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Value at

š Risk
Asset Allocation

Dr. Andrea Ugolini

29 de Março de 2019

Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

email: andreaugolini@me.com

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Outline

1 Primeira Parte

2 Vale-at-Risk

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Primeira Parte

Primeira Parte

Definição: Asset allocation e portfólio

Definição: Profit & Loss, rendimentos simples e logarı́tmicos

Distribuição Profit & Loss

Medidas de risco sintético: Value at Risk, Expected Shortfall

Medir o VaR
Simulação histórica
Metodo normal

Estimar o VaR e avaliar a precisão da estimativa.

O Problema da agregação temporal.

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Vale-at-Risk

Vale-at-Risk: Definição
Definição de Value-at-Risk
Para um determinado horizonte de tempo e um definido nı́vel de confiança α (por
exemplo, 95%), o Valor ao Riscoα é aquele nı́vel de perda para o qual a
probabilidade de ter perdas maiores que VaR no horizonte de tempo definido é
igual a 1 − α:
 

P r P (t) − P (T ) > V aRα (t, T )|Ft  = 1 − α


| {z }
Perdas

O VaR responde então à pergunta: como as coisas podem dar ruins com uma
probabilidade (1 − α)% para um determinado horizonte de tempo?
Nos modelos internos das empresas de gestão, os valores tı́picos do nı́vel de
probabilidade são 95% e 99%.
O horizonte de tempo tı́pico para fundos de pensão é de 1 ano, enquanto
para posições de negociação (trading) è de 1 dia ou 10 dias.
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Vale-at-Risk

Exemplo

Considere uma posição financeira com um valor atual conhecido.


Obviamente, o valor futuro da posição não é conhecido hoje.
Se afirmarmos que a posição tem um VaR de 1 dia de 6 milhões de Reais ao
nı́vel ao nı́vel de confiança de 95%, isso significa que podemos esperar com
uma probabilidade de pelo menos 95% que a carteira perderá um máximo de
6 milhões de Reais durante um perı́odo de 1 dia ou, com uma probabilidade
de mais de 5%, a carteira pode perder 6 milhões de Reais ou mais em um dia.
Uma vez definido o nı́vel de confiança (95%) e o horizonte de tempo (1 dia),
tentamos determinar a perda máxima (Valor ao Risco) correspondente a esse
nı́vel de confiança.

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Vale-at-Risk

Interpretação Estatı́stica

Nas expressões anteriores, F representa a informação disponı́vel no tempo t.


Mais adiante, se não for estritamente necessário, suprimiremos a dependência
de Ft . Se Ft for relevante, falaremos sobre o VaR condicional.
Em termos probabilı́sticos, o cálculo do VaR requer a determinação do
percentil no nı́vel 1 − α associado à distribuição probabilı́stica das perdas.
De uma forma equivalente −V aRα é o quantil no nı́vel 1 − α da distribuição
de P&L

P r (P &L(t, T ) < −V aRα (t, T )) = 1 − α


Então, se FP &L é a função de distribuição cumulativa do P&L, o V aRα é
uma solução para a equação

FP &L (−V aRα (t, T )) = 1 − α


As metodologias de estimação de VaR diferem nos métodos de estimativa da
função de alocação de FP &L .

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Vale-at-Risk

Distribuição P&L e VaR

Figure 1 Profit-loss distribution and VaR

P ro fit- loss d istribu tio n

L oss P rofit

α
1 00α pe rc e n tile

VaR

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Vale-at-Risk

Significado do VaR

Um gerente de portfólio tem um VaR diário de 6 milhões de reais com 99%


de confiança.
Isso significa que há apenas uma chance em 100 de uma perda diária maior
que 6 milhões de reais, sob condições normais de mercado.
Em outras palavras, 6 milhões de reais representam o capital que deve ser
reservado para ser coberto por qualquer perda possı́vel com um determinado
nı́vel de confiança no horizonte de tempo predeterminado.
O uso do VaR como uma ferramenta de gerenciamento de risco tem sido
muito bem-sucedido, especialmente pela aparente facilidade de cálculo.

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Vale-at-Risk

Significado do VaR

No entanto, tem alguns limites teóricos. Entre estes:


Não é uma medida de risco coerente, isto é, não satisfaz algumas
propriedades que uma medida de risco deve satisfazer.
Não diz nada sobre a distribuição dos retornos que caem nas caudas.
A partir da definição, fica claro que o VaR depende de
nı́vel de confiança
horizonte de temporal

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Vale-at-Risk

Nı́vel de confiança

O nı́vel de confiança depende do uso que é feito de VaR:


para comparar os riscos em diferentes mercados, o que importa é a
consistência do nı́vel de confiança para as mesas de operações (trading
desk) ou ao longo do tempo.
para determinar os requisitos de capital, é necessário usar um alto nı́vel
de confiança
Infelizmente, quanto maior o nı́vel de confiança, mais crı́tica se torna a
estimativa do VaR.

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Vale-at-Risk

Nı́vel de confiança

A escolha do horizonte de tempo é determinada pelo tempo necessário para


desinvestir a posição (diferentes sub-portfólios podem exigir diferentes
horizontes)

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Vale-at-Risk

Uso do VaR

Por que é importante calcular o VaR de uma posição?


Essencialmente por duas razões
medir sinteticamente o risco da posição
determinar reservas de capital
O Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, por exemplo estabeleceu o
chamado mandatory required capital RCt em um nı́vel diferente do VaR mas
definido como:

RCt =
  60  !
10 ω 1 X h 10 − h
= max V aR t, t + ,3 × × V aR t − ,t +
250 8 60 250 250
h=1

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Vale-at-Risk

Uso do VaR

RCt =
  60  !
10 ω 1 X h 10 − h
= max V aR t, t + ,3 × × V aR t − ,t +
250 8 60 250 250
h=1

A fórmula procura:
ter em conta um possı́vel erro de estimativa do VaR através da
introdução de um factor multiplicativo de 3,
evitar variações erráticas no RCt considerando uma média do VaR dos
60 dias anteriores, em qualquer caso, tendo em vista a possibilidade de
variações inesperadas do mercado;
Incentivar os bancos a estimar com precisão a exposição, introduzindo
um parâmetro de gatilho ω que depende da precisão ex–post do VaR (ω
pode variar entre 8 e 25).

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Vale-at-Risk

Uso do VaR

Por que é importante que o VaR seja estimado com precisão?


O Subestimação do VaR: pressões de supervisão, garantias de custos,
etc.
O VaR superestima: custos altos

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Vale-at-Risk

VaR: Advertências
VaR: Caveats
O VaR
Il VaRnão
nondescreve
descrive laa massima
perda máxima possı́vel.
perdita possibile.

Jorion, FRM, 2003

c
G. Fusai ! (SEMEQ) VaR e Expected Shortfall Asset Allocation 25 / 37
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Vale-at-Risk

VaR: Advertências
VaR: Caveats

O VaR nãonon
Il VaR descreve
descriveas
le perdas na cauda
perdite nella esquerda
coda sinistra della da distribuição.
distribuzione.

Jorion, FRM, 2003

c
G. Fusai ! (SEMEQ) VaR e Expected Shortfall Asset Allocation 26 / 37
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Vale-at-Risk

VaR: Advertências
VaR: Caveats
O VaR é medido com um erro devido a amostragem estatı́stica.
Il VaR viene misurato con un errore dovuto al campionamento statistico.
O erro
Líerroremaior
é quanto
Ë tanto maior
maggiore o nı́vel
quanto de confiança
maggiore α.
il livello di conÖdenza a.

Distribuzione del VaR al variare del livello di conÖdenza.


Distribuição do VaR com a variação do nı́vel de confiança.
c
G. Fusai ! (SEMEQ) VaR e Expected Shortfall Asset Allocation 27 / 37

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Vale-at-Risk

VaR: Advertências
VaR: Caveats
O VaR é medido com um erro devido a amostragem estatı́stica.
Il VaR viene misurato con un errore dovuto al campionamento statistico.
O erro é maior
Líerrore Ë tantoquanto menor
maggiore a minore
quanto larguraË da amostra.
líampiezza campionaria.

Distribuzione del VaR al variare dellíampiezza campionaria.


Distribuição do VaR com a variação do tamanho da amostra.
c
G. Fusai ! (SEMEQ) VaR e Expected Shortfall Asset Allocation 28 / 37

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Vale-at-Risk

Um problema com o VaR

A agregação de duas posições deve ter o efeito de reduzir ou, ao mesmo


tempo, deixar o risco total inalterado.
Isso não acontece se o VaR for considerado uma medida de risco. Pode
acontecer que você dê duas posições de risco X e Y então

V aRX+Y > V aRX + V aRY


Diz-se que o VaR viola a propriedade da subaditividade.
Uma medida de risco consistente ρ deve satisfazer

ρ(X + Y ) 6 ρ(X) + ρ(Y )


Ou seja, o VaR é uma medida de risco não coerente: pode, portanto,
aumentar à medida que os riscos diminuem.

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Vale-at-Risk

medida de risco coerente


Seja X e Y duas carteiras e seja p uma medida de risco.
A medida de risco é chamada coerente se satisfizer as seguintes propriedades:
1. Monotonia
Y > X ⇒ ρ(Y ) 6 ρ(X);
2. Subaditividade
ρ(X + Y ) 6 ρ(X) + ρ(Y );
3. Homogeneidade positiva
ρ(λX) = λρ(X), seλ > 0;
4. Invariância translacional
ρ(X + c) = ρ(X) − c, para cada quantidade c.
O VaR não é uma medida de risco coerente porque não satisfaz o axioma da
subaditividade.
Uma medida de risco coerente é o chamado Expected Shortfall (Queda
esperada) ou também CVAR (conditional VaR)
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Vale-at-Risk

Observações

Embora o VaR não seja uma medida de risco coerente, torna-se assim sob a
hipótese de retornos normais.
Além disso, veja Gourieroux, Laurent e Scaillet (2000)1 , isso também é
verdade para muitas das distribuições encontradas na prática.
Os axiomas da homogeneidade e da subaditividade, apesar de plausı́veis,
muitas vezes não são satisfeitos na prática.
Isso acontece quando o preço por ação depende das quantidades
processadas (por exemplo, diminui com a quantidade para as posições
que se pretende liquidar, especialmente em situações crı́ticas de
mercado).
Em teoria, a introdução de medidas coerentes pelas autoridades poderia
incentivar a fusão entre bancos com efeitos não competitivos e o aumento
dos riscos.

1 Gourieroux, C., Laurent, J. P., & Scaillet, O. (2000). Sensitivity analysis of values at risk.

Journal of empirical finance, 7(3-4), 225-245.


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Vale-at-Risk

Expected Shortfall e VaR

O VaR (1 dia) de uma carteira é a perda máxima que pode ser incorrida em
um dia em 95% dos melhores casos.
O ES (1 dia) de uma carteira é a perda média que a carteira pode sofrer em
um dia em 5% dos piores casos.

ES = a média dos piores casos


VaR = o melhor dos piores casos

Ao contrário do VaR, o ES satisfaz sempre a condição de subaditividade.

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Vale-at-Risk

Expected Shortfall, VaR e distribuição da P&L


age of worst x% losses → expect
Profit and Loss Distribution

ES
VaR

vantages: tail sensitivity, subadditivity (→


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Vale-at-Risk

Expected Shortfall

Definição de Expected Shortfall


O Expected Shortfall é a média das 1 − α piores perdas:

ESα = −E (P &L(t, T )|P &L(t, T ) < −V aRα (t, T ))


Se a densidade do P&L for contı́nua, então:
R −V arα (t,T )
xfx (x)dx
Z −V arα (t,T )
1
ESα (t, T ) = − Z−∞
−V ar
=− xfx (x)dx
α (t,T ) 1−α −∞
fx (x)dx
−∞
| {z }
P r(P &L<−V aRα )

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Vale-at-Risk

Expected Shortfall

Através de uma mudança de variável (Fx (x) = y), é possı́vel reexpressar o


Expected Shortfall como a média dos quantis abaixo do nı́vel de confiança
Z 1−α
1
ESα (t, T ) = −V ars (t, T )ds
1−α −∞

Se a distribuição é discreta, usando as estatı́sticas de ordem X1 , X2 , . . . , Xn


temos o equivalente discreto
[n(1−α)]+1
1 X
ESα (t, T ) = (−X([jα]+1 )
1−α j=0

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Vale-at-Risk

Expected Shortfall e VaR

Quanto pode o ESα diferir comparado ao V aRα (t, T )?


Obviamente, a resposta depende da espessura das caudas da distribuição
P&L.
Quando a distribuição de lucros e perdas tem caudas grossas, a probabilidade
de perdas grandes e infrequentes é alta.
O erro de estimativa do ES depende claramente de se essas perdas foram
observadas na amostra.
Por outro lado, a estimativa do VaR é menos dependente da ocorrência de
grandes e infrequentes perdas, uma vez que aquelas que excedem o VaR não
são levadas em consideração
Assim, quando a distribuição das perdas é com caudas espessa, as estimativas
do déficit esperado tornam-se menos precisas do que a estimativa do VaR.
Pode-se demonstrar que, sob a hipótese de normalidade, a precisão das duas
estimativas é comparável.

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Vale-at-Risk

Bibliografia Interessante

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