σ'p σ'vo + σ'V


σ'1+σ'3
2

Figura II.2. Trajetória de tensões efetivas sobre o centro do aterro. (LEROUEIL et al.,
1990).
10

As poro-pressões na argila de fundação geradas durante a construção podem ser


relacionadas ao aumento de carga vertical do aterro, como indicado na Figura II.3.
Inicialmente, o acréscimo de poro-pressão ∆U é muito mais baixo que ∆σV, devido à
drenagem que ocorre nesta fase, e o coeficiente de poro-pressão B=∆U/∆σV varia com a
profundidade de acordo com a Figura II.4. Essas medidas são consideradas em uma
vertical situada no centro do aterro.

u
C'

Bf >1.0
B1 = U = 1.0
σV F'
uA
A'
B2=1.0

σ'Vcrit
P'
B1

0
σ'p-σ'vo σV crit σVA = I γr Hr σV

Figura II.3. Relação poro-pressão x tensão vertical total causada em um aterro.


(LEROUEIL et al., 1990).

B1
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
0 Limite superior
(construção rápida, argila mole saturada) OBS: A relação média
0,2 entre B1=∆u/=∆σV e Z/D
Z
D pode ser representada
0,4 pela equação:
Z/D
Média

0,6 B1=0,6-2,4(Z/D-0,5)2,
Limite inferior
(construção lenta, argila rígida ou não-saturada) onde:
0,8
Z= profundidade do
ponto para o qual B1 é
1,0

Figura II.4. Relação profundidade x coeficiente de poro-pressão B – solo com OCR<2,5.


(LEROUEIL et al., 1990).
11

No ponto P’ da Figura II.3, a tensão vertical crítica, para a qual o depósito de argila ou
parte deste se torna normalmente adensado, corresponde a uma “altura crítica
intermediária” do aterro (ponto P’) e pode ser obtida através da Expressão (II.1).

σ ' p −σ 'VO
H nc = (II.1)
I .γ r (1 − B 1 )

Onde σ’V0 = vertical efetiva inicial


σ’P = tensão de pré-adensamento no ponto sob consideração
B1= coeficiente de poro-pressão no trecho pré-adensado
γat = peso específico do material do aterro
I = fator de influência de tensão calculado da teoria da elasticidade

Acima desta altura crítica de aterro, ou seja, na fase seguinte do carregamento, é observado
que o caminho de tensões segue a trajetória P’A’ sob uma tensão efetiva vertical constante
(∆u=σV , ou B2=1), ou seja, o acréscimo de tensão vertical total é transmitido às poro-
pressões e, portanto, em nada acrescenta à tensão vertical efetiva. Já em relação às tensões
horizontais efetivas, há uma diminuição devido à geração de poro-pressão. Como
resultado, a poro-pressão no final da construção sob um aterro estável (ponto A’, Figura
II.3) é dada pela Expressão (II.2).

∆uA = I. γr.Hr – (σ’p - σ’V0) (II.2)

Quando a construção é levada à ruptura, a aproximação de ruptura local em F’ resulta


numa geração rápida de poro-pressão (Bf>1) devido à deformação da argila em direção a
seu estado crítico, seguindo a trajetória de tensão F’C’, conforme Figura II.2.

A estabilidade da fundação será garantida se as tensões efetivas durante a construção e a


longo prazo permanecem abaixo da envoltória de Mohr-Coulomb da argila normalmente
adensada. Considerando a trajetória de tensão seguida durante a ruptura (F’C’, Figura II.2),
o cálculo de estabilidade será realizado por comparação das tensões cisalhantes aplicadas
pelo aterro à fundação de solo com uma resistência ao cisalhamento a qual esteja
apropriada a esta trajetória.
12

O recalque do solo de fundação durante a construção de um aterro e a longo prazo se


desenvolve com a carga aplicada e com o tempo como mostrado na Figura II.5. Durante a
fase inicial de construção, a fundação de argila está num estado pré-adensado e se
comporta de uma maneira quase elástica com uma grande rigidez; os recalques
permanecem pequenos (próximos à condição K0) e aumentam linearmente com o aumento
da carga do aterro (OP’). Acima de altura crítica (Hnc), a argila se torna normalmente
adensada e começa a responder de uma maneira não-drenada; os recalques refletem a
rigidez inferior da fundação nessas condições (P’A’).

Após o final da construção, durante a fase de adensamento primário, a tensão total vertical
permanece essencialmente constante e a tensão efetiva vertical aumenta. O recalque ocorre
a uma taxa decrescente com o tempo controlado pelo adensamento e características do
“creep” da argila. Mesmo sem qualquer evidência experimental direta, segundo
TAVENAS et al. (1979), pode ser assumindo que a trajetória de tensões efetivas segue
A’B’D’ (Figura II.2). Observa-se que o aumento do recalque, geralmente conduz a parte
do aterro se tornar submersa, abaixo do nível d’água, e então reduzir a carga total aplicada,
desde que a unidade de peso da porção submersa seja reduzida de peso específico do aterro
(γat) para peso específico do aterro submerso (γatsub).

Os deslocamentos horizontais do solo de fundação sob o eixo do aterro mostram a mesma


seqüência de fases de comportamento, conforme Figura II.6. Inicialmente os
deslocamentos laterais gerados na fundação no seu estado pré-adensado e drenado são
baixos por comparação com recalques (OP’), desde que a trajetória de tensão seguida
esteja próxima ao estado K0, que indica a posição de repouso. Em direção ao final da
construção, quando a argila está respondendo de uma maneira não drenada normalmente
adensada, o deslocamento horizontal aumenta à mesma velocidade que o recalque.
Finalmente, a longo prazo, (A’D’) o adensamento da fundação conduz ao desenvolvimento
de deslocamentos horizontais os quais são muito mais baixos do que os recalques, com a
relação Ym/S sendo em função da geometria e da margem de estabilidade do aterro e sua
fundação.

Do ponto de vista dos métodos de análise a serem utilizados, o aspecto mais importante
deste comportamento é a existência de um período inicial durante o qual a fundação de
argila pré-adensada responde de uma maneira drenada ou parcialmente drenada. É por esta
13

razão que é necessário reexaminar os métodos clássicos de análise de comportamento de


aterros sobre solos moles durante a construção, porque esses métodos sistematicamente
admitem que a argila se comporta de uma maneira não-drenada durante a construção.

No caso de uma análise de estabilidade em aterros sobre solos moles construídos em uma
única etapa, conforme utilizado no presente trabalho o modelo tradicionalmente adotado é
o de SKEMPTON (1948), prevalecendo uma resposta não drenada.

γ rH A'
D
γ r H nc

0
T em p o
P'

A' D'
S
Figura II.5. Variações típicas no Carregamento do aterro e Recalque com o tempo.
(LEROUEIL et al., 1990).

D'
Ym
A'

S Ym
Final da camada mole
P'
0
S
Figura II.6. Relação típica entre o Deslocamento horizontal máximo (Ym) e Recalque (S)
sob o aterro. (LEROUEIL et al., 1990).
14

TAVERNAS et al (1979) propõe a utilização de um método de correlações empíricas de


recalque com deslocamentos horizontais, o qual correlaciona o recalque máximo S medido
na linha de centro do aterro com o deslocamento horizontal máximo Ym medido na vertical
sob o pé do aterro.

Para aterros construídos em uma etapa, TAVENAS et al (1979) concluíram, a partir de


cerca de 15 aterros com taludes da ordem de 1,5 a 2,5(H): 1,0(V), em depósitos com
OCR<2,5 e sem drenos verticais, que existem dois estágios sucessivos de comportamento:
a) parcialmente drenado, devido ao alto Cv inicial do solo sobre-adensado, os
deslocamentos horizontais são inicialmente bem menores que os deslocamentos verticais,
resultando na correlação Ym = (0,18±0,09) S; e b) não drenado, devido à passagem da
argila à condição normalmente adensada com decréscimo de Cv, os deslocamentos
horizontais passam a ser da mesma ordem de grandeza que os deslocamentos verticais,
resultando na correlação: ∆Ym =(0,9± 0,2) ∆S. Durante o adensamento subseqüente à
construção o deslocamento horizontal continua a aumentar linearmente com o recalque,
resultando na correlação: ∆Ym =(0,16± 0,02) ∆S.

Segundo LADD (1991) as correlações acima têm aplicabilidade limitada aos casos
analisados por TAVENAS et al (1979). LADD enfatiza que desvios significativos dos
padrões acima descritos podem ser encontrados no caso da existência de drenos verticais e
principalmente no caso de carregamento em etapas e fundações experimentando grandes
regiões de escoamento plástico. COUTINHO (1986) e COUTINHO et al. (1994)
apresentam resultados e análises de deslocamento horizontais ocorridos.

2.1.4. ADENSAMENTO SECUNDÁRIO – LACERDA e MARTINS (1985).

A compressão secundária é um dos principais fatores citados na bibliografia (LEROUEIL


et al., 1988; LEROUEIL, 1994; SCHMIDT e PACHECO, 1994) responsáveis pela
diferença entre o comportamento previsto e o comportamento em campo durante o
adensamento. A trajetória da compressão secundária está associada à dissipação de tensões
cisalhantes sob uma mesma tensão efetiva vertical e o aumento correspondente da tensão
efetiva horizontal.
15

Baseados em experimentos de laboratório, LACERDA e MARTINS (1985), sugeriram a


trajetória correspondente ao adensamento secundário, complementando a trajetória de
tensões apresentada por LEROUEIL et al. (1990), que engloba as fases durante e após a
construção até o fim do adensamento primário, quando então a trajetória de tensões alcança
a linha correspondente a K0N.

Admite-se que durante o adensamento primário, o coeficiente de empuxo no repouso de


um solo normalmente adensado (K0N) permaneça constante, e que o caminho de tensões
efetivas corresponde ao seguimento AB sobre a reta K0N , conforme mostrado na Figura
II.7, bem como a reta Kf que representa a envoltória de ruptura.

LACERDA e MARTINS (1985), baseados em evidências experimentais, HSIEH e


KAVAZANGIAN (1985) e MESRI e CASTRO (1987), acreditam que a trajetória de
tensões efetivas a ser percorrida durante o processo de adensamento secundário está sobre
BC, com K0 tendendo para 1, conforme Figura II.7.

Considerando que durante a compressão secundária a tensão vertical efetiva permanece


constante, e que toda a compressão esteja associada a um incremento de tensão efetiva
octaédrica (p’), o único meio de aumentar p’, provocando uma compressão adicional, seria
através do aumento da tensão horizontal efetiva, ou seja, o aumento de K0 ao longo da
compressão secundária. Este mecanismo está mostrado na Figura II.8.

q'
p' = σ'v + σ'h q' = σ'v - σ'h
2 2 Linha KF

Caminho de tensões
efetivas no adensamento
primário (oedométrico)
B Linha K0

C
σ'hA σ'vA σ'hB σ'vB p'
Figura II.7. Trajetória de tensões do adensamento secundário. (LACERDA e MARTINS,
1985).
16

e A
σ'vB = σ'vC
σ'h (t)
B σ'hB = σ'hC
C p' = σ'v + 2σ'h
E
3
F

σ'vB = σ'vC σ'v

Figura II.8. Representação da compressão secundária no adensamento unidimensional.


(LACERDA e MARTINS, 1985).

Um outro argumento para esse mecanismo, refere-se ao fato que, partindo-se do ponto A
na Figura II.8. uma outra alternativa para atingir o ponto C seria permitir o adensamento
até o ponto E e depois descarregamento até C. Neste caso seria gerada uma razão de sobre-
adensamento com o conseqüente aumento de K0, fenômeno amplamente conhecido na
mecânica dos solos.

Segundo LACERDA e MARTINS (1985), em argilas normalmente adensadas, com


K0N<1, há em qualquer plano (com exceção do horizontal e vertical) tensões cisalhantes.
Imagina-se que, em longo prazo as ligações entre as partículas não suportem as forças
cisalhantes nos contatos. Com isso, as tensões cisalhantes ao longo de todos os planos da
massa de solo vão se dissipando e tendendo a zero com o tempo. Isso faz com que a tensão
horizontal efetiva σ’H aumente ou ainda, que a tensão desviatória (σ’V - σ’H) diminua,
fenômeno conhecido como relaxação de tensões. O que levaria a concluir que o fenômeno
cessa quando σ’V = σ’H, ou seja K0=1.
17

2.2. COMPORTAMENTO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES PARA


ANÁLISE DE ESTABILIDADE.

2.2.1. INTRODUÇÃO

Alguns métodos, modelos e teorias são propostos na bibliografia para utilização na fase de
projeto, quanto ao comportamento e controle de aterros sobre solos moles construídos em
uma etapa, em relação à estabilidade do solo de fundação.

2.2.2. SIGNIFICADO DA ANÁLISE DE ESTABILIDADE

O fator de segurança é uma relação entre valores de grandezas, ao longo da superfície


potencial de deslizamento, que ocorreriam na ruptura e os valores destas grandezas
necessárias ao equilíbrio do talude. A definição mais utilizada para este fator é a relação
entre o esforço decorrente da resistência ao cisalhamento disponível do solo e ao esforço
de cisalhamento necessário ao equilíbrio do talude, ao longo da superfície potencial de
deslizamento.

O comportamento dos solos saturados é determinado pelas tensões efetivas a que estiverem
submetidos. As tensões efetivas refletem as forças que se transmitem de grão-a-grão, das
quais resultam as deformações do solo e a mobilização da resistência. Esta resulta,
principalmente, do atrito entre as partículas e do seu rolamento e re-acomodação,
conseqüentes das forças transmitidas de partícula a partícula.

Para o conhecimento das tensões efetivas, é necessário o conhecimento da pressão da água


dos poros (poro-pressões), não só as devido ao nível d’água e a redes de percolação, como
também as resultantes do próprio carregamento. Quando as poro-pressões podem ser
conhecidas com razoável precisão, como, por exemplo, pela observação do comportamento
de obra semelhante, a análise por tensões efetivas é sempre preferível. Entretanto, como a
estimativa das poro-pressões pode ser muito difícil, realizam-se, com freqüência, análises
de estabilidade em termos de tensões totais atuantes.
18

Para análise em termos de tensões totais, realizam-se ensaios não drenados, procurando
representar o problema específico, e analisam-se resultados em termos das tensões
aplicadas. Admite-se, implicitamente, que as poro-pressões que surgem nestes ensaios são
semelhante às poro-pressões que surgiriam no carregamento real no campo. Diversos
autores (BISHOP e BJERRUM, 1960; BJERRUM, 1972 e 1973; e LADD e FOOTT,
1974), são partidários da análise da estabilidade em termos de tensões totais, pois esta
análise se torna mais precisa por ser mais simples e pelo fato de seus dados serem mais
facilmente determináveis. SCHEMERTMANN (1975 e 1977) critica esta posição
considerando que a ruptura dos solos é controlada pelas tensões efetivas. ORTIGÃO
(1980) e COUTINHO (1986) discutem e apresentam resultados referentes aos dois tipos de
análises.

Para se efetuar a análise da estabilidade em tensões totais de aterro sobre solos moles são
necessários os seguintes dados: geometria de fundação e do aterro; peso específico
aparente e parâmetros de resistência do material do aterro; perfil geotécnico da fundação;
valor da resistência não drenada da fundação e sua variação com a profundidade, e o peso
específico aparente total do solo da fundação; e método de cálculo e procedimentos para
obtenção do fator de segurança mínimo.

A resistência não drenada do solo de fundação (Su) é o parâmetro geotécnico mais


importante a ser considerado em uma análise de estabilidade. Qualquer oscilação em seu
valor pode comprometer a estabilidade da obra. E nas argilas moles, diversos fatores
influenciam a Su em intensidade bem superior a 30% (PINTO, 1994).

Análise de estabilidade geralmente é realizada utilizando métodos de fatias e com o apoio


de programas de computador, através dos métodos de Bishop Simplificado, quando forem
previstas superfícies potenciais de ruptura do tipo circular. Quando forem previstas
superfícies potenciais de ruptura do tipo não circular os métodos mais utilizados são o de
Spencer e/ou Morgenstern and Price, e para casos mais simples, o método de Janbu
Simplificado tem sido indicado. Podem ser empregados alguns ábacos como: ábacos de
Pilot e Moreau (1973), para aterros com altura superior a 3,0m, que consideram a
resistência do aterro (φat ≠ 0; cat = 0) e admitem o valor de Su da argila mole constante com
a profundidade. No caso de aterros com altura inferior a 3,0m, dos ábacos de Pinto, que
desprezam a resistência do aterro, mas admitem Su crescente com a profundidade.
19

Nos projetos de aterros sobre solos moles os fatores de segurança (FS) adotados na prática
são da ordem de 1,5. Poderão ser adotados FS de até 1,3 apenas quando as deformações
forem toleráveis, devendo tais valores serem justificados. No caso de solos muito moles,
ou quando existirem significativas incertezas, é recomendado FS > 1,5 (COUTINHO,
2004).

Se a altura máxima admissível do aterro calculada em (a) for igual ou superior à altura
necessária em projeto, o aterro poderá ser construído em uma etapa sem alteração da
geometria. Se for inferior, o aterro deverá ser construído em etapas ou com outra solução
técnica adequada (ver exemplos em COUTINHO, 1986).

2.2.3. TIPOS DE INSTABILIZAÇÃO

Em aterros sobre solos moles são usualmente consideradas três classes de ruptura, como
mostrado na Figura II.9 (JEWELL, 1982).

(a) INSTABILIZAÇÃO
INTERNA

(b) INSTABILIZAÇÃO
DE FUNDAÇÃO

INSTABILIZAÇÃO
(c) GLOBAL

Figura II.9. Classes de ruptura de aterros sobre solos moles (JEWELL, 1982)

(a) Instabilidade interna: ruptura apenas com deslocamento lateral do aterro;


(b) Instabilidade da fundação: ruptura (ou extrusão) da fundação sob aterro intacto;
(c) Instabilidade global: ruptura do conjunto aterro-fundação em superfície de ruptura bem
definida.
20

Na instabilidade global, a análise de estabilidade do mecanismo de ruptura combinada é


realizada através dos métodos de equilíbrio limite. No aterro são utilizados parâmetros
efetivos (c’ e φ’) e, no solo de fundação, são utilizados os parâmetros em tensões totais.

No caso da instabilidade da fundação, esta pode ser avaliada através de métodos


simplificados de análise de estabilidade do solo de fundação, baseados na teoria de
capacidade de carga TERZAGHI (1943) e na limitação das deformações plásticas (que
podem ser prejudiciais às estruturas adjacentes). Exige o conhecimento apenas da
resistência não-drenada do solo de fundação, razão pela qual é recomendada para aterros
construídos em uma etapa.

2.2.4. MÉTODOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE

Quanto ao método de análise a ser empregado, existem desde o mais simples, para uma
análise expedita, até o mais complexo, envolvendo o uso de computadores. DUNCAN e
POULOS (1977) consideram cinco categorias em que se enquadrariam os métodos de
avaliação da estabilidade:

1. Estimativa baseada somente na experiência com a mesma argila ou argila similar;


2. Análise através de fórmula simples de capacidade de carga;
3. Análise da estabilidade empregando ábacos simples;
4. Análise por método de equilíbrio limite;
5. Análise através do método dos elementos finitos.

O método que utiliza a capacidade de carga e o método que emprega ábacos são de fácil
aplicação e, por isso vantajosos para análise expedita, embora seja difícil, através dos
mesmos, analisar geometrias complexas com ocorrência de vários materiais diferentes.

A grande maioria das soluções usuais de análise da estabilidade se enquadra no método de


equilíbrio limite. Neste método considera-se o equilíbrio de uma porção do talude
delimitada pela superfície potencial de ruptura ao longo da qual se verifica a estabilidade.
Admite-se que o estado de ruptura do solo seja definido pelo Critério de Mohr-Coulomb.
21

Estabelecendo as condições de equilíbrio do maciço delimitado, se determina a tensão


cisalhante necessária ao equilíbrio após se estabelecer algumas hipóteses adicionais. Estas
tensões cisalhantes comparadas com as tensões cisalhantes disponíveis, correspondentes à
resistência dos solos, fornecem o valor do fator de segurança.

A análise da estabilidade através do método dos elementos finitos é mais sofisticada. É


possível considerar geometria e materiais quaisquer, permitindo-se admitir alguns fatores
que foram desprezados pelos métodos anteriormente citados.

O método de análise em elementos finitos emprega conceito de critério de escoamento dos


materiais e suas leis de fluxo associadas. A informação principal fornecida por este
método é de poder visualizar o mecanismo de ruptura do problema a partir do qual possam
ser aplicados métodos mais imediatos de solução. O método das linhas de deslizamento
considera as condições de equilíbrio, a condição de ruptura ou de escoamento dos materiais
e as condições de fronteira. Para os casos de deformação são utilizadas diversas técnicas
analíticas e/ou numéricas algumas vezes bastante sofisticadas, que tornam este método
pouco utilizado na prática corrente. Segundo COUTINHO (1986), o método dos elementos
finitos permite levar em conta a verdadeira geometria do problema, a estratificação da
fundação, a interação entre aterro-fundação, e o comportamento não-linear e/ou
anisotrópicos da argila.

Comparações efetuadas (WRIGHT et al., 1973) entre os fatores de segurança obtidos pelos
métodos de equilíbrio limite e pelo método de elementos finitos indicaram variações de
10% mostrando que os métodos convencionais de equilíbrio limite são suficientemente
precisos para os interesses práticos. Desta forma, o método dos elementos finitos somente
vem sendo aplicado neste tipo de problema, para a interpretação mais completa de dados
da instrumentação e em projetos de grande porte.

Os principais métodos empregados no cálculo de estabilidade de taludes são mostrados na


Tabela II.1. e subdivididos em métodos lineares e não-lineares (DUNCAN e POULOS,
1977) .
22

Tabela II.1. Principais Métodos de Análise de Estabilidade de Taludes


• Taludes Infinitos
• Método de Culmann
MÉTODOS LINEARES
• Método de Rendulic
(NÃO CONSIDERA FATIAS)
• Método do Circulo de Atrito
• Método de Ordinary (Fellenius)
• Método de Bishop
• Método de Bishop Modificado
• Método de Spencer
MÉTODOS NÃO-LINEARES
• Método de Morgenstern e Price
(CONSIDERA FATIAS)
• Método de Janbu
• Método de Sarma
• Método de Cunhas

Uma ruptura de um aterro é sempre uma oportunidade de se aferir a metodologia


empregada: o fator de segurança a ser obtido em uma análise a posteriori da ruptura deverá
ser igual à unidade.

A seguir serão apresentados de forma sucinta, alguns exemplos de métodos de análise de


estabilidade indicados no item 2.2.4.

(a) DETERMINAÇÃO DA ALTURA CRÍTICA DO ATERRO E/OU DO FATOR


DE SEGURANÇA ATRAVÉS DA FORMULAÇÃO DA CAPACIDADE DE CARGA

Uma estimativa inicial da altura crítica Hc de um aterro sobre argila mole pode ser feita
baseando-se na teoria de capacidade de carga de TERZAGHI (1943). No caso de depósitos
profundos, a altura crítica é calculada em relação à largura do aterro através da Equação
(II.3) e a altura admissível calculada através da Equação (II.4).

N C ⋅ SU
HC = (II.3)
γ AT
N C ⋅ SU
H adm = (II.4)
FS ⋅ γ AT

N c × Su
FS = (II.5)
γ at × Hc
23

Onde:
NC = fator de capacidade de carga: NC=π+2=5,14 para aterros com a relação B/H<1,5
(B=largura média do aterro e H=espessura da camada de solo mole)
SU = resistência não drenada representativa da camada de argila envolvida na ruptura
γat = peso específico do material do aterro

No caso de aterros com largura média B da base grande em relação à espessura da camada
H, ou seja, B/H>1,5, deve-se utilizar o ábaco indicado na Figura II.10 para a obtenção do
valor do fator de capacidade de carga.

δhc
Nc =
Su

5
π +2 B

h Su

1,49 B
0 10
5 h
Figura II.10. Ábaco para cálculo de altura crítica de aterros (TERZAGHI, 1943).

A altura do aterro será então Hadm, considerando-se um determinado fator de segurança FS


(geralmente de 1,5). O valor de Hadm assim definido despreza os efeitos da inclinação do
talude, da resistência do aterro e da variação de SU com a profundidade, mas pode ser útil
em cálculos preliminares.

DUCAN e POULOS (1977) consideram que apesar das limitações, a simplicidade dessa
fórmula a torna útil para muitas situações práticas, e sua acurácia pode ser melhorada
consideravelmente por meio de ajustamento com experiências.

ORTIGÃO (1980) e COUTINHO (1986) utilizaram esta formulação (considerando


NC=5,5) para retroanálise do valor de SU em campo, e os resultados obtidos apresentaram
boa aproximação com os resultados médios obtidos do ensaio de palheta de campo.
24

(b) ANÁLISE DA ESTABILIDADE EMPREGANDO ÁBACOS SIMPLES

(b.1) ÁBACOS DE PILLOT e MOREAU (1973)

PILLOT e MOREAU (1973) desenvolveram vários ábacos, incluindo casos de aterros com
bermas de equilíbrio onde a resistência da fundação é considerada constante e a resistência
do aterro pode ser expressa de duas formas:
(1) Considerando-o como material não coesivo (c = 0, φ ≠ 0);
(2) Considerando coesão no aterro igual à metade da resistência da fundação (c = Su/2,
φ≠0).

A Figura II.11. apresenta três ábacos para um aterro simples, com φ = 35º e três
inclinações de taludes.
3,0 3,0
1V/1,5H 1V/2H
N=0,4 N=0,4
2,0 2,0
N=0,3 N=0,3
1,5 1,5

FS N=0,2 FS N=0,2

1,0 1,0
0,9 0,9
0,8 0,8
0,7 0,7
N=0,1 N=0,1
0,6 0,6
0,5 0,5
0 0,5 1 1,5 0 0,5 1 1,5
h/H h/H

3,0
1V/3H
N=0,4
2,0
N=0,3
n
1,5
H 1

FS N=0,2

1,0 h
Su = Cte
0,9
0,8
0,7
N=0,1
0,6
0,5
1

Figura II.11. Ábaco para análise de estabilidade de aterro sobre depósito com resistência
constante com a profundidade (PILLOT e MOREAU, 1973).
25

Na retroanálise do aterro experimental de Sarapuí, ORTIGÃO (1980) considerou a


resistência do aterro em ambas maneiras conforme citada acima. Os resultados encontrados
foram praticamente idênticos. O valor da Su correspondente ao FS=1, foi bem próximo do
valor médio dos ensaios de palheta de campo.

(b.2) ÁBACOS DE PINTO (1966)

O ábaco de PINTO (1966), mostrado na Figura II.12, para análise de estabilidade de aterro
sobre depósito, consiste no cálculo do FS considerando o crescimento da resistência com a
profundidade, que é uma característica comum nos depósitos de argilas moles.

Esses ábacos não consideram a resistência do aterro, mas podem ser úteis no caso de
aterros baixos, situação em que a parcela de resistência proporcionada pelos mesmos será
relativamente pequena em comparação com a parcela devido à massa de argila.

O autor considera os aterros como caracterizados pela altura H e pela projeção d do talude
no eixo horizontal. A pressão que leva o terreno à ruptura é, segundo a Expressão (II.6):

qr = N co × co (II.6)

onde Nco é o fator de carga e, co é a coesão na superfície do terreno.

O fator de carga é apresentado na forma de ábacos, onde se constata que:

a) a solução de Fellenius é um caso particular dessa solução mais geral. Se c1=0 (coesão
constante) tem-se Nco=5,5;
b) quanto menor o valor de D, espessura da camada de argila mole, maior o valor de Nco, e
maior a altura do aterro que se pode lançar sem que o solo se rompa; e
c) para taludes bastante íngremes, em que d tende a 0, a altura crítica atinge o seu máximo
valor. Só se pode tirar partido do crescimento linear da coesão com a profundidade na
medida em que d > 0. Ademais o talude funciona como uma berma. Quando o talude for
muito abatido, ou seja, d for grande, torna-se recomendado o uso de bermas por razões
construtivas (PINTO, 1994).
26

Esses ábacos são citados por COUTINHO (1986), entretanto como a resistência de
fundação é admitida crescente com a profundidade, o autor considerou seu uso inadequado
para o trabalho desenvolvido pelo mesmo. PINTO (1994) comenta que ainda que se
disponha de programas de fácil aplicação na análise de estabilidade, estes ábacos tem sido
úteis em casos reais de projetos de aterros.

a) aterro sem berma b) aterro com berma


Figura II.12. Ábaco de Pinto para aterros sobre solos moles (PINTO, 1994).

(c) MÉTODOS DE EQUILÍBRIO LIMITE

A análise de estabilidade de aterros sobre solos moles é usualmente realizada usando-se


vários métodos de equilíbrio limite. A maioria dos métodos enquadrados neste tipo
considera a massa de solo dividida em fatias, nas quais as forças atuantes deverão
satisfazer uma ou mais das seguintes condições:
- equilíbrio de momentos;
- equilíbrio de forças horizontais;
- equilíbrio de forças verticais.
27

Os métodos de equilíbrio limite partem do seguinte pressuposto (MASSAD, 2003):


- o solo se comporta como material rígido plástico, isto é, rompe-se bruscamente sem se
deformar;
- as equações de equilíbrio estático são válidas até a iminência da ruptura, quando, na
realidade, o processo é dinâmico;
- o coeficiente de segurança é constante ao longo da linha de ruptura, isto é ignoram-se
eventuais fenômenos de ruptura progressiva.

(c.1) MÉTODO BISHOP MODIFICADO

O Método de Bishop Simplificado tem sido o mais utilizado para os casos de análises de
estabilidade de aterros sobre argila mole onde a provável superfície de ruptura é circular,
devido à acurácia de seus resultados e os erros serem em geral pequenos, apresentando
várias vantagens sobre outros métodos mais sofisticados. O fator de segurança FS é
calculado pelo quociente entre momento resistente e momento atuante conforme a Equação
(II.10).

O método de Bishop Simplificado admite a hipótese de superfície de ruptura circular,


centrada num ponto O de raio R., e de uma massa deslizante dividida em fatias, não
apresentando forças de cisalhamento entre elas (Figura II.13). É o mais utilizado, porque
calcula o fator de segurança para qualquer tipo de solo, e é usado em comparação com
outros métodos mais sofisticados. Quando se analisa o momento total de equilíbrio em
relação ao ponto O, obtêm-se uma expressão para o fator de segurança, assumindo que as
forças entre as fatias (Q) são horizontais.

Para o caso de percolação não nula, têm-se através das condições de equilíbrio:

∑ Fy = 0 (somatório das forças verticais igual a zero) (II.7)

∑ M0 = 0 (somatório dos momentos igual a zero) (II.8)

Critério de ruptura: s = c'+(σ − u ).tgφ ' (II.9)

s
Resistências mobilizadas: τ ( sm ) = (II.10)
FS
28

Equilíbrio de forças: P. cosα + T.senα = W − ( X R − XC ) , sendo X R = X C = 0 . (II.11)

Equilíbrio de momentos: ∑W.R.senα = ∑T.R (II.12)

  Wi  
∑ c b +  cosα
i i
i
− ui bi  tan φ´
 
Então: FS =   tan φ tan α   (II.13)
∑ Wi senα i 1 + 
 
i
F
i
 
 

O fator de segurança é estabelecido conforme Equação (II.19):

1  Cí .bi + (Wi − ui.bi ).tgφí 


∑W sen αi ∑ 
FS =  (II.14)
mαi 

 tgαi.tgφí 
Onde: mαi = cos αi.1 +  (II.15)
 FS 

b
EL W XR
XL ER

T
P

Figura II.13. Análise de estabilidade de superfícies circulares pelo Método de Bishop


Simplificado.

A Figura II.14 representa um caso típico de aterro com 5m de altura, dotado de uma berma
de 2m de altura e 10m de largura, assentado sobre um depósito com nível d’água na
superfície do terreno e constituído de uma camada superficial de areia com 2 m de
espessura, seguida de duas camadas de argila, sendo uma muito mole, com 2m de
espessura e resistência não drenada constante e igual a 5 kPa, e a outra mais resistente, com
29

6m de espessura e resistência não drenada crescente linearmente com a profundidade (10 a


20 kPa). A posição do círculo de ruptura foi escolhida com 22m de raio, tangenciando o
limite da camada argilosa inferior e dividido em 11 fatias, aproveitando os pontos de
mudanças de camadas.

(R = 22)

α7 α6
α8 α5 α4
α10 α9 α3 α2 α1
α11
4 2 1 ATERRO
+2.0 3
5
NA=0 h1=3,5
8 7 6
0 11 h2=2
AREIA 10 9
0 5 10 15 20
2
Su (kPa)
ARGILA 1 h3=2
4
h4=4
ARGILA 2

10
AREIA Z (m)
Z (m)

Figura II.14. Exemplo de cálculo pelo Método de Bishop Simplificado (DNER/IPR, 1990).

Atualmente, a análise de estabilidade é realizada em computadores através de programas


de cálculo, possibilitando o uso de um número maior de fatias, fornecendo maior precisão.
Em casos onde diferentes tipos de solos são envolvidos, a pressão vertical é calculada na
base de cada fatia.

Os problemas algumas vezes associados à solução matemática do método de Bishop


Simplificado (WHITMAN e BAILEY, 1967) devem ser considerados. PALMEIRA e
ALMEIDA (1979) discutiram a superação desses problemas para o caso específico de
aterros sobre solos moles.

ORTIGÃO (1980), no aterro Experimental da Sarapui, e COUTINHO (1986), no Aterro


Experimental de Juturnaíba, utilizaram o método de Bishop Simplificado em suas análises
de estabilidade (tensões totais e efetivas), com o auxílio de um programa de computador.
30

(c.2) MÉTODO DE JANBU SIMPLIFICADO

Quando a heterogeneidade da fundação ou outras condições geométricas indicam a


possibilidade de ocorrência de superfícies de ruptura não circulares, um dos métodos
indicado para cálculo da estabilidade é o Método de Janbu Simplificado. A Figura II.15
mostra as forças e os momentos consideradas neste cálculo.

b
EL W XR
XL ER

T
P α

Figura II.15. Análise de estabilidade de superfícies não circulares pelo Método de Janbu
Simplificado.

As hipóteses simplificadoras consideram:


- o equilíbrio das forças atuantes em cada fatia;
- as forças laterais entre fatias (EL e ER) são assumidas horizontais;
- as forças cisalhantes atuantes nas laterais de cada fatia são nulas (XL=XR=0).

Neste método, o cálculo é realizado de forma muito semelhante à do Método de Bishop


Simplificado, tendo como diferença a introdução do fator de correção (fo) na expressão
geral do fator de segurança (Equação II.17). O valor de fo, conforme Janbu, depende da
relação d/Le do tipo predominante do solo (Figura II.16).

  Wi  
∑ c b +  cosα
i i − uibi  tan φ ´

  i 
FScalc = (II.16)
  tan φi tan α i  
∑ Wi sen α i 1 + 
F
 
   

FScorrig = fo × FScalc (II.17)


31

Figura II.16. Determinação do fator de correção fo do Método Janbu Simplificado


BROMHEAD (2000).

A Figura II.17 mostra um exemplo de um talude onde a superfície de ruptura não circular
passa em sua maior parte na camada horizontal de menor resistência.

L = 35m

+2.0 ATERRO
4 3 2 1
NA=0 α1=45 +φ1/2=55
5 h1=3,5
6
0
AREIA 8 7 h2=2 α2=45 +φ2/2=89
d=9

h4=4
α8=45-φ8/2=31 0 5 10 15 20
2
m

h3=2 α3=45 Su (kPa)


ARGILA 1
α7=45
4

ARGILA 2

10
AREIA
Z (m) Z (m)

Figura II.17 Exemplo de análise de estabilidade pelo método de Janbu Simplificado


(DNER/IPR, 1990).
32

(c.3) MÉTODO DE SPENCER

Esse método pode ser aplicado a qualquer tipo de solo, sendo indicado para taludes não-
homogêneos com superfície de ruptura circular e não-circular. Fornece valores próximos
ao de Bishop Modificado, por isso é pouco utilizado para superfícies circulares.

É assumido que a ruptura ocorre pela rotação de um bloco de solo numa superfície
cilíndrica centrada no ponto O (Figura II.18). Considera-se, para cada fatia, uma resultante
Q das forças que são paralelas entre si. Essa resultante atua no centro da base da fatia e
forma, com a horizontal, um ângulo de inclinação constante. Examinando o momento de
equilíbrio e as forças de equilíbrio duas expressões são obtidas para o fator de segurança.

b
F

F0
W Zi+1 h
FM
F1 yn+1 T/F
Z yn α
θ θ
N
(C/F)bsenα Q
(N'tgφ)/F α
φm
N'
W
ubsecα
θ
Zi Q
Zi+1

Figura II.18. Análise de estabilidade pelo Método de Spencer.

Para determinar o FS por esse método, calcula-se separadamente esse fator por meio da
Equação (II.18) e do momento dessas forças em torno do centro O da massa deslizante.
Obtém-se um fator de segurança que atende ao equilíbrio das forças (FSf) e de outro que
atende ao equilíbrio do momento (FSm). O valor do fator de segurança é aquele
correspondente ao valor de θ que satisfaz as duas equações de equilíbrio mencionadas.
33

Arbitra-se um valor para θ, e calcula-se o FSf que satisfaz ΣQ = 0.

c.b tgφ
.senα + .(W cos α − u.b. sec α ) − Wsenα
Q = FS FS
(II.18)
 tgφ 
cos(α − θ ).1 + .tg (α − θ )
 FS 

Calcula-se o FSm que satisfaz:


ΣQ.cos(α-θ)=0.
Repete-se o processo com outros valores até que FSf = FSm = FS.

(c.4) MÉTODO DAS CUNHAS DESLIZANTES

Consiste num método de simples aplicação (Equação II.19) e que se baseia no equilíbrio de
forças horizontais apresentado nos manuais Corps of Engineers (1970) e NAVFAC (1971).

0,5δ at H 2 (1 − Ka ) + 2CH cos(45 + φ / 2) / cos(45 + φ / 2) + Su (4 D + L)


FS = (II.19)
δ at H (0,5 + D)

Onde:
FS = fator de segurança
H = altura do aterro
c, φ, δat = coesão, ângulo de atrito e peso específico do aterro.
Ka = coeficiente de empuxo ativo do aterro, dado pela equação Ka = tan2 (45 - φ/2)
D = profundidade da superfície de ruptura
L = comprimento do trecho horizontal da superfície de ruptura

Os valores dos parâmetros D e L são obtidos conforme a Figura II.19. Na ruptura FS = 1 e,


daí é possível obter Su pela equação acima.

ORTIGÃO (1980) realizou a retroanálise de Su, considerando FS=1 na ruptura. O valor de


Su calculado através desse método, se aproximou do valor médio representativo para toda
a camada, conforme resultados dos ensaios de palheta de campo.
34

Lmín

1
Nº da fatia
H

45º+φ /2 ATERRO NT
Ka = tan2 (45-φ'/2)

2 4
D
SUPERFÍCIE
45º 3 DE RUPTURA

Figura II.19. Análise de estabilidade de aterros sobre argila mole – Método das Cunhas
Deslizantes.

Além da retroanálise de valor de Su, é interessante também verificar a influência no fator


de segurança, da geometria considerada para análise do aterro, pelo método das cunhas. As
seguintes conclusões podem ser obtidas (ORTIGÃO, 1980):

(1) FS diminui com o aumento de D, isto é, com a profundidade da superfície de ruptura;


(2) FS aumenta com L, isto é, com o comprimento do trecho horizontal da superfície de
ruptura.

2.2.5 DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA E USO EM


PROJETOS DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES.

Na análise de estabilidade de um aterro construído sobre uma argila mole, é necessário


conhecer a resistência do solo (tensão cisalhante de ruptura) no estado em que o solo se
encontra. Como se mostra na Figura II.20, o problema é verificar se a resistência do solo
ao longo de uma superfície hipotética de ruptura é suficiente para resistir à tendência de
escorregamento provocada pelo peso do aterro. Na modelagem tradicionalmente adotada
(SKEMPTON, 1948), uma eventual ruptura ocorreria antes de ocorrer drenagem
35

significativa. Portanto a resistência que interessa é aquela que existe em cada ponto do
terreno, da maneira como ele se encontra.

Su Su
Su Su
Su Su

Figura II.20. Análise da estabilidade de um aterro sobre argila mole, em que a resistência
que interessa é a resistência não drenada, Su da argila (PINTO, 2000).

A argila no estado natural se encontra sob uma tensão vertical efetiva que depende de sua
profundidade, da posição do nível d’água e do peso específico dos materiais que estão
acima dela. Seu índice de vazios depende da tensão vertical efetiva e das tensões efetivas
que já atuaram sobre ela, e de sua estrutura. Depende também, do adensamento secundário
que o solo sofreu.

As argilas sedimentares se formam com elevados índices de vazios. O comportamento


tensão-deformação no carregamento axial de uma argila dependerá da situação relativa da
tensão confinante perante a sua tensão de pré-adensamento. PINTO (2000) relata que não
existem argilas sedimentares normalmente adensadas sob o ponto de vista de
comportamento tensão-deformação, a não ser argilas que tenham sido carregadas muito
recentemente, como, por exemplo, pela construção de um aterro, e que não tiveram tempo
de desenvolver seus recalques por adensamento.

A atração química entre as partículas de um solo pode provocar uma resistência


independente da tensão normal atuante no plano e que constitui uma coesão real. A parcela
de coesão em solos sedimentares, em geral, é muito pequena perante a resistência devido
ao atrito entre os grãos. Entretanto, existem solos naturalmente cimentados por agentes
36

diversos, entre os quais os solos evoluídos pedologicamente, que apresentam parcelas de


coesão real de valor significativo.

As características da resistência não drenada de argilas moles são importantes para a


análise das alternativas de obtenção do parâmetro de resistência a adotar para um projeto
de aterro. O primeiro aspecto a considerar é que não existe um único valor de resistência
não drenada de uma argila. Seu valor depende do modo de ruptura, da velocidade de
deformação, da anisotropia, da temperatura, da história de tensões e da estruturação da
argila, entre outros fatores (BJERRUM ,1973; LADD et al., 1977).

Sob o ponto de vista pragmático, o valor de resistência mais correto é aquele que confere
um coeficiente de segurança igual a um, em análise por método bem definido, quando o
aterro se encontra na situação de ruptura. A retro-análise de rupturas bem documentadas é
o elemento básico para convalidar um procedimento de escolha de parâmetro.

Diversas considerações devem ser feitas sobre a resistência não drenada e sua obtenção a
partir de ensaios em relação aos fatores que afetam seu valor:

a) Amostragem
A operação de retirada do subsolo afeta a qualidade da amostra, inicialmente pela mudança
do estado anisotrópico de tensões (σv’ diferente de σh’) no campo para o estado isotrópico.
Perturbações mecânicas por ocasião da penetração do amostrador, da extração da amostra
do próprio amostrador e da moldagem dos corpos de prova são inevitáveis. Elas são tanto
maiores quanto mais sensitiva for a amostra. Em conseqüência, a resistência tende a ser
menor do que a real de campo.

O amolgamento das amostras utilizadas nos ensaios de adensamento pode fornecer


parâmetros inconsistentes com a realidade. LUNNE et al. (1997) sugerem como parâmetro
de quantificação e avaliação da qualidade da amostra a deformação específica
correspondente a σ’V0 dada pela Equação (II.20).

e0 − eσ 'VO
εσ ' = (II.20)
VO
1 + e0
37

Onde: e0 = índice de vazios inicial


eσ’V0 = índice de vazios para σ’V0
eσ’VF = índice de vazios para σ’VF

A Figura II.21 apresenta curvas de adensamento de boa, média e má qualidade


(OLIVEIRA et al., 2000), classificadas através de εσ’V0 (deformação específica para σ’V0)
de acordo com critério do N.G.I. (LUNNE et al., 1997). Pode-se observar nitidamente a
diminuição da tensão de pré-adensamento e da razão de compressão com a diminuição da
qualidade da amostra (aumento do valor de εσ’V0 ). Considerando a proposta de LUNNE et
al.(1997) muito rigorosa para argilas moles do Recife, COUTINHO et al. (2001) a partir
de experiência local, modificaram as faixas consideradas como de amostras satisfatórias e
não satisfatórias.

0 !,
'
!,'
!'
,! '
!'
-10 , !
Deformação Vertical (%)

σ'vo , '
-20
,!
-30
' ,'
! ' !
-40 ! ' ,'
!!
-50 Shelby-100 mm: 13,00 a 13,75 m
Sherbrooke: 12,9 a 13,20 m
Shelby-60 mm: 12,6 m(Amorim Jr.,1975)
-60
1 10 100 1000 10000
Tensão Vertical Efetiva, σ'v (kPa)

Figura II.21. Curvas de compressão para diferentes amostradores – Clube Internacional -


Recife/PE (OLIVEIRA et al., 2000)

b) Estocagem
Segundo PINTO (2000), a experiência tem mostrado que as amostras não conservam as
tensões neutras negativas, mesmo que não haja drenagem. A perda da pressão neutra
negativa decorre de um rearranjo estrutural das partículas, vencendo-se algumas das forças
transmitidas pela água adsorvida. Caindo a pressão neutra negativa, diminui a tensão
38

confinante efetiva e, conseqüentemente, a resistência. À medida que a tensão efetiva vai


diminuindo, o solo vai ficando mais sobre-adensado. A resistência e o índice de vazios são
mais dependentes da tensão de pré-adensamento do que da tensão efetiva atuante.

c) Anisotropia
Numa situação como na Figura II.22 (a), ao longo da hipotética curva de ruptura, o solo
apresenta resistências diferentes, dependendo da direção e do sentido do esforço aplicado e
do deslocamento. Reconhece-se, em princípio três situações: a ativa, abaixo da área
carregada, quando ocorre um aumento de tensão na direção da tensão vertical; a de
cisalhamento simples, em que o deslocamento é paralelo ao plano horizontal; e a passiva,
ao lado da área carregada, quando a solicitação é maior na direção da tensão horizontal.
Ensaios específicos para cada uma destas situações podem ser feitos, sendo eles
denominados de ensaios de compressão, de cisalhamento simples e de extensão,
respectivamente para as três situações. A resistência numa situação de compressão triaxial
é sempre superior à obtida em extensão triaxial, sendo a relação tanto maior quanto menos
plástico for o solo, podendo esta relação ser superior a dois.

Resultados de ensaios de diversas procedências plotados na Figura II.22 (b) mostram que
as resistências são sensivelmente diferentes para as três situações, segundo a técnica
empregada, em virtude das tensões induzidas. Para projeto, a resistência não drenada
representativa a ser mobilizada seria, em princípio, uma média das três situações
consideradas.

Figura II.22. Solicitações no terreno por efeito de carregamento na superfície; (a) tipos de
solicitação; (b) resultados típicos para cada solicitação (PINTO, 2000).
39

d) Tempo de solicitação
Investigações de campo e laboratório mostraram que a resistência depende da velocidade
de carregamento (ou do tempo ocorrido entre o início do carregamento e a ruptura).
Ensaios de BJERRUM (1972), assim como de ORTIGÃO (1980) e COUTINHO (1986)
com solos da Baixada Fluminense, mostram que a resistência varia cerca de 10 a 15% por
ciclo de variação do tempo de carregamento; quando a solicitação é feita num tempo 10
vezes mais longo, a resistência é 10 a 15% menor. Este fenômeno é explicado por
BJERRUM (1972) com base na não permanência definitiva de ligações argila-argila no
complexo de forças transmitidas entre as partículas do solo. Por esta razão, o efeito é tão
mais sensível quanto mais argiloso é o solo.

A Figura II.23 estão apresentadas, esquematicamente, resultados de ensaios de compressão


não drenada de uma argila com velocidades diferentes, expressas pelo tempo decorrido até
a ruptura. Observa-se que quanto mais lento o carregamento, menor a resistência não
drenada. Entretanto é importante verificar o efeito do adensamento com o tempo, ou seja,
havendo drenagem, as tensões efetivas aumentam, conseqüentemente aumenta o valor da
resistência não drenada.

Figura II.23. Resultados de ensaios de compressão com diferentes velocidades e


coeficientes de segurança para as respectivas resistências (PINTO, 2000).
40

Mantida a condição de não-drenagem, construindo-se um aterro rapidamente, a ruptura só


ocorre para alturas do aterro maiores do que a altura que provoca ruptura se a construção
for lenta, ou que, construindo-se um aterro com uma altura definida, o coeficiente é tanto
maior quanto mais rápida a construção. Se um carregamento é feito rapidamente, sem
ruptura, passa a ocorrer uma deformação lenta, que pode levar à ruptura em data posterior,
se o adensamento que se segue ao carregamento não vier elevar a resistência, antes que a
ruptura ocorra. Isto porque, logo após a construção rápida, dois fatores passam a ocorrer:
de um lado as ligações argila-argila passam a se desfazer lentamente, de outro, a dissipação
da pressão neutra diminui o índice de vazios e aumenta a resistência. A longo prazo a
estabilidade será aumentada, mas a curto prazo, ela poderá ser diminuída. Ver Figura II.24.

ATERRO H
NT=NA

Argila mole P
Su, C' e φ

σ
H

Tc TEMPO

Tc TEMPO

µ
NA
µo

Tc TEMPO

FS

FScrít

Tc TEMPO

Figura II.24. Variação nas tensões cisalhalhantes, poro-pressão e fator de segurança


durante e após a construção de um aterro (BISHOP e BJERRUM, 1960).
41

É importante também lembrar sobre a possível variação ao longo de seções longitudinal


e/ou transversal da resistência não drenada em um trecho de solos moles. COUTINHO et
al. (1998c) citam que na Barragem de Juturnaíba, os resultados dos ensaios de palheta de
campo realizados em áreas muito próximas são concordantes. Já em áreas distantes a 100
m, a variação de Su é bem visível (Figura II.25). Ao longo da profundidade, verifica-se a
tendência de aumento da Su. A camada superficial, mostra-se endurecida, devido à um
possível ressecamento natural, mostrando claramente o adensamento da camada devido ao
peso próprio e uma possível drenagem, já que existe uma camada drenante inferior à
camada mole.

Figura II.25. Resultados de Su da Barragem de Juturnaíba – trechos II, III-2 e V.


(COUTINHO et al., 1998c).

2.2.6. PROPOSTAS PARA OBTENÇÃO DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA

Verifica-se que a variação da resistência com a profundidade tem grande influência no


valor do fator de segurança. A obtenção do perfil de variação da resistência não drenada
pode ser feita através de ensaios de laboratório (de compressão triaxial tipo UU e CIU, de
extensão, de cisalhamento simples), através de ensaios de campo (palheta, piezocone,
dilatômetro, pressiômetro) e por meio de correlações. No caso dos ensaios de laboratório, o
amolgamento das amostras pode levar à obtenção de SU menores que os obtidos em
42

amostras de boa qualidade, levando assim a uma subestimativa da altura máxima


admissível, sendo favorável à segurança e contra a economia.

a) ENSAIO DE PALHETA DE CAMPO

O ensaio de palheta de campo tem sido aplicado para a obtenção da resistência não drenada
(Su) utilizada na análise de estabilidade de aterros sobre solos moles. O valor mais
representativo de resistência não drenada a ser utilizado em projeto é aquele que confere
um coeficiente de segurança igual a 1, em análise por método bem definido, quando o
aterro se encontra na situação de ruptura.

São vários os trabalhos representativos ligados a esse tema, desenvolvidos no Brasil. Pode-
se citar COLLET (1978), ORTIGÃO (1988), ORTIGÃO e COLLET (1988), SANDRONI
(1993), NASCIMENTO (1998), COUTINHO et al. (2000), OLIVEIRA (2000).

A resistência não drenada é determinada a partir do máximo torque obtido com a rotação
da palheta. As hipóteses simplificadoras consideradas para o cálculo de Su são as seguintes
(COLLET, 1978 e OLIVEIRA, 2000):

1. Não ocorre drenagem logo após a cravação da palheta, nem durante a realização do
ensaio;
2. As operações de cravação da palheta não causam perturbações na argila que é
considerada indeformada;
3. É considerada uma superfície de ruptura cilíndrica em torno da palheta, com diâmetro e
altura iguais ao da palheta;
4. A resistência é suposta a mesma, tanto na superfície vertical como nas horizontais, ou
seja, o solo é considerado isotrópico;
5. A resistência é considerada inteiramente mobilizada a um mesmo tempo em todas as
superfícies. Portanto não é admitida a existência de ruptura progressiva;
6. As tensões de cisalhamento são consideradas uniformemente distribuídas, nas
superfícies vertical e horizontal, durante a ruptura.
43

A resistência não drenada indeformada e amolgada foram calculadas utilizando a


interpretação convencional do ensaio, utilizando a Expressão (II.21), onde Tmáx (kNm) é o
torque máximo e D (m) é o diâmetro da palheta.

 0,86.Tmáx 
 Su =  (II.21)
 π .D 3 

Na dedução desta expressão assume-se uma distribuição uniforme de tensões ao longo das
superfícies de ruptura horizontal e vertical circunscrita à palheta e considera-se a relação
altura / diâmetro da palheta igual a 2. O valor da sensibilidade (St) da argila é dado pela
relação Sindef/Samolg.

Dentre os principais fatores que influenciam diretamente as hipóteses consideradas para o


cálculo de Su destacam-se: distribuição das tensões cisalhantes ao longo das superfícies de
ruptura, efeitos da inserção da palheta, efeito da velocidade de rotação da palheta,
anisotropia dos solos quanto à resistência ao cisalhamento, ocorrência de ruptura
progressiva, forma e dimensão da superfície de ruptura, efeito do comprimento da haste
fina, efeito do número de lâminas e dimensões da palheta, efeito do atrito.

Vários pesquisadores têm constatado a tendência do ensaio de palheta de campo em


superestimar a resistência mobilizada na ruptura, nas argilas das fundações de aterros, e
têm sugerido fatores de correção para serem aplicados aos valores de Su obtidos com estes
ensaios, considerando assim efeitos de anisotropia do solo, do tempo de ruptura, da ruptura
progressiva, tridimensionais, etc.

Segundo LARSSON (1980), em 1957 HANSBO identificou a necessidade de corrigir os


valores do ensaio, tendo sugerido fatores de correção em função do limite de liquidez do
solo. PILLOT (1972) analisou a ruptura de 5 aterros construídos sobre solos distintos (silte
de baixa plasticidade, silte muito plástico e argilas muito plásticas), normalmente
adensados com alguns casos de pré-adensamento (provavelmente devido ao efeito do
adensamento secundário), nos quais ensaios de palheta de campo foram realizados. Os
fatores de segurança (FS) obtidos em sua análise apresentaram, na ruptura, valores
superiores a 1, exceto no caso do solo com baixa plasticidade (IP=6%), o qual foi inferior a
1. Através das correlações estabelecidas por PILLOT é possível corrigir os valores de Su
44

(fator de correção=1/FS), os quais são superestimados devido ao efeito de um ou mais dos


seguintes fatores: anisotropia quanto as propriedades mecânicas, ruptura progressiva da
fundação e tempo de ruptura.

BJERRUM (1972; 1973) analisou uma série de 14 casos de ruptura de aterros, nos quais
ensaios de palheta de campo foram utilizados para obter o Su, e verificou que coeficientes
de segurança maiores que 1 ocorriam nestes aterros que haviam rompido, sendo tanto
maiores quanto maior o IP do solo. Estes dados estão apresentados na Figura II.26, e como
pode ser visto, há uma grande dispersão. Através de uma abordagem empírica, sugeriu a
aplicação de um fator de correção (µ=1/FS) aos valores de Su obtidos com o ensaio de
palheta de campo (Figura II.27). BJERRUM (1973) atribuiu esta correção ao efeito da
anisotropia quanto à resistência e o tempo de carregamento até a ruptura (ou da velocidade
de deformação), sendo este fator, segundo o autor, o mais importante.

DASCAL e TOURNIER (1975), estudando a ruptura de um aterro com fundação em argila


marinha mole, sensível, verificaram a necessidade de realizar uma terceira correção (além
daquelas referentes aos efeitos da anisotropia e do tempo) a qual deveria considerar o
fenômeno da ruptura progressiva do solo de fundação.

LARSSON (1980) compara a correção proposta por BJERRUM com valores


correspondentes a aterros por ele estudado. O fator de correção (µ) obtido por LARSSON
foi calculado comparando os resultados de Su obtidos a partir de uma correção empírica
(Equação II.22). com dados de HANSBO, 1957, para argilas escandinavas, e com
resultados de Su obtidos a partir dos casos de campo (retro-análise de aterros rompidos).
LARSSON comenta que nenhum destes fatores de correção pode ser usado de maneira
generalizada.

Supalheta= σ’P(0,08+0,55IP) (II.22)

TAVENAS e LEROUEIL (1980) compilaram todos os casos históricos disponíveis até


1979 relativos a rupturas de aterros sobre solos moles. Os autores comentam que embora a
correlação proposta por BJERRUM (1973) represente uma média de todos estes dados, há
uma grande dispersão, e que esta é provavelmente devido aos diferentes tipos de
equipamentos e procedimentos de ensaios (palheta, LL e LP).
45

Figura II.26. Fator de segurança, teórico na ruptura de aterros sobre solos moles
(BJERRUM, 1972)

Figura II.27. Fator de correção para ensaio de palheta de campo (BJERRUM, 1972; 1973).
46

AZZOUZ et al. (1983) propuseram um novo fator de correção para o ensaio de palheta, no
qual consideraram a participação da resistência lateral (efeito tridimensional – “end
effects”), que não foi considerada na análise de BJERRUM. Os autores realizaram análises
tridimensionais em 18 casos históricos de rupturas de aterros, incluindo 7 casos
considerados por BJERRUM (1972). Os resultados obtidos são mostrados na Figura II.28.
As análises tridimensionais destes 18 casos mostraram que a consideração da resistência
lateral geralmente aumenta o fator de segurança em 10 + 5%.

Figura II.28. Fatores de correção para o ensaio de palheta de campo (AZZOUZ et al.,
1983)

AAS et al. (1986) comentam que a dispersão dos dados obtidos por BJERRUM (1973)
reside no fato do mesmo não ter feito distinção entre argilas que foram submetidas a
diferentes histórias de tensão. AAS et al. sugeriram então uma correção para o ensaio de
palheta de campo (µ) baseada na relação de resistência Supalheta/
σ’V0, onde σ’V0 é a tensão vertical efetiva atuante no campo. A Figura II.29 apresenta os
resultados destes estudos, na qual, os pontos plotados representam casos históricos bem
documentados, os quais ilustram a aplicabilidade do método. Os autores propuseram uma
47

única relação entre µ e Supalheta/σ’V0 válida para as argilas normalmente adensadas e uma
outra válida para as argilas verdadeiramente pré-adensadas, e recomendam o uso de µ=1
(limite superior) para argilas com Supalheta/σ’V0 menor que 0,2 e µ=0,25-0,30 para Supalheta/
σ’V0 maior que 1.

Segundo AAS et al. (1986) casos históricos registrados (LADD, 1975; VIVATRAT, 1978)
indicam que o fator de correção para o ensaio de palheta de campo pode diminuir com o
aumento do OCR, para argilas verdadeiramente pré-adensadas.

CHANDLER (1988), através da análise de dados de WIESEL (1973), TORSTENSSON


(1977) e ROY e LEBLANC (1988), já apresentados anteriormente, propôs um fator de
correção (µR) para considerar o efeito da velocidade de deformação, a ser aplicado ao EPC.
Este fator de correção é função do IP do solo e do tempo decorrido até a ruptura.

Atualmente, há um consenso internacional no que diz respeito à necessidade de corrigir o


ensaio de palheta de campo para utilização em projetos de aterros e escavações em solos
moles (OLIVEIRA, 2000).

ORTIGÃO et al. (1983) propôs, inicialmente, que ensaios realizados no aterro


experimental do IPR, na Baixada Fluminense não fossem corrigidos, considerando que este
aterro rompeu ao ser atingida a altura de 2,8m. Os resultados mostraram que um
coeficiente de segurança próximo a 1 foi obtido quando a resistência da fundação foi
considerada igual à média dos valores do ensaio de palheta de campo, e a resistência do
corpo do aterro foi reduzida para levar em conta a trinca ocorrida. Tal fato indicou que a
correção de BJERRUM não se aplicava às condições ocorrentes no aterro estudado
(PINTO, 1992). Posteriormente surgiram discussões acerca deste caso.

ALMEIDA (1985) justifica a consideração da ruptura na altura de 2,5m, quando as


primeiras trincas forem notadas, na qual o coeficiente de segurança passaria a 1,15, este
valor ainda sendo baixo perante às análises de BJERRUM, podendo ser atribuível, segundo
o autor, ao aumento da resistência não drenada, que teria ocorrido durante o período de 1
mês de construção do aterro.
48

Figura II. 29. Diagramas para determinação da história de tensões (acima) e fator de
correção para o ensaio de palheta de campo (abaixo) (AAS et al, 1986).

COUTINHO (1986), em estudos realizados no aterro experimental de Juturnaíba, também


na Baixada Fluminense, comenta que a ruptura ocorreu quando a altura do aterro atingiu
6,85m. Novamente, neste caso, a melhor compatibilidade de parâmetros com a situação de
ruptura foi conseguida com valores médios de resistência obtidos pelo ensaio de palheta,
sem nenhuma correção. Vale salientar que, algumas camadas do subsolo apresentavam
teores elevados de matéria orgânica. Estes solos costumam apresentar permeabilidades
elevadas, que podem ter provocado algum adensamento adicional da fundação, em virtude
do tempo de construção do aterro (35 dias).

PINTO (1992) relata que na escavação experimental de Itaipu, Baixada Fluminense, foi
realizada uma análise de ruptura em termos de tensões totais, a qual mostrou concordância
para os valores de resistência determinados com o EPC, com correção (SANDRONI et al.,
1984).
49

SANDRONI (1993) discute sobre a necessidade de se considerar, neste caso, a


participação da resistência lateral, nos solos moles propostos por AZZOUZ et al. (1983).
Um FS3D = 1,43 mostrou-se satisfatório, indicando a necessidade de correção. O autor
comenta sobre os últimos dois casos apresentados acima, que em ambos, a fundação
contém turfas, e BJERRUM (1973) não incluiu as turfas em seu universo de casos. Desta
forma, o autor comenta que estes dois casos não oferecem base para que se argumente a
favor ou contra a aplicação da correção de Bjerrum. O autor defende a aplicação da
correção proposta por AZZOUZ et al. (1983) e enfatiza que o valor do IP a ser utilizado,
para obter o valor da correção a aplicar aos resultados do ensaio de palheta, deve ser obtido
em ensaios sem secagem prévia da amostra, registrando sua insatisfação quanto ao projeto
de aterros sobre solos moles utilizando ensaios de palheta.

ALMEIDA (1998) apresenta um caso no qual foi utilizado, para perfil de resistência de
projeto, valores corrigidos de EPC, utilizando a correção de AZZOUZ et al. (1983). O
autor comenta que, durante a construção, a concentração de carga em um trecho do aterro
provocou uma ruptura localizada. A análise desta ruptura conduziu a um fator de segurança
igual a 1,03, sugerindo o perfil de projeto adotado foi realístico. ALMEIDA (1996)
recomenda o uso da correção de BJERRUM (1973) nos resultados de Su obtidos a partir de
ensaios de palheta, para aplicação em projetos de aterros sobre solos moles. Os estudos até
o momento parecem indicar que esta correção não deve ser aplicada em depósitos com
predominância de argilas turfosas/solos orgânicos (COUTINHO, 1986b);

MASSAD (1999) apresenta um caso de ruptura na Baixada Santista. Tratava-se de um


aterro com 3,2m de altura, talude 1:1, apoiado sobre uma camada de argila SFL
(Sedimentos Flúvio-Lagunares) com cerca de 30m de espessura. A Su e σ’vo foram obtidos
através do ensaios de palheta de campo e adensamento respectivamente. Por meio de
retroanálise da ruptura, o autor verificou que a correção de Su proposta por BJERRUM
(1973) é indicada para este caso (Figura II.30).

OLIVEIRA (2000) e COUTINHO et al. (2000) concordam que os resultados obtidos


através do EPC sejam corrigidos, e que, na ausência de uma correção local, seja utilizada a
correção proposta por BJERRUM (1973), visto que há uma vasta experiência internacional
(incluindo o Brasil) em relação ao uso dessa correlação. A Figura II.30 ilustra este fato,
apresentando fatores de correção calculados a partir de retroanálises de aterros rompidos,
mostrando que para Juturnaíba (solo orgânico) a correção não seria necessária (µ=1). A
50

figura apresenta também os casos de Sarapuí e de Gramacho, os quais, segundo os moldes


propostos por AZZOUZ et al. (1983) (SANDRONI, 1993), apresentam FS> (na ruptura),
justificando então a correção.

Em síntese, na experiência brasileira também parece ser consenso a utilização de correção


nos resultados de ensaios de palheta de campo para uso em projetos de aterros sobre solos
moles (argilas siltosas / inorgânicas ou inorgânicas).

Em relação a trabalhos internacionais, CHANDLER (1988) e LEROUEIL e


JAMIOLKOWSKI (1991), por exemplo, recomendam correção tipo BJERRUM (1973).

Figura II.30. Fatores de correção obtidos a partir de retroanálise de aterros rompidos


(COUTINHO, 2000; a partir de COUTINHO, 1986b, SANDRONI, 1993 e MASSAD,
1999).

b) ENSAIOS TRIAXIAIS

Se a opção for a realização de ensaios de laboratório, eles devem ser de compressão triaxial
adensado não-drenado (CU), com corpos de prova re-adensados à condição anisotrópica de
campo, e submetidos a compressão e á extensão, que representam duas das condições de
solicitação no plano de ruptura. A média dos três resultados seria a resistência de projeto
(PINTO, 1994).
51

O ensaio triaxial é um dos mais versáteis ensaios para a determinação de parâmetros de


resistência ao cisalhamento e deformabilidade de solos (SOARES, 1997). O objetivo de
um programa de ensaios triaxiais em argilas moles é a determinação de Su, bem como o
estabelecimento de parâmetros de resistência ao cisalhamento efetivos (c’ e φ’) e o módulo
de Young drenado não drenado (Eu).

O ensaio triaxial não-adensado e não-drenado (UU) em argila mole saturada caracteriza-se


por não permitir variações volumétricas durante a aplicação tanto de pressão de
confinamento como de desvio. O objetivo deste ensaio é determinar os valores de Su e Eu.
A Figura II. 31 apresenta as diferenças nos procedimentos dos ensaios triaxiais UU e CU.

Figura II.31. Esquemas de procedimento dos ensaios triaxiais UU e CU (COUTINHO,


2004).

A principal qualidade do ensaio UU é a sua simplicidade e rapidez de execução. A


principal deficiência é o fato do ensaio se iniciar com uma tensão média efetiva (p’o)
menor do que o valor da tensão efetiva média do campo. A magnitude desta redução
depende de Ko (SKEMPTON e SOWA, 1963), mas também da perturbação da estrutura
do solo gerada durante a amostragem, sobretudo quando se trata de argilas moles. Como
resultado, a trajetória de tensão seguida no ensaio triaxial UU (Figura II.32) é muito
diferente da trajetória de tensão seguida no ensaio triaxial onde houve a restituição das
tensões efetivas de campo (BALDI, et al., 1988). Quanto maior a perturbação, maior o
desvio das trajetórias de tensão do ensaio UU. A amostra de pior qualidade apresenta
52

menor Su, menor Eu e menor tensão de pré-adensamento. Na utilização de ensaios triaxiais


UU, deve-se adotar a melhor técnica de amostragem disponível; caso contrário, as
diferenças em relação às condições in situ podem ser muito grandes, de modo a impedir
sua utilização para determinar Su (BALDI et al., 1988).

LADD e DE GROOT (2003) comentam que nos ensaios UU com alta qualidade de
amostra, o valor de Su pode também ser alto (cerca de 25,50%), se as amostras, estiverem
amolgadas, a Su pode facilmente diminuir de valor (também cerca de 25 a 50%).

ALMEIDA e MARQUES (2004) relata que o ensaio triaxial UU tem sido pouco usado em
função do efeito do amolgamento nos valores de Su. Ensaios triaxiais CU tem sido
adotados apenas em obras de maior importância, em função de custos e prazos envolvidos.

In situ
Amostras com tubos:
Alta qualidade
Baixa qualidade

Figura II.32. Influência da qualidade da amostra na resistência ao cisalhamento de um solo


(BALDI et al., 1988).

FERREIRA e AMORIM JÚNIOR (1982) comente que o método USALS (Undrained


Strenght at Large Strains), proposto por LA ROCHELLE et al (1981), é baseado no
princípio de que a resistência mobilizada na ruptura do aterro teste é aproximadamente
igual à resistência não drenada residual ou à resistência não drenada de grande
deformações, medidas em ensaios consolidados isotropicamente, não drenados (CIU) ou
não consolidados não drenados (UU) com cerca de 15% de deformação.

A concepção da mecânica dos solos no estado crítico “CAM-CLAY” é baseada na teoria


da plasticidade, onde há uma relação interdependente entre a resistência, a tensão efetiva e
a umidade. O modelo é simples, apenas duas constantes são requeridas para representar a
resistência não drenada de um solo para algum grau de pré-adensamento (OCR). Esses
parâmetros são: o ângulo de atrito efetivo (φ’), e o parâmetro de poropressão no estado
53

crítico (Λo), que pode ser obtido experimentalmente, por resultados de um ou mais ensaios
triaxiais consolidados não drenados.

Com aproximação, ATKINSON e BRANSKY (1978) sugeriram para o parâmetro a


expressão: Λo=1-Cs/Cc, onde Cs e Cc sendo os respectivos parâmetros convencionais
obtidos no ensaio de adensamento. Em ensaios triaxiais (CIU), o valor de Λo pode ser
determinado para solos normalmente adensados e pré-adensados usando uma boa
aproximação de tensão efetiva.

O método SHANSEP, introduzido por LADD e FOOTT (1974), objetiva minimizar os


efeitos de perturbação da amostra sobre as propriedades mecânicas de solos, e considerar
também os efeitos da anisotropia e tempo de obtenção da Su. Este método baseia-se na
hipótese de que as argilas naturais (sem estrutura) possuem comportamento normalizável.

O princípio básico de método é relacionar a resistência ao cisalhamento não drenada com a


razão de pré-adensamento a partir de ensaios em que são utilizados corpos de prova com
diferentes níveis de pré-adensamento, aplicados no laboratório. Este método aplica níveis
de tensões de reconsolidação consideravelmente maiores do que a tensão de pré-
adensamento, visando “apagar” os efeitos de amostragem (SOARES, 1997). Esta fase é
seguida de uma expansão em condições Ko para reproduzir o valor de OCR de campo
(quando OCR>1). A seguir, os corpos de prova são levados à ruptura em condições não
drenadas. Através da normalização de Su dos diferentes ensaios com relação às respectivas
tensões efetivas verticais, é feita uma estimativa de resistência ao cisalhamento de campo.

c) CORRELAÇÕES

A resistência não drenada pode ser obtida a partir de ensaios oedométricos em amostras de
boa qualidade através da relação Su = 0,22σ’vm, sugerida por MESRI (1975) e
desenvolvida posteriomente por TRAK et al. (1980), através do conceito do estado crítico
“CAM CLAY” e “SHANSEP”.

MESRI (1975) associou µ = f(IP) e Su/σ’vm= f(IP) a dados da análise de BJERRUM


(1972), mostrando que a resistência não drenada na ruptura de um aterro é independente do
54

índice de plasticidade. A relação Su (palheta)/σ’vm é praticamente constante e igual a 0,22


com o índice de plasticidade. Neste caso, Su é adotada como resistência de projeto. Na
realidade este coeficiente corresponde a uma média para todas as argilas, mas superestima
a resistência para argilas de baixa plasticidade e subestima para argilas de alta plasticidade.
Com base nas retro-análises, pode-se considerar este coeficiente variando de 0,16 para
solos não plásticos a 0,29 para IP = 100. (PINTO, 1992).

FERREIRA e AMORIM JÚNIOR (1982) relatam que, considerando que a análise dos
problemas de estabilidade, na maioria dos casos, ocorre em solos coesivos com OCR entre
1 e 2, parece que o Método SHANSEP usa o valor constante de Su/σ’vm muito próximo ao
encontrado por MESRI (1975). Os mesmos autores em seus estudos em depósitos de argila
mole do Recife fazem as seguintes conclusões quanto à estimativa da resistência não
drenada quando comparada aos resultados de palheta de campo:

- A partir da relação Su = 0,22σ’vm, os resultados foram bastantes próximos, havendo


maior aproximação com os valores de Sumin e Sumédio.

- A partir do “CAM CLAY”, os resultados foram pouco superiores, mesmo para os valores
de Sumin com cerca de 25% para maiores diferenças.

- Pela relação Su = 0,22σ’vm, e pelo “CAM CLAY”, as resistências foram muito próximas
havendo quase que completa superposição entre as faixas de valores.

Com bases em valores de correlações de ensaios de compressão e extensão triaxial em


corpos de prova adensados isotropicamente, considerando que a média deles é a que deve
ser usada em projetos e levando ainda em consideração o efeito do sobre adensamento,
JAMIOLKOWSKI et al. (1985) apresentou a correlação (II.23):

Su/σ’vo = (0,23 ± 0,04) . (OCR)0,8 (II.23)

Fórmulas desse tipo, com base em ensaios de corpos de prova adensados isotropicamente e
rompidos por compressão, sobre solos da Baixada Santista são apresentados por MASSAD
(1994).
55

No desenvolvimento de um projeto de aterro sobre solos moles, o projetista utiliza-se de


mais de uma fonte de dados. Neste sentido, as correlações são sempre úteis. Em especial,
elas são muito convenientes para projetos de construção por etapas, permitindo prever o
ganho de resistência nas diversas fases de construção (PINTO, 1994)

2.2.7. CONTRIBUIÇÃO DA RESISTÊNCIA DO PRÓPRIO ATERRO NA SUA


ESTABILIDADE

O fissuramento observado no aterro é também uma indicação adicional além dos ensaios,
da existência de certa coesão do material e, é provocada pela diferença de rigidez entre o
aterro e a fundação.

CHIRAPUNTU e DUNCAN (1975) analisando casos de ruptura de aterros verificaram que


os estudos de suas estabilidades geralmente superestimam o fator de segurança. Estas
discrepâncias entre cálculos e a realidade advêm de três principais fontes de erros:

- Erros decorrentes da imprecisão dos métodos de análise;


- Erros decorrentes da consideração incorreta da resistência ao cisalhamento da fundação;
- Erros decorrentes da consideração incorreta da contribuição da resistência do próprio
aterro.

As diferenças entre os valores do fator de segurança dos diversos métodos de análise da


estabilidade que satisfazem a todas as condições de equilíbrio são menores do que 5%
(WRIGHT, 1969). Isto significa que existe uma boa equivalência entre os métodos de
análise. As duas outras fontes de erro anteriormente citadas refletem uma não equivalência
do modelo com a realidade. Cada modelo considera que ao longo da superfície de ruptura
se mobiliza toda a resistência de cisalhamento do solo. Então se ao longo do corpo do
aterro não houver na ruptura mobilização total da resistência, é porque o modelo não
reflete a realidade. Altera-se o modelo ou, como é mais conveniente na prática, ajustam-se
as contribuições da resistência da fundação e do aterro ao modelo escolhido.

Os aterros sobre solos moles geralmente são de pequena altura, e nessas condições o
conhecimento da resistência ao cisalhamento da fundação é de importância primordial,
pois que a maior parte da superfície de ruptura aí se desenvolve. A condição crítica na
56

análise da estabilidade destes aterros é a que ocorre no final de sua construção, e então se
usa a resistência ao cisalhamento não drenada da fundação (Análise φ=0). Geralmente a
contribuição da resistência do próprio aterro na sua estabilidade é menor do que a prevista
no modelo por duas razões. Inicialmente porque a mobilização de resistência no corpo do
aterro é menor do que a da fundação, e ainda porque o aterro pode vir a fissurar
diminuindo ainda mais esta contribuição.

a) MOBILIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA NO CORPO DO ATERRO

A desigualdade de mobilização de resistência no aterro e na fundação decorre das


diferenças nas características tensão-deformação destes materiais. Em geral o aterro é mais
resistente e atinge a ruptura em uma deformação menor do que a do material de fundação
(Figura II.33).

Tipo A
σ1 – σ2 Aterro
Curva tensão-deformação para o aterro mais
Fundação resistente que a fundação. Na ruptura, a
deformação do aterro menor que a fundação.

Tipo B
σ1 – σ2 Aterro
Curva tensão-deformação para o aterro mais
Fundação resistente que a fundação. Na ruptura, a
deformação do aterro maior que a fundação.

Fundação Tipo C
σ1 – σ2
Aterro Curva tensão-deformação para o aterro menos
resistente que a fundação. Na ruptura, a
deformaçãodo aterro maior que a fundação.

ε
Figura II.33. Tipos de incompatibilidade no comportamento tensão-deformação de um
aterro e uma fundação (SOARES, 1981).

Para quantificar estas mobilizações para três diferentes comportamentos típicos dos dois
materiais CHIRAPUNTU e DUNCAN (1975) realizaram um estudo por elementos finitos.
57

A Figura II.34 mostra para um aterro com três alturas diferentes, as curvas de mesma
mobilização de resistência. Os resultados indicam que a percentagem de resistência
mobilizada no aterro é muito menor do que na fundação, ou seja, a ruptura ocorre
inicialmente na fundação. Para este aterro a ruptura inicia-se embaixo do centro do aterro e
o círculo crítico da análise da estabilidade passa por esta zona de ruptura local. Admitindo
resistências de pico para os dois materiais encontra-se para o fator de segurança o valor
1,80. Considerando a resistência da fundação correspondente à deformação de ruptura do
aterro este fator diminui para 1,70. Para os valores de resistência correspondente a
mobilização média de resistência do aterro e fundação, o cálculo do fator de segurança
indica 1,44.

H = 6 ft 20%

40%

20%
40
50

2 0%
H = 1 2 ft 40 %
50%

40% 70 80
60

70

20%
40 60
H = 1 8 ft 80
90

80 90 100 L ocal de
60% C is a lh a m e n to
90
C írc u lo C rític o

Figura II.34. Curvas de mobilização de resistência com a variação de altura do aterro


(SOARES, 1981).
58

Para determinar os valores de Su que levam ao valor unitário do fator de segurança para o
início da ruptura do aterro, CHIRAPUNTU e DUNCAN (1975) mantiveram a mesma
mobilização de resistência média para a fundação, e diminuíram sucessivamente a
mobilização do aterro. As diferenças no valor do fator de segurança não são grandes para o
aterros com semelhança nas características tensão-deformação do aterro e da fundação.

Notou-se que a relação entre resistências do aterro (Se) e da fundação (Sf) influencia nas
porcentagens de mobilização que devem ser empregadas no estudo da estabilidade.
CHIRAPUNTU e DUNCAN (1975) utilizaram o estudo anterior para propor fatores de
redução a empregar em função do valor desta relação de resistência.

b) EFEITO DO FISSURAMENTO NA ESTABILIDADE DO ATERRO

O fissuramento do aterro pode reduzir significadamente o fator de segurança de aterros


sobre solos moles porque a resistência cisalhante do aterro é reduzida a zero ao longo da
fissura. As fissuras do aterro decorrem do trincamento devido à secagem e às altas tensões
de tração provocada pelos recalques diferenciais e deslocamentos horizontais superficiais
da fundação.

CHIRAPUNTU e DUNCAN (1975) comentam o efeito da forma de distribuição dos


recalques do aterro. Os recalques máximos ocorrem próximo ao centro do aterro e o
levantamento máximo próximo ao seu pé. O levantamento no pé do aterro é da ordem de
dois terços do recalque máximo. O aterro expulsa o solo de fundação abaixo de sua base
provocando um levantamento próximo ao pé do aterro. O recalque diferencial entre o pé e
o centro do aterro provoca a flexão do aterro com o aparecimento de tensões de tração no
aterro próximo ao contato com a fundação. Tensões de tração surgem também nas
proximidades do centro do aterro pela expulsão do solo de fundação. Os autores sugerem
para se estimar a altura do aterro (HT) quando surge a primeira fissura a Equação II.24,
utilizando os dados conforme Figura II.35.

0 , 75 0 , 25
5,1Sus  K F  W 
HT =     (II.24)
γ E  K E  D
59

Os autores verificaram ainda que as fissuras em aterros se propagam ao longo de toda a sua
altura, e então sugerem que se deva incluir o fissuramento total para aterros com altura
maior do que a expressão citada. Para verificar a influência do fissuramento no fator de
segurança, análises de estabilidade foram executadas usando quatro hipóteses: aterros sem
fissuras, aterros com fissuras, aterros com fissuras preenchidas com água e aterro com
resistência nula.

Peso específico do aterro = γe


Módulo do aterro = KE

Linha 1
Resistência na superfície = SUS
Linha 2
Módulo da fundação= KF
Linha 3
D
Tipos de perfis de resistência
considerado na análise Linha 4

Linha 5

12
NT SUS
HT =
10 γE
KE = KF =1
8
1,5
6
NT 2

4 3
5

2 10

0
0 2 4 6 8 10 12 W/D

Figura II.35. Variação dos parâmetros estudados afetando o desenvolvimento das tensões
no aterro e relação dos parâmetros da equação (SOARES, 1981).

Admitir resistência nula é muito conservativo para o aterro e não realista para representar o
fissuramento. O fator de segurança neste caso é sempre menor do que o fator quando se
admite o aterro com fissuras. Os resultados da análise de estabilidade utilizando as três
primeiras hipóteses a um caso típico são mostrados na Figura II.36.
60

Verifica-se que o fator de segurança se reduz quando se considera a ocorrência de fissuras


e se reduz ainda mais quando essas fissuras estiverem preenchidas com água. O
desenvolvimento de fissuras causa um decréscimo súbito no fator de segurança podendo
levá-lo à ruptura. Destes resultados os autores sugerem que a análise de estabilidade de
aterros com alturas menores do que HT deve ser efetuada sem considerar o fissuramento, e
acima deste valor admitindo fissuramento total.

10
ATERRO Nº 1

8
Altura onde as tensões se desenvolvem

Aterro intacto
FS
4 Aterro com fissuras

Aterro com fissuras


preenchidas por água
2

0
0 5 10 15 20 25
10
Cálculo assumindo aterro intacto

8 HT

6
FS
Diminuição do FS devido à fissura

4
Cálculo assumindo aterro
com fissuras (sem água)

0
0 5 10 15 20 25
Altura do aterro

Figura II.36. Análise de estabilidade para o aterro nº 1 assumindo fissuras depois do


desenvolvimento de tensões no aterro (SOARES, 1981).
61

2.3. INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA EM ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

Uma bateria de ensaios, composta de ensaios de campo e laboratório, possibilita uma


caracterização relativamente completa do material, assim como uma determinação precisa
da estratigrafia do terreno (NACCI, 2000). JAMIOLKOWSKI et al (1985) preconizam a
utilização de ensaios de laboratório juntamente com os ensaios de campo para a
determinação de parâmetros já que, informações obtidas de diversas técnicas de ensaios
permitem a comparação de resultados e obtenção de informações complementares que,
embora muitas vezes redundantes, aumentam o grau de confiabilidade dos parâmetros de
projeto.

ALMEIDA e MARQUES (2004) comentam que em função da dificuldade de se obter


amostras de boa qualidade, dos cronogramas de obras e custos, a prática geotécnica no Rio
de Janeiro tem sido mapear a área com ensaios de campo, utilizando-se ensaios de
laboratório comparados com ensaios de campo somente em áreas mais críticas.

Para fins ilustrativos, apresenta-se na Tabela II.2 um breve comparativo das vantagens e
desvantagens dos ensaios de laboratório e de campo aplicados a argilas moles e na Tabela
II.3 apresentam-se os procedimentos recomendados na bibliografia para determinação de
parâmetros de argilas moles.

Tabela II.2. Vantagens e desvantagens dos ensaios de laboratório e de campo aplicados a


argilas moles (ALMEIDA, 1996).

Tipo de ensaio VANTAGENS DESVANTAGENS

• Condições de contorno bem definidas


• Amolgamento em solos argilosos
• Condições de drenagem controladas
• Pouca representatividade do volume ensaiado
Laboratório • Trajetória de tensões conhecidas durante o
ensaio • Em condições análogas é, em geral mais caro
que os ensaios de campo
• Natureza do solo identificável

• Solo ensaiado em seu ambiente natural • Condições de contorno mal definidas


(exceção: pressiômetro auto perfurante)
• Medidas contínuas com a profundidade
(CPT, CPTU) • Condições de drenagem desconhecidas
Campo
• Ensaiado maior volume de solo • Modos de deformação e rupturas diferentes
da obra
• Geralmente mais rápido que ensaio de
laboratório • Natureza do solo não identificada.
62

Tabela II.3. Procedimentos recomendados na bibliografia para determinação de parâmetros


de argilas moles (COUTINHO e BELLO, 2004).

Parâmetro Geotécnico Procedimento Recomendado Procedimento Alternativo e Observações

Perfil geotécnico preliminar SPT – com determinação de umidade Umidade deve ser determinada pelo menos a
(camada, NA, etc.) natural através do perfil cada metro (COUTINHO et al., 1998)
Amostragem integral de pequeno diâmetro
Estratigrafia Piezocone
(LACERDA E SANDRONI, 1993)
Considerar qualidade de amostragem
Palheta de campo – utilização da correlação
História de tensões (OCR) Ensaios oedométrico
Su = f(OCR) (COUTINHO et al. 1998)
Dilatômetro (COUTINHO et al., 1998)
Coeficiente de empuxo em Pressiômetro autocravante (PMT); Ensaio caro; usar correlação ko= f(OCR) para
repouso (ko) dilatômetro (DMT) avaliar resultado do DMT
Considerar qualidade de amostragem
Parâmetros de
Ensaio oedométrico Uso de correlações a partir da umidade natural
compressibilidade
(COUTINHO et al., 1998)
Ensaio oedométrico não necessariamente
Coeficiente de adensamento Dissipação com piezocone
confiável
Coeficiente de Ensaio oedométrico para obter k=f(índice de
Piezocone e/ou permeabilidade in situ
permeabilidade vazios)
Combinação de ensaios de campo
Usar correlação Su= f(OCR) para avaliar
Resistência não drenada (CPTU, Vane) e laboratório (triaxial
resultados
UU e CIU)

Parâmetros de resistência
Ensaio triaxial adensado não drenado -
em tensões efetivas

Ensaio triaxial adensado não drenado


Considerar qualidade da amostragem;
Módulo de elasticidade Eu (com descarregamento /
diagramas Eu/Su= f(IP,OCR) podem auxiliar
recarregamento)

2.4. INSTRUMENTAÇÃO DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES QUANTO AO


CONTROLE DA ESTABILIDADE

A instrumentação é uma ferramenta importante para o acompanhamento do


comportamento de uma obra de engenharia geotécnica. Em se tratando de aterros sobre
solos moles, os principais objetivos de uma instrumentação podem ser: detecção do perigo
iminente, obtenção de informação vital durante a construção, avaliar o comportamento da
medida corretiva, melhorar o método construtivo, avaliação de modelos e de mecanismos
de comportamento.

A estimativa de parâmetros de comportamento do solo é normalmente revestida de


considerável dificuldade. Ensaios de laboratório são sujeitos a amolgamento, e ensaios de
63

campo, devido às complexas condições de contorno, são interpretados normalmente


através de métodos semi-empíricos. Os parâmetros geotécnicos estimados geralmente
apresentam dispersões consideráveis, especialmente aqueles que regem o processo de
adensamento, tornando-se, portanto necessário o uso da instrumentação.

O bom desempenho de aterros requer monitoramento em todas as fases, controlando as


dissipações das poro-pressões, a evolução dos recalques, os deslocamentos horizontais e
prevenindo-se de algum problema que venha afetar a estabilidade.

É mais freqüente utilizar a instrumentação em aterros sobre solo mole para monitorar o
progresso de adensamento e determinar o tempo de estabilização do aterro. Duas razões
básicas são consideradas para se instrumentar um aterro:
- Verificar se o aterro se comporta dentro dos limites previstos em projeto;
- Acompanhar e predizer o comportamento de um aterro que já exiba sinais de ruptura.

As técnicas de observação do comportamento sobre solos moles incluem a seleção do tipo


e a determinação da quantidade de instrumentos a serem utilizados, sua localização e
instalação, a aquisição de dados, a análise e a interpretação dos resultados. Ver mais
ORTIGÃO (1980), COUTINHO (1986), DNER / IPR (1990), CAVALCANTE (2001).

No caso de aterro experimental para estudar a estabilidade (aterro construído até a ruptura)
as dimensões devem ser adotadas, visando dirigir a ruptura para o lado do aterro a ser
instrumentado. Por outro lado, é comum concentrar vários instrumentos de medidas numa
única seção transversal principal, procurando-se obter o máximo possível de informações
sobre o comportamento da massa de solo durante a construção. É importante que essa
seção instrumentada esteja localizada junto ao eixo de simetria transversal de massa de
solo em ruptura.

A instrumentação no aterro experimental da Barragem de Juturnaíba (COUTINHO, 1986)


teve o objetivo de acompanhar o desenvolvimento de poro-pressões na vizinhança da
superfície de ruptura e sob o centro do aterro, observar os deslocamentos verticais e
horizontais na base do aterro, bem como deslocamentos horizontais em profundidade, e
localizar a superfície de ruptura Figura II.37.
64

Figura II.37. Localização da superfície de ruptura ocorrida (COUTINHO, 1986).

Para observação dos possíveis deslocamentos, após o projeto e execução do aterro


recomenda-se a utilização do inclinômetro. Sua função é detectar variações na inclinação
do tubo guia com a vertical, em relação a uma leitura inicial, obtendo-se, a partir daí, o
deslocamento horizontal em qualquer ponto. As leituras sendo feitas a intervalos
constantes, podem ser integradas para obter um perfil vertical de deslocamentos
horizontais. O extensômetro magnético na versão horizontal também pode ser utilizado.

O uso do inclinômetro e do extensômetro magnético horizontal servirá também para


detecção de possíveis superfícies de ruptura. Nesta detecção são sugeridos indicadores de
superfície de ruptura, que consistem em tubos de plástico, enfraquecido através de sulcos a
cada 20 cm e instalado em um furo de sondagem. Em muitos casos é ainda utilizado como
instrumento de controle o vane test (palheta), antes e depois do adensamento da argila para
avaliar o ganho de resistência atribuída a alguma solução de estabilização do aterro.

Para determinar a variação da poro-pressão em solos de baixa permeabilidade, o


instrumento utilizado é o piezômetro. De acordo com o princípio de operação, são
classificados como hidráulico, pneumático ou elétrico, sendo mais indicado os dos tipos
pneumático e elétricos em virtude do seu tempo de resposta. Isto é especialmente
importante quando variações rápidas de poro pressões ocorrem no solo.
65

CAPÍTULO III

CASO EM ESTUDO – INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

3.1. INTRODUÇÃO

O caso em estudo é referente ao problema de ruptura ocorrida em um aterro sobre solo


mole. Trata-se de um consultoria profissional da Gusmão Engenheiros Associados, que
devido à peculiaridade do caso e dos dados de investigação geotécnica tornou-se base para
o desenvolvimento do presente trabalho.

Serão apresentados neste capítulo, a localização, as principais características da área de


estudo, um breve histórico dos problemas ocorridos antes do colapso, avaliação dos danos
e investigações geotécnicas realizadas, e os resultados básicos dos ensaios realizados
(campo e laboratório).

3.2. LOCALIZAÇÃO /CARACTERÍSTICAS DA OBRA

O terreno com cerca 10350 m2 está localizado na Avenida Recuperação na Br-101, Dois
Irmãos, Recife-PE, conforme Figura III.1. Foram construídos 3 galpões, sendo um de
grande porte com alvenarias de fechamento lateral (50 x 40m), onde ocorreu a ruptura. A
Figura III.2 mostra a posição dos galpões, bem como as locações dos furos de sondagem,
amostragem e ensaio de palheta.

Os galpões foram projetados em estruturas pré-moldadas de concreto armado, cujos pilares


têm fundação superficial tipo bloco isolado de pedra rachão. O piso foi projetado com uma
laje armada de 15 cm de espessura, assente diretamente no terreno.

As sondagens realizadas antes da ruptura (Tabela III.2) mostram um perfil composto


inicialmente por uma camada de aterro de argila silto-arenosa, mal compactado, com cerca
de 6m de espessura. Abaixo do aterro observa-se uma camada de argila siltosa, muito mole
66

a mole com espessura próxima de 1,0m. A partir daí, segue-se uma camada de turfa com
argila orgânica, muito mole a mole, com cerca de 12 m de profundidade. Após os 12m e
até o limite das sondagens (cerca de 30m de profundidade), segue-se uma camada de argila
siltosa, média a rija. O nível d’água situa-se em torno de 3,75m de profundidade. Os
resultados do SPT mostram nº de golpes variando de N= P a 1. Na Figura III.3 pode-se
observar o perfil de sondagem adotado como referência para o presente trabalho, por se
tratar do local onde foi retirada amostra para realização de ensaios de laboratório e
amostras de umidade natural.

Figura III.1. Localização do depósito estudado.


67

S P -02 S P -0 1 S P -0 3
(E m p r esa 3 ) (E m p r esa 3 ) (E m p resa 3 ) S P -0 2
(E m p resa 1 )

G A L P Ã O M A IO R - ru p tu ra

E P C -0 2
S P -02 A M -0 1
(E m p r esa 2 )
S P -03
(E m p r esa 1 ) LEGENDA
GALPÃO M ENOR
A D M IN IS T R A Ç Ã O E P C -0 1
S P -0 1
S P -so n d a g em
STAND DE VENDAS (E m p r esa 2 ) à p ercu rssã o
S V -p a lh eta
S P -0 1 (E m p resa 1)
d e ca m p o
A M -a m o stra
in d efo rm a d a

G U A R IT A

F A IX A D E R O L A M E N T O

M A C E IÓ B R -1 0 1

F A IX A D E R O L A M E N T O

Figura III.2. Planta de situação e locação dos furos de sondagem, ensaio de palheta de campo e retirada de amostra.
68

SP-01 SP-01
(Empresa 1) (Empresa 2) SP-02 SP-03
0 (Empresa2) (Empresa 1)

10

15
Profundidade (m)

20
Aterro de areia fina e média
25 Argila siltosa de consistência mole
Areia fina e média compacta
30 Fragmento de coral
Turfa com argila orgânica
35
Argila siltosa de consistência média

40
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
Distância Horizontal (m)

Figura III.3. Perfil típico de sondagem.


69

3.3. ASPECTOS GEOLÓGICOS E MORFOLÓGICOS

A planície sedimentar do Recife apresenta uma rica história de deposição, traduzida em


uma ampla variedade de tipos de depósitos, onde as características geotécnicas estariam
intimamente relacionadas com os agentes que controlam a erosão e deposição que, no caso
do ambiente compreendido pela Cidade do Recife, foram água (rio e mar), vento,
gravidade e organismos. A Figura III.4 apresenta o mapa geológico da Cidade do Recife.

O depósito que é objetivo de estudo caracteriza-se geologicamente por estar compreendido


no domínio dos dois terraços marinhos originados durante a última transgressão (Período
Pleistocênico) e a última regressão (Holocênico) do mar, sendo formado em ambiente
flúvio-lagunar e de mangue, localizando-se em posição mais baixa, relacionando-se com a
atuação de antigos canais de maré, que cortam e ligam os terraços, recebendo também,
provavelmente, sedimentos finos e não-consolidados oriundos de zonas de retrabalhamento
do Barreiras e da Formação Cabo (ALHEIROS, 1995).

Pedologicamente, os solos desenvolvidos em ambientes flúvio-lagunares e de mangue,


geralmente se apresentam segundo horizontes Glei ou Sálicos. Os solos classificados como
Glei ocorrem em áreas baixas, com relevo plano, geralmente nas porções terminais de
alguns rios, apresentando perfil com seqüência A-C, estando o lençol d’água presente
muito próximo à superfície, havendo má drenagem e acúmulo de matéria orgânica. Os
solos indiscriminados de mangue (Sálicos), ocorrem no litoral, geralmente próximos às
desembocadura de rios, sob a influência do movimento das marés. São solos não ou muito
pouco desenvolvidos, gleizados, mal drenados, com alto conteúdo de sais provenientes da
água do mar (que atuam como aceleradores da sedimentação do material argiloso) e de
compostos de enxofre, que se formam nestas áreas sedimentares baixas e alagadas, onde há
ocorrência de matéria orgânica, proveniente da decomposição de plantas de mangues e de
outras atividades biológicas. Os solos gleizados caracterizam-se também por serem
originados, geralmente, a partir de sedimentos argilo-arenosos não consolidados em
mistura com sedimentos orgânicos do período Holoceno.

A importância da ação antrópica na conformação atual do depósito é sentida


principalmente, na realização de sucessivos aterros, realizados no propósito de se preparar
o terreno tendo em vista a sua utilização como suporte a fundações de edifícios e outras
70

obras de engenharia. A iniciativa em se aterrar o terreno está em consonância com a


secular e generalizada prática dos aterros na cidade do Recife, que teve início durante a
colonização holandesa, estimando-se o volume total de aterro mobilizado em 25 milhões
de metros cúbicos ao longo de quatro séculos (GUSMÃO FILHO, 1995).

Figura III.4. Mapa Geológico da Cidade do Recife (ALHEIROS et al., 1995)

A região estudada pode ser situada na unidade morfológica denominada “Planícies


Baixas”, onde estão incluídas as planícies marinhas e flúvio-marinhas quartenárias. As
planícies flúvio-marinhas se apresentam nas embocaduras dos rios principais, sendo
geralmente colmatadas por material argiloso, onde ocorrem os manguezais.

3.4. HISTÓRICO DA OBRA

No início da construção o terreno já se encontrava aterrado com restos de metralhas e lixo.


Regularizou-se então o terreno através de um aterro compactado com cerca de 1m de
espessura. Para conter o terreno, foi executado um muro de arrimo de gabião com altura
variável entre 3 e 6m. Durante a execução de terraplenagem, houve um deslizamento em
71

um dos cantos do terreno, com a expulsão de parte da argila mole e turfa para o terreno
vizinho. Também foram observadas várias trincas no terreno paralelas ao muro de arrimo,
que foram vedadas naquela ocasião. Durante a construção do galpão de grande porte, foi
observado o surgimento de várias fissuras nas alvenarias de fechamento, e também houve
uma abertura das juntas de dilatação do piso.

Em função desses fatos, foi solicitado a Gusmão Engenheiros Associados uma avaliação
destes problemas, bem como recomendações de medidas atenuadoras e/ou corretivas.

3.5. AVALIAÇÃO DOS DANOS

As principais conclusões do levantamento dos danos, através de inspeção local, realizada


na primeira solicitação do proprietário a Gusmão Engenheiros Associados, são:

a) Foram observadas evidências de que o terreno apresenta duas componentes de


deslocamento:
- Componente vertical, representada pelo recalque das camadas argilo-turfosas moles,
devido ao peso próprio do aterro e da estrutura.
- Componente horizontal, devido ao escoamento lateral destas camadas na direção no
desnível do terreno (Figura III.5.).

b) A estrutura está sentindo a repercussão destes movimentos do terreno, com o


surgimento de trincas no terreno, bem como a abertura de juntas no piso, que são indícios
do movimento lateral da edificação (Figura III.6.). Já o deslocamento das alvenarias dos
pilares de concreto é um indício da ocorrência de recalques (Figura III.7.).

Tendo em vista o diagnóstico dos danos observados foram propostas duas soluções
distintas para combater os dois movimentos identificados:

- Para o movimento vertical foi sugerido o reforço de fundações através de estacas


metálicas.
- Para o movimento horizontal foi sugerida a execução de bermas no fundo do terreno.
72

Figura III.5. Mecanismo de Escoamento Lateral do Terreno (GUSMÃO, 2000)

Figura III. 6. Evidências do Movimento Lateral do Terreno (GUSMÃO, 2000)


73

Figura III.7. Evidências do Movimento Vertical do Terreno (GUSMÃO, 2000)

Como as soluções reparadoras eram extremamente onerosas em função do porte da obra,


foi proposto observar e monitorar o desempenho da obra durante algum tempo (6 meses), e
após esse período definir a necessidade de intervenções. Para acompanhar os movimentos,
recomendou-se a realização do monitoramento do terreno e das estruturas durante o
período de observação, através da instalação de pinos nos pilares e marcos superficiais no
terreno, com controle periódico de topografia.

Entretanto, por decisão do proprietário, não houve acompanhamento nem nenhum tipo de
monitoramento do local. Os pontos onde exibiam fissuras e rachaduras foram fechados
com argamassa. Durante este período ocorreu a ruptura do terreno em grandes proporções,
sendo possível a localização da provável superfície de ruptura.

Novamente foi solicitado à Gusmão Engenheiros e Associados, uma avaliação dos danos
ocorridos no local após o movimento. A empresa então, realizou ensaios de campo e
laboratório que são os apresentados nesta dissertação. O proprietário, por sua conta,
quebrou e retirou o piso de concreto, reaterrou o local com uma camada de pó de pedra,
outra camada de brita, completando com a metralha do antigo piso.

Após um ano do ocorrido, já foram observadas evidências de um outro processo de ruptura


no local de estudo, visto que após o primeiro deslizamento, reaterrou-se o local com
objetivo de nivelamento, e o submeteu a altos índices de carregamento sem proporcionar
de fato, um aumento significativo na capacidade de suporte do solo mole.
74

Tabela III.1. Cronograma das visitas ao local de estudo.

VISITAS DATA VERIFICAÇÕES OBSERVAÇÕES / SOLUÇÕES


- Abertura das juntas do piso
Fechamento das aberturas e trincas com
a - Fissura nos pilares
1 30/março/2000 argamassa. Não houve acompanhamento e
- Rachadura no bloco dos pilares
monitoramento do local, como foi proposto.
- Fissuras e deslocamento da alvenaria
Retirada da alvenaria e do telhado para aliviar
2a 04/setembro/2000 - Agravamento dos sinais de ruptura
cargas.

Previsão de realização de ensaios de campo e


3a 06/setembro/2000 - Ruptura do aterro
laboratório e um estudo do movimento

- Realização do ensaio SPT e retirada da Resultados servem de base para o presente


4a 02/outubro/2000
amostra para ensaios de laboratório trabalho.
Reaterro do local com aplicação de cargas
5a 09/outubro/2000 - Realização do ensaio de palheta elevadas e construção da cobertura em estrutura
metálica (decisão do proprietário)

São observadas fissuras no piso exatamente no


6a 05/outubro/2003 - Sinais de uma segunda ruptura
mesmo local da primeira ruptura.
75

1a VISITA – 31/março/2000

C
D

Foto III. 1. A - Detalhe do pilar;


B - Descolamento da viga em relação ao pilar;
C - Detalhe das fissuras na alvenaria junto ao pilar;
D - Afundamento do bloco de fundação.
76

A B

Foto III.2. A, B - Abertura das juntas do piso próximo ao pilar;


C- Detalhe afundamento do bloco e descolamento do piso;
D- Detalhe da abertura das juntas do piso.
77

2a VISITA – 04/setembro/2000

Foto III.3. A, B - Vista geral e detalhe da separação pilar x alvenaria x viga;


C, D - Levantamento de placa.
78

A B

Foto III.4. A, B - Movimento sofrido pelas estruturas metálicas.

B
A

Foto III.5. A, B - Quebra do bloco de fundação; C, D - Aumento das fissuras no piso.


79

3a VISITA – 06/setembro/2000

A B

Foto III. 6. A, B, C, D, E - Visão geral da ruptura no galpão.


80

A B

Foto III. 7. A, B - Visão geral da ruptura no galpão.

A B

Foto III.8. A, B – Afundamento do piso do galpão – ponto A.

A B

Foto III.9. A – Vista lateral do galpão;


B – Rachaduras no muro lateral
81

4a VISITA – 02/outubro/2000

A
B

Foto III.11. A - Local do ensaio SPT;


B - Tubos de SPT.

5a VISITA – 09/outubro/2000

Foto III. 10. A, B - Utilização da palheta de campo;


C - Local do ensaio de palheta.
82

6a VISITA – 05/outubro/2003

Foto III.12. Vista geral do local de estudo após um ano da ruptura.

A B

D
C

Foto III.13. A, B - Rebaixamento e fissuras no terreno;


C - Muro de gabião danificado;
D - Movimento do muro com flexão das placas de concreto.
83

3.6. PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA

3.6.1. INTRODUÇÃO

Para o desenvolvimento do projeto de reparação dos danos da ruptura, foram realizadas


investigações geotécnicas de campo e de laboratório. As investigações de campo
englobaram sondagem a percussão tipo SPT (8 furos) realizados em campanhas diferentes,
com retirada de umidade natural (1 furo), amostragem indeformada em shelby de 4” de
diâmetro (01 amostra), e ensaios de palheta de campo (02 furos). As investigações de
laboratório constaram de ensaios de caracterização, adensamento vertical e resistência
(triaxiais UU e CIU). A Figura III.2 apresenta a locação das investigações geotécnicas de
campo.

Os ensaios de laboratório e de palheta de campo foram realizados pelo Laboratório de


Solos e Instrumentação da UFPE, por solicitação da Empresa Gusmão Engenheiros
Associados. As sondagens SPT foram realizadas por diferentes empresas (ver Tabela III.2).

A autora dessa dissertação não participou diretamente da realização desses ensaios. Neste
item são organizados e agrupados, com discussão inicial, todos os parâmetros geotécnicos
fornecidos, para que posteriormente eles possam ser ampliados e preparados para a
realização das análises.

É importante lembrar que, os dados obtidos na fase de investigação geotécnica forneceram


a base para o presente estudo, e que o trabalho inicial se tratava de uma consultoria técnica
e não um trabalho voltado à pesquisa, portanto apresentando algumas limitações, como por
exemplo, a retirada de uma única amostra indeformada. Entretanto, o simples
procedimento de determinação de umidade natural através do SPT e a determinação da
resistência não drenada através do ensaio de palheta de campo, junto com uma análise e
ampliação das informações, forneceram ferramentas importantes à realização desse estudo,
e possibilitou a ampliação dos dados.
84

3.6.2. INVESTIGAÇÕES DE CAMPO

3.6.2.1. SPT

Campanhas de sondagem a percussão foram realizadas no local a fim de se obter o perfil e


seções transversais do terreno sempre constituindo importante ferramenta na análise de
problemas geotécnicos. Foram executadas 8 sondagens de reconhecimento à percussão,
sendo que 6 furos no período em que o terreno exibia sinais de colapso, e mais 2 furos
executados após a ruptura.

Tabela III.2. Cronograma das sondagens realizadas no local de estudo.

SONDAGEM FUROS DATA Observações

Realizada para a construção do


Empresa 1 SP1, SP2 e SP3 18/09/1997
aterro e muro de gabião

Realizada na primeira solicitação a


Empresa 2 SP1, SP2 e SP3 28/06/1999
Gusmão Engenheiros Associados*

Empresa 3 SP1 e SP2 02/08/2000 Após a ruptura

* Os estudos de avaliação de danos e soluções para as reparações foram realizados


utilizando esta sondagem.

A campanha de sondagem realizada após a ruptura pela Empresa 3, especificamente o furo


SP-02, forneceu resultados que serão utilizados nesta dissertação.

Visando melhor definição do perfil geotécnico e possíveis análises através de correlações,


foi feita a determinação da umidade natural das amostras de argila coletadas no bico do
amostrador padrão em um dos furos realizados (SP-02). A execução da sondagem e a
determinação do índice de resistência à penetração (N) foram feitos segundo o que dispõe a
Norma NBR-6484/80, que trata do Método de Brasileiro de Execução de Sondagens de
Simples Reconhecimento.
85

COUTINHO et al. (1988a) recomenda a determinação da umidade pelo menos a cada


metro. ALMEIDA e MARQUES (2004) relatam ser prática corrente a coleta de amostras
deformadas através de amostradores SPT ou shelby de pequeno diâmetro (5cm) para a
determinação de índices físicos a cada metro. Essa prática permite mapear grandes áreas a
baixos custos, compartimentando áreas de mesmos índices físicos, correlacionando-os com
parâmetros de resistência e compressibilidade.

A Figura III.8. apresenta o perfil típico incluindo os resultados de umidade correspondente


a sondagem SP-02. Observa-se através desse perfil, um aumento significativo no valor do
teor de umidade a partir da profundidade de cerca de 7,0m, atingindo o seu máximo valor
aos 9,0m de profundidade, na camada de turfa com argila orgânica. A partir daí, verifica-se
um decréscimo de umidade, tornando-se praticamente constante na camada de argila
orgânica aos 12,0m.

O perfil correspondente foi adotado como perfil típico para ser apresentado com os demais
perfis geotécnicos, nas próximas figuras, isto porque neste furo foi coletada a amostra
indeformada para realização de ensaios de laboratório, podendo-se fazer comparações com
os parâmetros obtidos a partir da umidade verificada no SPT e por estar localizado na área
de ruptura do aterro.

UMIDADE (%)
SP-02
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340
0 0
5 Aterro
7 W(%) SPT02
8
NA
1
5 1 5
1/33
Argila
1 orgânica
1
Profundidade(m)

1/34 Turfa com


10 1/34 argila 10
orgânica
P/24
1/31
P/108
P/141
Argila
15 P/134
orgânica 15

P/131 s iltos a
1/39
1
6

20 6Areia m édia s iltos a 20

Figura III.8. Perfil geotécnico típico vs. resultados de umidade natural do SP-02
86

3.6.2.2. AMOSTRAGEM DEFORMADA / INDEFORMADA

Os processos de amostragem do solo foram desenvolvidos em conformidade com a Norma


NBR- 9820 (Coleta de Amostras Indeformadas em Solos de Baixa Consistência em Furos
de Sondagem).

Foi coletada apenas 01 amostra indeformada em tubo tipo shelby de 4” de diâmetro nas
profundidades de 11,00 a 11,40 m, para realização de ensaios laboratoriais de
caracterização, adensamento e resistência, e 15 amostras deformadas através do furo de
sondagem SP-02 entre as profundidades de 6,00 a 20,10m, para determinação da umidade
natural.

A obtenção de amostras de boa qualidade é de fundamental importância, para estimativa de


parâmetros coerentes com a realidade do solo. Amostras de má qualidade podem causar a
subestimativa de parâmetros de compressibilidade (CC e σ’P) e de parâmetros de
resistência (SU), como mostrou OLIVEIRA (2003) em sua tese de doutorado

3.6.2.3. ENSAIOS DE PALHETA

Foi utilizado um equipamento de palheta elétrico (Figura III.9), seguindo os procedimentos


a partir de NBR 10905 (1989), NASCIMENTO (1998) e OLIVEIRA, 2000).

Foram executadas, na argila mole, 02 perfurações, fazendo um total de 32,00m de


profundidade, totalizando 24 ensaios realizados (indeformado + amolgado). Desses
ensaios, 14 foram realizados na vertical EPC1 localizada fora da área de ruptura, e 10
ensaios na vertical EPC2, localizada dentro da área rompida. A locação dos ensaios está
apresentada na Figura III.2.

Um tripé de sondagem à percussão foi utilizado como equipamento auxiliar na realização


dos ensaios. Nos primeiros metros de cada furo foi usado um trado manual padrão do tipo
helicoidal, como instrumento de perfuração para atravessar a camada superficial do aterro,
quando a partir daí foi utilizada a lavagem através de circulação d’água, até que fosse
87

atingida a camada de argila. A velocidade de rotação utilizada, tanto no ensaio


indeformado quanto no ensaio amolgado, foi de 6º/min. A profundidade máxima atingida
em cada furo foi função das dificuldades operacionais encontradas, da capacidade do
equipamento e do perfil geotécnico da área.

A resistência não drenada indeformada e amolgada foram calculadas utilizando a


interpretação convencional do ensaio, utilizando a Expressão (III.1), onde Tmáx (kNm) é o
torque máximo e D (m) é o diâmetro da palheta, conforma já descrito no Capítulo II.

Na dedução desta expressão assume-se uma distribuição uniforme de tensões ao longo das
superfícies de ruptura horizontal e vertical circunscrita à palheta e considera-se a relação
altura / diâmetro da palheta igual a 2. O valor da sensibilidade (St) da argila é dado pela
relação Sindef/Samolg.

Figura III.9. Esquema geral do equipamento de palheta de campo (NASCIMENTO, 1998 e


OLIVEIRA, 2000).
88

Na Tabela III.3 estão os resultados numéricos da resistência não drenada, da resistência


não drenada amolgada e da sensibilidade, obtidos no ensaio de palheta de campo para os
dois furos. A Figura III.10 apresenta o perfil geotécnico contendo Suindef e Suamolg e a
sensibilidade da argila SUindef / SUamolgado ao longo da profundidade.

Tabela III.3. Resultados de ensaio de palheta de campo

Prof. Rotação Torque SU EPC Rotação TorqueAmolg. SU Amolg.


Furos Sensibilidade
(m) (Graus) (Nm) (kPa) (Graus) (Nm) (kPa)
7,00 22 24,81 24,73 20 19,21 19,15 1,29
7,5 29 69,12 68,90 50 21,38 21,32 3,23
9,5 41 37,85 37,73 48 6,42 6,40 5,90
11,5 34 24,90 24,82 36 2,66 2,65 9,37
EPC1 12,5 15 17,37 17,32 36 1,66 1,65 10,50
13,5 15 17,71 17,65 36 1,24 1,23 14,31
14,5 17 26,32 26,23 36 1,40 1,40 18,74
16,5 41 38,94 38,82 36 2,74 2,73 14,21
18,00 38 57,75 57,57 36 3,91 3,90 14,76
10,50 - - - 40 29,49 29,40 -
11,00 12 33,09 32,98 6 6,84 6,82 4,84
EPC2 12,00 10 26,07 25,98 36 8,26 8,23 3,16
13,00 14 25,40 25,32 36 12,36 12,32 2,06
14,00 10 20,46 20,40 42 16,28 16,23 1,26

Su(indef) (kPa) Su(amolgado) (kPa) St =Su(indef.)/Su(amolg.)


0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30

0 0 0 0

EPC1 EPC1
5 EPC1
EPC2 EPC2
7 EPC2

8 Aterro
1
5 1 5 5 5

1/33
Argila
1 orgânica
1
Profundidade (m)

turfa com
1/34 argila
10 orgânica
1/34 10 10 10

P/24
1/3

P/108
P/141
15 P/134 Argila 15
15 15

P/13 orgânica
siltosa
1/39
1
6
6 Areia média
20 20 20 20

Figura III.10. Parâmetros geotécnicos de resistência do ensaio de palheta.


89

O perfil de Su na vertical EPC1 obtido para o local de estudo, através de ensaios de palheta
de campo, apresenta comportamento descontínuo entre 6 e 9m de profundidade, ou seja, o
Su cresce dos 7 aos 7,5m; aos 7,5m o Su diminui até 12,5m; e volta a crescer até os 18m. A
forte presença de raízes e materiais ainda em fase de decomposição, provavelmente faz
com que a resistência aumente exatamente neste ponto, não sendo de fato, a resistência da
camada considerada.

Já na vertical EPC2, o valor de Su indeformada se mantém decrescente com a


profundidade em todo o trecho ensaiado (10,5 a 14,0m), e a Su amolgada apresenta uma
grande queda no trecho entre 10,5 a 11,0 m, e um aumento progressivo a partir desta
profundidade até o fim do ensaio.

As curvas (torque vs rotação) obtidas nos ensaios realizados na vertical EPC1 e na


profundidade de 12,5m (indeformado e amolgado) são mostradas na Figura III.11. As
demais curvas podem ser visualizadas no Apêndice A desta dissertação. A maioria dessas
curvas apresentam uma forma típica de ensaios de boa qualidade. Como pode ser visto o
comportamento de pico é bem visível. Na curva da Figura A.1 (EPC1 - 7,0m) e A.3 (EPC1
- 18,0m) ocorre queda mais brusca da resistência após atingir a ruptura. Isto pode ser
explicado pelo fato do depósito de argila apresentar certa rigidez, ocorrendo um
amolecimento do solo a uma maior velocidade.

O comportamento atípico das curvas nas Figuras A.2 (EPC1 - 13,5m) e A.4 (EPC1 -
14,5m) pode ser provavelmente explicado pelo pouco aperto dado às hastes internas,
quando da colocação das mesmas. As curvas apresentam inicialmente certa inclinação (até
que as roscas sejam efetivamente apertadas), quando a partir daí assumem outra inclinação.

No ensaio representado na Figura A.3 (EPC - 18,0m) a mesa de torque no início não estava
totalmente presa, e isto explica o fato da dispersão no valor de Su indeformada (bem
visível). As Figuras A.1 (EPC1 - 9,5m) e A.2 (EPC1 - 11,5m) apresentam curva com forma
explicada pela presença de turfa na profundidade ensaiada.

Na vertical EPC2 - 10m no ensaio indeformado, as castanhas não prenderam. No EPC2 -


14,0m, a Su indeformada provavelmente está com amolgamento, pois na tentativa de
cravar os 0,50m suspendeu-se a cravou-se a palheta umas três vezes.
90

As curvas Torque vs. Rotação amolgado não apresentam comportamento de pico, sendo o
torque amolgado sempre crescente com o ângulo de rotação, como tem sido observado na
Literatura.

Figura III.11. Curva típica Torque vs. Rotação – Galpão BR 101.

É importante lembrar que alguns problemas operacionais do ensaio de palheta de campo,


em Recife, onde a profundidade e espessura dos depósitos argilosos são grandes, podem
comprometer alguns resultados (OLIVEIRA, 2000). A partir de certa profundidade, há
dificuldade de se cravar o equipamento para o avanço da profundidade, devido ao atrito
entre as hastes de extensão externas e o solo ensaiado. O parafuso contido na parte inferior
da mesa de torque, o qual é utilizado para fixá-la na haste externa, precisa estar bem fixo.

a) ÂNGULOS DE ROTAÇÃO NA RUPTURA

Ensaios de boa qualidade podem ser caracterizados por ângulo de rotação da palheta,
medidos no instante da ruptura (θrup), inferiores a 30º (ALMEIDA, 2000 a partir de
OLIVEIRA, 2000). Como pode ser observado na Tabela III.12 os θrup para a grande
maioria dos ensaios realizados apresentam valores menores que 30º. Na Figura III.12 são
plotados os ângulos de rotação na ruptura vs. profundidade observados nos ensaios
realizados neste estudo.
91

0 10 20 30 40 50
0
EPC1
EPC2

Profundidade (m)
10

15

20
Ângulo de Rotação na Ruptura
(graus)

Figura III.12. Ângulo de rotação na ruptura não corrigidos vs. profundidade para o local
estudado.

É de se esperar que para solos mais resistentes, obtenham-se ângulos maiores, pois a
distorção angular das hastes de extensão é também maior (OLIVEIRA, 2000). O aumento
da profundidade também provoca maiores distorções angulares das hastes, e como
conseqüência, maiores θrup . Este fato não mostrou-se significativo nos resultados obtidos
neste trabalho.

b) SENSIBILIDADE

É possível verificar os resultados da sensibilidade nos dois furos realizados plotados versus
a profundidade no depósito argiloso do local de estudo (Figura III.13) obtendo-se o perfil
de St. O depósito estudado apresenta sensibilidade de baixa a alta na vertical SVP01 e de
média a baixa para a vertical SVP02, conforme classificação de SKEMPTON e
NORTHEY (1952), representada na Tabela III.4, confirmando de fato, essa tendência nas
argilas moles do Recife.
92

Assim, pode-se considerar que a influência da sensibilidade dos solos moles do depósito
estudado é fator importante na análise de comportamento. Após a ruptura, sua resistência é
provavelmente bem menor do que a resistência inicial. Isto se deve ao fato de que, após
rompido, há uma quebra no arranjo estrutural desses solos, levando-os a um processo
similar a um amolgamento e conseqüentemente a um pico de resistência menor. Ou seja, o
terreno não suportará a construção posterior de aterros ainda que com sobrecargas
menores.

Tabela III.4. Sensibilidade das Argilas (SKEMPTON e NORTHEY, 1952)


SENSIBILIDADE St
Baixa 2–4
Média 4–8
Alta 8 – 16
Muito alta > 16

0 5 10 15 20
0
baixa média alta muito
alta

EPC1
5
EPC2
profundidade (m)

10

15

20
Sensibilidade

Figura III.13. Sensibilidade do depósito argiloso estudado, segundo a classificação de


SKEMPTON e NOYTHEY (1952).
93

3.6.3. INVESTIGAÇÕES DE LABORATÓRIO

3.6.3.1. CARACTERIZAÇÃO

Os ensaios de caracterização foram realizados para a amostra retirada no furo 01,


constando das seguintes determinações: análise granulométrica com sedimentação, limites
de Atteberg (liquidez (LL) e plasticidade (LP), índice de plasticidade (IP) e limite de
contração), umidade natural (Wn), peso específico natural (γ) e dos grãos (δ), determinação
do teor de matéria orgânica (TMO), pH e condutividade realizados de acordo com as
metodologias descritas nas normas e métodos da ABNT. A Figura III.14. representa a
composição macroscópica da amostra e na Tabela III.5 estão os resultados do ensaio de
caracterização.

ÁGUA
AMOSTRA 1
(11,00 a 11,40 m de profundidade)

Turfa + argila mole orgânica, altamente plástica,


com grau de contração elevado em períodos de
SAÍS grande estiagem. Possui propriedades expansivas.
MATÉRIA ORGÂNICA
Contém matéria orgânica e considerável presença
de sais.
GRÃOS

Figura III.14. Característica da amostragem do shelby e composição macroscópica da


amostra.

Tabela III.5. Resultados dos Ensaios de Caracterização

AMOSTRA 1 - Furo 01 (PROFUNDIDADE 11,00 – 11,40 m)

COMPOSIÇÃO
PESO ESPECÍFICO (kN/m3)
GRANULOMÉTRICA (%)
UMIDADES (%)
PEDREGULHO 00 11,91

AREIA GROSSA 01 UMIDADE NATURAL (Wn) 223


ENSAIOS QUIMÍCOS
AREIA MÉDIA 01 LIMITE DE LIQUIDEZ (LL) 76

AREIA FINA 04 LIMITE DE PLASTICIDADE (LP) 57 Teor de Matéria Orgânica (%) 67


SILTE 27 ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP) 19 pH 6,66
Condutividade (µs/cm)
ARGILA 67 LIMITE DE CONTRAÇÃO (LC) 37 1640
(Presença de sais)
94

A Figura III.15. apresenta os perfis dos parâmetros de caracterização com a profundidade,


incluindo o perfil de umidade obtido com amostras do ensaio SPT. O pesos específicos
foram estimados para a camada do aterro (γaterro=18 kN/m3) , para as duas camadas de
argila orgânica siltosa (γargila= 14 kN/m3) e para camada de areia siltosa (γargila= 18 kN/m3).
Na camada de turfa com argila orgânica, o valor de γargila= 11,9 kN/m3 foi determinado no
ensaio de caracterização. A curva granulométrica da amostra retirada é apresentada na
Figura III.16, podendo-se verificar a alta percentagem de argila e silte.

SPT-02 UMIDADES (%) PESO ESPECÍFICO


0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0
0 0 0

5 W(%) SPT02
7 LL
8 LP
NA Aterro
Wn
1
5 1 5 5

1/33
Argila orgânica
1 siltosa

1
Profundidade (m)

1/34
turfa com
10 argila 10
1/34 10

P/24 orgânica
1/31

P/108

P/141
P/134 Argila
15 15 15
orgânica
P/131 siltosa
1/39

1
6

20 6 Areia média siltosa 20 20

Figura III.15. Parâmetros geotécnicos de caracterização.

Curva Granulométrica

AREIA A.
ARGILA SILTE AREIA FINA PEDREGULHO
MÉDIA
100 !! ! !!! ! ! GR ! ! !! !!
! .
!
!
80 !
!
! ! Furo 01 - amostra 01
!
!!
% Que Passa

60 ! !
Argila 67%
Silte 27%
40 Areia Fina 04%
Areia Média 01%
Areia Grossa 01%
20 Pedregulho 00%

0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro (mm)

Figura III.16. Curva granulométrica da amostra.


95

Observa-se que a umidade natural da amostra retirada aos 11m de profundidade é bem
superior ao limite de liquidez LL. Isto provavelmente ocorreu devido à realização de
secagem prévia ao ar livre das amostras de argila orgânica antes da realização dos ensaios
de determinação do LL, subestimando assim os resultados, conforme mencionado em
COUTINHO e FERREIRA (1988). O índice de plasticidade foi também bem menor do que
o esperado, apresentando valor de 19%. Infelizmente o laboratório não atendeu as
recomendações da literatura, seguindo o procedimento estabelecido na Norma Brasileira.

Segundo ALMEIDA e MARQUES (2004) a determinação do LL deve ser feita sem


secagem em estufa, pois as argilas orgânicas brasileiras, com a secagem em estufa, os
valores de LL são cerca de 10 a 30% menores do que sem secagem. Como o LP é pouco
afetado, o valor de IP é também afetado nessa ordem. SANDRONI (1993) comenta que a
diferença entre os valores de IP obtidos com e sem secagem prévia nas argilas moles
orgânicas, costuma ser muito grande. O autor relata como exemplo Gramacho – RJ, onde o
IP sem secagem é de 115% ao passo que, com secagem, é de 43%, em média, sendo esta
diferença excepcionalmente alta.

3.6.3.2. ADENSAMENTO VERTICAL

O ensaio de adensamento com drenagem vertical foi realizado na amostra indeformada


retirada aos 11,0m de profundidade , em corpos de prova com diâmetro de 8,74 cm, área de
60 cm2 e altura de 2 cm, em equipamento do tipo Bishop, com anel fixo. Foram aplicados
estágios de carregamento de 5kPa a 320 kPa, com razão de incremento de tensão
∆σ’V/σ’V=1, com tempo de duração de 24 horas.

O procedimento e método de cálculo empregados foram os recomendados na literatura


para a realização do ensaio oedométrico convencional. A Figura III.17. apresenta a curva
tensão-deformação resultante dos ensaio de adensamento vertical, e os seus respectivos
parâmetros: índice de compressão (CC) e de inchamento (CS), índice de vazios inicial (e0) e
tensão de pré-adensamento (σ’VM).
96

Com objetivo de qualificar a amostra, de acordo com o proposto por LUNNE et al. (1997),
(ver também COUTINHO et al, 2000), foi determinada a deformação correspondente à
tensão vertical efetiva inicial da amostra (εσ’V0) . Observa-se a baixa qualidade da amostra,
com valores de εσ’V0= 13,7% (de pobre a muito pobre) para a amostra do adensamento
vertical (Expressão III.1).
eo − eσ ´vo 4,564 − 3,800
ε σ ´vo = = = 0,137 = 13,7% (III.1)
1 + eo 5,564

Curva Índice de Vazios Vs Pressão


6

) eo=4,564
)
eo=4,564 )
) eσ’vo=3,80
4
) σ’vo=59,8kPa
σ’vm=42,5 kPa
Índice de Vazios

) σ’VM=42,5 kPa Cc=1,9 CR=34,5%


3
Cs=0,30 SR=5,39%
) Wn=223,19%
S=100%
eσ’vo= 3,80 )σ’vo=59,8kPa εσ’vo=13,7%
2 OCR=0,71
) )
)
) )
1

0
1 10 100 1000 10000
Pressão em (kPa)
Figura III.17. Curvas tensão x deformação no adensamento vertical.

As tensões efetivas iniciais foram calculadas, considerando-se o peso específico de cada


camada, e admitindo a sobrecarga do aterro e o nível d’água (Figura III.20). O cálculo do
OCR (σ’vm/ σ’vo) foi feito para o ensaio, utilizando o valor encontrado para σ’vm (42,5kPa)
obtido no ensaio de adensamento, e o valor estimado de σ’vo (59,8kPa). Observa-se
claramente (Figura III.18) o efeito do amolgamento na tensão de pré-adensamento obtida
na amostra, a qual apresentara-se inferior à tensão vertical efetiva indicando um falso sub-
adensamento da argila (OCR=0,71).
97

A estimativa do coeficiente de adensamento foi feita através do Método de TAYLOR, para


t90 no gráfico raiz do tempo ( t ) versus deformação, através da Expressão (III.2).
Tv 90 ⋅ H d
cv = (III.2)
t90
Sendo: Tv90 = 0,848 para o caso de drenagem vertical (TERZAGHI, 1943);
Hd = altura de drenagem = meia altura do corpo de prova – drenagem vertical.

σ’vo
SP-01 0 20 40 60 80 100
0 0

7
8
NA At er r o
1
5 1 5
1/ 33
Ar gila
1 or gânica
1

1/ 34
t ur f a
10 10
1/ 34 com
P/ 2 ar gila
1/ 3

P/ 10

P/ 14
P/ 13 Ar gila
15 15
or gânic a
P/ 13
silt osa
1/ 3

1
6

6 Ar eia média 20
20

Figura III.18. σ’vo vs. profundidade

A Figura III.19 apresenta a curva de coeficientes de adensamento vertical versus a tensão


vertical efetiva média.
20

)
15
Cv (m2/seg.)

)
10
)
)

)
)
) )
0 )
1 10 100 1000 10000
Pressão em (kPa)

Figura III.19. Curva Tensão x Coeficiente de adensamento vertical.


98

Na Tabela III.6 podem ser vistos os resultados dos parâmetros de compressibilidade


obtidos a partir do ensaio de adensamento.

Tabela III.6 Parâmetros de compressibilidade obtidos a partir do ensaio de adensamento

COEFICIENTE DE ADENSAMENTO - Cv ENSAIO DE PERMEABILIDADE - k


Coeficiente de Coeficiente de
Profundidade Pressão média
adensamento Índice de vazios médio permeabilidade
(m) ( kPa)
(m2/seg) (m/seg)
3,8 16,549 4,472 6,798
7.5 10,856 4,398 3,749
15 9,039 4,277 2,550
30 7,820 4,069 2,051
11,00 – 11,40 60 2,243 3,731 0,485
120 1,189 3,209 0,224
240 0,768 2,589 0,081
480 0,619 2,034 0,027
960 0,346 1,647 0,010

Característica da amostra FURO 01- amostra 01 Indeformada – tubo amostrador de 4”.


Tipo Fixo - com dimensões de :
Diâmetro: 8,74 cm
Característica do anel de adensamento
Altura : 2,0 cm
Área : 60 cm2
Condição de ensaio INUNDADO
Pressão de inundação (kPa) 2,5
Profundidade (m) 11,00 – 11,40
Umidade inicial de moldagem (%) 223,19
Grau de saturação inicial de moldagem (%) 100
Massa específica aparente úmida inicial de moldagem (kN/m3) 11,91
Índice de vazios inicial 4,564
Índice de compressão (Cc) 1,900
Índice de expansão (Cs) 0,300
Índice de vazios final 1,768
Pressão de Pré-adensamento (kPa) 45,0

3.6.3.3. TRIAXIAIS UU E CIU

Foram realizados ensaios de compressão triaxiais UU e CIU para definição da resistência


na condição não drenada (Su) e drenada (c’ φ’), respectivamente. Os cálculos e
procedimentos do ensaio UU foram feitos de acordo com BISHOP e HENKEL (1962). Os
ensaios CIU foram executados segundo COUTINHO (1986). O cisalhamento dos corpos
de prova foi realizado em prensa com velocidade igual a 0,77 mm/min,, com aplicação de
pressões confinantes variando de 50 a 400 kPa. A Tabela III.7 mostra os resultados dos
ensaios triaxiais UU e a Figura III.20 apresenta curvas tensão-deformação do ensaio.
99

Tabela III.7. Resultado do Ensaio Triaxial UU


Angulo de atrito
Profundidade (m) CP Umidade inicial (%) Sumédia (kPa)
interno ( 0 )
01 117,35
02 114,20
11,00 – 11,40 20 0
03 114,00
04 116,51

60
Pressões confinantes
'50 kPa ) 100 kPa
50 & 150 kPa & 200 kPa
Tensão Desvio (kPa)

) )
)) )) ) ) ) ) ) )
)
&& &&
&&& &&&
) & & & )
40 &&
&&
&&
)
) ''' '
''
'&& '
& '
&
&
'
&
'
&
'
& & &
&
&) & & ' ' '
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&&
30 &) ''
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&
& '
20 &&)
&)'
&
&
)
)''
10 '
'

0)
&
'
0 5 10 15 20 25
Deformação esp. axial (%)
Figura III.20. Curva tensão-deformação ensaio triaxial UU.

200

coesão = 20 kPa
150
âng. atrito = 0º
TENSÃO CISALHANTE (kPa)

100

50

0
0 50 100 150 200 250 300
TENSÃO NORMAL (kPa)
Figura III.21. Envoltória de resistência – Ensaio triaxial UU.
100

A Tabelas III.7 mostra os resultados dos ensaios triaxiais CIU. A Figura III.22 apresenta
curvas tensão-deformação típicas do mesmo ensaio e a Figura III.23 mostra as envoltórias
de tensões efetivas do ensaio CIU, obtidas a partir do ponto correspondente à ruptura.
Observa-se que as curvas-deformação do dois ensaios possuem um pico de resistência
entre 5 e 10% de deformação e que a partir daí há uma pequena queda de resistência com
aumento das deformações.

Tabela III.7. Resultado do Ensaio Triaxial CIU

Umidade Tensão Total Tensão Efetiva


Profundidade
CP inicial
(m) Sumédia Ângulo de atrito Ângulo de atrito
(%) c’ (kPa)
(kPa) interno ( 0 ) interno ( 0 )
01 117,35
02 114,20
11,00 -11,40 6 15 12 30
03 114,00
04 116,51

200 Pressões confinantes


' 50 kPa ) 100 kPa
& 200 kPa & 400 KPa
&&&&&&&&&& & & &
Tensão Desvio (kPa)

150 & & & & & &


&
& &&&& & & & &
&&&& & & & &
100 & &&
&
& & ) ) ) ) ) ) ) ) )
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)))))))
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&
)
''''
'
'
0)
&'
0 5 10 15 20
300 Pressões confinantes
' 50 kPa ) 100 kPa
& 150 kPa & 2 kPa
Pressão Neutra (kPa)

200
&& &&&& & & & & & & & &
&&&
&&
&
& & & & & & & &
100 && &&& &&&&
&
&& &&&& ) )))) ) ) ) ) ) ) ) )
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))))
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)
&&
)
''
) '
'''
)
&
0)
&
'
0 5 10 15 20
Deformação. esp. axial (%)

Figura III.22. Curvas tensão-deformação e Curvas poro-pressão-deformação do ensaio CIU


101

200

âng. atrito = 30º


TENSÃO CISALHANTE (kPa) 150 coesão = 12 kPa

100

50

0
0 50 100 150 200 250 300
TENSÃO NORMAL (kPa)

Figura III.23. Envoltória de resistência de Tensões Efetivas – Ensaio triaxial CIU.

Os parâmetros de resistência obtidos nos ensaios triaxiais UU e CIU, incluindo os


resultados obtidos nos ensaios de palheta de campo são mostrados na Figura III.24.
Observa-se que a resistência não drenada para os ensaios triaxiais UU apresentou valor
muito próximo (Su = 20 kPa) ao obtido no ensaio de palheta no solo natural realizada na
mesma profundidade da retirada da amostra.

Su(palheta) (kPa) St =Su(indef.)/Su(amolg.) φ' (º), c' (kPa)


0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 0 10 20 30 40

0 0 0
0

5
EPC1 ângulo de
EPC1
7
EPC2 atrito
EPC2 coesão
8 At erro Triaxial UU
10
5 1 5 5
5

1/ 33
Argila orgânica
1 silt osa
1

1/ 34
t urf a com
10 10 10
10
1/ 34 argila
P/ 24 orgânica
1/ 31

P/ 108

P/ 141
15 P/ 134 15 15
15

Argila
P/ 131
orgânica
1/ 39 silt osa
1
6
6 Areia média silt osa
20 20 20
20

Figura III.24. Parâmetros geotécnicos de resistência – Ensaios triaxiais UU e CIU e


Ensaios de Palheta.
102

3.7. COMENTÁRIOS ADICIONAIS

O procedimento de amostragem e moldagem de corpo de prova adotado pelo Laboratório


de Solos e Instrumentação da UFPE parece explicar as diferenças de resultados em alguns
ensaios. O material do topo do shelby (cerca de 15 cm) foi recolhido para ensaio de
adensamento e caracterização, e o material final (cerca de 25cm) foi recolhido para o
ensaio triaxial e granulometria. As extremidades vedadas por parafina são desprezadas.

Desta maneira, a amostra do Galpão BR-101 apresentou-se com duas fases constituídas por
solos diferentes O material do topo do shelby foi caracterizado por turfa, com umidade de
223% e TMO = 67%, o material do final do shelby foi caracterizado por argila orgânica
com umidade em torno de 117% (Figura III. 25).
0,15

Turfa

Argila
orgânica
0,25

Figura III.25. Materiais encontrados na amostra do Shelby

Observando o perfil de umidade do local de estudo (Figura III.4), verifica-se que aos 11,0 a
11,40, onde o shelby foi retirado, constitui uma zona de transição, ou seja, há um
decréscimo na umidade natural, sendo este fato, também evidenciado no shelby.

Quanto ao TMO, verifica-se que o resultado de 67% é um valor alto, entretanto condizente
com a descrição de turfa e com a umidade de 223% apresentada, porém não é condizente
com a descrição de matéria orgânica e com a umidade de 117% apresentada no material
dos últimos 25 cm do shelby. A curva granulométrica é relativa ao material do final do
shelby, e não da turfa, já que para este material, a determinação da granulometria não é
possível.
103

CAPÍTULO IV

ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS

4.1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é analisar e ampliar os dados iniciais fornecidos por Gusmão
Engenheiros Associados, conforme apresentados no capítulo anterior, a fim de permitir a
adequada utilização no presente trabalho. É importante ressaltar que se tratava inicialmente
de um trabalho prático não voltado à pesquisa e com limitações relacionadas às
investigações geotécnicas, e conseqüentemente à obtenção de parâmetros.

Inicialmente será apresentada uma síntese de resultados de estudos desenvolvidos na Área


de Geotecnia – DEC/UFPE das características das argilas moles do Recife reunidas a partir
do Banco de Dados (COUTINHO e OLIVEIRA, 1994, COUTINHO et al., 1998a), e
alguns resultados de parâmetros geotécnicos descritos na literatura brasileira.

A partir desses estudos, será apresentada a adequação / ampliação dos parâmetros


geotécnicos necessários para a análise de estabilidade do depósito do Galpão da BR-101 a
ser realizada no Capítulo V.

4.2. SÍNTESE DA CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA DAS ARGILAS MOLES


DO RECIFE

A cidade do Recife apresenta uma área plana que se formou no período Quaternário com a
influência das águas salinas e doces. Os depósitos de argilas moles orgânicas podem ser
encontrados em aproximadamente 50% da área da planície do Recife, formada no período
Holocênico com uma idade máxima de cerca de 10.000 anos. O nível do solo é próximo do
nível do mar e os depósitos de solos moles, em geral, estão quase totalmente abaixo do
nível d’água.
104

Devido ao interesse prático, as argilas moles do Recife vem sendo sistematicamente


estudadas por vários autores através da elaboração de dissertações de mestrado, tese de
doutorado e publicação de artigos técnicos nacionais e internacionais (TEIXEIRA, 1972;
AMORIM JR., 1975; FERREIRA, 1982; COUTINHO, 1988; COUTINHO e FERREIRA,
1988; OLIVEIRA, 1991; COUTINHO e OLIVEIRA, 1994 e 1997; PEREIRA, 1997;
COUTINHO et al., 1998; COUTINHO et al., 1999; COUTINHO et al., 2000;
OLIVEIRA, 2000, OLIVEIRA, 2002).

Em função dos problemas de engenharia dos solos moles e para dar suporte à comunidade
geotécnica, um Banco de Dados dos Solos Moles de Recife foi desenvolvido pelo GEGEP-
UFPE (Grupo de Engenharia Geotécnica de Encostas e Planície), sob a coordenação do
Prof. Roberto Quental Coutinho. Este Banco de Dados contém informações geotécnicas de
cerca de 50 locais, incluindo dois locais de pesquisa. Totalizam cerca de 400 linhas que
incluem informações geotécnicas de identificação, caracterização, adensamento e
resistência. Também estão inclusas correlações estatísticas gerais dos parâmetros
geotécnicos dos solos de Recife e dos locais de pesquisa. As informações geotécnicas são
geralmente obtidas através de ensaios de laboratório e ensaios de campo realizados pela
universidade para pesquisa e projetos práticos de engenharia de fundações e aterros sobre
solos moles.

O programa padrão de ensaios de laboratório consiste em caracterização, adensamentos


com incrementos de carga e triaxiais de compressão. O perfil de SPT e outras informações
são obtidas através de empresas privadas. Nos locais de pesquisa (Clube Internacional e
SESI-Ibura), onde se requer investigações mais detalhadas, são realizados ensaios
complementares de laboratório e um programa de ensaios de campo tais como: Piezocone,
Dilatômetro de Marchetti, Pressiômetro de Ménard e Palheta de Campo.

O universo do Banco de Dados dos solos de Recife, com dados de ensaios de laboratório e
campo, está sendo ampliado através do cadastramento, locação e análise de casos de
problemas práticos nos solos moles de Recife.

Vale salientar que a utilização de procedimentos, como uso de correlações estatísticas


locais a partir da umidade de campo obtidas no SPT, já é prática do GEGEP-UFPE,
possibilitando a ampliação de problemas práticos, tornando-os trabalhos de pesquisa,
105

através de parcerias firmadas com empresas de engenharia, trazendo aprendizado e


experiência profissional local. Pode ser citada a dissertação de mestrado de
CAVALCANTE (2001), onde foi realizada uma análise de comportamento de aterros
sobre solos moles de encontro de ponte – Alagoas, através de previsão de recalques e
instrumentação, também parceria com Gusmão Engenheiros Associados.

No sentido de atender os objetivos de análise e ampliação dos parâmetros geotécnicos


obtidos, alguns tópicos de interesse para o entendimento e análise do problema em estudo,
serão descritos a seguir.

4.2.1. PERFIS TÍPICOS

FERREIRA et al. (1986) destacam a ocorrência de dois tipos básicos de perfis com
presença de argila mole: tipo I e tipo II (ver Tabela IV.1). COUTINHO e FERREIRA
(1988), apresentam e discutem resultados com a profundidade para seis dos depósitos
investigados de argilas-solos orgânicos moles do Recife. Os locais estudados
correspondem a uma distribuição bastante ampla da área da planície do Recife.

Tabela IV.1. Perfis Típicos da Planície do Recife (FERREIRA et al., 1986)

Perfil tipo IA Perfil tipo IB Perfil tipo II


SOLO Faixa de espessura (m) Faixa de espessura (m) SOLO Faixa de espessura (m)
obser- mais valor obser- mais valor obser- mais valor
vada freq. médio vada freq. médio vada freq. médio
Aterro 0-2 0-1 0,7 0-1 0-1 0,4 Aterro 1-2 1-2 1
Areia 1-15 1-8 5,0 5-11 5-11 7,0 Argila 13-26 13-16 17
Argila 2-10 4-10 6,0 15-25 15-25 19
Areia Limite de sondagem
Areia Limite de sondagem

A Figura IV.1 apresentada por COUTINHO et al. (2000) mostra quatro perfis geotécnicos
típicos com solos moles da planície do Recife. Podem ser observadas uma camada superior
de aterro / areia, a estratificação dos depósitos de solos moles, e a existência de areias
argilosas e/ou solos orgânicos. Em geral, a consistência das argilas é mole, mas camadas
com consistência média também ocorrem. O nível d’água normalmente é localizado entre
0 e 2m de profundidade.
106

0 NA 0 NA 0 NAAterro 0 0

Aterro Aterro NA
5

Areia /
Argila
7

Turfa Argila 8
5 5 Areia NA Ate rro

5 Siltosa 2 Argilosa
1
5 1
1/33 Argila

Siltosa (1)
Orgânica
orgânica
Siltosa (1)
10 Argila
Orgânica

s iltos a
10

Argila
1
Profundidade (m)

Orgânica 1
Argila

10 4 1/34
turfa com
Argila 10
1/34 argila
15 15 Arenosa P/24 orgânica

Solo 1/31

15 Orgânico P/108

Argila 6 P/141
Siltosa (2)

20 Siltosa (2) 20
Orgânica

Orgânica
Argila
Orgânica 15 P/134
orgânica
Argila

Argila

P/131 s iltos a
1/39
20 Argila
25 25 8 1

Areia Arenosa 6 Are ia m é dia


Argila/Areia
Argilosa Areia Areia 20
6
s iltos a

0 0 0 0

Clube Internacional SESI-Ibura Boa Viagem Cajueiro Galpão BR-101

(a) (b)

Figura IV.1. Perfis geotécnicos típicos; (a) Planície do Recife (COUTINHO et al., 2000),
(b) presente estudo.

O perfil do local estudado na presente dissertação apresenta uma espessa camada de aterro
com cerca de 6m, seguindo de solos moles saturados com SPT (N= P a 1) com
aproximadamente 13m de espessura. Como pode visto na Tabela IV.1 não existe uma
classificação para perfis com camada de argila entre 10 a 15m de espessura. Neste caso
específico o perfil estudado seria enquadrado entre os perfis IA e IB, sendo mais próximo
do IB. Considerando que o perfil tipo IB possui maiores espessuras observadas, fica como
sugestão neste trabalho, ampliar o seu intervalo (de 15 a 25m para 10 a 25m) de forma a
não haver mais intervalo entre os perfis IA e IB.

Em relação aos perfis representativos da Planície do Recife apresentados na Figura IV.1(a),


pode-se verificar uma boa concordância com que o perfil do Galpão BR-101 (local de
estudo), quanto a espessura, consistência e classificação das camadas de solos moles.

Variação significativa no perfil obtido tem sido observada na planície do Recife em


pequenas distâncias. Entretanto, parece existir tendência de que, à medida que se desloca
do litoral para o interior a espessura da camada de argila tende a crescer. Os valores do
ensaio de SPT obtidos nas sondagens catalogadas apresentam um máximo de 4 e em geral
entre 0 e 2 golpes independente do tipo de perfil (COUTINHO et al, 2000)
107

4.2.2. ÍNDICES FÍSICOS

A Figura IV.2 apresenta a carta de plasticidade com os resultados de ensaios de laboratório


para argilas moles/média e solos orgânicos /turfas do Recife. Resultados do depósito de
solos moles de Juturnaíba – RJ são também são mostrados. Os solos foram divididos em
quatro grupos: areia, silte, argilas orgânicas, e turfas/solos orgânicos, usando a ferramenta
de criação de subgrupo (COUTINHO e LACERDA, 1987). Na carta foram incluídas
proposta de intervalos para argilas orgânicas e inorgânicas e turfas.

Pode ser observado nesta carta que os resultados das argilas moles/médias de Recife estão
em torno da linha A, com limite de liquidez (WL) variando entre 23% a 235% e o índice de
plasticidade (IP) variando entre 5 e 148%. Os resultados dos solos orgânicos de Recife e
Juturnaíba estão abaixo da linha A e em torno dos intervalos propostos na literatura. O WL
está entre 175 e 235% e IP entre 40 e 120% (Recife). Os valores de umidade natural (WN)
encontram-se entre 18 e 215% (argilas moles/médias) e entre 180 e 800% (solos orgânicos
/turfas) (COUTINHO et al. 1998a).

Figura IV.2. Carta de Plasticidade – Resultados de solos moles de Recife e de Juturnaíba


(COUTINHO et al. 1998a)

A Tabela IV.2. mostra a faixa de variação de valores de índices físicos dos seis locais
investigados por COUTINHO e FERREIRA (1988). Observa-se que, para as argilas
108

orgânicas, em geral, o teor de argila se situa na faixa de 20 a 80%, sendo mais freqüente
em torno de 50%; a umidade natural apresentando-se na faixa de 30 a 110%; o limite de
liquidez em geral próximo da umidade natural, sendo em algumas profundidades pouco
inferior à umidade; entretanto, quando nesses casos os ensaios forem também realizados
sem secagem prévia, o limite de liquidez apresentou-se superior; o índice de plasticidade
em geral mostrou-se na faixa de 20 a 60% apresentando um aumento significativo, em
alguns casos, quando da sua obtenção sem secagem prévia; a massa específica do solo e
dos grãos se situando na faixa de 14 a 19 kN/m3 e 25,1 a 26,8 kN/m3 respectivamente.

Os depósitos de solos orgânicos-turfas apresentaram maiores umidades naturais (valor


máximo da ordem de 500%), limites de consistência, quando possível de determinação e
menores massas específica ρ e ρs (10 a 15kN/m3 e 17 a 22 kN/m3).

È importante salientar que esses locais foram investigados em uma época em que se
utilizava secagem prévia nas amostras. Hoje para ensaios realizados no Laboratório de
Solos da UFPE não se recomenda mais esse procedimento.

Tabela IV.2. Faixa de Variação de Valores e Índices Físicos por Local Investigado
(COUTINHO e FERREIRA, 1988).

Análise Limites de
Profun- granulométrica consistência Índices físicos
didade (%) (%)
Local
ensaiada ρ ρs
(m) areia silte argila WL IP W (%) eo (kN/ (kN/
m3) m3)
Madalena 1,06- 14,7- 25,7-
6-24 1-24 18-26 50-81 17-62 23-53 43-99
I-16C 2,42 17,7 26,5
Bongi 0,71- 16,2- 25,9-
4,5-20 3-31 13-31 39-69 63-71 18-44 27-73
II-16G 1,93 19,5 26,7
Boa
0,86- 14,3- 25,0-
Viagem 10-18,6 7-49 24-44 12-67 25-60 23-36 32-90
2,33 19,1 26,7
III-28A
Caxangá 0,72- 13,1- 18,9-
4-10 16-69 15-43 16-50 34-107 8-29 28-212
IV-9A 3,38 19,8 26,1
Estância 2,22- 11,0- 24,6-
3,5-13 16-79 11-23 10-61 96-124 43 77-518
V-21A 14,39 14,7 26,5
Cajueiro 2,65- 11,0- 18,0-
4-10,5 - - - - - 145-512
VI-37A 9,33 12,0 19,6
109

Para um depósito de argila orgânica com perfil tipo IA situado na mesma área da cidade do
local do depósito de estudo COUTINHO e FERREIRA (1988) determinaram valores de
LL variando entre 75 a 405%, IP entre 41 a 218% e umidade natural ente 70 a 461%.

Infelizmente, como no local de estudo os ensaios de caracterização foram realizados com


secagem prévia da amostra de solo, os resultados de IP obtidos no estudo inicial não
podem ser comparados de forma adequada com os resultados apresentados na Figura IV.2.
Entretanto, será apresentado mais adiante a metodologia empregada na obtenção desse
parâmetro neste estudo.

A Figura IV.3 apresenta o perfil geotécnico com os resultados de ensaios de caracterização


dos dois depósitos de pesquisa (Clube Internacional e SESI –Ibura). Pode-se verificar um
grande número de ensaios realizados nestes locais. No depósito do SESI a umidade natural
é bem próxima do limite de liquidez, entretanto no Clube Internacional verificam-se
maiores diferenças entre 6-16m de profundidade. Provavelmente, neste local os ensaios de
caracterização foram realizados com secagem prévia, já que se trata de uma investigação
mais antiga.

(Clube Internacional) SESI - Ibura

Figura IV.3. Resultados de ensaios de caracterização com a profundidade – Clube


Internacional e SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
110

4.2.3. MATÉRIA ORGÂNICA

A quantidade (teor) e a qualidade (tipo e grau de decomposição) da matéria orgânica


condicionam fortemente o comportamento dos solos orgânicos.

A umidade natural dos solos cresce com a presença da matéria orgânica, devido à grande
capacidade de absorção de água da matéria orgânica. Esta, quando pouco decomposta
(textura fibrosa) apresenta os maiores valores. Os solos denominados normalmente de
turfas (solos altamente orgânicos de origem vegetal), quando puras e “saturadas”
geralmente tem unidade entre 500 e 1.500%, podendo ocorrer valores maiores e grande
variabilidade erraticamente dentro de pequenos comprimentos.

COUTINHO (1986) em seus estudos no aterro experimental de Juturnaíba, indica que a


densidade desses solos orgânicos tem sido observada decrescer hiperbolicamente com o
aumento da matéria orgânica, variando entre a densidade do mineral (da ordem de 2,7) e a
densidade da matéria orgânica (da ordem de 1,4). Os valores da massa específica são
menores que os solos minerais, devido à baixa densidade da MO e a forte presença da
água. O índice de vazios dos solos orgânicos podem ser extremamente elevados (3 a 20),
tendo a turfa fibrosa os maiores valores. O referido autor correlaciona o teor de matéria
orgânica, obtidos pelos métodos químicos e de perda por aquecimento, com o teor de
umidade, da massa específica, da densidade dos grãos e do índice de plasticidade (Figura
IV.4).

Na classificação geral do LPC (PERRIN, 1974; MAGNAN, 1968), os solos orgânicos são
separados em três grupos:

1 – solos pouco orgânicos, 3<TMO<10%, incluídos na classe de solos finos;


2 – solos medianamente orgânicos, 10<TMA<30% e;
3 – solos muito orgânicos, TMO>30%. Os dois últimos formando a Classe dos Solos
Orgânicos. Os solos normalmente denominados de turfas estariam neste grupo.

MASSAD (1994) comenta que ao longo de toda a costa brasileira tem sido reportados, em
argilas moles, baixos teores de MO, entre 3 a 10%, como ocorre no Rio de Janeiro, no
Recife e em Vitória – ES.
111

Figura IV.4. Curvas W,δ, G e IP vs. TMO (COUTINHO, 1986)

Perfil geotécnico com resultados de teor de matéria orgânica para o Clube Internacional e
SESI-Ibura são apresentados na Figura IV.5. No depósito do Clube Internacional o TMO
foi obtido através do método químico do dicromato de potássio, com resultados na camada
1 entre (1,0±1,5%) e na camada 2 entre (3,7±1,7%). No depósito do SESI, o TMO foi
obtido através do método químico do dicromato de potássio e pelo método da queima, com
resultados na camada 1 entre (6,9±1,4%) e na camada 2 entre (4,5±1,7%). Os solos dos
dois depósitos se enquadraria segundo a classificação geral do LPC como pouco orgânicos.
112

(Clube Internacional) (SESI-Ibura)

Figura IV.5 Perfil geotécnico com resultados de teor de matéria orgânica Clube
Internacional e SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997).

Os solos moles do depósito do Galpão estudado seriam em princípio, enquadrados de


acordo com a classificação acima citada, como solo muito orgânico. Entretanto, como
TMO=67% (muito alto) e WN=223%, o solo seria denominado de turfa. Conforme
comentado no final do Capítulo III, isto indica que particulamente onde o corpo de prova
foi retirado no shelby para determinação do TMO, o solo indicou ser turfa. Já no corpo de
prova retirado para realização de ensaios triaxiais, a umidade determinada foi cerca de
117% (pequena para ser indicando ser turfa).

4.2.4. HISTÓRIA DE TENSÕES

A costa brasileira comporta-se de forma homogênea do nordeste ao sul, sendo possível


mostrar relações de afinidade entre os solos nela ocorrentes, desde que se trabalhe com
parâmetros adimensionalizados (MASSAD, 1994). O autor comenta que, nesse contexto, a
pressão de pré-adensamento apresenta-se como papel decisivo, o que recoloca a origem
geológica como questão central.
113

Resultados de ensaios oedométricos ao longo de diversos estudos evidenciaram que em


geral as argilas moles/médias e as turfas/solos orgânicos de Recife são ligeiramente pré-
adensadas (OCR<3,0) ou levemente normalmente consolidadas (OCR<1,3). Valores de
OCR maiores do que 3,0 podem ser encontrados na crosta ressecada (COUTINHO et al.,
1998).

A Figura IV.6 apresenta resultados de pressão vertical efetiva inicial (σ’vo), pressão de pré-
adensamento (σ’vp) e OCR vs. profundidade dos depósitos representativos de argila do
Recife situados no Clube Internacional e SESI-Ibura respectivamente. Pode-se observar
que o depósito do Clube Internacional apresenta uma crosta pré-adensada (OCR de 1,3 a
2,9) e é geralmente subdividida em duas ou mais camadas, com tendência de diminuição
do OCR com a profundidade até os 11m até tornar-se basicamente normalmente adensada
com OCR=1. COUTINHO e OLIVEIRA (1994) comenta que o ressecamento da parte
superior do depósito, o efeito do tempo (adensamento secundário) devido ao peso próprio
do material e possivelmente a variação do nível d’água freático podem ser causas de pré-
adensamento no depósito. A presença eventual de uma camada de aterro bastante antiga
entretanto, pode interferir nos resultados anteriores.

(Clube Internacional) (SESI-Ibura)


Figura IV.6. Resultados de σ’vo, σ’vp e OCR vs. profundidade Clube Internacional e SESI-
Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
114

O depósito do SESI-Ibura apresenta a camada 1 como normalmente adensada e levemente


pré-adensada, apresentando valores de OCR, em geral, menores que 3,0. Já a camada 2
apresenta valores de OCR menores que 1. Possíveis causas deste subadensamento
observado podem ser a dificuldade na amostragem e/ou acolocação de um aterro recente
(últimos 22 – 25 anos), o qual gerou um excesso de poro-pressão, que devido a baixa
permeabilidade das camadas argilosas, pode ainda não ter sido totalmente dissipado
(OLIVEIRA, 2000).

A Figura IV.7 apresenta também, de maneira a ampliar os conhecimentos em vários locais


de pesquisa na cidade do Recife, resultados de σ’vo, σ’vp e OCR vs. profundidade para os
depósitos do Bairro de Boa Viagem e Cajueiro. Em geral esses depósitos são normalmente
adensados, conforme tendência geral das argilas moles do Recife, com o segundo local
apresentando valores de OCR maiores (1,5 a 3).

(Boa Viagem) (Cajueiro)

Figura IV.7. Resultados de σ’vo, σ’vp e OCR vs. profundidade – Boa Viagem e Cajueiro
(COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)

Mesma tendência nos valores de OCR ocorre no local de estudo. Neste local a camada
inicial de solo mole (cerca de 2m) apresenta-se pré-adensada (OCR~3,9), com diminuição
do OCR com a profundidade. O aterro antigo com cerca de 6m de altura possivelmente é a
causa do pré-adensamento.
115

4.2.5. COMPRESSIBILIDADE

COUTINHO et al. (1998a) apresenta correlações estatísticas obtidas para as argilas moles
de Recife-PE, através da quais podem-se estimar os parâmetros de compressibilidade CC,
CS e e0 a partir da umidade natural do solo W (%), utilizando todos os resultados do Banco
de Dados para aplicação em pesquisas e problemas práticos. Pode-se observar uma maior
dispersão para o subgrupo de solos orgânicos/turfas, o que se deve provavelmente à baixa
qualidade de algumas amostras. As Figuras IV.8 apresentam graficamente duas correlações
da Tabela IV.3.

(a) (b)
Figura IV.8. Correlações estatísticas: (a) Cc vs. W (%), (b) eo vs. W(%).(COUTINHO et al.
1998a).

Tabela IV.3. Correlações estatísticas – solos orgânicos e argilas moles / médias – Recife
(COUTINHO et al. 1998a).

Solo Correlação Equação r2 Desvio Padrão


e0 vs. W(%) e0 = 0.024 W + 0.1410 0.98 0.14
Argilas / Argilas Orgânicas CC vs. W(%) CC = 0.014 W - 0.0940 0.82 0.26
W ≤ 200 % CC vs. e0 CC = 0.586 e0 - 0.165 0.84 0.25
e0 ≤ 4.0 CS vs. W(%) CS = 0.0019 W + 0.0043 0.80 0.04
CS vs. e0 CS = 0.084 e0 - 0.0086 0.81 0.04
e0 vs. W(%) e0 = 0.012 W + 2.230 0.88 0.68
Solos Orgânicos / Turfas CC vs. W(%) CC = 0.0040 W + 1.738 0.52 0.54
W ≥ 200% CC vs. e0 CC = 0.411 e0 + 0.550 0.79 0.45
e0 ≥ 4.0 CS vs. W(%) CS = 0.0009 W + 0.1590 0.53 0.12
CS vs. e0 CS = 0.055 e0 - 0.0900 0.62 0.10
116

O valor da umidade é utilizado para esta correlação, por ser este parâmetro facilmente
obtido no campo através do ensaio de SPT. A Figura IV.9 mostra que os resultados de
umidade obtidos com o procedimento padrão de laboratório, a partir de amostras de SPT
são bem próximos dos resultados a partir de amostras shelby.

Figura IV.9. Comparação entre umidade retirada do Shelby e SPT- SESI-Ibura


(COUTINHO et al 1998a).

COUTINHO e FERREIRA (1988) apresenta e comenta os valores de eo, Cc, Cs obtidos


nos ensaios oedométricos para 4 depósitos estudados. Os valores de índice de vazios inicial
(eo) estão entre 0,5 e 5,25 (argilas moles/médias) e entre 3,45 e 14,4 (turfas/solos). O
índice de compressão (Cc) está no intervalo entre 1,0 e 2,8 (argilas moles/médias), e entre
1,4 e 6,8 (turfas/solos orgânicos) que é um valor muito alto. Os valores do índice de
recompressão (Cs) estão entre 0,02 e 0,46 (argilas moles/médias) e entre 0,11 e 0,85
(turfas/solos orgânicos). O coeficiente de adensamento vertical (Cv) está entre 20 e 70x10-8
m2/s no trecho pré-consolidado e 10x10-8 m2/s no trecho normalmente consolidado.

A Figura IV.10 apresenta os parâmetros de compressibilidade eo, Cc, Cs vs. profundidade


para os dois depósitos de estudo (ver também Figura IV.11 para os depósitos de Boa
Viagem e Cajueiro). Pode-se verificar que no depósito do Clube Internacional como no do
SESI-Ibura, o índice de vazios inicial (eo), o índice de compressão (Cc) e o índice de
compressão (Cs) apresentam valores maiores na primeira camada. O índice de compressão,
por exemplo, da camada 1, é em média cerca de 2 vezes o da camada 2.
117

(Clube Internacional) (SESI-Ibura)


Figura IV.10. Parâmetros de compressibilidade eo, Cc, Cs vs. profundidade - Clube
Internacional e SESI-Ibura (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)

Boa Viagem
Cajueiro
Figura IV.11. Parâmetros de compressibilidade eo, Cc, Cs vs. profundidade – Boa Viagem
e Cajueiro (COUTINHO e OLIVEIRA, 1997)
118

No depósito do Galpão da BR-101, os parâmetros de compressibilidade apenas foram


determinados através de ensaios de adensamento aos 11,0m de profundidade. A construção
de um perfil é possível a partir de correlação utilizando o perfil de umidade natural a partir
do ensaio de SPT, conforme mostrado mais adiante.

4.2.6. RESISTÊNCIA NÃO DRENADA

Resultados de Su obtidos através do ensaio de palheta de campo para outras argilas moles
brasileiras, juntamente com os resultados de argilas do Recife, podem ser vistas na Tabela
IV.4. Essa tabela resume também características de umidade natural e índice de
plasticidade destes solos.

Em geral as argilas moles brasileiras apresentam resistência não drenada (Su) variando
entre 5 a 60 kPa. (faixa típica: 5 a 30 kPa). O depósito de argila mole do Recife situada no
Clube internacional apresenta um dos maiores resultados de Su (de 34 a 56 kPa) sendo
classificado como de consistência média, em relação ao Su, apesar de ser classificada
como mole pelo SPT (N=2 a 4).

Tabela IV.4. Valores de Supalheta, IP e umidade natural para argila/solos orgânicos


brasileiros (COUTINHO et al., 2000; OLIVEIRA, 2000).
Faixa IP WN
Local Referência
Su(kPa) (%) (%)
Recife-PE (Clube Intern.) 34-56 33-70 45-100 OLIVEIRA (2000)
OLIVEIRA e COUTINHO
Recife-PE (SESI- Ibura) 14-37 53-96 80-150
(2000)
Jurtunaíba-RJ (aterro
6-36 27-100 46-153 COUTINHO (1986b)
experimental)
Jurtunaíba-RJ (Barragem-
10-30 27-100 46-153 COUTINHO et al. (1988c)
Trechos II e V.)
Jurtunaíba-RJ (Barragem-
5-25 27-100 46-153 COUTINHO et al. (1988c)
Trecho III-2.)
Sarapuí-RJ 7-22 30-110 100-170 ORTIGÃO e COLLET (1986)
Porto Alegre-RJ 10-32 40-80 50-130 SOARES (1997)
Barra da Tijuca-RJ 6-30 120-250 100-500 LACERDA e ALMEIDA (1995)
Itaipu-RJ 8-26 60-200 100-475 SANDRONI et al. (1984)
Santos-SP 10-60 15-90 90-140 MASSAD (1988)
Sergipe 12-25 20-70 40-60 SANDRONI et al. (1997)
Enseada Cabritos-BA 9-17 50 65-110 BAPTISTA e SAYÃO (1998)
CONCEIÇÃO (1997) a partir de
João Pessoa-PB 13-40 - 35-150
SOARES (1997)
119

A Figura IV.12. mostra o perfil de Su obtidos com diferentes ensaios dos dois locais de
pesquisa da Área de Geotecnia – DEC/UFPE. É possível observar uma boa concordância,
entre esses ensaios, podendo-se assim, obter um perfil médio a ser utilizado na prática de
projeto (OLIVEIRA, 2000), com as devidas considerações técnicas adequadas.

Perfis de Su obtidos através de ensaios de palheta de campo para outras argilas brasileiras,
assim como comparações com outros perfis obtidos através de ensaios de laboratório (UU-
C, CIU-C e método SHANSEP), e outros ensaios de campo (CPTU, DMT e PMT) e de
expressões teóricas (estados críticos, Cam-Clay e Cam-Clay Modificado) são apresentados
em COUTINHO et al. (2000). Estes autores mostram resultados para argilas de Sarapuí-
RJ, Juturnaíba-RJ, Barra de Tijuca – RJ, Porto Alegre – RS e Recife-PE. Os autores
comentam que os perfis obtidos pelos diferentes procedimentos são em geral, similares
entre si.

Figura IV.12. Perfis de Su obtidos a partir de EPC, Ensaios UU-C, CIU-C, CPTU e DMT
para as argilas moles de Recife (a partir de OLIVEIRA, 2000).
120

Os resultados de Su obtidos através do ensaio de palheta de campo realizado no Galpão


BR-101 apresentados no Capítulo III, encontram-se na faixa dos valores de Su encontrados
nas argilas moles brasileiras apresentadas na Tabela IV.4, ou seja, valores entre 18 a 40
kPa. Estudos mais detalhados quanto a consideração da resistência a ser utilizada na
análise de estabilidade serão mostrados mais adiante.

4.2.7. SENSIBILIDADE

A sensibilidade das argilas é uma característica de grande importância, pois indica que, se
a argila vier a sofrer uma ruptura, sua resistência após esta ocorrência é bem menor.
PINTO (2000) relata que os solos argilosos orgânicos das baixadas litorâneas brasileiras
são exemplo disto. A argila orgânica presente é de tão baixa resistência que só pode
suportar aterros com altura máxima de cerca de 1,5m. Tentando-se colocar aterros com
maiores alturas, ocorrerá ruptura. A argila, ao longo da superfície de ruptura, ficará
amolgada. Como esta argila tem uma sensitividade da ordem de 3 a 4, sua resistência cai a
um terço ou a um quarto da inicial. O terreno após rompido não suporta mais do que 0,5m
de aterro.

A sensibilidade pode ser atribuída ao arranjo estrutural das partículas, estabelecido durante
o processo de sedimentação, arranjo este que pode evoluir ao longo do tempo pela
interrelação química das partículas ou pela remoção de sais existentes na água em que o
solo se formou pela percolação de águas límpidas (PINTO, 2000).

COUTINHO (1986) encontrou um valor médio de St=10 (sensibilidade alta), com forte
dispersão, para argila/solos orgânicos sob o aterro experimental de Juturnaíba. ORTIGÃO
(1993) e SCHNAID et al. (1998) comentam que, no Brasil a sensibilidade de depósitos
argilosos tem variado entre baixa e média de acordo com a classificação de SKEMPTON e
NORTHEY (1952).

COUTINHO et al. (2000) e OLIVEIRA (2000) comenta que as argilas do Recife


apresentam-se como uma das mais sensíveis dentre as argilas estudadas no Brasil,
apresentando St variando de 4,5 a 15,8 (Tabela IV.5)
121

Tabela IV.5. Sensibilidade de argilas mole Brasileiras (COUTINHO et al., 2000;


OLIVEIRA, 2000)

Local Média Variação Referência


Cam. 1 6,4 4,5-11,8 OLIVEIRA (2000)
Recife-PE (Clube Intern.)
Cam. 2 13,0 9,2-15,8 OLIVEIRA (2000)
Cam. 1 6,1 4,7-8,2 OLIVEIRA (2000)
Recife-PE (SESI- Ibura)
Cam. 2 10,9 7,8-14,4 OLIVEIRA (2000)
Aracajú, SE 5,0 2-8 ORTIGÃO (1988)*
João Pessoa, PB - 1-3 CONCEIÇÃO (1977)**
Jurtunaíba, RJ (aterro experimental) 10 1-19 COUTINHO (1986b)
Jurtunaíba, RJ (Barragem-Trechos II,
- 4,8 COUTINHO et al. (1986c)
V e III-2)
Santa Cruz, RJ 3,4 - ARAGÂO (1975)*
Sarapuí, RJ 4,4 2-8ORTIGÃO e COLLET (1986)
Sepetiba, RJ 4,0 - MACHADO (1988)*
Barra da Tijuca, RJ 5,0 -LACERDA e ALMEIDA (1995)
Ilha dos Amores-Baixada Santista, SP - 2,3-5,4 ÁRABE (1986)
Santos, SP - 4-5 MASSAD (1988)
Cubatão, SP - 4-8 TEIXEIRA (1988)*
Florianópolis, SC 3,0 1-7 MACCARINI et al. (1988)*
Porto Alegre, RS 4,5 2-8 SOARES (1997)
A partir de LACERDA e
Rio Grande, RS 2,5 -
ALMEIDA (1995)
*a partir de ORTIGÃO (1993); ** a partir de SOARES (1997)

A sensibilidade da camada 1 do depósito do Clube Internacional (Figura IV.13) apresenta


uma descontinuidade entre os 10 e 11m de profundidade, tendo seus valores decrescente
com a profundidade e variando de 4,5 a 11,8. Na camada 2 seus valores são crescentes com
a profundidade, apresentando uma faixa típica de 9,2 a 15,8. No SESI o aumenta da
sensibilidade é aproximadamente linear com a profundidade na segunda camada. A
camada 1 apresenta valores de St variando de 4,7 a 8,2 e a camada 2 de 7,8 a 14,4
(OLIVEIRA, 2000).

Conforme verificado no Item III, a sensibilidade do local de estudo, apresenta-se em geral,


de média a alta com valores variando de 3 a 15, sendo crescente com a profundidade, em
concordância com os depósitos já estudados na cidade do Recife.
122

Figura IV.13. Perfis de St obtidos a partir do ensaio de palheta de campo (OLIVEIRA,


2000).

4.3 EXPERIÊNCIA LOCAL DE OBRAS DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES

Exemplo de outras obras construídas na Cidade do Recife de aterros executados sobre


solos moles podem ser encontradas em (COUTINHO et al., 2001) - Ampliação do Metrô /
Recife, (COUTINHO et al., 2004) - Ruptura do aterro do Canal Tejipió / Lagoa do Araçá,
Recife, e resumidamente em COUTINHO e BELLO (2004).

Esse tipo de estudo se mostra importante para melhor compreender o comportamento


desses solos em região próximas ao local de estudo, bem como os procedimentos de
obtenção de parâmetros geotécnicos complementares semelhantes ao caso estudado. Os
dois exemplos anteriores confirmam a importância da determinação do teor de umidade
natural nas amostras coletadas ao longo do perfil do SPT para o estudo da estratigrafia, e
previsão preliminar dos parâmetros geotécnicos através da aplicação de correlações
empíricas para estimativa dos coeficientes de compressibilidade das camadas moles, além
de consultas realizadas ao Banco de Dados.
123

4.4. ANÁLISE E AMPLIAÇÃO DOS PARÂMETROS GEOTÉCNICOS – CASO DE


ESTUDO (ATERRO DO GALPÃO BR-101)

4.4.1. ESTIMATIVA DOS VALORES DO LIMITE DE LIQUIDEZ E ÍNDICE DE


PLASTICIDADE.

Como visto no capítulo anterior, o valor da umidade natural apresentou-se muito superior
ao do limite de liquidez (LL) determinado. Isto provavelmente ocorreu devido à realização
de secagem prévia ao ar livre das amostras de argila orgânica antes da realização dos
ensaios de determinação do LL e do índice de plasticidade (IP), subestimando assim os
resultados.

Fez-se necessário estimar o IP, uma vez que, este índice é utilizado diretamente nas
correções da resistência não drenada do ensaio de palheta de campo proposta por
BJERRUM (1972) e AAS et al. (1986) que serão utilizadas nos trabalhos que se seguem.

De posse do perfil de umidade natural obtido a partir do ensaio de SPT (Figura IV.14),
pode-se estimar o limite de liquidez, bem próximo da umidade da argila (FERREIRA,
1982). Assim sendo, o limite de liquidez foi considerado neste trabalho, igual a umidade
natural.

Através da carta de plasticidade apresentada por COUTINHO et al., (1988a) com os


resultados de ensaios de laboratório para argilas moles/média do Recife e de depósitos
orgânicos brasileiros (Juturnaíba – RJ), e com os valores de LL estimadas a partir da
umidade natural obtida no local de estudo, foi possível plotar os valores do limite de
liquidez estimado vs. índice de plasticidade, conforme a classificação do solo que constitui
cada camada.

Os valores do LL foram posicionados na em torno de cada linha correspondente ao tipo de


solo, podendo então, ser estimado o valor do IP para cada ponto, conforme verificado na
Figura IV.15. Esses valores estimados de acordo com a descrição de cada camada podem
ser visto na Tabela IV.6.
124

Umidade (% ) Umidades médias e IP (% )


SPT02
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
0 0 0

5 aterro Wn
W(%) SPT02
7 IP
8
NA

1
5 01 5 5

1/33 Argila
orgânica
1
siltosa
Profundidadem)

1/34
10 Turfa com 10 10
1/34
argila orgânica
P/24
1/31
P/108

P/141 Argila
15 P/13 orgânica 15 15

siltosa
P/131
1/39

1
6
6
Areia siltosa
20 20 20

Figura IV.14. Perfil de umidade natural umidades médias – Galpão BR-101

Figura IV.15. Posicionamento das faixas de valores de umidades das amostras do SPT do
aterro do Galpão da BR-101 na carta de plasticidade (determinação do IP através do LL).
125

Tabela IV.6. Valores de limite de liquidez e índice de plasticidade estimados.


Profundidade (m) Descrição da camada Wn (%) = LL (%) IP (%)
6 – 7,2 Argila orgânica siltosa 40 18
7,2-10 Turfa com argila orgânica 225 95
10-12,1 Turfa com argila orgânica 198 80
12,1-14 Argila orgânica siltosa 70 40
14-16 Argila orgânica siltosa 70 40
16-19,1 Argila orgânica siltosa 70 40

A extrapolação dos estudos realizados para outros depósitos de solos moles similares,
principalmente alguns depósitos da cidade do Recife-PE, mostrou ser de vital importância
nessa dissertação, visto que não se dispunha de alguns dados necessários para o
desenvolvimento do trabalho.

4.4.2. ESTIMATIVA DO OCR

A história de tensões do solo constitui-se um fator indispensável à análise de


comportamento de depósitos argilosos. Tradicionalmente obtida em ensaios de
adensamento, é possível estimar OCR através de ensaios de palheta de campo.

MAYNE e MITCHELL (1988) desenvolveram um banco de dados com resultados de


ensaio de palheta de campo e ensaios edométricos, incluindo também propriedades índices,
de 96 argilas diferentes (incluindo, inclusive, em depósito do Rio de Janeiro, definindo
uma correlação geral para estimar valores de OCR a partir de ensaios de palheta de campo.
Os depósitos estudados apresentavam: 1<OCR<40; 3%<IP<300%;
1,6kPa<Supalheta<380kPa e sensibilidades variando de 2 até valores indeterminadamente
altos. A equação proposta é:

Su palheta
OCR = 22.IP − 0, 48 . . (IV.1)
σ 'vo

A Mecânica dos Solos dos Estados Críticos, assim como o Método SHAMSEP, mostraram
que a resistência não drenada normalizada (Su/ σ’VO) aumenta com o aumento do OCR.
126

Vale registrar que não se defende que o OCRpalheta substitua OCRlaboratório, mas que possa
ser utilizado em algumas situações tais como:
- quando da falta de amostras de boa qualidade, as quais não possibilitem a obtenção de
resultados satisfatórios em laboratório;
- em grandes áreas de estudo (ex.: estradas, barragens, grandes aterros, etc.) onde nem
sempre é possível realizar amostragem em toda a área de interesse.

Aplicando-se a referida equação para o EPC 01 depósito estudado, a fim de se obter o


perfil de OCR a partir das médias da Sucorrig , verifica-se um aumento do OCR no primeiro
metro da camada argilosa com tendência de diminuição do OCR com a profundidade
(Figura IV.16), indicando ser argilas levemente normalmente adensadas (OCR<1,3),
estando em geral, de acordo com o comportamento já visto das argilas do Recife.

OCR
0 1 2 3 4
0
EPC1

5
profundidade (m)

10

15

20

Figura IV.16. Perfil de OCR estimado a partir do ensaio de palheta de campo – EPC 01.

LADD e DE GROOT (2003) recomendam o ensaio de palheta de campo, com valores de


Su corrigidos segundo BJERRUM (1972) para estimar os valores de OCR, utilizando
correlação de CHANDLER (1988) onde se requer o IP do solo, sendo indicada para
depósitos homogêneos (mínimo de conchas e zonas de areia) e para palheta com lâminas
retangular e finas com velocidade de rotação de 6º/min e desprezando o atrito nas hastes.
127

O ensaio de palheta de campo mostrou ser uma boa ferramenta para a estimativa do OCR
dos depósitos de argila mole do Recife. Os resultados obtidos são estimulantes para o uso
de EPC para a estimativa de tal parâmetro (COUTINHO et al., 2000; OLIVEIRA, 2000).

4.4.3. PARÂMETROS GEOTÉCNICOS DE COMPRESSIBILIDADE OBTIDOS


ATRAVÉS DE CORRELAÇÕES

A variação dos parâmetros de compressibilidade com a profundidade obtidos no ensaio de


adensamento e também os parâmetros geotécnicos (e0, CR e SR) obtidos através de
correlações geotécnicas propostas por COUTINHO et al. (2001) a partir do perfil de
umidade do ensaio SPT, são mostrados na Figura IV.17.

Observa-se de uma forma geral uma boa aproximação entre os parâmetros eo e SR obtidos
através dos ensaios e das correlações. No caso do parâmetro CR observa-se que, os valores
obtidos através da correlação estatística (CR= 36,49%) apresentam-se em média 6% vezes
superiores a média obtida no ensaio de laboratório (CR= 34,15%).
σ'vo eo CR (%) SR (%)

0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 2 4 6 8 0 50 100 150 200 250 300 350 0 10 20 30 40 50
0 0
0 0 0

5 Correlações W(%) Correlações W(%) Correlações W(%)


Adens. vertical Adens. vertical Adens. vertical
7

8 At erro
1
5
5 1 5
5
5

1/33
Argila orgânica
1 silt osa

1/ 34
t urf a com 10
10
1/ 34 argila
10 10
10

P/ 24 orgânica

1/ 31

P/ 108

P/ 141
15 P/ 134 15 15 15 15

Argila
P/ 131
orgânica
1/ 39 silt osa

20 6
Areia média silt osa
20 20 20 20

Figura IV.17. Variação dos parâmetros de compressibilidade com a profundidade.

A Tabela IV.7 apresenta os parâmetros de compressibilidade obtidos a partir de


correlações geotécnicas propostas por COUTINHO et al. (2001), com perfil de umidade do
ensaio SPT, para o depósito estudado. Pode-se observar que:
128

- O trecho compreendido entre 7,62m e 11,58m apresenta valores maiores de Cc, o que
indica de fato, a presença da turfa, ou seja, uma camada de um material mais compressível
que a argila orgânica.

- A amostra apresentou um valor da pressão de pré-adensamento muito inferior ao


esperado. Isto pode confirmar que a amostra seja de má qualidade.

No trabalho desenvolvido não foi realizada estimativa de recalques, não sendo esses
parâmetros diretamente utilizados. Entretanto, o uso essas correlações ressalta a
importância da determinação da umidade natural ao longo do perfil de SPT, quando não de
dispõe de amostras de boa qualidade.

Tabela IV.7. Parâmetros de compressibilidade obtidos a partir de correlações geotécnicas


propostas por COUTINHO et al. (2001), com perfil de umidade do ensaio SPT.
media prof. W(%) e0 Cc Cs Cr(Cc/1+eo)) Sr(Cc/(1+eo)

6,49 34,86 0,978 0,39 0,07 7,08 1,26


7,13 46,95 1,268 0,56 0,093 56,30 9,30
7,62 274,08 5,507 2,83 0,406 283,40 40,60
8,48 334,18 6,402 3,08 0,46 307,50 46,00
9,50 244,93 4,929 2,72 0,379 271,80 37,90
10,53 151,44 3,775 2,03 0,292 202,60 29,20
11,58 151,11 3,768 2,02 0,291 202,20 29,10
12,64 70,33 1,829 0,89 0,138 89,10 13,80
13,80 70,95 1,844 0,90 0,139 89,90 13,90
15,30 72,19 1,873 0,92 0,141 91,70 14,10
16,55 68,12 1,776 0,86 0,134 86,00 13,40
17,63 68,42 1,783 0,86 0,134 86,40 13,40
18,62 68,25 1,779 0,86 0,134 86,10 13,40
19,38 16,30 1,532 0,13 0,035 13,40 3,50
19,88 13,10 0,455 0,09 0,029 8,90 2,90
129

4.4.4. RESISTÊNCIA NÃO DRENADA - CORREÇÃO

Os valores de Su admitidos são as médias de cada faixa de profundidade e foram


considerados constantes por faixa, preocupando-se em uma boa aproximação entre os
intervalos considerados, conforme permitido no programa GEO SLOPE a ser utilizado
posteriormente na análise de estabilidade (Capítulo V). É importante também observar que,
embora se tenha divido o perfil em subcamadas, a resistência admitida é apenas a média de
alguns pontos. Isto faz com que, por exemplo, a superfície de ruptura tenda a tangenciar o
intervalo de menor resistência e não exatamente o ponto de menor resistência.

Para correção da resistência não drenada obtida a partir do ensaio de palheta de campo, foi
decidido utilizar inicialmente a proposta de BJERRUM (1973) com aplicação do fator de
correção µ determinado a partir do valor de IP (Figura IV.18). O procedimento de
correção da EPC1 e da média da EPC1 e EPC2 são mostradas respectivamente na Figura
IV.19 e IV.20. A Tabela IV.8 apresenta os valores de Su sem correção e a Su com
aplicação do fator de correção do referido autor, e o resumo dos valores dos parâmetros
estimados (LL e IP).

1,2

1,0
0,95

0,85
µ 0,8

0,70
0,65
0,6

0,4
0 20 40 60 80 100 120
ÍNDICE DE PLASTICIDADE, %

Figura IV.18. Obtenção do fator de correção de BJERRUM (1973), através do índice de


plasticidade.

Pode-se verificar uma pequena diferença entre o perfil de Su obtido pelo EPC1 e o perfil
de Su obtido pela média do EPC1 e EPC2, mostrando ser insignificante. Essa simulação foi
realizada porque o EPC2 estava inserido dentro da área rompida. Entretanto, por motivos
130

operacionais, não foi possível a obtenção da Su ao longo de toda a profundidade. Então,


admitiu-se que ao longo de um perfil longitudinal, não há grandes variações na Su, e
adotou-se os valores da EPC1 como referencial, utilizando-os na análise da estabilidade.

Tabela IV.8. Parâmetros utilizados para correção do valor de Su segundo BJERRUM


(1973)
Profundidade (m) LL (%) IP (%) µ Su (Kpa) Sucorrigido (kPa)
6 – 7,2 40 18 0,95 37,36 35,49
7,2-10 225 95 0,65 40,91 26,59
10-12,1 198 80 0,70 26,11 18,63
12,1-14 70 40 0,85 18,32 15,58
14-16 70 40 0,85 27,18 23,01
16-19,1 70 40 0,85 41,52 35,29

µ (Bjerrum) Sucorrigido (kPa)


S u(palheta) (kPa) S umédio (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70 0 0 0 1 1 1 0 10 20 30 40 50 60 70
0 0 0 0
EPC1
µ EPC1
EPC1
EPC2

5 5 5 5

10 10 10 10

15 15 15 15

20 20 20 20

25 25 25 25

Figura IV.19. Correção da resistência não drenada conforme BJERRUM (1973)


131

S umédio (kPa) µ (Bjerrum) Sucorrigido (kPa)


Su(palheta) (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70 0 0 0 1 1 1 0 10 20 30 40 50 60 70
0 0 0 0

média EPC1 e EPC2 média EPC1e EPC2 µ média EPC1 e EPC2

5 5 5 5

10 10 10 10

15 15 15
15

20 20 20
20

25 25 25
25

Figura IV.20. Correção da resistência não drenada conforme BJERRUM (1973),


considerando a média da EPC1 e EPC2.

A resistência não drenada, é de fato, o parâmetro mais importante a ser utilizado em uma
análise de estabilidade, visto que, ela interfere diretamente no cálculo do fator de
segurança. Assim, além da correção de BJERRUM (1973), utilizou-se também, a correção
proposta por AAS et al (1986), com a finalidade de comparar os resultados dos valores de
Sucorrig obtidos nas duas correções. Baseados nos dados apresentados na Tabela IV.9.,
pode-se verificar os valores de Sucorrig para a referida correção. O procedimento de
correção da EPC1 é mostrado na Figura IV.21. Os valores do fator de correção foram
determinados na Figura IV.22.

A comparação dos resultados de Sucorrig através das duas correções mencionadas está
apresentado na Tabela IV.10. Nota-se que o fator de correção de ASS et al. (1986) é menor
do que o fator de correção de BJERRUM (1973), levando conseqüentemente a valores de
Sucorrig também menores. Isto provavelmente se deve ao fato de que a correção proposta
por ASS et al. (1986) considera as diferentes histórias de tensão de cada camada de argila.
Pode-se notar que as maiores diferenças nos valores de Sucorrig estão nas primeiras e nas
últimas camadas, definidas como pré-adensada. Assim, é de se esperar que o fator de
segurança a ser calculado na análise de estabilidade seja menor.
132

Figura IV.21. Obtenção do fator de correção de AAS et al. (1986), através do índice de
plasticidade e do σ’vo.

Tabela IV.9. Parâmetros utilizados para correção de Su segundo AAS et al. (1986).
Profundidade IP Sucorrigido
Su (kPa) σ’vo Su/σ’vo OCR µ
(m) (%) (kPa)
6 – 7,2 37,36 50,00 0,75 18 3,90 0,38 14,19
7,2-10 40,91 55,00 0,74 95 1,20 0,40 16,36
10-12,1 26,11 60,75 0,43 80 0,82 0,70 18,28
12,1-14 18,32 63,43 0,29 40 0,92 0,80 14,65
14-16 27,18 66,4 0,41 40 1,30 0,72 19,57
16-19,1 41,52 69,90 0,59 40 1,89 0,45 18,68
133

µ (AAS et al) Sucorrigido (kPa)


S u(palheta) (kPa) S umédio (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 0 0 0 1 1 1 0 10 20 30 40 50 60 70
0 10 20 30 40 50 60 70
0 0 0 0
EPC1 EPC1
µ
EPC1
EPC2

5 5 5 5

10 10 10 10

15 15 15 15

20 20 20 20

25 25 25 25

Figura IV.22. Correção da resistência não drenada conforme AAS et al (1986)

Tabela IV.10. Comparação dos valores corrigidos de Su determinados através de


BJERRUM (1973) e AAS et al.(1986).
Profun-
µ Sucorrig (kPa) µ Sucorrig(kPa)
didade OCR Su
IP (%) BJERRUM BJERRUM AAS et al. AAS et al.
(kPa)
(m) (1973) (1973) (1986) (1986)

6 – 7,2 18 3,90 37,36 0,95 35,49 0,38 14,19


7,2-10 95 1,20 40,91 0,65 26,59 0,40 16,36
10-12,1 80 0,82 26,11 0,70 18,63 0,70 18,28
12,1-14 40 0,92 18,32 0,85 15,58 0,80 14,65
14-16 40 1,30 27,18 0,85 23,01 0,72 19,57
16-19,1 40 1,89 41,52 0,85 35,29 0,45 18,68

Vale ressaltar que a resistência não drenada a ser utilizada na análise de estabilidade
obedecerá à correção proposta por BJERRUM (1973), por ser a tradicionalmente utilizada
na literatura brasileira.
134

4.4.3. ESTUDO DAS CORREÇÕES DE BJERRUM (1973) E AAS et al. (1986) NOS
DOIS DEPÓSITOS DE PESQUISA DE ARGILAS MOLES DA UFPE/DEC (CLUBE
INTERNACIONAL E SESI-IBURA)

Este estudo tem como objetivo verificar a utilização das correções de BJERRUM (1973) e
AAS et al. (1986), nas argilas moles do Recife, especificamente nos depósitos das duas
Áreas de pesquisa da UFPE/DEC.

Os resultados de Su dos ensaios de palheta de campo foram os apresentados em


OLIVEIRA (2000), sendo utilizado como referência a média das três campanhas realizadas
em cada local (Tabela IV.11).

Tabela IV.11 Variação da resistência não drenada com a profundidade – ensaios de palheta
de campo (OLIVEIRA, 2000)

Local Prof. (m) Regressão / Média Erro Padrão (EP)


7,0 < Z < 11,0 Su = 3,5 Z +13,51 EP = 2,13
Clube
11,0 < Z < 16,0 Su = 1,91 Z +22,38 EP = 3,12
Internacional
16,0 < Z < 22,2 Su = 2,08 Z +2,81 EP = 3,67
5,0 < Z < 8,0 Su = -2,09 Z +34,12 EP = 2,78
SESI-Ibura 8,0 < Z < 11,5 Su = 17,41 EP = 1,43
1,42 +0,11Z
11,5 < Z < 19,0 Su = e -

Os valores de IP determinados nos dois depósitos foram considerados constantes ao longo


de cada camada de solo mole. No Clube Internacional, para a camada 1 (6 a 16m de
profundidade) o IP variou de 70,4±13,4% e para a camada 2 (16 a 26m) o IP variou de
33,0±5,7%. No SESI-Ibura, o IP variou de 95,8±15,2% para a camada 1 (4 a 11,5) e de
53,4,0±6,1% para a camada 2 (11,5 a 21m). A pressão efetiva devido ao peso das terras
(σ'vo) utilizada para o depósito do Clube Internacional foi a média dos valores
correspondente aos níveis d’água 1,00 m e 1,70 m, apresentados em COUTINHO e
OLIVEIRA (1997). Para o depósito do SESI foram adotados os valores de COUTINHO et
al. (1999).

Os valores obtidos para o fator de correção (µ) nas duas propostas estão apresentados nas
Tabelas IV.12 e IV.13 respectivamente para Clube Internacional e do SESI-Ibura. As
Figuras IV.23 e IV.24. apresentam em conjunto estes resultados juntamente com os valores
de Su corrigida para os dois depósitos.
135

Verifica-se que, os valores de µ de AAS et al. (1986) nos dois locais de pesquisa são de
fato, menores do que os valores de µ de BJERRUM (1973). No depósito do Clube
Internacional, em princípio ocorreu coerência de resultados em todas as profundidades, em
geral com pequena diferença. Entretanto no depósito do SESI-Ibura existe uma grande
diferença nos resultados entre 5 e 6m de profundidade, não sendo esta diferença
aparentemente explicável. Nesta faixa de profundidade o OCR=1,5, indica camada pré-
adensada, sendo da mesma maneira sua posição gráfico de AAS et al. (1986). As causas
prováveis desse pré-adensamento (ver OLIVEIRA, 2000), não indicam ser este depósito
verdadeiramente pré adensado como definido pelos autores AAS et al. (1986). No Clube
Internacional, na faixa de 7,0 a 10,0 m de profundidade, o OCR apresenta valores altos,
variando de 1,50 a 2,25 (bem maiores do que o OCR do SESI), porém o gráfico de AAS
indica uma camada normalmente adensada.

No local de estudo da presente dissertação, quanto à correção de AAS, pode-se observar


fato semelhante ao que ocorreu no SESI-Ibura, ou seja, fator de correção bem menor nas
primeiras camadas (Figura IV.25). No local de estudo o valor de OCR na primeira camada
(entre 6 a 7,2m) é de 3,9, indicando provável camada verdadeiramente pré-adensada. Na
segunda camada (entre 7,2 a 10m) o OCR é igual a 1,2, ou seja, bem menor do que o OCR
da camada anterior. Entretanto essas duas camadas por possuírem valores de Su/σ'vo bem
próximos, serão tratadas na proposta igualmente como verdadeiramente pré-adensadas e
terão valores do fator de correção muito próximos.

Na Figura IV.21 correspondente as curvas de correção da proposta de AAS et al. (1986).


Pode-se notar que valores de Su/σ'vo maiores do que 0,5 conduzem a diferenças
significativas entre as curvas correspondentes as situações de normalmente e
verdadeiramente pré-adensadas.

Pelos estudos apresentados nos dois locais de pesquisa, juntamente com o aterro do Galpão
BR-101, os resultados em geral, foram satisfatórios, entretanto parecendo necessitar de
estudos mais detalhados quanto a aplicação da correção de AAS et al. (1986) nos depósitos
de solos moles do Recife.

A diferença entre as duas correções irá interferir diretamente no cálculo do fator de


segurança FS, conforme será apresentado no capítulo seguinte.
136

Tabela IV.12 Resultados das correções da resistência não drenada (ASS et al., 1986 e
BJERRUM, 1973) - Clube Internacional
PROFUN
DIDADE Su σ'v0 Su/σ'v0 IP OCR AAS BJERRUM
(MÉDIO) µ Sucorr POS. µ Sucorr
m kPa kPa % kPa GRÁFICO kPa
7,0 38,01 75 0,51 70,4 2,25 0,635 24,14 NA 0,71 26,99
8,0 41,51 80 0,52 70,4 2,05 0,630 26,15 NA 0,71 29,47
9,0 45,01 85 0,53 70,4 1,80 0,625 28,13 NA 0,71 31,96
10,0 48,51 90 0,54 70,4 1,50 0,620 30,08 NA 0,71 34,44
11,0 43,39 95 0,46 70,4 1,41 0,670 30,40 NA 0,71 30,81
12,0 45,30 100 0,45 70,4 1,41 0,680 30,80 NA 0,71 32,16
13,0 47,21 105 0,45 70,4 1,41 0,680 32,10 NA 0,71 33,52
14,0 49,12 110 0,45 70,4 1,41 0,680 33,40 NA 0,71 34,88
15,0 51,03 117 0,43 70,4 1,41 0,690 35,21 NA 0,71 36,23
16,0 36,09 125 0,29 70,4 1,41 0,810 29,23 NA 0,71 32,84
17,0 38,17 130 0,29 33,0 1,08 0,810 30,92 NA 0,91 34,73
18,0 40,25 135 0,30 33,0 1,08 0,760 30,59 NA 0,91 36,63
19,0 42,33 142 0,30 33,0 1,08 0,760 32,17 NA 0,91 38,52
20,0 44,41 147 0,30 33,0 1,08 0,760 33,75 NA 0,91 40,41
21,0 46,49 152 0,30 33,0 1,08 0,760 35,33 NA 0,91 42,31
22,0 48,57 165 0,29 33,0 1,08 0,810 39,34 NA 0,91 43,41
22,2 48,99 167 0,29 33,0 1,08 0,810 39,68 NA 0,91 44,58

Tabela IV.13 Resultados das correções da resistência não drenada (ASS et al., 1986 e
BJERRUM, 1973) - SESI- Ibura
PROFUN
DIDADE Su σ'v0 Su/σ'v0 IP OCR AAS BJERRUM
(MÉDIO) µ Sucorr POS. µ Sucorr
m kPa kPa % kPa GRÁFICO kPa
5,00 23,67 29 0,82 95,8 1,50 0,365 8,64 PA 0,67 15,86
6,00 21,58 30 0,72 95,8 1,25 0,390 8,42 PA 0,67 14,46
7,00 19,49 32 0,61 95,8 1,19 0,615 11,99 NA (ENV) 0,67 13,06
8,00 17,40 34 0,51 95,8 1,0 0,635 11,05 NA 0,67 11,66
9,00 17,41 36 0,48 95,8 1,05 0,658 11,36 NA 0,67 11,66
10,00 17,41 38 0,46 95,8 1,05 0,670 11,66 NA 0,67 11,66
11,00 17,41 39 0,45 95,8 0,70 0,680 11,84 NA 0,67 11,66
12,00 15,49 43 0,36 53,4 0,90 0,740 11,46 NA 0,79 12,23
13,00 17,29 48 0,36 53,4 0,80 0,740 12,79 NA 0,79 13,66
14,00 19,30 54 0,36 53,4 0,85 0,740 14,28 NA 0,79 15,25
15,00 21,54 59 0,37 53,4 0,90 0,735 15,83 NA 0,79 17,02
16,00 24,05 66 0,36 53,4 0,90 0,740 17,79 NA 0,79 19,00
17,00 26,84 70 0,38 53,4 1,0 0,730 19,60 NA 0,79 21,21
18,00 29,96 74 0,40 53,4 0,95 0,700 20,97 NA 0,79 23,67
19,00 33,45 79 0,42 53,4 0,95 0,695 23,24 NA 0,79 26,42
137

µ Sucorrig
Su (kPa)
0 20 40 60 0 0,5 1 0 10 20 30 40 50
0
BJERRUM BJERRUM
Su
AAS AAS

5
Profundidade (m)

10

15

20

25

Figura IV.23. Resultados das correções da resistência não drenada (ASS et al., 1986 e
BJERRUM, 1973) - Clube Internacional

Su (kPa) µ Sucorrig
0 20 40 0 10 20 30
0 0,5 1
0
Su BJERRUM BJERRUM
AAS AAS

5
Profundidade (m)

10

15

20

Figura IV.24. Resultados das correções da resistência não drenada (ASS et al., 1986 e
BJERRUM, 1973) - SESI- Ibura
138
S u(palheta) S umédio
µ S ucorrigido
(kPa) (kPa)
(kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0 10 20 30 40 50
0
EPC1 BJERRUM BJERRUM
EPC1
AAS AAS

5
profundidade (m)

10

15

20

Figura IV.25. Resultados das correções da resistência não drenada (ASS et al., 1986 e
BJERRUM, 1973) - Local de estudo.
139

CAPÍTULO V

ANÁLISE DE ESTABILIDADE - RETROANÁLISE

5.1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é o estudo da estabilidade do aterro do galpão BR-101, a fim de


conhecer as condições de ruptura ocorrida no local.

A análise de estabilidade em tensões totais realizada no referido aterro sobre solos moles é
composta de duas etapas: análise de estabilidade (fase de projeto) e retroanálise. Nas duas
etapas foram consideradas hipóteses quanto à correção do valor da resistência não drenada
da fundação utilizando a proposta de BJERRUM (1973), e percentagem de fissuramento
do aterro, procurando simular as condições de ruptura ocorrida.

É importante ressaltar que, dificuldades são esperadas na realização da retroanálise, visto


que as informações existentes na investigação são limitadas.

Serão apresentados os resultados das análises e retroanálises, utilizando o Programa GEO


SLOPE, com aplicação dos métodos de Bishop Simplificado, Spencer, Janbu e
Morgenstern-Price, conforme tipo de superfície considerada (circular e planar).

Uma avaliação simplificada de estabilidade foi realizada utilizando alguns métodos


empíricos propostos na literatura, sendo os resultados comparados entre si.

No final do capítulo serão apresentados os estudos realizados para avaliar os efeitos


tridimensionais do aterro, a influência no cálculo do fator de segurança quando da
construção de uma berma de equilíbrio e quando da correção da resistência não drenada
segundo proposta de AAS et al. (1986).
140

5.2. INFORMAÇÕES / DADOS UTILIZADOS EM UMA ANÁLISE DA


ESTABILIDADE

Para se efetuar uma análise da estabilidade em tensões totais de aterro sobre solos moles
são necessários os seguintes dados:

(a) Geometria da fundação e do aterro.


(b) Peso específico aparente e parâmetros de resistência do material do aterro.
(c) Perfil geotécnico da fundação.
(d) Peso específico aparente total do solo da fundação, valor da resistência não drenada da
fundação e sua variação com a profundidade.
(e) Forma provável da superfície potencial de ruptura, método de cálculo e procedimentos
para obtenção do fator de segurança mínimo.
(f) Definição do FSmín a ser adotado no projeto.

5.2.1. GEOMETRIA DA FUNDAÇÃO E DO ATERRO

A seção utilizada na análise da estabilidade do aterro do Galpão da BR-101 foi selecionada


a partir da observação de campo, onde as fissuras no terreno seguiam longitudinalmente
cerca de 200m, e se conheciam os pontos de afundamento e levantamento, ou seja, início e
fim da superfície crítica (Figura V.1).

A geometria adotada está apresentada na Figura V.2. Foi considerada a altura do aterro de
6,0m como crítica, ou seja, correspondente à ruptura. O muro de gabião foi considerado
apenas como contenção do aterro, não atuando como peso. A geometria da fundação foi
considerada a partir do perfil de resistência não drenada obtido pelo ensaio de palheta de
campo, conforme visto no capítulo anterior. As camadas foram estabelecidas a partir dos
intervalos de Su calculados. Através do Programa GEO SLOPE, foi possível estabelecer
camadas de diferentes solos com subcamadas com diferentes resistências.
Fissuras no terreno

Segue por aproximadamente


200 metros
Levantamento do piso do
galpão

Seção escolhida como


típica para análise de
estabilidade

<3 6
m>

<1 0
,1m
>
141

<1 0
,1m
>

provável superfície de ruptura, e fissuramento do terreno.


Levantamento do terreno
após muro de gabião

Muro de gabião
< 9 ,3
m>

Figura V.1. Localização da seção escolhida para análise de estabilidade, passagem da


142

Um estudo foi também realizado para avaliar a estabilidade correspondente à superfície de


ruptura observada. Assim, foram traçadas algumas superfícies (circulares e planares) de
cálculo representativas dos pontos de ruptura observados.

Na consideração da superfície planar foram tomados como base os resultados obtidos nos
estudos para superfície circular. Desta forma o centro foi locado no centro do FSmín
(circular) e foram traçadas as superfícies planares (Figura V.3)

1,2 20
19
aterro arenoso 18
17
16
15
3 14
arg ila org ânica siltosa 13
4

12
turfa com argila orgânica 1 11
5
10
turfa com argila orgânica 2 9
6
8
arg ila org ânica siltosa 1 7
7
6
arg ila org ânica siltosa 2 5
8 4
3
arg ila org ânica siltosa 3 2
9 1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura V.2. Geometria adotada na análise de estabilidade em tensões totais admitindo


superfície circular – Programa GEO SLOPE.

20

1 21 7 2
1,2 20
19
aterro arenoso 18
3 4
17
16
15
9 40 37 22 8 5 35 34 33 32 31 30
29 6
3 14
10 arg ila orgânica siltosa 11
4 13
12
turfa com argila org ânica 1
11
12 13
5 10
turfa com argila org ânica 2 9
14 15
6 8
arg ila orgânica siltosa 1 43 44
7
16 25 23 26 24 36 42 17
7 6
arg ila orgânica siltosa 2 38 41 39
5
18 19
8 4
3
arg ila orgânica siltosa 3 2
27 28
9 1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura V.3. Geometria adotada na análise de estabilidade em tensões totais admitindo


superfície planar – Programa GEO SLOPE.
143

5.2.2. PROPRIEDADES DO MATERIAL DO ATERRO

As propriedades do material do aterro foram estimadas a partir da literatura considerando


as condições do aterro, havendo esta necessidade pela falta de obtenção de amostras do
aterro e realização de ensaios. Os valores considerados foram: γat = 18kN/m3, c’ =
10kN/m2, φ’ =30º)

Segundo BJERRUM (1973), duas hipóteses de mobilização de resistência ao cisalhamento


são geralmente utilizadas na prática. Se não existe perigo na formação de um fissuramento
longitudinal vertical na parte central do aterro, a utilização da resistência total do aterro
seria justificável. Contudo, se condições são tais que um fissuramento é observado ou
existe apreensão para tal, pode ser assumido que, no caso do material ligeiramente coesivo,
uma fissura pode desenvolver-se ao longo de todo o aterro, eliminando a resistência nesse
trecho.

No presente trabalho, como o aterro tem altura de 6,0m, é pouco provável o fissuramento
total. Assim, a forma que parece mais representativa é considerar um fissuramento parcial
e da ordem de 50%. Contudo, buscando verificar a influência no fator de segurança, da
ocorrência do fissuramento ao longo do aterro durante o processo de ruptura, também foi
considerado aterro sem fissuras e aterro totalmente fissurado, para posterior comparação
entre eles (Figura V.4).

COM RESISTÊNCIA O SEM RESISTÊNCIA O SEM RESISTÊNCIA O


DO ATERRO DO ATERRO DO ATERRO

A A A

C C C
B

a) Considerando-se 0% de b) Considerando-se 50% de c) Considerando-se 100% de


fissuramento do aterro fissuramento do aterro fissuramento do aterro

Figura V.4. Procedimento utilizado para a consideração do fissuramento do aterro.


144

5.2.3. VALOR DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA DA FUNDAÇÃO

A principal variável e que mais influencia no valor do fator de segurança calculado, é


justamente a resistência não drenada fundação, razão pela qual, maiores esforços foram
concentrados na sua avaliação.

Na análise de estabilidade realizado no presente trabalho, foram utilizados os resultados de


resistência não drenada obtidos nos ensaios de palheta de campo e corrigidos segundo
proposta de BJERRUM (1973), conforme já comentado no capítulo anterior. A proposta
de AAS et al (1986) será utilizada mais adiante, a fim de avaliar a sua influência no valor
do FS.

Como o programa GEO SLOPE admite várias camadas com características geotécnicas
diferentes, considerou-se os valores de Su como as médias de cada faixa de profundidade,
sendo constantes por faixa.

Os cálculos e observações referentes aos procedimentos de cálculo e correção de Su estão


mostrados no Capítulo IV. A Tabela V.1 mostra os valores médios de Su admitidos para
cada faixa de profundidade. Os perfis de resistência a serem utilizados na análise de
estabilidade estão apresentados na Figura V.5.

Tabela V.1. Resistências não drenadas utilizadas na análise de estabilidade – Galpão BR-
101.

RESISTÊNCIA NÃO DRENADA UTILIZADA NA ANÁLISE DE ESTABILIDADE (Su)

Profundidade (m) Su (kPa) Sucorrigido (kPa)


6 – 7,2 37,36 35,49
7,2-10 40,91 26,59
10-12,1 26,11 18,63
12,1-14 18,32 15,58
14-16 27,18 23,01
16-19,1 41,52 35,29
145

S umédio (kPa) Sucorrigido (k Pa)


S u(palheta) (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40 50 60 70
0 0 0

EPC1 EPC1
EPC1
EPC2

5 5 5

10 10 10

15 15 15

20 20 20

25 25
25

(a) Valore medidos - (b) Valores médios- (c) Valores corrigidos-


ensaio de palheta camadas consideradas camadas consideradas

Figura V.5. Perfis de Su utilizados na análise de estabilidade – Galpão BR-101.

5.2.4. FERRAMENTA DE TRABALHO - PROGRAMA GEO-SLOPE

O GEO-SLOPE é um programa que usa a teoria de equilíbrio limite para calcular o FS. De
formulação simples, o programa permite uma análise rápida tanto para problemas simples,
como mais complexos de estabilidade de taludes. Também possibilita o uso de uma
variedade de métodos de cálculo para determinar o FS. O programa oferece a possibilidade
de modelar tipos heterogêneos de solo, estratigrafias e superfícies de deslizamento
complexas, condições de poro-pressões e sucção variáveis com diferentes modelos teóricos
de solos (Figura V.6).

O programa dispõe de parâmetros estatísticos para a análise da estabilidade. Como existe


um grau de incerteza associado à entrada de parâmetros, o GEO-SLOPE tenta conciliar as
incertezas por meio da análise probabilística de Monte Carlo. Outro meio do programa é o
146

cálculo das tensões, utilizando-se a análise por elementos finitos que pode ser adicionado
ao cálculo com equilíbrio limite para uma avaliação mais completa da análise da
estabilidade do aterro.

Figura V.6. Definição de parâmetros de trabalho através do Programa GEO SLOPE.

O GEO-SLOPE representa graficamente os resultados da tensão cisalhante do solo como


uma função da tensão normal ou como uma função da inclinação da base da lamela: para
cada lamela da superfície crítica de deslizamento, o cálculo das forças atuantes pode ser
mostrado como um diagrama de corpo livre ou um polígono de forças com seus
respectivos valores numéricos. Por fim, tal programa ainda representa o gráfico da coesão
e da força cisalhante, na base de cada lamela da superfície, numa forma de conferir a
aceitabilidade dos resultados.

O GEO-SLOPE compõe-se de três subprogramas: SLOPE/ DEFINE, para entrada de dados


referentes ao programa a ser analisado; SLOPE SOLVE, para cálculo do FS; e o SLOPE
COUNTOR, para visualização e análise dos resultados.
147

A análise da estabilidade no referido programa se faz pelos seguintes métodos: Fellenius


(1927), Bishop Modificado (1955), Morgenstern-Price (1965), Spencer (1967), Corpo de
Engenheiros de USA (1968), Janbu Simplificado (1969), Lowe-Karatiath, Equilíbrio limite
Generalizado (ELG), Elementos Finitos de Tensões. Todos podem ser utilizados
isoladamente ou em conjunto, de acordo com a necessidade do problema.

Primeiramente colocam-se os dados da geometria da superfície do aterro e da fundação no


programa SLOPE/DEFINE, abordando-se, além das declividades e linha freática, as
diferentes camadas de solo com seus respectivos parâmetros. Ainda nessa fase, escolhe-se
as metodologias de cálculo de estabilidade a serem utilizadas.

Na definição da malha de centros e do campo de variação dos raios das superfícies de


rupturas a serem pesquisadas, a prática desse tipo de análise indica uma localização
aproximada no meio do aterro como a mais propícia a conter o centro de menor FS. No
caso da limitação da variação de raios das superfícies de ruptura, utilizam-se tangentes
paralelas à superfície do aterro.

Após o cálculo no programa SLOPE/SOLVE, inicia-se uma análise para efeito de


refinamento, de modo a evitar que o centro com o FS mínimo não fosse apenas da malha
adotada-local, e sim do aterro abordado como um todo-global. Para tanto, observam-se as
curvas de iso-fator de segurança na malha de centros, apresentado no SLOPE/COUNTOR,
não deve permitir que o centro de menor FS esteja próximo à borda de “grid”, o que
poderia indicar a presença de centros mais críticos fora do alcance da análise.

Para a pesquisa do FSmín no Programa GEO SLOPE, considerando superfície circular,


estabeleceu-se uma malha inicial fixa de centros de círculos, onde a partir de cada centro,
um círculo tangencia todos os raios compreendidos entre o limite inferior e superior. Para
cada círculo calculou-se um FS. Finalmente, em torno do novo FSmín obtido, empregou-se
uma malha pequena a fim de buscar o centro do círculo de FSmín através das curvas de
mesmo FS (iso-FS). Procurando refinar o estudo, a malha foi redimensionada com
dimensões e espaçamento entre os centros menores.
148

5.3. ANÁLISE / RETROANÀLISE DA ESTABILIDADE - RESULTADOS


OBTIDOS

A análise da estabilidade do aterro do Galpão da BR-101 foi realizada inicialmente em


termos de projeto, considerando superfície circular e desconsiderado as evidências da
ruptura. Posteriormente, a partir desta análise inicial e das observações de campo no
momento da ruptura, realizou-se uma retroanálise, admitindo-se então, superfície circular e
planar. Foi adotado o mesmo perfil de Supalheta corrigido para todas as hipóteses.

Foram estabelecidas 7 hipóteses para o cálculo do FSmín, sendo estas, utilizadas para todo o
trabalho que se segue (Tabela V.2), considerando as questões de fissuramento do aterro e
correção da resistência não drenada.

Tabela V.2. Hipóteses estabelecidas sobre considerações de resistência do aterro e da


fundação.

ATERRO FUNDAÇÃO
HIPÓTESES
(fissuramento) (resistência não drenada )
1a Aterro sem fissura Su corrigido
2a Aterro sem fissura Su sem correção
3a Aterro 50% fissurado Su corrigido
4a Aterro 50% fissurado Su sem correção
5a Aterro 100% fissurado Su corrigido
a
6 Aterro 100% fissurado Su sem correção
Su corrigido (média da EPC1 e
7a Aterro 50% fissurado
EPC2)

Todas essas hipóteses serão testadas na análise e na retroanálise de estabilidade, visando-se


verificar qual a que permite obter o menor fator de segurança, e conseqüentemente a
superfície de ruptura.
149

5.3.1. ANÁLISE DE ESTABILIDADE - PROJETO

Nesta etapa do trabalho, não se consideraram evidências de ruptura no terreno e apenas


admitiu-se superfície circular. No programa GEO SLOPE, entrou-se com a geometria e
com as hipóteses estabelecidas sobre as considerações do aterro e fundação, estabelece-se a
malha e os centros e permitiu-se então, o cálculo livre do programa.

Além da utilização do método de Bishop Simplificado, o FSmín nas análises admitindo


superfície circular também foi calculado através do método de Spencer a fim de
comparação dos resultados.

Os resultados dos FSmín obtidos na análise de estabilidade de tensões totais para superfície
circular utilizando os métodos de Bishop Simplificado e Spencer estão resumidos na
Tabela V. 3. Pode-se observar que os valores são praticamente idênticos nos dois métodos
de cálculo.

Tabela V.3. Resultados dos FSmín da análise de estabilidade – superfície circular.

Fissuramento do
Correção de Su SUPERFÍCIE CIRCULAR
aterro
HIPÓTESES
ANÁLISE
0% 50 % 100% sim não
BISHOP SPENCER
1 X X 1,045 1,048
2 X X 1,356 1,357
3 X X 1,000 0,995
4 X X 1,297 1,290
5 X X 0,896 0,899
6 X X 1,168 1,168
7* X X 1,082 1,076

Na Figura V.7. estão plotados os valores dos FSmín obtidos na análise de estabilidade,
utilizando o método de Bishop. Pode-se observar então, que:

a) Os valores do FSmín estão compreendidos entre 0,89 e 1,35. Como esperado, as


hipóteses que consideraram correção de Su apresentam fatores de segurança menores do
que as hipóteses que não consideraram esta correção. Nesta análise, as condições que
podem explicar a ruptura são as que consideram a correção de Su.
150

b) A hipótese 2 (aterro sem fissura / Su sem correção) seria considerada a situação mais
conservativa, justificada pelo maior valor do FSmín calculado. Isto ocorreu porque
admitiu-se o aterro como camada resistente e não se corrigiu o valor de Su das camadas
compressíveis que se seguem com a profundidade. Esta situação não seria indicada para
utilização em projetos.

c) Em contrapartida, a hipótese 5 (aterro totalmente fissurado / Su corrigido), se apresenta


como a situação mais desfavorável, justificada pelas considerações adotadas e pelo menor
valor do FS calculado. Neste caso, a camada de aterro atua apenas como peso, não
contribuindo com a resistência do conjunto aterro-fundação.

d) As hipóteses 3 (50% de fissuramento do aterro / Su corrigido) e 7 (50% de fissuramento


do aterro / Su corrigido- média da EPC1 e EPC2) mostraram-se as mais representativas a
serem utilizadas em um projeto preliminar, apresentando FS igual a 1.

Su corrigido
Su não corrigido
Su corrigido (média EPC1 e EPC2)
1,5
Fator de segurança mínimo


1ª 7ª 6ª

1

0,5
0% 50% 100%
Percentagem de fissuramento do aterro

1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª - Hipóteses referentes à resistência do aterro e correção de Su

Figura V.7. Resumo dos resultados da análise de estabilidade de tensões totais (superfície
circular) – Bishop Simplificado - Programa GEO-SLOPE – Estudo do FSmín.
151

5.3.2. RETROANÁLISE

Em função da geometria do aterro observada após a ruptura, foi possível determinar pontos
de prováveis passagem da superfície de ruptura. O ponto A (ver Figura V.8) indicava o
levantamento de piso do Galpão, indicando possivelmente o ponto inicial da superfície de
ruptura. Os pontos B, C, D, E, F e G, constituíam um seguimento de reta através da seção
adotada, a partir de 5m do muro de gabião e eqüidistantes a cada metro, onde verificou-se
o levantamento do terreno. A superfície de ruptura seguiu ainda longitudinalmente por
cerca de 200m atravessando os terrenos vizinhos.

GALPÃO
m
local de abertura do
piso do galpão
A

Aterro arenoso 1 c’=10 kN/m , δ=1,8 kN/m3,φ’=30o


2
Fissuramento e
levantamento do terreno
2 3 o
Aterro arenoso 2 c’=10 kN/m , δ=1,8 kN/m ,φ’=30
BC DE F G
Argila orgânica siltosa 3 Levantamento
Su=37,36 kPa, δ=14 kN/m
Turfa c/ argila orgânica 1 do terreno
Su=40,91 kPa, δ=11,9 kN/m3
Turfa c/ argila orgânica 2
Su=26,11 kPa, δ=11,9 kN/m3
Argila orgânica siltosa 1 Su=18,32 kPa, δ=14 kN/m3
Argila orgânica siltosa 2
Su=27,18 kPa, δ=14 kN/m3
Argila orgânica siltosa 3
Su=41,52 kPa, δ=14 kN/m3
Areia média siltosa

Figura V.8. Determinação dos pontos de passagem da provável superfície de ruptura –


seção transversal.

Vale salientar que uma retroanálise se faz a partir de pontos verificados através de
observações em campo e instrumentação. Neste trabalho, a localização da superfície de
deslizamento foi baseada em observações e algumas medições, não sendo realizado
nenhum levantamento topográfico e instrumentação interna no local de estudo. Desta
forma, apenas foi possível verificar os prováveis pontos inicial e final da superfície de
ruptura. Entretanto o ponto de tangência não é conhecido, por falta de um programa de
monitoramento interno. É esperado que este ponto mínimo passe na camada de menor
resistência, como verificado na análise inicial.
152

Assim sendo, fixou-se o ponto A (ponto inicial) e limitou-se o ponto G (final), fazendo
com que o final da superfície crítica localizasse entre 5 a 10m do muro de gabião. Nesta
fase, os estudos foram realizados supondo-se superfície circular e planar, conforme
verificado adiante.

(a) Superfície circular

Os resultados dos FSmín obtidos na retroanálise de estabilidade de tensões totais para


superfície circular utilizando os métodos de Bishop Simplificado e Spencer estão
resumidos na Tabela V. 4.

A Figura V.9 apresenta os resultados dos FSmín obtidos no estudo da superfície circular
crítica observada, utilizando o método de Bishop. Em todas as hipóteses consideradas o
FS foi maior do que 1. Pode-se verificar que os valores do FS mais próximos de 1 são
aqueles que consideram a correção da Su. Mais comentários podem ser vistos a seguir, no
item de comparação dos resultados da superfície prevista e a observada.

Face às dificuldades já comentadas de se realizar esse tipo de análise, os valores de FS


calculados foram satisfatórios e indicam faixas de valores próximos à análise de
estabilidade preliminar.

Tabela V.4. Resultados dos FSmín da retronálise de estabilidade – superfície circular.

Fissuramento do aterro Correção de Su SUPERFÍCIE CIRCULAR


HIPÓTESES RETROANÁLISE
0% 50 % 100% sim não
BISHOP SPENCER
1 X X 1,192 1,190
2 X X 1,475 1,472
3 X X 1,149 1,141
4 X X 1,474 1,462
5 X X 1,100 1,103
6 X X 1,316 1,316
7* X X 1,205 1,195
153

Su corrigido
Su não corrigido
Su corrigido (média EPC1 e EPC2)

1,5

Fator de segurança mínimo 6ª






1

0,5
0% 50% 100%
Percentagem de fissuramento do aterro

1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª - Hipóteses referentes à resistência do aterro e correção de Su

Figura V.9. Resumo dos resultados da retroanálise de estabilidade de tensões totais


(superfície circular) – Bishop Simplificado - Programa GEO-SLOPE – Estudo do FSmín.

(b) Superfície planar

Nesta etapa do trabalho, foi realizado um estudo utilizando possíveis superfícies planares
representativas da superfície de ruptura observada.

Para o cálculo do FSmín admitindo superfície planar, foram utilizados os métodos Janbu
não corrigido, Spencer e Morgenstern-Price. Os resultados mostraram-se bem próximos,
sendo os valores obtidos por Spencer e Morgenstern-Price exatamente iguais (ver Tabela
V.5).

Como os valores do FSmín obtidos através do método de Janbu utilizado no Programa


GEO SLOPE não foram corrigidos, se faz necessário tal procedimento, utilizando o
recomendado na Figura II.16, no Capítulo II.
154

Tabela V.5. Resultados dos FSmín da retronálise de estabilidade – superfície planar.

Fissuramento do Correção de
SUPERFÍCIE PLANAR
aterro Su
HIPÓ RETROANÁLISE
TESES MORGEN
0% 50 % 100% sim não JANBU (não JANBU
SPENCER STERN
corrigido) (corrigido)
-PRICE
1 X X 1,118 1,240 1,232 1,232
2 X X 1,342 1,480 1,397 1,397
3 X X 1,017 1,128 1,141 1,141
4 X X 1,335 1,475 1,481 1,481
5 X X 0,935 1,037 1,052 1,052
6 X X 1,121 1,244 1,336 1,336
7* X X 1,039 1,153 1,186 1,186

Na Figura V.10. estão plotados os valores dos FSmín obtidos na retroanálise de


estabilidade admitindo superfície planar e utilizando o método de Spencer.

Nesta análise, a hipótese 5 (aterro 100% fissurado / Su corrigido) apresentou FS=1,


podendo explicar a ruptura.

Vale ressaltar a dificuldade de serem definidas as superfícies planares através do Programa


GEO SLOPE, e conseqüentemente encontrar a superfície crítica. Isto se deve ao fato de
que essas superfícies são desenhadas pelo projetista, bem como a definição do centro de
raio, diferentemente das superfícies circulares, onde o projetista apenas define a malha de
centro e a tangência dos raios, e o próprio programa apresenta a superfície crítica.

Então, pode ocorrer pequenos erros no cálculo do FSmín para superfície planar, relativos à
cada hipótese estabelecida. É importante definir diversas superfícies com diferentes
geometrias, e por tentativas encontrar o menor fator de segurança.
155

Su corrigido
Su não corrigido
Su corrigido (média EPC1 e EPC2)

1,5



Fator de segurança mínimo



3ª 5ª
1

0,5
0% 50% 100%
Percentagem de fissuramento do aterro
1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª - Hipóteses referentes à resistência do aterro e correção de Su

Figura V.10. Resumo dos resultados da retroanálise de estabilidade de tensões totais


(superfície planar) – Spencer - Programa GEO-SLOPE – Estudo do FSmín.

Uma superfície planar geralmente ocorre em situações especiais como: descontinuidade


longitudinal das camadas de fundação, ou através da aplicação de imposições como a
construção de bermas, fazendo com que a base da superfície situe na camada de menor
resistência, seguindo horizontalmente até próxima à berma, daí então, alcance o ponto
final, caracterizando o levantamento do terreno.

É de se esperar nesta análise, que o valor de Su na direção horizontal, caso seja menor do
que na direção ensaiada, apresente influência maior nos resultados. Como não se admitiu
variação longitudinal de Su nesta dissertação, e como não se tinha nenhuma oposição à
passagem de uma superfície circular, este tipo de superfície parece não explicar bem o
fenômeno de ruptura.
156

5.4. COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DA SUPERFÍCIE DE RUPTURA


PREVISTA E OBSERVADA

Os resultados dos FSmín obtidos da análise e da retroanálise de estabilidade de utilizando o


método de Bishop estão resumidos na Figura V.11 e na Tabela V.6. Pode-se verificar que:

a) A superfície observada levou a fatores de segurança mais elevados. Considerando


resistência integral do aterro, esse aumento para o círculo típico observado foi da ordem de
8 e 10 % respectivamente, com correção de Su e sem correção.

b) Admitindo fissuramento total do aterro, o aumento foi maior para Su corrigido, sendo da
ordem de 23 %.

Su corrigido (análise)
Su não corrigido (análise)
Su corrigido (média EPC1 e EPC2) (análise)
Su corrigido (retroanálise)
Su não corrigido (retroanálise)
1,5
Fator de segurança mínimo


1ª 7ª
1

0,5
0% 50% 100%
Percentagem de fissuramento do aterro

1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª - Hipóteses referentes à resistência do aterro e correção da Su
Figura V. 11. Resumo e comparação dos resultados da análise e retroanálise de
estabilidade de tensões totais (superfície circular) – Bishop Simplificado - Programa GEO-
SLOPE – Estudo do FSmín.
157

Tabela V.6. Resumo dos FSmínimos calculados no Programa GEO SLOPE.

Fissuramento do Correção da
SUPERFÍCIE CIRCULAR SUPERFÍCIE NÃO CIRCULAR
aterro Su
HIPÓTESES

ANÁLISE RETROANÁLISE RETROANÁLISE


0% 50 % 100% sim não MORGENS
JANBU
BISHOP SPENCER BISHOP SPENCER SPENCER TERN
(corrigido)
-PRICE

1 X X 1,045 1,048 1,192 1,190 1,240 1,232 1,232

2 X X 1,356 1,357 1,475 1,472 1,480 1,397 1,397

3 X X 1,000 0,995 1,149 1,141 1,128 1,141 1,141

4 X X 1,297 1,290 1,474 1,462 1,475 1,481 1,481

5 X X 0,896 0,899 1,100 1,103 1,037 1,052 1,052

6 X X 1,168 1,168 1,316 1,316 1,244 1,336 1,336

7* X X 1,082 1,076 1,205 1,195 1,153 1,186 1,186

* MÉDIA EPC1 / EPC2


158

É importante verificar, ainda na Figura V.9 a importância da correção da resistência não


drenada para o caso estudado. Para todos as hipóteses estabelecidas, o fator de segurança
para Su sem correção foi maior do que o fator de segurança para Su corrigido, fazendo que
a escolha da não correção venha a indicar um FS não representativo, portanto não
confiável para utilização em projetos.

Observou-se que entre a localização do círculo previsto de deslizamento com a superfície


de ruptura observada no campo houve algumas diferenças. O círculo crítico de
deslizamento previsto pareceu semelhante ao observado, entretanto apresentou-se como
que transladado para a direita. O raio determinado foi mais reduzido que o observado e o
centro do círculo estaria mais baixo. Já a profundidade máxima de ocorrência do
deslizamento, parece ter sido razoavelmente prevista pelo método de análise. A
profundidade máxima atingida pelo círculo crítico é bem próxima do final do depósito
mole, e corresponde ao final do trecho de menor Su admitido nos cálculos.

Um exemplo da diferença entre a localização da superfície de ruptura prevista e observada


para a hipótese 50% fissuramento aterro - Su sem correção e Su corrigido pode ser
verificado respectivamente nas Figuras V.12 e V.13.

superfície de ruptura ocorrida


GALPÃO
Fs = 1.18
local de abertura do Fs = 1.313
piso do galpão
A

Aterro arenoso 1
superfície de ruptura calculada
Aterro arenoso 2
BC DE F G
Argila orgânica siltosa
Turfa c/ argila orgânica 1

Turfa c/ argila orgânica 2

Argila orgânica siltosa 1

Argila orgânica siltosa 2

Argila orgânica siltosa 3

Areia média siltosa

Figura V.12. Diferença na localização da superfície prevista e observada - 50%


fissuramento aterro - Su sem correção.
159

GALPÃO
superfície de ruptura ocorrida Fs = 1.050

local de abertura do Fs = 0.908


piso do galpão
A
superfície de ruptura calculada
Aterro arenoso 1

Aterro arenoso 2
BC DEFG
Argila orgânica siltosa
Turfa c/ argila orgânica 1

Turfa c/ argila orgânica 2

Argila orgânica siltosa 1

Argila orgânica siltosa 2

Argila orgânica siltosa 3

Areia média siltosa

Figura V.13. Diferença na localização da superfície prevista e observada - 50%


fissuramento aterro - Su corrigido.

ORTIGÃO (1980), no aterro experimental na argila mole de Sarapuí-RJ, encontrou que a


extensão, em planta, da área sujeita ao deslizamento foi subestimada pela análise teórica.
Já PILLOT et al. (1982) e HANZAWA (1983a) encontraram nos casos estudados, uma boa
concordância entre a superfície de ruptura observada e o círculo crítico resultante da
análise de estabilidade em tensões totais. COUTINHO (1986), no Aterro Experimental de
Juturnaíba – RJ, observou pequenas diferenças entre o círculo previsto com a superfície de
ruptura observada.

Os cálculos realizados na análise e na retroanálise com a obtenção dos FSmín, as


respectivas superfícies críticas (circular e planar) e curvas de iso-FS obtidos no Programa
GEO SLOPE podem ser observados no Apêndice desta dissertação.

5.5. ANÁLISE DA ESTABILIDADE EM TENSÕES TOTAIS ATRAVÉS DE


MÉTODOS EXPEDITOS

Uma avaliação rápida de estabilidade de um aterro sobre solo mole é necessária na maior
parte dos projetos, em sua fase inicial. Nesse caso, o emprego de um método que envolva
uso do computador pode ser inadequado. Para a análise em tensões totais uma avaliação
expedita pode ser feita.
160

A seguir, serão apresentados 4 métodos, de simples aplicação, utilizados na retroanálise do


comportamento do aterro do Galpão da BR-101.

O valor de Su utilizada como referência na aplicação desses métodos é a média aritmética


resultante da média ponderada das Su situadas no trecho das três camadas iniciais de solos
moles e da Su da camada de menor resistência, ou seja:

35,49 × 1,2 + 26,59 × 2,8 + 18,63 × 2,1


Sumédia (três.camadas.iniciais) = = 25,59kPa (V.1)
6,1

Su (camada de menor resistência) = 15,58 kPa.

25,59
Su (referência ) = = 20,59kPa (V.2)
15,58

Para tal consideração, sabendo-se que a superfície de cisalhamento irá tangenciará à


camada de menor resistência (Su=15,58kPa), admitiu-se que 50% da extensão da
superfície estará nas três camadas superiores de solos moles e outros 50% estará nesta
camada de menor resistência, conforme ilustrado na Figura V.14.

Aterro arenoso 1

Aterro arenoso 2
Argila orgânica siltosa
Turfa c/ argila orgânica 1 Sumédia = 25,59kPa
25 %
Turfa c/ argila orgânica 2 % Su = 15,58kPa
25
Argila orgânica siltosa 1

Argila orgânica siltosa 2 50%

Argila orgânica siltosa 3

Figura V.14. Consideração da passagem da superfície de cisalhamento e do cálculo de Su


de referência.
161

5.5.1. FÓRMULA DE CAPACIDADE DE CARGA

Baseando-se na teoria de capacidade de carga de TERZAGHI, pode-se estimar a altura


crítica (Hc) de um aterro sobre argila mole. Considerando Hc = 6,0 m e, para peso
específico do material do aterro o valor estimado de 18kN/m3, tem-se:

5,5Su
Hc = ; (V.3)
γ at

γ at × Hc 6,0 × 1,8
Su = ; Su = = 19,63 kPa (V.4)
5,5 5,5

O valor 19,63 kPa apresenta-se bem próximo (pouco inferior) com a Su admitida como
referência, obtida em ensaios de palheta de campo (20,59 kPa). O valor do fator de
segurança correspondente a Su de referência, através dessa fórmula, seria da ordem de 1.

5,5Su 5,5 × 20,59


FS = = = 1,048 (V.5)
γ at × Hc 18 × 6

Vale lembrar que essa expressão negligencia os efeitos do talude e da resistência do aterro.
Assim sendo, apesar das limitações e simplicidade dessa fórmula, pode-se verificar que o
valor calculado do FS, já explica a ruptura do aterro. Ou seja, se a resistência não drenada
tivesse sido determinada na fase inicial de projeto de construção do aterro, poderia-se
prever a ruptura, admitindo-se os 6m de altura e peso específico do aterro de 18 kN/m3.

5.5.2. MÉTODO DAS CUNHAS DESLIZANTES

Consiste num método de simples aplicação e que se baseia no equilíbrio de forças


horizontais apresentado nos manuais Corps of Engineers (1970) e NAVFAC (1971).

0,5γ at H 2 (1 − Ka) + 2cH cos(45 + φ / 2) / cos(45 − φ / 2) + Su (4 D + L)


FS = (V.6)
γ at H (0,5H + D)
162

FS = fator de segurança
H = altura do aterro
c, φ, γat = coesão, ângulo de atrito e peso específico do aterro.
Ka = coeficiente de empuxo ativo do aterro, dado pela equação Ka = tan2 (45 - φ/2)
D = profundidade da superfície de ruptura
L = comprimento do trecho horizontal da superfície de ruptura

Na aplicação dessa equação para análise da ruptura do aterro foram empregados os


seguintes valores dos parâmetros: H = 6,0 m, γat =18 kN/m3, c = 10 kN/m2, φ = 30º. Os
valores dos parâmetros D e L foram obtidos conforme a Figura IV.17 apresentada no
Capítulo II.

O valor do FS através desse método, utilizando para o cálculo a Su de referência (20,59


kPa) seria igual a 1,06.

Na ruptura FS = 1 e, daí é possível obter a retroanálise de Su pela Equação (V.6). Então, o


valor calculado Su = 19,08 kPa . Este valor apresenta-se bem próximo à Su admitida como
referência, obtida em ensaios de palheta de campo (20,59 kN/m3).

5.5.3. ÁBACOS DE PILLOT e MOREAU (1973)

Considerando a resistência da fundação constante e o aterro como material não coesivo (c


= 0, φ≠0), aplicou-se os ábacos Figura IV.15, e admitindo Sumédia = 20,59 kPa, γaterro =
18kN/m3, tendo-se:

Su
N= = 0,19 e h (argila)/H(aterro) = 2,16 (V.7)
h ×γ
163

Admitindo inclinação 1(V) : 1,5(H) e considerando que, para h/H>1,5 os valores de FS se


mantém constantes, tem-se aproximadamente FS=1,10. Verifica-se assim, que a
consideração da resistência do aterro e da inclinação do talude nos ábacos de PILOT e
MOREAU resulta em um valor de FS mais realista e superior ao obtido com o cálculo da
altura crítica.

Através da retroanálise de Su, verifica-se que o seu valor correspondente ao FS=1 é de


20,52 kPa, próximo ao valor de referência, obtida em ensaios de palheta de campo.

5.5.4. ÁBACOS DE PINTO (1966)

Os ábacos de PINTO (1966) para análise de estabilidade de aterro sobre depósito profundo,
consistem no cálculo do FS considerando o crescimento da resistência com a profundidade.
Esses ábacos não consideram a resistência do aterro, mas podem ser úteis no caso de
aterros baixos.

Assim, considerando a resistência crescente com a profundidade, para: Suo = 20,59 kPa;
S1 = 2kPa/m; e h = 13m, tem-se um valor médio de resistência igual à:

2Suo + S1 × h
Su = = 33,59kPa (V.8)
2

Para aplicação do ábaco de PINTO (1974) tem-se:


S1 × h
= 1,26 (V.9)
Suo

No ábaco da Figura IV.16, obtém-se Nc=6.


∆σf =6 x 20,59 = 123,54
∆σ = 6 x 18 = 108
123,54
FS = = 1,14
108
Verifica-se que a variação com a profundidade, de fato, tem grande influência no valor do
fator de segurança, observado através da diminuição do seu valor através do cálculo
realizado por esse método.
164

A Tabela V.7. apresenta um resumo dos valores de Su retroanálisados por esses métodos
expeditos e o valor do FS. Pode-se verificar que em todos os métodos utilizados, os valores
de Su estão próximos do valor de referência obtido através do ensaio de palheta de campo
(20,59 kPa). De certo, é possível prever a ruptura através desses métodos, com os valores
de FS~1.

Tabela V.7. Resumo dos valores de Su (retroanálise) e do FS obtidos através dos métodos
expeditos utilizados.
Su (kPa) – retroanálise FS
MÉTODOS
(FS=1) (Su = 20,59kPa)
Capacidade de carga 19,63 1,05
Cunhas deslizantes 19,08 1,06
Pillot e Moreau 20,52 1,10
Ábacos de Pinto 18,00 1,14

A utilização desses métodos empíricos na análise de estabilidade de aterros sobre solos


moles consiste numa maneira simples de se calcular o FS, de fácil aplicação, tornando-se
útil para muitas aplicações práticas, onde se deseja um estudo prévio, necessitando
posteriormente, de um estudo detalhado com a utilização de métodos mais refinados
conforme proposta na bibliografia.

5.6. AVALIAÇÃO DOS EFEITOS TRIDIMENSIONAIS

AZZOUZ et al. (1983) (ver também BALIGH e AZZOUZ, 1978) mostraram, através de
uma análise tridimensional que o efeito das extremidades geralmente é no sentido de
aumentar o FS, obtido convencionalmente em 10 + 5%, podendo em certos casos, exceder
a 20-30%. Isto implicaria em uma redução da mesma ordem na resistência não drenada
que corresponde a FS igual a unidade, de forma a se obter o valor real de Su representativo
da fundação. Os autores apresentam am uma proposta prática para estimar esse efeito, para
geometrias típicas de aterro (Figura V.15).
165

Na análise de estabilidade do Aterro Experimental de Juturnaíba, COUTINHO (1986)


considerou o problema como bimensional, analisando apenas a seção principal do aterro.
Entretanto, o autor conclui ser impraticável construir um aterro experimental muito longo.
Nesses casos, o efeito das extremidades do aterro pode ter razoável influência em relação
ao FS calculado em condições bidimensionais. Na avaliação efetuada para se verificar o
efeito tridimensional , o autor comenta que o fator de segurança obtido na análise
convencional (deformação plana) parece indicar um aumento na ordem de 10% para a
altura do aterro de 6,85m. Se esses 10% de acréscimo fosse aplicado ao valor de Fs obtido
para a hipótese de 50% do aterro sem resistência, teria-se FSmin~1 para o caso de Su
médio obtido no ensaio de palheta de campo.

Seção A- A
O'
X

Rmín

Su
L Rmín
Y σ
A A
X
O

T
L FS 1 + 0,7 DR
FS 2L

Onde:
FST - fator de segurança tridimensional;
FS - fator de segurança bidimensional (convencional);
DR - Rmáx - Rmín
O'
Planta da superfície de ruptura

Figura V.15. Análise tridimensional – Estimativa do efeito das extremidades do aterro


segundo AZZOUZ et al (1983).
166

ORTIGÃO (1980), em seus estudos no Aterro Experimental I, comenta que o aterro


dispunha de duas bermas que avançavam à frente do mesmo e que constituíam elementos
estabilizadores, aumentando o fator de segurança. Se, por um lado, o fator de segurança
calculado sem considerar a existências dessas bermas poderá resultar em um valor
conservativo, por outro, a inclusão nos cálculos dos seus efeitos é bastante difícil. Os
métodos teóricos disponíveis não permitem facilmente considerar uma geometria tão
complexa.

No caso do aterro do Galpão da BR-101 parece que os efeitos da extremidade não são
muito importantes devido à geometria observada na ruptura, ou seja, fissuramento
longitudinal sobre o aterro paralelo ao eixo do mesmo ao longo de toda a extensão,
seguindo ainda por cerca de 200m nos terrenos vizinhos. Foi utilizada a proposta de
AZZOUZ et al. (1983), sendo aplicada na hipótese Nº 3 – aterro 50% fissurado, Su
corrigido e superfície circular, onde o FS calculado foi igual a 1. Verificou-se que o fator
de segurança tridimensional (FST) aumentou na ordem de 4,9% em relação ao FS
bidimensional, para esse caso, não sendo, de fato, um aumento significativo (Equação
V.10).

FS T   DR 
= 1 + 0,7  ; FS T = 1,049.FS (V.10)
FS   2 L 

5.7. INFLUÊNCIA NO CÁLCULO DO FATOR DE SEGURANÇA QUANDO DA


CONSTRUÇÃO DE UMA BERMA DE EQUILÍBRIO

Um estudo foi realizado para verificar a influência no cálculo do fator de segurança quando
da construção de uma berma de equilíbrio, ou contrapesos colocados opostos ao aterro
(após o muro de gabião). É um tipo de solução quando se deseja aumentar a estabilidade da
construção através do aumento do momento resistente.

JAKOBSON (1948), desenvolveu um método simplificado para cálculo do número e altura


de bermas necessárias para se conseguir a estabilidade de um aterro sobre solo mole, assim
como determinação do comprimento das bermas.
167

Como já mencionado anteriormente, através da retroanálise foi possível observar o ponto


final da superfície de deslizamento. Assim, admitiu-se como parâmetros geotécnicos da
berma: γ=20t/m3, c=10kPa e φ= 35º e dimensões: 2,5m de altura e 27,0m de largura,
conforme proposta do referido autor . Foi utilizada a hipótese Nº 7: 50% de fissuramento
do aterro - Su corrigido (média de EPC1 e EPC2) - superfície circular, e utilizando o GEO
SLOPE, foi possível comparar os FSmín obtidos antes e após a construção da berma
(Figura V.16).

De fato, observa-se que a proposta da construção da berma como solução para estabilizar o
movimento horizontal do terreno, indicada por Gusmão Engenheiros Associados, eleva o
valor do fator de segurança de 0,984 para 1,665, o que possivelmente evitaria a ruptura.

BERMA
50% fissuramento do aterro/ 1.71
1

Su corrigido/
1.801

Superfície circular (média EPC1 e EPC2)


1.801

Análise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101 1.665


Construção de berma

2.0
71 1
1.89

19
18
aterro arenoso 1 17
BERMA 16
15
aterro arenoso 2
14
13
argila orgânica siltosa
12
11
turf a com argila orgânica 1
10
9
turf a com argila orgânica 2
8
7
argila orgânica siltosa 1
6
5
argila orgânica siltosa 2
4
3
2
argila orgânica siltosa 3
1
0
10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura V.15. Cálculo do Fator de Segurança admitindo a construção de berma de


equilíbrio.

É importante lembrar que, também foi indicada a utilização de estacas metálicas para evitar
o movimento vertical. Este assunto, entretanto, não fez parte das análises realizadas nessa
dissertação. Mesmo assim, é possível confirmar que a utilização dessa técnica aumentará a
resistência dos solos da fundação, fazendo com que seja necessário a construção de uma
berma com os mesmos parâmetros geotécnico, mas com dimensões menores.
168

5.8. INFLUÊNCIA NO VALOR DO FS QUANDO DA UTILIZAÇÃO DA


CORREÇÃO DE Su PROPOSTA POR AAS et al. (1986)

Como visto no capítulo anterior, é de se esperar que o valor do fator de segurança


utilizando a correção de Su proposta por AAS et al. (1986), seja menor do que a correção
proposta por BJERRUM (1973) na qual foi usada nas análises realizadas neste trabalho.

Contudo, a fim de verificar a influência da correção de AAS et al. (1986), foram


selecionadas três hipóteses, sendo realizada a análise e a retroanálise para superfície
circular. Os resultados podem ser vistos na Tabela V. 8.

Tabela V.8. Comparação entre os FS calculados admitindo-se as correções de BJERRUM


(1973) e AAS et al. (1986)

Fissuramento do
Correção da Su SUPERFÍCIE CIRCULAR
HIPÓTESES

aterro
ANÁLISE RETROANÁLISE
0% 50 % 100% sim não
BISHOP SPENCER BISHOP SPENCER
BJERRUM 1,045 1,048 1,192 1,190
1 X
AAS 0,811 0,811 0,831 0,892
2 X X 1,356 1,357 1,475 1,472
BJERRUM 1,000 0,995 1,149 1,141
3 X
AAS 0,776 0,780 0,763 0,871
4 X X 1,297 1,290 1,474 1,462
BJERRUM 0,896 0,899 1,100 1,103
5 X
AAS 0,532 0,532 0,627 0,779
6 X X 1,168 1,168 1,316 1,316
7* X X 1,082 1,076 1,205 1,195

Não parece ser adequada a utilização da correção da resistência não drenada do solo de
fundação do aterro do Galpão-BR101 através da proposta de AAS et al. (1986). A proposta
de BJERRUM (1973), mostra-se como a mais indicada para as argilas moles do Recife, já
que permite a obtenção do FS igual a 1.
169

5.9. COMENTÁRIOS FINAIS

LEROUEIL e TAVENAS (1981) e LEONARDS (1982) apresentam interessantes


discussões a respeito das dificuldades inerentes ao processo de obtenção de resultados
confiáveis em um trabalho de retroanálise ou investigação de rupturas. COUTINHO (1986)
em seus estudos no Aterro Experimental de Juturnaíba confirma tal dificuldade, mas o
autor afirma que, mesmo com estas dificuldades, a análise de estabilidade em tensões
totais, de forma convencionalmente utilizada, mostrou-se ser uma ferramenta útil de
trabalho com a utilização de resistência do solo de fundação calibrado regionalmente. A
avaliação correta das variações regionais no comportamento dos solos é, segundo
HANZAWA et al (1983a), o fator mais importante para se obter uma solução satisfatória
para os problemas geotécnicos.

No estudo efetuado onde procurou-se simular melhor o comportamento ocorrido na


ruptura, ou seja, 50% de fissuramento do aterro/Su corrigido, permitiu prever
razoavelmente o fator de segurança na ruptura, entretanto todos os métodos utilizados
dissertação, para obtenção do FSmín indicaram a instabilidade do aterro e a iminência do
colapso.

A conclusão obtida no estudo do FSmín se enquadra nas recomendações de BJERRUM


(1973), onde o autor propôs a correção da Su obtida através do ensaio de palheta de campo.

Os resultados dos FS correspondente à retroanálise apresentaram resultados ligeiramente


superiores aos correspondentes obtidos na análise de estabilidade. Esse aumento foi da
ordem de 8% a 23% respectivamente considerando resistência integral do aterro / Su
corrigido e admitindo fissuramento total do aterro / Su corrigido.

Deve ser lembrado que ocorrem diferenças entre a superfície crítica determinada e a
superfície de deslizamento observada. Quanto a diferença existente entre os resultados do
estudo do FSmín e do FSobs parece-nos que as conclusões obtidas no estudo do FSmín são
especialmente aplicáveis ao procedimento convencional de projeto, pois de antemão não se
conhece o comportamento nem a superfície real de ruptura. O estudo do FSobs seria o mais
indicado para avaliar o valor da resistência representativa ou mobilizada na fundação, nas
170

condições de cada trabalho, caso o modelo e os demais fatores estabelecidos para a ruptura
sejam realmente o ocorrido no campo (COUTINHO, 1986). Entretanto deve ser registrado
que neste estudo maiores dificuldades são esperadas para realizar a retroanálise em função
das limitadas informações existentes na investigação possível de ser realizada.

A Figura V.17 apresenta os fatores de correção a partir de retroanálise de aterros rompidos


com os pontos referentes ao presente trabalho. Pode-se verificar que o uso da correção de
BJERRUM (1973) permite encontrar o valor unitário do FS nas argilas moles do Recife,
representada através do presente trabalho. A resistência não drenada a ser adotada em
projeto seria o valor obtido no ensaio de palheta de campo e corrigido segundo esta
proposta.

Figura V.17. Fatores de correção obtidos a partir de retroanálise de aterros rompidos


(COUTINHO, 2000; a partir de COUTINHO, 1986b), SANDRONI (1993) e MASSAD
(1999), com pontos de Recife – presente trabalho.
171

CAPÍTULO VI

CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

O presente trabalho teve como enfoque principal a análise da estabilidade (análise de


projeto e retroanálise) da ruptura ocorrida no aterro sobre solo mole do Galpão da BR-101-
PE, com espessa camada de solo mole, de até 12m de espessura, construído sem projeto,
acompanhamento e controle tecnológico. Ressalta-se que o estudo inicial após
identificação dos problemas na área, tratava-se de uma consultoria da Gusmão Engenheiros
Associados não voltada à pesquisa. Apesar das limitações existentes de um trabalho
prático, relacionadas às investigações geotécnicas, forneceu dados para o desenvolvimento
do presente trabalho, trazendo aprendizado e experiência profissional local.

A fim de permitir a adequada utilização dos dados nas análises realizadas foi utilizado e
apresentado um estudo desenvolvido na Área de Geotecnia – DEC/UFPE das
características das argilas moles do Recife reunidas a partir do Banco de Dados
(COUTINHO e OLIVEIRA, 1994, COUTINHO et al., 1998a), assim como, resultados de
parâmetros geotécnicos descritos na literatura brasileira.

Na avaliação da resistência não drenada do solo de fundação utilizaram-se os resultados de


ensaios de palheta de campo realizados, incluindo a consideração das correções propostas
por BJERRUM (1973) e AAS et al. (1986), com aplicação de fator de correção para
obtenção da Su de projeto, determinado a partir dos valores do índice de plasticidade e da
relação Su/σ’vo, no caso de AAS et al. (1986). Os valores do IP foram estimados a partir do
perfil de umidade natural obtido no SPT e através de resultados do Banco de Dados das
argilas moles do Recife apresentados na Carta de Plasticidade. Os valores de Su utilizados
na análise foram as médias de cada faixa de profundidade, sendo considerados constantes
por faixa adotada, em função de características do programa de computador utilizado.

Os parâmetros de resistência do aterro foram estimados a partir de resultados descritos na


Literatura. Estudos foram efetuados considerando a hipótese de ocorrência de fissuramento
no aterro (0%, 50% e 100% de fissuramento), procurando verificar as condições de ruptura
ocorrida.
172

A análise da estabilidade foi realizada em tensões totais considerando superfície circular


utilizando os métodos Bishop Simplificado e Spencer, e considerando superfície não
circular utilizando os métodos Janbu, Spencer e Morgenstern Price, empregando-se o
programa GEO SLOPE.

Utilizando a resistência não drenada corrigida segundo proposta de BJERRUM (1973),


foram analisadas 14 hipóteses admitindo-se superfície circular. Para a análise considerando
a superfície com forma não circular, admitiu-se 7 hipóteses baseadas na geometria na
superfície de ruptura circular estimada. Para a correção de Su proposta por AAS et al.
(1986) foram consideradas 3 situações a fim de verificar a sua influência no cálculo do
fator de segurança. A análise da estabilidade foi também realizada utilizando métodos
expeditos propostos na literatura.

Em função da geometria do aterro observada após a ruptura e do perfil geotécnico/Su, foi


possível estimar prováveis pontos de prováveis passagem da superfície de ruptura. Vale
registrar que não houve levantamento topográfico e instrumentação na área na área de
estudo.

Tendo como base os trabalhos desenvolvidos nesta dissertação, pode-se concluir que:

1. O estudo dos depósitos de argilas moles do Recife, através da utilização do Banco de


Dados e das correlações, mostrou ser uma boa ferramenta na complementação de
informações para um trabalho profissional e/ou de pesquisa.

2. Este estudo reafirma a importância da determinação do teor de umidade natural nas


amostras coletadas ao longo do perfil do SPT para o estudo preliminar da estratigrafia e
previsão preliminar de parâmetros geotécnicos.

3. O ensaio de palheta de campo confirma sua eficiência na determinação da resistência


não drenada das argilas moles e na estimativa do OCR.

4. Os resultados dos FSmín obtidos na análise de estabilidade para superfície circular


variaram de 0,896 a 1,356, com os resultados das hipóteses que consideraram a correção de
173

Su proposta por BJERRUM (1973), apresentando o valores mais próximos de 1, parecendo


explicar a ruptura ocorrida.

5. Os estudos efetuados para a obtenção dos fatores de segurança correspondente à


superfície de ruptura estimada, apresentaram resultados superiores aos correspondentes
obtidos no estudo do fator de segurança mínimo. Esse aumento foi da ordem de 8 à 24 %,
para as hipóteses estabelecidas. No caso da superfície não circular, a hipótese que
considerou a correção de Su e 100% de fissuramento do aterro, apresentou valor muito
próximo a 1 (FS=1,053), o que também explicaria a ruptura ocorrida. Vale registrar,
conforme mencionado nas análises, as maiores dificuldades de trabalho na retroanálise.

6. O círculo crítico de deslizamento previsto parece semelhante à superfície de ruptura


observada em campo, entretanto apresentou-se como que deslocado para a direita. O centro
do círculo situou-se mais abaixo e o raio determinado foi mais reduzido. Já a profundidade
máxima de ocorrência do deslizamento foi razoavelmente prevista pelo método de análise,
sendo na segunda metade do depósito mole, correspondendo ao final da camada de menor
Su obtido no ensaio de palheta de campo.

7. Além da análise da estabilidade efetuada pelo programa, empregaram-se métodos


expeditos de análise de estabilidade, visando-se avaliar a sua aplicabilidade a casos reais.
Os métodos utilizados apresentaram resultados satisfatórios com FS próximos a 1,
utilizando Su corrigido segundo BJERRUM (1973).

8. Devido à maior simplicidade desses métodos, foi possível a retroanálise do valor de Su


(admitindo-se que a resistência não varie com a profundidade). O valor de Su, assim
obtido, em todos os métodos empregados é próximo de 20kN/m2 e, conseqüentemente,
próximo ao valor médio de Su obtido em ensaios de palheta de campo corrigido segundo
BJERRUM (1973).

9. Todos os resultados da análise de estabilidade realizados neste trabalho, inclusive


utilizando métodos empíricos, mostraram que a ruptura do Galpão da BR-101 era
previsível, apresentando valores do FS iguais ou bem próximos a 1para as condições de
construção e conhecimentos técnicos existentes na literatura.
174

10. A correção de BJERRUM (1973) nos resultados do ensaio de palheta para a definição
da Su a ser adotada em projeto, mostrou ser adequada para o uso em argilas moles do
Recife, ampliando e confirmando a sua adequabilidade para uso nas argilas moles
brasileiras.

11. A aplicação da proposta de AAS et al. (1986) nas duas Áreas de pesquisa da
UFPE/DEC em geral parece apresentar resultados satisfatórios e próximos aos obtidos
através da correção proposta por BJERRUM (1973). No depósito do Clube Internacional
apresentou coerência de resultados em toda a profundidade. No depósito do SESI-IBURA
ocorreu uma certa dispersão nos resultados nas primeiras profundidades, caracterizando
um verdadeiro pré adensamento do local, o qual não parece ser esperado nos estudos já
realizados para a planície do Recife.

12. A proposta de AAS et al. (1986) para a correção da resistência não drenada Su obtida
através do ensaio de palheta de campo apresentou na área de estudo, alguns resultados bem
discrepantes (menores) do que os obtidos através da correção de BJERRUM (1973). Os
resultados obtidos para Su apresentaram valores relativamente baixo para o FS, não
parecendo neste caso de estudo adequada para utilização na análise de estabilidade. Face
aos limites de investigação deste estudo e os resultados obtidos nas duas Áreas de Pesquisa
da UFPE, maiores estudos parecem necessários para uma conclusão mais definifiva para a
proposta de AAS et al. (1986).

13. As condições de fissuramento do aterro pouco influenciaram nos resultados do FS


apresentando uma variação de 1,045 a 0,896 (0% a 100% de fissuramento) na análise de
estabilidade considerando superfície circular. O valor de Su entretanto, mostrou ser de
fundamental importância na determinação das condições de ruptura.

14. A consideração do efeito tridimensional segundo proposta de AZZOUZ et al. (1983)


aplicada à hipótese Nº 3 (aterro 50% fissurado - Su corrigido e superfície circular), onde o
FS calculado foi igual a 1, mostrou um aumento não significativo (na ordem de 5% em
relação ao FS bidimensional), face as dimensões da superfície de ruptura estimada.

15. Com as soluções indicadas (bermas ou estacas metálicas), juntamente com o programa
de monitoramento realizado na área onde exibia sinais de instabilidade (através da
175

instalação de pinos nos pilares e marcos superficiais no terreno e controle periódico de


topografia), possivelmente a ruptura teria sido evitada. Observou-se que proposta da
construção da berma como solução para estabilizar o movimento horizontal do terreno,
eleva o valor do fator de segurança de 0,984 para 1,665.

Em função das conclusões obtidas, algumas recomendações / sugestões podem ser


estabelecidas para a análise de estabilidade de casos semelhantes:

1. É importante a identificação (e sua inclinação) das camadas finas relativamente mais


moles, por exemplo, através de ensaios de cone ou piezocone, pois estas podem controlar a
ocorrência, a profundidade e a extensão da área de instabilidade. A obtenção dos
parâmetros geotécnicos sendo através de campanha conjunta de ensaios de campo e
laboratório.

2. Devem-se reunir os casos práticos de obras de aterros executados sobre solos moles,
possibilitado a ampliação desses problemas práticos e suas conclusões, em trabalhos de
pesquisa, através de parcerias firmadas com empresas de engenharia, trazendo aprendizado
e experiência profissional local / regional, como dissertações de mestrado que tem sido
desenvolvidas no GEGEP / UFPE.

3. Deve ser realizado de um programa de monitoramento no local de estudo, através de


instrumentação geotécnica, utilizando inclinômetros e marcos superficiais, com a
utilização de diversos métodos para análise de controle de estabilidade a partir dos
deslocamentos horizontais propostos na literatura, e controle periódico da topografia, já
que o terreno exibe novos sinais de uma segunda ruptura, possibilitando assim, dar
continuidade ao estudo desse caso, através de um maior conhecimento do atual
comportamento do terreno, agregando novas experiências. Caso necessitasse, solução de
estabilização deve ser realizada.

4. Verificar para outros locais a aplicabilidade da proposta por AAS et al. (1986) em
corrigir a resistência não drenada obtida no ensaio de palheta de campo, fazendo sempre
que possível, a comparação com a correção de BJERRUM (1972) , já que esta é a
tradicionalmente utilizada. A avaliação dos efeitos tridimensionais devido as extremidades
do aterro deve ser também verificada. (Ver AZZOUZ et al, 1983).
176

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186

APÊNDICE A
187

CURVA TORQUE VS. ROTAÇÃO DOS ENSAIOS REALIZADOS

Figura A.1. Curvas torque vs. rotação – EPC1 a 7,0, 7,5 e 9,5m– aterro BR101.
188

Figura A.2. Curvas torque vs. rotação – EPC1 a 11,5, 12,5 e 13,5m– aterro BR101.
189

Figura A.3. Curvas torque vs. rotação – EPC1 a 14,5, 16,5 e 18,0m– aterro BR101.
190

Figura A.4. Curvas torque vs. rotação EPC2 a 10,5, 11,0 e 12,0m– aterro BR101.
191

Figura A.5. Curvas torque vs. rotação - EPC2 a 13,0 e 14,5m– aterro BR101.
192

APÊNDICE B
193

Anál ise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da local ização da superfíci e de ruptura

Considerando sem fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.4

1.53
1.5
71

1.561

01
1
1.531

1
1.50

1.561
1.441

1.411

1.381

1.357

20
19
aterro arenoso 18
17
16
15
14
argil a orgâni ca sil tosa 13
12
turfa com argil a orgânica 1 11
10
turfa com argil a orgânica 2 9
8
argil a orgâni ca sil tosa 1 7
6
argil a orgâni ca sil tosa 2 5
4
3
2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.1. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
194

Anál ise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrida

Considerando sem fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.435

Ponto A
20
19
aterro arenoso 18
17
16
Ponto G 15
14
argil a orgâni ca sil tosa 13
12
turfa com argil a orgânica 1 11
10
turfa com argil a orgânica 2 9
8
argil a orgâni ca sil tosa 1 7
6
argil a orgâni ca sil tosa 2 5
4
3
argil a orgâni ca sil tosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.2. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
195

Análise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da local ização da superfíci e de ruptura

Considerando sem fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular

41

1.1
1.1

41
1.1

1.171
1.171

11
1.048

20
19
aterro arenoso 18
17
16
15
14
argila orgânica siltosa 13
12
turfa com argila orgânica 1 11
10
turfa com argila orgânica 2 9
8
argila orgânica siltosa 1 7
6
argila orgânica siltosa 2 5
4
3
argila orgânica siltosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.3. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO/ SUPERFÍCIE CIRCULAR
196

Anál ise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrida

Considerando sem fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular

1.192

ponto A
20
19
aterro arenoso 18
17
16
ponto G 15
14
argil a orgânica siltosa 13
12
turfa com argila orgânica 1 11
10
turfa com argila orgânica 2 9
8
argil a orgânica siltosa 1 7
6
argil a orgânica siltosa 2 5
4
3
argil a orgânica siltosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.4. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
SEM FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
197

Anál ise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da localização da superfície de ruptura

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.3
81
1.441
1.411

81
1.351

1.3

1.411
1.321

1.290

19
18
aterro arenoso 2 17
16
15
argila orgânica siltosa 14
13
turfa com argila orgânica 1 12
11
turfa com argila orgânica 2 10
9
argila orgânica siltosa 1 8
7
argila orgânica siltosa 2 6
5
argila orgânica siltosa 3 4
3
2
1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.5. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
198

Análise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Localização da superfície de ruptura ocorrida

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.419

19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 14
13
argila orgânica sil tosa 12
11
turfa com argila orgânica 1 10
9
turfa com argila orgânica 2 8
7
argila orgânica sil tosa 1 6
5
4
argila orgânica sil tosa 2 3
2
argila orgânica sil tosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.6. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
199

Análise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da local ização da superfície de ruptura

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular

1.0

1.09
6

1.09
3
1.0

1.12
1.000

19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 14
13
argil a orgâni ca sil tosa 12
11
turfa com argil a orgânica 1 10
9
turfa com argil a orgânica 2 8
7
argil a orgâni ca sil tosa 1 6
5
4
argil a orgâni ca sil tosa 2 3
2
argil a orgâni ca sil tosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.7. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
200

Anál ise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Localização da superfície de ruptura ocorrida

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular

1.141

ponto A
19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 ponto G 14
13
argil a orgâni ca siltosa 12
11
turfa com argila orgânica 1 10
9
turfa com argila orgânica 2 8
7
argil a orgâni ca siltosa 1 6
5
4
argil a orgâni ca siltosa 2 3
2
argil a orgâni ca siltosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.8. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
201

Anál ise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da local ização da superfíci e de ruptura

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular (média EPC1 e EPC2)

1.261
1.1
71

71
1.1

1.231
1.201

1.201
1.231

1.1
41
11
1.1

1.141
1.082

19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 14
13
argil a orgâni ca sil tosa 12
11
turfa com argil a orgânica 1 10
9
turfa com argil a orgânica 2 8
7
argil a orgâni ca sil tosa 1 6
5
4
argil a orgâni ca sil tosa 2 3
2
argil a orgâni ca sil tosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.9. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR (MÉDIA EPC1 E EPC2)
202

Anál ise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrida

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular (média EPC1 e EPC2)

1.205

ponto A
19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 Ponto F 14
13
argil a orgâni ca sil tosa 12
11
turfa com argil a orgânica 1 10
9
turfa com argil a orgânica 2 8
7
argil a orgâni ca sil tosa 1 6
5
4
argil a orgâni ca sil tosa 2 3
2
argil a orgâni ca sil tosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.10. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR (MÉDIA EPC1 E EPC2)
203

Anál ise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da localização da superfície de ruptura

Considerando 100% fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.261
1.231
1.201

1.291

1.231
1.261
1.168

20
19
18
17
aterro arenoso 16
15
14
argila orgânica siltosa 13
12
turfa com argila orgânica 1 11
10
turfa com argila orgânica 2 9
8
argila orgânica siltosa 1 7
6
argila orgânica siltosa 2 5
4
3
argila orgânica siltosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.11. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
204

Anál ise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrida

Considerando 100% fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.316

ponto A
20
19
18
17
aterro arenoso Ponto G 16
15
14
argil a orgâni ca sil tosa 13
12
turfa com argil a orgânica 1 11
10
turfa com argil a orgânica 2 9
8
argil a orgâni ca sil tosa 1 7
6
argil a orgâni ca sil tosa 2 5
4
3
argil a orgâni ca sil tosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.12 Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
205

Análise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Previsão da localização da superfície de ruptura

Considerando 100% fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície circular

1.2

1.261
1.231
01

1.231
1.291
1.261
1
1.17
1.168

20
19
18
17
aterro arenoso 16
15
14
argil a orgânica siltosa 13
12
turfa com argil a orgânica 1 11
10
turfa com argil a orgânica 2 9
8
argil a orgânica siltosa 1 7
6
argil a orgânica siltosa 2 5
4
3
argil a orgânica siltosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.13. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Previsão da localização da superfície de ruptura
100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
206

Análise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrida

Considerando 100% fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície circular

1.100

ponto A 20
19
18
17
aterro arenoso 16
ponto D 15
14
argila orgânica siltosa 13
12
turfa com argil a orgânica 1 11
10
turfa com argil a orgânica 2 9
8
argila orgânica siltosa 1 7
6
argila orgânica siltosa 2 5
4
3
argila orgânica siltosa 3 2
1
-8 2 12 22 32 42 52 62

distancia

Figura B.14. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície de ruptura ocorrida
100% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO / SUPERFÍCIE CIRCULAR
207

Anál ise de Estabilidade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrida

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su sem correção/ Superfície planar

1.507

19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 14
13
argil a orgânica siltosa 12
11
turfa com argila orgânica 1 10
9
turfa com argila orgânica 2 8
7
argil a orgânica siltosa 1 6
5
4
argil a orgânica siltosa 2 3
2
argil a orgânica siltosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.15. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície


de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su SEM CORREÇÃO /
SUPERFÍCIE PLANAR

Anál ise de Estabil idade do aterro do Galpão BR-101


Locali zação da superfície de ruptura ocorrido

Considerando 50% fissuramento do aterro/Su corrigido/ Superfície planar

1.141

ponto A
19
18
aterro arenoso 1 17
16
15
aterro arenoso 2 ponto G 14
13
argil a orgâni ca sil tosa 12
11
turfa com argil a orgânica 1 10
9
turfa com argil a orgânica 2 8
7
argil a orgâni ca sil tosa 1 6
5
4
argil a orgâni ca sil tosa 2 3
2
argil a orgâni ca sil tosa 3 1
0
-10 0 10 20 30 40 50 60

distancia

Figura B.16. Análise de estabilidade – Programa GEO SLOPE – Localização da superfície


de ruptura ocorrida - 50% FISSURAMENTO DO ATERRO / Su CORRIGIDO /
SUPERFÍCIE PLANAR

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