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História da Educação II

Licenciatura em História – 2º período


Tema: A educação dos escravos e libertos no Brasil:
vestígios esparsos do domínio do ler e contar (séculos XVI a
XIX).
Data de entrega: 14/08/2019
Discente: Filipe Mancinelli Alves Rossi

Referência Bibliográfica:
BARROS, Maria Helena C. A educação dos escravos e libertos no Brasil:
vestígios esparsos do domínio do ler e contar (Séculos XVI a XIX). Cadernos de
História da Educação, vol.15, n.2. maio-ago. 2016. pp. 743-768

“[...] A escravidão, muito mais que um sistema econômico, foi um processo de


educação pelo medo, que disciplinou condutas, definiu hierarquias sociais, forjou
sentimentos e valores. Essa é uma história de exclusão, de desigualdades sociais,
de discriminação e subtração da cidadania, que se reflete ainda no século XXI..” p.
743

“Tratar da educação dos escravos no Brasil, no período colonial e imperial, é


abordar uma história de exclusão, de desigualdades sociais, discriminação e
subtração da cidadania, que se reflete ainda no século XXI, e também na
historiografia da educação brasileira.” p. 745

“[...] a historiografia da educação brasileira construiu uma “invisibilidade do


negro”, há um silêncio das fontes da história da educação em relação ao
pertencimento étnico-racial das comunidades negras.” p. 745

“A legislação proibia a escolarização de crianças escravas e não de crianças


negras livres. Aos negros libertos não havia impedimento legal em frequentar a
escola, mas tinham de provar ser livres.” p. 746

“[...] o Rio Grande do Sul, nas legislações de Instrução Pública de 1837 e 1857,
os escravos e pretos, ainda que livres ou libertos, eram proibidos de frequentar a
escola.” p. 747

“Depoimentos mostraram que faltava “vestimentas adequadas”, que havia a


ausência de um adulto responsável para realizar a matrícula, assim como para
adquirir material escolar e merenda, por exemplo, eram empecilhos enfrentados por
alunos dessa origem para acessar a escola.” p. 747
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“[...] muitos africanos que chegaram ao Rio de Janeiro, por exemplo, já haviam
aprendido a falar, ler e escrever em português na África. Assinala que houve um
grupo significativo de escravos e libertos alfabetizados, inclusive mulheres, que
assinavam seus nomes nos documentos e registros notariais.” p. 747

“A expansão dos impressos permite que vários grupos entrem em contato com
eles e de diversas maneiras, introduzindo-os direta ou indiretamente nos processos
de comunicação que realizam.” p. 748

“Outra hipótese relacionada ao aprendizado da leitura e escrita dizia respeito


às escolas privadas vocacionais. Locais para onde escravos do sexo masculino
podiam ser enviados a fim de aprenderem ofícios específicos.” p. 750

“Para a inserção do escravo na sociedade brasileira, Maestri (2004), utiliza a


expressão “pedagogia da escravidão”, para se referir a ação dos escravistas para
“enquadrar, condicionar e preparar o cativo à vida sob a escravidão, [...] com maior
submissão, máximo de trabalho, mínimo de gasto e esforço”, pela violência, medo e
repetição (p.192). O escravo devia ser obediente, humilde, trabalhador.” p. 750

“[...] a adaptação do escravo ocorria através do idioma, da oração e do


trabalho. Os senhores de escravos, juntamente com a Igreja Católica, incentivavam
o ensino de rudimentos da religião católica, especialmente o orar e o rezar, com o
objetivo de o escravo adquirir “as virtudes da paciência, humildade, resignação e
submissão à ordem estabelecida”. pp. 751

“Quanto à formação religiosa, Gonçalves (2.000, p.328) comenta que, apesar


de ser importante para a Igreja Católica conquistar “a alma do cativo pelo batismo,
catequese e utros ensinamentos”, proibia-os, em 1719, “de serem padrinhos de
outros negros, porque eles são bárbaros e incapazes de catequizar e doutrinar seus
afilhados através da ciência e da preocupação dos homens brancos, que foram
nutridos com o leite da Igreja.” p. 752

“Diferentemente do escravo do campo, o escravo urbano teve maior espaço e


condições de uma formação formal e informal, nos limites da própria condição.” p.
752

“[...] desde o século XVII, as “Ordenações Filipinas”, um dos principais códigos


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legais do Império Português, estabelecia um sistema discriminatório em relação aos
grupos estigmatizados, entre eles os descendentes de africanos (mulatos), os quais
estavam proibidos de exercer qualquer função oficial ou cargo público e, também,
função sacerdotal.” p.753

“No século XIX encontram-se mais registros da educação e escolarização de


escravos e libertos. [...] no início do século XIX, localizamos documentos que relatam
a experiência de educação no método com escravos domésticos.” p. 754

“No século XIX não havia impedimento dos negros libertos de frequentarem as
escolas oficias como havia para os escravos. Mesmo assim, a maioria permanecia
excluída do processo de escolarização. Mas alguns dados permitem perceber a
maior aproximação da população negra com a escola, especialmente de cativos
libertos.” p.756

“Além de professores pretos, encontram-se alguns exemplos de mulheres no


magistério, como de Maria Firmina dos Reis (1825-1917), mulata e bastarda, que
nasceu em São Luís do Maranhão. [...] Em 1847, com 22 anos, concorreu à cadeira
de Instrução Primária, sendo aprovada, tornando-se a primeira mulher concursada
no Estado, exercendo a profissão de professora de primeiras letras até 1881. Em
1880, funda a primeira escola mista do país, o que escandalizou a população, sendo
obrigada a fechá-la dois anos depois” p. 762

“Esses esparsos indícios de educação e de instrução primária e/ou profissional


de escravos e libertos atingiram uma parcela ínfima da população afrodescendente,
que conseguiu romper com as amarras do sistema. No entanto, temos de ter
consciência de que os documentos conservados tornaram mais latente a
“invisibilidade dos negros” na história e, especialmente, na história da educação.” p.
762

“Ao finalizarmos, assinalamos que o processo escravista no Brasil e no mundo


em que se fez presente deixa uma “herança maldita” (MAESTRI, 2004), uma marca
de desigualdade social, preconceitos que perduram, permanecem e estão ainda tão
arraigados.” p. 765

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