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DIREITO PROCESSUAL CIVIL VII

PROF. ORLANDO BORTOLAI JUNIOR

MONITORIA: RHAISA LORENA e TALITA BARBOSA

“A TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA: teoria geral da execução; classificação; princípios, o


processo de execução; o exercício do direito de execução; o título executivo; do cumprimento provisório
da sentença.”

AULA DO DIA 28/09/2021

Nome: Gabriela Martins da Conceição 


RA: 00197673

DIR-NC8 - 7º SEMINÁRIO (1º bi)

1. O que é cumprimento “provisório” de sentença? Se aplica também para outras decisões


judiciais?

O cumprimento “provisório” de sentença admite que fixe a multa, pressupondo,


consequentemente, seu depósito em juízo. O levantamento do valor respectivo, contudo, é postergado ao
trânsito em julgado da decisão favorável à parte, como se lê do dispositivo após a redação que lhe deu a
Lei n. 13.256/201644. Trata-se de regra que quer excepcionar o regime genérico do cumprimento
provisório ao vedar a satisfação do exequente nos casos que indica.
A redação anterior, à época da promulgação do CPC de 2015, era mais ampla, autorizando o
levantamento do valor relativo à multa também na pendência do agravo fundado nos então (e
insubsistentes) incisos II e III do art. 1.04245, atraindo para ele a mesma crítica relativa ao processo

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legislativo que cabe com relação à redação original do inciso III do art. 521, diante da restrição indevida
àquelas duas hipóteses de agravo em recurso extraordinário e em recurso especial. O referido vício, tanto
quanto o daquele outro dispositivo, está superado com a Lei n. 13.256/2016. A regra, contudo, é
questionável também do ponto de vista de sua constitucionalidade
A regra, contudo, é questionável também do ponto de vista de sua constitucionalidade
substancial. É que, ao generalizar a vedação do levantamento do valor da multa, ainda que com caução –
que é o regime genérico decorrente do inciso IV do art. 520 e do art. 521 –, atrita com o alcance no inciso
XXXV do art. 5o da CF. Seria preferível que o CPC de 2015, a esse propósito, tivesse se limitado a
reservar à hipótese a mesma disciplina de qualquer outra situação de cumprimento provisório, como,
aliás, a primeira parte § 3o do art. 537 chega a insinuar. Admitir o cumprimento provisório do valor da
multa e não admitir o levantamento do valor respectivo, como exige a segunda parte do dispositivo em
estudo, é regressão de mais de uma década na evolução do direito processual civil legislado em terras
brasileiras.1

2. Quais são os recursos cíveis sem efeito suspensivo que permitem o cumprimento “provisório” de
sentença?

Se o recurso não tem efeito suspensivo, esse título executivo é executável, cabendo o
cumprimento de sentença. Havendo recurso pendente de julgamento, pode haver a reforma ou anulação
do título executivo judicial, razão pela qual o cumprimento de sentença será provisório. Logo,
cumprimento provisório de sentença é a execução cabível na pendência de recurso sem efeito suspensivo.

É importante registrar que o artigo 587 do CPC/73 permitia que uma execução de um título
executivo extrajudicial (processo de execução) pudesse ser uma execução provisória. O NCPC não repete
esse artigo e é justamente por isso que eles mudaram o nome. No NCPC, não existe execução provisória
de título executivo extrajudicial. Todo processo de execução de título extrajudicial é definitivo, do
começo ao fim. Assim, volta-se a ter vigência a Súmula 317 do STJ (os embargos de execução podem ter

1
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: Tutela jurisdicional executiva. 7. ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2020. vol. 3, p. 548.

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efeito suspensivo, suspendendo a execução. Vem a sentença, cabendo apelação e esta não tem efeito
suspensivo.

3. Que espécie (subjetiva ou objetiva) de responsabilidade tem o exequente que desejar o


cumprimento “provisório” de sentença? Por que?

O primeiro ponto distintivo relevante entre o cumprimento definitivo e o provisório de


sentença é que, neste último, “corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que se obriga, se a
sentença for reformada, a reparar os danos que o executado tenha sofrido” (art. 520, I, do
CPC/2015).Trata-se, conforme entendimento majoritário da doutrina e jurisprudência pátrias, de
responsabilidade de cunho objetivo.

Tecendo considerações acerca do fundamento legal da responsabilidade objetiva do exequente


que promover provisoriamente a execução de um título, ainda na sistemática do CPC/1973, Cândido
Rangel Dinamarco assevera que se trata de um dos pilares da execução provisória. O sistema processual,
portanto, consentiria que a execução se fizesse com o risco de vir a ser desfeita, mas compensando-se esse
risco com a carga de uma responsabilidade civil.Referida análise merece apenas uma observação: na
verdade, o sistema processual não apenas consente, como autoriza que o exequente satisfaça
imediatamente sua pretensão, desde que arque, por óbvio, com eventuais prejuízos causados na hipótese
de reforma do título provisório. Somente assim se pode compreender na inteireza a extensão da referida
responsabilidade, como sendo de cunho objetivo.

Não se pode esquecer que o exequente ao promover a execução, encontra-se amparado pelo
sistema jurídico, vez que o cumprimento de sentença está calcado em título – ainda que provisório – mas
com total aptidão para gerar atividade executiva. Há, portanto, expressa autorização do sistema para que o
exequente assim aja, podendo inclusive satisfazer completamente seu crédito provisório. Outrossim, ao
mesmo tempo que autoriza tal conduta, atribui em contrapartida uma obrigação: a de reparar eventuais
danos causados ao executado, no caso de reforma do título executado provisoriamente.É nítido, portanto,
que o CPC/2015 considera a responsabilidade do exequente, em sede de cumprimento provisório de
sentença, como hipótese de aplicação da teoria do risco proveito. Por essa teoria, é responsável quem tirar

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proveito da atividade danosa, com base na máxima segundo a qual quem aufere os bônus deverá arcar
com os ônus – ubi emolumentum, ibi ônus.2

Nesse contexto, quando o CPC/2015 dispõe que o cumprimento provisório de sentença corre
por iniciativa e responsabilidade do exequente, está atribuindo uma obrigação decorrente da cômoda
possibilidade de antecipar os atos executivos. Ou seja, o beneficiado pela comodidade da antecipação da
execução, em detrimento da certeza advinda do provimento final e definitivo, deve suportar o incômodo
de arcar com os prejuízos advindos da eventual cassação do título provisório.

4. Quais são os prejuízos que o exequente está obrigado a reparar?

Os prejuízos que o exequente está obrigado a reparar danos materiais e processuais sofridos
em razão do cumprimento provisório da sentença, de acordo com o inciso I do art. 520 do NCPC, o
exequente está obrigado a reparar os danos que o executado haja sofrido, caso a sentença for reformada
em desfavor do exequente, ou seja, beneficiando o executado, devendo o exequente retornar a situação do
executado ao status quo ante.

5. O que significa “restituição ao estado anterior” (artigo 520, II, NCPC)? E se o exequente já
alienou o bem, como retornar ao “status quo ante”? E se o próprio exequente adjudicou o bem?

Concerne ao regime de responsabilidade oriundo do cumprimento provisório de sentença, o


art. 520, inciso II, do CPC/2015, dispõe que o cumprimento do título judicial “fica sem efeito, sobrevindo
decisão que modifique ou anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior
e liquidando-se eventuais prejuízos nos mesmos autos”. Trata citado dispositivo do retorno das partes ao
estado anterior, decorrente da reforma ou anulação do título executado provisoriamente.

É neste sentido, que dispõe o art. 522, caput, do CPC/2015, que o cumprimento provisório da
sentença deve ser requerido por petição dirigida ao juízo competente. Ademais, o art. 520, inciso I, do
CPC/2015, expressamente dispõe que o cumprimento provisório corre por iniciativa do exequente. Isso se

2
ASSIS, Araken. Manual da execução. 19. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. P. 389.
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deve até mesmo em virtude das consequências que advirão do cumprimento provisório: responsabilidade
objetiva, no caso de serem causados prejuízos ao devedor, devendo o exequente retornar a situação do
executado ao status quo ante.32 Cabe, portanto, ao credor avaliar se a execução apresenta boas chances de
êxito.3

6. Em que hipóteses é necessária a prestação de caução? Existem casos de dispensa?

A caução trata-se de verdadeira contracautela a ser prestada pelo exequente que pretende
reverter a ordem natural do processo: poderia ter aguardado o trânsito em julgado da sentença para,
somente após dar início ao cumprimento definitivo. Opta o vencedor ainda não definitivo, no entanto, dar
início ao cumprimento provisório de sentença, devendo, pois, prestar caução em virtude dos potenciais
danos que a atividade executiva pode causar. A caução, assim, nada mais é que a cautela contra o perigo
oriundo do cumprimento provisório da sentença, ou, ainda, de uma cautela da cautela

A exigência de caução idônea e suficiente pelo exequente tem por objetivo que sejam
minorados possíveis danos causados ao executado em decorrência do cumprimento provisório de
sentença. Como a legislação não especifica eventual limitação quanto ao tipo de caução, poderá ser ela
real ou fidejussória.

A regra, portanto, quando se tratar de cumprimento de sentença é a exigência de caução para


que seja autorizado o levantamento de depósito em dinheiro bem como a prática de atos que importem
transferência de posse ou alienação de propriedade. Há, todavia, situações nas quais poderá ser
dispensada a prestação de caução.

Uma primeira consideração que merece ser feita decorre do fato de que a eventual dispensa de
caução não acarreta alteração na natureza do título executado. Ou seja, não deixará o cumprimento de
sentença de ser provisório, com todas as peculiaridades que lhe são inerentes (responsabilidade objetiva,
possibilidade de reforma, dentre outras). Apenas ocorre, nessas hipóteses, a dispensa de garantia do juízo.

3
ROQUE, Andre Vasconcelos, GAJARDONI, Fernando da Fonseca, DELLORE, Luiz Dellore, OLIVEIRA JR, Zulmar Duarte
de. Processo de conhecimento e cumprimento de sentença: comentários ao CPC de 2015, p. 714.

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Em interessante julgado, o Tribunal de Justiça de São Paulo julgou recurso em ação de
reintegração de posse, em que os então agravantes promoveram cumprimento provisória de sentença,
visando à cobrança de honorários advocatícios e pugnaram pelo levantamento do respectivo valor sem
prestação de caução. O Tribunal, então, reafirmou a natureza alimentar da verba honorária buscada na
presente execução (art. 85, §14º, do CPC/2015) e pontificou que “em se tratando de crédito dessa
espécie, o mesmo ordenamento processual autoriza, em sede de cumprimento provisório de sentença, o
levantamento do numerário, com dispensa de caução, a teor dos artigos 520, IV e 521, I, ausente
demonstração de manifesto risco com o deferimento da medida”. De acordo com a jurisprudência:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – Interposição contra decisão condicionou o levantamento judicial ao

oferecimento de caução suficiente e idônea, nos termos do artigo 520, inciso IV, do Código de Processo

Civil/2015. Aplicação do artigo 521, I e III, do Código de Processo Civil/2015. Caução para levantamento do

valor depositado nos autos que pode ser dispensada. Decisão reformada.

(TJ-SP - AI: 20177810620208260000 SP 2017781-06.2020.8.26.0000, Relator: Mario A. Silveira, Data de

Julgamento: 04/03/2020, 33ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 04/03/2020)

7. É cabível a atribuição de multa e honorários advocatícios nessa fase “provisória”?

De acordo com a Súmula 519 do Supremo Tribunal de Justiça observa que "Na hipótese de
rejeição da impugnação ao cumprimento de sentença, não são cabíveis honorários advocatícios.”. De
acordo com as diretrizes do Código de Processo Civil vigente:

"Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

§ 10 São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença,


provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos,
cumulativamente.

Art. 520. O cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de


efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo,
sujeitando-se ao seguinte regime:

(...)

§ 20 A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art. 523 são devidos no


cumprimento provisório de sentença condenatória ao pagamento de quantia certa. (...)

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(...)

Art. 523. No caso de condenação em quantia certa, ou já fixada em liquidação, e no caso de


decisão sobre parcela incontroversa, o cumprimento definitivo da sentença far-se-á a
requerimento do exequente, sendo o executado intimado para pagar o débito, no prazo de
15 (quinze) dias, acrescido de custas, se houver.

§ 10 Não ocorrendo pagamento voluntário no prazo do caput, o débito será acrescido de


multa de dez por cento e, também, de honorários de advogado de dez por cento."
A correta interpretação da Súmula 519 do STJ, em nosso sentir, apenas denota que a decisão que
rejeita a impugnação não terá o efeito de impor novos honorários, além daqueles cujo percentual é prescrito
pelo art. 520, §2º, CPC. O julgador, assim, deve observar que a súmula em referência não tem o condão de
afastar os honorários incidentes na fase de cumprimento provisório, a teor da lei processual. De acordo com a
jurisprudência:

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO


CPC. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. HONORÁRIOS. 1.
Para efeitos do art. 543-C do CPC, firmam-se as seguintes teses: 1.1. Em execução
provisória, descabe o arbitramento de honorários advocatícios em benefício do exequente.
1.2. Posteriormente, convertendo-se a execução provisória em definitiva, após franquear ao
devedor, com precedência, a possibilidade de cumprir, voluntária e tempestivamente, a
condenação imposta, deverá o magistrado proceder ao arbitramento dos honorários
advocatícios. 2. Recurso especial provido.

(STJ - REsp: 1291736 PR 2011/0115114-3, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO,


Data de Julgamento: 20/11/2013, CE - CORTE ESPECIAL, Data de Publicação: DJe
19/12/2013)

Cumpre aos operadores do direito, portanto, especial atenção aos preceitos legais, a fim de
não se afastar inadvertidamente os honorários na fase de execução com fundamento na Súmula 519 do
STJ. Parece-nos claro que o entendimento sumulado pela Corte Especial apenas inadmite sejam impostos
novos honorários, além do percentual estabelecido no artigo 520, §2º, CPC.

Fato é que a lei processual determina o arbitramento dos honorários como consectário da
simples resistência do devedor ao adimplemento da dívida. Logo, iniciada a execução provisória, e
transcorrido o prazo legal para o pagamento voluntário, impõe-se a fixação dos honorários advocatícios

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na ordem de dez por cento, nos termos dos arts. 85, §1º e 520, §2º, CPC. Qualquer emanação judicial
contrária será praticada contra legem.

8. Se o executado reconhece a condenação e deposita o valor devido, ele pode recorrer ou seria ato
incompatível?

O pagamento voluntário é modalidade com maior utilização por empresas de grande porte,
como bancos, empresas telefonia, saúde suplementar, etc., haja vista, que em muitos casos a interposição
de recurso somente trará maiores prejuízos, portanto, a opção pelo pagamento da condenação é a solução
mais viável para pôr um fim lide.

Ocorre que os operadores do direito que efetivamente realizam tais pagamento, ainda não se
atentaram às imposições do artigo 526 do Código de Processo Civil, seja por parte do devedor, seja por
parte do credor, entretanto, é necessário realizar a presente reflexão, tendo em vista que dependendo do
valor da quantia sendo paga, as imposições do parágrafo 2º podem causar danos de alto monta.

Sendo assim, deve o magistrado ao concluir pela insuficiência do pagamento realizado,


intimar o devedor para que complemente o saldo devedor, abrindo-lhe a oportunidade de, em relação ao
remanescente, pagar no prazo legal e exercer a faculdade de impugná-lo, sob a égide do art. 523 que
regula a execução de sentença por quantia certa.Em arremate, a aplicação aqui defendida não se trata mais
do que a interpretação sistêmica e teleológica do processo, de modo a alinhar a Parte Especial à Parte
Geral, o procedimento ao conteúdo principiológico.
Dessa forma, a norma que se amolda ao quadro a partir de um enfrentamento abstratamente
em colisão é o resultante de que o pagamento espontâneo não ceifa do devedor a possibilidade de opor, ao
valor remanescente apresentado pelo credor, o pagamento no prazo de 15 dias e, em seguinda, a
oportunidade de impugnar-lhe nos termos do art. 525 do Códex de 2015.

9. Quais peças processuais deverão acompanhar a petição de requerimento do exequente de


cumprimento “provisório” de sentença de pagar quantia certa?

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Ao dispor que as disposições do Capítulo III, isto é, a disciplina “Do cumprimento definitivo
da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa”, arts. 523 a 526,
aplicam-se ao “cumprimento provisório da sentença, no que couber”, o art. 527 repete o que se pode (e se
deve) extrair suficientemente do caput do art. 520 e de seus diversos parágrafos. Ademais, no que tange
ao cumprimento provisório de sentença que reconhece obrigações de fazer, não fazer e entrega de coisa, a
referência é expressa, como se constata do § 5o do art. 520.

O que o art. 527 poderia ter empregado para ir além do texto do caput do art. 520 – e à
observação traz à tona o disposto no art. 519 e no parágrafo único do art. 297 – seria a mesma técnica do
§ 3o do art. 273 do CPC de 1973, na redação que lhe deu a Lei n. 11.2320/200585, que se valeu da
aplicação das técnicas executivas “conforme a sua natureza”, o que permitiria, de maneira expressa, ao
intérprete e ao aplicador do direito contrastar a idoneidade das técnicas executivas idealizadas em abstrato
pelo legislador em consonância com a modalidade obrigacional e, em se tratando de cumprimento de
decisão concessiva da tutela provisória, a hipótese de ela ter como fundamento a urgência ou a evidência,
sempre permitindo, destarte, que o magistrado leve em consideração as vicissitudes de cada caso concreto
não só para decidir a respeito de quem faz jus à tutela jurisdicional executiva, mas também – e em
idêntica medida – às necessidades que se põem em termos de sua concretização. 4
Nesse sentido, importa interpretar o art. 527 e, no contexto do cumprimento das decisões
concessivas da tutela provisória o art. 519 e o parágrafo único do art. 297 de forma a permitir que a
expressão “no que couber” neles escrita seja interpretada de maneira ampla para autorizar também as
indispensáveis adaptações e flexibilização das escolhas feitas em abstrato pelo legislador consoante a
natureza do direito reconhecido no título executivo e, bem assim, as razões que justificam o seu
reconhecimento.

4
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil: Tutela jurisdicional executiva. 7. ed. rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2020. vol. 3, p. 229..

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