1) O documento analisa a teoria do absurdo de Albert Camus e como ela é representada no romance "O Estrangeiro" através da personagem Sr. Meursault. 2) Meursault vive sem propósito ou sentido, ilustrando a ideia de Camus de que a existência humana é absurda. 3) Ao contrário de Sartre, Camus acredita que o compromisso não é a solução para o absurdo, e Meursault é condenado não apenas pelo assassinato, mas por sua indiferença à vida.
1) O documento analisa a teoria do absurdo de Albert Camus e como ela é representada no romance "O Estrangeiro" através da personagem Sr. Meursault. 2) Meursault vive sem propósito ou sentido, ilustrando a ideia de Camus de que a existência humana é absurda. 3) Ao contrário de Sartre, Camus acredita que o compromisso não é a solução para o absurdo, e Meursault é condenado não apenas pelo assassinato, mas por sua indiferença à vida.
1) O documento analisa a teoria do absurdo de Albert Camus e como ela é representada no romance "O Estrangeiro" através da personagem Sr. Meursault. 2) Meursault vive sem propósito ou sentido, ilustrando a ideia de Camus de que a existência humana é absurda. 3) Ao contrário de Sartre, Camus acredita que o compromisso não é a solução para o absurdo, e Meursault é condenado não apenas pelo assassinato, mas por sua indiferença à vida.
“Estranhamente, o estrangeiro habita em nós: ele é a face oculta da
nossa identidade, o espaço que arruína a nossa morada, o tempo em que se afundam o entendimento e a simpatia.” Inicio o texto com um trecho de Julia Kristeva em “Estrangeiro para nós mesmos” que busca descrever a partir de quem soube melhor reconhecê-lo - “O estrangeiro” - em sua condição de estranho visceralmente devido: Albert Camus. Dessa maneira constrói-se uma complexa teoria do absurdo diante da personagem Sr. Meursault, o qual revela a crise de um homem sem projeto, sem destino e, principalmente, sem sentido algum na sua existência. A teoria do absurdo é o ato de simplesmente existir em uma vida desprovida de finalidade, ou melhor, significa que estamos diante do nada e acabamos por buscar algum sentido para viver. Sendo assim, a existência é uma busca de sentido contínua, porém dentro de tal busca gera-se a angústia, a qual para Camus nasce desse absurdo, lugar de eterno retorno da condição humana. Logo, chega-se a questão do suicídio: a vida vale a pena ou não ser vivida? Fazendo um paralelo entre a Filosofia e Literatura, para Sartre, o essencial para solucionar tal dúvida é a posição do engajamento, isto é, a resposta do existencialismo para isso é um comprometimento com a própria existência, e no caso do absurdo, acaba por ser uma paixão que possui uma aceitação e uma recusa, afirmando a vida. Diferente de Sartre, Camus nega o comprometimento, e desenvolve no romance, feito em duas partes, a ideia de existencialismo na primeira e a relação de causa e consequência (mais consequência) na segunda parte, como explícita em trechos resultantes do impulso absurdo do assassinato do árabe: “Era obrigado a reconhecer, no entanto, que a partir do instante em que fora tomada os seus efeitos se tornavam tão certos, tão sérios...”. Além disso, durante todo o julgamento de Meursault, é manifestada a recíproca relação de homens envolvidos no absurdo da ausência de sentido, ou seja, um homem julga outro homem tão imerso ao nada quanto ele. ”Para Camus, o drama humano é, pelo contrário, a ausência total de transcendência.” (SARTRE, 1968: 98-99). Dito isto, “O estrangeiro” desvela a impotência da racionalidade a partir da sensibilidade, em que há uma relação intrínseca entre o sentimento do absurdo e a impotência da racionalidade. Nesta perspectiva, pode-se pensar no motivo do nome do romance, visto que Meursault porta-se como um estranho para si e para o mundo, não entendendo o peso de suas ações. Ademais, mesmo sendo naturalmente existencialista, ele não se engaja, sua experiência sentimental é totalmente pautada pela sua experiência superficial, isto é, ele se comporta basicamente como um indivíduo vazio por dentro, mas que sofre reações a partir de fatos externos, os quais são muitas vezes encarados como o referido em diversas de suas falas: “tanto faz”. Por fim, em relação à condenação, esta foi pautada não somente no assassinato em si, mas em torno de toda a vida de Meursault, desde sua “frieza” no enterro de sua mãe até a maneira como bebia café com leite. O estrangeiro, portanto, revela-se também na morte da mãe, e, além disso, em relação a sua própria morte, não somente acerca da sentença, mas na maneira em que se encontrava morto para si mesmo. Dessa forma, encara sua morte como a única coisa verdadeiramente interessante que se pode acontecer ao homem. Finalmente, Meursault completamente consciente de si mesmo, de sua vida e do seu iminente fim, despede-se do mundo, com extrema calma: “a paz maravilhosa deste verão adormecido entrava em mim como uma maré. Neste momento, e no limite da noite, soaram sirenes. Anunciavam partidas para um mundo que me era para sempre indiferente”. Encerra-se, dessa maneira, a existência de mais um ser humano essencialmente sem solução, imerso num mundo repleto de máscaras sociais, frente ao absurdo do mundo e a cólera da indiferença que o recai, sentindo-se purificado diante da morte e, finalmente, em casa, na “multidão de vazios de lugar nenhum”, despedindo-se da humanidade em que não faz parte – e mais nada.