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INSTALADOR DE SISTEMAS

FOTOVOLTAICOS
1 CONCEITOS BÁSICOS

1.1 RADIAÇÃO SOLAR

A energia emitida pelo Sol é transportada para a superfície terrestre em forma


de radiação eletromagnética. Essa radiação é uma composição de inúmeras ondas,
cada uma em sua frequência de oscilação denominada espectro de radiação
eletromagnética. A composição do espectro de radiação emitida pelo sol é 50% de
luz visível, 45% de radiação invisível infravermelho e 5% de luz invisível ultravioleta.

Quando a radiação eletromagnética atinge um certo objeto, e este objeto tem


a capacidade de absorção desta radiação, a radiação tem a capacidade de transferir
sua energia para as moléculas desse objeto e fazer com que estas entrem em estado
de “agitação” e, dessa forma, produzam calor. Um exemplo clássico deste fenômeno
é o painel de um veículo que ficou exposto aos raios solares durante um determinado
tempo. Para reduzir os efeitos térmicos deste fenômeno, uma manta com papel
alumínio é posicionada sobre o painel. A função do papel alumínio é refletir a radiação
eletromagnéticas emitidas pelo sol, devolvendo-a à atmosfera.

Figura 1 - Onda Eletromagnética e suas características físicas

Fonte: Adaptado de Ponto Ciência (2017)

As variações de frequência, separação de tipos de onda no que é definido de


espectro e comprimentos de onda são apresentados na Figura 1.

1.1.1 Tipos de Radiação Solar


Figura 2 - Radiações: Direta e Difusa

Fonte: energiaheliotermica.gov.br (2017)

Basicamente existem dois tipos de radiação solar: A direta e a difusa, conforme


representado pela Figura 2.

A radiação solar direta são as ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol


que chegam diretamente à superfície terrestre ou um objeto qualquer. Já a
difusa, são as ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol que chegam
indiretamente à superfície terrestre por meio de difração na atmosfera, reflexão
em poeira, nuvens e outros objetos como árvores, carros, edificações,
montanhas, etc.

A soma desses dois tipos de radiação é denominada radiação global. Esta


radiação é utilizada efetivamente para a produção do efeito fotovoltaico (o qual é
abordado logo em seguida) e consequentemente para a geração de energia elétrica.

Os dados de radiação solar global são disponibilizados pelos órgãos de


pesquisas e são importantes para o dimensionamento do sistema, em termos de
números de módulos para uma determinada demanda de energia elétrica.
Figura 3 - Radiação Solar Global (Média Anual)

Fonte: Adaptado de INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) (2006)

1.2 IRRADIÂNCIA E INSOLAÇÃO

A irradiância é a grandeza utilizada para determinar a quantidade de


irradiação solar que incide sobre uma determinada área. Esta é uma unidade de
potência e sua unidade é watts por metro quadrado (W/m2). Baseando-se nesta
grandeza, é possível determinar o potencial de geração de energia de um
determinado sistema instalado em uma determinada região e, finalmente,
dimensionar este sistema para atender uma demanda de energia em específico.

A insolação é a grandeza que determina a energia disponibilizada pela


radiação solar em uma determinada área em um espaço de tempo pré-definido.
Tratando-se de uma grandeza que determina energia, a sua idade de medida é watt-
hora por metro quadrado. (Wh/m2).

1.3 MASSA DE AR

As propriedades da radiação solar que chegam na superfície terrestre


dependem da espessura da massa de ar que atravessa, incluindo outras partículas
dispersas nesta massa como, por exemplo, poeira, fumaças, vapores e etc. A
espessura desta massa de ar depende do ângulo de inclinação do sol em relação à
linha zênite.
O zênite é uma linha imaginária perpendicular à superfície terrestre. Diz-se
que o ângulo zenital é nulo quando o sol está localizado imediatamente acima do
ponto onde se encontra o observador.

A unidade internacional que define a massa de ar é “air mass” (em português


“massa de ar”) ou a sigla “AM”.

Figura 4 - Massa de Ar (Air Mass) e Ângulo Zênite

Fonte: Adaptado de Jeong; Jay (2009)


O ângulo zenital de 48,5° representa a unidade AM1.5 (air mass um-ponto-
cinco), valor qual tornou-se padrão para análise de sistema fotovoltaicos. Este padrão
é usado, principalmente, por fabricantes de células e módulos fotovoltaicos para
determinar parâmetros técnicos de seus produtos.

1.4 EFEITO FOTOVOLTAICO

O efeito fotovoltaico consiste na transformação da energia da radiação


eletromagnética em diferença de potencial entre dois materiais. Esta diferença de
potencial, em outras palavras, é a tensão elétrica. Este efeito é possível devido ao
fenômeno que ocorre quando a radiação eletromagnética atinge um certo material e,
ao invés de produzir calor, este material sofre alterações em sua propriedade elétrica
permitindo que os elétrons de sua estrutura se movimentem livremente produzindo
corrente elétrica. A radiação eletromagnética desloca os elétrons desse material para
outras camadas de valência onde os elétrons adquirem energia e produzem uma
diferença de potencial.

1.5 GEOMETRIA SOLAR

1.5.1 Declinação Solar

Sabe-se de maneira empírica que o sol nasce no Leste e se põe no Oeste. A


posição do sol ao longo do ano, ao percorrer a trajetória de leste a oeste, sofre
alterações devido ao ângulo de inclinação da terra em relação ao seu eixo e,
também, da trajetória que a terra percorre, de forma elíptica, ao redor do sol.

A Figura 5 representa a trajetória da terra em relação ao sol, o movimento de


rotação o qual a terra realiza em seu próprio eixo bem como a declinação do eixo da
terra em relação ao eixo imaginário projetado com referência ao sol.

É possível observar que, em diferentes épocas do ano, o sol projeta seus raios
à superfície terrestre em ângulos diferentes, como já mencionado anteriormente,
devido ao ângulo de inclinação terrestre de 23,45°. Para um sistema de geração de
energia fotovoltaica, isso representa uma variação na energia produzida. Desta forma
em cada época do ano haverá uma diferença de produção de energia. Cabe aos
técnicos responsáveis pelo projeto e instalação do sistema definirem o melhor
posicionamento do sistema para maximizar a produção de energia ao longo do ano.

Figura 5 - Movimentos de translação, rotação, inclinação terrestre e estações do ano

Fonte: Pinho; J.T. (2014)

1.5.2 Altura Solar

Devido a existência da declinação solar em relação à terra, o Sol nasce e se


põe em diferentes “alturas” ao longo do ano, conforme a Figura 6.

Percebe-se, empiricamente, que a massa de ar também sofrerá alterações ao


longo do ano. Todas essas condições afetam diretamente a produção de energia do
sistema fotovoltaico.
Figura 6 - Diferentes Alturas do Sol ao Longo do Ano

Fonte: Adaptado de mitosclimáticos.blogspot.com.br (2017)

O ângulo da projeção dos raios solares, o qual varia também de acordo com a
altura solar, tem um impacto significativo na produção de energia solar do sistema. A
influência do ângulo de inclinação dos módulos solares é tamanha que exige um
estudo detalhado por parte dos profissionais técnicos responsáveis pelo projeto e
instalação do sistema, sempre buscando um valor ótimo levando em consideração
todas as épocas do ano.

A melhor inclinação do painel solar, visando o maior aproveitamento dos raios


solares, com relação à altura solar é obtida através da relação na Figura 7:
Figura 7 - Melhores Ângulos de Inclinação para Módulos Solares

Fonte: Adaptado de Villalva (2015)

Figura 8 - Ângulos de Inclinação do Módulo Fotovoltaico

Fonte: Villalva, M.G. (2015)


1.5.3 Norte Geográfico e Norte Magnético

Um fator importante que define a quantia média de energia produzia por um


sistema fotovoltaico durante um certo período é a sua posição em relação aos
movimentos em ângulos do Sol.

Observamos a figura a seguir:

Figura 9 - Posição do Eixo Terrestre e do Eixo Magnético

Eixo Terrestre

Eixo Magnético

Fonte: Adaptado de Custódio da Silva. J.F (2015)

Determinamos os elementos da figura, indicados com a seta vermelha, como


sendo os dois eixos em questão. O eixo terrestre corresponde o ponto de encontro
de todos os meridianos que dividem a terra e tem o meridiano de Greenwich como o
principal. Já o eixo magnético representa o ponto onde todas as linhas de campo
magnético da terra se encontram.

O eixo terrestre é o elemento base do posicionamento da terra em relação do


sistema solar, já que é o eixo onde a terra realiza seu movimento de rotação. Sendo
assim, analisando do ponto de vista técnico, o sistema de geração fotovoltaica
deve ficar alinhado em relação a este eixo.
Nota-se que, na falta de conhecimento em relação a este conceito, erros de
posicionamento do sistema de geração fotovoltaico são bastantes suscetíveis. Isto se
dá devido ao erro na leitura de instrumentos que permitem identificar o sentido norte.
A bússola é um instrumento constituído para tal finalidade e seu funcionamento é
bastante simples: Consiste em uma “agulha” metálica, imantada, presa por um eixo
que permite fácil movimento. Esta agulha, devido ao seu campo magnético, tende a
alinhar-se com as linhas de campo magnético terrestres. Desta forma, a bússola
indicará a direção do eixo magnético.

Figura 10 - Orientação da Bússola em Relação do Eixo Magnético e Eixo Terrestre

Fonte: Custódio da Silva. J.F (2015)

A Figura 10 representa a orientação no momento da leitura de uma bússola


em relação aos eixos terrestre e magnético.

O ponto principal de interesse é o eixo geográfico, conforme a figura.

Sendo assim, é necessário realizar uma correção na leitura da bússola, em


certos graus, para encontrar o eixo geográfico. É intuitivo saber que o ângulo de
correção será diferente para cada posição no globo terrestre.

Para obter o sentido correto do norte geográfico basta subtrair o ângulo


indicado pela bússola do ângulo de correção apresentado pela Figura 11.
Figura 11 - Correção de Ângulo em Diversos Estados Brasileiros

Fonte: Adaptado de Villalva, M.G. (2013)

2 ELEMENTOS DO SISTEMA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA

2.1 CÉLULA FOTOVOLTAICA

A célula fotovoltaica é a unidade básica de geração de energia. É responsável


pela conversão de energia proveniente da radiação solar para energia elétrica.

A célula fotovoltaica é fabricada com base em silício, material abundante no


planeta, e posteriormente o silício é dopado com outros elementos químicos
resultando em dois materiais semicondutores. Os dois materiais, cada um com
proporções de elétrons diferentes tornando um deles positivo e outro negativo, são
dispostos em camadas e cada um recebe um contato de material condutor para que
haja a coleta da energia gerada. A camada que fica exposta à radiação solar recebe
contatos de material condutor extremamente fino para evitar sombreamento, logo
melhorando a eficiência do conjunto, conforme Figura 12.

Figura 12 - Célula Fotovoltaica e o Efeito Fotovoltaico

Fonte: PINHO, Tavares Pinho; GALDINO, Marcos Antônio. Manual de Engenharia para
Sistemas Fotovoltaico. 2014, p. 112

Uma única célula gera poucos décimos de watts e alguns décimos de volts.
Estes valores não são suficientes para fornecer energia à grande maioria dos
equipamentos de uma instalação elétrica. Desta forma, é necessário associar em
série essas células com o objetivo de aumentar os valores de tensão e potência
fornecidas pelo conjunto. Essa associação de células, então, é denominada módulo
fotovoltaico (ou placa fotovoltaica).

A seguir, os principais tipos de estruturas de células fotovoltaicas e uma breve


descrição de cada uma delas.
2.1.1 Célula Fotovoltaica de Silício Monocristalino

O silício, segundo material mais abundante na terra, é submetido a altas


temperaturas e solidificado, em um processo lento através de equipamentos que
rotacionam o material enquanto resfria (processo Czochralski), em único cristal de
silício ultrapuro em formato de lingote de seção circular. O lingote (Figura 13) é
posteriormente fatiado em pedaços denominados “wafers”.

A estrutura monocristalino é composta por átomos de silício organizadas em


formato cúbico, com um átomo em cada canto do cubo e em cada face do cubo, o
que produz um efeito “cromático” no material depois de pronto. O termo monocristal,
de certa forma, se refere à estrutura como sendo única (mono) ao longo de toda a
estrutura.

Figura 13 - Lingote de Slício Monocristalino e Wafers de Silício

Fonte: Han, Juyeop (2017)

Os wafers de silício puro são, então, submetidos à etapa a qual receberão


outros elementos químicos que comporão a estrutura semicondutora da célula
fotovoltaica.

As células fotovoltaicas de silício monocristalino oferecem alto rendimento na


conversão de energia (entre 15% e 18%), porém, o custo final do produto é alto
quando comparado ao silício policristalino.
A figura abaixo apresenta um módulo fotovoltaico construído com células de
silício monocristalino. Percebe-se os chanfrados nas células, característica ao qual a
diferencia de células de outros materiais.

Figura 14 - Módulo Fotovoltaico com Células de Silício Monocristalino

Fonte: Yngli (2015)

2.1.2 Células de Silício Policristalino

Ao contrário do silício monocristalino onde a estrutura do mesmo é constituída


de forma única, no silício Policristalino existem diversas estruturas de cristal, com
tamanhos e formatos diferentes, em uma só peça de silício. Fazendo analogias, seria
como se pegássemos grãos de areia (o que seria, em teoria, uma estrutura
monocristalina) e juntássemos esses grãos através de um produto adesivo sem
deixar espaços vazios entre os mesmos.
Figura 15 - Célula de Silício Policristalino

Fonte: Rocha, P. (2017)

O processo de produção da célula de silício policristalino é composto pelo


aquecimento do material a altas temperaturas e, posteriormente, o seu resfriamento
lento (duração aproximada de 36h) em formatos específicos através de diversos
métodos. Por fim, o silício policristalino é submetido à etapa a qual receberá, assim
como os monocristalinos, as impurezas necessárias para permitir a produção do
efeito fotovoltaico.

A célula de silício Policristalino possui rendimentos baixos na produção de


energia elétrica, porém seu custo é reduzido devido ao seu processo de fabricação.

Ao contrário dos módulos de silício monocristalino, os policristalinos não


apresentam chanfros nas células. É possível observar a diferença comparando a
Figura 14 com a Figura 16.
Figura 16 - Módulo Fotovoltaico com Célula de Silício Policristalino

Fonte: Yngli (2015)

2.2 MÓDULO FOTOVOLTAICO

2.2.1 Características Introdutórias

Módulos fotovoltaicos são compostos por várias células fotovoltaicas


interconectadas em série. A finalidade dessa conexão é permitir que a tensão gerada
pelas células se acumule e que atinja valores satisfatórios para o sistema. O
problema da conexão em série acontece quando há sombra no painel. Se a
sombra atingir apenas uma célula, o módulo inteiro teria sua produção reduzida com
referência à produção atual da célula afetada pela sombra. A Figura 17 apresenta
um esquema elucidativo da conexão das células bem como a conexão de um
elemento denominado diodo de by-pass.
Figura 17 - Células Fotovoltaicas Conectadas em Série e Diodos de Bypass

Fonte: Conermex (2017)

A finalidade do diodo de by-pass é “desviar” o fluxo de energia produzido pelo


painel como um todo de uma célula em específico que, por algum motivo, acabou
apresentando problemas na produção de energia.
Figura 18 - Sombreamento em uma das
Células do Painel Fotovoltaico

Fonte: Adaptado de Conermex (2017)

Na situação hipotética apresentada na Figura 18, há sombreamento em


apenas uma das células devido à presença da folha. Sem os diodos de by-pass todo
o módulo perderia, significativamente, a sua produção de energia. Agora, com a
presença do diodo de by-pass o que se tem é um desvio do primeiro terminal negativo
para o segundo onde a primeira e a segunda colunas de células fotovoltaicas será
desconectada permitindo que as demais colunas do módulo continuem sua produção.
Claramente a produção do módulo não seria como a produção de sua versão original
com todas as células em funcionamento, tendo em vista que 20 células perderiam
funcionalidade. Por outro lado, esta condição é melhor se comparado à condição onde
todo o módulo perderia produção.

A construção mecânica do módulo é composta em camadas conforme a Figura


19.

Figura 19 - Camadas Constituintes de um Painel Fotovoltaico

Fonte: Bosch (2017)

A respeito das características elétricas dos módulos, os níveis de tensão


gerados por cada módulo chegam em torno dos limites de 30 e 40 volts contínuos.
Assim é necessário associar módulos em série, paralelo ou misto, de maneira a obter
os níveis de tensão mínimos e máximos exigidos pelos inversores ou controladores
de carga e, também, a atingir a demanda necessária para suprir o consumo de uma
determinada instalação.

As especificações técnicas importantes a serem observadas nos módulos


fotovoltaicos são: Tensão elétrica, eficiência energética, potência elétrica de pico e
dimensões.

Tensão elétrica: Diz respeito à capacidade de fornecimento contínuo de


tensão do módulo e é uma especificação técnica importante para determinar o
número de módulos com base nas tensões de entrada de inversores fotovoltaicos
bem como controladores de carga de baterias.

Eficiência energética: Determina a capacidade de conversão de energia


proveniente do sol em energia elétrica. Quanto maior o valor de eficiência energética
do módulo, menores serão as perdas na conversão de energia. Esta especificação
técnica é importante para determinar o número de módulos necessários para produzir
uma determinada quantia de energia em uma determinada condição de
disponibilidade de energia solar. É importante salientar que quanto maior a eficiência
elétrica do módulo menor será o número de módulos necessários para suprir uma
certa instalação.

Potência elétrica pico: A potência elétrica determina o máximo de


disponibilidade de potência elétrica do módulo em condições onde o mesmo recebe
o máximo de radiação determinada por ensaios de laboratório. Com valores de
potência dos módulos é possível determinar o número de módulos necessários para
suprir uma certa demanda.

Dimensões: São as medidas que representam o tamanho do módulo tanto em


seu comprimento quanto em largura. É importante ficar atento a esta especificação.

2.2.2 Associação de Módulos Fotovoltaicos

Como mencionado anteriormente, é necessário associar módulos fotovoltaicos


para suprir a demanda de uma determinada instalação. Essa associação deve
atender requisitos mínimos de tensão e potência, do inversor e da instalação. As
associações de módulos são feitas em série e/ou paralelo.

Série: A associação em série permite aumentar o nível de tensão fornecido


pelos módulos. O problema da associação em série acontece quando um módulo
perde produção de energia elétrica (por sujeira, sombra, danos ou por simples erro
de instalação) e os demais módulos também perderão produção.
Figura 20 - Módulos Fotovoltaicos em Série

Fonte: Adaptado de GreenEnergy (2017)

Paralelo: A associação em paralelo é destinada a aumentar a corrente (e,


consequentemente, a potência) fornecida ao sistema, mantendo o mesmo nível de
tensão. O problema da associação em paralelo é quando um módulo perde produção,
o mesmo começa a receber corrente inversa dos demais módulos. Dependendo da
intensidade, esta corrente inversa pode ser destrutiva para o módulo.
Figura 21 – Módulos Fotovoltaicos em Paralelo

Fonte: Adaptado de GreenEnergy (2017)

A associação dos módulos pode ser feita dos dois modos simultaneamente,
série e paralelo, para atingir as características necessárias de uma determinada
instalação.

Figura 22 - Módulos Fotovoltaicos em Associação Série e Paralelo

Fonte: Adaptado de GreenEnergy (2017)


2.3 INVERSORES PARA CONEXÃO À REDE

Inversores são equipamentos responsáveis em converter os níveis de tensão


e corrente gerado pelos módulos que são contínuas para níveis de tensão e corrente
alternados, compatíveis com tensão e frequência da rede de distribuição do local da
instalação.

Em alguns casos, as características do equipamento não são compatíveis com


a rede de distribuição de energia local sendo necessário o emprego de equipamentos,
como o transformador, de modo a permitir a compatibilidade.

Comercialmente, há disponível no mercado inversores com diversas faixas de


potência compatíveis com instalações de baixa e alta potência, em conexões
monofásicas (para baixa potências) e trifásicas (para baixas e altas potências).

Figura 23 - Inversor Monofásico

Fonte: ABB (2018)

A potência máxima do inversor de frequência deve ser compatível com o que


se pretende disponibilizar para a instalação e a tensão disponibilizada na entrada do
inversor precisa estar dentro dos limites do equipamento para que o mesmo esteja
em operação.
Figura 24 - Ficha Técnica de um Inversor

Fonte: Solar Energy (2018)

O inversor apresentado na Figura 24 possui características técnicas como, por


exemplo: Tensão de entrada máxima de 580V e tensão mínima de operação de 150V.
Estes, por sua vez, são os limites de tensão de operação deste equipamento. Fora
desses limites, o equipamento não operará.

É importante salientar que é necessário ler e conhecer a folha de dados de


todo o equipamento a ser aplicado no sistema de geração fotovoltaica. Desta maneira,
é possível conhecer os limites de cada equipamento e evitar danos aos mesmos. Da
mesma forma, é importante verificar se o equipamento é certificado pelo INMETRO e
atende à ABNT NBR 16149:2013, que estabelece as recomendações específicas
para a interface de conexão entre os sistemas fotovoltaicos e a rede de distribuição
de energia elétrica e estabelece seus requisitos.

2.3.1 Recurso de Rastreamento do Ponto de Máxima Potência

Um recurso importante disponível em diversos modelos de inversores é o


recurso de rastreamento do ponto máximo de potência (ou do inglês MPPT –
Maximum Power Point Tracking). Este recurso permite o inversor garantir que os
módulos estejam operando no seu ponto máximo de potência, independente de suas
condições. Este processo é possível por meio do controle de tensão de saída dos
módulos através um algoritmo e sensores dentro do próprio equipamento.

2.3.2 Recurso Anti-Ilhamento

É um recurso obrigatório, segundo as normas das distribuidoras, em inversores


conectados à rede elétrica. Este recurso monitora as condições da rede de energia
elétrica da distribuidora e, caso ocorra interrupção do fornecimento de energia, o
inversor desligará automaticamente.

Isso é necessário, simplesmente, por questões de segurança em


procedimentos de manutenção. Um sistema de geração conectado à rede mantém
a rede energizada, mesmo que em algum trecho houve a interrupção por um
dispositivo de proteção. Se a rede permanece energizada, há risco de choque elétrico
para a equipe de manutenção ou qualquer pessoa que possa entrar em contato com
a rede energizada.

Logo após o restabelecimento do fornecimento de energia, o mesmo recurso


permite o religamento automático do equipamento. Desta forma o sistema volta a
operar normalmente de forma automática em condição segura para todos envolvidos.

2.4 INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

2.4.1 Grandezas Elétricas Básicas

Como base nos conceitos de elétrica, discutem-se as seguintes grandezas:

Corrente Elétrica: É o movimento ordenado dos elétrons através de um


material condutor. Quanto maior o número de elétrons circulando através de condutor,
maior é a intensidade de corrente. A unidade de medida da intensidade de corrente é
Ampère (A). Esta grandeza é responsável pela geração de calor em um sistema ou
equipamento elétrico.

Tensão Elétrica: É a grandeza responsável por oferecer a força necessária


para ordenar e movimentar os elétrons através de um condutor. Em alguns momentos
é tratada como diferença de potencial, em analogia ao sistema hidráulico. Desta
forma, não há correte se não houver tensão e vice e versa. A unidade de medida
desta grandeza é Volts (V).

Impedância: A resistência à passagem de elétrons através de um material


condutor, independentemente da frequência de operação do sistema, é denominada
impedância. Seria como se a resistência fosse responsável por “estreitar” o caminho
de passagem dos elétrons e, como resultado, um menor número de elétrons circula
pelo material. Como consequência, a intensidade de corrente será baixa. A unidade
de medida desta grandeza é Ohms ().

Potência Elétrica: Como resultado do produto da tensão e da corrente, temos


a potência elétrica. A potência elétrica representa o trabalho realizado dentro de um
espaço de tempo em um determinado sistema elétrico. A sua unidade de medida é
Watts, quando se trata de potência ativa.

Figura 25 - Representação Figurativa de Tensão, Corrente e Resistência

Fonte: Embarcados.com (2018)

A Figura 25 ilustra, de maneira figurativa, a relação entre as grandezas citadas


acima. A potência é o trabalho desprendido pela tensão e corrente para atravessar o
circuito.
2.4.2 Curto-circuito

Quando há um acréscimo abrupto e excessivo de corrente, seja por contato de


um condutor energizado à terra ou a outros condutores carregados ou não ou falhas
em equipamentos ou isolações, acontece um fenômeno chamado curto-circuito.

Como consequência, as correntes que circulam pelos elementos da instalação


assumem valores elevados e, em alguns casos, valores destrutíveis aos condutores,
disjuntores, dispositivos de seccionamento e equipamentos.

Para evitar danos devido à curtos-circuitos, é necessário o uso de dispositivos


que façam o seccionamento automático na presença de altas correntes.

Os disjuntores e fusíveis, abordados logo adiante, são recomendados para


esta tarefa.

Figura 26 - Danos Causados por Curto-Circuito

Fonte: Rádio Liberdade FM (2011)

2.4.3 Condutores Elétricos

O transporte ou a condução da energia elétrica do ponto de geração até o


sistema de consumo são feitos através de um elemento do sistema denominado
condutor elétrico.
O condutor pode ser constituído de um ou mais fios cobre ou alumínio e pode
ser isolado ou não. A isolação do material é feita com uma capa de material isolante
que envolve o (s) fio (s).

Figura 27 - Condutores Elétricos, Nus e Isolados

Fonte: Ccabos (2010).

2.4.3.1 Seção Transversal em Corrente Alternada


A seção transversal do condutor é definida de acordo com a corrente do
sistema. Alguns equipamentos, através de suas folhas de dado, especificam qual é o
valor de seção transversal mínima do condutor para cada aplicação. Quando não for
o caso, deve-se determinar a corrente do circuito através da tensão e da sua corrente
pelas fórmulas a seguir:

Para circuitos monofásicos:

𝑃
𝐼=
𝑉 × 𝐹. 𝑃.

Onde:

P = Potência

V = Tensão (No Brasil: 127 ou 220)

F.P. = Fator de potência (Quando não conhecido, atribui-se o valor 0,92)


Para circuitos trifásicos:

𝑃
𝐼=
√3 × 𝑉 × 𝐹. 𝑃.

Onde:

P = Potência

V = Tensão de Linha (No Brasil: 220 ou 380)

F.P = Fator de potência (Quando não conhecido, atribui-se o valor 0,92)

3 = 1,732

Logo após descobrir o valor de corrente do circuito, é suficiente consultar a


tabela a seguir, disponível na norma NBR 5410/04, apresentada de forma resumida
na Figura 28.

Onde A1, A2, B1 e B2 representam a maneira com que os condutores são


instalados. Para instalações residenciais, usa-se, geralmente, o método B1 e o
método B2.

Os circuitos monofásicos e trifásicos são denominados, na tabela, como 2


condutores carregados e 3 condutores carregados, respectivamente.

A coluna (1) apresenta a seção transversal do condutor e as demais colunas


apresentam os valores máximos de corrente para as respectivas seções transversais.
Figura 28 - Corrente Máxima dos Condutores por Seção Transversal

Fonte: Pirelli (2018)

A seção transversal dos condutores deve obedecer aos critérios de valores


mínimos estabelecidos pela norma NBR 5410/04, independente do valor de corrente
que circule pelo sistema (supondo que o valor seja consideravelmente baixo).

Figura 29 - Seção Mínima para Condutores Fase

Fonte: Pirelli (2018)


Figura 30 - Seção Mínima dos Condutores Neutro e Proteção

Fonte: Pirelli (2018)

A figura Figura 29 apresenta estes valores mínimos, tanto para condutores


fase, quanto para neutro e terra de acordo com a NBR 5410/04.

2.4.3.2 Seção Transversal em Corrente Contínua

Os condutores a serem aplicados no lado da corrente contínua do sistema,


devem ser capazes de comportar a corrente de curto circuito dos módulos e, além
disso, devem possuir isolação resistente aos raios ultravioletas. Para esta condição,
recomenda-se o uso de condutores fotovoltaicos (comercialmente conhecidos
como cabos solares).

A dimensão do cabo é definida considerando 25% a mais da corrente de curto


circuito dos módulos. Desta forma, a corrente que o condutor deve suportar é dado
pela fórmula:
𝐼𝑐 = 𝐼𝑚𝑐𝑐 × 1,25

Onde:

Icc = Corrente do condutor

Imcc = Corrente do curto circuito dos módulos

Finalmente, basta definir a seção do cabo de acordo com a tabela abaixo,


obtida a partir de informações do fabricante.

Figura 30 - Características Elétricas dos Condutores Fotovoltaicos

Fonte: General Cable (2018)

2.4.3.3 Padronização de Cores

De acordo com a norma NBR 5410/04, é necessário adotar padrões de cores


para condutores de instalações elétricas.

As cores seguem, de acordo com a norma, a tabela a seguir:


Figura 31 - Padronização de Cores Para Condutores

Fonte: Adaptado de ABNT (2004)

A padronização de cores é indispensável à segurança, permitindo fácil


identificação dos condutores em uma instalação em procedimentos de rotina ou
manutenção.

2.4.4 Disjuntores, Chaves Seccionadoras e Fusíveis

A surgimento de sobre correntes é indesejado em sistemas elétricos, pois


causam aquecimentos excessivos nos condutores e equipamentos, seja em corrente
contínua ou em corrente alternada. É necessário o uso de dispositivos capazes de
interromper o fluxo de corrente no sistema quando as mesmas ultrapassarem seus
valores nominais, visando proteger o sistema contra seus efeitos danosos.

Disjuntores e fusíveis são os dispositivos destinados à esta operação e sua


corrente de disparo deve ser dimensionada conforme as características de corrente
nominal do sistema (quanta corrente elétrica o equipamento consome/fornece) e a
corrente máxima suportada pelos condutores.

𝐼𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 < 𝐼𝐷𝑖𝑠𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜𝑟 < 𝐼𝑀á𝑥. 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟

De acordo com a afirmação acima, o valor de corrente nominal do disjuntor ou


do fusível deve ser maior que a corrente nominal do sistema e menor que a corrente
máxima dos condutores.
Figura 32 - Fusível

Fonte: Beny (2018)

Figura 33 - Disjuntores Monopolar, Bipolar e Tripolar

Fonte: Steck (2018)

As Figura 32 Figura 33 mostram fusíveis (com suporte) e disjuntores, aplicáveis


em sistemas de geração fotovoltaico.
Figura 34 - Chave de Desconexão CC

Fonte: Suntree (2018)

A Figura 34 mostra uma chave seccionadora para corrente contínua.

Ao contrário do disjuntor e do fusível, a chave seccionadora não tem


capacidade de interromper automaticamente sobre correntes. A função da chave
seccionadora é proporcionar um meio de desconexão de um ponto do sistema a outro
(ex.: Conexão dos módulos ao inversor). A desconexão permite executar testes e
manutenções no sistema. É possível encontrar chaves seccionadoras embutidas em
alguns modelos de inversores, eliminando a necessidade de instalação da mesma na
stringbox.

2.4.5 Dispositivos de Proteção Contra Surtos

O território brasileiro é uma área bastante suscetível a descargas atmosféricas


devido suas características ambientais. O sistema fotovoltaico, posicionado
geralmente no telhado das residências, é um ponto de grande chance de impacto de
uma dessas descargas atmosféricas.

Uma descarga atmosférica é um fenômeno de grande potencial energético,


atingindo correntes de centenas de milhares de ampères. Desta forma, a descarga
atmosférica é um fenômeno que tem um grande potencial destrutivo para as partes
expostas do sistema de geração fotovoltaica, bem como para os demais elementos
instalados no interior das estruturas.
A maneira de eliminar ou amenizar o potencial destrutivo das descargas
atmosféricas é com o emprego de dispositivos de proteção contra surtos (DPS).

Figura 35 - Dispositivo de Proteção Contra Surto (DPS)

Fonte: Produtel (2018)

O funcionamento do DPS é baseado em uma resistência não linear. Quando a


descarga atmosférica atinge um sistema protegido por um DPS, a mesma causará
um aumento abrupto de tensão no barramento do sistema. Esse aumento de tensão
é percebido pelo resistor não linear embutido no encapsulamento do DPS que quase
instantaneamente reduz o seu valor de resistência, provocando um curto-circuito
intencional, fazendo com que a descarga atmosférica escoe para a malha de
aterramento e acione os dispositivos de seccionamento automático (disjuntores ou
fusíveis), cessando a circulação de correntes perigosas oriundas das descargas
atmosféricas.

O emprego destes dispositivos é de acordo com o nível de tensão do sistema


e a sua tensão de operação deve ser ligeiramente superior ao da rede com o intuito
de evitar curtos-circuitos desnecessários.

O dispositivo possui um indicador de atuação. Quando o DPS atua escoando


uma descarga atmosférica ou um surto de tensão da rede, o indicador passa de verde
para vermelho. Quando o DPS está nessa condição, o mesmo deve ser substituído o
mais breve possível.

Dentre as classes comerciais de DPS, classe I II e III, a norma IEC 60364


recomenda o uso de DPS classe II considerando modelos específicos para uso em
sistemas fotovoltaicos, de acordo com a figura a seguir.
Figura 36 - DPS para Uso em Sistemas Fotovoltaicos

Fonte: Schneider (2018)

2.4.6 Quadros de Distribuição e “String Boxes”

As conexões “módulos-inversores” e “inversores-quadro de distribuição geral”


são feitas através de quadros de distribuição (em algumas situações chamados de
String boxes).

O quadro de distribuição (ou stringbox) é uma caixa fabricada em PVC,


alumínio ou aço, destinada à proteção mecânica de disjuntores, fusíveis, DPS, chaves
seccionadoras, barramentos e conexões.

A montagem dos quadros de distribuição, executada de forma correta e


organizada, facilita a inspeção, manutenção, testes e manobras no sistema de
geração fotovoltaica.
Figura 37 - Stringbox Comercial

Fonte: Ecostring (2018)

A.

Figura 37 apresenta uma Stringbox com fusível, chave seccionadora e DPS


CC já montada, disponível comercialmente. É possível adquirir os componentes
separadamente e efetuar a montagem in loco, desta forma é possível adaptar os
componentes conforme a necessidade do sistema.

2.4.7 Transformadores

Em certas regiões do país, os níveis de tensão não são compatíveis com os


quais estamos acostumados e, consequentemente, alguns equipamentos que por
ventura tenhamos disponíveis em estoque podem não possuir as características de
tensão de um sistema que está prestes a ser instalado. O inversor solar é um desses
equipamentos. Quando, por exemplo, temos um inversor com saída CA em 110V
monofásico, mas a instalação a qual o mesmo será inserido é 220V monofásico. A
princípio parece impossível realizar essa instalação, mas, com o uso de
transformadores, podemos elevar ou reduzir os níveis de tensão dos equipamentos
e/ou da instalação para que viabilizar essa execução.

Existem transformadores e autotransformadores comerciais monofásico e


trifásicos com uma variedade de níveis de tensão e potência.

Quando for necessário adaptar a instalação por meio de um transformador, é


imprescindível ficar atento aos níveis de tensão desejados, ao número de fases e,
também, à potência elétrica necessária para a transformação. Um transformador em
sobrecarga pode trazer riscos à instalação devido ao seu aquecimento excessivo.

Figura 38 - Transformador trifásico

Fonte: MVA transformadores (2018)

2.4.8 Aterramento Elétrico e Equipotencialização

A função primordial do aterramento elétrico é proporcionar segurança em


instalações elétricas em geral. Quanto há um condutor energizado em contato com
uma superfície metálica ou quando há falhas na isolação de um equipamento devido
à umidade ou envelhecimento, o aterramento atua como um desvio das correntes
elétricas parasitas e das correntes de contato presentes nesses equipamentos. Desta
forma, caso haja contato da superfície metálica energizada com uma pessoa ou
animal, as correntes indesejadas não fluirão pelos mesmos, mas sim pelos
condutores de aterramento e, por fim, chegarão à terra.

Muitas máquinas e equipamentos elétricos vem de fábrica com um ponto


específico de conexão com a malha de aterramento. Transformadores e inversores
possuem esse ponto de conexão ao condutor de proteção.
Figura 39 - Parafuso de conexão à terra de um inversor solar

Fonte: YueQing (2018)

Além da proteção à vida, o aterramento funciona como meio de escoamento


de correntes provenientes de descargas atmosféricas. Por isso é importante aterrar
toda a moldura dos módulos, bem como a estrutura a qual estão instalados.

Figura 40 - Aterramento da estrutura de módulos fotovoltaicos

Fonte: Tannure (2018)


Todos os pontos de aterramentos devem ser conectados à malha de
aterramento composta por hastes e condutores de cobre nu, a qual é dimensionada
de acordo com o projeto.

O aterramento elétrico é, também, um dos requisitos de segurança dos


trabalhadores exigidos por lei através da NR-10.

Figura 41 - Malha de aterramento conectada à haste de aterramento

Fonte: Alves M; J. P. (2018)

2.5 SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO

Os tópicos a seguir abordam princípios de segurança no trabalho para


atividades de instalação de sistemas de geração fotovoltaicos.

2.5.1 Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva

Segundo o ministério do trabalho, equipamento de proteção individual (EPI) é


“todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à
proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho “.

Ainda segundo o ministério do trabalho, a empresa é obrigada a fornecer


gratuitamente EPI para seus trabalhadores.
Esses equipamentos são de extrema importância para garantir a integridade
física do trabalho e o mesmo tem a obrigação, perante a lei, de utilizar o EPI e zela
pela sua conservação. O dimensionamento dos equipamentos de proteção é
elaborado por profissionais de saúde e segurança do trabalho. A seguir na Figura 42,
alguns exemplos de EPI’s utilizados nas atividades de instalação de sistemas de
geração fotovoltaicos.

Figura 42 - EPI's típicos para instalação de sistemas fotovoltaicos

Fonte: Safetytrab (2018)

1 – Capacete de segurança;

2 – Luvas de proteção;

3 – Protetor solar;

4 – Cinto de segurança;

5 – Óculos de proteção com lentes escuras;

6 – Protetor Auricular;

7 – Capuz de proteção;

8 – Botina de couro com biqueira de PVC.

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são importantes para isolar áreas


onde há pessoas trabalhado de modo a evitar a circulação de pessoas inadvertidas
bem como proteger, de forma coletiva, os trabalhadores envolvidos.
Figura 43 - Sinalização de local

Fonte: Aesambiental (2018)

A sinalização conforme Figura 43 deve ser utilizada ao redor de escadas, em


locais de içamento e armazenamento provisório de módulos e outros materiais,
próximos a quadros elétricos que estão em manutenção.

A medida coletiva de proteção coletiva contra queda é a linha de vida. A mesma


deve ser muito bem dimensionada, por um profissional habilitado mediante emissão
de sua anotação de responsabilidade técnica (ART), para a carga a qual deverá
suportar. Nela, todos os trabalhadores deverão atracar seus cintos de modo a
protege-los contra quedas e, ao mesmo tempo, permitir mobilidade para a realização
das atividades.

Figura 44 - Lançamento de módulos: Trabalhador atracado em linha de vida

Fonte: Greentech (2018)


Figura 45 - Linha de vida

Fonte: Gulin (2018)

2.5.2 Segurança em Trabalhos em Instalações Elétricas

Segundo o ministério do trabalho, a NR-10 “aplica às fases de geração,


transmissão, distribuição e consumo, incluindo as etapas de projeto, construção,
montagem, operação, manutenção das instalações elétricas e quaisquer trabalhos
realizados nas suas proximidades “.

Conclui-se então que trabalhos realizados na montagem de sistemas


fotovoltaicos devem obedecer a critérios estabelecidos por esta NR.

Em resumo, os trabalhadores deverão ser submetidos a treinamentos no que


diz respeito a esta NR. A carga horária (40h ou 20h) e o conteúdo do treinamento são
dispostos nesta NR e variam de acordo com a condição a qual o trabalhador está
exposto e a situação do trabalhador (Se houve mudança de cargo, licença, etc). Em
determinadas condições estabelecidas em norma, o trabalhador deverá participar de
treinamentos de reciclagem.

Um critério importante citado por esta norma é o procedimento de


desenergização de um sistema elétrico. Este procedimento pode ser alterado de
acordo com normativas locais, porém, sem prejuízo a sua eficácia. O texto da norma
define o procedimento a partir das seguintes etapas:

a) seccionamento;

b) impedimento de reenergização;

c) constatação da ausência de tensão;


d) instalação de aterramento temporário com equipotencialização dos
condutores dos circuitos;

e) proteção dos elementos energizados existentes na zona controlada;

f) instalação da sinalização de impedimento de reenergização.

Para reestabelecer o funcionamento do sistema, de acordo com a NR-10,


deve-se obedecer a seguinte sequência de ações:

a) retirada das ferramentas, utensílios e equipamentos;

b) retirada da zona controlada de todos os trabalhadores não envolvidos no


processo de reenergização;

c) remoção do aterramento temporário, da equipotencialização e das


proteções adicionais;

d) remoção da sinalização de impedimento de reenergização;

e) destravamento, se houver, e religação dos dispositivos de seccionamento.

2.5.3 Segurança em Trabalhos em Altura

Seja o acesso feito por escada ou andaime, todo o trabalhador, segundo o


ministério do trabalho através da sua NR-35, que executar suas atividades em alturas
iguais ou superiores a 2 metros do nível inferior onde haja risco de queda deverá ser
treinado, com renovação bienal e carga horária mínima de 8 horas, para tal atividade.

Esta condição representa a maioria dos casos onde são instalados os sistemas
de geração fotovoltaico.

O treinamento capacita o trabalhador para executar atividades em altura,


apresentando os riscos, equipamentos de proteção individual e coletiva, análise
preliminar de riscos, entre outros assuntos relevantes para esta atividade.

É de extrema importância a adoção das medidas de prevenção estabelecidas


na NR 35 em todos as etapas de execução dos trabalhos.
2.5.4 Segurança em Trabalhos na Construção Civil

A NR-18 define aspectos gerais de atividades na indústria da construção civil.


Segundo a mesma normativa, é proibido o ingresso ou a permanência de
trabalhadores em canteiro de obra da construção civil sem que estejam assegurados
pelas medidas previstas pela normativa. Isso significa que, mesmo que o trabalhador
necessite apenas de poucas horas ou de alguns dias para executar a instalação um
sistema de geração fotovoltaico, o mesmo deverá atender às medidas prevencionista
que lhe diz respeito, em relação à NR 18.

Dentre os itens da norma observáveis por profissionais de instalação de


sistemas fotovoltaicos, pode-se citar:

Item Descrição
18.12 Escadas, Rampas e Passarelas
18.13 Medidas de Proteção contra Quedas de Altura
18.14 Movimentação e transporte de materiais e pessoas
18.15 Andaimes e Plataformas de Trabalho
18.18 Telhados e Coberturas
18.21 Instalações Elétricas
18.22 Máquinas, Equipamentos e Ferramentas diversas
18.23 Equipamentos de Proteção Individual
18.24 Armazenagem e Estocagem de Materiais
Transporte de Trabalhadores em Veículos
18.25
Automotores
18.26 Proteção Contra Incêndio
18.27 Sinalização de Segurança
18.28 Treinamento
18.29 Ordem e Limpeza

Os itens citados acima são detalhados pela NR 18, disponível para consulta
no site do ministério do trabalho e previdência social.

Poderá haver necessidade de atender outros itens além dos citados acima,
mediante orientações de profissionais da saúde e segurança do trabalho.
2.5.5 Ergonomia

Os aspectos ergonômicos são de extrema relevância para as atividades de


instalação de sistemas fotovoltaicos. O manuseio de cargas como módulos,
inversores, kits de ferramentas, cabos elétricos e entre outros provocam adoecimento
dos trabalhadores, considerando jornadas de trabalho com carga horária comercial e,
também, a postura e os movimentos biomecânicos realizados durante as atividades
(Ex.: Movimento de cargas em cima de telhados com declive acentuado, postura em
cima de forros com telhados baixos, postura e movimentação de carga em cima de
escadas e etc.).

É necessário sempre observar as questões ergonômicas evitando o máximo


possível os esforços físicos desnecessários e posições de desconforto.

Em questões ideais, faz-se uma análise ergonômica da atividade e define-se


os melhores métodos de redução de danos à saúde dos trabalhadores.

A norma regulamentadora, do ministério do trabalho, que aborda questões


ergonômicas é a NR-17.

2.6 VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO E DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA

No diagrama mostrado na Figura 46, é apresentado a sequência de etapas


organizados na estrutura de um fluxograma, onde são considerados quatro etapas:
prospecção, dimensionamento, instalação e comissionamento.
Figura 46 - Fluxograma do dimensionamento de um SFCR

Fonte: Os autores (2018)

O primeiro procedimento consiste em efetuar uma visita técnica ao local a fim


de escolher a área mais apropriada para a instalação do sistema fotovoltaico, além
disso deve-se coletar e preencher informações da visita em um documento (checklist)
contendo os dados relativos às especificações para o sistema, como:

• Fatura de energia
• Localização exata da unidade consumidora
• Média de consumo em kWh/mês
• Classe de Consumo
• Padrão de conexão com a rede
• Características da superfície de instalação (orientação e inclinação)
• Quadros elétricos
• Comprimentos dos cabos elétricos
• Sombreamento, entre outros.

2.6.1 Custo de Disponibilidade

O custo de disponibilidade, ou taxa mínima, é o valor cobrado pelas


concessionárias por disponibilizar a energia elétrica no ponto de consumo. Afinal,
providenciar toda a infraestrutura elétrica e garantir o fornecimento energético
certamente tem um custo. Assim, mesmo que não exista qualquer consumo de
energia, a disponibilidade de energia precisa ser ressarcida.

Conforme o art. 98° da Resolução 414/2011 da ANEEL, é o valor mínimo


faturável, aplicável ao faturamento de unidades consumidoras do Grupo “B”, de
acordo com os limites fixados por tipo de ligação:

• Monofásica: valor em moeda corrente equivalente a 30kW/h;


• Bifásica: valor em moeda corrente equivalente a 50kW/h;
• Trifásica: valor em moeda corrente equivalente a 100kWh.

Caso o consumidor apresente um consumo mensal inferior à quantidade


mínima aplicável, ele pagará pelo custo disponibilidade, cujo valor corresponderá à
quantidade de energia multiplicada pela tarifa.

2.6.1.1 Identificando o custo de disponibilidade

Para saber qual é o seu tipo de padrão de conexão, verifique a sua conta de
energia. Na Figura 47, há um exemplo de uma fatura de energia da CELESC:
Figura 47 - Fatura de Energia CELESC

Fonte: Os autores (2018)

Como a fatura de energia acima tem padrão trifásico, o custo de disponibilidade


a ser considerado corresponde a 100kWh/mês. Levando em conta que a classe é
residencial e a tarifa é de R$0,65/kWh, podemos considerar que, mesmo que o
consumidor acima não utilize energia elétrica no mês, deverá pagar R$65,00 à
concessionária.

2.6.1.2 Relação entre Custo de Disponibilidade x Sistema Fotovoltaico

A legislação que rege os sistemas de Geração Distribuída, nos quais se


enquadra a geração de energia solar fotovoltaica, impossibilita eliminar o custo de
disponibilidade conta de energia.

O item I do Artigo 7 diz claramente que:

I – Deve ser cobrado, no mínimo, o valor referente ao custo de


disponibilidade para o consumidor do grupo B, ou da demanda contratada para
o consumidor do grupo A, conforme o caso; (Redação dada pela REN ANEEL
687, de 24.11.2015.)

Desta forma, mesmo que um sistema fotovoltaico gere muito mais energia do
que for consumido, o consumidor ainda terá que pagar a taxa mínima de acordo com
seu padrão específico, o que impede que a conta venha “zerada”.

É importante que este fato seja considerado pelo responsável do projeto, pois
o mesmo deve garantir que todos os estudos e simulações ocorram das expectativas
de geração de energia e que o consumidor final não irá adquirir um sistema maior do
que o necessário para suprir todo o percentual de sua conta de energia que pode
realmente ser abatido pela geração distribuída.

2.7 DIMENSIONAMENTOS

Com os dados preliminares necessários para iniciar o projeto do sistema


fotovoltaico, o projetista deve realizar uma série de estudos avaliando os impactos de
sombreamento, características elétricas, mecânicas entre outros.

2.7.1 Dimensionamento de Potência do Sistema

Considerando que a fatura de energia mostrada na Figura 47, possui rede


trifásica, sendo o valor da tarifa R$0,65/kWh e seu consumo é em média 750kWh/mês
nos últimos 12 meses. Para dimensionar um sistema eficiente, que irá suprir as
necessidades do consumidor sem “desperdiçar” energia gerada, é necessário
considerar o Custo de Disponibilidade.

Assim, ao invés de 750kWh/mês, o sistema deverá ser projetado para


gerar 650kWh/mês, ou seja, o consumo médio real menos o valor referente ao Custo
de Disponibilidade, que não pode ser eliminado.

O site SWERA (2018), apresenta os índices médios de irradiação para


qualquer localidade do planeta. Supondo que o sistema será instalado em uma região
onde o índice de irradiação médio é de 5,05 kWh/m²/dia.

Para transformar o consumo que está medido em um mês, para o consumo


médio de um dia basta dividir a grandeza “mês” por 30, e teremos o consumo em
“dia”, conforme Equação 1:

𝐶𝑚
𝐶𝑑 = Eq. 1
𝑁𝑑

Onde:

𝐶𝑑 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 (Wh/dia)


𝐶𝑚 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑀𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 (Wh/mês)

𝑁𝑑 = 𝑁𝑢𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝑒𝑚 𝑢𝑚 𝑚ê𝑠

Substituindo os valores tem-se:

750
𝐶𝑑 =
30

𝐶𝑑 = 𝟐𝟓 kWh/dia

2.7.2 Dimensionamento do inversor

Deve-se levar em consideração o consumo de energia diário (Cd) local e


o do índice de irradiação média. Além disso, faz-se necessário conhecer, ou estimar,
a eficiência dos diversos componentes e perdas do sistema - painéis, inversores,
cabos, sombreamentos. Para o dimensionamento do inversor será estipulada uma
eficiência global de 85%. Para isso usaremos a equação 2, descrita abaixo:

𝐶𝑚 Eq. 2
𝑁𝑒 =
𝐸𝑓 × 𝑀𝑖

Onde:

𝑁𝑒 = 𝑁𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑒𝑚 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎

𝐶𝑚 = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎 − 𝑒𝑚 𝑊ℎ/𝑑𝑖𝑎

𝐸𝑓 = 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎

𝑀𝑖 = 𝑀é𝑑𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑠𝑜𝑙𝑎çã𝑜 𝑑𝑜 𝑙𝑜𝑐𝑎𝑙 𝑝𝑜𝑟 𝑑𝑖𝑎 − 𝑊ℎ/𝑚²/𝑑𝑖𝑎

Assumindo que os sistemas fotovoltaicos têm uma eficiência de


aproximadamente 85%, tem-se:

25
𝑁𝑒 = 0,85∗5,05 = 5,82 ≅ 6,0

𝑁𝑒 = 𝟔, 𝟎 𝒌𝑾

Desta forma, o sistema deve atender da demanda de consumo necessário


para a residência.
2.7.3 Quantidade dos Módulos Fotovoltaicos

A quantidade utilizada varia em função da potência de cada módulo. Em


virtude do custo unitário e da área utilizada, é recomendável a utilização de módulos
comerciais de maior potência. Para este exemplo será utilizado os módulos
monocristalinos com potência de 275Wp. A seguir é utilizada a equação 3:
𝑁𝑒
𝑄𝑚 = Eq. 3
𝑃𝑚

Onde:

𝑄𝑚 = 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

𝑁𝑒 = 𝑁𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑔𝑒𝑟𝑎𝑑𝑎

𝑃𝑚 = 𝑃𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

Substituindo os valores tem-se:

6000
𝑄𝑚 = = 21,8 ≅ 22
275

𝑄𝑚 = 𝟐𝟐

Assim, para um sistema que demanda uma geração de 6000 Watts,


deveremos utilizar 22 módulos fotovoltaicos com potência já indicada anteriormente.

2.8 PROJETO

O projeto da instalação elétrica para integrar o microgerador, nova ou reforma,


deve ser realizada por profissional capacitado e habilitado para atuar na área da
eletricidade, ou seja, deve haver um responsável técnico para emitir a Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART) e solicitar a aprovação do projeto na concessionária
de energia local.

2.8.1 Documentos necessários para a solicitação de acesso de um sistema de


microgeração
São necessários os seguintes documentos: Formulário de Solicitação de
Acesso, ART de Projeto do Responsável Técnico pelo projeto, Diagrama Unifilar das
instalações e Memorial Descritivo contendo dados do e dos demais equipamentos
(Módulos, DPS, disjuntores, cabeamentos, etc).

É importante observar as legislações da concessionária local e não serão


analisadas solicitações de acesso sem a apresentação da ART.

2.9 INSTALAÇÃO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO

Figura 48 - Sistema fotovoltaico instalado

Fonte: Google (2018)


2.9.1 Fluxograma das atividades de instalação

Figura 49 - Fluxograma de instalação

Fonte: Os autores (2018)

O processo de instalação do sistema fotovoltaico requer várias ações antes,


durante e no término da instalação. Todas essas questões são fundamentais para
garantir a qualidade da obra. Na Figura 49, temos o fluxograma exemplificando as
recomendações corretas do passo a passo da execução da obra.

De maneira geral, o projeto de instalação é composto por: Layout e


localização do sistema, estrutura mecânica e projeto elétrico (quadro e diagramas
elétrico do sistema). A equipe responsável pela instalação deve estar de posse
desses documentos durante a execução da obra, pois eles nortearão o
desenvolvimento do trabalho. Além destes documentos, o responsável pela obra
também deverá disponibilizar a lista de material necessário.

A seguir exemplos de um projeto executivo completo de um sistema


fotovoltaico:
• Layout e Localização do Sistema Fotovoltaico:

Figura 50 - Layout de Localização

Fonte: Os autores (2018)


• Estrutura Mecânica:

Figura 51 - Estrutura Mecânica: Perfis e Fixação

Fonte: Os Autores (2018)


Figura 52 - Estrutura Mecânica: Suportes e detalhes construtivos

Fonte: Os autores (2018)


• Diagrama Elétrico e Montagem dos Quadros Elétricos de Proteção:

Figura 53 - Diagrama Elétrico

Fonte: Os autores (2018)


2.9.2 Instalação Mecânica

A instalação mecânica dependerá de diferentes variáveis, conforme escopo


apresentado abaixo:

Figura 54 - Escopo mecânico

Fonte: Os autores (2018)

A seguir, maiores detalhes sobre a instalação do sistema.

➢ VERIFICAR LAYOUT
Com o projeto “Layout e Localização” em mãos observar os seguintes
detalhes:
✓ TELHADO DA RESIDÊNCIA É IGUAL AO LAYOUT?
Caso o telhado seja igual ou muito próximo do desenhado no “Layout e
Localização” seguir com a instalação.

Caso o telhado seja diferente, verificar se está com o projeto correto em mãos,
caso esteja, entrar em contato com o responsável pelo projeto. No caso de
necessidade de ajustes, aguardar as novas orientações para dar seguimento à
instalação.

✓ QUAL A ORIENTAÇÃO DOS MÓDULOS?

Módulo em Retrato (linha) Módulo em Paisagem (coluna)

OBS: O Módulo em geral possui dimensões de 991mm de largura e 1650mm


de comprimento. A distância entre módulos é de 20mm.

✓ EM QUANTOS TELHADOS O SISTEMA SERÁ INSTALADO?

Único Telhado Dois telhados Três telhados


✓ O SISTEMA É FORMADO DE LINHAS DE QUANTOS MÓDULOS?

LINHA DE 1 MÓDULO

LINHA DE 2 MÓDULOS

LINHA DE 3 MÓDULOS

LINHA DE 10 MÓDULOS

No exemplo abaixo temos um sistema de 10 módulos formado de 1 linha de 4


módulos e 1 linha de 6 módulos.

LINHA DE 4 MÓDULOS
LINHA DE 6 MÓDULOS

✓ PERFIS SOLARES
Os perfis solares servem como base para fixação dos painéis solares no
telhado.

Figura 55 - Perfis solares

Fonte: Os autores (2018)


Figura 56 - Módulos posicionados e fixados

Fonte: Os autores (2018)

✓ CORTE DOS PERFIS


Para instalação dos sistemas serão utilizadas as seguintes peças
padronizadas de perfil solar (medidas em milímetros):

Figura 57 - Dimensões dos perfis

P1 1090
P2 2100
P3 3100
P4 1030
P5 2065
Fonte: Os autores (2018)

A Figura 58 mostra as peças e quantidades para o número de módulos por


linha.

Figura 58 - Número de módulos por tipo de peça

N° de Módulos por Linha


Peças
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
P1 2
P2 2
P3 2 2 2 4 4 4 6 6
P4 2 2 2
P5 2 2
Fonte: Os autores (2018)

Exemplo:

A figura mostra um sistema formado de 2 linhas de 2 módulos e 2 linhas de 3


módulos.

Analisando a Figura 58 acima, percebe-se que para uma linha de 2 módulos


precisamos de duas peças P2, como o sistema do exemplo possui 2 linhas de 2
módulos, precisamos de 4 peças P2. Novamente analisando a tabela, para uma linha
de 3 módulos precisamos de 2 peças P3, como são duas linhas precisamos de 4
peças P3.

Resumindo, para o exemplo da imagem será necessário:

4 peças P2
4 peças P3

OBS: Quando for possível, utilizar sobras de corte para criar as peças.

➢ ALOCAR LAYOUT NO TELHADO


Com o “Layout e Localização” em mãos vamos alocar os pontos de referência
no telhado. A marcação pode ser feita com caneta hidrográfica de marcação.

✓ CASO SEJA ALINHADO PELO CENTRO DO TELHADO


1 – Primeiro passo: Encontrar e marcar a linha de centro do telhado, para isso
basta medir o comprimento do telhado e dividir pela metade.
2 – Segundo passo: Realizar as medidas e marcar os pontos de fixação dos
arranques.

Figura 59 - Exemplos de layout

Ponto marcado no
telhado

Fonte: Google (2018)

Continuar até que todos os pontos estejam marcados no telhado.

✓ CASO SEJA ALINHADO PELA BORDA DO TELHADO


Com o “Layout e Localização” em mãos marcar as medidas do documento no
telhado.
Figura 60 - Exemplos de layout

Fonte: Google (2018)

Continuar até que todos os pontos sejam marcados no telhado.

➢ ALOCAR ARRANQUES
1 – Primeiro passo: Verificar qual o tipo de estrutura do telhado.

✓ ESCOLHER O ARRANQUE
Gancho: Aplicação em telhado cerâmico
Figura 61 – Gancho

Fonte: Google (2018)

Fixação na madeira: Utilizar no mínimo dois parafusos N°6 com rosca para
madeira.

Fixação em metal: Utilizar no mínimo dois parafusos M6 ou M8, atravessar o


“caibro” colocar arruela, arruela de pressão e porca.

Vedação: Observar o correto encaixe da telha, se necessário utilizar PU para


vedação.

Parafuso: Aplicação em telhados diversos.


Figura 62 - Parafuso

Fonte: Google (2018)

Fixação na madeira: Fixar diretamente no caibro. Verificar a necessidade de


reforço no caibro.

Fixação em metal: Esse parafuso não pode ser fixado em “caibros” de metal,
utilizar barra roscada.

Vedação: Cuidar para a borracha de vedação ficar firme sobre a telha, mas
não apertar muito.

Barra Roscada: Aplicação em estrutura metálica onde a telha possa ser


furada.
Figura 63 - Barra roscada

Fonte: Google (2018)

Fixação: Furar telhado e “caibro” metálico inteiro, utilizar porca e arruela na


parte de cima do “caibro” na parte de baixo, utilizar arruela lisa juntamente com a
arruela de pressão e a porca.

Vedação: No furo do telhado vedar com fita asfáltica e PU, utilizar porca e
arruela na parte superior da telha para acabamento.

✓ N° DE ARRANQUES POR LINHA


Ver na tabela abaixo quantos arranques serão necessários para execução do
projeto.

Figura 64 - Numero de arranques em relação ao número de módulos

Mód. por Linha N° Arranques


1 4
2 4
3 6
4 6
5 8
6 8
7 10
8 10
9 12
10 12
Fonte: Os autores (2018)

Exemplo: Sistema formado por duas linhas de 5 módulos usará um total de 8


+ 8 (16) arranques, já um sistema formado por uma linha de 4 módulos e outra de 6
usará um total de 6 + 8 (14) arranques.
✓ COMO DISTRIBUIR OS ARRANQUES

• O perfil solar deve ficar aproximadamente 300mm da borda do módulo;


• A partir da marcação dos pontos do telhado medir ~300mm para dentro
para estimar a posição dos arranques;
• Buscar distribuir os arranques da forma mais uniforma possível;
• Deixar máximo de 500mm do perfil solar em balanço;
• Distância máxima entre arranques de 1700mm.

Figura 65 - Posição dos módulos e guia dos arranques

Posição Módulo e Perfil Linha Guia dos Arranques

Fonte: Google (2018)

Figura 66 - Distribuição dos arranques

Distribuição dos Arranques Distância entre Arranques Perfil Solar em Balanço


Fonte: Google (2018)
➢ FIXAR PERFIS NOS ARRANQUES

✓ EMENDAR OS PERFIS SOLAR


Quando realizar a emenda observar o espaçamento entre os perfis que deve
ser de aproximadamente 10mm.

Figura 67 - Sequencia para emendas de perfis

1 2 3

Fonte: Google (2018)

✓ POSICIONAR E FIXAR OS PERFIS SOLAR


Quando colocar os perfis solares no telhado observar se esses estão
alinhados, observar para que haja uma sobra de perfil dos dois lados para a fixação
das presilhas.

Fixar os perfis com o parafuso cabeça de martelo M10 e porta auto-travante.


Por fim apertar a porca firmemente com chave adequada.

Figura 68 - Fixação de perfis

Fonte: Google (2018)


➢ ATERRAMENTO DA ESTRUTURA

• Cabo de aterramento
• Conexão entre linhas de módulos
• Conexão com caixa CC
• Caso sistema instalado em um único telhado
• Caso sistema instalado em dois ou mais telhados

Figura 69 - Conexão de aterramento nas estruturas

Fonte: Google (2018)

➢ INTERCONEXÃO DOS MÓDULOS


A interconexão dos módulos, ou seja, a ligação elétrica entre os módulos, é
realizada no momento do posicionamento dele no telhado antes da fixação mecânica.
Essa etapa da instalação acontece ao mesmo tempo que a instalação dos módulos.
Para instalação observar os seguintes passos:

- Com o “Layout e Localização” em mãos observar a orientação da caixa de


junção do módulo, se está para cima ou para baixo;

- Coloque os módulos com a caixa de junção na mesma orientação que o


projeto e faça a conexão dos módulos de acordo com o “Layout e Localização”;

- Mantenha os cabos positivos e negativos sempre paralelos e juntos;

- Fixar os cabos na estrutura com abraçadeira resistente a UV, NÃO deixar os


cabos soltos no telhado ou muito esticados.
Figura 70 - Interconexões dos módulos

Exemplo de Layout Exemplo Instalação Ex. Fixação dos Cabos

Fonte: Google (2018)

➢ INSTALAÇÃO DOS MÓDULOS


Para a instalação dos módulos seguir os seguintes passos:

- Colocar a presilha de borda/externa nos dois perfis que o módulo será fixado
deixando um pouco de perfil sobrando, aproximadamente 30mm;

- Colocar o módulo rente a presilha externa cuidando para que fique


centralizado com os perfis, observar o espaçamento entre a outra linha de
20mm;

- Após posicionar e alinhar o módulo, colocar a presilha interna e ajustar para


ficar rente ao módulo, seguir posicionando módulo e presilha até terminar a
linha, por fim botar a presilha externa do lado oposto;

- Com todos os módulos e presilhas colocados, ajustar o alinhamento e realizar


o aperto dos parafusos. Garantir para que nenhuma presilha fique solta e que
não sejam apertadas de mais.
Figura 71 - Fixação e posicionamento dos módulos

Fonte: Google (2018)

➢ FIXAÇÃO DOS QUADROS E INVERSOR

✓ ESCOLHA DO LOCAL DE INSTALAÇÃO


- O local de instalação do inversor deve ter uma área livre de no mínimo
1100x620mm;

- O inversor NÃO deve ser instalado em local onde o sol bata diretamente;

- O Inversor NÃO deve ser instalado em local onde pegue chuva direta;

- Em caso de instalação de mais inversores, NÃO instalar um inversor acima


do outro;

- O inversor NÃO pode ser instalado em paredes inclinadas ou torto;

- Respeitar a distância mínima de 150mm acima, 100mm dos lados e 200mm


abaixo do inversor, NÃO pode haver nada a essa distância do inversor;

- O inversor deve ficar em local de fácil acesso, em ambiente com circulação


de ar.
Figura 72 - Posicionamento do inversor

Fonte: ABB (2018)

2.9.3 Instalação Elétrica

A instalação elétrica do sistema fotovoltaico possui uma série de etapas


essenciais para o funcionamento correto do sistema. Veja a seguir:
Figura 73 - Etapas da montagem elétrica

Fonte: Google (2018)

➢ ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE OU PARALELO


Os módulos poderão ser associados em série ou paralelo dependendo das
características do sistema, como por exemplo número de módulos, potência e
característica do inversor.

Ligações Série: Soma-se tensão / Mantém corrente

Figura 74 – Ligações em Série

Fonte: Google (2018)


Ligações Paralelo: Soma-se corrente / Mantém tensão

Figura 75 – Ligações em Paralelo

Fonte: Google (2018)

➢ CRIMPAGEM
A ferramenta básica para crimpar os cabos é o alicate de crimpagem. Ele
"esmaga" os contatos do conector MC4, fazendo com que eles entrem em contato
com os fios do cabo.
Figura 76 – Alicate Prensa MC4

Fonte: Google (2018)

➢ CABEAMENTOS
Os lançamentos dos cabos devem seguir as seguintes recomendações,
conforme figuras abaixo:

Figura 77 – Cabeamento das Strings

Fonte: Google (2018)


Figura 78 – Exemplos de conexão das Strings

Fonte: Google (2018)

➢ PROTEÇÕES
Os componentes dos sistemas de proteção já foram abordados anteriormente
com maior detalhamento. Abaixo demostramos nas figuras a aplicação dos dois tipos
de proteção, um para CC (corrente continua) e outro para CA (corrente alternada):

Figura 79 – Inversor e Sistemas de Proteção

Fonte: Google (2018)


Figura 80 – Quadro Elétrico CA

Fonte: Google (2018)

Figura 81 – Quadro Elétrico CC

Fonte: Google (2018)


➢ COMISSIONAMENTO

O comissionamento do sistema fotovoltaico é a última e mais importante etapa


da instalação elétrica, pois através dele é possível verificar se o sistema está apto a
operar. A seguir suas etapas básicas:

• Verificar se o inversor e os quadros estão bem fixados


• Verificar se todas as conexões estão corretas e firmes
• Medir a tensão dos módulos
• Medir a tensão CA no quadro do cliente
• Energização do sistema
• Verificar acionamento do inversor
• Medir tensão e corrente na saída do inversor

✓ Equipamentos básicos para o Comissionamento/Manutenção

• Multímetro
• Alicate Amperímetro
• Megômetro / Caixa de Curto
Circuito
• Câmera Termográfica
• Traçador de Curvas IxV
• Analisador de rede elétrica
• Terrômetro

O sistema estando apto para o operar, a concessionária de energia deve


ser avisada para que seja realizada a vistoria. Enquanto isso o sistema deve
permanecer desligado.

Na vistoria, a concessionaria realiza os testes conforme normativas e estando


de acordo com os requisitos técnicos, é realizada a substituição do medidor existente
para um medidor bidirecional. A partir deste momento o sistema poderá entrar em
operação.

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