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GNE245 - Tratamento de Águas

Residuárias I

Hidráulica de reatores

Aula 13
GNE245 - Tratamento de Águas Residuárias I
Reatores

Hidráulica de Reatores
Conhecidas as taxas das reações de interesse no tratamento de esgotos, deve-se avaliar
quantitativamente a sua influência dentro do balanço de massa geral do composto em
análise.

A concentração de um determinado composto em um reator (ou em algum lugar dele)


é função, não apenas das reações bioquímicas, mas também dos mecanismos de
transporte (entrada e saída) do composto.

Reator é o nome dado a tanques ou volumes genéricos nos quais ocorrem reações
químicas ou biológicas.

O balanço de massa é uma descrição quantitativa de todos os materiais que entram,


saem e se acumulam em um sistema com limites físicos definidos.
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Reatores

Hidráulica de Reatores

O balanço de massa é uma descrição quantitativa de todos os materiais que entram,


saem e se acumulam em um sistema com limites físicos definidos.

C = concentração do composto em um tempo t (M L-3)


C0 = concentração afluente do composto (M L-3)
V = volume elementar de qualquer reator (L3)
Q = vazão (L3 T-1)
t = tempo (T)
rp = taxa da reação de produção do composto (M L-3 T-1)
rc = taxa da reação de consumo do composto (M L-3 T-1)

dV dC
C  V  Q  C0  Q  C  rp  V  rC  V
dt dt
Reator tem volume fixo. dC
V  Q  C0  Q  C  rp  V  rC  V
dt
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Hidráulica de Reatores

O modelo matemático do sistema pode ser estruturado para duas condições distintas:
* estado estacionário (ou permanente),
* estado dinâmico.

Estado estacionário é aquele no qual não há acúmulos do composto no sistema.

Assim, dC/dt = 0, ou seja, a concentração do composto é constante.

No estado permanente a vazão e as concentrações de entrada e saída são constantes.

0  Q  C0  Q  C  rp  V  rC  V
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Hidráulica de Reatores

O modelo matemático do sistema pode ser estruturado para duas condições distintas:
* estado estacionário (ou permanente),
* estado dinâmico.

O estado dinâmico é aquele no qual há acúmulos do composto no sistema.

Em assim sendo, dC/dt ≠ 0. A concentração do composto no sistema é portanto


variável com o tempo, podendo aumentar ou diminuir, em função do balanço entre os
termos positivos e os negativos.

Usualmente, a vazão e, ou, a concentração de entrada são variáveis, além da


possibilidade de haver algum outro estímulo externo ao sistema (ex: mudança de
temperatura) que cause um transiente na concentração do composto.

Por esta razão, as condições dinâmicas são as realmente prevalecentes em uma


estação de tratamento de esgotos.
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O modelo matemático do sistema pode ser estruturado para duas condições distintas:
* estado estacionário (ou permanente),
* estado dinâmico.
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Hidráulica de Reatores

O modelo hidráulico do reator é função do tipo de fluxo e do padrão de mistura na


unidade. O padrão de mistura, por sua vez, depende da forma geométrica do reator,
da quantidade de energia introduzida por unidade de volume, do tamanho ou escala
da unidade e outros fatores.

Em termos do fluxo no reator, tem-se as duas seguintes condições:


* fluxo intermitente (em batelada): entrada e, ou, saída descontínuas
* fluxo contínuo: entrada e saída contínuas

Em termos do padrão de mistura, há dois modelos hidráulicos básicos. Tais são os


modelos de fluxo em pistão e de mistura completa, o que conduz às seguintes
principais alternativas:
* fluxo em pistão;
* mistura completa;
* fluxo disperso;
* arranjos de células em série e, ou em paralelo.
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Características operacionais dos principais sistemas de reatores


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1. Reator de fluxo em pistão ideal

- O fluxo em pistão ideal é aquele no qual cada elemento de fluido deixa o tanque na
ordem em que entrou. Nenhum elemento se antecipa a outro ou sofre atraso no
percurso.

- O fluxo se dá como êmbolos que fluem de montante para jusante, sem mistura entre
os êmbolos e sem dispersão. Consequentemente, cada elemento é exposto ao tratamento
pelo mesmo período de tempo, o qual é igual ao tempo de detenção hidráulica teórico.
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Hidráulica de Reatores
As seguintes generalizações podem ser feitas para um reator de fluxo em pistão ideal no
estado estacionário:
* Substâncias conservativas: a concentração efluente é igual à concentração afluente.

* Substâncias biodegradáveis com reação de ordem zero: a taxa de remoção é constante


da extremidade inicial à extremidade final do reator.

* Substâncias biodegradáveis com reação de primeira ordem: ao longo do reator o


coeficiente de remoção de substrato (k) é constante, mas a concentração decresce
gradualmente à medida em que o fluxo flui através do reator. Na entrada do reator a
concentração é elevada, fazendo com que a taxa de remoção seja também elevada (em
reações de primeira ordem a taxa de remoção é proporcional à concentração). Na
extremidade final do reator a concentração é reduzida, e, em consequência, a taxa de
remoção é também inferior, ou seja, há necessidade de um maior tempo para se reduzir
um valor unitário de concentração.
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Hidráulica de Reatores
As seguintes generalizações podem ser feitas para um reator de fluxo em pistão ideal no
estado dinâmico:

- No caso de variação na carga afluente (condições dinâmicas), a derivação das


fórmulas para o reator de fluxo em pistão é mais complexa, devido ao fato da
concentração no fluxo em pistão variar ao longo do tempo e do espaço no reator, ao
passo que na mistura completa a variação é apenas ao longo do tempo.

- Essa é a razão pela qual os sistemas de mistura completa em série são frequentemente
utilizados para simular o reator de fluxo em pistão nas condições dinâmicas.
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2. Reator de mistura completa ideal

- O reator de fluxo contínuo e mistura completa ideal é aquele no qual todos os


elementos que adentram o reator são instantânea e totalmente dispersos. Assim, o
conteúdo no reator é homogêneo, ou seja, a concentração de qualquer componente é a
mesma em qualquer ponto do tanque.

- Em razão de tal, a concentração efluente é a mesma de qualquer ponto do reator.


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Hidráulica de Reatores
- Em comparação com o reator de fluxo em pistão, a concentração efluente é diferente
apenas para reações de primeira ordem (ou superiores).

- Para tais ordens de reação, o reator de mistura completa é menos eficiente que o reator
de fluxo em pistão.

- As seguintes generalizações podem ser feitas para um reator de mistura completa ideal
no estado estacionário:

* Substâncias conservativas e substâncias biodegradáveis: a concentração e a taxa de


remoção são a mesma em qualquer ponto do reator. A concentração efluente é igual à
concentração em qualquer ponto do reator.

* Substâncias conservativas: a concentração efluente é igual à concentração afluente.


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Hidráulica de Reatores

* Substâncias biodegradáveis com reação de ordem zero: a concentração efluente é igual


à concentração efluente de um reator de fluxo em pistão com o mesmo tempo de
detenção.

* Substâncias biodegradáveis com reação de primeira ordem ou superiores: o reator de


mistura completa é menos eficiente que o reator de fluxo em pistão. Considerando-se:
- que a taxa de remoção é função da concentração local em reações de primeira ordem ou
superiores, e
- que a concentração no reator de mistura completa é inferior à concentração média ao
longo do reator de fluxo em pistão, tem-se que a eficiência do reator de mistura completa
é inferior à do reator de fluxo em pistão.
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3. Reator de fluxo disperso
- Em termos reais, os reatores existentes na prática não se comportam exatamente como
os dois modelos hidráulicos ideais de fluxo em pistão e mistura completa.
- As razões que fazem com que os reatores reais não sigam os modelos ideais podem ser
devidas aos seguintes aspectos:

* Dispersão. A dispersão é o transporte longitudinal do material devido à turbulência e


difusão molecular.

* Curto-circuitos hidráulicos. Estes envolvem parte do fluxo e são o resultado de


estratificação por, por exemplo, diferença de densidade, e não de uma característica
física do sistema. O principal efeito é a redução no tempo de residência efetivo.

* Volumes mortos. O efeito é similar aos curto-circuitos (redução do tempo de


residência efetivo), mas são uma função das características físicas do sistema. Ocorrem
em cantos de tanques, abaixo de vertedores e no lado interno de curvas.
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- O fluxo disperso é um caso não ideal. As condições de mistura em reatores de fluxo


disperso são caracterizadas por um Número de dispersão, definido como:

onde:
D d = número de dispersão;
d D= coeficiente de dispersão axial ou longitudinal (L2 T-1);
U L U= velocidade horizontal ou vertical média (L T-1);
L= comprimento do reator (L).

Nos dois reatores ideais, tem-se as seguintes condições limite:


* Fluxo em pistão: dispersão nula (D = 0 e d = 0)
* Mistura completa: dispersão infinita (D = ∞ e d = ∞)
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Número de dispersão em reatores segundo Metcalf & Eddy (2003).

- Os reatores encontrados na prática possuem valores de d situados entre 0 e ∞. O valor


de d pode ser estimado através da utilização de traçadores.
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- Unidades que apresentam valores de D/UL em torno de 0,2 ou menos aproximam-se


das condições de fluxo em pistão.

- Por outro lado, unidades com valores de D/UL em torno de 3,0 ou mais podem ser
consideradas como aproximando condições de mistura completa.

Entre os fatores que podem afetar a dispersão em unidades de tratamento podem ser
listados:
- Magnitude da mistura;
- Geometria da unidade;
- Energia introduzida por unidade de volume (mecânica ou pneumática);
- Tipo e disposição das entradas e saídas;
- Velocidade do fluxo de entrada e suas flutuações;
- Diferenças de temperatura e densidade entre o fluxo de entrada e o conteúdo do
reator.
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- Traçadores: Obtenção do TDH real


- Rodamina WT;
- Fluoresceína sódica
- Eosina Y;
- Bromofenol azul;
- Bromocresol verde;
- Cloreto de lítio;
- Cloreto de potássio.
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- A solução analítica da equação para fluxo disperso com reações de cinética de


primeira ordem foi proposta por Wehner e Wilhem em 1956:
 1 
 
 2d 
4 a  e
C  C0  a a
1  a  2
e 2d
 1  a   e
2 2d

Onde:
d = número de dispersão = D/UL = D.t/L2; a  1 4 k  t  d
D = coeficiente de dispersão longitudinal (m2 d-1)
U = velocidade média de percurso no reator (m d-1);
L = extensão do percurso (m);
t = tempo de detenção hidráulica (=V/Q) (d);
k = constante de remoção de substrato (d-1);
C = concentração efluente de substrato (g m-3);
C0 = concentração afluente de substrato (g m-3).
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Exemplo

- Considere que no reator


apresentado foram feitas 10
amostragens da concentração de
DQO ao longo do reator, de
forma eqüidistante, durante um
período de 30 dias, e cujas
concentrações médias estão
descritas. Calcule o valor do
coeficiente de degradação da
matéria orgânica.
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Exemplo

TDH C
Q 12 m3 d-1 h h Vol (d) (mg L-1) C/C0 ln(C/C0)
D 1,5 m 1 0 0 0,00 2000 1,00 0,00
H 6,25 m 2 1,25 2,209 0,18 1000 0,50 -0,69
Intervalos 5 3 1,25 2,209 0,37 750 0,38 -0,98
4 1,25 2,209 0,55 430 0,22 -1,54
5 1,25 2,209 0,74 208 0,10 -2,26
6 1,25 2,209 0,92 82 0,04 -3,19
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Exemplo

K = 0,9535 d-1

K = 3,2964 d-1
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Exemplo

2) Após a avaliação
hidrodinâmica com
traçador do reator,
foram obtidos os dados
apresentados. Calcule o
tempo de detenção
hidráulico real, o
coeficiente de dispersão
e o valor de k para o
sistema.
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Tempo Conc. Tempo Conc. Tempo Conc. Tempo Conc. Tempo Conc.
h mg L-1 h mg L-1 h mg L-1 h mg L-1 h mg L-1
0,0 0,0 5,3 10,0 10,5 3,8 15,8 1,9 21,0 1,1
0,3 0,0 5,5 9,7 10,8 3,4 16,0 1,9 21,3 0,7
0,5 0,0 5,8 9,3 11,0 3,4 16,3 1,9 21,5 1,1
0,8 0,0 6,0 9,3 11,3 3,4 16,5 1,9 21,8 0,7
1,0 0,0 6,3 8,5 11,5 3,1 16,8 1,9 22,0 1,1
1,3 0,0 6,5 8,5 11,8 3,1 17,0 1,9 22,3 0,7
1,5 0,3 6,8 8,1 12,0 2,7 17,3 1,9 22,5 0,7
1,8 1,9 7,0 7,7 12,3 2,7 17,5 1,5 22,8 0,7
2,0 3,4 7,3 7,3 12,5 2,7 17,8 1,5 23,0 0,7
2,3 4,6 7,5 6,9 12,8 2,7 18,0 1,5 23,3 0,7
2,5 5,8 7,8 6,5 13,0 2,7 18,3 1,5 23,5 0,7
2,8 6,5 8,0 6,5 13,3 2,3 18,5 1,5 23,8 0,7
3,0 7,3 8,3 6,2 13,5 2,3 18,8 1,5 24,0 0,3
3,3 6,9 8,5 7,7 13,8 2,3 19,0 1,5 24,3 0,3
3,5 8,1 8,8 5,8 14,0 2,3 19,3 1,5 24,5 0,3
3,8 9,3 9,0 5,0 14,3 2,3 19,5 1,1 24,8 0,0
4,0 9,7 9,3 4,6 14,5 1,9 19,8 1,1 25,0 0,0
4,3 10,0 9,5 4,6 14,8 1,9 20,0 1,1 25,3 0,0
4,5 10,4 9,8 4,6 15,0 1,9 20,3 1,1 25,5 0,0
4,8 10,4 10,0 4,2 15,3 1,9 20,5 1,1
5,0 10,0 10,3 4,2 15,5 1,9 20,8 1,1
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Exemplo

 t  C( t )dt
T DHR  
0 C( t )dt
em que,
TDHR - tempo de detenção real médio (T);
t – tempo (T);
C – concentração do traçador no tempo t (M L-3).

Se a curva de resposta (traçador versus tempo) é definida por uma série de medições
discretas no tempo, o tempo de residência médio pode ser dado (Metcalf e Eddy, 2003):

em que,
 ti  Ci  ti ti – tempo na iésima medida (T);
TDH R  Ci – concentração do traçador na iésima medida (M L-3).
 Ci  ti ti – incremento de tempo após Ci (T).
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Exemplo

TDH R 
 t  C  t
i i i

2.962,9
 8,53h  0,36d
 C  ti i 347,3

TDH T = 0,92 d
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Exemplo

em que,

D 1  2 D – Coeficiente de dispersão axial ou longitudinal (L T-1);


d 2  u – velocidade horizontal (ou ascensional) média (L2 T-1);
u  L 2 TDH T 2 L – comprimento do reator (L);
d – número de dispersão (adimensional);
σ2 – variância da curva normalizada do traçador (T2);
TDHT – Tempo de detenção hidráulica teórico (volume/vazão) (T).

A variância da curva de resposta (traçador versus tempo), definida por uma série de
medições discretas no tempo, pode ser definida por (Metcalf e Eddy, 2003):

2
 i  Ci  ti
t
 
2
 (TDH R ) 2
 Ci  ti
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Exemplo

2 
 t 2 i  Ci  ti
 (TDH R ) 2 
34.386,7
 (8,53) 2  26,22h 2  1,09d 2
 C  t
i i 347,3

D 1 2 1 1,09
d 2    0,65
u  L 2 TDH T 2
2 0,922
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Exemplo
 1 
 
 2d 
4 a  e
C  C0  a a a  1 4 k  t  d
1  a 
2
e 2d
 1  a   e
2 2d

C0 2.000 mg L-1
C 82 mg L-1
k ? k = 7,98 d-1
TD
H 0,36 d
d 0,65

a ?

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