Você está na página 1de 23

INDUSTRIALIZAÇÃO, AUMENTO POPULACIONAL E A DIVERSIFICAÇÃO DO MERCADO DE

TRABALHO: VITÓRIA EM DADOS. 1970-2000.

Maria Beatriz Nader

RESUMO: O objetivo deste trabalho é analisar, do ponto de vista da História Econômica, como o
processo de industrialização da cidade de Vitória, ES, refletiu na sociedade local que, em menos de
duas décadas, teve sua população triplicada. Essa população, ao mesmo tempo, necessita ter
acesso ao consumo de cultura, lazer, turismo, saúde e educação. Além disso, a população vitoriense,
entre 1970 e 2000, passou a desfrutar de um espaço geográfico acrescido de quilômetros de aterros
e foi palco de um rápido processo de conurbação com os municípios vizinhos, passando a viver na
região Metropolitana da Grande Vitória, o que trouxe inúmeros problemas para o cotidiano da cidade.

PALAVRAS CHAVES: Industrialização; aumento populacional; Espírito Santo; Vitória

ABSTRACT: This article deals with the process of industrialization in Vitória, ES, between 1970 and
2000. Adopting the point of view of the Economic History, we have the purpose of showing how this
process contributed for the changes in the life of the city in this period. The growth of the local
population, in a span of thirty years, is amazing and this reflects on the consumption of culture,
tourism, public health and education. Besides, we have too the growth of the urban space and the
irregular settlement of people in the new areas, what brings about a lot of troubles in the daily life of
the city.

KEY-WORDS: Industrialization; demographic growth; Espírito Santo; Vitória.

A cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo, até os anos de 1960, esteve apoiada
na economia agroexportadora da monocultura cafeeira e se apresentava como uma região periférica
e subdesenvolvida, com pouca integração ao mercado nacional. Contudo, essa situação se modificou
com a desagregação da economia primário-exportadora do estado do Espírito Santo e com a
implantação de grandes indústrias produtoras de bens de capital, que abriram um enorme mercado
de trabalho na cidade, processos que trouxeram para Vitória milhares de pessoas desempregadas.
A proximidade com os locais onde foram construídas as grandes indústrias Companhia
Siderúrgica de Tubarão (CST), a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Usina de Pelotização
Samarco, a Aracruz Celulose, a Companhia Ferro e Aço de Vitória (COFAVI), e outras centenas de
empresas que se lhes seguiram, fez com que em menos de vinte anos, Vitória sofresse um enorme
impacto populacional.
O congestionamento da Vitória com a expansão de favelas e atividades informais, ao mesmo
tempo em que adquiria características de cidade metropolitana promovidas pela implantação
daquelas indústrias, fez com que a cidade sofresse uma descaracterização geral, perdendo o
tradicional perfil de capital administrativa e comercial do Estado, com ares coloniais, para tornar-se
um aglomerado urbano que absorvia enorme quantidade de pessoas vindas não só do mundo rural,
mas de vários lugares do Brasil e do mundo, em busca de emprego.
O objetivo deste trabalho é analisar, do ponto de vista da História Econômica, como essa
situação refletiu-se na sociedade vitoriense que, em menos de duas décadas, teve sua população
triplicada, teve acesso ao consumo de cultura, lazer, turismo, saúde e educação. Além disso, a
sociedade passou a desfrutar de um espaço geográfico acrescido de quilômetros de aterros e foi
palco de um rápido processo de conurbação com os municípios vizinhos, passando a viver na região
Metropolitana da Grande Vitória.

A estrutura da formação econômica


A economia do estado de Espírito Santo, até o início da segunda metade do século XX,
esteve apoiada na economia agroexportadora da monocultura cafeeira e se apresentava como uma
região periférica e subdesenvolvida, com pouca integração ao mercado nacional. Localizado entre
pólos industriais consolidados, tais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o Espírito Santo
contava com uma população fragmentada e com vazios demográficos. Diferentemente da estrutura
urbana formada nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a base necessária para o
desenvolvimento manufatureiro se deu de forma expressiva, uma vez que contava com população
densa, mão-de-obra especializada e dinheiro disponível, o mercado urbano capixaba não dispunha
de tais condições para se desenvolver tanto, sendo obrigado aos empreendimentos da
comercialização do café.
Os esforços governamentais para diversificar as fontes de renda foram muitos. O Estado fez
doação de terrenos, promoveu a isenção de impostos e forneceu energia elétrica gratuita como forma
de incentivos fiscais para a implantação de indústrias em solo capixaba. Assumiu também a gestão
de estabelecimentos industriais e da infra-estrutura de energia e transporte. No entanto, pulverizando
uma fração considerável da economia capixaba, a estrutura fundiária concentrou o dinheiro
comercializado com a exportação do café, impedindo, de certo modo, que o capital comercial se
transformasse em outras formas de capital.
À elite capixaba não interessava o envolvimento da administração pública com o capital
industrial, justamente em um período que se apresentava como favorável à abertura de fronteiras
agrícolas e à expansão da cafeicultura. A Segunda Guerra Mundial estimulou o consumo de café na
Europa e nos Estados Unidos, o que encorajou o aumento da plantação do produto no Espírito Santo.
As safras aumentaram em torno de 53% e a comercialização do café pelo Porto de Vitória teve seus
preços aumentados consideravelmente. Só no início da década de 1950, 44.170 pequenas
propriedades foram catalogadas no Estado, e as áreas cultivadas com o produto aumentaram em
39,4%, chegando a produzir, em 1951, mais de dois milhões de sacas. (SIQUEIRA, 2001)
Toda essa expansão acentuou o peso da cafeicultura na economia capixaba. O café não só
monopolizava a economia capixaba, mas também incentivava a economia de todas as regiões
cafeeiras do país e de vários lugares do mundo, as quais ampliaram de forma significativa sua
capacidade produtiva.
As safras anuais, no entanto, passaram a superar a capacidade de absorção do consumidor,
convertendo a superprodução em crise no mercado internacional e, com a instabilidade no setor, os
preços internacionais caíram vertiginosamente. 1
Buscando controlar os preços do café, o Governo Federal, promoveu uma política econômica
cujas diretrizes pretendiam ocasionar a erradicação dos cafezais antiprodutivos em toda região
cafeicultora, a diversificação das áreas erradicadas com outras culturas e a renovação de uma
parcela dos cafezais. As duas últimas diretrizes não tiveram conseqüências significativas, mas a
2
erradicação transformou profundamente a economia do capixaba e, a crise econômica se abateu
sobre o Espírito Santo, tornando imperativa a necessidade de se diversificar a tradicional base
agrícola que, desde o século XIX, era dependente de um único produto.
A indústria madeireira foi uma das diligências que serviu de alternativa à economia então
decadente. O norte do Estado dispunha de terras cobertas por florestas naturais, onde existiam
cedros, perobas, jequitibás e a maior concentração de jacarandás do planeta, cujo valor comercial
atraia parte do capital disponibilizado pela erradicação do café. As indústrias madeireiras exportavam
para a indústria mobiliária e para o setor da construção civil dos centros urbanos do país,
principalmente do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Outras alternativas, como a cultura de mandioca, milho, feijão e arroz, apresentaram
tendências de crescimento na economia vigente. Mas nenhuma desempenhou papel tão marcante
quanto a cultura cafeeira. O profundo abalo provocado pela política federal de erradicação dos
cafezais ‘antieconômicos’ não foi compensado pelos programas de estímulo para a diversificação da
produção agrícola, o que levou o Espírito Santo a defrontar-se com graves problemas pertinentes a
essa questão, tal como o desemprego no campo. Nos anos de 1960, 80% da População
Economicamente Ativa (PEA) do Estado ligada à agricultura estava empregada nos cafezais e no
setor de comércio do produto. Além do que, a não-participação das elites cafeeiras capixabas no
Governo Federal, no período da erradicação dos cafezais improdutivos, levou as forças políticas
tradicionais a se posicionarem favoráveis à modernização do Estado e à sua inserção no contexto
nacional, o que promovia uma enorme fuga de capital dos campos ainda produtivos.
A economia capixaba precisava modernizar-se e exigia medidas decisivas dos poderes
públicos. Para a elite local, a saída estratégica para enfrentar o crescimento industrial do país e
fomentar o desenvolvimento estadual não parecia ser outra que não a industrialização.
Para isso, várias iniciativas foram tomadas e dentre as quais se destacam os projetos de
indústrias de siderurgia, mineração e metalurgia, de papel e celulose, além de ter sido criada uma
política de transportes naval e rodoviário.

Os chamados Grandes Projetos de Impacto, ou Grandes Projetos Industriais,


foram a conjugação de esforços dos Governos Federal e Estadual que viabilizaram uma
mudança radical na economia do Espírito Santo, obrigando-o a deixar sua dependência da
monocultura cafeeira secular para ligar-se ao grande capital internacional, em menos de uma década.
O caos econômico que se estabelecera em decorrência da retração das atividades
econômicas tradicionais levou o Governo Estadual a chamar a atenção do Governo Federal para a
necessidade de medidas especiais, também requeridas pela sociedade local, pois a decadência
econômica de grande parte dos municípios capixabas levou milhares de pessoas para Vitória,
resultando daí inúmeros problemas sociais. As poucas indústrias que se desenvolviam na capital
atraíam a população rural, mas não ofereciam empregos o suficiente para atender à demanda de
mão-de-obra que crescia com o êxodo rural. Acrescente-se a isso a desqualificação do pessoal
desempregado e a baixa renda per capita regional, situada aquém da metade da nacional,
aproximando os traços econômicos e sociais do Estado com os do Nordeste brasileiro, historicamente
sabidos como desiguais e desequilibrados.
O governador Christiano Dias Lopes (1967-1971) apelou para o Governo Federal, mostrando
que o Nordeste era
[...] mais “subdesenvolvido” em relação ao Brasil em geral do que o
próprio Brasil em relação aos Estados Unidos e à Europa do Mercado
Comum. O Espírito Santo começou a ser visto como o “Nordeste sem a
SUDENE”. 3

Com esse discurso, o Governo Estadual conseguiu autorização federal para criar incentivos
fiscais que retirariam da economia local os tributos necessários para a construção de um parque
industrial, ou seja, o Governo do Estado do Espírito Santo viria a ser o próprio fornecedor de capital
social básico para seu progresso. O Estado transferiria recursos públicos para o setor privado,
contribuindo para a industrialização capixaba por meio de fornecimento de incentivos fiscais e de uma
legislação correlata.
Havia consciência, entretanto, de que somente o capital interno era insuficiente para alavancar
o processo de desenvolvimento do Estado, visto que a economia local ainda se caracterizava pela
expansão dos gêneros alimentícios tradicionais, situando-se abaixo da média nacional. Os projetos
da Federação das Indústrias do Espírito Santo - FINDES procuravam mostrar as restrições
geográficas do Estado em relação à vocação agrícola, como argumento para captar recursos federais
e dar prosseguimento à implantação do projeto de desenvolvimento do Estado na área industrial. A
defesa desse objetivo repousava na necessidade de se alocarem recursos para a concretização de
projetos que fossem de porte igual aos da Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, os quais, por sua
eficiência comercial, davam poder de barganha suficiente para negociar novos empreendimentos no
Espírito Santo, além de possibilitar a gestação desses empreendimentos em cadeia.
Por outro lado, o II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), lançado pelo Governo
Federal em 1974, para enfrentar a crise econômica de então, tinha como objetivo a substituição
acelerada das importações no setor de bens de capital e insumos básicos (química pesada,
siderurgia, metais não ferrosos e minerais não metálicos), bem como o desenvolvimento de grandes
projetos de exportação de matéria-prima (celulose, ferro, alumínio e aço). Para isso, precisava contar
com um centro localizado estrategicamente entre as jazidas de minério de ferro e o mar, que
oferecesse condições para se formar uma infra-estrutura portuária e ferroviária e estivesse apto a
receber grandes investimentos capazes de atender ao mercado externo.
O Espírito Santo, que desde a década de 1940 contava com uma moderna infra-estrutura
desenvolvida para atividades exportadoras de minério de ferro criada pela CVRD, viabilizava os
planos do Governo Federal. Enquanto isso era atendida a política do Governo Estadual, direcionada
para a divulgação das vantagens locais do Espírito Santo voltadas para investimentos estatais e de
capital estrangeiro.
Os chamados Grandes Projetos de Impacto, ou Grandes Projetos Industriais, ligados a esses
investimentos passaram a definir a dinâmica de quase todo o desenvolvimento estadual,
caracterizando a importância econômica do Espírito Santo em todo o território nacional e, quiçá, no
mundo. Além disso, as indústrias que se abriam atraíram para a cidade a população rural capixaba
que ficou desempregada depois da erradicação dos cafezais improdutivos e, também, um formidável
contingente de migrantes de outras localidades do país, o que contribuiu para agravar ainda mais o
quadro caótico que se instalara em Vitória e ao seu redor.

O aumento populacional
da cidade de Vitória, principalmente as pessoas que vinham do campo de uma só vez,
promoveu um processo de inchação populacional em Vitória e nos municípios vizinhos, de
aproximadamente 250 mil pessoas, a partir de 1970. Nesse ano, a população que se concentrava na
Capital era de 133.019 habitantes, significando 24,1% do total da população do Estado, enquanto que
na década de 1940 essa população não passava de 45.212 habitantes, ou seja, 6,03% do total de
habitantes do Espírito Santo. (Siqueira, 2001)
Os projetos industriais implantados após 1970 foram implementados de forma muito brusca e
em muito pouco tempo promoveram a decadência das atividades econômicas tradicionais,
descaracterizando, por conseguinte, os traços rurais da região urbana de Vitória. Além disso, os
projetos industriais atraíram para a cidade a população rural capixaba que ficou desempregada
depois da erradicação dos cafezais improdutivos e, também, um formidável contingente de migrantes
de outras localidades do país, o que contribuiu para agravar ainda mais o quadro caótico que se
instalara em Vitória e ao seu redor, ou seja, na Grande Vitória (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição dos migrantes nas unidades da Grande Vitória – 1970 e 1980.
1970 1980
Unidades População
Urbanas Migrantes População Total Migrantes
Total
Número % Número % Número % Número %
Grande
Vitória
252.979 65,53 116.247 66,18 498.516 70,58 336.756 73,47
Vitória
133.019 34,47 59.385 33,82 207.736 29,42 121.553 26,53

TOTAL 385.998 100,00 175.632 100,00 706.263 100 458.309 100,00


Fonte: FIBGE. Censo Demográfico do Espírito Santo. (1970, 1980); SIQUEIRA, 2001.

Estima-se que aproximadamente 250 mil pessoas desempregadas e de mão-de-obra


desqualificada chegaram à Grande Vitória no início da década de 1970, resultando na proliferação de
favelas e em inúmeros outros problemas sociais. O desemprego no campo promoveu um processo
migratório rural que se refletiu na estrutura de aglomeração dentro do espaço geográfico de Vitória,
acelerando o processo urbano sem infra-estrutura adequada. 4
As pessoas vinham do sul da Bahia, do norte do estado do Rio de Janeiro e da Zona da Mata
Mineira e eram, em sua grande maioria, mão-de-obra sem qualificação para as atividades do trabalho
urbano. Na realidade, a população que chegava todos os dias a Vitória constituía-se de um grande
contingente de pessoas sem conhecimento das atividades desenvolvidas no setor formal de trabalho
e com limitadas condições de acesso a alojamentos. O fluxo dessas pessoas intensificou a ocupação
de áreas periféricas de Vitória, sem nenhuma infra-estrutura. Estabeleceram-se favelas onde essas
pessoas se concentravam nas mesmas condições de miséria dos desassistidos, analfabetos e
desempregados, dando origem a graves problemas sociais estigmatizados por doenças,
promiscuidade e criminalidade. Vitória concentrava 34,9% do total da população do Estado. (Rocha e
Morandi, 1991)
O caos que se estabeleceu com o processo de mudança promovido na economia tornou-se
mais expressivo na capital nas décadas seguintes, não apenas na aparência desordenada do
crescimento metropolitano, mas também na reprodução incontrolável da pobreza. A ausência ou
ineficácia de um projeto público anterior à erradicação dos cafezais improdutivos provocou o êxodo
rural, deixando Vitória vulnerável a inesperadas mudanças, pois o Estado não dispunha de recursos
para prover as necessidades sociais e urbanas que haviam sido geradas, principalmente nas áreas
de maior concentração de pobreza.
Nesse contexto, as transformações econômicas e populacionais concorreram para que
inúmeras mudanças ocorressem em Vitória, alterando rápida e radicalmente a sociedade. No plano
econômico, as mudanças que mais se fizeram sentir e provocaram alterações no cotidiano da capital
foram o crescimento populacional, a expansão do comércio, a diversificação do setor de serviços e a
fisionomia da cidade.
Até os anos de 1950, a urbanização de Vitória devia-se ao desenvolvimento comercial de seu
porto. Apesar de manter as características dos tempos coloniais, era uma cidade confortável para as
famílias possuidoras de fortunas adquiridas com a exportação do café. Elas se aglomeravam nas
áreas centrais da Ilha, nos casarios amplos e modernos, construídos em ruas limpas e calçadas por
onde trafegavam bondes e automóveis. (Neves, 1997)
Considerada anteriormente por seus habitantes como uma cidade pacata e conhecida
nacionalmente como Cidade Presépio do Brasil, Vitória mudou completamente de aspecto em trinta
anos. O documento “Município de Vitória: situação sócio-econômica”, editado no ano de 1978, mostra
5
que a cidade, em 1970, se localizava em uma área de 81 quilômetros quadrados. Seu complexo
portuário era a maior expressão do desenvolvimento e da economia da Região Sudeste. O
documento denuncia que a erradicação do café liberou de uma só vez 50 mil trabalhadores rurais
que, juntamente com suas famílias (aproximadamente 150 mil pessoas), teriam tomado o rumo da
capital, a qual sofreu um inchaço em sua população em torno de 24,1%. Com um número
populacional de 50.922 habitantes em 1950, depois do fluxo migratório referenciado acima, a cidade
passou a ter 83.351 habitantes, declarados no Censo Demográfico de 1960. Dez anos depois, esse
número cresceria para 133.019 habitantes (Tabela 2).

Tabela 2 – Evolução da população residente em Vitória – 1970-2000.

ANO POPULAÇÃO

1970 133.019

1975 163.877

1980 207.736

1985 259.154

1991 258.243

1996 265.874

2000 292.304
Fonte: FIBGE. Censo Demográfico do Espírito Santo. (1970, 1980, 1991, 2000), Contagem da
População 1996; Censo Industrial, 1985; MORAES, 1994.

A instalação dessa população no pequeno espaço físico da cidade e nos municípios


circunvizinhos gerou a denominada desorganização social e promoveu um processo de inchação
populacional, além de acarretar uma maior e desordenada ocupação do solo. Em 1970, a taxa de
ocupação urbana era equivalente a 1.643,42 habitantes por quilômetro quadrado, enquanto em 1980
essa taxa se elevou para 2.562,47, aumentando em 1991 para 2.911,42. (FIBGE, 1970, 1980 e 1991)
No ano 2000, a população chegou a 3.292,99 habitantes por quilômetro quadrado. (PMV, 2002)
Na segunda metade da década de 1970, na área oposta ao Oceano Atlântico, nas margens do
canal que circunda a Ilha, a população migrante invadiu o manguezal, local em que a Prefeitura
Municipal de Vitória despejava o lixo da cidade. Essa invasão resultou na formação de várias favelas.
Em conseqüência, numa extensão de aproximadamente cinco quilômetros, surgiu o Bairro de São
Pedro, que ficou conhecido nacionalmente pelo documentário Lugar de toda pobreza. Milhares de
pessoas sobreviveram ali da cata de lixo. Ao longo de anos de constantes invasões, São Pedro
transformou-se num centro de absorção de populações que buscavam novas oportunidades de
emprego nas indústrias incipientes locais.
Em 1980, a Ilha de Vitória já se urbanizara totalmente, tornando-se um centro populacional
altamente congestionado, com grande expansão de favelas. Estima-se que, em 1983, 47% da
população de Vitória estavam vivendo em favelas e que a cada dia eram construídos cerca de 20
novos barracos de madeira e alvenaria. (A Gazeta, 1980)
Embora atraísse boa parte da população ativa desempregada do interior do Estado e de
outras regiões do país, a indústria em Vitória era ainda uma atividade incipiente, incapaz de absorver
toda a força de trabalho disponível. A construção das grandes indústrias criou muita expectativa em
torno da geração de empregos, provocando seqüentes fluxos migratórios. Exemplo disso foi a
construção da fábrica da Aracruz Celulose que absorveu cerca de 14 mil trabalhadores e da CST que
atraiu para a cidade mais 40 mil pessoas. Nessa primeira fase, tanto uma empresa quanto a outra
exigiam um grande número de pessoas, mas não mão-de-obra qualificada. A exigência de mão-de-
obra qualificada só veio a surgir com a implantação efetiva das operações industriais. A Aracruz,
inicialmente, empregou 2.500 pessoas e a CST, 4.674. (Siqueira, 2001)
Contudo, a falta de estrutura para absorver a mão-de-obra disponível não extinguiu as
constantes chegadas de migrantes, que proporcionavam o crescimento populacional da cidade.
Famílias inteiras chegavam de diversos lugares, todos os dias, em busca de novos empregos. Em
1970, o Censo Demográfico registrou 59.385 pessoas não naturais do município vivendo na cidade,
ou seja, 44,64% da população residente em Vitória procediam de outras regiões, do próprio Estado
ou de outras localidades do país (Tabela 3).

Tabela 3 - Pessoas não naturais de Vitória, segundo o local de origem – 1970-1991.


1970 1980 1991
REGIÃO Númer
número % % número %
o

NORDESTE 3.577 18,07 4.092 16,00 11.414 19,60

NORTE 168 0,85 423 1,65 808 1,38

SUDESTE (*) 14.552 73,54 18.438 72,10 41.642 71,53

CENTRO-OESTE 252 1,28 783 3,06 712 1,22

SUL 746 3,77 882 3,44 1.464 2,55

BRASIL S/ ESPECIFICAÇÃO - 21 0,08 761 1,31

EXTERIOR 493 2,49 628 2,45 1.011 1,74


-
NATURALIZADOS - - 400 0,67
-
SEM DECLARAÇÃO - 303 1,22 -
TOTAL 19.788 100,00 25.570 100,00 58.212 100,00
Fonte: FIBGE. Censo Demográfico do Espírito Santo. (1970, 1980, 1991) (*) Nos números da Região
Sudeste não constam migrantes do interior do Espírito Santo, ou seja, foram somados somente os
migrantes dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.

Os censos demográficos, após a década de 1970, registravam a presença de pessoas de


todas as regiões do país, notadamente da Região Sudeste, que superava as demais em números
absolutos, aumentando a cada censo. A Tabela 4 demonstra a evolução da população de migrantes,
segundo a região de origem, no período de 1970 a 1991.
No ano de 1970, em toda a Grande Vitória habitavam 385.998 pessoas naturais da região e,
especificamente, o número absoluto de pessoas nascidas na Capital era de 133.019. Pode-se
observar na tabela anterior, que no Censo Demográfico de 1970 o total de pessoas procedentes de
outros estados a Federação ainda era muito pequeno. Deve-se registrar também que, já nessa
época, a maioria dos migrantes residentes em Vitória era procedente de Minas Gerais, cerca de
11.075 pessoas. (FIBGE, 1970)
Na década seguinte, o percentual de migrantes mineiros que residia em Vitória, 8,22%,
continuou sendo o maior. (FIBGE, 1980) Os demais estados que participaram significativamente da
composição populacional de Vitória foram o Rio de Janeiro, com 4,1%, e a Bahia, com 2,26%. Aqui
moravam pessoas de todos os outros estados do Brasil, com exceção do estado de Roraima. 6
As perspectivas advindas da nova dinâmica das atividades industriais também deram margem
à ampliação do comércio e do setor de serviços, motivando a concentração da população do Estado
do Espírito Santo na região da Grande Vitória. Em 1991, 74% da população estadual concentravam-
se na zona urbana e, só na Capital, viviam 13,44% desse universo populacional. (FIBGE, 1991)
A quantidade de pessoas que chegava a Vitória todos os dias também vinha de zonas
urbanas metropolitanas de quase todos os estados do país, chegando mesmo a superar, nas
décadas de 1970 e 1980, em números absolutos, os migrantes procedentes de zona rural (Tabela 4).

Tabela 4 - Pessoas não naturais de Vitória, por situação do domicílio anterior – 1970- 1980.
Procedentes de Procedentes de Sem declaração
Total zona urbana zona rural de procedência
Ano
Masculin Feminin Masculin Feminin Masculin Feminin Masculin Feminin
o o o o o o o o

1970 27.092 32.293 19.292 22.983 7.792 9.307 8 3

1980 52.105 61.450 33.101 37.854 19.004 23.596 - -


Fonte: FIBGE. Censos Demográficos do Espírito Santo (1970, 1980).
O contingente populacional que vinha do interior do Espírito Santo, no entanto, superava os
demais. Eram pessoas procedentes de zonas urbanas e de zonas rurais, chegando a compor, em
1970, 29,76% de toda a população da capital.
Na década de 1980, devido ao incentivo do Governo Federal para o assentamento
populacional no estado de Roraima, houve uma pequena diminuição do número de migrantes em
Vitória procedentes do interior do Espírito Santo. Famílias inteiras, oriundas da região norte do
Estado, foram viver em Roraima. Nesse período, a migração capixaba para Vitória sofreu uma queda
de aproximadamente 17%. (FIBGE, 1980)
De 1990 a 2000, entretanto, a migração interna teve um crescimento formidável. (FIBGE, 1990
e 2000)
Durante o longo período de 31 anos considerado na pesquisa, a população capixaba do
interior, que constantemente chegava a Vitória, sobrepôs-se a toda a população proveniente de
outros estados, em números absolutos (Tabela 5).

Tabela 5 - Pessoas residentes em Vitória que migraram do interior do Estado do Espírito Santo –
1970-2000.
ANO POPULAÇÃO
1970 39.597

1980 32.955

1991 200.358

2000 221.429
Fonte: FIBGE. Censos Demográficos do Espírito Santo. (1970, 1980, 1991, 2000).

Todo o período estudado permite verificar o rápido crescimento da população de Vitória. Em


três décadas, a população cresceu em torno de 159 mil habitantes, ou seja, a população vitoriense
aumentou mais de 100% em 31 anos.
É importante mencionar que o percentual de mulheres e de homens em relação ao total da
população manteve uma variação em torno de 52,90% e 47,09%, respectivamente. Isso demonstra a
existência de uma grande diferença numérica entre os sexos, na cidade. Aliás, esse fenômeno pode
ser visto desde o primeiro censo realizado no Brasil, em 1872 (Tabela 6).

Tabela 6 – População de Vitória, por sexo – 1872-2000.


População total e por sexo – Vitória
Ano Mulheres Homens
Total
Número % Número %
1872 16.157 8.361 51.75 7.796 48.25
1890 16.887 8.583 50.83 8.304 49.17
1900 18.547 9.440 50.90 9.107 49.10
1920 21.866 11.132 50.91 10.734 49.09
1940 45.212 23.728 52.48 21.484 47.52
1950 50.922 27.046 53.11 23.876 46.89
1960 83.351 43.413 52.08 39.938 47.92
1970 133.019 70.103 52.70 62.916 47.30
1980 207.736 108.966 52.45 98.770 47.55
1991 258.243 136.399 52.82 121.844 47.18
2000 292.304 154.366 52.81 137.938 47.19
Fonte: CARVALHO, 1920; MORAES, 1994; FIBGE. Censos Demográficos do Espírito Santo (1970,
1980, 1991, 2000).

Diferentemente do demonstrado nos censos da população capixaba, no Brasil, a presença


feminina é superada pela masculina em quase todos os censos demográficos, apesar da proximidade
dos números (Tabela 7).
Considerando-se também as diferenças regionais do país e a situação da migração interna,
principalmente a masculina, em busca de novas áreas de trabalho, observa-se, no Censo de 1872,
que a presença feminina só era superior à masculina no Espírito Santo (37.325 mulheres e 35.181
homens), em Sergipe (87.101 mulheres e 81.982 homens), em Santa Catarina (73.008 mulheres e
72.297 homens) e em Goiás (73.810 mulheres e 72.845 homens).

Tabela 7 – População do Brasil, por sexo – 1872-2000.


População
Mulheres Homens
Ano Total
Número % Número %
1872 9.930.495 4.806.609 48,40 5.123.886 51,60
1890 14.339.915 7.095.983 49,48 7.237.932 50,52
1900 17.438.434 8.537.908 48,96 8.900.526 51,04
1940 41.636.315 20.822.227 50,01 20.814.088 49,99
1950 50.954.397 25.059.396 49,17 25.895.001 50,83
1960 70.070.451 35.015.001 49,97 35.055.450 50,03
1970 93.339.737 46.807.894 50,26 46.531.843 49,74
1980 118.002.705 58.879.345 49,90 59.123.360 50,10
1991 146.825.475 74.340.353 50,63 72.485.122 49,37
2000 169.799.170 86.223.155 50,78 83.576.015 49,22
Fonte: CARVALHO, 1920; FIBGE. Censos Demográficos do Brasil (1970, 1980, 1991, 2000);
MORAES, 1994; SAMARA, 1998.

Nas outras províncias do Brasil de 1872, o percentual entre os sexos variava muito pouco em
relação à média do país, embora prevalecesse o sexo masculino. Para citar alguns exemplos de
províncias onde a presença masculina era maior do que a feminina, destacou-se o Rio de Janeiro
(9,76%), São Paulo (9,62%) e Rio Grande do Norte (9,56%). Em todo o país, nos censos
apresentados na Tabela 8, a presença masculina só foi sobrepujada pela feminina nos anos de 1940,
1970, 1991 e 2000.
Particularmente em Vitória, os homens só foram maioria nos grupos de idade de 0 a 4 anos e
de 5 a 9 anos, nos anos de 1970 e 1980, respectivamente. Nessas faixas etárias a presença feminina
dominava as de 10 a 70 anos (Tabela 8).

Tabela 8 - População de Vitória, por sexo e grupo de idade – 1970-1980.

População Residente
Faixa
Etária 1970 1980

Mulher Homem Mulher Homem


0-4 8.265 8.499 12.760 12.932
5-9 8.695 8.841 10.299 10.356
10-14 8.804 7.942 10.924 10.411
15-19 9.278 7.043 13.930 11.993
20-24 7.371 6.174 13.446 11.704
25-29 5.385 4.439 10.377 9.080
30-34 4.578 3.996 7.660 6.815
35-39 4.135 3.791 5.979 5.446
40-44 3.220 2.995 5.477 4.773
45-49 2.744 2.622 4.717 4.179
50-54 2.261 1.942 3.814 3.580
55-59 1.577 1.322 2.660 2.430
60-64 1.270 1.234 2.112 1.693
65-69 1.049 920 1.745 1.263
70 e mais 1.369 1.086 2.725 1.884
Ignorada 72 70 307 276
TOTAL 70.103 62.916 108.932 98.815
Fonte: FIBGE. Censos Demográficos do Espírito Santo (1970, 1980); MORAES, 1994.

Moraes7 verifica que a pirâmide populacional de Vitória, desde o Censo Demográfico de 1960,
tinha na base de sua composição um número maior de jovens e ia estreitando-se gradativamente a
cada faixa etária. O autor seleciona, no Censo Demográfico de 1970, a faixa etária de 25 a 29 anos,
com 5.385 mulheres e 4.439 homens, e a compara com a faixa de 35 a 39 anos, envelhecida mais
dez anos, do Censo Demográfico de 1980, quando esses números aumentaram para 5.979 e 5.446,
respectivamente.
Esse fenômeno, que se repetia nas faixas etárias de 10 a 44 anos do Censo de 1970 e na
faixa de 20 a 54 do Censo de 1980, mostra que a população de Vitória teve um aumento artificial,
proveniente de grandes levas populacionais que chegaram à cidade em busca de emprego.
Na análise desses dados, Moraes afirma ainda que o migrante, dentro daquele período, vinha
para Vitória com no máximo 55 anos e que, a partir dessa idade, a população mantinha ritmo
declinante em números absolutos, comprovando a dificuldade de locomoção encontrada pelas
pessoas idosas.
Dessa análise conjunta depreende-se que o crescimento demográfico ocorrido em Vitória, no
período de 1970 a 2000, trouxe uma população jovem, com capacidade para conquistar um lugar no
competitivo mercado de trabalho que se abria na cidade.
O mercado de trabalho
que se abriu, em Vitória, nos anos de 1970, foi desencadeado pelo desenvolvimento industrial
do Estado, e transformou de forma definitiva sua economia. Antes dessa época, quando a
comercialização do café impulsionava o mercado estadual, Vitória caracterizava-se como entreposto
comercial e urbano a partir do dinamismo da exportação do café. Na década de 1940, quando a
comercialização daquele produto impulsionava o mercado urbano, fazendo escoar a produção do
Espírito Santo pelo Porto de Vitória recém-inaugurado, havia poucas casas bancárias, o comércio
varejista era pequeno, o setor de serviços era precário e as oportunidades de emprego no serviço
público eram muito disputadas. O setor de serviços empregava 16,5% da PEA da cidade e
correspondia a 41,5% da renda gerada. O mercado de trabalho em Vitória, até a década de 1960, era
muito restrito não só para as mulheres, mas também para os homens. No ano de 1960, só o setor de
serviços passou a empregar 23% da população.
A inauguração do Porto de Tubarão foi a grande causa da mudança do cenário urbano de
Vitória. Irrigando a economia da cidade com os salários pagos a milhares de pessoas que
empregava, ou proporcionando condições de trabalho na medida em que foram sendo criadas as
empresas satélites que atendiam a CVRD, o Porto de Tubarão mudou completamente a vida de
Vitória: desencadeou o desenvolvimento industrial, transformou de forma definitiva a economia local,
proporcionou à indústria um peso muito maior na economia estadual e contribuiu para a
implementação do comércio e do setor de serviços urbanos. 8
O início da construção da CST, na segunda metade da década de 1970, transformou o
mercado de trabalho, antes voltado em sua maior parte para a comercialização do café,
caracterizando-o por suas tendências potenciais à absorção de grande número de pessoas. Nessa
época, as indústrias que foram criadas ao redor da cidade9 abriram um mercado de trabalho com
mais de 21.000 oportunidades de empregos, assim distribuídos: Complexo Siderúrgico: 14.974,
Complexo Naval: 4.000 e Complexo Portuário: 2.400. (Rocha e Morandi, 1991)
Na indústria, a metalurgia tornou-se o gênero mais importante, representando 33,96% do total
do valor da produção industrial capixaba, em 1985. Nesse mesmo ano, a CST ofereceu emprego
direto para aproximadamente 6,3 mil trabalhadores. Em 1992, empregou cerca de 4.200 pessoas e
gerou, no biênio de 1991/92, cerca de 27,1 milhões de dólares em ICMS para o Estado. (Rocha e
Morandi, 1991)
Por seu turno, o incentivo à economia industrial, proporcionou o desenvolvimento de outros
setores, conforme se pode ver no Quadro 1.

Quadro 1 – Setor de Atividades da População Economicamente Ativa de Vitória, por sexo. 1970
TOTAL Sexo
Atividade Homem Mulher
Prestação de serviços 11.278 3.042 8.236
Atividades industriais 8.436 7.836 600
Atividades sociais 5.891 2.162 3.729
Comércio de mercadorias 5.546 4.730 816
Administração pública 4.285 3.367 918
Transporte comunicação e
armazenamento 3.146 2.855 291
Agropecuária, silvicultura, extração
vegetal, caça e pesca. 717 699 18
Outras atividades 3.605 2.951 654
Fonte: Anuário Estatístico do Espírito Santo. 1975/1976.

Observa-se que o setor terciário, já na década de 1970, assumia um papel relevante dentro do
mercado empregatício de Vitória, e era a atividade que mais gerava empregos. Principalmente no
setor de serviço, que em dez anos teve um crescimento na ordem de 48,59%.
A prestação de serviço que também ocupava grande parte dos empregos da administração
pública, em 1996, ocupava 73% dos empregos de Vitória. Sua participação também se vinculava às
concessionárias públicas e aos bancos estatais.
A diversificação do setor de serviços e a expansão do comércio incentivaram a concentração
espacial de diversos ramos empresariais, estimulando desse modo uma série de atividades
pertinentes ao transporte, à circulação de matérias-primas e de mercadorias, e de atividades ligadas
diretamente ao seu processo operacional, como as de fornecedores de componentes, acessórios, os
cursos de especialização de pessoal, entre outras.
Essa aglomeração empresarial ocasionou uma concentração de renda em Vitória que
estimulou a ampliação dos setores de comércio e de serviços que abrangem atividades produtivas de
compra e venda, armazenagem, transportes, sistema bancário, telecomunicações, fornecimento de
energia, além da atividade da administração pública.
A diversificação do comércio instalado foi estimulada pelo crescimento do mercado urbano e
pela demanda devida à aglomeração populacional em Vitória e ao seu redor. Galerias comerciais
que, na década de 1970, comportavam entre 3 a 7 lojas no pequeno centro urbano da cidade e
pequenos estabelecimentos dispersos pelos bairros e em municípios vizinhos, deram lugar aos
shopping centers que renovaram o comércio varejista da cidade.10
Do mesmo modo, os serviços especializados modernizaram-se, principalmente os ligados às
atividades de luxo, como as clínicas médicas especializadas, agências de turismo e de lazer, galerias
de arte, entre outros, criando um mercado de trabalho diversificado, típico de grandes centros
empresariais, com atividades criadoras, agências de publicidade e centros de pesquisa e informática.
Acrescente-se a tudo isso os serviços pessoais, as atividades financeiras, os serviços públicos e
portuários que foram igualmente estimulados a se modernizar e a se afinar com as regras da
“globalização”.
Esse crescimento do comércio e do setor de serviços, excetuando-se os de monopólio estatal
e os industriais, experimentou um processo simultâneo de concentração de capital e modernização e
foi reproduzido pelo capital local, que encontrou condições favoráveis para sua expansão. Os grupos
econômicos locais investiam principalmente no setor terciário, pelo fato de esse setor não exigir
grande volume de dinheiro e por render lucros sem riscos, apesar dos constantes enfrentamentos
com a concorrência de empresas nacionais que atuavam no ramo. Exemplo disso foram as grandes
redes comerciais brasileiras e multinacionais que instalaram suas filiais em Vitória, tais como lojas de
departamento de dimensões da Mesbla, das Lojas Americanas e da C & A. (Rocha e Morandi, 1991)
Nas décadas de 1970 e 1980, a concorrência nacional enfrentada pelos empresários
capixabas estendia-se tanto no plano econômico quanto no plano sociocultural. No plano econômico,
pode-se citar que Vitória, considerada como porta de entrada e de saída de mercadorias de uma
hinterlândia vasta, competia com o Rio de Janeiro e Salvador os benefícios das importações e
exportações de mercadorias do Corredor Centro-Leste, que até o presente momento engloba pólos
importantes de desenvolvimento agrícola e industrial, como os de Minas Gerais, de Goiás, do Distrito
Federal, do sul da Bahia e do leste do Mato Grosso. Como economia pautada na indústria e nos
serviços de exportação, o segundo enfrentamento correspondia à preparação de pessoal para as
atividades especializadas, tais como ensino superior, serviços e comércio de alto padrão. As cidades
do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Campinas, de Belo Horizonte e de Juiz de Fora foram as maiores
concorrentes de Vitória, pois ofereciam atividades específicas nesse setor, tais como cursos de
especialização, pós-graduação e intercâmbios culturais.
Desempenhando o papel de principal pólo urbano do Espírito Santo, a partir dos anos de
1970, Vitória passou a estender sua área de influência não só para todo o Estado, mas também para
o sul da Bahia e parte do leste mineiro. Vitória tornou-se a única cidade a oferecer, em uma vasta
área, atividades de serviços especializados típicos de grandes centros urbanos, como hospitais
especializados em determinados exames e cirurgias, por exemplo.
Por outro lado, como centro polarizador da economia capixaba, Vitória mostrou-se pequena
para abrigar o comércio, a centralização populacional e as atividades de serviços, que cresceram em
larga escala, após os anos de 1970. Por seu entorno estendeu-se o espaço urbano, hierarquizando e
definindo a região da Grande Vitória que, em 1996, agregava uma população de 1.300.000
habitantes. (A Gazeta, 2000)
Mesmo crescendo e tornando os municípios vizinhos parte de sua área metropolitana, Vitória
continuou concentrando as atividades socioeconômicas da região. Os impostos gerados na cidade e
as condições de vida da população vitoriense distinguiam a capital dentro de sua área metropolitana,
principalmente em termos de aplicação de receitas. Em 1996, as empresas instaladas em Vitória
geraram 61% do total da receita de todas as empresas do estado, e, da PEA da região da Grande
Vitória que recebia mais de 20 salários mínimos, 66% residiam na capital. Nessa época, Vitória
concentrava 33% da renda estadual, 68% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de
Mercadoria (ICM) de todo o Espírito Santo, 75% dos hospitais privados, 33% das vendas dos jornais
diários do Estado, 50% dos automóveis registrados em todo o território espírito-santense e 59% da
população metropolitana. (A Gazeta, 2000)
A concentração de renda no mercado vitoriense seguia a tendência dos grandes centros
econômicos do país. Em 1997, sua estrutura produtiva compunha-se de aproximadamente 13 mil
empresas, distribuídas em setores primário, secundário e terciário (Gráfico 1).
0,0003%
34,01%

65,98%

Setor Primário Setor Secundário Setor Terciário

Gráfico 1 - Setores da economia. Vitória, 1997


Fonte: PMV, 2002.

Muitas empresas que deslocaram sua infra-estrutura de armazenagem para municípios


vizinhos continuaram mantendo suas transações comerciais centralizadas em Vitória. Em 2000, 72%
das empresas do Estado localizavam-se na região da Grande Vitória, e aproximadamente 58% delas
estavam instaladas na capital.
Como grande centro de comercialização de artigos destinados à exportação de produtos, seja
do próprio Estado, seja dos estados vizinhos, Vitória, em 1998, gerou 7.150 empreendimentos que
produziram 55% dos empregos na cidade (Gráfico 2).

C o nstrução C ivil

Serviço s

3% 13%
1% 6% A gro pecuário

33% A dm inistração P ública

Indústria de
Transfo rm ação
C o m ércio
1% 42%
Extração M ineral

Gráfico 2 - Distribuição de empregos por setor de atividade. Vitória, 1998.


Fonte: PMV, 2002.

No conjunto dos geradores de emprego, destacava-se o setor de serviços. Nele sobressaíam


as atividades ligadas ao comércio exterior, que eram possibilitadas pela diversificação da pauta de
produtos movimentados pelos portos de todo o Estado. Dentro desse setor, podem-se citar os
serviços em saúde e educação, que concentravam suas especialidades na capital e recebiam
pessoas de todas as regiões do Espírito Santo, de parte de Minas Gerais e do sul da Bahia, e os que
ofereciam conhecimentos técnicos especializados, como consultorias, instituições de pesquisa e
pequenas empresas produtoras de bens com base em tecnologia de ponta.
Ainda dentro dessas atividades voltadas para a produção de serviços, incluíam-se as da
administração pública, que respondiam por aproximadamente 50% dos empregos da Capital, e as do
conjunto de ocupações que representavam os mais altos salários, como as dos profissionais liberais,
dos especialistas, dos associados em pequenas empresas ou dos autônomos, que atingiam a casa
dos 30% dos empregos formais da cidade. Esses últimos criaram possibilidades de geração de outros
empreendimentos, aumentando os postos de trabalho em Vitória.
Algumas empresas ligadas ao turismo, como agências de viagens, redes hoteleiras e
restaurantes de porte nacional e internacional, também tinham um movimento crescente. No período
de 1990 a 2000, o turismo de negócios e eventos foi-se constituindo em um importante fator de
ocupação dos hotéis capixabas, principalmente aqueles situados na orla marítima da Capital. Em
1996, 26% dos motivos que levavam turistas à cidade eram viagem de negócios e de eventos, como
congressos, seminários, feiras, exposições e atividades do gênero. Em fins da década de 1990, o
turismo de eventos realizado em Vitória representava 35% de todo o turismo no Estado, gerando em
torno de 20 milhões de reais no ano de 1999. Segundo informações obtidas no Fórum Brasileiro dos
Conventions x Visitors Bureaux, em 2000 essa espécie de turismo gerou 44 mil empregos diretos e
indiretos no Espírito Santo, chegando a arrecadar, por pessoa, o equivalente a cem dólares por dia,
espécie 300% maior do que o turismo de lazer. 11
Quanto ao mercado de trabalho do comércio de mercadorias, seja voltado para o mercado o
interno ou para a exportação, também se abriram diversos empregos que envolviam atividades de
balconistas e vendedores, ambulantes ou fixos, corretores de seguro, imóveis, títulos e valores,
agentes e corretores, inclusive compradores. Só no ano de 1994, o comércio empregou 15.900
pessoas na cidade, o que correspondia a 18% dos empregos da cidade. (A Gazeta, 2000)
Os dados apresentados no Relatório Final do Projeto de Avaliação do Plano Estadual de
Qualificação, de 1998, mostram que, não só no Espírito Santo, mas também em todo o Brasil, o
mercado de trabalho só não foi melhor pelos desajustes de qualificações entre as oportunidades de
emprego, “num contexto de rápida difusão de novas tecnologias”, e a formação educacional e
profissional que a grande maioria da população desempregada não possui. 12
Essa carência de mão-de-obra técnica é justificada pela tradicional economia primário-
13
exportadora e pela deficiente educação profissionalizante do Estado.

A educação também sofreu transformações


para atender à demanda econômica e social que se formava em Vitória. Na cidade foram
criados vários cursos profissionalizantes, cercando-se de uma infra-estrutura escolar capaz de
absorver anualmente um número crescente de matrículas em todos os graus de ensino.
No ensino de primeiro grau, no ano de 1970, as unidades escolares de Vitória eram
compostas de 34 escolas pertencentes ao Estado, 43 pertencia ao poder municipal e 17 eram
particulares, onde atuavam 549 professores. No segmento ginasial, Vitória contava 18.257 matriculas
distribuídas em 02 cursos federais, 03 estaduais, 07 municipais e 26 cursos particulares, em 1971.
(Anuário, 1971)
No período de 1997 a 2000, a administração municipal investiu aproximadamente 30,15% na
área de educação. Em 1994, 88% da população de Vitória, em idade escolar, estava matriculada,
enquanto que a taxa nacional, nesse mesmo ano, se situava em 85%.
No ensino médio, em 1971, Vitória contava com 11.992 matriculas, sendo que dessas 9.554
eram matrículas iniciais e 2.438 eram matrículas de conclusão de curso. Em 1988, Vitória tinha
191.862 pessoas matriculadas no ensino fundamental e 32.910 no ensino médio.
A formação profissional desenvolvida pelas instituições de serviços de aprendizagem industrial
e comercial – SENAC, SESC e SESI – também ofereciam cursos de diversas modalidades de ensino.
Destacavam-se os cursos nas áreas de aprendizagem industrial, de aperfeiçoamento profissional, de
qualificação profissional, de treinamento, de habilitação parcial, de desenvolvimento gerencial, de
suplementação, de desenvolvimento técnico operacional, além de constantes estágios, seminários e
encontros de equipes de trabalho.
Considerando toda a estrutura do ensino regular, supletivo e especial, da cidade, composto
por escolas públicas e privadas, em 1999, foram oferecidas 113 mil matrículas, em 184
estabelecimentos. (Espírito Santo, 1999)
Quanto ao ensino superior, as principais escolas da cidade matricularam em torno de 4.591
alunos no ano de 1971. Vitória possui, nessa época, a Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES), única do Estado, e faculdades isoladas de Medicina, Administração de Empresas,
Bioquímica e Farmácia. Só a UFES, oferecia, naquele ano, 23 cursos profissionalizantes. (Anuário,
1971)
Em 1974, a UFES já oferecia 33 cursos, distribuídos nas áreas de Ciências Exatas e
Tecnológicas, Ciências Sociais e Humanas, Ciências Biomédicas e Letras e Artes. (A Gazeta, 2000)
As principais escolas de ensino superior da cidade matricularam, em 1985, aproximadamente 22 mil
alunos e, somente a UFES, no segundo semestre, ofereceu 10.853 matrículas. (Anuário, 1986)
Nos primeiros anos da década de 1990, as vagas nos estabelecimentos de ensino superior de
Vitória estavam distribuídas conforme se vê no Quadro 2:

Quadro 2 - Número de vagas nos estabelecimentos de ensino superior de Vitória. 1991-1993.


Cursos de Graduação
Estabelecimentos Número de vagas
1991 1992 1993 Cursos
Faculdade Espírito-Santense de 200 200 200 Administração
Administração
Faculdade de Ciências Humanas de 180 180 180 Administração e Ciências
Vitória Contábeis
Faculdade de Ciências Contábeis 80 80 80 Ciências Contábeis
Faculdade Capixaba de Informática 80 80 80 Tecnologia em processamento
de dados
Faculdade de Ciências Econômicas - 80 80 Ciências Econômicas
de Vitória
Escola de Medicina Santa casa de 120 120 120 Medicina
Misericórdia de Vitória
Faculdade de Farmácia e Bioquímica 60 60 60
Farmácia e Habilitação em
do Espírito Santo Bioquímica
Escola de Música do Espírito Santo 120 24 36 Piano, Canto, Violino, Flauta
Transversa, Clarineta, Trompete,
Trombone, Oboé, Violão,
Contrabaixo, Violoncelo, Viola,
Fagote, Trompa e Saxofone
Universidade Federal do Espírito 2000 2000 2002 Arquitetura, Engenharias Civil,
Santo de Computação, Elétrica e
Mecânica, Estatística, Física,
matemática, Tecnologia
Mecânica, Artes Plásticas,
Biblioteconomia, Comunicação
Social, Direito, Educação
Artística e Física, Filosofia,
Geografia, História, Letras-
Português, Espanhol, Francês e
Inglês, Pedagogia, Serviço
Social, Ciências Sociais,
Administração, Ciências
Contábeis, Econômicas, da
Computação e Biológicas,
Enfermagem, Medicina,
Odontologia e Química.
Fonte: Informações Municipais. Vitória, 1994.

Em 1998, ensino superior abrangia novas áreas do conhecimento e Vitória contava com 14
estabelecimentos que abriram vagas para aproximadamente 15 mil alunos. No ano 2000, o Caderno
Vitória. Uma Ilha de Oportunidades a sua Espera, afirmava que a UFES havia sido classificada pelo
Ministério da Educação como uma das oito melhores universidades do Brasil. Além desse dado, o
Caderno Vitória ainda dizia que a taxa de alfabetização da população acima de 10 anos, no ano de
1999, havia sido de 87,70%, e que a escolaridade dos chefes de família, no ano de 1999, era de 9
anos.
Dentre os anos de 1980 e 1990 os cursos de pós-graduação foram outras modalidades de
ensino profissionalizante que se desenvolveram em Vitória. Especificamente os cursos oferecidos
pela UFES abrangiam diversas áreas do conhecimento e dentre eles destacavam-se o de Fisiologia
Cardiovascular, Artes Contemporânea, Automação Industrial, Informática, Engenharia Ambiental,
Economia, História, Geografia, Filosofia, Psicologia, Letras e Pedagogia. Em 2000, a UFES ofereceu
14 cursos de mestrado e 03 de doutorado.
A qualificação profissional se tornou um aspecto fundamentalmente significativo na vida do
vitoriense. E, na medida em que as pessoas galgaram a escala produtiva, permitiram-se adquirir
maiores oportunidades de trabalho no mercado, o qual progrediu com a produção de bens materiais e
de serviços.

Finalmente,
observa-se que Vitória cresceu, mas à custa de grandes transformações que não foram
totalmente benéficas. Muito embora houvesse uma alta na taxa de crescimento da economia, esta
não foi acompanhada da redução das desigualdades sociais. A Grande Vitória, com todo esse
aparato econômico e social viu ser intensificada a ocupação dos bolsões de pobreza, no bojo do
contínuo processo de sua urbanização concentrada. Os parcos investimentos do Governo ficaram
comprometidos por força das dívidas adquiridas pelos financiamentos concedidos pelo Governo
Federal, e pelos empréstimos externos.
Pessoas de várias classes sociais, etnias, graus de escolaridade, estado civil, idade e crença
passaram a compor um novo mosaico para sociedade vitoriense. O cotidiano pacato da cidade cedeu
lugar a um aglomerado urbano cada vez mais plural e com conflitos cada vez mais explícitos. A
manutenção da baixa renda familiar, o desemprego e a concentração urbana na Grande Vitória,
deram à Vitória o título de Capital mais violenta do Brasil. Os índices de criminalidade levaram à
criação de conselhos de segurança envolvendo a comunidade na busca de solução para o problema.
A coexistência de migrantes do interior e de diferentes cidades brasileiras, que trouxeram
consigo hábitos e valores típicos do mundo rural, caracterizou Vitória como uma cidade de sociedade
multifacetada que integra hábitos típicos do mundo rural com a inquietação ocasionada pela
complexidade do processo de industrialização e urbanização que ocorreu nos últimos trinta anos do
século XX.
A antiga cidade deu espaço a novas formas de convivência, alterando sensivelmente o
comportamento de seus habitantes.

REFERÊNCIAS

Fontes
ESPÍRITO SANTO (Estado). Anuário estatístico do Espírito Santo – 1970. Vitória, Departamento
de Estatística, 1971.

______. Anuário estatístico do Espírito Santo. 1975-1976. Vitória, Departamento de Estatística,


1977.

______. Anuário estatístico do Espírito Santo. 1980-1985. Vitória, Departamento de Estatística,


1986.

______. Anuário estatístico do Espírito Santo. 1993. Vitória, Departamento de Estatística, 1993.

______. Anuários estatísticos do Espírito Santo. 1995. Vitória, Departamento de Estatística, 1996.

______. Relatório final do projeto de avaliação do plano estadual de qualificação: Estado do


Espírito Santo – 1998. Vitória: FCAA, 1999.

BANCO DE DESENVOLVIMENTO DO ESPÍRITO SANTO – Bandes. Informações básicas sobre o


Estado do Espírito Santo. Vitória,1989.

______. Perspectivas de desenvolvimento integrado do Espírito Santo no próximo milênio, a partir do


crescimento econômico assegurado pelos grandes projetos. Vitória, 1993.
Centro Industrial de Vitória. A Gazeta, Vitória, 29 set. 1987. Suplemento Especial.

ESPÍRITO SANTO (Estado). Anuário estatístico do Espírito Santo – 1970. Vitória, Departamento
de Estatística, 1971.

______. Anuário estatístico do Espírito Santo. 1975-1976. Vitória, Departamento de Estatística,


1977.

______. Anuário estatístico do Espírito Santo. 1980-1985. Vitória, Departamento de Estatística,


1986.

______. Anuário estatístico do Espírito Santo. 1993. Vitória, Departamento de Estatística, 1993.

______. Anuários estatísticos do Espírito Santo. 1995. Vitória, Departamento de Estatística, 1996.

______. Relatório final do projeto de avaliação do plano estadual de qualificação: Estado do


Espírito Santo – 1998. Vitória: FCAA, 1999.

FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico do


Espírito Santo – 2000. Tabulação avançada da amostra. Resultados preliminares. Rio de Janeiro,
2002.

_______. Contagem da população – 1996. Rio de Janeiro, 1997.

______. Censo demográfico do Espírito Santo – 1991. Rio de Janeiro, 1997.

_______. Censo demográfico do Espírito Santo – 1991. Migração. Resultados da Amostra. Rio de
Janeiro, 1997.

_______. Estatísticas do registro civil. Brasil. Rio de Janeiro, 1995.

_______. Censo industrial: dados gerais. Rio de Janeiro, 1985.

______. Censo demográfico do Espírito Santo – 1980. Dados gerais, migração, instrução,
fecundidade, mortalidade. Rio de Janeiro, 1982.

______. Censo demográfico do Espírito Santo – 1970. Rio de Janeiro, 1973. Série Regional, v. I.
Tomo XV.

______. Recenseamento geral do Brasil – 1946: censo demográfico. População e habitação. Rio
de Janeiro, 1946. v. II.

______. Banco de dados agregados: SIDRA. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>

COMISSÃO ESTADUAL DE PLANEJAMENTO AGRÍCOLA. Município de Vitória: situação sócio-


econômica. Vitória, 1978.

Jornal A Gazeta. Vitória, 29 de julho de 1980. Mendigos, de repente a cidade é invadida por
mendigos..

_____. Vitória, 17 fev. 2000. Suplemento Especial “A SAGA do Espírito Santo: das caravelas ao
Século XXI”.

PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA. Uma ilha de oportunidades a sua espera. Caderno Vitória.
Vitória, 2002.

______. Projeto Vitória do Futuro: plano estratégico da cidade (1996-2010). Vitória, 1996.
SANTOS, Ricardo. Os grandes diretores do processo de transformação do Espírito Santo:
Espírito Santo, século 21. Vitória: Rede Gazeta, [199-].

Bibliografia

BANCK, Geert. Dilemas e símbolos: estudos sobre a cultura política do Espírito Santo. Vitória:
IHGES, 1998.

BITTENCOURT, Gabriel. A formação econômica do Espírito Santo: o roteiro da industrialização.


Do engenho às grandes indústrias. (1535-1980). Rio de Janeiro: Cátedra, 1987.

BORGO, Ivan et al. Norte do Espírito Santo: ciclo madeireiro e povoamento (1810-1960). Vitória:
EDUFES, 1996.

BUFFON, José Antônio. O café e a urbanização no Espírito Santo: aspectos econômicos e


demográficos de uma agricultura familiar. 1992. 373 f. Dissertação (Mestrado em Economia) - Instituto
de Economia, Universidade de Campinas. Campinas, 1992.

CARVALHO, Bulhões de. Introdução. Ministério da Agricultura, Indústria e Commércio: Diretoria


Geral da Estatística. Censo do Brasil realizado em 1° de setembro de 1920. v. IV (1ª Parte).
População. Rio de Janeiro: Typografia da Estatística, 1926.

MORAES, Paulo Stuck. Vitória: alguns dados demográficos. 1940-1980. Revista do Instituto
Histórico e Geográfico do Espírito Santo, Vitória, n. 44, p. 55-64, 1994.

NEVES, Luiz Guilherme Santos. Os bondes de Vitória. Vitória: PMV/Secretaria de Cultura, 1997.

ROCHA, Haroldo Correa; MORANDI, Ângela Maria. Cafeicultura e grande indústria: a transição no
Espírito Santo. 1955-1985. Vitória: FCAA, 1991.

SILVA, Marta Zorzal e. Espírito Santo: estado, interesses e poder. Rio de Janeiro: FGV, 1986.

SIQUEIRA, Maria da Penha Smarzaro. Industrialização e empobrecimento urbano: o caso da


Grande Vitória. 1950-1980. Vitória: EDUSP, 2001.

NOTAS
1
- No ano de 1955, registrou-se uma queda de 29% e, em 1959, a queda foi de 51,7% em relação ao preço médio de 1954.
Sobre o assunto ver Rocha e Morandi, 1991.
2
- Implementado em duas fases, o programa de erradicação exterminou 53,8% dos cafezais capixabas, e em todo o país
foram erradicados cerca de 1.379.343 pés de café.
3
- BITTENCOURT, Gabriel. A formação econômica do Espírito Santo: o roteiro da industrialização. Do engenho às
grandes indústrias. (1535-1980). Rio de Janeiro: Cátedra, 1987. p. 205.
4
- Vitória não tinha nenhuma política habitacional definida, nem mesmo uma política de assentamento urbano para receber
a população que saía da zona rural. O Governo Municipal permitiu que fossem ocupados os espaços devolutos da periferia,
os manguezais e os morros que se situavam no centro da Ilha.
5
- Em 2000 e 2002, devido aos aterramentos, Vitória cresceu para 91 Km² e 104,3 Km², respectivamente.
6
- Isso ocorria porque o Governo Federal incentivava a população brasileira a migrar para o estado de Roraima, com o
objetivo de povoá-lo.
7
- MORAES, Paulo Stuck. Vitória: alguns dados demográficos. 1940-1980. Revista do Instituto Histórico e Geográfico
do Espírito Santo, Vitória, n. 44, p. 55-64, 1994.
8
- Apesar de todo o processo de industrialização e crescimento do setor de serviços que fora desencadeado na Grande
Vitória, a economia do Estado do Espírito Santo continuou dependente da agricultura, tanto que esse setor, no período
pesquisado, era o que mais ocupava a PEA do Estado. O principal produto dessa agricultura continuava sendo o café.
9
- Além das indústrias instaladas ao redor de Vitória, a Aracruz Celulose e a Samarco, hospedadas nos Municípios de
Aracruz e Guarapari, respectivamente, abriram (juntas) vagas para cerca de três mil empregos, somente na fase de inicial de
sua construção.
10
- A partir dessa época, o comércio capixaba passou por uma mudança estrutural em sua distribuição espacial. As lojas que
se aglomeravam no centro da Cidade e atendiam à população de Vitória e de outros municípios foram deslocadas para a
região norte da Cidade, promovendo um esvaziamento comercial no centro e a formação de outros núcleos comerciais nos
demais municípios.
11
- No ano de 2001, foram realizados 8.000 eventos em Vitória e sua arrecadação foi em torno de 294 milhões de reais.
Informações obtidas no Fórum Brasileiro dos Conventions x Visitors Bureaux, realizado no Centro de Convenções de
Vitória, em agosto de 2002.
12
- Relatório Final do Projeto de Avaliação do Plano Estadual de Qualificação. Estado do Espírito Santo – 1998. 1999.
13
- A Universidade Federal do Espírito Santo foi criada em 1954, no governo estadual de Jones dos Santos Neves. Até essa
data, em todo o Espírito Santo, existiam somente três faculdades.

Você também pode gostar