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Apostila Curso Valvulas Seguranca 2010 Parte 1A Revisada
Apostila Curso Valvulas Seguranca 2010 Parte 1A Revisada
INTRODUÇÃO
O disco de ruptura consiste num diafragma fino (geralmente metálico) colocado dentro de um
alojamento instalado entre flanges e projetado para romper a uma pressão pré-determinada. São
utilizados em ampla faixa de pressões, quando os fluidos são corrosivos, há necessidade de
descarregar um grande volume de gases ou é necessária rapidez na atuação. Tem a desvantagem
de não manter vedação uma vez cessada a elevação anormal de pressão. Em alguns casos são
colocados antes das válvulas de segurança e alívio para protegê-las contra corrosão.
As situações operacionais que provocam excesso de pressão são diversas, bem como as
demandas necessárias para aliviar a pressão. Há situações em que é necessária uma rápida
resposta do dispositivo de alívio de pressão, em outras há necessidade de se aliviar grande
quantidade de fluido. Os dispositivos têm que atender às condições operacionais e também aos
requisitos dos códigos de projeto dos equipamentos que estão protegendo. De modo geral, o
dispositivo de alívio de pressão deve abrir na pressão especificada e permitir a passagem de
uma quantidade de fluido suficiente para garantir que a pressão no equipamento ou sistema
protegido não exceda um determinado porcentual acima da pressão de projeto.
Existem vários tipos diferentes de válvulas e discos de ruptura, com características próprias que
se ajustam melhor a determinadas situações e serviços. Além disso, é possível utilizar um
conjunto de válvulas de segurança e alívio ou ainda a combinação destas com discos de ruptura.
A escolha do dispositivo de alívio de pressão adequado requer o conhecimento das condições
de processo e das causas que podem provocar excesso de pressão, dos requisitos estabelecidos
nas normas de projeto do equipamento ou sistema a ser protegido, do funcionamento e
características operacionais dos dispositivos de alívio que serão utilizados naquelas condições
específicas.
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2. FUNCIONAMENTO E USOS DAS VÁLVULAS DE SEGURANÇA E ALÍVIO
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Quando a pressão no equipamento atinge a pressão de abertura há um equilíbrio entre a força da
mola e a pressão atuante na área interna do disco equivalente à área do bocal, e a válvula inicia
sua abertura. A compressão da mola deveria impedir a continuação da abertura da válvula,
porque a mola impõe uma carga crescente à medida que é comprimida. No entanto, como o
disco é maior que o bocal, à medida que a válvula vai se abrindo mais área é exposta à pressão
e o aumento na elevação do disco supera a crescente resistência da mola. O disco é deslocado
para cima, permitindo o fluxo pelo bocal, através das sedes do disco e do bocal, e daí para a
descarga da válvula. O disco vai se elevando em relação ao bocal com o aumento da pressão,
até atingir o curso máximo. A válvula deve ter uma área de passagem suficiente para aliviar
todo o fluxo e garantir que na condição de abertura plena a pressão no equipamento não vai
ultrapassar um determinado valor máximo definido pelo código de projeto do equipamento
protegido. A diferença entre o valor máximo de pressão durante o alívio e a pressão de abertura,
expressa em percentual da pressão de abertura, é denominada sobrepressão. Após a descarga e
aliviado o excesso de pressão, haverá fechamento quando a força da mola equilibrar a pressão
atuando na área total do disco. Esta área é maior que a área do bocal, conseqüentemente, a
pressão de fechamento é menor que a pressão de abertura.
PRESSÃO DE
ABERTURA
SOBREPRESSÃO
PRESSÃO DE
OPERAÇÃO
ABERTA
FECHADA 1 2
FECHADA
1 – PONTO DE ABERTURA
2- PONTO DE FECHAMENTO
PRESSÃO DE ABERTURA = PRESSÃO DE PROJETO DO EQUIPAMENTO
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RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO DE OPERAÇÃO E ELEVAÇÃO DO DISCO DE UMA
VÁLVULA DE SEGURANÇA E ALÍVIO DE PRESSÃO
100
A = PRESSÃO DE ABERTURA
F = PRESSÃO DE FECHAMENTO
C= PRESSÃO MÁXIMA DE ALÍVIO
0
F A C
DIF. ALÍVIO SOBREPRESSÃO
As válvulas de alívio são utilizadas para líquidos. Em condições normais de operação a força da
mola supera a pressão atuando sob o disco, e a válvula está fechada. A abertura inicial ocorre
quando a pressão do líquido equilibra a força da mola. O líquido que escapa forma um filme
que se projeta radialmente em relação às sedes do disco e bocal. À medida que a pressão
aumenta além do ponto de abertura o disco se eleva da sede, e a pressão passa a atuar
progressivamente em uma área maior, possibilitando a compressão da mola e o aumento de
vazão através da válvula. O líquido que escapa radialmente atinge a superfície do suporte do
disco e é defletido para baixo, criando uma força reativa que tende a mover o disco e suporte do
disco para cima. Essas forças aumentam lentamente na faixa de 2 a 4% de sobrepressão.
Quando a vazão aumenta suficientemente, as forças reativas crescem exponencialmente,
empurrando o disco até a elevação total. A válvula repentinamente passa de uma elevação de
50% a 100% na faixa de sobrepressão de 2% a 6% . As válvulas de alívio instaladas em vasos
de pressão são projetadas para capacidade máxima de alívio com 10% ou menos de
sobrepressão.
Após o alívio, o fechamento vai ocorrer quando a pressão cai até um determinado valor abaixo
do ponto de abertura, e a mola supera as forças que agem no disco e o move até o contato
novamente com a sede do bocal.
Muitos modelos de válvulas de alívio são adaptações de projetos de válvulas para serviço com
fluido compressível. Estas válvulas quando usadas em serviço com líquido requerem
sobrepressão da ordem de 25% para atingirem abertura plena e operação estável, dado que
líquidos não proporcionam as forças expansivas características dos gases. Para aplicações como
descarga de bombas e proteção de tubulações podem ser utilizadas válvulas de alívio que
alcançam o curso máximo com 25% de sobrepressão. Eventualmente válvulas construídas para
sobrepressão de 25% são usadas em serviço com 10% de sobrepressão. Neste caso deve-se
aplicar um fator de 0,6 para correção da capacidade de alívio.
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O diferencial de alívio (diferença porcentual entre a pressão de abertura e a de fechamento) é
constante. Alguns modelos especiais de válvulas de alívio tem um perfil adequado do disco e
suporte do disco, de modo que conseguem diferenciais de alívio em torno de 5% a 7%, e podem
ser normalmente usadas em vasos de pressão. De modo geral as válvulas de alívio tem
diferencial de alívio da ordem de 15% a 20%; caso sejam utilizadas em vasos de pressão é
necessário verificar que a pressão de operação fique abaixo da pressão de fechamento. Para
outros usos, como tubulações e descargas de bombas, diferenciais de alívio de 20% são
adequados.
A válvula de alívio tem castelo fechado, para evitar vazamento de líquido para atmosfera. De
modo geral as válvulas de alívio descarregam para sistemas fechados, e podem se apresentar
pressurizadas no lado da descarga. A pressão existente à jusante da válvula é denominada
contrapressão. Nas válvulas de alívio a contrapressão geralmente é fixa, de modo que na
calibração em oficina desconta-se o valor da contrapressão para ajustar a pressão de abertura.
Se a contrapressão for variável estas válvulas não devem ser usadas. Para aplicações que não
apresentam riscos ambientais ou de segurança, como por exemplo água, as válvulas podem
descarregar para a atmosfera .
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área de passagem de fluido pelo bocal) das válvulas de alívio pequenas não é padronizado,
variando de acordo com os fabricantes, que fornecem catálogos com as dimensões dos orifícios
e tabelas para determinação da capacidade de alívio.
As válvulas de alívio são usadas em sistemas onde é necessário aliviar produtos líquidos. As
aplicações típicas são: descarga de bombas, trocadores de calor e alívio térmico de tubulações.
São dispositivos usados somente para gases e vapor d’água, projetados para dar uma abertura
rápida e total com pequena sobrepressão. Quando a válvula de segurança está fechada durante
operação normal, a pressão atuando sob o disco é neutralizada pela força da mola. Quando o
valor da pressão multiplicado pela área sob o disco (área do bocal, área “A” na figura abaixo)
se aproxima da força aplicada pela mola, a válvula começa a apresentar um pequeno vazamento
que pode ser audível . Este pequeno vazamento de gás passa pelas sedes de assentamento e se
expande na “câmara de aprisionamento” (área “B”), devido à restrição ao fluxo no espaço
anelar entre o suporte do disco e o anel de regulagem. Como a pressão passa a agir em uma área
maior, uma força adicional (força expansiva) ajuda a superar a força da mola. O incremento de
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pressão na câmara de aprisionamento “B” somado à pressão atuando sob o disco supera em
muito a força da mola e a válvula abre num estalo (ação de disparo, ou “pop”) . A ação de
disparo é decorrente da força expansiva do gás na câmara de aprisionamento; quanto mais alto
estiver este anel, mais pronunciada será a ação de disparo. Assim que a válvula abre, há um
incremento adicional de pressão na área “C” . Isto é decorrente do súbito aumento de fluxo e da
restrição anular entre a face inferior do suporte do disco e o anel de regulagem. Essa força
adicional na área “C” provoca uma elevação substancial do disco no momento do disparo.
Após o alívio, a válvula vai fechar quando a pressão interna cair suficientemente abaixo do
ponto de abertura para permitir que a força da mola supere a soma das forças que atuam nas
áreas “A”, “B” e “C”. A pressão de fechamento é aquela na qual o disco reassenta no bocal.
A pressão de fechamento é função do perfil do disco e seu suporte,e em menor grau, da posição
do anel de regulagem, porque este altera a restrição à passagem do gás, e conseqüentemente as
pressões que atuam nas áreas “A”, “B” e “C”. Quando o anel está posicionado mais alto, as
restrições são maiores, e a pressão de fechamento diminui; se o anel ficar posicionado mais
baixo vai haver menor restrição e pressão de fechamento aumenta.
A pressão de fechamento é cerca de 5 a 7% menor que a pressão de abertura, para uso em vasos
de pressão. No processo de certificação das válvulas de segurança pelo “National Board”
segundo os critérios do ASME VIII-“Vasos de Pressão” os anéis são devidamente ajustados
para atender este requisito. Os fabricantes devem informar aos usuários a correta posição do
anel de regulagem para cada tamanho e modelo de válvula, porque nas calibrações em bancadas
de teste não é possível verificar corretamente a pressão de fechamento.
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A pressão estática abre o disco, e uma força dinâmica o mantêm aberto. Esta força é criada pela
velocidade do fluxo, pela massa do gás e pela reação que age no suporte do disco devido ao
desvio do gás na câmara de aprisionamento. Uma vazão mínima de 25% a 30% da capacidade
de descarga é necessária para manter a válvula aberta. Uma vazão menor vai provocar uma
condição de rápidas e sucessivas aberturas e fechamentos (“chattering”, batimento) que danifica
as sedes de assentamento.
As válvulas de segurança são utilizadas para fluidos que não são tóxicos ou inflamáveis, como
ar comprimido e vapor d’água, e descarregam para atmosfera. Quando utilizadas para serviços
com vapor d’água ou ar comprimido são obrigatoriamente fornecidas com dispositivo de
acionamento manual que, em função das condições de serviço, deverá ser acionado
periodicamente para garantir que as partes móveis estão livres para funcionar. Nas válvulas
operando com ar comprimido e vapor d’água os castelos geralmente são abertos e a mola
aparente. As conexões de entrada e saída normalmente são flangeadas, mas em válvulas de
pequena capacidade podem ser rosqueadas. Na posição inferior do corpo existe um furo
rosqueado que permite a drenagem de vapor ou outros fluidos que passam pelas sedes de
assentamento e condensam no lado da descarga.
As válvulas de segurança usadas em caldeiras geralmente têm dois anéis de regulagem. Este
projeto é denominado válvula de segurança do tipo reação. A válvula começa a abrir quando o
vapor exerce uma força igual à carga da mola. O vapor então escapa entre as sedes do disco e
do bocal, e o anel inferior. A pequena quantidade de vapor que escapa imediatamente se
expande e exerce pouca pressão no suporte do disco. Entretanto, a força exercida por este
pequeno vazamento é suficiente para causar uma pequena elevação do disco que permite que
mais vapor escape e provoque um acréscimo de pressão no suporte do disco. Quando o disco se
eleva, o anel superior fica exposto e o vapor fluindo pela sede aberta do bocal é desviado para
baixo, causando uma força de reação no disco em adição à pressão exercida pelo vapor. Não há
restrição ao fluxo de vapor após a passagem pelas sedes, então o vapor pode se expandir tão
rapidamente quanto possível, aumentando em velocidade e levando a um grande
pronunciamento no efeito de reação.
Esta característica não ocorre no tipo “câmara de aprisionamento” porque a restrição oferecida
pelo anel de regulagem e as obstruções no fluxo impedem a rápida expansão do vapor. A
característica fundamental do tipo reação é o meio de reverter o fluxo de vapor, associado à
condição que após as sedes não haverá restrição na área de fluxo. A válvula atinge o curso
máximo com pequeno valor de sobrepressão. O código ASME I- “Caldeiras” estipula um valor
máximo de 3% para a sobrepressão. As posições dos anéis de regulagem podem ser alteradas
para modificar a força de reação e a pressão de fechamento. O posicionamento adequado dos
anéis garante um funcionamento correto, com abertura plena sem trepidação e fechamento
preciso. O código de caldeiras determina um valor máximo de 4% para o diferencial de alívio.
O anel inferior tem uma influência muito mais pronunciada na ação “pop” e também no
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fechamento do que o anel superior. O menor valor de pressão de fechamento é conseguido
quando se ajusta o anel inferior na mais alta posição possível. As válvulas instaladas em
caldeiras podem ser calibradas no campo, deste modo deve-se conferir se as pressões de
abertura e fechamento estão corretas, e efetuar ajustes quando necessário.
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2.2.2 Válvula de segurança do tipo câmara de pressão
Esta é uma válvula de segurança usada em caldeiras. No fechamento opera como um modelo de
contrapressão, porque a força do vapor aprisionado na parte superior do suporte do disco é
utilizada para auxiliar a mola no sentido de forçar o disco contra a sede do bocal .
A elevação total é alcançada pelo posicionamento adequado dos anéis de regulagem superior e
inferior ( componentes G e O na figura abaixo, que mostra apenas os componentes internos da
válvula na região acima do bocal ). Quando a elevação total é alcançada, o batente M encosta
na tampa P, eliminando a oscilação e proporcionando estabilidade à válvula. Quando a válvula
está descarregando na posição aberta, vapor é injetado na câmara H através de dois furos de
injeção J localizados no topo do suporte do disco. Ao mesmo tempo, o colar sobreposto K sobe
até uma posição fixa acima da arruela flutuante L . A área entre a arruela e a haste é
conseqüentemente aumentada pela diferença entre os dois diâmetros do colar sobreposto .
Nesta condição, o vapor da câmara H entra na câmara Q através da área secundária formada
pela arruela L e colar K na haste, e também através do orifício N, e escapa para atmosfera
através da conexão de descarga R .
No fechamento, o colar sobreposto K é ajustado para se mover sobre a arruela L , desse modo
efetivamente reduzindo o escape de vapor da câmara H. O acréscimo instantâneo de pressão na
câmara H, numa taxa controlada pelo orifício N, produz uma força para baixo na direção da
carga da mola. O esforço conjunto da pressão e da mola resulta em fechamento preciso. O
fechamento é amortecido através do posicionamento adequado do anel de regulagem inferior O.
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2.3 Válvulas de Segurança e Alívio
São dispositivos automáticos de alívio de pressão adequados para trabalhar como válvulas de
segurança ou como válvulas de alívio, dependendo da aplicação desejada. São bastante
utilizadas e se classificam em dois tipos principais: válvula de segurança e alívio convencional
e válvula de segurança e alívio balanceada.
A descarga das válvulas de segurança e alívio de pressão é feita diretamente para atmosfera
quando os fluidos são seguros e não contaminam o meio ambiente, por exemplo, ar
comprimido, água, vapor d’água, etc. Quando os fluidos são tóxicos ou inflamáveis é
necessário conectar a descarga da válvula a um sistema de tubulações fechado, que vai coletar
os fluidos e levar até local apropriado para descarte, armazenamento ou queima. Nestes casos a
pressão atuante na descarga da válvula, denominada contrapressão, irá afetar diretamente suas
características operacionais : pressão de abertura, pressão de fechamento, capacidade de alívio
e comportamento durante a atuação .
Válvulas de segurança e alívio que descarregam para sistemas fechados não podem ter castelo
aberto, porque isso implicaria em contaminação ambiental. O castelo é aberto para a descarga
da válvula, geralmente em pressão maior que a atmosférica. A contrapressão age no mesmo
sentido da força da mola, aumentando a pressão de abertura. Se for constante, pode ser levada
em conta no ajuste da pressão de abertura. Ao calibrar a válvula na oficina deve-se descontar o
valor da contrapressão. Uma válvula ajustada para abrir no campo com 20 Kgf/cm2 e sujeita a
2 Kgf/cm2 de contrapressão deve portanto ser calibrada na oficina com 18 Kgf/cm2 .
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Em muitos casos a contrapressão não é constante. Um exemplo comum ocorre quando várias
válvulas descarregam em um mesmo coletor. Neste caso deve-se utilizar uma válvula que tenha
mecanismo de balanceamento para neutralizar o efeito da contrapressão.
No momento em que a válvula está aberta e aliviando, surge uma contrapressão no lado da
descarga, que atua no sentido de fechar a válvula. Esta contrapressão, denominada
desenvolvida, inerente ao próprio funcionamento da válvula, decorre da perda de carga na
tubulação conectada na descarga. Quanto maior o comprimento e menor o diâmetro da
tubulação de descarga maior será a contrapressão desenvolvida. Acima de 10% da pressão de
abertura a contrapressão desenvolvida vai gradativamente reduzindo a capacidade de alívio até
fechar completamente a válvula.
Para uso com gases as válvulas são construídas para atingir sobrepressão de 10% . Para líquidos
a sobrepressão é de 10% para uso em vaso de pressão, e para outros serviços é admissível
sobrepressão de 25%.
O anel de regulagem nas válvulas que trabalham com gases é ajustado para assegurar ação de
disparo, sobrepressão de 10% e garantir pressão de fechamento em valores cerca de 5 a 7%
abaixo da pressão de abertura. Para uso com líquidos o anel não tem nenhum efeito na ação de
disparo ou na regulagem da pressão de fechamento porque líquidos não tem efeito expansivo.
Neste caso, deve ser colocado na posição inferior para não reduzir a capacidade de descarga.
As conexões de entrada e saída normalmente são flangeadas, podendo também ser rosqueadas.
Válvulas de segurança e alívio podem ter furo rosqueado para drenagem do corpo; neste caso
somente podem ser usadas quando não há contrapressão e se conecta uma tubulação de pequeno
diâmetro para drenar líquidos acumulados para um local seguro.
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As válvulas flangeadas tem suas dimensões externas estabelecidas pelo padrão API Std.526.
Este guia estabelece também a padronização dos orifícios de passagem de fluxo pelo bocal, de
modo que nas mesmas instalações pode-se usar válvulas de fabricantes diferentes.
São válvulas projetadas de tal modo que a contrapressão tem muito pouca influência na pressão
de abertura. Estas válvulas são de dois tipos: balanceadas com pistão e balanceadas com fole.
No tipo com pistão, a área da face superior do disco que está exposta à contrapressão é igual à
área da face inferior, de modo que o efeito da contrapressão se neutraliza. Como o castelo é
aberto para a atmosfera, a face do topo do pistão, que tem a mesma área que o bocal, está
sujeita à pressão atmosférica e portanto não afeta a abertura. Os gases que escapam do castelo
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das válvulas balanceadas do tipo com pistão devem ser removidos com um mínimo de restrição
e de maneira segura.
No tipo com fole a área superior do disco, que tem a mesma dimensão da área do bocal, não
sofre ação da contrapressão pois fica protegida pelo fole. A área superior do disco externa ao
fole é igual á área inferior do disco externa ao bocal, assim não existem forças desbalanceadas
sob qualquer contrapressão. O fole isola também do castelo o fluido de serviço,o que torna este
tipo de válvula indicada quando há possibilidade de corrosão nas partes internas (guias, haste,
mola,etc.).
As válvulas de segurança e alívio balanceadas podem ser utilizadas para alívio de líquidos ou
gases tóxicos, inflamáveis ou corrosivos onde a contrapressão do sistema seja constante ou
variável. As válvulas balanceadas com fole são especialmente efetivas no alívio de produtos
considerados corrosivos ou tóxicos porque, pelas suas características construtivas, impedem a
passagem desses fluidos através das superfícies das partes móveis evitando não só o
emperramento destas partes em função da formação de produtos de corrosão, como também o
seu possível escapamento para o meio ambiente. Tendo em vista que as válvulas balanceadas
com pistão tem possibilidade de permitir um escape de fluido através das superfícies de guia
das partes móveis, elas devem ter o castelo ventilado ou drenado para locais considerados
adequados. As válvulas balanceadas com fole não apresentam esses inconvenientes a não ser
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por ruptura do fole. Válvulas que trabalham com fluidos perigosos devem ter tubulações de
pequeno diâmetro conectadas ao furo do castelo e ventadas para local seguro. A conexão do
castelo não pode ser tamponada porque em caso de furos ou passagem pelo fole o castelo será
pressurizado, implicando em risco de alteração na pressão de abertura, redução na capacidade
de alívio e danos ao fole devido à pressurização interna.
Os anéis resilientes são fabricados em vários tipos de elastômeros, como Buna N , Viton,
Silicone, Kalrez, etc. São utilizados também Etileno-Propileno e Teflon. O limite máximo de
pressão que esses materiais podem ser utilizados é de 1500 psig ( cerca de 100 kgf/cm2 ) . As
temperaturas não podem ser inferiores a –100 °C ou superiores a 230 °C . É preciso também
verificar a compatibilidade química do material do “O-ring” com o fluido de serviço.
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- aplicações sujeitas a fortes vibrações, como compressores, bombas , etc. A vibração da
válvula de segurança e alívio pode provocar vazamento. Pode haver também um rápido
incremento na pressão de operação, fazendo esta se aproximar da pressão de abertura .
- nos casos onde ocorrem danos nas sedes devido à corrosão ou erosão provocada por
partículas estranhas quando a válvula abre. O anel resiliente mantêm a vedação mesmo
quando as sedes estão danificadas ; isto evita o agravamento dos danos .
- partículas estranhas que ficam presas nas sedes, após a abertura da válvula, provocando
vazamento. O anel de vedação mantem a estanqueidade nesta situação.
- Fluidos leves como hidrogênio, hélio, amônia anidra, etc. são de difícil contenção. O
anel resiliente elimina os vazamentos desses fluidos leves .
- Há situações em que ocorre desalinhamento nos internos devido a tensões no corpo da
válvula ou partículas presas nas guias , provocando vazamento. O anel resiliente
mantem a vedação nestas condições .
Tendo em vista que os anéis de vedação podem ser selecionados para resistir ao ataque da
maioria dos fluidos, em geral as limitações destas válvulas referem-se às pressões e
temperaturas limites em que estes anéis podem operar.
As válvulas de segurança do tipo piloto operadas são utilizadas para altas pressões e quando se
necessita de alta capacidade, porque proporcionam uma abertura ampla e rápida e custam
menos que as válvulas de segurança e alívio de grandes diâmetros. São compostas de uma
válvula piloto, de pequenas dimensões, e uma válvula principal. O sistema de controle da
válvula é atuado diretamente pela pressão do fluido. A função da válvula piloto é acionar a
válvula principal, por onde vai escoar o fluido contido no equipamento protegido pela válvula.
A figura abaixo é de uma válvula tipo piloto operada de ação instantânea . A válvula principal é
mantida fechada pela pressão estática que atua sobre a parte superior do pistão. Como esta face
tem aproximadamente o dobro da área da face inferior o esforço resultante mantém a válvula
fechada. Quando a pressão no equipamento atinge a pressão de abertura da válvula piloto
ocorre a abertura instantânea do relé disparador da válvula piloto. A ação de levantamento do
relé disparador fechará o obturador, cortando a alimentação do fluido. Desta forma haverá uma
rápida exaustão do pequeno volume acima do pistão da válvula principal para a atmosfera. O
pistão é então impulsionado para cima pela pressão atuando na sua parte inferior, e a válvula
principal abre rápida e completamente. Sobrepressão não é necessária para se alcançar o curso
máximo e portanto a capacidade máxima.
A válvula principal permanece aberta no curso máximo até que a pressão no equipamento seja
reduzida a um valor pré-determinado. Isto é conseguido porque a área do obturador é pouco
maior que a área do relé disparador, e a válvula permanece fechada. O movimento de abertura
da válvula piloto transfere a função de atuação do relé disparador para o obturador, que
comandará a exaustão e o curso da válvula principal. Quando a pressão no equipamento for
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reduzida, a força resultante da atuação da pressão na área do obturador é superada pela carga da
mola e dispara a abertura do obturador e o conseqüente fechamento do disco relé disparador. A
pressão de entrada é então rapidamente dirigida ao topo da válvula principal que fecha suave e
firmemente. A condição de pressão estática é restabelecida e as forças originais mantém a
válvula fechada e estanque.
O funcionamento da válvula tipo piloto operada não é afetado pela contrapressão . Válvulas
tipo piloto operadas podem ser utilizadas em serviços com contrapressão de até 90% da pressão
de abertura . Elas possuem anéis resilientes de vedação no piloto e na válvula principal que
proporcionam alta estanqueidade .
As válvulas tipo piloto operadas de ação instantânea são usadas onde são requeridas grandes
áreas de alívio para altas pressões de ajuste; onde o diferencial entre a pressão normal de
operação e a pressão de ajuste do dispositivo é muito baixo; onde descargas muito curtas são
requeridas; onde as contrapressões são elevadas e dispositivos balanceados são requeridos; em
vasos de armazenamento de baixa temperatura para evitar congelamento e emperramento do
dispositivo.
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As válvulas tipo piloto operadas não são devem ser usadas onde é necessário aliviar fluidos
viscosos, “sujos” ou com alta temperatura, e onde a compatibilidade química do produto a
aliviar é questionável em relação aos materiais dos anéis de vedação da válvula, ou onde a
corrosão possa impedir a atuação adequada do piloto.
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A - PRESSÃO DE ABERTURA
F - PRESSÃO DE FECHAMENTO
C - PRESSÃO DE ALÍVIO MÁXIMA
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2.5.1 Válvula tipo Piloto Operada de ação modulante
A válvula tipo piloto operada de ação modulante abre proporcionalmente ao excesso de pressão,
acima da pressão de abertura. Esse comportamento é vantajoso em relação às válvulas piloto
operadas de ação instantânea nas situações em que se procura evitar grande perda de produto
(alívio de oleodutos p.ex.) ou danos nas tubulações devidos a “martelos” , em razão da abertura
abrupta da válvula de ação instantânea .
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A válvula modulante abre e também fecha de modo gradual . O escoamento através do piloto é
mínimo . A válvula piloto e a válvula principal permanecem fechadas quando a pressão no
sistema é inferior à pressão de abertura ; a pressão na entrada da válvula principal ( câmara A )
passa pela linha sensora até a válvula piloto, e através desta até a região superior da válvula
principal ( câmara B ) . A área superior do pistão da válvula principal é superior à área inferior,
portanto a válvula permanece fechada e estanque . Os anéis macios de vedação do pistão
auxiliam na obtenção de alta estanqueidade . A pressão do sistema que age na câmara sensora
(câmara C) atua no diafragma, contra a força da mola . Até que a pressão de abertura seja
alcançada, essa pressão é inferior à força da mola. Quando a pressão de abertura é alcançada, a
força gerada na câmara sensora C vence a força da mola e levanta o conjunto do diafragma. Isto
faz com que a válvula de entrada do piloto se feche, bloqueando a passagem de fluido para a
câmara B . O disco da válvula de entrada (no piloto) encosta no assento e libera o
funcionamento da válvula de exaustão. Isto permite o escapamento de fluido através da linha de
exaustão, reduzindo a pressão da câmara B. A pressão acima do pistão continua a cair enquanto
a sobrepressão na câmara C continua a aumentar. A válvula principal inicia sua abertura
quando a força atuando na parte superior do pistão torna-se menor que a força aplicada pela
sobrepressão na área inferior do pistão . Como há retenção da pressão no domo da válvula
principal, a abertura será proporcional ao incremento da sobrepressão. Isso permite que uma
pequena sobrepressão seja aliviada sem abrir totalmente a válvula principal. Se a pressão
continuar a aumentar o piloto vai reduzir a pressão na câmara B, em conseqüência causando
maior abertura da válvula principal. Esse processo prossegue até que a pressão do domo fique
igual à da linha de exaustão. A válvula principal estará totalmente aberta, e isso ocorre antes da
pressão do sistema atingir 10% acima da pressão de abertura .
Para fechar a válvula principal o piloto deve repressurizar a câmara B. À medida que cai a
pressão do sistema nas câmaras A e C , a força para cima no diafragma é reduzida. Quando a
pressão decrescente do sistema se aproxima da pressão de ajuste, a válvula de exaustão se fecha
e abre a válvula de entrada (no piloto). O fluido da câmara C escoa novamente para a câmara
B, forçando o pistão da válvula principal para baixo. Ela fecha gradualmente na medida em que
a pressão do sistema cai. A válvula principal continua a se fechar até que a pressão de
reassentamento seja alcançada no sistema. Neste momento a válvula piloto retorna à posição
fechada e a pressão na câmara B força o pistão contra o assento. O diferencial de alívio é fixo
com um valor típico de 5% .
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3. OUTROS DISPOSITIVOS DE ALÍVIO DE PRESSÃO
Diferentemente das válvulas de segurança, o disco de ruptura não bloqueia novamente. Após
uma ocorrência operacional o disco rompido tem que ser substituído. Os discos de ruptura não
têm partes móveis, são mais simples que válvulas de alívio de pressão e mais leves. Podem ser
construídos em materiais altamente resistentes à corrosão, que não são práticos em válvulas.
São indicados também para serviço com líquidos muito viscosos.
O disco de ruptura pode ser o único dispositivo de alívio de pressão do sistema ou pode ser
usado conjuntamente com válvulas de segurança, em série ou em paralelo. O uso em paralelo
com válvulas de segurança e alívio, como um dispositivo de alívio secundário, é para atender
contingências remotas que requerem grandes áreas de alívio ou ação de resposta instantânea,
p.ex.furos em tubos de trocadores de calor ou reações explosivas em reatores de polimerização.
Eventualmente são instalados a montante das válvulas de segurança e alívio para proteger dos
fluidos que ficam no lado da descarga . Cuidados devem ser tomados para garantir que
contrapressão não vai se desenvolver no espaço entre a válvula e o disco .
Existem diversos tipos e modelos de discos de ruptura normalmente disponíveis. Os tipos mais
utilizados, com suas características de funcionamento, vantagens e desvantagens, são
apresentados a seguir.
Também chamado de disco sólido. São fabricados em metal com um abaulamento em forma de
domo previamente conformado. Este tipo de disco é instalado com o lado côncavo voltado para
o fluido, de modo que a membrana fica submetida a tensões de tração. Quando a pressão no
sistema atinge a pressão de rompimento ( PR ), o domo se deforma e então rompe devido a
excessiva carga de tração. A pressão de rompimento é função do material do disco, de sua
espessura e diâmetro e da temperatura de trabalho.
Este modelo de disco, o mais barato de todos, tem sido usado desde 1931. Os discos
convencionais são largamente utilizados porque atendem a uma ampla gama de tamanhos e
22
pressões. São disponíveis em tamanhos de 1/8” até 44” e pressões de 2 psi até 100 000 psi
(0,14 a 7000 kgf/cm2) para serviço com líquidos ou gases. As temperaturas de utilização vão
desde serviço criogênico até cerca de 600 ºC. Na aquisição dos discos deve-se selecionar
materiais quimicamente resistentes aos fluidos de processo. Os materiais de fabricação padrão
são alumínio, níquel, inox 316, monel e inconel. Podem também ser fabricados em hastelloy,
prata, titânio e tântalo e serem revestidos com resinas plásticas para proteger contra a corrosão.
Para que estes discos apresentem bom desempenho é necessário que a pressão de operação do
sistema protegido seja no máximo 70% da pressão de rompimento do disco de ruptura. Se estes
discos forem instalados em serviço pulsante (oscilações na pressão de ± 10% da pressão de
operação) a máxima pressão de operação deve ser mantida em 0,5 PR para evitar falha
prematura por fadiga.
23
DISCO COM SUPORTE PARA VÁCUO
No uso destes discos deve-se considerar que seu modo de falha é irregular, podendo fragmentar
quando utilizados com fluidos compressíveis. Isto pode se tornar perigoso se os fragmentos
obstruírem a passagem do fluxo. Durante a instalação deve-se tomar cuidado para não amassar
ou arranhar o disco porque as tensões desenvolvidas nestas regiões podem reduzir a pressão de
rompimento. Outro cuidado na instalação é quanto à posição do disco; se instalados ao
contrário vão romper em pressão menor que a especificada, a não ser que tenham suporte para
vácuo. Neste caso o suporte para vácuo somente irá se abrir em pressão muito mais alta que a
especificada, o que configura uma condição muito insegura .
São discos previamente conformados e fabricados com vincos (sulcos) em um padrão definido
de modo a ficarem menos resistentes. Eles rompem devido a tensões de tração ao longo dos
sulcos. As vantagens destes discos em relação aos convencionais é que não se fragmentam após
ruptura e não necessitam suporte para vácuo. Podem ser utilizados para pressões de até 85% da
pressão de rompimento. São fabricados em tamanhos de ½’ a 24”, para pressões desde 10 psi
até 1800 psi ( 0,70 a 125 kgf/cm2), nos materiais padrão utilizados nos discos convencionais .
24
3.1.3 Disco Composto
Tipicamente, o disco composto possui uma seção superior perfurada, que define a pressão de
rompimento pelo tamanho e localização dos furos e rasgos. Sob essa seção resistente à pressão
há uma membrana metálica ou plástica que veda e protege a seção superior. De modo
semelhante ao disco convencional, o disco composto pode necessitar de anéis de apoio e
suportes para vácuo, em função do tamanho, pressão de rompimento e temperatura. Os anéis de
apoio podem ser instalados a montante ou jusante , enquanto que o suporte para vácuo é
colocado a montante, internamente ao conjunto. Todos esses componentes são acoplados
formando um sanduíche.
Esses discos permitem o uso em condições mais corrosivas que os discos convencionais, mas
somente em pressões mais baixas. São fabricados em tamanhos de 1” até 30” , para pressões
de 5 psi a 1000 psi (0,35 a 70 ruptura e não necessitam suporte para vácuo. Podem ser
utilizados para pressões de até 85% da pressão de rompimento. São fabricados em tamanhos de
½’ a 24”, para pressões desde 10 psi até 1800 psi ( 0,70 a 125 kgf/cm2), nos materiais padrão
utilizados nos discos convencionais . A seção superior resistente à pressão é fabricada nos
materiais padrão. A seção de vedação geralmente é fabricada em polímero do tipo
fluorelastômero, como o Teflon, podendo se utilizar também metais muito resistentes à
corrosão, como hastelloy, inconel, prata, platina , titânio e tântalo. Pode ser utilizado até 80%
da PR . Discos de teflon podem ser utilizados até no máximo 260 º C .
O disco reverso funciona de modo totalmente diferente : o lado convexo do disco fica em
contato com o fluido, de modo que o domo trabalha sob compressão. Ao contrário do disco
convencional, o disco reverso não afina quando a pressão se aproxima do ponto de rompimento.
Quando a pressão atinge um determinado valor aparece uma deformação que aumenta de
tamanho e leva o disco a reverter na direção de menor pressão. Quando isto acontece, as facas
que estão à jusante penetram e cortam o disco em três ou mais pétalas, sem fragmentação .
A pressão de abertura do disco reverso com facas não depende da espessura do material ; é
quase exclusivamente função da geometria do domo e das características das facas. Desse
modo, o disco reverso pode ser feito com espessura suficiente para não necessitar de suportes
contra vácuo, e pode ser usado para pressões de operação de até 0,9 PR . Como estes discos não
fragmentam, são regularmente usados na proteção de válvulas de segurança e alívio .
25
Os discos reversos com facas são fornecidos em tamanhos de 1” até 24” , em pressões de 10
psi a 1800 psi (0,7 a 125 kgf/cm2), nos materiais padrão fornecidos para discos convencionais,
atendendo temperaturas até 560 ºC. Podem ser fornecidos também com pintura ou revestimento
para melhorar o desempenho em serviço corrosivo. Deve-se tomar cuidado em evitar que danos
nas facas (corrosão, perda de corte por reutilização, etc.) resultem em mau funcionamento do
disco, e também que não sejam instalados ao contrário, porque devido a maior espessura o
disco só vai romper a uma pressão 3 a 4 vezes acima do especificado. Discos reversos não
podem ser usados em sistemas contendo líquido, porque como os líquidos são incompressíveis,
a reversão do disco não vai ser rápida; assim, o disco vai assentar sobre as facas, sem romper ou
mesmo furar, e a pressão necessária para empurrar o disco pelas facas será muito alta, cerca de
3 a 4 vezes a pressão especificada para rompimento.
26
3.1.5 Disco Reverso Vincado
São discos em forma de domo tornados menos resistentes através de vincos (sulcos) feitas ao
longo de um padrão definido. O mecanismo de atuação destes discos é semelhante ao do disco
reverso com facas, com a diferença de que assim que o disco reverte, os sulcos não conseguem
suportar a ação combinada da pressão e da força de reversão, e o disco se rompe ao longo dos
sulcos. A ruptura não é dependente das facas e sim controlada pela espessura do metal na linha
dos sulcos. A reversão é definida pela geometria do domo. A possibilidade de fragmentação é
eliminada, permitindo o uso na proteção de válvulas de segurança .
Estes discos oferecem os mesmos benefícios dos discos reversos com facas, como dispensar o
uso de suportes para vácuo e possibilidade de operar até 90 % da pressão de rompimento, mas
com vantagens sobre aqueles discos. Se o disco é instalado ao contrário, ele vai romper a uma
pressão mais alta, mas como a espessura do sulco é que define a pressão de rompimento, esta
não será superior a 1,5 Pr . Da mesma maneira que outros discos reversos, estes também não
são adequados para uso em sistemas que trabalham com líquidos. São construídos em tamanhos
de 1” até 24” , para pressões de 24 psi até 1000 psi ( 1,7 a 70 kgf/cm2) .
Discos compostos planos são utilizados para proteger vasos que operam em baixa pressão
(operação até 7,5 psig), tanto de pressões positivas quanto de pressões negativas.
Um modelo de disco plano mais comum é o disco de grafite, utilizado para pressões de 1 psi até
1000 psi, em temperaturas de – 70 º C a 200 º C , tamanhos de 1” até 24” . Podem ser usados
até 80% da pressão de rompimento. Este disco, fabricado em grafite impregnado com resina,
oferece grande resistência química à maioria dos fluidos de processo. Pode necessitar de
suporte para vácuo. Para evitar possíveis danos durante a instalação é recomendável colocar
27
uma armadura externa de aço inoxidável. Os discos de grafite são instalados entre flanges
especiais, sempre com juntas macias para evitar rompimento prematuro .
28
metal é maior em temperatura mais baixa, há risco do disco abrir acima da PMTA do
equipamento protegido caso seja especificada uma temperatura mais alta que a temperatura real
de rompimento. Usando como exemplo um disco convencional de inox 316, selecionado para
romper a 350 psig na temperatura de 200 ºC. Se a temperatura real de rompimento do disco é
150 ºC , a pressão de rompimento será de 365 psig, portanto 15 psig acima do valor
especificado.
Para o processo de compra são emitidas as folhas de especificação (“data sheet”) que devem
conter pelo menos as seguintes informações : modelo, diâmetro, classe de pressão, pressão de
ruptura, temperatura de ruptura, tolerância de fabricação, materiais do disco e do alojamento.
3.1.8 Instalação
Discos de ruptura são normalmente instalados para proteger vasos, tubulações, bombas, etc. ,
mas são proibidos pelo ASME I para uso em caldeiras.
Devem ser tomados cuidados especiais na instalação do disco para não danificá-lo ou montar na
posição invertida, o que poderá resultar em abertura prematura. Em alguns modelos de disco a
instalação invertida é uma situação mais grave, porque aumenta a pressão de rompimento e
compromete a segurança dos equipamentos protegidos.
Na montagem do disco nos alojamentos deve-se usar torque adequado nos parafusos, para
evitar vazamento, esmagamento ou até mesmo rompimento do disco na região de contato.
Todos os discos de ruptura são instalados com um torque recomendado pelo fabricante. O
torqueamento deve ser feito com um padrão cruzado com incrementos inferiores a 25% do
valor final de torque para assegurar uniformidade. Os parafusos devem ser lubrificados para
assegurar uma carga adequada. As juntas dos flanges também tem efeito na carga aplicada. Para
juntas macias como PTFE deve-se tomar especial cuidado no torqueamento. As superfícies de
contato dos alojamentos com o disco devem ser mantidas limpas e perfeitamente lisas para
evitar danos quando os discos forem apertados.
Quando o disco é instalado a montante de uma válvula de segurança e alívio deve-se atender
aos requisitos estabelecidos no ASME VIII. As recomendações principais são : o disco deve
romper em pressão igual ou menor que a pressão de abertura da válvula; a capacidade de alívio
do conjunto disco/válvula deve ser certificada em testes padronizados , ou então se multiplica a
capacidade da válvula por 0,9 ; o disco precisa ser do tipo que não fragmenta; o espaço entre o
29
disco e a válvula precisa ser ventilado e equipado com um dispositivo que detecta rompimento
ou vazamento do disco.
MANOMETRO
Em serviços altamente corrosivos podem ser empregados dois discos de ruptura em série. Um
conjunto disco duplo consiste de dois discos montados em um alojamento especial com um
espaço ventilado entre eles. As recomendações de ventilação , de instalação de manômetro e
monitoração da pressão entre os dois discos também se aplicam .
Apesar de pouco comum, o disco de ruptura também pode ser instalado na saída para proteger a
válvula de fluidos corrosivos existentes no sistema de descarga, ou para prevenir vazamentos de
fluidos tóxicos ou inflamáveis para a atmosfera. Para instalação correta desta combinação de
dispositivos deve-se considerar possíveis efeitos de contrapressão e perda de capacidade da
válvula de segurança.
30
A determinação da vida útil de um disco é função da experiência prévia naquelas condições de
serviço específicas; as recomendações dos fabricantes podem auxiliar quando ainda não se
dispõe de um histórico confiável. A substituição dos discos deve ser avaliada comparando os
custos de uma indisponibilidade inesperada causada por falha prematura com os custos de uma
substituição programada.
É importante ter em mente que a inspeção periódica pode resultar na troca do disco, mas
nenhuma informação sobre a integridade ou a vida restante pode ser determinada com
segurança apenas com a inspeção visual ou dimensional. O histórico e a análise de falhas são
fundamentais para essa avaliação, servindo a inspeção periódica como coadjuvante nesse
processo.
A inspeção deve incluir uma verificação dos alojamentos quanto à presença de depósitos nas
superfícies de contato com os discos e se estas superfícies estão adequadamente lisas e planas.
Uma maneira rápida de verificar se há deformações ou empenos é colocar uma régua de borda
reta ao logo da superfície e verificar pontos de passagem de luz. As facas dos discos reversos
devem ser periodicamente verificadas quanto à capacidade de rasgar o disco. As juntas devem
ser verificadas quanto a dobras e danos físicos. Também devem ser verificados quanto à
corrosão e deformações os parafusos de fixação internos ao alojamento e os de fixação aos
flanges de tubulação.
Quando os discos são instalados em conjunto com válvulas de segurança eles somente podem
ser inspecionados quando as válvulas são removidas. Neste caso a inspeção do disco deve fazer
parte da rotina de inspeção da válvula. Periodicamente, em prazos compatíveis com as
condições de serviço, devem ser verificados os manômetros que obrigatoriamente são
instalados entre os dois dispositivos para indicar eventual pressurização do espaço entre eles .
31
Deformação do alojamento verificado com régua de borda reta
O dispositivo inteiro (disco de ruptura e alojamento) do tipo pré-torqueado pode ser removido
da conexão flangeada e inspecionado, podendo ser reutilizado desde que os parafusos internos
de fixação do disco no suporte não sejam folgados. Uma vez que o disco seja removido do
alojamento recomenda-se que o disco seja substituído. Os discos de ruptura do tipo não pré-
torqueado não devem ser reinstalados após remoção do alojamento. Pode haver vazamentos
devido a má vedação ou deformações, ou ainda variação da pressão de ruptura devido ao efeito
do novo torque aplicado.
Os danos comuns que acontecem com os discos de ruptura são corrosão e fadiga. Outras
ocorrências comuns são devidas à erosão e fluência, e também danos mecânicos (deformações,
arranhões) decorrentes de falta de cuidado na instalação ou no torqueamento. Há situações,
como os golpes de aríete ou martelos, que provocam o rompimento prematuro e não são
notados. A abertura ou fechamento rápido de válvulas em algum ponto do sistema causa picos
de pressão que não são notados pela intrumentação normal de processo, mas que podem afetar
os discos, que tem tempo de resposta da ordem de 1 milisegundo.
32
A utilização de discos apropriados para gases em processos que operam com líquidos é causa
de mau funcionamento e falhas prematuras. A ocorrência de obstruções nas linhas de entrada
dos discos é uma condição crítica porque pode levar à total inoperância do disco. Para evitar
obstruções a conexão e o alojamento são mantidos aquecidos com “steam-tracing” ou jaquetas
térmicas, ou injetado vapor ou outro tipo de gás no processo, ou ainda são utilizadas
construções como a da figura abaixo que garantem fluxo contínuo pelas linhas.
Disco de ruptura
Figura 2 . Suporte T
viscous. A superfície do
disco está sempre limpa,
impedindo acúmulo de
produto.
Um problema comum que afeta os discos com facas, e que compromete sua utilização, ocorre
quando o disco encosta nas facas e não é rasgado. Esta situação é decorrente de uso incorreto
(p.ex. fluidos líquidos) ou quando na manutenção o disco é substituído mas as facas, corroídas e
sem corte, não são trocadas.
Quando os discos apresentam falha prematura ou outro tipo de dano as causas das ocorrências
devem ser investigadas. Na análise das soluções possíveis, além de mudanças no processo e de
materiais deve-se considerar a troca para um modelo apropriado, inclusive com a utilização de
tecnologias recentes.
33
3.2 VÁLVULAS DE ALÍVIO DE PRESSÃO E VÁCUO DE TANQUES
Tanques que armazenam produtos que não causam poluição e de baixo valor econômico
podem ter respiros abertos diretamente para atmosfera. No entanto, quando os líquidos
armazenados são prejudiciais ao meio ambiente e causam prejuízos econômicos em caso de
evaporação , deve-se reduzir ao mínimo sua emissão para a atmosfera. Deve-se considerar
que as perdas por evaporação ocorrem durante enchimento e esvaziamento e também em
decorrência do aumento da temperatura ambiente e de variações na pressão barométrica.
Os ventes de conservação são válvulas de alívio de pressão e vácuo, dispositivos que reduzem
as perdas por evaporação ao mesmo tempo em que protegem os tanques de sobrepressão ou
vácuo excessivo. Existem vários tipos de válvulas que fazem esta função. O mais utilizado é a
válvula de alívio de pressão e vácuo com palheta, como mostra o modelo “side-by-side” da
figura abaixo. Nesta válvula, palhetas em forma de disco vedam a passagem do vapor para fora
do tanque, e do ar atmosférico para dentro do tanque. Quando a pressão interna sobe e atinge o
34
ponto de ajuste, a palheta do lado da pressão se desloca para cima, permitindo a saída de
vapor. Por outro lado, quando a pressão interna cai e se forma vácuo internamente ao tanque, a
palheta do lado de vácuo se desloca para cima, permitindo a entrada de ar para dentro o tanque.
Para que se alcance a capacidade máxima de fluxo os ventes requerem uma sobrepressão ou
sobrevácuo, acima do ponto de abertura inicial. As pressões de abertura e de fluxo máximo
não podem superar a pressão máxima de operação segura do tanque, que por sua vez é inferior à
pressão de projeto.
A pressão de abertura é função do diâmetro e peso das palhetas, e pode ser ajustada
colocando-se pesos sobre as palhetas. As pressões de ajuste tipicamente variam de 22 mm de
coluna de água ( 0,031 psig) a 35 mm de coluna de água ( 0,049 psig) para sobrepressão ; do
lado do vácuo, geralmente se ajusta para abrir com 22 mm de coluna de água. Após o alívio do
excesso de pressão a válvula vai fechar em pressão igual ou pouco inferior à pressão de
abertura.
Para evitar que insetos ou aves construam abrigos ou ninhos internamente aos ventes são
instaladas telas de proteção. Quando as telas tem malha pequena pode ocorrer obstrução com
líquidos de alta viscosidade; neste caso o mais adequado é especificar uma tela com malha
mais larga. Retentores de chama podem ser inseridos entre os ventes e o tanque, mas devem ser
vistos com reserva pelo aumento dos problemas de manutenção e limpeza e também por
reduzirem a capacidade de alívio .
35
Em caso de falha nas válvulas de alívio de pressão e vácuo, ou quando é necessário
proporcionar capacidade adicional de alívio devido a ocorrências extremas como fogo
externamente ao tanque, são instaladas válvulas de emergência. Para permitir o adequado
funcionamento das válvulas de alívio de pressão e vácuo os ventes de emergência devem ser
ajustados para abrir em pressão superior ao ponto máximo de alívio destas válvulas. As
pressões de abertura variam de 44 a 65 mm de coluna d’água ( 0,063 psig a 0,093 psig). Os
materiais de fabricação desses ventes normalmente são : base de aço carbono ou alumínio, as
palhetas de alumínio ou aço inox 316 e as guias internas de inox 316. Quando devidamente
ajustados consegue-se uma vedação de 1 ft3/h de ar (0,5 litros/minuto) em condições padrão a
90% da pressão de ajuste .
Tanques pressurizados ( pressão de projeto até 15 psig ) são utilizados em condições nas quais
se pretende reduzir as emissões a valores quase nulos. De todo modo, há necessidade de se
instalar válvulas que permitam alívio de sobrepressão ou sobrevácuo em caso de ocorrências
operacionais ou de causas externas. Essas válvulas de alívio de pressão e vácuo podem ser
acionadas por peso ou por molas, conforme pode ser visto na figura abaixo. Os ventes
acionados por peso são limitados a 2 psig de ajuste, em função da limitação da altura dos pesos
dentro da válvula . Os ventes acionados por mola tem pressão de ajuste variando de 3 a 12 psig.
O tamanho máximo desses ventes é de 12” . Os ventes podem ser instalados separadamente,
uma válvula para sobrepressão e outra para sobrevácuo, mas geralmente são instalados
conjuntos com dupla função; quando os conjuntos são acionados por mola de um lado e peso do
outro, a pressão de ajuste do lado da palheta de vácuo é de 0,125 psig . Os materiais de
fabricação desses ventes são semelhantes aos dos ventes de baixa pressão; as sedes de vedação
geralmente são de Viton e as molas de aço inox 302 .
36
3.2.4 Inspeção de Válvulas de Alívio de Pressão e Vácuo
Quando as válvulas são desmontadas para manutenção, os discos ( palhetas) devem ser limpos e
pesados. Se a massa do disco não está correta deve-se adicionar ou remover massa para se
ajustar a pressão de abertura . As sedes de vedação do tipo metal-metal devem ser polidas e
mantidas perfeitamente planas. Sedes de elastômeros precisam ser removidas com cuidado e
limpas com solventes apropriados; quando apresentam inchamento ou ataque químico devem
ser substituídas por material mais adequado. O uso de juntas de grafite flexível é recomendado
em serviços mais críticos . Para evitar vazamentos e travamento da válvula na posição aberta é
necessário manter as guias lisas, sem marcas de corrosão e perfeitamente alinhadas. Ventes de
emergência soldados diretamente ao teto dos tanques são muito difíceis de manter em boas
condições porque os reparos têm que ser feitos no campo. A manutenção das válvulas de
segurança e alívio deve ser feita em oficina para se conseguir o grau de vedação necessário,
mas a montagem das válvulas habitualmente é feita no campo, porque são equipamentos
pesados e há grande risco de danificar as sedes de vedação quando transportados totalmente
montados .
O padrão API 526 estabelece alguns requisitos para fabricação das válvulas de segurança e
alívio flangeadas, como dimensões externas, materiais do corpo, castelo e mola, classe de
pressão dos flanges e área dos orifícios de passagem padronizados. Também as normas ASME
I- Caldeiras e ASME VIII- Vasos de Pressão, estabelecem alguns requisitos gerais para
fabricação, como faixa máxima de uso das molas, obrigatoriedade de existência de alavanca de
acionamento para uso em vapor, projetos construtivos que facilitem instalação e drenagem,
materiais adequados, etc.
Não existe entretanto uma norma ou guia que englobe e padronize os requisitos específicos de
projeto construtivo e fabricação das válvulas de segurança e alívio, como existe por exemplo
para válvulas gaveta. No dimensionamento do corpo alguns fabricantes eventualmente adotam
critérios das normas de projeto das válvulas de bloqueio (p.ex. ANSI B 16.34), outros fazem
uso de técnicas mais refinadas como cálculo por elementos finitos.
O dimensionamento dos componentes internos é feito com muito cuidado, especialmente disco
e bocal, que devem ser bastante estreitos para garantir máxima vedação, mas precisam ter área
suficiente para resistir às altas tensões causadas pela mola. Alguns fabricantes adotam
orientações práticas, como p.ex. dimensionar a largura das sedes em função da pressão de
abertura . Outra orientação de projeto é que a largura da sede seja aproximadamente LS =
BD/100 , onde B é o diferencial de alívio requerido (em porcentagem) e D é o diâmetro do
bocal ( em polegadas).
37
Para se garantir perfeita vedação é necessário que as superfícies das sedes do disco e bocal
estejam perfeitamente planas e polidas no grau máximo de acabamento . Outro fator importante
com relação ao disco é a resistência mecânica adequada para resistir ao momento fletor. O
formato do disco e a posição de apoio da haste no disco também influenciam na estanqueidade.
Se o ponto de apoio da haste se situa abaixo da superfície das sedes, a tendência natural de auto
alinhamento do disco irá reduzir vazamentos. Formatos adequados de disco diminuem a
distorção térmica através da redução na transferência de calor através do disco, aumentando a
estanqueidade. Além disso, deve-se manter concentricidade das partes internas; a haste precisa
permanecer perfeitamente reta e concêntrica com o disco para garantir que não será criado um
momento entre a força da mola e a pressão atuando no disco.
O suporte do disco e a guia, responsáveis pelo guiamento interno, precisam ter folgas
adequadas, para evitar travamento ou folga excessiva que pode causar desalinhamento. É
importante também que as superfícies estejam perfeitamente lisas para evitar agarramento.
Cada fabricante adota valores máximos e mínimos de folga, bem como dimensões mínimas de
disco e bocal. Na manutenção das válvulas é importante que essas dimensões sejam conhecidas
e levadas em consideração, para se manter a garantia de funcionamento adequado das válvulas.
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Para evitar ataque corrosivo e reduzir o coeficiente de atrito alguns fabricantes utilizam
revestimentos metálicos nas guias, com espessuras da ordem de 0,02 mm .
A mola tem que ser adequada ao tamanho da válvula e pressão de abertura. Algumas
orientações práticas são: as molas devem ter uma razão entre diâmetro médio e espessura do
arame entre 5 e 10 ; o perpendicularismo da mola não pode exceder 1,5 º para um dos lados; a
folga entre a mola e os suportes da mola deve ser cerca de 10% do diâmetro externo da mola.
Quanto maior o comprimento da mola maior a tendência para vazamento próximo à pressão de
abertura; reduzir o número de voltas tende a eliminar o vazamento. O código ASME
determina que a máxima deflexão de trabalho não pode exceder 80% da deflexão total.
De modo geral os fabricantes estabelecem materiais padronizados, que satisfazem uma grande
porcentagem das aplicações, e quando necessário alteram os componentes que estarão sujeitos
ao processo corrosivo. Os fabricantes devem se preocupar tanto com os materiais em contato
com o processo quanto com os que estarão em contato com o sistema de descarga, porque
mesmo com a válvula fechada pode haver sérios problemas de corrosão no lado da descarga.
O corpo e o castelo são as peças maiores e mais pesadas, e normalmente não estão sujeitas a
altas pressões e condições muito corrosivas. O material padrão de fabricação é o aço carbono
fundido. Para serviço em alta temperatura ( acima de 430 ºC ) o corpo é fabricado em aço liga
Cromo-Molibdênio. Para serviço em baixa temperatura ( entre –30 ºC e –100 ºC ) o corpo é
fabricado em aço baixa liga com 3,5% de Níquel. Usa-se aços inoxidáveis do tipo austenítico
para temperatura muito baixa ou serviço criogênico ( abaixo de –100 ºC ). Válvulas em bronze
são bastante utilizadas em serviços com água. Para serviço corrosivo é necessário empregar
materiais resistentes, como Inconel, Monel, Hastelloy, etc. A utilização de pintura interna nas
válvulas de aço carbono é um recurso que apresenta resultados satisfatórios quando as
condições não são muito agressivas. Capuz e alavanca são fabricados no mesmo material do
castelo; o material padrão é o aço carbono.
O disco e o bocal são as partes que estão em contato permanente com o fluido de processo e
submetidos à pressão e temperatura de trabalho. Além disso, são responsáveis pela vedação da
válvula. Constituem-se portanto nos componentes mais solicitados, tanto mecanicamente
quanto em termos de desgaste corrosivo, e precisam ser fabricados em materiais que resistam a
essas solicitações. Os materiais padrão para disco e bocal são os aços inoxidáveis; geralmente
se especifica aços inox austeníticos para o bocal (tipos 304 e 316) e aços inox
ferrítico/martensíticos para os discos ( tipos 410, 420 ). Alguns fabricantes utilizam inox
austenítico ou aços inox endurecidos por precipitação (tipo 17-4 PH) para construir os discos.
Válvulas de segurança utilizadas em sistemas de vapor de alta pressão podem apresentar danos
nas superfícies de assentamento devido à erosão provocada por pequenos vazamentos de vapor.
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O uso de revestimentos duros aplicados por soldagem, do tipo Stellite, aumenta
significativamente a vida útil das sedes de disco e bocal. Para serviços muito corrosivos, nos
quais os aços inox não vão resistir, são utilizadas ligas especiais.
Os componentes internos como suporte do disco, guias, etc. são fabricados em aços
inoxidáveis, geralmente do tipo ferrítico/martensítico (410, 420), material com boa resistência
mecânica e à corrosão, e que não apresenta problemas de gripamento (“galling”). A haste
normalmente é fabricada em aço tipo 420, assim como o parafuso de ajuste e o parafuso trava
do anel de fechamento. Para serviço criogênico todos os componentes são fabricados em aço
inox austenítico, e para serviço muito corrosivo os internos seguem a mesma especificação do
material do corpo.
As molas são fabricadas em aço carbono, para serviço abaixo de 230 ºC , e em aço ao
Tungstênio ( 8,75 a 9,75 %W ) para temperaturas acima de 230 ºC . Abaixo de –60 ºC são
utilizadas molas de aço para baixa temperatura e para serviço criogênico molas de AISI 316.
Para evitar qualquer desgaste corrosivo as molas são revestidas com cádmio, níquel ou
alumínio. Para condições muito corrosivas são utilizadas molas em ligas especiais como
Inconel ou Hastelloy. Na fabricação de válvulas pequenas alguns fabricantes preferem
padronizar as molas em materiais nobres, como Inconel e aço inox 17-7 PH, que atendem uma
ampla gama de processos e temperaturas .
Os foles, nas válvulas de segurança e alívio balanceadas, são fabricados normalmente em AISI
316 L. Nas válvulas construídas inteiramente em ligas especiais, como Monel, os foles também
são desses materiais especiais.
Anéis “O” (O-ring) são fabricados em Buna-N, Kalrez, Viton, Teflon, etc. Na determinação do
tipo de material e da dureza adequada deve-se levar em consideração o fluido de serviço, a
pressão e a temperatura de trabalho.
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1- CAPUZ – Fº Fº NODULAR
2- GARFO - Fº Fº NODULAR
3- CONTRAPORCA – AÇO CARBONO
ZINCADO
4- PARAFUSO DE REGULAGEM –410
5- SUPORTE DA MOLA – AÇO CARBONO
ZINCADO
6- MOLA – AÇO CARBONO CADMIADO
7- HASTE – INOX 410
8- ALAVANCA - Fº Fº NODULAR
9- CASTELO – A 216 WCB
10- GUIA – INOX 316
11- SUPORTE DO DISCO – INOX 316
12- PARAFUSO TRAVA – INOX 304
13- DISCO – INOX 316
14- PARAFUSO TRAVA – INOX 304
15- ANEL DE REGULAGEM – INOX 304
16- ANEL DE REGULAGEM – INOX 304
17- CORPO – A 216 WCB
18- BOCAL – INOX 316
41
5. DEFINIÇÕES DE TERMOS
42
5.2 Características dos dispositivos de alívio de pressão
ÁREA DO BOCAL ( área da garganta ) - Menor área perpendicular ao eixo, medida no bocal.
Para válvulas com guias inferiores, deve-se descontar as áreas referentes às hastes e guias.
ÁREA DE DESCARGA - Área real que limita a vazão da válvula. Por definição as válvulas de
alta abertura ( grande elevação ) são aquelas nas quais a área do bocal é que limita a descarga.
Válvulas de baixa abertura ( pequena elevação ) são aquelas nas quais a área da cortina é a que
limita a descarga.
CHIADO ( simmer ) - Vazamento audível do fluido pelas sedes do disco e bocal, que ocorre
antes do disparo ( pop ), pouco abaixo da pressão de abertura .
43
CURSO MÁXIMO ( maximum lift ) - Deslocamento do disco da sede até a posição totalmente
aberta.
PRESSÃO DE ABERTURA ( set pressure ) - Pressão manométrica na qual a válvula abre sob
as condições de operação. No caso de operação com líquidos é a pressão na qual a válvula
começa a abrir nas condições de serviço. No caso de operação com gases é a pressão na qual a
válvula abre ( ação pop ) nas condições de serviço.
44
MARGEM DE FABRICAÇÃO – Variação de pressão na qual o disco de ruptura pode ser
marcado. As margens de fabricação são usualmente catalogadas pelos fabricantes como uma
porcentagem da pressão de rompimento especificada .
PRESSÃO DE OPERAÇÃO ( operating pressure ) - Pressão efetiva atuando sob a válvula nas
condições de trabalho.
45
6. DIMENSIONAMENTO E SELEÇÃO
Este capítulo tem por objetivo apresentar noções básicas gerais sobre dimensionamento e
seleção de dispositivos de alívio para proteção de vasos de pressão, caldeiras e outros
equipamentos usados em refinarias, plantas de petróleo, petroquímicas e indústrias correlatas.
Na primeira parte são abordados os vasos de pressão com Pressão Máxima de Trabalho
Admissível igual ou maior que 15 psig (103 kPag). Os métodos aqui aplicados estão baseados
no API RP 520 e no Código ASME Seção VIII e destinam-se à proteção de vasos de pressão
contra sobrepressões causadas por falhas operacionais e por fogo. Tais dispositivos não
protegem os equipamentos contra falhas estruturais causadas pela exposição à temperaturas
muito elevadas causadas por incêndios. Os critérios da norma de tubulações ANSI B31.3 são
apresentados no item 6.3.1. No capítulo 6.12 são abordadas as válvulas de segurança usadas na
proteção de caldeiras, usando-se os critérios do Código ASME I .
Tanques e outros equipamentos que operam sob pressões menores que 15 psig (103 kPag),
inclusive sob pressão ambiente ou vácuo, estão fora do escopo deste trabalho, devendo ser
tratados segundo normas específicas tais como o API Standard 2000.
Os dispositivos de segurança para alívio de pressão são instalados para assegurar que um
sistema de processo, quaisquer dos seus componentes, ou um equipamento individual, não seja
submetido a pressões maiores que um determinado valor acima da PMTA, estabelecido nas
normas de projeto, denominado pressão de acumulação .
Dispositivos de falha segura e outros sistemas de instrumentação de controle não devem ser
usados para substituir os dispositivos de alívio de pressão na proteção dos equipamentos de
processo. Existem porém situações nas quais os dispositivos de alívio de pressão não são
efetivos em termos de proteção, sendo necessária a adoção de outras providências mais
eficientes, de acordo com cada caso.
46
b) Analisar cada possível fonte potencial de sobrepressão, com base nos dados de processo
(pressão, temperatura, fluido, vazão, etc), para determinar as vazões de alívio necessárias,
nas pressões de acumulação permitidas pelo código de projeto do equipamento.
c) Escolher a contingência que vai levar a maior vazão através do dispositivo de alívio.
d) Verificar dados do projeto do equipamento ou sistema a proteger.
e) Definir, em função dos seguintes fatores: condições das fontes potenciais de sobrepressão;
valores da pressão e da vazão de alívio; rapidez necessária de resposta; condições de
contrapressão; condições operacionais antes da abertura do dispositivo e durante o alívio;
características dos fluidos de processo; e demais dados importantes, quais alternativas são
mais adequadas para proteção em termos da quantidade e tipo de dispositivo de alívio.
f) De posse dos dados necessários para efetuar o dimensionamento, calcular a área de orifício
requerida para alívio.
g) Especificar o(s) dispositivo(s) de alívio mais adequado(s), levando em consideração os
seguintes aspectos: características, campo de aplicação e especificação do(s) dispositivo(s),
adequação de materiais, limites de pressão e temperatura, etc .
h) Preencher folha de dados com especificação do(s) dispositivo(s) de alívio.
a) Falhas operacionais
Os eventos que provocam sobrepressões acima dos limites de tolerância permitidos pelas
normas de projeto dos equipamentos e que são considerados genericamente como falhas ou
contingências operacionais, envolvem não somente os casos típicos de erros operacionais por
parte daqueles que operam as instalações, mas também as falhas funcionais que ocorrem nos
equipamentos . Alguns exemplos de contingências operacionais:
47
- Fechamento inadvertido de válvulas de bloqueio ou de controle na descarga de
equipamentos pressurizados.
- Abertura inadvertida ou falha de válvulas que permitam a passagem de fluído de outra fonte
que possa pressurizar o equipamento acima da sua PMTA, inclusive devido à ocorrência de
vaporização ou “flacheamento” do fluido ao adentrar no seu interior.
- Falha de refluxo, promovendo elevação crítica de pressão.
- Falhas em sistemas de utilidades (tais como suprimento de água e ar, energia, combustíveis,
etc) que possam resultar em elevações críticas de pressão de equipamentos, tais como nas
caldeiras.
- Reações químicas exotérmicas e mudanças bruscas nas condições de processo podem gerar
condições de pressão e temperatura superiores aos limites recomendados para os
equipamentos. Nestes casos deve-se verificar se é necessário considerar outros meios de
proteção além do dispositivo de alívio de pressão.
- Mau funcionamento de válvulas de retenção, resultando em reversão de fluídos com
conseqüente elevação de pressão acima da PMTA .
- Falha em tubo de permutadores de calor que possibilita que a corrente de pressão mais alta
pressurize a região de baixa pressão do permutador.
- Surgimento de pressões transientes tais como na ocorrência de golpes de aríete em
tubulações de líquidos e bloqueios rápidos em tubulações de vapor. Nesses casos o uso de
válvulas de alívio de pressão não é a melhor solução para evitar que ocorram danos.
- Falhas de resfriadores (trocadores de calor e ventiladores, por exemplo), com conseqüente
elevação de pressão por efeito de temperatura.
b) Efeitos térmicos
Neste grupo estão incluídas tanto as elevações de pressão causadas pelo fogo, quanto por outras
fontes de calor menos intensas capazes de promoverem expansão hidráulica de líquidos, e que
implicam na necessidade de adoção de pequenos dispositivo de proteção para alívio térmico.
Expansão hidráulica: ocorre por várias causas, das quais as mais comuns são as seguintes:
a) Bloqueio de vasos ou tubulações cheios de líquido frio ou com temperatura próxima à
ambiente, que são aquecidos pela radiação solar, por traços de aquecimento (steam
tracing), pelo ambiente externo ou equipamentos quentes próximos.
b) Bloqueio de fluido frio no interior de trocadores de calor sem interromper o fluxo do
fluido quente.
De modo geral, a capacidade requerida é pequena e difícil de ser determinada. Nestes casos a
especificação de uma válvula de alívio de ¾” x 1” geralmente é suficiente, chegando até a ser
superdimensionada. A válvula de alívio deve ser ajustada para abrir sob pressão igual ou abaixo
da PMTA do equipamento e acima da pressão de operação o suficiente para atuar apenas em
condições de expansão hidráulica. Se houver contrapressão superimposta seus efeitos no
funcionamento da válvula de alívio devem ser considerados.
Existem duas situações específicas, nas quais a simples instalação de uma válvula de alívio de
¾” x 1” não atende, e por isso torna-se necessário efetuar dimensionamento. Tubulações longas
e de grande diâmetro, e grandes vasos ou trocadores de calor que operam cheios de líquidos,
aquecem a taxas calculáveis quando expostos ao sol. Se a taxa de transferência de calor e o
coeficiente de expansão térmica forem conhecidos, a capacidade de alívio requerida pode ser
calculada através da equação 1 abaixo, usando-se os dados da tabela 1 ( dados do API 521 ) .
48
Tabela 1 (API 521) - Valores típicos de coeficiente de expansão cúbica para
hidrocarbonetos líquidos e água a 60 ºF.
Densidade do líquido (ºAPI) Valor (por ºF)
3 a 34,9 0,0004
35 a 50,9 0,0005
51 a 63,9 0,0006
64 a 78,9 0,0007
79 a 88,9 0,0008
89 a 93,9 0,00085
94 a 100 e mais leves 0,0009
água 0,0001
A existência de dispositivos de segurança para alívio de pressão não garante que o equipamento
estará permanentemente protegido em condições de incêndio com grande duração, pois os
materiais de fabricação dos equipamentos só resistiriam a altas temperaturas até um
determinado tempo, visto que nesses casos o equipamento poderá ser submetido a temperatura
geralmente muito superior à de projeto.
A norma API RP 521 apresenta mais detalhes sobre este assunto e provê uma discussão
detalhada dos requisitos de alívio para cada condição emergencial de operação. Em especial
apresenta também uma discussão para casos de contingência por fogo. No item 6.9.7 são
detalhados os métodos utilizados no dimensionamento para fogo .
49
6.2.2 Definição da quantidade de fluido a ser aliviado
A tabela 2 (do API RP 521) lista de maneira genérica as ocorrências comuns que podem
requerer proteção contra sobrepressão e as quantidades a serem aliviadas.
50
no valor da sobrepressão, desde que sejam respeitados os limite de acumulação dos
equipamentos e de pressão de abertura dos dispositivos de segurança, estabelecidos por norma.
O Código ASME Sec. VIII ( vasos de pressão não sujeitos a chama ) estabelece valores
diferenciados de acumulação levando em consideração o tipo de contingência (operacional ou
fogo) para a qual será requerida proteção para alívio de pressão. O Código faculta também a
opção de proteção do equipamento através da instalação de dispositivo único ou múltiplos.
Permite ainda o uso consorciado de discos de ruptura com válvulas de segurança e alívio.
Nos casos em que for escolhida a instalação de dispositivos múltiplos para proteger um
equipamento, mesmo sendo adotados critérios de proteção diferentes (fogo e falha operacional,
por exemplo), a soma das capacidades totais dos dispositivos deve ser suficiente para não
permitir que ocorra sobrepressão acima do limite estabelecido pelo código.
O dispositivo usado para proteção contra o efeito fogo, em adição a dispositivos de proteção por
contingência operacional, é designado como dispositivo suplementar.
É facultado também, pelo código ASME Sec. VIII e guia API RP 521, a possibilidade de um
mesmo dispositivo ser usado e considerado satisfatório para proteção contra contingências
operacionais ou de fogo, desde que tenha capacidade de alívio que atenda ambas as
contingências dentro dos respectivos limites de sobrepressão aplicáveis.
É importante salientar que embora o Código ASME VIII estabeleça os valores de acumulação
devido a falha operacional em 10% para proteção singela e 16% para dispositivos múltiplos, e
21% para fogo, permite em alguns casos a adoção de valores de sobrepressão maiores, desde
que sejam respeitados os limites de acumulação. Deve-se lembrar que acumulação se refere ao
equipamento protegido, enquanto que sobrepressão está relacionada com o dispositivo de alívio
de pressão. Os valores de sobrepressão e acumulação são iguais quando o dispositivo está
ajustado para abrir na PMTA. Quando o dispositivo está ajustado para abrir abaixo da PMTA
pode-se adotar valores mais altos de sobrepressão contanto que os limites de 10%, 16% ou 21%
de acumulação sejam respeitados.
Outro requisito da citada secção é que todas as válvulas construídas segundo os seus critérios
devem alcançar a capacidade total de vazão sob condição de sobrepressão máxima de 10%.
Essa condição é verificada no teste de certificação, no qual se mede a capacidade de alívio .
Tubulações. A norma ANSI B31.3 adota os mesmos critérios estabelecidos pelo ASME VIII,
ressaltando que deve ser substituído “vaso” por “sistema de tubulação” e “PMTA” por “pressão
de projeto”. A sobrepressão máxima é de 10%, com as seguintes exceções:
b) a pressão de alívio pode exceder a pressão de projeto excepcionalmente no máximo em:
b.1) 33% durante no máximo 10 horas de uma vez ou no máximo 100 horas no ano;
51
b.2) 20% durante no máximo 50 horas de uma vez ou no máximo 500 horas no ano.
Outros serviços. Em serviços com líquidos não incluídos nas normas ASME geralmente é
adotada sobrepressão de 25%.
Como regra geral a pressão de abertura é igual ou menor que a pressão de projeto ou PMTA.
Para o caso de adoção de dispositivos múltiplos, as normas e códigos determinam que pelo
menos um dos dispositivos de segurança e alívio de pressão seja ajustado para atuar no máximo
na pressão de projeto do equipamento protegido.
Caso seja adotado o sistema com dispositivos múltiplos, para vasos de pressão, o ASME VIII e
o API RP 520 estabelecem os seguintes limites para os valores de pressão de abertura dos
dispositivos de alívio ( válvulas de segurança ou discos de ruptura - ver tabela 3 ):
- Para falha operacional o primeiro dispositivo deverá ser ajustado no máximo até 100% da
pressão de projeto ou da PMTA, e a pressão de abertura do(s) dispositivos adicional(is)
estará limitada até a 105% da pressão de projeto ou da PMTA. ( Deve-se salientar que como
a acumulação permitida é de 16% , o primeiro dispositivo será dimensionado para 16% de
sobrepressão e o dispositivo adicional será dimensionado para 11 % de sobrepressão ).
- Para proteção contra efeito de fogo o primeiro dispositivo deverá ser ajustado no máximo
até 100% da pressão de projeto ou da PMTA; a pressão de abertura do dispositivo adicional
deverá ser limitada a no máximo 105 % da pressão de projeto ou PMTA. A pressão de
abertura do dispositivo suplementar, para fogo, deve ser no máximo de 110% da PMTA, e
dimensionado para 11 % de sobrepressão. O dispositivo suplementar deve ser usado
unicamente em suplementação a dispositivos que tenham sido dimensionados para falha
operacional .
Tubulações. A norma ANSI B31.3 adota os critérios do ASME VIII, usando os termos
“sistema de tubulação” e “pressão de projeto”. A pressão de abertura deve ser igual ou menor
que a pressão de projeto com a seguinte exceção:
a) quando uma parte do sistema de tubulação está bloqueada e o dispositivo de alívio é usado
para proteger apenas esta parte dos efeitos de expansão térmica, a pressão de abertura pode
exceder o menor valor entre a pressão de teste ou 120% da pressão de projeto.
Embora o diferencial de alívio não seja uma variável importante para o dimensionamento de
uma válvula de segurança, deve ser considerado na seleção das válvulas, pois estas apresentam
características construtivas diferentes, inclusive quanto à pressão de fechamento. Os códigos de
projeto especificam limites diferentes para o diferencial de alívio das válvulas, em função da
aplicação a que será submetida. Para vasos de pressão que operam com gás ou vapor, o Código
ASME Section VIII estabelece que o diferencial de alívio seja de até 7% ou 3 psi, o que for
maior. Para serviços com fluidos incompressíveis e em casos em que a válvula não possua
dispositivo de regulagem do fechamento, o Código não estabelece limite para o diferencial de
alívio, determinando apenas que seja informado pelo fabricante. Em situações menos rigorosas,
nas quais se utilizam dispositivos mais simples, como é o caso de alívio térmico ou descarga de
bombas, o diferencial de alívio é da ordem de 15 a 20% .
52
Tabela 3. Requisitos do ASME VIII para válvulas em vasos de pressão
Valores limite de pressão de abertura e de acumulação para vasos de pressão (ASME VIII)
Contingência Válvula Única Válvulas Múltiplas
Max.Pr. Abertura Acumulação max Max.Pr.Abertura Acumulação max
Falha operac.
Primeira válv. 100 110 100 116
Válv.adicional - - 105 116
Fogo
Primeira válv. 100 121 100 121
Válv.adicional - - 105 121
Válv.suplem. - - 110 121
53
Determinação da pressão de alívio. Válvulas múltiplas. Falha operacional
Primeira válvula Válvula adicional
Característica Valor Característica Valor
PMTA do vaso, psig 100 PMTA do vaso, psig 100
Acumulação máxima ,psig 116 Acumulação máxima ,psig 116
Pr.abertura valvula, psig 100 Pr.abertura valvula, psig 105
Sobrepressão admissível, psig 16 Sobrepressão admissível, psig 11
Pressão de alívio, P1, psia 130,7 Pressão de alívio, P1, psia 130,7
Como recomendação de caráter geral, o código ASME VIII estabelece os seguintes diferenciais
mínimos entre pressão de operação e pressão de abertura :
5 psi ( 35 kPa) para pressão de abertura abaixo de 70 psi ( 490 kPa ) ;
10% para valores de pressão de abertura entre 71 a 1000 psi;
7% para pressão de abertura superior a 1000 psi ( 6900 kPa ).
54
6.4 Verificação das características do processo
O uso de válvulas múltiplas é recomendável nas seguintes situações: (a) Capacidade requerida
superior à oferecida pelo maior orifício (“T”) disponível; (b) Classe de pressão da válvula
incompatível com a pressão de ajuste; (c) Contingências múltiplas com vazões muito diferentes.
Válvulas do tipo piloto operadas são indicadas quando há necessidade de aliviar grandes
vazões conjugadas com alta pressão de alívio .
Em situações em que ocorrem reações fora de controle, é necessário um dispositivo que tenha
alta rapidez de resposta e grande capacidade de vazão, e neste caso um disco de ruptura é mais
adequado que uma válvula . Em casos onde há risco de corrosão dos internos da válvula ou
risco de obstrução na conexão de entrada, o uso combinado de um disco na entrada da válvula
de alívio de pressão é a estratégia de proteção mais indicada. Há ainda casos em que válvulas de
alívio de pressão ou discos de ruptura não representam a melhor opção, como as situações de
elevados picos de sobrepressão causados em tubulações por golpes de aríete, em que um
amortecedor de pulsação poderia ser mais adequado .
55
O dimensionamento pode ser efetuado de três maneiras: manualmente através de uso de
equações; através de gráficos e tabelas contidas em catálogos dos fabricantes; através de
programas de computador:
a) Dimensionamento através de uso de equações: De posse dos dados, pode-se efetuar o cálculo
do orifício, usando-se equações apropriadas para vapor d’água, gás ou líquido. No item 6.9 são
apresentadas as equações, tabelas e gráficos do API RP 520 usadas para dimensionamento. Em
seguida é escolhido um dispositivo que tenha área efetiva igual ou imediatamente acima da área
calculada e cuja especificação quanto a limites de pressão e temperatura, sobrepressão,
diferencial de alívio e materiais atendam às condições de serviço. Não se deve usar válvulas
com orifício muito superior ao calculado porque o superdimensionamento é uma das condições
que pode provocar batimento (“chattering”, seqüência de múltiplas aberturas e fechamentos
rápidos e sucessivos ), que reduz a capacidade de alívio e causa graves danos à válvula.
Tabela 4. Área efetiva do orifício e designação em letras segundo padrão do API 526
Designação Área Efetiva Área Efetiva Designação Área Efetiva Área Efetiva
do Orifício (in2 ) (cm2 ) do Orifício (in2 ) (cm2 )
Outra maneira mais rápida, porém menos precisa, é a seleção do dispositivo e orifício através
de gráficos e tabelas encontradas em catálogos dos fabricantes de válvulas e discos. Esta
maneira é bastante aplicada quando se trata de serviços com ar, água e vapor d’água. Ela é feita
de forma simplista, em função do fluído, vazão, pressão de abertura, sobrepressão e temperatura
de alívio. Os gráficos e tabelas apresentam capacidades máximas de vazão de um determinado
orifício efetivo para ar, vapor ou água. Para outros fluidos que possuem características
diferentes em relação à água, ar comprimido ou vapor d’água, é recomendável que se faça o
dimensionamento através da aplicação das equações específicas do API RP 520.
56
c) Dimensionamento através de programas de computador.
Após a definição de qual a melhor estratégia de proteção ( uso de disco ou válvula, uso de
dispositivo único ou múltiplos ) e do cálculo da área de orifício requerida, procede-se à escolha
da melhor opção de modelo de válvula ou disco, levando-se em conta detalhes específicos
como diferencial entre pressão de abertura e pressão de operação, existência e valor da
contrapressão, características dos fluidos, detalhes construtivos importantes, etc. Deve-se
definir também a classe de pressão das conexões rosqueadas, soldadas ou flangeadas. No caso
das válvulas flangeadas a norma API 526 determina o tamanho e classe de pressão dos flanges
de entrada e saída da válvula em função do orifício selecionado e da pressão de abertura . Deve-
se também escolher os materiais compatíveis com o fluido e temperatura de processo. Neste
processo deve-se recorrer às informações contidas em catálogos de fabricantes ou consultá-los
diretamente.
A Folha de Dados é enviada aos fabricantes para que enviem a proposta de fornecimento, com
modelo de válvula apropriado e cotação. É importante que os fabricantes refaçam os cálculos
de dimensionamento considerando a sua válvula em particular, porque os fatores de correção,
coeficientes de descarga, e até mesmo a área real dos orifícios podem variar de um fabricante
para outro. Na ocasião do envio da proposta o fabricante deverá preencher a sua Folha de
Dados do modelo específico que está ofertando, com os cálculos de dimensionamento .
57
É importante ficar claro que o dimensionamento efetuado pelo projetista é sempre realizado de
maneira preliminar. A área calculada preliminarmente é designada área requerida, a área do
orifício selecionado é designada área determinada (“effective”) e a respectiva capacidade do
orifício selecionado é uma capacidade teórica. A capacidade de vazão real do dispositivo é
determinada a partir da área real do orifício e do coeficiente real de vazão do dispositivo,
conhecidos pelo fabricante em função de testes de vazão e de dados específicos de projeto de
cada dispositivo de alívio.
6.8 Redimensionamento
Há situações nas quais é recomendável que se faça uma nova verificação da adequação do
dispositivo de alívio de pressão às condições de serviço. Estas situações são as seguintes:
mudanças significativas das condições de processo, tais como alteração dos valores de vazão do
fluido a ser descarregado; redução da pressão de abertura do dispositivo em função de redução
da PMTA do equipamento protegido; mudança da condição de contrapressão para valores ou
condições não previstas no dimensionamento original. Nestas situações, caso sejam conhecidos
o coeficiente real de descarga e a área efetiva real do orifício do dispositivo, e sejam respeitados
os limites de aplicação especificados para o dispositivo, pode ser dispensada a necessidade de
solicitar a confirmação do fabricante .
O dimensionamento de disco de ruptura pode ser efetuado por dois métodos: usando o método
do coeficiente de descarga ou o método de resistência de fluxo.
58
a) O método do coeficiente de descarga é realizado através das equações específicas do API RP
520 usadas para dimensionamento de válvulas de segurança para gás (equações 3 a 6) , vapor
(equação 7) e líquido (equação 8). Neste método adota-se um coeficiente de descarga Kd igual
a 0,62 e pode ser usado unicamente quando as seguintes condições forem atendidas: 1) o disco
de ruptura descarregar diretamente para a atmosfera e estiver instalado numa distância máxima
de 8 vezes o diâmetro da tubulação, a partir da conexão de entrada; 2) a tubulação de descarga
possuir comprimento de no máximo 5 vezes o seu diâmetro; 3) quando o diâmetro nominal das
tubulações de entrada e descarga for igual ou maior que o diâmetro nominal do disco.
b) O método de resistência de fluxo se aplica em todos os demais casos. Este método considera
o resultado da análise da resistência ao fluxo total do sistema, incluído a resistência causada
pelo próprio disco, pela tubulação e por suas conexões e acessórios, tais como, curvas, tês,
reduções e válvulas, e por perdas causadas pelas entradas e saídas. A capacidade de alívio
calculada deve ser multiplicada pelo fator de 0,90 ou menor para reduzir a influência das
incertezas inerentes a este método. A resistência do disco deve ser obtida do fabricante do
dispositivo. Este método de dimensionamento não será apresentado neste texto. Maiores
detalhes poderão ser verificados no Apêndice “E” do API RP 520.
Sob condições de fluxo crítico, a pressão real na saída do bocal do dispositivo de alívio de
pressão não pode cair abaixo da pressão de fluxo crítico, mesmo se à jusante existir uma
pressão muito inferior. Sob fluxo crítico, a expansão da pressão no bocal até a pressão à jusante
ocorre irreversivelmente com a energia dissipada em turbulência no fluido circundante.
A razão de pressão de fluxo crítico em unidades absolutas pode ser estimada usando a relação
de gás ideal, conforme a equação 2 .
Onde: K
59
crítico, Pcf, então ocorrerá fluxo crítico. Se a pressão à jusante do bocal for maior que a pressão
de fluxo crítico, Pcf, então ocorrerá fluxo subcrítico.
A pressão de fluxo crítico pode ser calculada multiplicando-se a pressão de alívio absoluta pela
razão de pressão de fluxo crítico. Esses valores são encontrados em tabelas de propriedade de
gases .
Essas equações para dimensionamento de válvulas de segurança e alívio que operam em fluxo
crítico consideram que os fluidos se comportam segundo a lei de um gás ideal, incluindo um
fator de compressibilidade, Z . Esta condição é aceita para a maioria das aplicações em
refinarias. O apêndice B do API 520 deve ser consultado para situações incomuns que
apresentem comportamento significativamente diferente do gás ideal.
60
b) Dimensionamento para vapores ou gases sob condições de fluxo subcrítico. Válvula
Convencional ou Piloto-Operada
Se a pressão de descarga for maior do que a pressão de fluxo crítico, a capacidade será função
da pressão à montante e também da pressão à jusante.
O cálculo da área da válvula de segurança e alívio convencional poderá ser efetuado a partir das
equações da tabela 8 . Neste caso, a mola deverá ser ajustada para compensar o efeito da
contrapressão superimposta . Essas equações podem ser usadas para válvulas piloto operadas .
61
Kb Coeficiente de correção de
Quando não informado pelo fabricante,
contrapressão, informado pelo
estimar valor através do gráfico 2. Adotar
fabricante, aplicável apenas para 1 para válvulas convencionais e piloto
válvulas balanceadas. operadas.
Kd Coeficiente de descarga da válvula. Quando não informado, usar 0,975 para
válvula de alívio de pressão,inclusive
quando combinada com disco de ruptura.
Usar 0,62 para dimensionamento de disco
de ruptura.
Z Fator de compressibilidade. Considera (Se este valor não for disponível, pode-se,
o desvio do gás em relação a um gás adotar Z=1.0)
perfeito, avaliado na entrada, nas
condições de alívio .
M Peso molecular médio do gás ou vapor.
G Densidade do gás em relação ao ar ( =1 para ar a 101,325 kPaa e 0 ºC )
(ar=1 a 60°F e 14,7 psia)
F2 Coeficiente de fluxo subcrítico. Ver ⎡ ( k −1)
⎤
gráfico 4 ou, para calcular, use a ⎛ k ⎞ 2 ⎢1 − r k ⎥
F2 = ⎜ ⎟(r ) k ⎢
equação ao lado, onde: ⎝ k − 1⎠ 1− r ⎥
K = razão de calores específicos; ⎢⎣ ⎥⎦
r = razão entre a contra pressão e
pressão de alívio, P2/P1
Como método alternativo ao uso das equações de fluxo subcrítico (5) ou (6) pode-se utilizar as
equações familiares de fluxo crítico (3) ou (4) para dimensionar a área requerida de válvulas
convencionais ou piloto operadas que trabalham em fluxo subcrítico. A área obtida por esse
método alternativo é idêntica à área calculada usando-se as equações de fluxo subcrítico.
Para se determinar a área requerida usa-se uma das equações de fluxo crítico (3) ou (4) e aplica-
se um fator de correção Kb, devido à contrapressão, obtido do gráfico 5 .
Este método se aplica somente a válvulas piloto operadas e válvulas convencionais que tiveram
a mola ajustada em bancada para compensar o efeito da contrapressão, operando com gases ou
vapor. Não deve ser utilizado para válvulas do tipo balanceadas e não é utilizado para líquidos .
62
Válvulas com fole (balanceadas) são utilizadas para prevenir corrosão nas superfícies-guia e
partes internas do castelo, ou para deixar a válvula adequada a serviços onde a contrapressão
impede o uso de uma válvula convencional. Válvulas balanceadas são usadas quando a
contrapressão superimposta variável é alta em comparação com a pressão de abertura, ou
quando a contrapressão desenvolvida é superior ao valor de sobrepressão (normalmente 10%) .
Obs.: Válvulas de segurança e alívio podem ser utilizadas tanto em serviço com gases quanto
em serviço com líquidos. Quando as válvulas de segurança e alívio balanceadas são usadas com
líquidos, o fator de correção da contrapressão é Kw , (ver gráfico 3) porque o efeito da
contrapressão sobre a capacidade é diferente nas válvulas em serviços com líquidos das
válvulas em serviços com gases e vapores .
O cálculo da área requerida em serviços com vapor d’água, sob condição de fluxo crítico, pode
ser executado usando-se as equações apresentadas na tabela 10 abaixo.
63
6.9.5 Dimensionamento para líquidos
O Código ASME Seção VIII requer que as válvulas de segurança e alívio destinadas para
serviços com líquidos sejam certificadas quanto à capacidade de vazão, porém há outras
aplicações nas quais não é exigida certificação da capacidade de vazão das válvulas de alívio. O
API RP 520 apresenta equações distintas para cálculo da área de orifício para líquidos, para as
duas condições. Para obter a certificação de capacidade pelo código ASME são realizados testes
que determinam o coeficiente de descarga utilizando-se 10% de sobrepressão.
Para as válvulas que não são certificadas o dimensionamento é efetuado usando as equações da
tabela 13. Neste método assume-se um coeficiente de descarga Kd = 0,62 , e 25% de
sobrepressão. Para sobrepressões diferentes de 25% é necessário adotar um fator de correção de
capacidade, Kp, obtido no gráfico 7. Para sobrepressão de 10% o valor de Kp é de 0,6 . Este
método pode ser usado quando a certificação de capacidade não é requerida ou é desconhecida.
Para aplicações com sobrepressão 10% (Kp = 0,6) este método pode resultar na seleção de uma
válvula de alívio superdimensionada .
Para descarga de líquidos em válvulas de alívio de pressão não existe condição de fluxo crítico,
a não ser que ocorra vaporização do líquido ao passar pela válvula. Quando ocorrer
vaporização, deve-se efetuar o dimensionamento considerando a condição de fluxo bifásico .
Para serviço com líquido viscoso, o dimensionamento de uma válvula de alívio deve ser
efetuado em três etapas:
a) Primeiro ela deve ser dimensionada considerando-se que o fluido é não-viscoso ( Kv = 1 ), de
modo a se obter uma área preliminar (A, na equação acima ) e selecionar o orifício padronizado
do API 526 imediatamente maior.
64
b) Depois, a área deste orifício deverá ser usada na equação abaixo para se determinar o
Número de Reynold:
R Número de Reynold
μ Viscosidade absoluta na temperatura de fluxo, cp cp
centipoise.
U Viscosidade absoluta na temperatura de fluxo, SSU SSU
Saybolt Universal second
G Densidade do líquido na temperatura de
descarga, em relação à da água (1 à 70 °F).
65
6.9.6 Dimensionamento para Fluxo Bifásico
Em algumas situações o fluxo a ser considerado é bifásico ( mistura gás e líquido ). A mistura
bifásica entra na válvula ou uma mistura bifásica é produzida quando o fluido se move através
da válvula. A geração do vapor precisa ser levada em conta, porque ela vai reduzir a efetiva
capacidade de fluxo mássica da válvula.
a) Determine a quantidade de líquido que vaporiza através de uma expansão adiabática a partir
da condição de alívio, considerando a pressão crítica a jusante para o gás vaporizado ou a
contrapressão, o que for maior . Se a mistura que entra na válvula é bifásica, separe a parcela
que corresponde ao componente compressível .
b) Calcule individualmente a área requerida do orifício para passar o componente vaporizado,
usando a equação apropriada da tabela 7, de acordo com o serviço, tipo de válvula, e se a
contrapressão é maior ou menor que a pressão crítica a jusante .
c) Calcule individualmente a área requerida do orifício para passar o componente de líquido que
não vaporizou, usando a equação da tabela 12 . O diferencial de pressão ( p1 – p2 ) é a pressão
de alívio menos a contrapressão .
d) Some as áreas individuais calculadas para os componentes vaporizado e líquido para obter a
área total do orifício, que é a área requerida .
e) Selecione uma válvula de alívio de pressão que tem uma área efetiva igual ou superior à área
calculada do orifício. O projetista deve recalcular a contrapressão que vai ser gerada para a
válvula específica selecionada, com a sua instalação particular de descarga instalada,
verificando a vaporização gerada a jusante do bocal da válvula de alívio de pressão. Quando
apropriado, devem ser aplicadas correções à área previamente calculada. Uma válvula
balanceada ou piloto operada pode ser necessária quando o aumento na contrapressão devido à
vaporização ou condições de fluxo bifásico é excessivo ou não pode ser adequadamente
previsto. A taxa de fluxo real pode ser muito maior que o estimado caso não ocorra equilíbrio
no bocal .
O projetista deve investigar o efeito de qualquer autoresfriamento que pode surgir devido à
vaporização. Os materiais de construção devem ser adequados para as temperaturas de saída.
Deve-se também adotar medidas para evitar que ocorra a obstrução da saída com formação de
sólidos ou hidratos .
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b) Sistema bifásico (líquido altamente subresfriado , gases não condensáveis, vapor
condensável ou ambos) entra na válvula e não vaporiza. Exemplo : propano altamente resfriado
e nitrogênio entram na válvula e o propano não vaporiza .
c) Líquido subresfriado (incluindo saturado) entra na válvula e vaporiza. Vapor não
condensável ou gás não condensável estão presentes. Exemplo: propano subresfriado entra na
válvula e vaporiza .
d) Sistema bifásico ( gás não condensável ou vapor condensável com gás não condensável, ou
líquido subresfriado ou líquido saturado) entra na válvula e vaporiza. Gás não condensável
presente. Exemplo: sistema de propano saturado (líquido/vapor) e nitrogênio entram na válvula
e o propano líquido vaporiza .
Estes métodos constituem algumas entre várias técnicas atualmente em uso, e novos métodos
continuam a serem desenvolvidos com o passar do tempo. É importante ressaltar que não
existem válvulas especialmente construídas para fluido bifásico, e que os métodos de
certificação também não prevêem o uso de fluxo bifásico. Quando o serviço é bifásico e a
percentagem vaporizada inferior a 50% geralmente usam-se válvulas de alívio, que apresentam
comportamento mais adequado com esse tipo de fluido .
Em testes efetuados com vasos de pressão para avaliar a quantidade total de calor absorvida
foram medidas a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura do líquido até a faixa
de ebulição, e também a quantidade de líquido que evaporou em determinado período de tempo.
Os resultados de vários testes evidenciaram que a máxima taxa de troca térmica alcançada foi
de 30400 a 32500 BTU/ft2 . Essas taxas de troca térmica foram alcançadas com todas condições
adversas favoráveis, como chamas envolvendo totalmente os vasos, ausência de ventos que
iriam empurrar as chamas para longe do vaso, etc. Em condições habituais, não é de se esperar
que essas altas taxas de transferência de calor sejam alcançadas em um evento real .
Considera-se que um vaso tem área seca quando as paredes internas estão expostas a um único
componente na forma de gás ou vapor , ou quando as paredes são internamente isoladas
independentemente dos fluidos contidos . Estão incluídos nessa classificação os vasos que
contem fases líquida e vapor nas condições normais de operação, mas se tornam fase única nas
condições de alívio . Um vaso é considerado isolado internamente quando ocorre deposição de
coque ou outro material a partir do fluido contido .
Em um vaso com área seca a transferência de calor da parede para o fluido contido é baixa . Em
conseqüência, o calor de um fogo aberto pode aquecer a chapa do vaso a temperaturas que
podem causar a ruptura do vaso . Por exemplo, uma chapa de 1” de um vaso exposto a chama
vai levar cerca de 12 minutos para alcançar aproximadamente 1100 °F (593 °C) e cerca de 17
minutos para alcançar 1300 °F (704 °C) quando exposta a fogo aberto . Um vaso construído
com chapas de ASTM A-515 Gr.70 , submetido a uma tensão de 15000 psi , iria romper em
cerca de 7 horas quando exposto a 1100 °F e cerca de 2,5 minutos se exposto a 1300 °F .
67
Efeito do fogo em área molhada do vaso
A quantidade total de calor absorvida por um vaso exposto a fogo aberto é marcadamente
influenciada pelo tipo de combustível que alimenta o fogo, pela forma com que o vaso é
envolvido pelas chamas e pelas medidas de combate a fogo que são adotadas.
Q = 21000 F A0,82
Considerando-se que não existam equipamentos para combate a incêndio e não há drenagem
adequada a equação é :
Q = 34500 F A0,82
onde :
Q = calor total absorvido pela superfície molhada, em BTU / h
A = área total molhada, em ft2
F = fator do ambiente . Adotar valores segundo tabela abaixo .
A quantidade de vapor que é produzida pelo calor absorvido e terá que ser aliviada pela válvula
de alívio de pressão é dada pela equação :
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Para dimensionar a válvula são usadas as equações adequadas para fluido compressível,
apresentadas na tabela 7 . A acumulação permitida pela Seção VIII , para a condição fogo, é
de 21% ; se a válvula é ajustada para abrir na PMTA adota-se portanto sobrepressão de 21 % .
Como as válvulas aliviam vapores, precisam ser instaladas na fase vapor dos vasos .
No dimensionamento da válvula de segurança para vasos contendo gases , que são expostos a
fogo aberto, a área de descarga pode ser determinada pela seguinte equação :
F0 A3
A=
P1
onde : A3 é a superfície exposta do vaso
P1 = pressão de alívio, em psia
Fo é um fator operacional determinado pela equação :
0,1406 ⎛⎜ (Tw − T1 ) ⎞
1, 25
Fo = ⎟
CK d ⎜⎝ T1 0,6506 ⎟
⎠
C = Cp/Cv
Kd = coeficiente de descarga
Tw = temperatura da parede do vaso em ºR
T1 = temperatura do gás em ºR, na pressão de alívio, determinado por T1 = P1/Pn x Tn
P1 = pressão de alívio, psia
Pn = pressão normal de operação, psia
Tn = temperatura normal de operação, ºR
O valor mínimo de Fo recomendado é 0,01 . Quando o valor mínimo não é conhecido deve-se
adotar Fo = 0,045 .
Uma válvula de alívio de pressão não vai evitar redução de resistência mecânica e falha de um
vaso de pressão que se torna localizadamente superaquecido e supertensionado devido ao fogo
em uma área seca . O seu único efeito é evitar que a pressão interna vá além da pressão de
acúmulo permitida . Um vaso pode ser protegido contra falha através da despressurização e da
limitação da absorção de calor .
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Sistemas de despressurização
a) Isolamento externo
O uso de isolamento térmico limita a carga térmica absorvida e reduz tanto a temperatura de
parede quanto o aumento de pressão dentro do vaso . O isolamento reduz também a quantidade
de vapores gerados internamente e consequentemente a necessidade de providenciar um sistema
de alívio excepcionalmente grande para conduzir o fluido aliviado a um ponto de descarte .
O isolamento deve ser resistente a fogo e protegido contra deslocamento por jatos de água
k (1660 − T f )
F=
21000 × e
Sob condições ideais, um filme de água cobrindo a superfície metálica pode aborver a maior
parte da radiação incidente . A efetividade da aplicação de água depende de vários
fatores.Ventos fortes, sistemas entupidos, garantia de suprimento de água e a condição da
superfície do vaso impedem que se garanta uma cobertura uniforme de água . Devido a essas
incertezas, não se recomenda redução no fator de ambiente . Entretanto, a aplicação adequada
de água pode ser muito efetiva .
70
6.10 Certificação de válvulas de alívio de pressão
O código ASME requer que o fabricante de uma válvula de alívio de pressão demonstre o
desempenho e a capacidade de alívio de suas válvulas de alívio de pressão de produção, através
de um teste efetuado em uma instalação (“facility”) aceita pelo ASME, supervisionada por um
Observador Autorizado pelo ASME e testemunhado por uma terceira parte designada pelo
ASME . Esses testes foram feitos inicialmente em 1937, seguindo um programa de testes em
válvulas de alívio de pressão patrocinado pelo National Board .
Os procedimentos de teste e as equações usadas para cálculo são baseados na suposição que o
fluxo compressível através da válvula de alívio de pressão é crítico (velocidade de escoamento
igual à velocidade do som), isto é, essencialmente uma função da pressão interna.
Antes que um fabricante coloque o selo ASME em sua válvula de alívio de pressão, a
capacidade de alívio deve primeiramente ser certificada e em seguida confirmada por testes em
válvulas selecionadas aleatoriamente da produção. Posteriormente são efetuados testes
periódicos (ao menos a cada 5 anos) em válvulas aleatoriamente selecionadas da produção para
se manter a certificação .
Os fluidos de teste são vapor, ar ou gás natural para serviço com fluidos compressíveis, e água
para serviço com fluidos incompressíveis. Primeiramente a válvula de alívio de pressão é
verificada quanto à pressão de abertura e ao fechamento, em cumprimento ao que está
estabelecido no código de projeto. Em seguida a capacidade é verificada no valor de
sobrepressão especificado no código de projeto .
Este método é usado para determinar a capacidade de um único projeto em uma faixa de
pressões de abertura . Este método é conhecido também como o método da inclinação (“slope”)
porque existe uma relação direta entre capacidade e pressão absoluta na entrada para fluidos
compressíveis, e entre log da capacidade contra log do diferencial de pressão através da válvula
para fluidos incompressíveis.
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Para fluidos incompressíveis, as capacidades dos 4 testes são plotadas em papel log contra a
pressão diferencial de teste ( pressão de entrada – pressão na descarga), e uma linha reta é
desenhada ao longo dos 4 pontos. Pontos individuais não podem se distanciar mais de 5% da
linha reta. A capacidade de descarga é então determinada a partir dessa linha plotada. A
capacidade certificada não pode exceder a 0,9 vezes a capacidade obtida desta linha.
Os resultados do método das 4 válvulas podem ser extrapolados para cobrir uma faixa maior de
pressões .
Quando se quer certificar uma linha completa de válvulas, consistindo de várias entradas,
tamanhos de orifício e pressões de abertura, usa-se o método do coeficiente de descarga. Neste
caso, 3 válvulas de 3 tamanhos diferentes (total de 9) são testadas, cada válvula de tamanho
diferente ajustada em uma pressão diferente. Para cada teste, um coeficiente de descarga é
calculado, que é igual ao fluxo medido dividido pelo fluxo teórico determinado através de
fórmulas apropriadas para o fluido utilizado. Cada um dos coeficientes de descarga calculados
deve se situar entre ± 5% do coeficiente médio calculado para as 9 válvulas. Para a seção VIII,
este coeficiente é então multiplicado por 0,9 , para determinar o coeficiente efetivo real
(“rated”) de descarga a ser utilizado para calcular a capacidade de alívio dessa linha de
válvulas. Para a seção I , antes de 1997 o coeficiente médio era usado diretamente, e o fator de
0,9 era incluído na equação usada para calcular a capacidade de alívio . Isto pode dar margem a
alguma confusão, e a partir de 1997 os dois códigos adotaram o mesmo método, de modo que o
fator 0,9 foi também incorporado ao coeficiente de descarga das válvulas de segurança
certificadas pela seção I .
Antes que seja colocado o selo ASME na válvula, duas válvulas quaisquer da produção são
selecionadas e testadas para que se comprove operação adequada e capacidade. Daí em diante,
mais duas válvulas da produção são selecionadas e testadas a cada 5 anos. Se qualquer válvula
não atender, são escolhidas mais 2 válvulas para cada válvula que falhou. A continuação das
falhas pode levar à revogação do fabricante naquele projeto específico de válvula .
Esses métodos se aplicam tanto para as válvulas certificadas pela seção VIII ( Vasos de
Pressão) quanto para as válvulas certificadas pela seção I ( Caldeiras ).
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