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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA

VARA FEDERAL DA
CIDADE DE FLORIANÓPOLIS DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE
SANTA CATARINA

JOÃO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG nº, e inscrito no


CPF sob nº, residente e domiciliado na rua, n°, Bairro, Florianópolis/SC, CEP,
endereço eletrônico, na condição de cidadão com pleno gozo dos seus direito políticos,
conforme título de eleitor nº, zona, seção, por seu advogado que este subscreve, com
procuração anexa, com endereço profissional (endereço completo), endereço eletrônico,
para fins do Art. 77, V do CPC, vem perante vossa excelência, com fundamento no
artigo 5°, LXXIII da CRFB/88 e no Art. 1º da Lei 4.717/65, propor:

AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR

Em face de ato do SENADOR DA REPÚBLICA, nacionalidade, estado civil,


profissão, inscrito no RG sob nº, inscrito no CPF sob nº, com domicilio profissional na
(endereço completo), pelos fatos e fundamentos que passo a expor:

1. DOS FATOS

O Réu da ação em tela, determinou a reforma total de seu gabinete com um


orçamento na importância de R$1.000.000,00, ao qual seria custeada pelo Senado
Federal, alegando que os gastos com a reforma seriam necessários para a manutenção da
representação adequada ao cargo que exerce.
O Autor ao tomar conhecimento da reforma, via imprensa, ficou indignado pelo fato
de ter votado no Ré últimas eleições e por julgar um absurdo tal gasto, enquanto a
realidade do país se mostra contrária a esta situação.
Tendo o processo de licitação já encerrado e a obra não começado, o Autor na
qualidade de cidadão nato em pleno exercício de seu direito e temendo a inércia dos
demais entes públicos, e ingressou com a presente ação popular, medida jurídica
adequada para evitar a lesão ao patrimônio público e à moralidade administrativa.

1. DO DIREITO
A ação popular é a ação constitucional de natureza civil, conferida a todos os cidadãos
para a impugnação e a anulação dos atos administrativos comissivos e omissivos que
sejam lesivos ao patrimônio público em geral, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, com a imediata condenação dos
administradores, dos agentes administrativos e, também, dos beneficiados pelos atos
lesivos ao ressarcimento dos cofres públicos, em prol da pessoa jurídica lesada,
conforme estabelece o art. 5º, LXXIII, da CRFB/88, onde se lê: qualquer cidadão é
parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio
público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé,
isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Assim, para ser legitimado ativo da
ação popular segundo o mandamento constitucional do art. 5º, LXXIII, combinado com
o art. 1º da Lei n. 4.717/65, é necessário ser cidadão na forma do art. 12 da CRFB/88,
desde que em pleno gozo dos seus direitos políticos, o que o impetrante comprova
juntando Título de Eleitor e a certidão de regularidade da Justiça Eleitoral, anexos na
inicial. A exigência de ser cidadão também está expressamente prevista no art. 1º da Lei
n. 4.717/65, abaixo transcrito:

ART.1- Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de
nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos
Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista, de sociedades
mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas
públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação
ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por
cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da
União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos.
Além disso, para a propositura da Ação Popular, há ainda os requisitos legais
previstos no art. 2º da Lei n. 4.717/65, onde se lê:
Art. 2- São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo
anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Vale frisar que houve lesão ao patrimônio público, pois foi utilizado dinheiro do
Senado Federal para beneficiar um agente político em suas pretensões pessoais, em
termos de melhorias do seu próprio gabinete, o que de forma expressa é vedado pela
Constituição, nos termos do art. 37, caput, já que a administração pública direta e
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência. Havendo, portanto, expressa violação ao princípio da
moralidade, uma vez que o dinheiro público e a máquina pública foram gastos para
atender fins pessoais. Também pode ser aplicado ao caso em tela o disposto no art. 4º, I,
da Lei n. 4.717/65, que estabelece que são também nulos os atos ou contratos,
praticados ou celebrados por quaisquer das pessoas ou entidades referidas no art. 1º da
Lei n. 4.717/65, como por exemplo a admissão ao serviço público remunerado, com
desobediência, quanto às condições de habilitação, das normas legais, regulamentares
ou constantes de instruções gerais. Destaque-se que, em regra, a competência para
julgar ação popular contra ato de qualquer autoridade, até mesmo do Senado Federal, é,
via de regra, do juízo competente de primeiro grau. Sendo para tanto competente o Juiz
Federal, e, no caso, no domicílio do Autor. Diante de todo o exposto e da gravidade dos
fatos, a presente ação deve ser julgada procedente. A jurisprudência entende e julga
como procedência casos como o presente, e como podemos ver a partir do julgado
abaixo:

“1. A ação popular é uma ação constitucional posta à disposição de qualquer cidadão
que visa a invalidar ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural (art. 5º, LXXIII, da CF, e Lei nº 4.717/65). 2. A ação popular não é meio
adequado para pleitear a declaração de inconstitucionalidade de lei em tese, não
podendo servir como sucedâneo de ações típicas do controle concentrado de
constitucionalidade de normas, pois ampliaria, sem a devida autorização da
Constituição Federal, o rol de legitimados inserto no seu art. 103. 2.1. Além disso, a lei
em tese, como norma abstrata de conduta, não lesa direito individual, motivo pelo qual
não é passível de impugnação por ação popular, faltando ao requerente interesse de
agir."
Acórdão 1287214, 07126818820208070001, Relator: ALFEU MACHADO, Sexta
Turma Cível, data de julgamento: 23/9/2020, publicado no DJE: 7/10/2020.

A doutrina de forma resumida também entende que:

“De acordo com o entendimento de Di Pietro (2002), a imoralidade sempre foi defendida
como fundamento suficiente para a Ação Popular. Di Pietro (2002, p. 124) ainda afirma que:

Hoje a idéia se reforça pela norma do artigo 37, caput, da Constituição, que inclui a Moralidade
como um dos princípios a que a Administração Pública está sujeita. Tornar-se-ia letra morta o
dispositivo se a prática de ato imoral não gerasse a nulidade do ato da Administração. Além
disso, o próprio dispositivo concernente à Ação Popular permite concluir que a imoralidade se
constitui em fundamento autônomo para a propositura da Ação Popular, independentemente
da demonstração de ilegalidade, ao permitir que ela tenha por objeto anular ato lesivo à
Moralidade Administrativa.”

2.1 DO CABIMENTO
A ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer cidadão que deseje
questionar judicialmente a validade de atos que considera lesivos ao patrimônio público,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
conforme os termos do Art. 5º LXXIII da CRFB/88, e com amparo no art. 1º da Lei
4717/65. Logo, no presente caso faz-se presente a condição da ação necessária para a
propositura, tendo em vista que o mesmo pretende anular o ato lesivo ao patrimônio
público.

2.2 DOS REQUISITOS DA MEDIDA LIMINAR

Conforme disposto no art.5º, §4º, da Lei 4717/65, na defesa de patrimônio público


caberá a medida liminar do ato lesivo impugnado. De acordo com o art. 37, da CRFB:
Art. 37 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)
Voltando ao presente caso, a situação colocada atenta contra a moralidade
administrativa, um dos princípios expressos no artigo transcrito acima, portanto, embora
as obras ainda não tenham se iniciado, faz-se necessário evitar que os gastos sejam
efetuados, visto a enorme dificuldade de reembolso ou ressarcimento futuro do erário
por parte do político.

2.3 DA COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA PRESENTE


AÇÃO POPULAR

Conforme Art. 5°, caput e §2° da Lei 4.717/65, Quando o pleito


interessar simultaneamente à União e a qualquer outra pessoa ou entidade, será
competente o juiz das causas da União. Assim, por figurar no polo passivo de tal feito o
ato do Senador pelo Estado de Santa Catarina, a competência para conhecer, processar e
julgar a presente ação popular é deste Douto Juízo. Aliás, sequer se pode aventar a
possibilidade de foro privilegiado ao Senador da República, uma vez se tratar de ação
popular, cuja regra de competência é do Juízo de primeiro grau.

3.DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a Vossa Excelência que se digne a:


a) Deferimento da tutela provisória para o propósito da assinatura do contrato (Art.
5º, 4º LAP + art. 300 do CPC);

b) A citação por precatória do Réu, nos prazos e termos do inciso VI, do art. 7 da
Lei n. 4717/65;

c) A oitiva do representante do MP, conforme preceitua o art. 6, §4, da Lei


4717/65;

d) A intimação da União para se manifestar, conforme disposto no art.6, §3, da Lei


n.4717/65;

e) A confirmação da sentença com a anulação de quaisquer atos administrativos


tomados pelo demandado na presente ação visando despesas objeto da presente
ação popular, e caso já tenha havido alguma despesa, o ressarcimento por parte
do Réu ao erário por despesas que venham a ser efetuadas ao longo do
processo, com comunicação ao MP, para as devidas ações penal e de
improbidade que entender cabíveis;

f) O requerimento de provas (art.369 do CPC);

g) A condenação do Réu na sucumbência, a ser fixada por V. Excelência, nos


termos do art. 12, da Lei 417/65, bem como as custas processuais;

4. DO VALOR DA CAUSA

Dá-se o valor da causa R$ 1.000.000,00.

Termos que
Pede Deferimento
Cidade/Data
ADV
OAB

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