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VARA FEDERAL DA
CIDADE DE FLORIANÓPOLIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
SANTA CATARINA
1. DOS FATOS
1. DO DIREITO
A ação popular é a ação constitucional de natureza civil, conferida a todos os cidadãos
para a impugnação e a anulação dos atos administrativos comissivos e omissivos que
sejam lesivos ao patrimônio público em geral, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, com a imediata condenação dos
administradores, dos agentes administrativos e, também, dos beneficiados pelos atos
lesivos ao ressarcimento dos cofres públicos, em prol da pessoa jurídica lesada,
conforme estabelece o art. 5º, LXXIII, da CRFB/88, onde se lê: qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Assim, para ser legitimado ativo da
ação popular segundo o mandamento constitucional do art. 5º, LXXIII, combinado com
o art. 1º da Lei n. 4.717/65, é necessário ser cidadão na forma do art. 12 da CRFB/88,
desde que em pleno gozo dos seus direitos políticos, o que o impetrante comprova
juntando Título de Eleitor e a certidão de regularidade da Justiça Eleitoral, anexos na
inicial. A exigência de ser cidadão também está expressamente prevista no art. 1º da Lei
n. 4.717/65, abaixo transcrito:
ART.1- Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas
públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação
ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da
União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
Além disso, para a propositura da Ação Popular, há ainda os requisitos legais
previstos no art. 2º da Lei n. 4.717/65, onde se lê:
Art. 2- São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Vale frisar que houve lesão ao patrimônio público, pois foi utilizado dinheiro do
Senado Federal para beneficiar um agente político em suas pretensões pessoais, em
termos de melhorias do seu próprio gabinete, o que de forma expressa é vedado pela
Constituição, nos termos do art. 37, caput, já que a administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. Havendo, portanto, expressa violação ao princípio da
moralidade, uma vez que o dinheiro público e a máquina pública foram gastos para
atender fins pessoais. Também pode ser aplicado ao caso em tela o disposto no art. 4º, I,
da Lei n. 4.717/65, que estabelece que são também nulos os atos ou contratos,
praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º da
Lei n. 4.717/65, como por exemplo a admissão ao serviço público remunerado, com
desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares
ou constantes de instruções gerais. Destaque-se que, em regra, a competência para
julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Senado Federal, é,
via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Sendo para tanto competente o Juiz
Federal, e, no caso, no domicílio do Autor. Diante de todo o exposto e da gravidade dos
fatos, a presente ação deve ser julgada procedente. A jurisprudência entende e julga
como procedência casos como o presente, e como podemos ver a partir do julgado
abaixo:
“1. A ação popular é uma ação constitucional posta à disposição de qualquer cidadão
que visa a invalidar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural (art. 5º, LXXIII, da CF, e Lei nº 4.717/65). 2. A ação popular não é meio
adequado para pleitear a declaração de inconstitucionalidade de lei em tese, não
podendo servir como sucedâneo de ações típicas do controle concentrado de
constitucionalidade de normas, pois ampliaria, sem a devida autorização da
Constituição Federal, o rol de legitimados inserto no seu art. 103. 2.1. Além disso, a lei
em tese, como norma abstrata de conduta, não lesa direito individual, motivo pelo qual
não é passível de impugnação por ação popular, faltando ao requerente interesse de
agir."
Acórdão 1287214, 07126818820208070001, Relator: ALFEU MACHADO, Sexta
Turma Cível, data de julgamento: 23/9/2020, publicado no DJE: 7/10/2020.
“De acordo com o entendimento de Di Pietro (2002), a imoralidade sempre foi defendida
como fundamento suficiente para a Ação Popular. Di Pietro (2002, p. 124) ainda afirma que:
Hoje a idéia se reforça pela norma do artigo 37, caput, da Constituição, que inclui a Moralidade
como um dos princípios a que a Administração Pública está sujeita. Tornar-se-ia letra morta o
dispositivo se a prática de ato imoral não gerasse a nulidade do ato da Administração. Além
disso, o próprio dispositivo concernente à Ação Popular permite concluir que a imoralidade se
constitui em fundamento autônomo para a propositura da Ação Popular, independentemente
da demonstração de ilegalidade, ao permitir que ela tenha por objeto anular ato lesivo à
Moralidade Administrativa.”
2.1 DO CABIMENTO
A ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão que deseje
questionar judicialmente a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
conforme os termos do Art. 5º LXXIII da CRFB/88, e com amparo no art. 1º da Lei
4717/65. Logo, no presente caso faz-se presente a condição da ação necessária para a
propositura, tendo em vista que o mesmo pretende anular o ato lesivo ao patrimônio
público.
3.DOS PEDIDOS
b) A citação por precatória do Réu, nos prazos e termos do inciso VI, do art. 7 da
Lei n. 4717/65;
4. DO VALOR DA CAUSA
Termos que
Pede Deferimento
Cidade/Data
ADV
OAB