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dos Dwarfs
オーバーロード Ilustrado por so-bin
Aviso Legal:
A tradução de OVERLORD — para inglês e português — é feita e revisada de fã para fã,
não monetizem em cima da obra e não compactuem com quem o faz. Se quiserem e pu-
derem contribuir com o autor, comprem o livro ou ebook (japonês, inglês ou português)
em sua livraria de preferência.
Sobre:
A obra faz uso de muitos anglicismos, ainda mais por se basear em RPGS, então há mui-
tos termos em inglês e tentei preservar vários desses aspectos em alguns termos, nomes
de armas, itens, raças e coisas do tipo.
Claro, algumas coisas precisam de adaptação, outras é preciso generalizar. Dito isso,
pode não agradar aos adeptos do Dia do Saci em vez do Halloween. Estejam avisados.
Bem, talvez se pergunte o motivo de eu estar usando Dwarf em vez de Anão e o motivo é simples! Veja:
“Dwarf” vem do inglês médio “Dwerf”, que por sua vez vem do inglês antigo “Dweorg”. Que é uma variação de outras
línguas de origens germânicas. O que inclui o nórdico antigo onde a palavra é “Dvergr”, no proto-germânico é
“đwerȝaz”.
Veja que apesar das diferentes grafias, as palavras soam de forma parecida?
E a etimologia da palavra leva diretamente à mitologia antiga de uma raça com determinadas características.
Já a palavra “Anão” que é comumente usada em PT-BR vem do latim, a etimologia é “a-” +latim “nanu”. Ou seja, baixa
estatura, nada relacionado à mitologia.
Justamente por isso que não usei “Anão”, pois é genérico, tem uma etimologia totalmente diferente da proposta.
Aliás, em JP é usado “ドワーフ|Dowāfu” em vez de algum sinônimo vindo de “朱儒” ou “侏儒”. Um outro termo
também referente aos mesmos é “小人|Kobito” e é usado apenas no título do livro e partes específicas.
Mas aí pode se perguntar, “Tá, mas por que Dwarf e não Dwarven?”, simples! “Dwarven” é a grafia empregada pelo J.
R. R. Tolkien e alguns outros escritores para se referirem uma raça com determinadas características. Porém, Dwar-
ven também pode ser um Adjetivo de Dwarf e até mesmo um coletivo. Mas para simplificar, deixarei como Dwarf e
Dwarfs (adotando o ‘S’ como plural no lugar de ‘ven’) apenas. Sem falar que evita confusão com pessoas com nanismo.
Então é isso, espero que entendam esse meu lado chato 😊.
Créditos:
CRÉDITOS PT-BR:
ainzooalgown-br.blogspot.com
CRÉDITOS EN-US:
overlordvolume10.blogspot.com
REFERÊNCIA DE NOMES:
overlordmaruyama.wikia.com
Atenção: Se baixou este arquivo de outro link que não o oficial do blog. Ou se tem muito
tempo que baixou e deixou guardado, que tal dar uma conferida no blog? Talvez esta seja
uma versão desatualizada :)
Revisão: 5.5 | Versão: 4.5
Sumário
Prólogo .......................................................................................................................................................... 5
Capítulo 01: Preparando-se Para a Terra Desconhecida .............................................. 15
Parte 1 ................................................................................................................................................................................... 16
Parte 2 ................................................................................................................................................................................... 36
Parte 3 ................................................................................................................................................................................... 52
Capítulo 02: Em Busca da Terra dos Dwarfs ..................................................................... 67
Parte 1 ................................................................................................................................................................................... 68
Parte 2 ................................................................................................................................................................................... 95
Parte 3 ................................................................................................................................................................................ 116
Interlúdio................................................................................................................................................ 127
Capítulo 03: A Crise Iminente................................................................................................. 131
Parte 1 ................................................................................................................................................................................ 132
Parte 2 ................................................................................................................................................................................ 140
Parte 3 ................................................................................................................................................................................ 152
Capítulo 04: O Artesão e a Negociação ............................................................................ 170
Parte 1 ................................................................................................................................................................................ 171
Parte 2 ................................................................................................................................................................................ 198
Parte 3 ................................................................................................................................................................................ 204
Capítulo 05: Frost Dragonlord .................................................................................................. 219
Parte 1 ................................................................................................................................................................................ 220
Parte 2 ................................................................................................................................................................................ 239
Parte 3 ................................................................................................................................................................................ 265
Parte 4 ................................................................................................................................................................................ 291
Parte 5 ................................................................................................................................................................................ 309
Epílogo .................................................................................................................................................... 330
Posfácio .................................................................................................................................................. 340
Ilustrações .............................................................................................................................................. 343
Glossário ................................................................................................................................................ 363
OverlorD
オーバーロード
-Volume 11-
O Artesão dos Dwarfs
Autor:
Maruyama Kugane
Ilustrador:
so-bin
Prólogo
ondo Firebeard trocou sua roupa de trabalho.
Depois disso, ele colocou um capacete de metal, do tipo que uma infantaria leve usaria.
O interior das minas era muito úmido, e usá-lo diretamente contra a pele seria descon-
fortável devido ao calor e ao escorrimento do suor. Assim, os mineiros enchiam o inte-
rior de seus capacetes com toalhas grossas.
Depois que os preparativos foram concluídos, Gondo saiu do vestiário e foi direto para
o lugar de sempre, a sala de espera.
Ele se espremeu entre vários Dwarfs e imediatamente selecionou seu nome no quadro
de mensagens. Havia quatro outros nomes na mesma linha que os dele, esses seriam
seus colegas de turno —colegas de trabalho para hoje.
Encontrar os colegas, pessoas com quem ele compartilharia sua labuta, era uma coisa
boa nessa sala de espera apertada. Parece que Gondo foi o último a chegar, porque seus
amigos já o haviam notado antes que ele pudesse se apressar.
“Ho! Gagaiz! Tirei a sorte grande de você ser o líder de turno. Vai ser bom se a gente
junto. O mesmo vale pros outros!”
“Uhum, mm. Hoje é o quinto dia! O último dia. Hoje é o dia de tirar leite de pedra!”
Prólogo
6
No entanto, não havia sinal da amada bebida dos Dwarfs, cerveja. Não havia como estar
lá. Embora fosse verdade que os Dwarfs eram altamente resistentes ao álcool e não fica-
riam embriagados com apenas alguns copos, nenhum chefe de mineração jamais permi-
tiria que seus estimados funcionários sequer tocassem nessa bebida do diabo enquanto
trabalhavam nos perigosos túneis.
Dito isso—
Um dos Dwarfs tomou um gole de um cantil na cintura, um que não haviam lhe dado.
“Puhaaa.”
Ele não foi o único a fazê-lo. Gondo também tinha vários recipientes assim.
Obviamente, não levava álcool consigo. Porém, tinha cantis de água, sopa, cinco palitos
de doces cozidos e pão-de-dwarf para suplementar suas provisões.
O interior dos túneis era quente e úmido, de modo que, além de consumir calorias adi-
cionais, eles precisavam tomar mais água também. O fato era que suas rações eram o
mínimo necessário para o dia. Seus chefes eram do tipo que cortavam custos sempre que
podiam.
Ele estava sentado do outro lado de um balcão, um Dwarf assustador e sinistro de ócu-
los. Ele levantou uma sobrancelha e olhou para Gondo e companhia.
Ele murmurou baixinho quando chegou ao Dwarf que fedia a álcool, mas no final não
disse nada. Poderia ser o gerente, mas ainda era um Dwarf e entendia essas coisas. Ou
melhor, foi porque Gagaiz deu o primeiro passo e falou.
O Dwarf de aparência arrepiante bufou e depois moveu sua atenção do grupo para o
mapa que estava vistoriando. Embora a visão deles estivesse bloqueada pelo contador,
era razoável supor que era um gráfico que mantinha as atribuições de todas as áreas de
escavação.
Claro, havia itens mágicos que poderiam limpar o ar. Mas esses itens exigiam poderes
druídicos para serem feitos, que eram lamentavelmente raros entre os Dwarfs. Assim,
eles não poderiam produzir itens mágicos em massa.
Depois disso, estudou a folha de papel que lhe foi passada. Ele deixou os outros lerem
também depois de ter verificado o conteúdo.
Logo, o papel chegou às mãos de Gondo. Como sempre, ele continha a rota que levava
ao seu local de escavação. Gondo gravou a localização de várias junções críticas em sua
mente. Essas seriam úteis se tivessem que fugir devido a uma emergência. Afinal, mons-
tros podem aparecer até mesmo em uma mina, então prestar atenção a essas coisas era
essencial.
Prólogo
8
Talvez as raças do mundo exterior não pudessem suportar a sensação de opressão que
os túneis impunham a seus navegantes. Todavia, não tinha efeito algum sobre os Dwarfs,
residentes no subterrâneo. Os túneis pareciam estreitos, mas eram bastante espaçosos
para sua estatura. Dado que a altura média de um Dwarf era cerca de 130 centímetros,
já um túnel tinha cerca de 180 centímetros de diâmetro, era amplo o suficiente para eles.
Se fossem mineradores como Gondo e os outros, deveriam ter ouvido o som de um car-
rinho de mineração também. No entanto, não havia nada do tipo. O que foi isso então?
Se fosse o som tateante de pés descalços no chão, teriam jogado tudo pelos ares e fugido
de volta para o lugar de onde vieram. Entretanto, não foi o caso; os passos soaram como
se tivessem sido feitos com botas.
Gondo e os outros se apertaram para os lados das paredes para não impedir o progresso
de seus compatriotas. Bem, eles fizeram isso, mas o carrinho de mineração ainda ocu-
pava espaço no meio do túnel, então dizer que estavam tentando se manter fora do seu
caminho era apenas uma ilusão de sua parte e dos outros.
“—Vão lá? Não há nada lá agora, mas tenha cuidado mesmo assim.”
Seu trabalho era lançar magias que reforçassem o teto e evitassem que pedaços caíssem,
impedindo que os mineiros fossem feridos por quinas afiadas nas pedras que estavam
escavando, e assim por diante.
Era crítico escorar os túneis devido ao constante perigo de seu colapso, mas a madeira
— o material mais comumente utilizado para esse reforço — era difícil de encontrar
nessas bandas. Assim, os Médicos de Túneis usavam sua magia para fortalecer as pare-
des dos túneis.
Além disso, eles poderiam dizer se estavam cavando muito perto de água ou gás. Com
eles ao redor, os mineiros poderiam trabalhar com a consciência tranquila, sem ter que
se preocupar com colapso e coisas do tipo.
Atrás do Médico de Túnel — que tinha muitas tarefas importantes para realizar — ha-
via guerreiros Dwarfs levemente equipados.
Depois que o grupo passou por eles, o som de seus passos desapareceu ao longe.
Assim como outras cidades Dwarfs, a cidade de Feoh Jēra estava no coração de vários
veios de minério ainda em funcionamento. Apenas a parte oeste permaneceu inexplo-
rada por algum motivo. Ficava sob a terra, sob as íngremes encostas de vários picos es-
carpados.
Devido ao seu tamanho, não havia como ter guardas dispostos em todo o perímetro.
Mesmo patrulhando apenas os turnos dos mineiros já demandava enorme trabalho. Por-
tanto, se um monstro aparecesse, os mineiros não tinham escolha a não ser largar tudo
e fugir de volta para o ponto crítico mais próximo, onde os guardas ficariam a postos.
Infelizmente, como as pessoas na superfície sabiam bem, todos os Dwarfs tinham per-
nas curtas. Seria preciso um milagre para cada um deles escapar com suas vidas.
Gagaiz deu suas ordens e os mineiros mudaram para suas posições sem queixas. Um
para manusear a picareta e cavar, um para dividir o leito rochoso com cunhas, um para
cavar a terra e balançar em um cesto, um para levar o cesto até o carrinho, um para em-
purrar o carrinho de mineração até a pilha de espólios—
♦♦♦
Prólogo
1 0
Eles tiraram suas roupas de trabalho e dirigiram-se para a casa de banho só para mi-
neiros.
A casa de banhos fugia da tremenda quantidade de calor emitida pelos gigantescos cri-
sóis das fundições nacionais. Embora a água não estivesse muito quente, era a tempera-
tura perfeita para dissipar a fadiga acumulada pelos corpos cansados.
Gondo encheu uma concha com água quente e acastanhada de uma bacia e despejou-a
sem frescuras.
Parece que havia algum tipo de teor férrico na água e, de fato, alguém poderia sentir o
gosto se bebesse.
Esta água quente limpou o corpo de Gondo da sujeira impregnada em seu corpo.
Ele esfregou com força a barba e o cabelo. Um Dwarf que não cuidasse e nem limpasse
a barba dificilmente poderia ser considerado um adulto.
Gondo jogou mais água quente na cabeça e se acomodou na banheira antes de gritar de
volta:
“Vou ter que recusar! Preciso trabalhar mais tarde, não posso adiar! Outra hora, talvez!”
“É sério, né!? Que pena! Se mudar de idéia, vá até o Pavilhão da Cerveja Branca e tome
uma caneca ou duas com a gente!”
Gagaiz, em seguida, se moveu para conversar com seus outros amigos, e antes que al-
guém pudesse convidá-lo para sair, Gondo se levantou da banheira com um: “Vou indo!”
E se afastou.
Depois de secar-se e vestir as roupas limpas do dia a dia, Gondo foi até o balcão com o
gerente sinistro. Ele tirou o colar que estava usando e o entregou.
Foram cinco dias de salário. Devido à taxa de mortalidade razoavelmente alta nas minas,
os salários eram calculados semanalmente. Aparentemente, eles pagaram uma taxa diá-
“...Gondo, com isso é um mês, se contar hoje. Vou examinar você agora.”
Ele pegou uma lanterna do balcão e apontou para Gondo, que não ficou nada feliz com
a luz ofuscante, mas continuou olhando para frente.
“A doença causa sons estranhos enquanto respira. Mas se não tem sons, tudo bem, né?”
“...É. Antigamente era assim que eu descobria os sintomas. Mas examinar o rosto é mais
preciso do que ouvir os pulmões. Ou tá fazendo pouco caso da minha experiência, rapaz?”
“Então pare de reclamar. Isso não ajuda ninguém. Além disso, Gondo. Não considerou
uma posição permanente aqui? Poderia ser um líder de equipe. Tenho que reconhecer
que é bastante experiente nesse campo.”
“Com todo respeito, eu vou ter que negar... preciso fazer uma viagem, tem um tempo
que estou juntando os fundos.”
“Quê!? ...Eu sei que já era pra estar careca de saber, mas lá é uma região perigosa, es-
queceu? E com quem vai viajar?”
Prólogo
1 2
“Pra começo de conversa; tenho total ciência disso. Quanto a última; ninguém.”
Quanto mais pessoas procuravam, maiores são as chances de serem vistos. Uma vez
que fossem vistos, alguns ou todos poderiam morrer. Em vez de arriscar, seria melhor ir
sozinho e diminuir as chances de ser morto.
“É a natureza dessa escavação que me deixa encucado. Já não cava o suficiente aqui?”
“Hmph! Meu trabalho aqui não vem ao caso... bem, posso ganhar alguns trocados com
horas extras, mas isso é apenas uma quantia fixa. Mas você sabe que o pagamento aqui
não é grandes coisas.”
O gerente diante dele estava certo. Gondo escolheu trabalhar aqui porque precisava le-
vantar fundos em um curto período de tempo.
“Não o bastante pro que tenho em mente. É por isso que pretendo escavar a cidade
abandonada. Ninguém pode negar minha reivindicação, não importa que tipo de metal
eu escavar.”
O fato fundamental era de que todas essas minas estavam nacionalizadas. Assim, al-
guém teria que pagar um preço apropriado — apropriadamente alto se quisesse o
White-iron. No entanto, qualquer coisa que se extraísse de uma mina abandonada era
essencialmente dos detentores das descobertas. Entretanto, se algo acontecesse com
eles lá, o país não forneceria nenhuma assistência, é claro.
Eles ainda não haviam desenterrado White-iron dos veios minerais perto da cidade.
Assim, uma vez que os minérios acabassem, o preço do metal subiria às alturas.
Contudo, Gondo sabia que o Dwarf diante dele não estava fazendo essa proposta por
interesse próprio. Ele estava fazendo isso simplesmente pela bondade de seu coração.
“Como direi... É que eu pretendo usar em algo. Tudo será para a minha pesquisa.”
“Você ainda tá nessa...? Sabe, não posso dizer que não entendo como se sente, mas não
é melhor encarar a realidade. Considere ser um líder aqui, ter um trabalho estável, que
tal? O que seu pai pensaria?”
Naquele momento, a raiva explodiu em seu coração. No entanto, ele abaixou o rosto
para esconder seus sentimentos e os fez retroceder antes que pudesse que ficasse na
cara. Afinal, o Dwarf diante dele havia ajudado seu pai muitas vezes antes. Foi por isso
que ele estava tão preocupado com Gondo, filho de seu amigo, mergulhando em uma
pesquisa praticamente dada como infrutífera.
Mesmo o homem dizendo com a melhor das intenções, Gondo não conseguiu engolir
suas palavras.
“Eu encaro a realidade todos os dias. Meu pai não perdeu tempo na pesquisa dele. Eu
vou reviver as artes que foram perdidas!”
Após desabafar com rancor em suas palavras, Gondo deu meia-volta e se afastou sem
olhar para trás.
Ele sentia-se culpado por fazer as pessoas se preocuparem com seu bem-estar, mas logo
seu sentimento foi anulado pela paixão que sentia pela arte perdida, sentia que era pre-
ciso recuperá-la independentemente dos custos.
Sim.
Como alguém que sequer chegava aos pés de seu pai, ele decidiu fazer disso seu objetivo
de vida.
Prólogo
1 4
Capítulo 01: Preparando-se Para a Terra Desconhecida
D
nou-se pesadamente contra o acolchoado da cadeira.
Sua principal prioridade era montar uma escola para treinar os aventureiros, mas se as
circunstâncias permitissem, ele poderia usar a própria Guilda dos Aventureiros. Prova-
velmente seria um sinal de hospitalidade preparar um albergue para os voluntários que
viajaram uma longa distância para se inscrever. Seus instrutores seriam aqueles aven-
tureiros que escolheram permanecer no Reino Feiticeiro.
Eu deveria perguntar a Albedo e aos demais sobre como administrar os territórios... mas
antes disso... por que ele levantou a questão da vassalagem... será que meti a Albedo e De-
miurge em problemas...?
Ainz não tinha idéia do que Jircniv estava pensando. Nem sabia como explicar a situação
para aqueles dois indivíduos sagazes. Por que Jircniv fez uma proposta como aquela? Até
onde sabia, Demiurge poderia estar trabalhando nos bastidores e ter feito isso acontecer.
Eu deveria ter discutido tudo isso bem antes com o Demiurge. Ah, mas ele está bem longe
agora, só me restar pensar em como cuidar disso entre a Albedo e eu... como eu pensei, é
impossível, huh...
Haaah...
Ainz balançou a cabeça, e então considerou a informação que tinha aprendido no Impé-
rio, como se para evitar pensar a respeitos dos problemas que poderia ter criado.
“...Runas, huh.”
Fragmentos de YGGDRASIL estavam espalhados para onde quer que olhasse neste
Novo Mundo, como estrelas cintilando no céu noturno. Ele havia encontrado traços de
outros jogadores, a existência de itens World-Class e assim por diante.
Ele agora poderia adicionar a existência de runas — uma forma de escrita do mundo de
Suzuki Satoru — a essa lista.
Mas e quanto às runas? Como vieram a existir neste mundo? As runas neste mundo
eram as mesmas do mundo de Suzuki Satoru? Ou eram simplesmente uma forma de es-
crita mágica semelhante, e assim o termo tinha sido traduzido automaticamente como
“runas”?
...O Reino dos Dwarfs está localizado perto da Cordilheira Azerlisiana. Preciso investigar
isso a fundo. Como eu pensei... não posso evitar ir lá, posso?
Naturalmente, Ainz perguntou a Fluder sobre runas antes de retornar para E-Rantel.
Porém, tudo o que ele sabia se resumia em: era uma vez; um Rei Dwarf proveniente da
Cordilheira Azerlisiana visitou o Império em tempos passados, era um forjador de runas
e, por fim, o Império comprou armas e armaduras do Reino Dwarf. No entanto, há cerca
de 100 anos, todos os vestígios de itens mágicos esculpidos em runas foram perdidos.
Embora essa informação fosse muito valiosa para Ainz, não era o que ele realmente
queria saber.
Tudo o que ele queria era visitar o Reino dos Dwarfs e perguntar sobre runas e coisas
do gênero. Quanto à profissão de Forjador de Runas— bem, era uma questão técnica e
um potencial segredo de estado. Na pior das hipóteses, ele poderia fazê-los falar usando
magia de charme e afins se decidissem manter a boca fechada.
Eu quero aprender mais antes de entrar lá, mas não será fácil descobrir algo que nem o
Fluder sabe.
Em um instante, a mulher ao lado dele entrou em ação. Ela tinha um olhar enérgico no
rosto que combinava com o corte de seu cabelo pueril. Era Decrement, a empregada a
serviço de Ainz no dia de hoje.
Ainz estendeu a mão para parar Decrement, então começou a caminhar devagar em seu
escritório.
...Acho que o melhor é se eu for, mesmo sabendo que pode ser perigoso.
A guilda chamada Ainz Ooal Gown foi fundada sobre esses princípios.
Após ter se decidido investigar as runas do Reino Dwarf, uma pergunta apareceu na
mente de Ainz.
Devo pedir a opinião do Demiurge e Albedo? Não, se eu fizer isso, não serei capaz de enviar
o lutador mais capaz de todos.
Ainz poderia dizer sem qualquer falso orgulho que não havia ninguém na Grande
Tumba de Nazarick que fosse melhor que ele em se adaptar a fenômenos desconhecidos
e magia. Simplificando, o curso de ação mais eficiente seria que Ainz prosseguisse sozi-
nho. Contudo, se realmente houvesse um jogador inimigo, também seria a jogada mais
tola que ele poderia fazer.
...Se formos em poucos, posso tentar trazer todos comigo em uma fuga. É melhor escolher
aqueles que possam me comprar tempo enquanto preparo a retirada.
Quando ele excluiu o lado emocional da questão de suas considerações, os NPCs eram
a escolha ideal. Como jogador, Ainz não realizou todos os experimentos que queria, as-
sim não podia ter certeza se poderia ser ressuscitado. Todavia, não havia esta dúvida em
relação aos NPCs, pois já havia realizado o feito em Shalltear.
“Hmm...”
Ele juntou os dedos na frente do rosto e pensou na melhor escolha a ser feita. Mas no
final ainda não conseguiu chegar à conclusão alguma.
Será que os idiotas não conseguem encontrar a resposta, não importa o quanto pensem?
“Claro, Ainz-sama. Basta ordenar que de bom grado me sacrificarei pelo senhor.”
“As outras pensam da mesma maneira? Elas pensariam em mim como um mestre cruel?”
“Acredito que todas as outras aceitariam a morte sem pensar duas vezes. Ninguém pen-
saria em recusar. Fomos feitas pelos Seres Supremos e, portanto, existimos apenas para
os Seres Supremos. Não há maior alegria para nós do que cumprir os desígnios do Su-
premo.”
Seu novo mapa foi compilado a partir das descobertas das explorações de Aura. Em
particular, Ainz tinha certeza de que não havia outro mapa que cobrisse as profundezas
da Grande Floresta de Tob com mais detalhes. Infelizmente, ele não podia ter certeza da
exatidão da escala e, portanto, não pôde concluir que se tratava de um mapa perfeito.
Mas com isso em mãos, era muito menos provável que ele se perdesse.
Ainz colocou um dedo onde situava-se E-Rantel e, em seguida, lentamente traçou uma
linha para o norte, passando pela Grande Floresta. Não houve problema até este ponto.
A maior parte da floresta estava agora sob o controle de Nazarick. Depois de eliminar os
monstros e feras com baixa inteligência, eles assumiram o controle de vários assenta-
mentos demi-humanos e heteromorfos. Havia uma grande caverna subterrânea, mas ele
não tinha intenção de mexer nela por enquanto. Claro, ele poderia assumir o controle se
fosse proveitoso.
Ele afastou o sorriso que veio naturalmente e começou sua contemplação a sério.
Ele considerou as vantagens que viriam ao ir pessoalmente para um lugar onde poderia
haver outros jogadores.
Obviamente, ter o Rei Feiticeiro aparecendo em pessoa era um sinal claro de sua since-
ridade.
Era como se o chefe de uma empresa fosse pessoalmente em outra empresa para con-
duzir as negociações. Na experiência de Suzuki Satoru, os efeitos disso seriam imediata-
mente evidentes.
Além disso, sua perspectiva era diferente de seus subordinados, que tendiam a ver os
que estavam fora de Nazarick como formas de vida inferiores. Ainz qualificava-se como
Além disso, enviar Pandora’s Actor sempre era uma opção viável.
Ele seria a escolha ideal, seja em termos de inteligência, adaptabilidade ou outras áreas.
Contudo—
Pela lógica dos Guardiões, a resposta estava óbvia. Naturalmente seria Ainz Ooal Gown.
Se tivesse que escolher um dos dois cursos de ações, ele preferiria ir ao Reino dos
Dwarfs.
Mais ao ponto, tudo o que precisava fazer era visitar o local uma vez e seria capaz de se
teletransportar para lá no futuro. Se algum problema surgisse, tudo o que ele tinha que
fazer era jogar seu trunfo de “Considerarei isso em quando voltar para casa”. Mesmo que
a outra parte respondesse com “Queremos uma resposta agora”, ele simplesmente inven-
taria outra desculpa na hora.
Ainz sabia muitas técnicas para escapar desses becos sem saída.
Eu tive o Ainzach por perto da última vez, mas agora eu terei que fazer o papel do vende-
dor ambulante sozinho. E não é como se eu precisasse fechar uma venda, vai ser fácil.
Ainz sorriu quando assumiu a expressão de Suzuki Satoru, um vendedor. Então, o con-
texto de seu sorriso mudou.
E... Como estarei muito ocupado, posso deixar a elaboração da vassalização do Império
nas mãos do Demiurge e da Albedo. É perfeito! Não posso evitar. Não é como se eu quisesse
fugir do meu trabalho nem nada do tipo!
Aura e Mare eram escolhas muito boas, especialmente por serem humanoides como os
Dwarfs. Assim, suas contrapartes não teriam tanta cautela.
Cocytus seria complicado. Claro, ele era uma boa escolha para visitar uma região fria e
montanhosa, mas agora estava no comando da Grande Floresta de Tob, o que também
fez dele um tipo de líder de projeto. Ainz esperava que ele pudesse concentrar suas ener-
gias nessa tarefa. Além disso, sua aparência incomum — combinada com a de Ainz —
provavelmente deixaria a outra parte desnecessariamente nervosa.
Já Gargantua e Victim estavam fora de questão. As imagens de vários outros NPCs apa-
receram na mente de Ainz, mas a maioria era inadequada como guarda-costas.
Aura — e os monstros que comandava — poderiam ser considerados uma escolha ideal
para o papel de um tanque. Na pior das hipóteses, ele poderia sacrificar as feras e escapar
com Aura. E depois havia Shalltear, a melhor lutadora solo. Ela poderia servir como um
trunfo contra um inimigo forte. Além disso, havia outro motivo pelo qual ele queria usar
Shalltear.
Mare seria uma boa escolha considerando que poderia enfrentar um exército. Porém,
se encontrassem um jogador, sua prioridade seria recuar e não exterminar o inimigo.
Assim, ele deixaria Mare de fora desta vez.
Assim que Ainz estava prestes a se decidir, o som de uma 「Message」 ecoou dentro
de sua cabeça.
『—Ainz-sama.』
“Oh, Entoma.”
Cocytus ocasionalmente enviava relatórios sobre a aldeia, algo do qual ele foi encarre-
gado de executar.
Ainz realmente não sabia o quão bem Cocytus tinha executado a tarefa, então ele cos-
tumava dar uma rápida olhada nesses relatórios e responder com um “Bom trabalho”.
Houve momentos em que ele queria dizer: “Não precisa mais fazer isso”, mas reportar-se
aos superiores era a atitude adequada a ter e, por sua vez, ele tinha que cumprir suas
responsabilidades como superior de Cocytus.
“Então abra o 「Gate」 no lugar de costume... ah, espere, a magia defensiva ainda deve
estar ativa. Espere uma hora antes—”
“—Lance a magia às treze horas e quarenta e seis minutos. Eu baixarei as defesas por
cerca de dois minutos quando chegar o momento.”
Mesmo este edifício não sendo parte de Nazarick, ainda assim estava envolto em cam-
pos de força mágicos que impediam o teletransporte e afins, mantido pelo MP de vassa-
los de alto nível. Os campos de força eram fortes o suficiente para impedir magias razo-
avelmente altas, mas drenavam os vassalos até o ponto em que precisavam trocar de
turnos várias vezes ao dia. Além disso, também impediam o teletransporte aliado.
Isso foi por causa do efeito de fogo amigo, que não existia em YGGDRASIL.
Assim, houve ocasiões em que ele precisava desarmar brevemente a grade de defesa
para permitir o teletransporte direto para este lugar. Claro, abaixar as defesas signifi-
cava que os inimigos poderiam se teletransportar também. A fim de evitar que eles fos-
sem atingidos por uma “explobomba” — como chamavam na gíria de YGGDRASIL —
Ainz decidiu limitar essas breves aberturas a horários predeterminados.
“Ótimo!”
“Imediatamente!”
Ainz pensou, mas não deu voz a essas palavras. Um homem sem confiança em seu senso
de estilo não poderia dizer tais coisas.
Com Decrement o seguindo, Ainz caminhou enquanto dava ordens a um undead voador
que havia criado. Ditas ordens eram para informar os undeads que guardavam o grande
salão da mansão sobre a chegada de um Lizardman via 「Gate」.
Enquanto o observava desaparecer ao longe, Ainz contemplou o uso efetivo dos unde-
ads que havia criado.
Se um undead de Ainz pudesse se reportar com precisão, ele poderia colocá-los em todo
o mundo e criar uma rede de inteligência. Mas, infelizmente, isso seria muito difícil de
realizar. Mesmo que Ainz desse um comando, os undeads só poderiam dar respostas
vagas. Além disso, era muito difícil para Ainz gerenciar o aumento maciço do número
que ele já havia criado. Sempre havia o risco de que pudesse se descuidar e dar uma
ordem completamente não relacionada a um lacaio undead e causar algum acidente.
No futuro, ele poderia ser capaz de criar algum tipo de sistema para resolver esse pro-
blema, mas isso era impossível, dadas as circunstâncias atuais.
Talvez eu possa deixar o Pandora’s Actor lidar com esse tipo de coisa no meu lugar. Só
preciso dar um jeito nesse problema de todos os undeads ficarem paralisados quando ele
não está na minha forma.
Parecia muito chamativo para alguém como Ainz, que estava acostumado a roupas es-
curas.
Ainz queria dizer, mas quando olhou ao redor, viu um olhar compartilhado de orgulho
e satisfação nos rostos das empregadas. Nenhuma delas parecia preocupada, ou tinha
qualquer expressão que pudesse ser considerada parte do espectro negativo. Todas ti-
nham o mesmo olhar de medo e nervosismo em seus rostos, suas bochechas estavam
rosadas.
Elas eram como um grupo de fãs diante de uma Idol que tanto amavam.
Têm certeza disso? É disso que as mulheres gostam...? É, parece que não tenho nenhum
senso de moda mesmo....
Do espelho, ele notou que havia penas brotando debaixo de seu braço, o que fez Ainz
pensar em um monstro de YGGDRASIL.
Era um Archaeopteryx ou algo assim? ...Se não me engano, eram dinossauros de estimação
para druidas.
Eles ficavam com as penas eriçadas quando alguém cruzava os braços na frente deles,
algo bastante irritante.
Mas o que elas diriam se dissesse: “Essa roupa não serve”? Elas responderiam com algo
do tipo “Como isso é inadequado? Por favor, diga-nos quais roupas devemos escolher no
futuro.”.
“Ficou perfeito!”
“Vamos!”
♦♦♦
Quando a hora marcada chegou, Ainz sentiu um portal mágico — um 「Gate」— aberto
no grande salão.
Ele já havia dissipado o campo mágico em torno do edifício, a pessoa que passava pelo
「Gate」 não apareceu imediatamente, graças à magia 「Delay Teleportation」 que ha-
via lançado. Esta foi a mesma magia que ele usou durante a batalha contra Shalltear.
Assim, Ainz sabia que apenas uma pessoa havia se teletransportado para cá.
Entoma pode não ter vindo com Shalltear, mas ela provavelmente chegaria em breve.
Quando ele — deve ser um macho, né? — olhou ao redor, sua linha de visão encontrou
a de Ainz, que estava sentado no trono simples no meio do grande salão.
“Vos-Vossa Majestade, Ainz Ooal Gown. Como seu servo, perdoe-me pela grosseria que
posso demonstrar diante de ti.”
Ainz não conseguiu esconder por completo sua consternação no discurso fluente do
Lizardman. Mesmo Zaryusu, um líder tribal, não tinha a dicção fluída e polida deste Li-
zardman.
A dúvida passou por sua mente, mas havia algo a fazer antes disso.
A magia de Ainz 「Delay Teleportation」 já havia dito que apenas uma pessoa viria.
[Cavaleiro d a M o r t e ]
Uma vez certo de que mais ninguém estava vindo, ele ordenou que um Death Knight per-
manecesse à margem para reativar o item mágico de defesa. O Death Knight balançou a
cabeça em reconhecimento e caminhou para frente, e então Ainz voltou seu olhar para o
Lizardman ajoelhado.
Ao mesmo tempo, Decrement — que estava ao lado de Ainz — entrou em ação com o
timing perfeito.
Isso fôra completamente diferente de como ela tinha sido quando escolheu roupas para
Ainz.
Mas que saco. Por que não param de cerimônia e começam a falar normalmente? Bem,
por mim seria assim, mas como dizem; quando em Roma, faça como os romanos.
Ainz Ooal Gown ficou brevemente incomodado pelos resquícios da personalidade que
pertencia a Suzuki Satoru, mas não pôde evitar.
O Lizardman ficou de pé, inconsciente do tumulto interno de Ainz. Na verdade, Ainz não
podia dizer a diferença entre um Lizardman e outro. Se suas escamas tivessem uma cor
diferente, ou se tivessem características distintivas óbvias — por exemplo, marcas ou
um braço anormalmente grande — poderia ter sido possível, mas ele não poderia dizer
como o Lizardman diante dele diferia dos demais.
Em todo caso, Ainz tinha Decrement para comandar o Lizardman para se identificar.
“Entendido! Agradeço à sua magnanimidade! O servo que vos fala é Kyuku Zuzu, ex-
chefe da tribo Razor Tail.”
Deveria exibir abertamente sua ignorância ou fingir que sabia? Ainz não escolheu ne-
nhum desses, mas escolheu uma terceira opção — em outras palavras, ele acenou com a
cabeça para continuar o fluxo da conversa. Afinal, Cocytus poderia ter mencionado isso
durante um relatório anterior.
Depois disso, Ainz ordenou que Decrement indagasse o Lizardman o porquê ele tinha
vindo.
Que saco!
“Em sua misericórdia, Ainz-sama permite que indique a razão para qual busca uma au-
diência.”
Ainz ficou surpreso com quantos títulos o Lizardman conseguiu emendar, mas não dei-
xou a supressa ser vista em seu rosto (até porque era um tanto impossível). Em vez disso,
inclinou a cabeça para Decrement, que se adiantou e recebeu um pergaminho do Lizar-
dman. Então, Ainz teve que esperar Decrement retornar e apresentar o documento antes
que pudesse finalmente lê-lo.
Estava escrita da ponta ao final por dados de Cocytus. Havia tantos números gravados
que levaria um bom tempo para digerir tudo.
Portanto, Ainz enrolou o pergaminho de volta e o deu a um Death Knight que estava por
perto. Só depois de toda essa seara que ele finalmente poderia abordar o Lizardman di-
retamente.
“Ótimo trabalho.”
Com isso, a conversa poderia ser encerrada tranquilamente, mas não era isso que Ainz
tinha em mente.
“Então, eu lhe farei uma pergunta, não em minha capacidade como o Rei Feiticeiro, mas
como mestre do Cocytus. Dizem os antigos que falar diretamente com os vassalos apro-
funda a compreensão mútua.”
O Lizardman parecia vagamente confuso. Isso porque ele não tinha idéia de como lidar
com o fato de ser questionado diretamente. Pelo menos, isso era o que Ainz achava que
estava acontecendo, apesar da dificuldade de ler as expressões de um Lizardman.
“Relaxe. Será extraoficial. Depois que nossa conversa terminar, nenhum vestígio dos
assuntos será lembrado por nenhum dos aqui presentes. E vocês não ousem censurá-lo
por qualquer falta de respeito em seu comportamento.”
“Vejamos... er, como está o Zaryusu? Sei da vida dele enquanto estava treinando na
Grande Tumba de Nazarick, mas e ultimamente?”
“Oh! Pela graça de Vossa Majestade, ele está em boas condições. Agora é o pai de uma
criança saudável e, juntamente de sua esposa, parecem um casal muito feliz.”
“Que bom! Eu permiti que ele voltasse, pois, seu filho estava prestes a nascer, que bom
que deu tudo certo. Como direi... Bem, é bom que o casal esteja se dando bem.”
Havia pessoas casadas dentro da guilda Ainz Ooal Gown. Ainz não pôde deixar de lem-
brar deles. “Minha esposa tá de mau humor...” era a palavrinha mágica que permitia a
qualquer um se desconectar no meio do jogo, e ninguém seria capaz de culpá-lo por
causa disso.
Sorrindo das memórias do passado — embora sua expressão não tenha mudado —,
Ainz continuou fazendo perguntas:
A esposa de Zaryusu era uma Lizardman albina. Por possuir uma mutação muito rara
entre os Lizardman, ela despertou o espírito de colecionador dentro de Ainz, além de tê-
la tornado facilmente distinguível.
“Sim, Vossa Majestade. Embora a criança seja seguramente um indivíduo superior, in-
dependentemente da linhagem sanguínea que herda, parece que a criança puxou os an-
cestrais da mãe, as escamas são brancas como a neve.”
Ainz fechou a boca antes que deixasse escapar “um filhote”. Referir-se a eles como pes-
soas seria mais prudente. Embora nenhum deles expressasse realmente descontenta-
mento com a escolha de palavras, isso não significava que Ainz pudesse cometer erros
dessa estirpe. Se a escolha errada de palavras levasse a problemas na liderança de
Cocytus, Ainz não saberia por onde começar a se desculpar.
Ainz sentiu seu sangue de colecionador ferver. Ele meio que queria saber se poderia ter
um deles para brincar, mas separar uma criança de seus pais à força não pegaria nada
bem para sua imagem pública.
Mas nem tudo estava perdido, ele ouvira falar que os Lizardmen tinham a tradição de
encontrarem propósito de vida indo em longas jornadas pelo desconhecido. Se o filho de
Zaryusu escolher esse caminho, ele poderá treiná-lo como um aventureiro.
A Guilda de Aventureiros que Ainz imaginava era uma organização composta de muitas
espécies. Se ele conseguisse um Lizardman raro para lá, isso poderia acabar sendo bom
para publicidade, como uma idol se matriculando em uma escola.
“Sim, Vossa Majestade. É uma honra tê-lo tão preocupado. A mãe e a criança estão com
boa saúde e a criança parece que vai crescer excepcionalmente saudável.”
“Se é assim, perfeito. Isto é certamente motivo de celebração. Então, para comemorar o
nascimento de uma criança com um futuro glorioso pela frente, permita-me dá-los um
presente. Infelizmente, não estou a par dos presentes adequados para celebrar o nasci-
mento dentro da cultura Lizardman. Compartilhe sua opinião comigo, diga; o que seria
um bom presente?”
Seria terrivelmente sem graça dar peixe ou algo no lugar de um bolo de aniversário. Ele
preferiria dar algo mais tangível e permanente.
“Compreendo. Minha tribo não tem a prática de dar presentes para comemorar os nas-
cimentos... Mas eu sinto que o Zaryusu ficaria feliz em receber armas e armaduras.”
Se possível, ele teria gostado de dar algo que agradaria a esposa também, mas como a
armadura protegeria a vida do marido, poder-se-ia dizer que indiretamente a faria feliz.
“Prossiga.”
“...Ele é um homem excepcional. Na verdade, ouvi dizer que o treinamento dele em Na-
zarick demonstrou resultados admiráveis. Como tal, recompensarei a lealdade e a exce-
lência com generosidade correspondente.”
“Eu sou eternamente grato pelas amáveis palavras, Vossa Majestade. Todo o nosso povo
se esforçará ainda mais para mostrar maior lealdade e devoção no futuro.”
Depois de assentir magnanimamente, Ainz considerou se havia algo mais que queria
perguntar. Certamente, um verdadeiro soberano gostaria de ouvir a respeito do status
das aldeias e compará-lo aos relatórios de Cocytus, e, como tal, perguntas mais detalha-
das precisariam serem feitas. No entanto, Ainz não era desses.
“Sei que não diz respeito à sua aldeia, mas o que sabe sobre os Dwarfs da Cordilheira
Azerlisiana?”
Ainz não esperava uma resposta afirmativa para uma pergunta tão casual. Feliz por
dentro, Ainz ordenou que o Lizardman contasse tudo que sabia a respeito dos Dwarfs.
“Com o maior respeito, seu servo alega que o seguinte foi apenas ouvido de um conhe-
cido. Os Dwarfs são uma espécie que constroem cidades em minas produtivas e usam os
minérios extraídos para fabricar todo tipo de equipamento de guerra. Entre eles estão
armas e armaduras feitas de metais muito raros.”
Essas palavras eram extremamente tentadoras para um jogador que adorava colecio-
nar itens raros.
“Infelizmente não, Vossa Majestade. Meu entendimento não chega tão longe.”
Enquanto se aventurava como Momon, ele aprendera sobre metais, mas não havia no-
tícias sobre algo mais duro que o adamantite. Neste mundo, até orichalcum e adamantite
estavam qualificados como metais ultrarraros. Era difícil imaginar os metais exóticos
que o Lizardman descrevera como sendo algo mais que isso.
Como partes de uma raça subterrânea, teriam acesso a metais que eram raros até
mesmo pelos padrões de Ainz?
Eles haviam encontrado uma mina, até então não descoberta, de Celestial Uranium, um
dos sete minérios prismáticos e um elemento crítico para a Caloric Stone.
Em circunstâncias normais, uma guilda que encontrasse uma nova mina a exploraria
completamente antes de vender seus minérios no mercado. Isso porque as minas esca-
vadas em YGGDRASIL se recuperariam lentamente e estariam prontas para novas co-
lheitas. Ainz Ooal Gown planejava fazer exatamente isso.
Dito isso, o desenrolar de eventos que resultou na obtenção desse item World-Class foi
inteiramente devido a um extraordinário golpe de sorte.
No início, eles deixaram uma pequena quantidade dos minérios prismáticos entrarem
no mercado, na esperança de aumentar o preço devido à escassez. E então, os grandes
estoques de minério prismático na Grande Tumba de Nazarick sofreram uma reação es-
pontânea.
Ainz ainda podia recordar vivamente o bizarro climão no ar, gerado por todos quando
perceberam que quase todos os minérios prismáticos tinham desaparecido, e em seu
lugar havia um item rolando pelo chão. A gente deteria ficar feliz por isso, né? eles se
perguntaram enquanto encaravam uns aos outros com singela depressão.
Depois do choque inicial, usaram a Caloric Stone, pois poderiam obter outra depois;
afinal, todos os itens World-Class de uso único poderiam ser readquiridos, ainda mais
Quando Ainz e os outros viram o Celestial Uranium sendo vendido a um preço alto, eles
ficaram em partes iguais felizes e descontentes. Dado o modo como estava sendo ofere-
cido, não havia maneira de produzir um Item World-Class.
Um sorriso perverso apareceu no rosto de Ainz ao ser acalentado por suas memórias.
Bando de idiotas. Todo o objetivo de monopolizar era justo para acumular a quantidade
necessária. Nunca vão conseguir uma se venderem. A menos quê...
“Deve haver outras fontes de Celestial Uranium além daquela que nós descobrimos. Até
onde sabemos, eles podem ter atacado a nossa para chamar atenção enquanto a mina de-
les fica escondida de forasteiros.”
No entanto, ele rapidamente refutou essa própria dedução. Isso porque soube que a
guilda em questão havia usado o Item World-Class Ouroboros para banir a Ainz Ooal
Gown daquela mina. “Mesmo que quisessem a capacidade de monopolizar a Caloric Stone,
valeria a pena gastar um dos itens World-Class conhecido como Os Vinte?, pensou.
Ainz balançou a cabeça, banindo as memórias do passado. Mesmo assim, ele não con-
seguiu eliminar totalmente a idéia que lhe veio à mente.
...Mesmo que lá não haja minério prismático, os Dwarfs podem conhecer outros metais. E
se houver algo do tipo que é segredo de estado? Se eu usar uma magia de charme ou algo
assim— droga, estou indo com muita sede ao pote. Não posso ficar fantasiando demais.
Acima disso tudo ainda tem as runas. Como eu pensei, investigar isso é uma prioridade.
“...Parece que me deixei levar por pensamentos. Diga-me, quem lhe contou sobre os
Dwarfs?”
“Hoh! Zenberu? ...Me corrija se eu estiver errado, a Frost Pain foi uma criação dos
Dwarfs, certo? Essa arma foi um presente que Zenberu deu a Zaryusu como sinal de ami-
zade?”
Ele tinha ouvido falar sobre as origens do sai de Zaryusu. Todavia, seria sensato per-
guntar mais a fundo.
“Sei...”
Foi praticamente como tinha ouvido falar. Ainda assim, poderia haver algo que os Li-
zardmen não conheciam.
Há muitas armas neste mundo que não poderiam ser forjadas em YGGDRASIL. Por exem-
plo, existe essa arma com a capacidade passiva ignorar defesas...
As armas mágicas deste mundo eram forjadas por ferreiros e depois encantadas por
algum magic caster. Em outras palavras, um habilidoso magic caster era mais impor-
tante do que um ferreiro habilidoso quando se tratava de fazer uma poderosa arma má-
gica.
Contudo, havia exceções à regra. Fluder poderia recriar os stilettos que Clementine
usava através de seu conhecimento mágico, mas o mesmo não poderia ser dito para a
espada de Gazef.
Na ocasião, Fluder disse: “Talvez... A espada de Gazef foi criada espontaneamente pela
absorção natural de mana, ou talvez pela magia dos Dragões.”
É, só que não posso confiar cegamente nisso. Há muitas coisas que o próprio Fluder não
entende. Os Dwarfs poderiam fazer uma arma assim também? Não saber disso aumenta
demais minha ansiedade...
O ferreiro também era parte fundamental da equação. Assim como neste mundo, os hu-
manoides denominados Dwarfs em YGGDRASIL tinham bônus para profissões do tipo
Artesão. Portanto, Dwarfs eram muito populares entre aqueles que queriam jogar de ar-
meiros ou de armadureiros.
Partindo desse ponto, possuiriam conhecimento de fabricação de armas que Fluder não
possuía?
E as runas podem ajudar nisso? Mm. Tomar controle sobre os Dwarfs... Nada mal. O Bibli-
otecário Chefe e o Demiurge estão realizando experimentos com pergaminhos. Nfirea está
trabalhando em poções. Fluder está manipulando itens mágicos. Então deixarei que os
Dwarfs se encarreguem da fabricação de armas.
Por tudo o que ele sabia, muitos outros podem se dado conta e tirado proveito dessas
tecnologias. Como líder, ele precisava eliminar a noção infundada de que era especial ou
único.
Se tem, ou teve alguém com esse pensamento, então há uma grande chance de descobrir
algo útil entre os Dwarfs. Neste exato momento outros jogadores podem estar usando os
Dwarfs para criarem ou pesquisarem armas com runas, podem até ter dominado a técnica
de usar runas... Será que eu peço a opinião da Albedo e Demiurge sobre isso? Talvez prepa-
rar nossas forças para uma operação em grande escala?
Uma hora atrás, ele ainda estava pensando em visitar o Reino Dwarf apenas com Aura
o acompanhando. No entanto, dado que o Reino Dwarf tinha acabado de subir em prio-
ridade, seu plano precisava ser refeito.
Era de suma importância aprender sobre o Reino dos Dwarfs e assegurar que algum
espião pudesse coletar informações de maneira oculta. Ao mesmo tempo, evitar a vigi-
lância mágica era muito importante.
Se o jogador que fez lavagem cerebral em Shalltear estivesse escondido lá, seria extre-
mamente perigoso dar muito tempo à oposição. Se ele assumisse uma postura passiva,
o inimigo poderia escolher o momento mais oportuno para lançar um ataque. Para evitar
isso, eles precisavam tomar a iniciativa e dar o primeiro passo.
...No fim vai ser uma grande aposta. Um grupo de embaixadores, hm. Estabeleceremos
relações diplomáticas com o Reino Dwarf. Se um jogador lançar um ataque, será um casus
belli para montarmos uma invasão. Depois basta extrair as informações necessárias do que
sobrar.
Ainz enumerou as coisas que ele deveria fazer depois de se encontrar com os Dwarfs.
Algo assim.
...E tem mais, imagine só se eu conseguir que exportem armas para o Reino Feiticeiro,
então os aventureiros poderiam adquiri-las por um preço menor? Seria muito atraente,
não? Mas para que isso, preciso estar em bons termos com os Dwarfs. É, sempre resta a
opção de escravizá-los, mas aí é só em último caso. Gostaria de fazer jus ao que eu disse
para o Ainzach.
“Sim. Ele me disse que morou em uma cidade Dwarf por algum tempo.”
“Sinto muitíssimo, mas seu servo julga não ser capaz de responder com precisão. Tenho
certeza de que se Vossa Majestade ordenar, Zenberu se esforçará de corpo e alma. Mas
já faz vários invernos desde seu retorno, então não tenho certeza do quanto ele se lem-
bra...”
“Tudo bem... Possuo um método mágico de lidar com amnésia. Isso não será um pro-
blema.”
Depois de rezar para que Ainzach ou Fluder soubessem algo sobre isso, Ainz permitiu
que o Lizardman saísse.
Parte 2
Duas horas depois de se encontrar com o Lizardman, Ainz suspirou baixinho em seu
escritório.
Quando usava 「Message」, nenhum dos dois acreditava que era de fato Ainz, então
não teve escolha senão teleportar para onde estavam e falar com eles pessoalmente.
Deixando o Ainzach de lado, pensei que o Fluder não quisesse perder tempo com outros
assuntos, ainda mais ele fica todo focado naquele livro que eu dei.
A propósito, ele já tinha ouvido falar das tragédias causadas pelo uso da 「Message」
no passado, mas era meio dificil de acreditar no porquê não podiam colocar fé na magia
que usava. Velhos hábitos não eram fáceis de mudar, provavelmente era algo que levaria
tempo para aceitarem. Além disso, seria muito prejudicial se eles, como seus colabora-
dores, fossem enganados dessa maneira. Nesse caso, tudo o que podia fazer era respirar
fundo e aceitar o gasto de MP para a magia de teletransporte como uma despesa neces-
sária.
Seu abatimento também estava relacionado aos resultados das conversas com os dois.
O uso de teletransporte só seria justificável se tivessem produzido boas informações.
Infelizmente, não foi o caso.
Ainzach sabia que havia um Reino Dwarf na Cordilheira Azerlisiana, mas não tinha cer-
teza de sua localização. O Reino não tentou forjar qualquer laço de nível nacional com os
Dwarfs. Mesmo que tivessem, provavelmente estariam limitados a pequenos negócios
dentro da cidade mineradora de Re-Bluemalashull. Laços como esses estariam intima-
mente ligados aos lucros da cidade e seria difícil tentar cortá-los.
Embora tivesse ouvido falar da cultura dos Dwarfs e do seu governo, o fato era que não
sabia quase nada a respeito. Havia algo sobre como um poderoso Dragão havia causado
grandes danos a uma cidade de Dwarfs, mas ele não sabia o nome da cidade, nem o nome
e as habilidades do Dragão.
Já era hora de eu mandar uma 「Message」 para aqueles dois e contar sobre os Dwarfs.
“Vou entrar em contato com a Shalltear primeiro. Hm... a pessoa certa para o trabalho?”
Ainz fechou os olhos — embora não os tivesse — e pensou no assunto por alguns mi-
nutos. Então, os abriu e lançou a magia 「Message」.
“—Shalltear Bloodfallen.”
『É-é o senhor, Ainz-sama? Onde o senhor precisa que eu abra um 「Gate」 no mo-
mento ~arinsu?』
Shalltear, a mais forte dos Guardiões de Andar, a única a administrar vários andares. O
fato de que a primeira coisa que ela perguntou foi onde abrir um 「Gate」 o trouxe certa
tristeza. Ao mesmo tempo, Ainz se sentiu um pouco culpado por atribuir essa tarefa a
ela.
Assim que começou a se perguntar se algo estava errado, a voz de Shalltear — fora de
tom, provavelmente por excesso de excitação — ecoou em sua cabeça.
『Como sua serva, cumprirei essa tarefa mesmo que eu me desfaça em pó no processo!』
“T-tá bom. Mais tarde lhe explicarei com mais detalhes. Venha para os meus aposentos
em E-Rantel.”
Se não especificasse isso, era bem provável que ela se teletransportasse para seu quarto
em Nazarick, o que de fato aconteceu, mas apenas uma vez. Ele havia enviado uma
「Message」 para Narberal dizendo-lhe para ir aos seus aposentos, depois de esperar
e esperar mais um pouco, ela não havia chegado. Foi só depois que ele enviou outra
「Message」 para ela, que soube que o esperava em seu quarto em Nazarick.
“Além disso, diga ao Mare que a tarefa de manter vigilância sobre a Grande Tumba de
Nazarick passa para ele. Informe-o do necessário para executar a tarefa quando entregar
seus deveres a ele. Tome seu tempo para deixar tudo pronto... Venha apenas quando
resolver isso. Hoje eu não tenho compromissos que me levem para longe dos meus apo-
sentos, espero por você aqui.”
『Sim!! Eu, Shalltear Bloodfallen, cumprirei suas ordens fielmente e sem demora!!』
“Repassar funções é muito importante. Não se apresse e nem faça uma bagunça só por-
que estou lhe esperando, entendeu? Ordenarei que o Mare prossiga para seus aposentos,
a Abóboda Funerária de Adipocere.”
“Além disso, eu confio que eu não lembrar, mas deve dar o seu anel para o Mare.”
『Claro!! Compreendo que terei que me afastar dele por um curto tempo!!』
Era muito perigoso trazer aquele anel para fora de Nazarick. Por outro lado, enquanto
o anel e Cajado de Ainz Ooal Gown não fossem levados, haveria tempo suficiente para
todos os Guardiões se reunirem. Por essa razão, com exceção daquele que Ainz carre-
gava secretamente e aqueles em uso dentro de Nazarick, os anéis foram escondidos nas
pilhas de ouro guardada dentro da Tesouraria.
A razão pela qual Ainz carregava um anel, apesar do alto risco, era porque se ninguém
tivesse um e a entrada fosse bloqueada de alguma forma, eles não seriam mais capazes
de entrar.
『Imediatamente!! Então, há algo mais que eu deveria levar para seus aposentos, Ainz-
sama ~arinsu?』
“Uma pergunta razoável, mas preciso apenas de você. Quando chegar explicarei tudo,
prepare-se como achar melhor.”
『Entendido!!!』
Depois de ouvir a voz baixa, mas ainda nítida de Mare, Ainz encerrou a 「Message」.
『É pra já!』
『SHALLTEAR!!?』
O grito de descrença que se seguiu deixou Ainz grato por não precisar de tímpanos para
ouvir.
“Não. Por que pensou isso? Eu só quero conduzir algumas negociações amigáveis.”
『Ah, beleza! Então quer dizer que já sabe como as coisas vão rolar?』
“Aura, sua—”
『Ainz-sama, tô aqui!』
Ainz indicou um par de sofás, um em frente ao outro, e então olhou para Decrement.
“Claro, Ainz-sama. Temos suco de maçã, suco de laranja, limonada, chá e café disponí-
veis no momento.”
Decrement colocou o suco de maçã que Aura solicitou na pequena mesa entre os dois
sofás. Quando Aura começou a beber, Ainz começou sua explicação.
“Primeiro, vou esclarecer essa de dúvida de ‘destruir Reino Dwarf’. Levar a Shalltear
junto cumpre um requisito para a força de combate, mas há outra razão para isso.”
“Eh!?”
Os olhos de Aura se arregalaram. Dada a atitude, ficou claro que ela considerava Shall-
tear como alguém limitado. Ainda assim — Ainz achou difícil segurar o acalento que sur-
gia em seu peito.
Quando as pessoas respondiam com um “Uhh, acho que não...?”, ela imediatamente res-
pondia usando o mesmo tom de Aura, mas com um “Tem certeza!?”.
“...Merda.”
Ainz silenciosamente amaldiçoou quando seu momento de felicidade foi arruinado por
sua supressão emocional. Isso o ajudou muitas vezes no passado, mas achava extrema-
mente cansativo quando o atrapalhava. Ainz sabia que estava sendo egoísta e hipócrita,
mas ainda achava difícil aceitar essa interrupção das memórias de seus velhos amigos.
Seu descontentamento desapareceu como fumaça ao vento quando ouviu a voz trêmula
da garota. Ele não podia se permitir expressar essas emoções negativas de um modo que
até uma criança podia notar. Após respirar fundo, sorriu.
“Se ela tivesse feito isso, teria fugido sem pensar duas vezes.”
Sua habilidade como jogador à parte, o personagem de Ainz só poderia ser considerado
em um nível superior entre os jogadores intermediários de nível 100. A build do perso-
nagem de Shalltear e o equipamento a classificavam na parte inferior dentre os jogado-
res de nível 100 de classificação superior. Se estivesse totalmente equipada — com to-
dos os itens sendo Divine-Class — estaria na parte intermediária do nível superior. Se
fosse capaz de alterar seu equipamento para se adaptar a seu oponente, ela poderia lutar
em condições parecidas com os escalões superiores do nível superior.
“A Shalltear brilha quando age para esgotar os recursos inimigos. Ela é como uma flecha
de vidro e, uma vez que for atirada, precisará ser abandonada. Mas— isso é realmente a
coisa certa a fazer? Esse pode ser o melhor jeito de utilizar plenamente suas capacidades,
mas será que podemos afirmar que é o método mais adequado?”
“Disso aí eu não entendo muito... mas se acha que tá certo, quem sou eu pra discordar,
Ainz-sama.”
O que Ainz realmente queria ouvir era uma resposta bem fundamentada abordando os
prós e contras de sua declaração, pelo menos quando quem a desse fosse um adulto. No
caso das crianças, ele esperava que fossem no mínimo francas.
“É-é mesmo? Mas não acho que seja esse o caso. Quando eu disse que era o melhor ca-
minho, era apenas em termos de utilizar plenamente os pontos fortes. Porém, pode não
ser o melhor caminho, uma vez que a Shalltear comece a acumular experiência.”
Ainz estava progredindo como guerreiro. Não, seria melhor dizer que ele aprendeu a
usar todas as habilidades básicas de um. Mesmo que suas habilidades físicas não tenham
melhorado, outras partes dele ainda estavam evoluindo.
Ao contrário de como eram quando apenas dados, os NPCs agora tinham mentes e ca-
pacidade de pensamento independente. Em outras palavras, a Shalltear de amanhã seria
diferente da Shalltear de hoje.
“Sempre fazer o mesmo acaba criando um ciclo vicioso, é preciso fazer coisas diferentes
para evoluir na vida... Sei que ela pode falhar no processo, embora eu não deseje. Ainda
assim, mesmo que falhe miseravelmente, basta darmos uma ajudinha e cedo ou tarde
ela conseguirá progredir. É precisamente por isso que lhe chamei, Aura.”
O relacionamento de Aura com Shalltear de certo modo era melhor do que com Mare.
Ainz selecionou a irmã mais velha dos gêmeos, pois ela poderia manter Shalltear na linha.
“...E mesmo eu expressando o desejo de que ela acumule experiências variadas, isso
poderia violar o contrato social e causar problemas para a empresa — para o grupo.”
“...Pense desta maneira. Não seria bom forçá-la a fazer coisas que não quer fazer.”
“É difícil dizer...”
“Tudo bem, não se preocupe. Foi apenas uma comparação. Minha razão para escolher
a Shalltear desta vez foi para desafiá-la e ver se ela evoluiu.”
“Saquei! É assim que você é, né, Ainz-sama? Suas percepções complexas são muito pro-
fundas!”
Um superior precisa deixar seus subordinados enfrentarem desafios para que eles cres-
çam. Esse era um dos segredos que ele havia coletado de um livro que lera pouco tempo
depois de vir parar no Novo Mundo.
O motivo de não ter dado a Shalltear uma oportunidade como esta até agora foi porque
a situação tinha sido muito perigosa, e também esteve sem tempo desde então. Agora,
porém... ou melhor, não haveria melhor momento do que este.
“Contarei o restante quando a Shalltear chegar. Dessa forma, não precisarei me explicar
duas vezes.”
Assim que disse, batidas vieram da porta, seguidas por Decrement indo verificar o visi-
tante.
“É Shalltear-sama.”
A pessoa que estava esperando havia chegado. Ainz indicou que Decrement deveria
deixá-la entrar.
Ainz — que estava preparado para agradecê-la por ter vindo até aqui — congelou por
um momento, e demorou um pouco até que ele pudesse se recompor e falar.
Não só ela estava em sua armadura completa, mas ela estava segurando a Spuit Lance.
Ainz olhou para a ofegante Shalltear, que mostrava firmeza em seus olhos bem abertos.
Então olhou para Aura, como se dissesse: O que eu faço? Não era como se ele pudesse
dizer que Shalltear entendeu tudo errado.
“Haaa~ você tá sendo muito apressada. Que tal agir depois que o Ainz-sama terminar
de falar?”
Shalltear amuou quando Aura a deu uma espetada. Antes que as duas pudessem come-
çar a brigar, Ainz levantou a mão para chamar a atenção de ambas.
“Shalltear. Creio que teve a intenção certa, mas a idéia errada. Perdoe-me por não ex-
plicar direito.”
“Se, se é isso que o senhor quer, tem certeza que é certo me levar junto ~arinsu?”
“...Tenho muitas razões para escolher você. Tê-la me protegendo é uma delas. Mas a
maior, é para que possa ganhar experiência. Foram meus erros que a levaram a conside-
rar a si mesma inadequada para essa tarefa devido ao seu Blood Frenzy. Talvez depois
deste experimento, você descubra que é surpreendentemente adequada para esse tipo
de coisa.”
“...Claro. Então, Shalltear, eu vou lhe colocar sob o comando de Aura para esta jornada.
Já que a Aura está encarregada de você, espero que a obedeça.”
“Entendido!!!”
Shalltear se curvou.
Ainz se indagou do porquê de tanta tensão, mas era melhor que uma resposta desani-
mada. Entretanto, seria estranho deixar a conversa morrer aqui.
“Eu aprecio seu engajamento, mas é mais sensato se acalmar, Shalltear... Agora vamos
considerar a questão dos seguidores. Quem mais deveríamos levar?”
Ainz ficou um pouco assustado porque a pergunta veio de um canto inesperado do cô-
modo, mas ele se virou calmamente para encarar Decrement.
“Ah, eu estava pensando o que o senhor acharia de levar algumas de nós, empregadas,
para servir como suas assistentes durante sua viajem ao Reino dos Dwarfs. Tradicional-
mente, aqueles que estão no poder sempre levaram seguidores para lidar com as mais
diversas tarefas. Eu sinto que o Reino do Dwarf poderia pensar no senhor como indigno
se não levar empregadas consigo, Ainz-sama.”
Quando espiava Jircniv, Ainz notou que o homem saia escoltado por várias carruagens,
e algumas delas continham damas bem vestidas. Provavelmente eram quem providen-
ciaria tudo o que precisasse. Se ele tivesse passado uns dias em Nazarick naquela ocasião,
Ainz teria o observado com mais cuidado, mas, lamentavelmente, ele recusou a estadia
sem demora.
Mais precisamente, o fato foi que Jircniv percorrera um longo caminho para visitar Ainz,
que, por sua vez, fôra terrivelmente grosseiro com Jircniv por não insistir para que pelo
menos pernoitasse. Claro que o Imperador recusara com firmeza todas as ofertas de hos-
pedagem, mas talvez a coisa certa a se fazer fosse persuadi-lo a mudar de idéia.
Os uniformes de empregada que elas usavam forneciam-lhes uma medida de força de-
fensiva, mas isso estava apenas no nível de um item High-Class. Para os padrões deste
mundo poderiam ser incrivelmente resistentes, mas não passava de folhas de papel para
um jogador de YGGDRASIL.
“Mas... acontece que não posso fazer isso. Se for o caso de usarmos seguidores— Shall-
tear, pode trazer suas Vampire Brides conosco?”
“Sequer precisa perguntar ~arinsu. Todos em Nazarick vivem para servi-lo. Basta or-
denar ~arinsu.”
“Então, Decrement, sua proposta é muito razoável. Não se ofenda com o que direi, o
problema de sua proposta está em serem fracas, eu ficaria inseguro em garantir sua se-
gurança para terras tão desconhecidas.”
“Estou satisfeito com a lealdade que você— que todas vocês demonstram. Façamos o
seguinte, assim que eu tiver plena certeza de que o Reino dos Dwarfs é seguro, buscarei
você usando teletransporte. Até lá, deixemos as Vampire Brides responsáveis, o que me
diz?”
A boca de Decrement se moveu várias vezes, mas nenhuma palavra saiu. Eventual-
mente, ela inclinou a cabeça. Ainz esperava que ela não estivesse concordando apenas
porque havia ordenado que o fizesse, mas possivelmente não era o caso.
Já que não tinha mais nada para persuadi-la e nem mudaria de opinião independente-
mente do que ela dissesse, Ainz desviou seus olhos de Decrement.
Ressuscitar NPCs de nível 1 era barato, mas esse não era o problema aqui.
“Então, Shalltear, traga— vejamos... seis Vampire Brides. E então adicione mais trinta
cavaleiros montados nesse amonte. Cinco deles serão os Hanzos que foram conjurados
recentemente.”
Não havia um significado particular por trás do número 30. Era simplesmente que ele
achava que esse número seria o suficiente. Talvez fosse porque esta era a quantidade de
jogadores permitidos em um grupo de ataque?
“Enquanto os reúne, terei uma conversa com o Cocytus. Creio que terminarei isso bem
rápido, então após reunir seu pessoal, ambas viajarão para a aldeia Lizardman através
do 「Gate」 de Shalltear. Depois disso, iremos para o norte e descobriremos onde fica o
Reino dos Dwarfs. Está bem assim?”
“Meus undeads—”
As duas falaram ao mesmo tempo, e logo se encararam. Assim que pensou que começa-
riam a discutir, Shalltear desviou o olhar primeiro.
“Faça as honras.”
“Nesse caso, que tal ter vinte e cinco de seus undeads montando em minhas feras má-
gicas?”
“—Mas isso seria mais do que o número que o senhor mencionou, Ainz-sama. Estaria
tudo bem ~arinsu?”
“Sim.”
“Então faremos.”
Ao mesmo tempo, ele fez uma anotação mental para informar a Albedo usando 「Mes-
sage」.
♦♦♦
Depois que estava suficientemente longe do quarto do Ser Supremo, onde sua voz não
o alcançaria, Shalltear cerrou os punhos e gritou de alegria.
“Já faz tanto tempo... mas, finalmente, posso compensar meu fracasso passado e deixar
todos saberem que Shalltear Bloodfallen pode ser útil!! Demorou tanto tempo...”
Aura estava bastante consciente dos sentimentos que a voz de Shalltear continha, o que
era incomum para ela. Embora Shalltear já tivesse sido punida por seus erros e Ainz lhe
tivesse dito pessoalmente que não era culpada por nada, Shalltear ainda queria apagar
os erros que havia cometido. Como uma colega Guardiã de Andar, Aura podia entender
muito bem seus sentimentos. Ainda assim — ela estava um pouco inquieta.
“Já faz muito tempo... Todo o trabalho que recebi até agora foi tão fácil que qualquer um
poderia fazê-lo ~arinsu. Mas... Mas...”
“Ah~ eu sinto que o trabalho que o Ainz-sama te deu foi muito importante, Shalltear.”
“Eu sei que sim, até certo ponto ~arinsu. É só que, é realmente tão importante assim
~arinsu?”
“Proteger Nazarick é muito importante, não? Afinal, ser a primeira linha de defesa con-
tra qualquer invasor é uma tarefa pra Guardiões confiáveis, não acha?”
“Nngg!”
Shalltear não podia negar. Então nervosamente pressionou as pontas dos dedos e as
separou novamente.
Shalltear sorriu amplamente. A reação trouxe tranquilidade para Aura. Se tivesse dei-
xado Shalltear continuar assim, certamente ela teria tido muito trabalho por nada e isso
só incomodaria Ainz. Se acontecesse, ela não tinha idéia de como iria se desculpar por
isso. Além do mais, ela sentia pena de Shalltear.
“Mas quando fui naquela cidade humana, Demiurge me deixou de fora. Ele deve ter sen-
tido que eu era inútil. Se isso era o que o Demiurge — a maior mente de Nazarick —
pensa de mim, então os outros, especialmente o Ainz-sama — cuja sabedoria supera a
de Demiurge — sentem o mesmo ~arinsu?”
“Hm? Para de falar bobeira. Já parou pra pensar que o motivo do Ainz-sama pensar que
você é capaz, é justamente por ele ser infinitamente mais inteligente do que o Demiurge?”
“...Aiai.”
Aura estava começando a ficar um pouco cansada. Todavia, ela tinha a sensação de que
ser direta com Shalltear não funcionaria, então talvez um método indireto seria mais
eficaz.
“Mas, quer dizer que os outros nutrem o mesmo sentimento que o Demiurge ao meu
respeito ~arin...su.”
Ou melhor, era bem provável que fosse o caso. Aura falou antes que Shalltear, de olhos
arregalados, pudesse continuar.
“Ainz-sama quer testar sua flexibilidade te expondo a um montão de coisa, então acho
que enfrentar dificuldades não é uma coisa ruim. Até lá, se você fizer anotações e prestar
bastante atenção nos detalhes, vai poder impressionar o Ainz-sama e os outros.”
“Uhum. Pense bem, você tá viajando com o ser mais incrível de Nazarick, não? Isso não
significa que pode aprender algo com o Ainz-sama?”
Um lampejo de mal-estar passou pelo coração de Aura. Ainda assim, a bola estava nas
mãos de Shalltear agora, e não havia mais nada que ela pudesse fazer.
Aura ofereceu uma oração a Bukubukuchagama, a Ser Suprema que também era sua
deusa:
Bukubukuchagama-sama, por favor cuide bem da Shalltear, que foi feita pelo seu irmão-
zinho o Peroroncino-sama!
Parte 3
Ele foi escoltado por Hanzos como guarda-costas. Dos cinco Hanzos, um tinha um pano
vermelho amarrado ao braço direito.
Não havia nenhum tipo de encantamento; apenas indicava que era o líder.
Francamente, Ainz se sentia um pouco culpado. Afinal, ele o deu um simples trapo se-
quer digno de nota.
Defendido por seus vassalos, Ainz agora podia ver a estátua de si mesmo.
Ainz já havia estado aqui várias vezes antes, já que era um destino de teleporte pré-
determinado. Ainda assim, isso o envergonhava profundamente.
Havia estátuas de figuras históricas e assim por diante no mundo de Suzuki Satoru, mas
certamente alguém teria vergonha de testemunhar um monumento para si enquanto
ainda estava vivo.
O que realmente o perturbou foi o fato de os ossos faciais serem ligeiramente diferentes
dos dele. Parece que eles estavam tentando embelezá-lo.
Enquanto contemplava o assunto, se virou e notou Cocytus e seus Lizardmen que genu-
flectiram diante dele.
Ele estava acostumado a essa genuflexão agora que tinha mais experiência em desem-
penhar o papel de um governante. Ainda assim, não agradava a Suzuki Satoru, um mero
assalariado. Porém, como entendeu que era um sinal de lealdade, deixou que continuas-
sem.
“—Levantem a cabeça.”
“Claro. Obrigado a você por trabalhar com tanto afinco. Eu recebi o seu relatório sobre
a aldeia. Embora eu apenas tenha dado uma lida rápida, não vi nenhum problema, o que
é bom. Suas realizações aqui são dignas de louvor.”
“Muito. Obrigado! Tudo. Isso. Foi. Realizado. Graças. Ao. Senhor, Ainz-sama.”
Ele queria dizer. Em vez disso, aceitou o elogio leal de Cocytus com dignidade. Afinal de
contas, se tivesse dito mais alguma coisa, teria se transformado em um loop infinito de
“Não fiz nada”, “Como eu disse, realmente não fiz nada”, “Não fiz nada, é sério.” e assim
por diante. Ainz estava bem certo disso.
“...Como acabei de dizer, os excelentes resultados que mostrou merecem uma recom-
pensa digna.”
A propósito, Albedo e Mare já haviam recebido um Anel de Ainz Ooal Gown, Aura rece-
beu um relógio com a voz de Bukubukuchagama, Shalltear recebeu a Enciclopédia de
Peroroncino e Demiurge — ele deu a Demiurge aquela estátua demoníaca feita por Ul-
bert.
Seu presente para Cocytus foi poupar a vida desses Lizardmen, mas já era hora de al-
guma outra recompensa.
“M-Mas— Ainz-sama. Eu. Não. Desejo. Nenhuma. Recompensa. Senão. Servir-te. Leal-
mente.”
Um dos membros da guilda reclamava de um certo tipo muito chato de mulher, do tipo
que dizia: “Tanto faz, escolhe aí...” quando perguntava “Onde vamos almoçar hoje?”, e en-
tão quando finalmente chegava à algum restaurante ela dizia: “Era melhor ter escolhido
um restaurante italiano.”. Ainz sentia o mesmo. Era centenas de vezes mais fácil se dar
bem com alguém que declarasse claramente seus desejos.
“...Cocytus. A falta de desejo às vezes pode ser mais preocupante do que a ganância. Eu
agora lhe ordeno — diga-me o que quer, tem uma semana para pensar, limitado a obje-
tos materiais. Você entendeu?”
“Você entendeu?”
“Ótimo. Essa é a minha vontade. Enfim. Cocytus, é hora de abordar o que me traz aqui
hoje. Eu gostaria de falar com o Zenberu.”
“Entendido! Eu. Já. O. Trouxe. De. Antemão... Por. Favor. Venha. Por. Este. Caminho,
Ainz-sama.”
Cocytus se moveu para trás e para o lado de Ainz, e então se dirigiu ao Lizardman ajoe-
lhado.
“Zenberu... Responda. As. Questões. De. Ainz-sama. —Tem. Permissão. Para. Falar. Com.
Ele. Diretamente.”
Zenberu levantou a cabeça com um “Sim—”, mas havia confusão em sua voz.
“Bem, direto ao ponto. Eu gostaria de visitar o Reino dos Dwarfs. Assim, desejo contra-
tar você como um guia. Pode me levar lá?”
“Com todo respeito, Majestade, mas posso perguntar o que quer fazer lá no Reino dos
Dwarfs?”
“—Zenberu... Buscar. Conhecer. As. Intenções. Por. Trás. Das. Decisões. De. Ainz-sama.
É. Um. Grande. Desrespeito... Tudo. O. que. Precisa. Fazer. É. Responder. A. Pergunta. Com.
Sinceridade.”
Cocytus usava o mesmo tom de sempre, mas havia distinto desagrado em suas palavras.
Embora se sentisse assim, Ainz não era o alvo do desprazer de Cocytus. Por sua vez,
Zenberu permaneceu em silêncio, apenas observando a reação de Ainz, com seu olhar
firme.
A tensão enchia o ar em meio ao temível silêncio, interrompido apenas pelos sons ame-
açadores de Cocytus.
Pensou. Quando de repente percebeu que Cocytus estava prestes a fazer um movimento,
Ainz interveio. Se o permitisse terminar, seria perigoso.
“Mas. Ainz-sama—”
“Está bem. Então, expresse suas dúvidas, Zenberu. O que deu origem ao equívoco que
você tem?”
É bem normal ele agir assim, ainda mais considerando o que eu fiz com as aldeias.
Ainz não deixou seus pensamentos serem externados. Se assim o quisesse, nenhuma
culpa poderia recair aos servos de Nazarick por suas ações. Agir de outra forma diante
de seus subordinados pode fazê-los duvidar de sua capacidade como líder em atividades
futuras.
“Olhe. Seu—”
“Cocytus. Sua lealdade me agrada. Mas eu já disse que está tudo bem. Não dê atenção
ao que o Zenberu diz aqui, apenas releve.”
“Entendido!”
Seria realmente o caso de “Fale francamente o que pensa”? Pois se um CEO pedir “Fale
francamente o que pensa”, isso com certeza seria uma armadilha.
“Estou sim, Zenberu. Eu jurarei em meu nome se for necessário. Desejo forjar um rela-
cionamento amigável com os Dwarfs. Claro, não vou negar que posso usar força em caso
de hostilidade. Entender que tal curso de ação pode ser inevitável?”
“Sim. Aí faz todo o sentido. Neste mundo, o forte se faz certo. Como direi isso... não quero
retribuir a bondade com malícia.”
Zenberu fez uma pausa para respirar calmamente. Ainz se lembrou de como os guer-
reiros respiravam quando estavam prestes a lançar um ataque.
“É que, se o senhor lançar um ataque surpresa e começar o extermínio deles depois que
eu te levar lá, eu oro pra que me perdoe, mas eu vou ficar do lado deles.”
Um rangido silencioso veio de trás dele, e Ainz disse: “Tudo bem” para Cocytus.
Mesmo sem checar, ele já sabia que era o som de Cocytus apertando suas armas.
E agora...?
Pensou Ainz, enquanto olhava com altivez para Zenberu. Parece que o treinamento em
frente ao espelho valeu a pena, porque o corpo de Zenberu estava congelado de terror.
“Ora, se isso acontecer, eu simplesmente terei que destruir você. Não posso negar... sua
coragem é admirável. Mas já considerou o fato de que sua traição pode acabar destru-
indo todos os Lizardmen na aldeia?”
“...Majestade sabe o que é ser justo, e não faria isso. Estou errado?”
Enquanto Zenberu olhava fixamente para ele, Ainz segurou o queixo com o polegar e o
indicador. Então, fez um anúncio.
Parecia estranho dizer isso sendo um undead, mas ele achava que os Lizardmen eram
astutos.
Não havia necessidade de entender as expressões de outras raças. Afinal, ele era apenas
um undead com as memórias e experiências do ser humano chamado Suzuki Satoru.
Como parecia que Zenberu não falaria mais nada, Ainz continuou:
“Mas relaxe. Não vou destruir a aldeia mesmo que me traia. Afinal, não seria uma rebe-
lião organizada, e sua reação é bastante compreensível, dada à sua personalidade e pas-
sado. Eles são seus velhos amigos — seus benfeitores? Eu entendo o porquê ficaria do
lado deles. E para ficar claro de uma vez por todas; não destruirei o Reino dos Dwarfs se
eu não tiver motivo para isso.”
Afinal, as coisas não estavam progredindo muito bem com os países vizinhos.
Agora que eles tinham que vassalizar o país com o qual pareciam ter tido as melhores
relações, seu nome viveria na infâmia se terminassem em guerra contra os Dwarfs tam-
bém.
Portanto, eles tinham que fazer o melhor para assinar um tratado de amizade com os
Dwarfs. Dessa forma, eles poderiam mostrar aos países vizinhos que o Reino Feiticeiro
era um instituto que poderia aceitar pactos e acordos. Isso também os daria moral ele-
vado e permitiria que limitassem as ações que poderiam ser tomadas por qualquer jo-
gador escondido mundo afora.
O resultado mais provável era que eles considerariam o Reino Feiticeiro um império do
mal e usariam isso como motivo para organizar uma guerra.
Algumas pessoas podem pensar que foi assinado sob coação ou que foi uma diplomacia
das canhoneiras. Contudo, na superfície, pareceria ser um tratado justo e normal.
Com certeza era uma conjectura presunçosa, mas até poderia garantir sua vitória se lhe
permitisse atacar enquanto o inimigo estivesse em desunião. A briga interna causada
por “É por isso que eu não queria guerra com eles” culminaria na derrota e fragmentação
dessa coalizão.
Foi por isso que ele queria conquistar um terreno mantendo o moral elevado.
Afinal, a única coisa que Ainz temia era um grupo de jogadores, não apenas um ou dois
jogadores.
Era verdade que jogadores com Itens World-Class eram algo para se ter medo, assim
como jogadores com profissões muito poderosas, como “Campeão Mundial”. Assim
como uma andorinha sozinha não fazia verão, um jogador sem Um dos Vinte jamais teria
chance de derrotar Nazarick.
“—Entendi.”
“Sim, Majestade. Vou te levar pra a cidade das cavernas dos Dwarfs, onde morei pouco
tempo.”
“Bom. A seguir, Zaryusu. Por favor, aceite minhas felicitações sobre o aumento de sua
família. Mãe e filho estão bem?”
“Sim, Vossa Majestade. Eles estão bem. Parece que meu filho está prestes a começar a
andar.”
Dito isso, suas investigações revelaram que as crianças humanas neste mundo se de-
senvolviam mais rapidamente do que as do mundo de Suzuki Satoru em todos os aspec-
tos, seja em termos de dentição, falar ou caminhar por conta própria. Claro, isso era ape-
nas algo que ele havia inventado depois de comparar suas observações com suas lem-
branças que Touch Me dissera no passado.
“A-ah, entendo. Parece que considerei isso do ponto de vista de um humano. Crianças...
hm. Atualmente, estou no processo de construir uma nação composta de seres de várias
espécies trabalhando juntas. Se eu lhe pedisse para viver em uma nação de humanos sob
minha regência com o propósito de acelerar essa agenda, você aceitaria?”
Embora não tenha sido a intenção de Zaryusu, soou com um certo um tom de chacota.
A mesma coisa aconteceu com o Ainzach antes, refletiu Ainz enquanto continuava fa-
lando.
“Eu gostaria de ouvir sua opinião. Tendo vivido como um Viajante, você deve ter expe-
riência em muitas áreas, não é mesmo? Em outras palavras, deve ser capaz de pensar de
maneiras diferentes dos Lizardmen comuns. Por causa disso, gostaria de ouvir o que
pensa, e sente, sobre o mundo em constante mudança que está à sua frente.”
“Meu tornei um Viajante porque senti que as coisas não poderiam continuar como antes.
Eu fui forçado a fazer isso pelas minhas circunstâncias.”
“Mesmo que tenha tido seus motivos, sua perspectiva deve ter sido ampliada ao ver o
mundo. Se possível, por que não se coloca no lugar de um Lizardman comum e, assim,
avalie os méritos dos Lizardmen viajando para uma nação humana?”
“Sim...”
“Pessoalmente, eu não gostaria de viajar para uma cidade humana. Eu me sentiria des-
confortável, ter minha esposa e filho sujeitos a isso não me agrada. Mesmo sendo um
país governado por Vossa Majestade... seria muito difícil.”
Alguns poderiam caçoar e chamar de viver na defensiva, mas Ainz achava que uma pes-
soa que não sabia o momento de ficar na defensiva quando preciso como o verdadeiro
fraco. O mesmo valia para PKs ou PKKs.
“Entendo. Então... É possível que as crianças se acostumem com esse tipo de coisa?”
Zaryusu deve ter pensado que Ainz forçosamente separaria as crianças de seus pais.
“Não tire conclusões precipitadas. Eu pretendo construir uma nação onde diferentes
raças possam coexistir em harmonia. O primeiro passo disso é criar um lugar onde os
filhos dos Lizardmen, humanos, Goblins e outros possam se reunir e brincar alegre-
mente. É só isso... Ainda assim, confio que nem todos vocês pretendem viver e morrer
neste mundinho que se resume ao lago, mas sim provar de tudo que o mundo tem a
oferecer, não é mesmo?”
“Eu sei que ser um Viajante não é muito glamoroso entre os Lizardmen, correto? Eu
estou simplesmente dizendo que deveriam rever seus conceitos... Deixando bem claro,
será que você e sua esposa querem que seu filho fique preso somente a essa pequena
parcela do mundo?”
“Isso é difícil de dizer. Eu gostaria que as crianças vivessem em uma aldeia segura, já
que temos muita comida, mas os tempos são diferentes agora.”
Ele deve ter falado em sua capacidade como pai. Isso foi um pouco diferente de como
Ainz queria que os NPCs vivessem em felicidade. Enquanto ele refletia, Ainz começou a
sentir uma certa afinidade com Zaryusu.
“Eu sei como se sente. Não se pode esperar mudanças daqueles que já decidiram qual
caminho seguir. Quanto mais rápida a mudança surgir, mais a geração mais velha a re-
jeitará com resmungos.”
Respondeu Zaryusu.
“Mas ele tá dizendo na sua cara que você é um desses velhos, Zaryusu.”
Zaryusu olhou para Zenberu, perplexo, até mesmo Ainz conseguiu perceber isso.
Ainz olhou com carinho para Cocytus, que estava ao seu lado.
“Bem, parece que vou ter que deixar isso claro. Cocytus, vou agora dar-lhe uma ordem.”
“Entendido!”
“Mesmo que Zenberu escolha se opor a mim, você está proibido de prejudicar qualquer
um de seus amigos.”
“Zenberu, eu gostaria que me contasse tudo. Diga-me onde conheceu os Dwarfs, que
tipo de vida teve com eles, que tipo de presentes os agradam e assim por diante. Não
poupe palavras.”
“Que. Grosseria—”
“Tudo bem, Cocytus. Ele perderia a cabeça por algo assim em circunstâncias oficiais—”
“Como isso dificilmente é um cenário formal, vou permitir que fique impune. Creio que
posso perdoar tal ato.”
“Ai-Ainz-sama...”
“Contudo, Zenberu, há uma coisa que não deve esquecer. Cocytus vai se sentir culpado
por causa do tom vergonhoso que se dirigiu a mim.”
“—Assim é melhor. Deveria ser grato ao Cocytus, o administrador desta aldeia. Por
causa dele, eu não os farei nenhum mal... hm, sem mais delongas com essa conversa sem
sentido. Vamos começar a discutir o Reino dos Dwarfs?”
Como não sentia fadiga, não precisava se sentar. todavia, ele não podia ignorar sua su-
gestão.
“Claro. Providencie então. Ah, Cocytus, não use algo muito luxuoso. Qualquer coisa que
eu possa sentar já estará de bom tamanho.”
“...Eu acho que não preciso perguntar, mas só para garantir. O que você está fazendo?”
“Eu. Ouvi. Dizer. Que. A. Shalltear. Uma. Vez. Fez. Isso, Assim. Sendo, Eu. Pretendi. Imitá-
la.”
“Mas. Os. Lizardmen. Sob. Meu. Comando. Falaram. Desrespeitosamente. Com. O. Se-
nhor, Ainz-sama—”
“Não precisa reviver o passado. Eu já disse que não teve importância. Não me ouviu?”
Ainz tentou falar com ele, mas Cocytus estava provando ser inesperadamente teimoso.
Apesar do fato de que os undeads não se cansaram, a fadiga encheu a alma de Ainz. Sen-
tindo a dificuldade ao redor dele, Ainz decidiu abandonar sua resistência e fez um pro-
nunciamento.
“Entendido!”
Sentado assim na frente dos outros era muito — bem, até certo ponto, era embaraçoso.
Ainda assim, os outros achariam estranho se hesitasse aqui. O que ele deveria ter feito
era adotar o ar de um soberano absoluto e sentar-se com naturalidade no corpo de seu
vassalo.
Além disso, Cocytus parecia estar ofegando e bufando de excitação, vazando uma névoa
branca cada vez mais espessa, parecia que alguém havia borrifado água quente no gelo
seco e os vapores se espalhavam entre as pernas de Ainz. Parecia algum efeito especial
usado para fazer alguém parecer mais impressionante, e isso o fazia sentir como se esti-
vesse sentado em uma cama de pregos.
Nem fodendo...
Uma parte estranhamente curiosa dele queria saber o que aconteceria se falasse o que
pensava, mas só de pensar na reação de Cocytus já era assustadora por si só.
Ainz havia pensando o mais rápido que pôde, mas não conseguia pensar em mais nada
melhor.
“Posso. Saber. Entre. Eu. E. Shalltear, Qual. De. Nós. O. Senhor. Prefere?”
“Senhor! Eu. Sinto. Que. Devo. Praticar. Para. Quem. Cavalgará. Em. Minhas. Costas. Al-
gum. Dia.”
“.........Eh?”
Cocytus era uma espécie que permitia a fêmea montá-los durante a reprodução? Ou ele
era apenas um masoquista sexual?
Takemikazuchi-saaan!
Não poderia ser, ele demonstrava ser um homem decente. Ele poderia ser um apaixo-
nado por lutas, mas deve ter sido um bom homem que raramente dava problemas às
pessoas.
Mas por que Cocytus acabou assim? Ainz estava abalado até a alma, como se tivesse
descoberto o fetiche secreto de outra pessoa.
“Sim! Mesmo. Que. Eu. Possa. Estar. Abusando. Ao. Esperar. Por. Uma. Resposta... Quem.
É. O. Vencedor, Ainz-sama?”
“É um pouco irregular, mas não ao ponto que me incomode a sentar. Nesse sentido, a
Shalltear é um pouco melhor.”
“Oh...”
“Ngh! Não, quero dizer, você tem suas vantagens também. Ah, como direi... é geladinho...
sim, essa sensação fria seria melhor nos dias de verão.”
Ainz não pôde deixar de se perguntar o porquê estava tão desesperado para consolar
Cocytus.
“B-bem, não dê atenção ao que está acontecendo aqui. Vamos, Zenberu, conte-me tudo.”
“Ah, tá.”
De acordo com Zenberu, ele havia subido e descido encostas e picos para encontrar os
Dwarfs, passando um mês em uma busca infrutífera. Foi só quando estava prestes a de-
sistir que encontrou um Dwarf que saiu para explorar a superfície. Depois disso, várias
coisas aconteceram e ele ganhou a confiança dos Dwarfs e foi levado para a cidade.
Dada à sua aparência, eles ficaram meio receosos a princípio, mas aparentemente ga-
nhou sua confiança depois de abrir seu coração.
Depois disso, treinou Artes Marciais na cidade Dwarf e apenas saiu uma vez que ganhou
a confiança suficiente em si mesmo e retornou para a aldeia Lizardman.
O mais importante de tudo isso era se Zenberu poderia ou não liderar Ainz e seu grupo
para a cidade Dwarf.
A cidade Dwarf era subterrânea, nas profundezas de uma caverna, então ele deveria ser
capaz de levá-lo até lá, desde que o terreno da montanha não tivesse mudado. Quando
ouviu isso, Ainz se lembrou das cidades subterrâneas em YGGDRASIL e não pôde deixar
de ficar entusiasmado.
Zenberu respondeu que a viagem de volta do Reino dos Dwarfs levara cerca de uma
semana ao longo das trilhas nas montanhas. Que o levara para a ponta mais setentrional
do lago.
Dado que os Lizardmen não estavam acostumados a andar em terra, uma jornada de
uma semana a pé, aproximadamente, seria equivalente a cerca de 100 quilômetros.
Infelizmente, eles precisavam confiar nas memórias de Zenberu, de modo que não con-
seguiriam traçar o percurso mais curto em um mapa.
Isso fez Ainz pensar em suas aventuras em YGGDRASIL, o que lhe trouxe um amplo sor-
riso.
“Claro. Expedições com o mínimo de informação é algo bem-vindo. Isso é o que chamam
de excitação, não?”
Talvez achassem que Ainz estava fazendo uma piada, mas risadas fracas vieram dos
outros Lizardmen. Ainz não pretendia corrigir mal-entendido. Pessoas que não conhe-
ciam YGGDRASIL achariam difícil de entender.
“Zenberu, o nomearei como meu guia, e nos prepararemos de acordo com os seus dize-
res. Aura e Shalltear chegarão em breve com seus respectivos seguidores, vá fazer seus
preparativos quanto antes.”
S
acompanhadas por seus seguidores escolhidos a dedo.
Eles poderiam ser considerados os seres mais fracos do grupo, dado que eram apenas
de nível 40. Ainda assim, suas capacidades de transporte de carga eram bastante impres-
sionantes, e sua resistência ao frio e ao fogo significava que poderiam se mover facil-
mente através da tundra congelada ou perto de crateras cheias de lava borbulhante. A
coisa mais importante era que ao contrário do que as aparências indicavam, possuíam
incrível mobilidade e capacidade de operar por longos períodos sem comer ou beber.
Ainz ordenou que Cocytus ficasse atrás dele e então chamou Zenberu, pedindo que ele
se aproximasse.
Zenberu se afastou de Zaryusu e Crusch — Ainz lembrou de seus nomes — e veio diante
dele. Ainz não pôde deixar de olhar para o pequeno Lizardman branco que Crusch estava
aninando.
Talvez Crusch sentisse o espírito colecionador de Ainz, mas ela instintivamente agiu
para proteger seu filho.
“Aceite-os. Este anel elimina a necessidade de dormir, comer ou beber. Este anel ga-
rante resistência ao frio. E este colar garante a habilidade de usar a magia 「Fly」. Eu
vou ensinar como usá-lo mais tarde. É para caso caia em um penhasco.”
Este foi o equipamento básico de montanhismo que usou durante seus dias em
YGGDRASIL. Ele poderia trocar de equipamento em resposta a qualquer efeito único de
área que encontrasse na Cordilheira Azerlisiana.
As crianças não fugiram, mas mantiveram distância, olhando para Ainz e os outros com
olhos, provavelmente, brilhantes.
Mm. As crianças seriam capazes de se adaptar se eu as levasse para uma cidade humana?
Não, e se eu fizesse o contrário e trouxesse crianças humanas para cá? Talvez eu pudesse
construir um acampamento nas proximidades e levar os filhos dos Lizardmen para lá.
Ainz imaginou uma cena de crianças humanas, Lizardmen e Goblins brincando juntas.
Então adicionou à mistura Aura e Mare, as crianças Elfos Negros. Também não faria mal
algum colocar Shalltear no meio.
Ela a considerou porque a viu fazendo preparações ao lado de Aura, undeads e feras
mágicas. Não havia nenhum significado especial por trás.
“Não foi isso que eu quis dizer... Não acha que as crianças podem se dar bem, mesmo
que sejam de raças diferentes? Não acha que crianças humanas poderiam andar de mãos
dadas com crianças Lizardman?”
“Eu. Não. Tenho. Certeza, Mas. Se. Esta. É. Vossa. Vontade, Então. Tenho. Certeza. Que.
Andariam. De. Mãos. Dadas, Ainz-sama.”
...Isso não tem nada a ver com minha vontade ou ordens, é só uma questão de fazer com
que pessoas de diferentes espécies trabalhem juntas. Acho que não posso fazer essa suges-
tão devido à minha posição de Rei...
As idéias de Ainz seriam todas interpretadas como ordens absolutas. Assim, conside-
rando este ponto, foi bastante assustador.
“Sim! Tô prontinha!”
“Ainz-sama. Tenha. Cuidado! Se. Qualquer. Coisa. Acontecer, Eu. Posso. Mobilizar. Mi-
nhas. Tropas. A. Qualquer. Momento.”
Cocytus abordou algo importante. Se houvesse jogadores inimigos por perto, as coisas
poderiam se transformar em uma batalha em grande escala, e isso exigiria o uso da força
militar. Contudo—
“—É uma possibilidade. Mas iremos mais como uma força de reconhecimento. Se en-
contrarmos alguém forte, recuaremos depois de coletar informações suficientes. E caso
aconteça, estarei ansioso para ver seus feitos no campo de batalha.”
“Entendido!”
♦♦♦
O plano era seguir para o norte e subir as montanhas, depois fazer uso das memórias
de Zenberu.
Os undeads montados nas feras e agindo como sua vanguarda exibiam orgulhosamente
a bandeira do Reino Feiticeiro.
Todos os seres inteligentes que viviam perto do lago estavam sob a bandeira de Cocytus.
Assim, levantar a bandeira significava que não precisavam temer nenhum ataque.
Mesmo assim, isso se aplica apenas a criaturas inteligentes — aquelas que entendiam o
conceito de ser governado. Não significava nada para criaturas de baixa inteligência,
como meros animais, por exemplo. Pelo contrário, isso aumentava as chances de que tais
criaturas os atacassem. Ainda assim, não havia monstros nesta floresta que Ainz e seu
grupo não pudessem lidar.
Shalltear parecia procurar seres tolos a tal ponto, mas não conseguia encontrar nem
um único monstro. Por fim, chegaram ao extremo norte do lago.
Seus olhos seguiram o curso de um pequeno riacho que alimentava o lago, e à frente
deles ficavam os picos dentados da Cordilheira Azerlisiana. Sob um céu azul claro e
tempo ensolarado, era uma visão bastante majestosa, e isso provocou uma emoção fraca
dentro do coração de Ainz.
“Tudo bem. Vá para a liderança. Mas não sozinho. Leve um dos meus com você. Se algo
atacar, use-o como cobertura e recue. Você é um membro muito valioso dessa expedição.”
“Agradeço profundamente.”
Depois de comandar — ou melhor, pedir — a fera mágica que montava, a criatura obe-
deceu e começou a se mover. Como Zenberu não tinha experiência em equitação, Ainz o
colocou em uma das feras mágicas de Aura, que podia ser controlada pela fala e não pela
técnica.
Havia uma grande diferença entre a velocidade nas montanhas e a velocidade enquanto
viajavam pela margem do lago.
No início, eles simplesmente seguiram o fluxo para o norte, mas diminuíram a veloci-
dade depois de se desviarem para evitar uma cachoeira.
Zenberu fez o possível para lembrar-se da rota que havia tomado, mas era muito difícil
refazer os passos que havia feito apenas uma vez há vários anos atrás, ainda mais en-
quanto seguia na direção oposta. Além disso, estavam em uma elevação muito baixa, de
modo que as árvores altas bloqueavam sua linha de visão.
Dentre o grupo, a maioria não precisava de descanso, mas Zenberu — o membro mais
importante — estava entre as poucas exceções a isso. Assim, tiveram que fazer diversas
pausas antes de continuarem em silêncio.
Eles vislumbraram o que pareciam ser monstros ao longe, mas não pareciam querer se
aproximar. Talvez o grupo de Ainz fosse muito numeroso, ou talvez os monstros já não
estivessem com fome. Ainz pensava que capturar um monstro desconhecido para brin-
car poderia ser divertido, mas decidiu desistir por ora.
Ainz sabia muito bem que um caçador que perseguisse dois coelhos não pegaria ne-
nhum.
O céu azul estava tingido de vermelho, e depois passou para a noite. A silhueta das mon-
tanhas contra um mar infinito de estrelas só poderia ser descrita como majestosa. O co-
nhecimento de que mesmo essa vista magnífica era apenas uma fração deste mundo fez
Ainz sentir como se a própria natureza estivesse engolindo o seu ser.
Como era possível sentir isso— ou melhor, já que podia fazer, por que não conseguia
saborear comida? Ainz afastou esses pensamentos, dando preferência a apenas curtir o
momento, sentir esse ar que não podia ser encontrado em Nazarick ou nos arredores de
E-Rantel.
Ainz sentiu uma sensação de satisfação, assim como quando ganhou novas experiências
enquanto se aventurava como Momon, seu coração estava cheio de satisfação. Com toda
a honestidade, poderiam voltar agora sem jamais encontrar o Reino dos Dwarfs e ele
definitivamente não se importaria.
Na verdade, a coisa mais sensata a fazer seria fazer uma marcação aqui e então tele-
transportar todos de volta para um lugar seguro para passar a noite. No entanto, por
algum motivo, ele sentia que não era o ideal. Não se tratava dos méritos ou deméritos da
situação, mas de uma questão puramente emocional.
Um rápido olhar ao redor revelara apenas rochas e os frios ventos da montanha — claro,
não tinham nenhum efeito sobre Ainz, que era imune ao frio — roubando o calor do
corpo. Qualquer um sem resistência ao frio, ou sem roupas grossas de lã, sentiria como
se estivesse sendo espetado por agulhas. O ar gélido vinha dos ventos que sopravam
sobre pilhas de neve traziam o ar frio pelas encostas das montanhas.
Ainz sorriu enquanto seu respeito pela grandeza da natureza se tornava cada vez mais
profundo.
Poderiam ser fracas em batalhas de guildas, mas como poucas, se lançaram de forma
solitária nos confins desconhecidos do mundo. Naquela época, ele não entendia o que
estavam pensando. Mas agora, depois de encontrar um mundo magnífico como esse, ele
começou a ver o que estavam buscando.
Enquanto tinha sido Momon, o pensamento divertido de deixar tudo para trás e ir viajar
pelo mundo—
“—Ainz-sama?”
“Então, é sobre o quê? Oh, sim, estava falando sobre acampar aqui?”
“Sim. Rogo que aceite minhas mais sinceras desculpas por não preparar uma tenda ade-
quada, apesar de saber que o senhor poderia querer pernoitar, Ainz-sama ~arinsu. De-
sejo pegar uma de Nazarick. Posso usar o 「Gate」?”
“Não será preciso. E não foi você quem esqueceu a tenda, mas eu não a anotei na lista
por não ser necessário. Sabe que o Mare pode fazer um abrigo com magia?”
Shalltear assentiu.
“Bem, então deve saber que eu também posso fazer. Eu poderia usar um item mágico
como a Green Secret House, mas acho que seria um pouco apertado para nossos núme-
ros. Enfim, apenas observe.”
Ainz procurou por um local adequado. Poderia ser inclinado, mas o importante era que
tinha que estar aberto e livre de pedras.
Ele encontrou um quase imediatamente, e então Ainz lançou sua magia. Foi uma magia
de 10º nível.
“「Create Fortress」!”
Quando a magia entrou em vigor, uma torre vigorosa apareceu onde antes não havia
nada. Era uma torre que tinha mais de 30 metros de altura, radiava soberba, como se
engolisse o céu estrelado.
As portas duplas maciças pareciam fortes o suficiente para suportar o impacto de aríe-
tes. As paredes estavam repletas de incontáveis cravos afiados para impedir que alguém
as escalasse. Quatro estátuas demoníacas adornavam os cantos da parte mais alta da
torre. Passavam uma sensação de serem pesadas e opressivas, mesmo se as olhasse ra-
pidamente.
Essa fortificação robusta, semelhante a uma fortaleza, era a encarnação física da pala-
vra: “Imponente”.
“Vamos.”
Ainz deixou dois undeads do lado de fora e ordenou que abrissem as portas depois que
se fechassem. As portas permaneciam fechadas.
Ele esperou um pouco mais, mas não havia sinal de que as portas se abririam.
Com um “Siiim!” Aura tocou as portas experimentalmente, mas elas não pareciam que-
rer abrir.
Parece que apenas Ainz poderia abri-las. Ele mentalmente franziu as sobrancelhas.
Se outros jogadores existissem neste mundo, pequenas mudanças como essa poderiam
acabar afetando quem não precisava, e na pior das hipóteses ele poderia acabar matando
alguém por acidente.
Já faz quase um ano... E ainda tenho que ter cuidado ao usar meu poder. Seria trágico se
alguém fosse pego em nossos ataques de efeito em área. Devo colocar isso em evidência
para os seres mais fortes? Mare, especialmente ele... Talvez possam ficar chateados se eu
ficar enchendo o saco deles com essas coisas, ainda mais se já sabem... Vou tentar abordar
o tema como uma observação ou algo assim.
Lembrar alguém de forma sutil era inesperadamente difícil. Era completamente dife-
rente de dar uma bronca. Ainz tornou-se completamente familiarizado com esse fato du-
rante seu tempo no mundo corporativo.
Enquanto seu coração ficava pesado, Ainz decidiu terminar seu experimento e abrir o
portão para deixar os dois undeads do lado de fora entrarem. Ele fechou os portões mais
uma vez depois de garantir que todos estavam dentro e avançou.
Duas portas duplas estavam de frente para a entrada e uma passagem se estendia além
delas. No final da passagem havia outro conjunto de portas duplas. O caminho estava
iluminado por luzes mágicas, então não havia problemas em viajar ao longo dele.
No instante em que abriu as portas internas, uma luz ofuscante brilhou acima deles.
Diante deles havia um corredor redondo. O chão era branco como a neve e o teto bem
alto. Uma escada espiral subia do centro da sala e conectava-se aos níveis superiores.
Ainz indicou dez portas usando seus dedos. Aliás, o espaço aqui era expandido, então a
fortaleza era maior do lado de dentro do que do lado de fora.
“Há mais cômodos no segundo e terceiro andar, usem quais quiserem. Aura, Shalltear e
Zenberu, façamos uma reunião antes de irem. Eu quero traçar nossa rota futura baseado
no que aprendemos hoje. Há sofás, vamos conversar lá. Os demais estão dispensados.”
“Hmm...”
“Eu lhes darei ordens mais tarde. Por enquanto, diga que esperem em seus quartos.”
Ao chegarem nos sofás, Ainz foi o primeiro a sentar e logo depois os outros três senta-
ram-se também.
“Vamos começar fazendo um registro do que fizemos hoje. Aura, faça as honras.”
“Sim, Ainz-sama.”
Aura abriu um bloco de anotações, segurando-o com uma mão e desenhando um mapa
com a outra.
“Não tá com todos os detalhes que eu queria, mas deve ser mais ou menos assim.”
Era um mapa bastante grosseiro, mas poderia ser bem útil para orientação aériea.
“A seguir.... sei que está cansado, Zenberu, mas gostaria de pedir sua colaboração.
Mesmo que seja algo que o desagrade.”
“...Creio me expressei de forma muito vilanesca. Sem me delongar demais, posso con-
trolar as memórias de terceiros com magia, e essa mesma magia pode navegar pelas me-
mórias. Sinceramente, é algo que drena muita mana e prefiro não usar se for evitável,
mas depender apenas de vislumbres de sua memória me preocupa.”
“Fala da Shizu?”
“Exatamente, Aura. Mas a magia não é tão poderosa assim. Se a pessoa quase esqueceu
um acontecimento, só posso obter detalhes grosseiros. Há também outras coisas que
complicam o uso da magia. Por exemplo, as memórias podem não residir dentro do cé-
rebro, mas acessadas a partir de uma fonte mais primordial—”
Ainz deixou os ombros caírem quando percebeu que tinha saído do assunto:
“Há sei... Mas nunca se sabe, né...? Bem, er... só pra garantir mesmo, eu vou ficar bem?”
“Imagino como deve estar se sentindo. Não se preocupe, Zenberu. Eu não vou alterar
suas memórias. Juro isso pelo meu nome.”
“Humm. Sente-se lá e relaxe. Não vai doer. Só preciso confirmar alguns detalhes com
você antes de conjurar a magia. Coisas como, quantos meses e anos atrás, onde essas
memórias ocorreram, etc.”
Tendo lançado essa magia muitas vezes antes, Ainz tinha a confiança de um especialista,
mas ainda assim, usá-la era extremamente difícil.
Ainz sentiu sua mana drenar em torrentes depois de navegar brevemente nas memó-
rias de Zenberu.
O plano original de Ainz era encontrar as memórias desejadas e, em seguida, ficar vendo
outras coisas do passado de Zenberu. Entretanto, ele estimou que seu MP iria secar antes
disso. Outro grande problema dessa magia era que mesmo que ele quisesse esperar até
o dia seguinte para recuperar sua mana e usá-la novamente, ele navegar por todas as
memórias desde o começo.
Depois de resmungar por dentro, ele viu o que parecia ser uma montanha. Assim que
encontrou o lugar que procurava, sua mana já estava praticamente esgotada.
Examinar memórias muito antigas é muito complicado. As recentes são tão mais fáceis...
Como já esperava, as lembranças estavam nebulosas. Ele viu os rostos de Dwarfs, mas
todos pareciam iguais. Ele não sabia se isso era culpa de Zenberu, mas o fato era que ele
os via como de feições iguais. Eram simplesmente faces barbadas que gritavam rude-
mente enquanto bebiam cerveja.
Que droga. Dava tão certo no clérigo, até na Shizu certo. Mas ainda sinto que me falta
habilidade... não posso me dar ao luxo de brincar com memórias tão preciosas.
Aquele clérigo não ajuda... eu queria continuar experimentando, mas agora ele mal con-
segue falar. Bem, reescrever memórias funciona se eu me limitar aos últimos anos.
Ainz sorriu.
Zenberu chacoalhou a cabeça com força. Ainz não lhe deu atenção, apenas olhou aten-
tamente para o mapa.
Mesmo depois ver as memórias de Zenberu, ele ainda não compreendia bem.
Não havia características distintivas, e como faria para confirmar sua posição no cená-
rio ambíguo das montanhas? Além disso, as lembranças de se esconder de monstros es-
tavam muito mais vivas do que as demais.
O fato era que, mesmo que sua mana fosse recuperada até amanhã, ele não obteria in-
formações que valessem o gasto.
“Por enquanto vamos nos ater ao plano e ter o Zenberu nos guiando para o norte. Infe-
lizmente eu não vi nada útil em suas memórias.”
“Estão todos dispensados. Descansem... parece que ninguém precisa descansar além do
Zenberu. Pois bem, preparem-se para amanhã.”
♦♦♦
Enquanto observava seu mestre retornar ao quarto, Aura se virou para Shalltear, que
estava sentada ao lado dela:
Aura tinha um item mágico que lhe permitia ficar sem dormir, e Shalltear era uma
undead. Estritamente falando, nenhuma delas precisava descansar. Contudo, seria rude
não usar os quartos que foram fornecidos para elas, e seria ruim para a segurança esti-
vessem muito longe de seu mestre.
“Hm~ creio que qualquer lado está bom, não acha ~arinsu?”
Aura olhou para Shalltear depois de ouvir sua resposta distraída. Foi quando ela perce-
beu que Shalltear estava escrevendo algo em um bloco de anotações.
“Ohhh~ isso parece bem trabalhoso vindo de você. Deixa eu dar uma olhadinha.”
Aura fez uma pausa para espiar e viu que o bloco de anotações estava coberto por um
roteiro denso, com quase nenhum espaço em branco entre as letras.
Depois de uma rápida olhada, ela descobriu que Shalltear havia gravado as palavras de
seu mestre detalhadamente, assim como as ações que que havia tomado.
Isto é... como direi? Faz sentido preservar o que o Ainz-sama diz pra posteridade, mas
duvido que você tá escrevendo pra isso...
“Ah, sabe como é. Isso que tá fazendo é uma boa idéia, mas deveria ser apenas o mais
importante, não acha?”
“Só percebeu agora, é? Anotar cada palavrinha pode parecer que fez um bom trabalho.
Mas o certo é pegar só o mais importante e usar pra aprender como lidar com situações
semelhantes no futuro. Consegue fazer isso com esse rabisco todo que fez?”
“Acha, né? Então tá bom. Quando for pro seu quarto, tenta lê isso aí pra ver se entende
mesmo. Tente pensar no que o Ainz-sama tinha em mente e depois se coloque no lugar
dele e imagine o que faria.”
Após remedar Shalltear, Aura de repente se perguntou o porquê estava dizendo esse
tipo de coisa para Shalltear. E então, por algum motivo, ela sentiu que orientá-la dessa
maneira era muito natural.
Haaah. Por alguma razão, sinto que tenho uma irmãzinha retardada... Pode ser um pouco
desrespeitoso, mas será que a Bukubukuchagama-sama se sentia assim?
♦♦♦
Após mais um dia de busca, seus esforços do amanhecer ao anoitecer não renderam
frutos.
Quando o sol afundou atrás das encostas das montanhas, Ainz estreitou os olhos.
Eles viajaram mais de 100 quilômetros nos lombos de suas feras mágicas — em outras
palavras, haviam excedido a distância que Ainz estimara até a cidade Dwarf. No entanto,
não encontraram nada. Em outras palavras, eles teriam que começar a demorada tarefa
de passar um pente fino na região.
Após iniciarem sua viagem pelo terceiro dia, de repente, Zenberu exclamou em uma voz
estranha.
Não havia mais árvores à vista, apenas um campo de rochas. A voz de Zenberu ecoava
excepcionalmente alto neste lugar.
De acordo com as ordens de Ainz, o grupo se formou em uma coluna organizada orde-
nadamente.
Finalmente, eles viram algo que parecia mais uma rachadura na montanha do que uma
caverna.
Ainz tinha visto algo semelhante nas memórias de Zenberu, mas achava que era para
ser bem maior. Mesmo assim, dada a reação de Zenberu, tinha altas chances de ser o
lugar certo.
Agindo como haviam planejado antes, Aura conduziu sua montaria até a fissura.
“Reino Dwarfs! Sua Majestade Ainz Ooal Gown, Rei do recém-fundado Reino Feiticeiro
de Ainz Ooal Gown ao sul, veio visitar vocês! Não vão mandar alguém pra dar boas-vin-
das!?”
Aura olhou para Ainz com uma expressão que dizia: “O que devo fazer agora?”
E assim, Aura gritou com o tom mais alto de sua voz mais uma vez.
E, nada aconteceu. Não havia sinal de alguém aparecer, mesmo depois de esperar um
pouco.
Zenberu havia dito que deveria haver guardas vigiando a entrada contra forasteiros. Se
este fosse o caso, alguém deveria ter ouvido a voz de Aura.
Ainz conjurou várias magias de buff em Zenberu. Embora não garantisse sua segurança
por qualquer meio, reduzia muito o perigo que poderia enfrentar em comparação a ser
enviado sem essas magias.
“...Hanzos.”
“Assim será feito. A propósito, onde devemos investigar? Dizem que a cidade Dwarf está
repleta de túneis de mineração. Investigar completamente a intrincada teia desses tú-
neis levará muito tempo.”
“Faça uma inspeção superficial. Concentrem-se na região central e nas áreas adminis-
trativas da cidade. Poderão investigar o interior do túnel mais tarde.”
Os Hanzos partiram em uma arrancada, seguindo seu líder. A maneira como corriam,
deixando rastros fantasmas de suas imagens por onde passavam, era um efeito único
para os monstros de alto nível do tipo ninja.
Ainz indicou que Zenberu deveria retornar para o grupo — permitindo que ele espe-
rasse em um lugar seguro. Ele poderia ser muito útil quando negociasse com os Dwarfs.
“Entendido!”
Agora que Shalltear — a mais forte Guardiã de Nazarick — estava pronta para a batalha,
nenhum adversário, por mais forte que fosse, poderia matá-la instantaneamente com
um único combo. Claro, a experiência era o mais importante quando se lutava contra
jogadores, e dar essa tarefa à inexperiente Shalltear representava algum perigo.
Como o mais experiente dos presentes, Ainz precisava dar o exemplo a ser seguido.
Então observava com cuidado seu entorno. Algum tempo depois os Hanzos retornaram,
haviam demoraram mais do que o esperado por terem percorrido uma grande distância.
“—Ainz-sama, descobrimos o que pode ser uma área residencial. Vasculhamos o local
e não encontramos sinais de vida.”
“Não investigamos a fundo. Contudo, não havia cadáveres e nem qualquer sinal das ca-
sas terem sido usadas recentemente. Também não havia sinais de batalha.”
Ele olhou para Zenberu, que também parecia muito chocado. Poderiam estar convi-
vendo há pouco tempo, mas ele tinha ganhado um pouco de discernimento sobre a per-
sonalidade de Zenberu, de modo que não parecia fingimento.
“Imediatamente, Mestre!”
Ainz seguiu atrás dos Hanzos. Este era um território desconhecido e ele não poderia ser
descuidado aqui. Shalltear, Aura e Zenberu também foram escoltados por undeads e fe-
ras mágicas de alto nível.
As únicas deixadas de fora foram as Vampire Brides de baixo nível e as feras mágicas
parecidas com mamutes.
Foi feito para criar uma armadilha. Qualquer ser desconhecido que os visse como ini-
migos certamente começaria a reduzir sua força de combate começando pelos mais fra-
cos. Era uma das táticas básicas; atacar as linhas de suprimento na esperança de apren-
der alguma a partir dos fragmentos.
Por estar muito ciente, Ainz não as deixou sozinhas, posicionou um Hanzo camuflado
por perto.
O Hanzo não estava lá para resgatá-las. Em vez disso, estava lá para observar e aprender
tudo que fosse possível da oposição. Se conseguisse descobrir seu local de descanso —
ou melhor ainda, seu QG — seria um bônus inesperado.
Uma razão que o levou a não querer retornar à Nazarick em nenhum momento durante
a jornada, foi para evitar que a oposição soubesse que poderiam reabastecer suas forças
infinitamente usando a magia 「Gate」. Isso os faria pensar que Ainz e companhia po-
deriam ter as forças desgastadas com o tempo.
Ah, mesmo que algum inimigo dê as caras, seria bom se as Vampire Brides ficassem em
segurança.
Ainz não queria que elas morressem. A título de curiosidade, ele se importava em sa-
crificar monstros POP para obter informações sobre o inimigo.
Zenberu, por outro lado, estava sendo carregado como uma princesa por um dos unde-
ads.
Dado o fato de que todas as estalactites e estalagmites da área haviam sido removidas,
deixando a area terraplanada, não havia dúvida de que aquele lugar era uma cidade
Dwarf.
Havia magias que Ainz poderia usar nessas circunstâncias, mas os Hanzos não tinham
essas habilidades. Fazia sentido o tempo que levaram para retornar, considerando que
tiveram que investigar todos os possíveis caminhos.
“Perfeito... Estou notando uma tênue luz ao longe, Hanzo. Você não disse que não havia
Dwarfs aqui?”
Não havia outras fontes de luz — pelo menos nenhuma feita manualmente — até onde
Ainz podia ver.
Talvez fosse porque os construtores eram de uma raça de baixa estatura, mas suas es-
truturas eram todas menores do que as construções arquitetadas por humanos. Mesmo
assim, as edificações ainda eram mais altas que Ainz, e ele não podia dizer o tamanho da
“Hmm...”
As histórias que ouvira da cidade Dwarf evocavam uma imagem mental de um lugar
brilhante, intrincado e digno; não havia sinal disso aqui. Não havia vestígios de YGGDRA-
SIL — nem da presença de algum jogador.
Como os Hanzos haviam dito, ele foi recebido por um espaço vazio.
Ele não conseguia ver nenhum móvel de onde estava, na entrada. As únicas coisas que
restavam eram prateleiras que haviam sido instaladas nas paredes e outras coisas que
não podiam ser movidas. Pó branco cobria o chão. Parece que há muito haviam partido
Depois de ouvir a ordem de Ainz, Zenberu gritou o nome do Dwarf que cuidara dele no
passado.
O fato de que não houve eco de retorno demonstrava claramente a profundidade mas-
siva da caverna.
Zenberu gritou várias vezes mais, mas, como antes, não havia sinais de alguém emergir
em resposta.
“—Hanzos. Vasculhem os túneis fora da cidade por qualquer coisa que possa servir
como pista. Encontrem o motivo que levou essa cidade ser abandonada. Como não sabe-
mos até onde vai essa rede de túneis, retornem se concluírem que se afastaram muito.”
“Entendido, Mestre!”
Embora pudesse ter sido mais rápido ter todos saindo por conta própria e procurando,
Ainz não era estúpido o suficiente para dividir sem antes ter uma noção básica do lugar.
Ele ordenou que todos se reunissem e conduzissem uma pequena investigação. En-
quanto esperava, eles abriram as portas de uma edificação após a outra.
“Aura, como seus sentidos são os mais aguçados aqui. Conseguiu encontrar alguma
pista?”
“Hmmm... Então, vamos nos dividir em duas equipes para facilitar a busca. Shalltear,
assuma o comando dos undeads, façam com que sejam nossos vigias. Aura, vá em frente
para a casa onde Zenberu ficou a última vez que esteve aqui. Procure alguma pista que
fez a cidade ser abandonada. Lembre-se, tome cuidado e não vá muito longe.”
Este seria um curso de ação perigoso se alguém estivesse esperando em uma embos-
cada, mas por algum motivo, Ainz tinha a sensação de que não havia ninguém por perto.
“Ainz-sama—!”
Era natural que Shalltear estivesse zangada. Afinal, tinha voado — onde qualquer um
poderia traçar uma linha de fogo para ele — puramente porque achou que seria o me-
lhor.
“Mas veja, eu não ter sido atacado é mais uma prova de que não há ninguém aqui. Como
um bônus, pode ser que quem tenha me visto queira se aproximar, então deixarei a se-
gurança do perímetro para você.”
Punitto-san tinha razão; dependendo das circunstâncias, um líder pode ter que se usar
como isca... Acho que é difícil a Shalltear entender, já que ela não é como meus amigos, mas
sim minha protetora.
A cidade contina muitos edifícios idênticos, tão bem organizada quanto um tabuleiro
de Go.
Embora a maioria dos edifícios parecessem parte do mesmo molde, havia poucos que
pareciam maiores que os outros:
“...Vamos chamar a Aura de volta ~arinsu? Julgo que pode ocorrer problemas caso se-
jamos emboscados lá.”
“Ainz-sama!”
A voz de Aura veio de baixo. Olhando em sua direção, notou Aura e Zenberu acenando
e, dado o modo como o faziam, parecia que algo fora do comum acontecera.
“Sim ~arinsu.”
Os dois trocaram olhares antes de aterrissar ao lado de Aura, seguidos logo pelos unde-
ads se apressando para chegar em formação.
Ainz deu uma olhada no lugar, mas não conseguiu detectar nenhuma diferença das ou-
tras edificações, e não encontrou nada especial dentro dela.
“Não, não é isso. Quando a gente tava indo pra casa do Dwarf que cuidou do Zenberu,
encontramos várias postas abertas. Depois de dar uma olhada, encontrei pegadas no
chão e eu não acho que são pegadas de Dwarfs. Olha aqui. Não é, Zenberu, que os Dwarfs
não andam descalços?”
“Parecem que foram feitas por um bípede, as marcas de arrasto entre as pegadas es-
querda e direita sugerem uma espécie de cauda.”
“Nããão, não é. A cauda é magra, não é grossa como a do Zenberu. Repara que as pegadas
tão cobertas de pó, deve ter um tempinho desde que foram deixadas aqui. E essa aqui
indica que mal entrou e já saiu... Será que vieram por estarem interessados na cidade
Dwarf?”
“E não foi apenas um... eram muitos, pelo menos uns dez.”
“Até onde pode seguir a trilha? Essa é a nossa única pista, afinal, eu gostaria de seguir o
máximo possível.”
Shalltear ficou logo atrás de Aura para protegê-la, os demais vieram atrás dela.
O dono das pegadas moveu-se como Aura havia previsto — aparentemente tinha o
mesmo objetivo que Ainz, vagar a esmo procurando alguma pista entre as edificações.
Na metade da trilha, Aura parou de repente e olhou para a estrada à frente. Ela estava
olhando para um dos enormes edifícios que Ainz tinha visto de cima.
“Há muitas pegadas iguais aqui. Parece que um esquadrão deles veio de lá. Quer fazer
o quê? Devemos investigar?”
“Tá bom!”
Aura voltou a caminhar. No final, eles chegaram a uma edificação que estava fundida
nas paredes e parecia abranger toda a cidade.
“...Creio que não deve haver ninguém dentro, mas por segurança, vou usar magia. As
magias defensivas do inimigo podem ter efeito centrados em mim, então mantenham a
distância.”
“Não, precisam ficar onde não serão afetados e ficar de olho nos arredores ~arinsu.”
Depois de ser repreendida por Shalltear, Aura olhou suplicante para Ainz, mas neste
caso, Ainz compartilhou a opinião de Shalltear.
“De fato. Suas habilidades sensoriais são as melhores entre nós, Aura. Embora não pa-
reça provável, se realmente houver uma emboscada, você pode acabar sendo a primeira
a lidar com isso.”
Depois de ouvir isso de seu mestre, Aura não tinha mais nada a dizer. Tudo o que podia
fazer era relutantemente expressar seu reconhecimento.
Como esperado, não havia sinal de alguém se escondendo por dentro, e assim o apro-
fundou ainda mais no interior.
Para que usavam isso aqui? Um contador e— isso são armários? Parece uma casa de ba-
nho, mas não há separação de sexos... isso é um edifício apenas para um Dwarf?
Enquanto observava os interiores de várias salas, Ainz encontrou um lugar que parecia
com os túneis pelos quais haviam passado antes.
Uma rápida pesquisa no interior do edifício não revelou nenhum traço do inimigo. Ele
deu um resumo rápido do estado do interior da edificação e depois deixou Aura entrar,
a fim de verificar se as pegadas terminavam dentro daquele túnel.
Depois disso, Ainz, Shalltear e Zenberu seguiram. Ele deixou as feras mágicas e os unde-
ads esperando do lado de fora, para o caso de os Hanzos retornarem nesse meio tempo.
“Desculpe, Majestade, mas quase nada. Eu sei que o edifício gigante de agora a pouco —
o que fica na frente da edificação onde a gente pegou a trilha das pegadas — aparente-
mente era usado pra tarefas de administração. E os grandões que a gente vê de vez em
quando era onde ficava tavernas, ferreiros e essas coisas. Nem mesmo fodões— perdão,
nem mesmo aqueles com influencia viviam em lugares grandes...”
Concluiu Zenberu.
Ainz ficou brevemente frustrado por não saber como responder à pergunta de Aura,
mas logo passou.
“Não. Há outros lugares para investigar na cidade. Depois investigamos isso melhor. Até
porque, seria melhor ter os Hanzos por perto.”
Já poder-se-ia concluir que os túneis eram muito extensos, considerando que os Hanzos
ainda não haviam retornado.
Assim que saíram, Ainz ativou 「Message」 para falar com o Líder dos Hanzos.
『Sentimos muitíssimo por ainda não retornar. Rogo que nos perdoe; embora tenha-
mos demorado demasiadamente, finalmente encontramos um rastro da presença de al-
guém.』
『Exatamente! Parece que alguém está cavando um veio de minério. O que deveríamos
fazer? Investigar imediatamente?』
“Espere. Quero que nos leve até onde estão antes de tomarem qualquer ação. Nossa
localização atual é—”
Ao se dar conta, Ainz concluiu que seria muito complicado passar as coordenadas de
um lugar completamente desconhecido.
『Entendido!』
Depois de encerrar a 「Message」, Ainz pegou uma tocha. Era do tipo que acendia au-
tomaticamente, em seguida entregou-a um dos undeads nas proximidades. A criatura
undead acenou de um lado para o outro, sinalizando para os Hanzos, cuja localização era
desconhecida.
O item não era uma simples tocha, mas sim um item Artifact-class vendido em lojas;
fazia o dobro do dano se comparada às tochas normais, isso quando pressionadas contra
os corpos de monstros do tipo Slime.
Foi um certo desperdício de sua parte, mas não havia tochas comum consigo.
De tanto encarar a tocha, ela parecia traçar um rastro de luz vermelha na visão de Ainz.
“Imediatamente!”
Ainz montou em cima de uma fera mágica e seguiu atrás dos ninjas que correram túnel
adentro.
Eventualmente, eles passaram diante de uma edificação parecida com o que encontra-
ram enquanto seguiam as pegadas. Os Hanzos pararam aqui, então esse provavelmente
era o destino final.
“Há um túnel escondido dentro dessa edificação. A criatura em questão está dentro do
túnel.”
“Ainz-sama, essas pegadas aqui são novas. Não parece que saiu do túnel, só levam pra
dentro. Quem fez usa botas e, pelo tamanho, eu estimo que tenha mais ou menos a altura
da Shalltear. E acho que é só um.”
Ainz acenou para Aura, que estava olhando para o chão em frente a edificação.
“...Vamos tentar abordar seja lá quem for com um diálogo amigável. Mesmo se tentar
atacar, vocês só podem se defender. Sob nenhuma circunstância devemos dar o primeiro
passo. Entenderam? Para evitar alarmar a outra parte, Aura tentará falar com eles e en-
tão—”
Humanos eram a única espécie que evitavam os undeads? Ou se tratava de um fato imu-
tável deste mundo?
Em todo caso, uma vez que Ainz estava acompanhado por vários subordinados undeads,
talvez ele desse uma impressão melhor se entrasse com o rosto descoberto, demons-
trando que não tinha nada a esconder.
O teto era bastante baixo, então deveria ter sido escavado por Dwarfs. Em YGGDRASIL,
Dwarfs eram universalmente de baixa estatura.
Se fossem eles os responsáveis por cavar o túnel, provavelmente seria em torno dessa
altura.
Ainz se esforçou para ouvir, mas não conseguiu captar o som que Aura ouvira.
“É difícil dizer. Eu não consigo julgar direitinho a distância por causa dos ecos.”
“Humm. Se estiver em linha reta, um olho arcano deve conseguir revelar a identidade
do responsável...”
A decisão mais sábia seria enviar Aura e os Hanzos, ou até mesmo o próprio Ainz ir, já
que poderia ficar invisível.
“Atenção, só irá o pessoal com capacidade furtiva. Aura e Hanzos, vocês vão primeiro.
Eu irei logo atrás. Shalltear, você deve esperar aqui.”
Ainz olhou para o teto. Parecia um firme leito de rocha, mas era melhor prevenir do que
remediar.
“Pensando melhor. Volte para a edificação de antes e nos espere lá... Só que assim os
Hanzos... Aura, você acha que as pegadas levam à fonte do som?”
“Sim, tão indo pra lá. A pessoa que fez deve ser quem está fazendo esse barulho.”
Aura assentiu.
“Nós dois vamos em frente primeiro. Todos, exceto Aura e eu, seguirão para a edificação
na entrada do túnel. Se algo desagradável acontecer, particularmente a aparição de seres
poderosos do nosso nível, recuem imediatamente. Nesse caso, faremos nossa própria
fuga, por isso não se preocupem. O destino de qualquer 「Gate」 será a construção que
a Aura fez na floresta.”
Pode-se considerar falhas durante todo o dia e acabar chegando a lugar nenhum. Tudo
o que ele podia fazer era aceitar que estava comprometendo sua segurança até certo
ponto enquanto agiam. Isso foi algo que Ainz aprendeu recentemente.
Ainz partiu com Aura. Ele não usou magia já que ainda estavam um tanto longe.
Os dois caminharam em silêncio por algum tempo, por fim, Ainz finalmente escutou o
dito som.
Ainz não sabia o porquê esse tópico surgiu, mas como Aura mencionou, provavelmente
deveria estar correto.
“Só se tentar fugir. Afinal, se nosso primeiro contato for violento, pode ser muito difícil
ter relações amigáveis depois.”
“Prossiga. Ficarei invisível aqui— não, por segurança, vou seguir atrás de você usando
invisibilidade. Se a outra parte tentar fugir, não teremos outra escolha a não ser a cap-
tura.”
Parte 2
Após uma breve discussão, os dois se prepararam e se dirigiram para a origem do som.
Por ainda estarem um pouco distantes, não podiam ter certeza, mas o ser parecia ter
cerca de 140 centímetros de altura. Seu corpo tinha a forma de um barril de cerveja e
suas pernas pareciam um pouco atarracadas. Ou melhor, em um rápido relance ficou
claro que as pernas eram curtas.
Ele usava uma capa marrom, os itens espalhados nas proximidades também deveriam
ser propriedade dele. Entre os itens havia uma lanterna apagada e um cantil de água.
“Hiiieeee!”
O mineiro gritou como se estivesse prestes a morrer quando se virou para ela.
Sua longa barba ficou à vista — não havia dúvida de que pertencia à raça dos Dwarfs.
Mas isso foi tudo. O homem ainda estava lá. No entanto, parece que Ainz foi o único que
pensou dessa forma.
A voz de Aura fez Ainz — que podia ver através da invisibilidade — olhar com cuidado
na direção do Dwarf. Assim como Aura havia dito, a imagem do Dwarf parecia um pouco
mais fraca.
A capa deve ser um item mágico que dá invisibilidade ao ser enrolada assim? Pratica-
mente igual ao da Shizu...
“Ei, ei, não pretendo te machucar, entendeu, Dwarf-san? Eu sei que você tá aí. Não se
acanhe.”
O tom adorável e comovente de Aura deve ter tido um grande impacto no coração do
Dwarf.
“En-entendi...”
“Dwarfs moravam aqui até cinco anos atrás, né? Sabe onde foram parar? Aconteceu al-
guma coisa? E por falar nisso, por que não me deixa te ver direito, hein?”
“Vamos começar com o pé direito agora. Como vai? Eu sou Aura Bella Fiora, do Reino
Feiticeiro de Ainz Ooal Gown.”
“O Reino Feiticeiro? Sem querer lhe ofender, mas é um Reino de Elfos Negros? Algo
semelhante? Oh, mil perdões; eu sou Gondo Firebeard do Reino dos Dwarfs. É um prazer
conhecer sua estimada pessoa.”
Aura estendeu a mão. Gondo pareceu perceber o significado do gesto e limpou a própria
mão suja de pó antes de retribuir o gesto.
“Bem, acho que a gente não precisa de formalidades, né? Que tal falar mais normal?”
“Ohhh! Eu estava prestes a perguntar isso. É que eu sou só um plebeu. Mas se você fosse
um figurão importante, só me restava ficar quietinho aqui.”
“Então, como tava perguntando... haviam Dwarfs morando aqui cinco anos atrás. Onde
é que eles foram?”
“É, todo mundo se mudou pra outra cidade há três anos. Algum problema?”
“Sim, quero dizer, mais ou menos. Eu vim aqui com um Lizardman, ele disse que passou
um tempo aqui e tal. Foi ele que me contou sobre esse lugar.”
“Ahhh! Eu mesmo não o vi, mas sei da história. Foi a primeira vez que um Lizardman
nos visitou, na época todo mundo só falava disso. Se me lembro bem, era um sujeito com
o braço bem parrudo, né?”
Gondo murmurou “Entendi, entendi” para si mesmo uma e outra vez. Um olhar em seus
olhos sugeriu que ele baixou a guarda.
“O pessoal que tratou ele bem parece que se mudou também. Por acaso sabe pra onde
foram?”
“Bem, acho que não tem problema te contar... Até onde sei, Elfos Negros não moram
debaixo da terra, né? Mesmo se eu dizer onde fica a passagem subterrânea, tem certeza
que pode chegar lá são e salvo?”
“Bem, acho que não vai ter problema. Só por precaução, seria bom conhecer a rota
acima também.”
“Oh, vou ficar te devendo essa. Eu raramente viajo pela superfície, não vou conseguir
traçar uma boa rota pra Feoh Jēra — é a cidade pra onde todo mundo foi. Tudo o que
posso dar são direções aproximadas, seguir tantos e tantos quilômetros ao norte, e assim
por diante.”
“Ah, pode ser. Na verdade, eu queria te pedir pra liderar o caminho... E se eu te contra-
tar? Vou pagar pelo serviço tudo direitinho...”
“É uma proposta atraente. Você— agora a pouco mencionou um Lizardman, vieram vo-
cês dois sozinhos? Você ainda não é adulto, não é? Veio muita gente com você?”
“Só um pouquinho. Se viesse todo mundo comigo poderia te assustar, então eu deixei o
resto do pessoal na entrada do túnel.”
“Entrada? ...Hm?”
Gondo ficou pensativo, como se tivesse acabado de se lembrar de algo. Ainda assim, isso
foi apenas por um instante. Decidiu deixar isso de lado e continuou falando:
“Bem, menos mal. Andar sozinho num túnel desses... isso não é uma boa idéia. Você não
é nativo do subsolo, então eu duvido que saiba, mas alguns monstros podem nadar no
Ele olhou repetidamente para a roupa de Aura para ver se ela tinha algum item mágico.
“Hm, vou ter que dar umas broncas nos seus companheiros. O que se passa na cabeça
de um adulto que deixa uma criança vir sozinha até aqui?”
Gondo virou as costas para Aura e jogou um pedaço de rocha em um saco que havia sido
colocado ao lado.
O saco não inchou. Era certo que se tratava de mais um item mágico. Então, ele pegou a
lanterna próxima e puxou uma pequena persiana.
“Vamos indo. Parece que pode enxergar sem problemas nessa escuridão, mas um pouco
de luz não faz mal, não é? ...É bom ficar esperto onde acende luz por aqui, facilita ser
avistado por monstros. Tem algum meio de fugir se um monstro atacar? É difícil ter por
aqui, mas como dizem; o seguro morreu de velho.”
Ainz assentiu admirado. O Dwarf não conhecia o poder de Aura, sequer a conhecia como
um todo, mas mesmo assim a tratou com respeito e se preocupou com seu bem-estar.
Entretanto, Ainz sentia que a cautela de Gondo não foi o bastante. Ele deveria ter levado
várias possibilidades em consideração antes de aconselhá-la.
Aura olhou para Ainz. No entanto, sua linha de visão parecia estar um pouco desali-
nhada da de Aura.
“Vamos então.”
“A propósito, você mencionou que aqui não é seguro, mas antes não era uma cidade
Dwarf? O que a tornou tão perigosa a ponto de evacuar?”
“Uhum. São habitantes do subsolo como nós... mas só dão problema. A gente não se dá
bem, só sai matança quando a gente se encontra.”
Gondo falou dos Quagoas enquanto caminhava pelo túnel. Isso de certo modo ajudaria
Aura a dar mais atenção a seus conselhos.
Eles viviam em lugares onde a luz não podia penetrar, mas sua visão era mais aguçada
do que a dos seres humanos.
Seu nível de tecnologia era baixo, aparentemente não era inferior ao dos Lizardmen.
Então não podiam fabricar armaduras ou armas, em contrapartida seus próprios corpos
— garras e pêlos — eram superiores aos equipamentos de guerra abaixo da média.
O pêlo que cobria seus corpos inteiros era tão duro quanto uma armadura de metal, e
podia defletir golpes de armas metálicas. O pêlo ficava mais duro caso se alimentassem
de metais raros em sua juventude. Pode-se dizer sua resistência a danos pela cor do pêlo.
Então havia suas garras — como as de tatús e tamanduás — que podiam perfurar aço.
“Pelo jeito que descreveu eles, huh... acho que encontramos vestígios deles na cidade.”
“Quê!? Será que montaram um ninho aqui? Vai ficar igual aquele lugar!”
“É que nunca pretendemos abandonar pra sempre. Uma vez que nossos exércitos este-
jam prontos, nosso povo pretende conquistar volta. Como pode ver, aqui é bem rico em
minério, como no lugar onde eu cavava agora a pouco.”
“Hmmmm”
Os dois caminharam em silêncio. As lacunas nas conversas eram comuns e, se não pre-
enchessem rapidamente o espaço com um novo tópico, o diálogo terminaria. Ainz julgou
que haviam conversado bastante mutuamente, então decidiu se mostrar. Talvez fosse
melhor contar a Gondo sobre ele antes que saísse dos túneis e visse os undeads.
Disse Ainz, mas graças à magia 「Perfect Unknowable」, que ainda estava em vigor,
sua voz não os alcançou.
Gondo se virou, talvez por sentir uma estranha presença atrás de Aura, seus olhos se
arregalaram como dois pires. Sua expressão sofreu uma surpreendente e complexa série
de mudanças. Perplexidade, choque, terror, confusão e então—
“—GEEHHHHHHG!”
Ainz se perguntou se havia feito um som que poderia tê-lo perturbado, mas Gondo agar-
rou a mão de Aura com força.
Gondo não conseguia se mexer, como se tivesse sido acorrentado a uma grande pedra.
“Me-me sinto tão pesado! O que fez!? Aconteceu alguma coisa comigo!?”
“C-como, como sabe meu nome!? Leu minha mente!!? Foi magia!!!?”
Pensou. Então falou com calma, para não deixar Gondo ainda mais agitado.
“Acalme-se. Eu simplesmente ouvi sua conversa. Eu sou o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown,
governante do Reino Feiticeiro.”
O rosto de Gondo sofreu outra série de mudanças, e desta vez os olhos de Gondo cinti-
laram entre Aura e Ainz.
“...Eh? Sério?”
Havia apenas desconfiança e suspeita nos olhos de Gondo, seu tom estava tenso e cheio
de apreensão.
“Um dos undeads, huh... Então isso não é uma máscara? Eh? Quer dizer aqueles unde-
ads? Aqueles que odeiam e matam os vivos?”
“Ei, é isso mesmo que o Ainz-sama disse. Ele não tava mentindo. Eu sou uma Elfa Negra
e a história do Lizardman vindo pra cá também é verdade. Ainz-sama está comigo desde
que te conheci. Lembra que eu disse que não vim sozinha?”
Gondo resmungou para si mesmo e depois respirou fundo várias vezes antes de colocar
uma expressão determinada no rosto e perguntar:
“Poderia ser que Vossa Majestade— usei o termo certo? Ah, Vossa Majestade anterior-
mente era um Elfo Negro?”
Foi uma pergunta inesperada. A resposta mais aproximada seria que há muito tempo
ele já foi humano. Ainz fez uma breve pausa para considerar sua resposta e então res-
pondeu de movo mais convincente:
“Não, eu nasci naturalmente... E não se importe tanto com termos, não há motivos para
ter medo. Humanos, Dwarfs e Elfos todos têm bons e maus membros em suas espécies,
não? Da mesma forma, há undeads que odeiam os vivos e outros que são amigáveis para
com eles. Naturalmente, eu pertenço ao último grupo.”
“Acha mesmo? Eu sei de um anjo que caiu nas trevas e de um demônio que aspirava à
luz...”
O demônio em questão era um NPC em YGGDRASIL. Seu nome era Mephistopheles. Era
um personagem famoso por jorrar frases tsunderes para seres de alinhamento positivo.
Ele parecia assustador, mas era surpreendentemente amigável e lógico; também distri-
buía missões que variavam de trivial a alto nível, o que o tornava quase tão popular
quanto as Crias Negras.
“Eu entendo sua cautela. Porém, tenha em mente que eu não tenho intenção de preju-
dicar você. Solte-o, Aura.”
“Sim, Ainz-sama.”
Uma vez o soltou, Gondo recuou um pouco. Visivelmente não havia pretensão de fugir.
Ainz refletiu. Um passo em falso poderia ter levado Gondo a fazer a escolha emocional
de fugir. Isso não teria terminado bem para ele. Todavia, de acordo com o comporta-
mento de Gondo, dava a entender que estava aberto a negociações.
“Creio que não começamos muito bem. Eu entendo sua cautela, mas eu— nós não temos
intenção de prejudicar você. É o completo oposto, gostaríamos de ser seus amigos.”
Gondo não respondeu. Como esperado, ele ainda estava espiando Ainz com a dúvida
escrita em todo o seu rosto.
“Em particular, minha nação gostaria de assinar um tratado de amizade com o Reino
dos Dwarfs. Portanto, não temos intenção de prejudicar seus cidadãos.”
“...Sinto muito, não é bom mencionar acordos de nível de nível nacional para um indiví-
duo que pode não representar a nação, não acha?”
“—Não se preocupe. Estou bem com o uso de ambas as frases. Lidar com alguém que
constantemente troca palavras é cansativo.”
A resposta relaxada de Ainz atraiu o primeiro sorriso amargo de Gondo desde que se
conheceram.
“Exatamente. Mas Gondo, por que não saímos do túnel primeiro? Conversamos com o
Lizardman que veio conosco pode ser uma boa idéia. Já ouviu falar dele antes, não é?
Além disso, gostaria de discutir a respeito desses Quagoas.”
“Hrmm...”
“Bem. Parece que a senhorita aí tem muita confiança no senhor. E está claro que não é
um undead comum.”
Gondo caminhou diante deles, enquanto Aura e Ainz o seguiram pelo túnel.
“Qual?”
Até recentemente Ainz podia sentir confusão e medo enquanto falava com ele, mas não
havia raiva. Em outras palavras, o rancor de Gondo foi inteiramente devido a essa sim-
ples pergunta. Era uma lembrança ruim relacionada a runas, ou era algum tipo de se-
gredo que não poderia ser revelado a forasteiros?
Ainz hesitou:
Gondo foi o primeiro Dwarf que ele encontrou. Incomodá-lo não era sábio. No entanto,
se ele pudesse aprender a fonte da raiva, isso poderia ser benéfico ao negociar com o
Reino Dwarfs.
É claro que isso pressupunha que a raiva de Gondo não provinha de uma razão pessoal.
No fim, seu conhecimento era meramente superficial. Ele sabia quantos caracteres di-
ferentes havia e que eram uma forma de escrever no longínquo passado da humanidade,
mas apenas isso. Porém agora mal se lembrava dos significados individuais de cada ca-
ractere, então fez apenas um breve resumo para não se complicar demais.
Seu rosto estava tomado por uma emoção completamente diferente. Ele estava trans-
bordando alegria.
“Você... quem é o senhor... não... o Rei Feiticeiro... um ser que não envelhece, um undead
que é eterno... conhecimento perdido...”
Ele podia ouvir Gondo balbuciando vários fragmentos. Não havia sentido em suas pala-
vras. Parecia algo que saia de sua boca sem que se desse conta.
Ainz estendeu a mão para parar Aura, que estava inquieta e pronta para forçar Gondo
a responder imediatamente. Seria melhor deixar que ele pensasse primeiro.
Depois que voltou a si, Gondo estudou Ainz atentamente. Sua atitude ainda demostrava
cautela, mas parecia ter sido suplantada por algo mais.
“Eu conheço muito mais que algumas. Existem cinquenta runas menores, vinte e cinco
runas médias, dez runas superiores e cinco runas grandes, num total de noventa. Dito
isso, muitas já foram perdidas no tempo e apenas algumas restaram. Há rumores de ru-
nas secretas e divinas, mas aí é no território das lendas.”
“Interessante... pode haver algumas diferenças, mas as runas que eu conheço são assim.
Reconhece essa?”
Embora Ainz não soubesse o porquê havia tantas, pelo menos soube que as que lem-
brava correspondiam àquelas que Gondo conhecia.
O que Ainz realmente queria saber era quem ensinou esse conhecimento e informações
relacionadas a outros jogadores. Contudo, a questão seria melhor endereçada a um his-
toriador. Enquanto não tinha um à sua disposição, ele usaria essas informações como
base.
“Cerca de cem anos atrás, os Dwarfs exportavam armas mágicas cravejadas de runas
para uma nação humana à leste dessas montanhas — o Império. Mas o fluxo de tais ar-
mas parou de repente. Qual é a razão disso?”
Sua pergunta foi destinada a saber se um jogador morrera há 100 anos, mas perguntar
diretamente poderia acabar expondo-o. Ainz vinha contemplando essa questão há al-
gum tempo, foi uma pergunta sutil, mas importante, já que não dava margem a vazamen-
tos de seus conhecimentos.
O rosto de Gondo ficou sombrio. Ele fez uma breve pausa e continuou andando.
“Vai demorar um pouco pra explicar. Melhor ir conversando enquanto andamos, Vossa
Majestade.”
“Uhum...”
Por um tempo, o único som audível no túnel foram os passos dos três.
“Antigamente, toda a tecnologia mágica do meu povo era a base de runas. Mas há du-
zentos anos, fomos atacados pelos Deuses Demônios e os últimos membros da realeza
deixaram nosso Reino pra se juntarem na batalha. A tecnologia mágica do exterior to-
mou conta do nosso cotidiano, depois daí as runas foram consideradas obsoletas.”
Gondo retirou uma espada de sua mochila e deu a Ainz. Havia um caractere rúnico no
corpo da lâmina.
“É um efeito básico em armas mágicas, não? Ouvi dizer que o tempo gasto para inscre-
ver a runa influencia no dano adicional. Todavia, não demora muito para concluir uma
arma de baixo custo, estou correto?”
“É exatamente por isso que o ofício rúnico ficou obsoleto, Vossa Majestade. O mesmo
item demora três vezes mais pra ficar pronto quando feito no ofício rúnico em compa-
ração com outros métodos. Do ponto de vista da produção em massa, não está nem no
mesmo nível dos encantamentos utilizados por humanos.”
Foi provavelmente por isso que o fluxo de armas para o Império havia parado. Ainz
entendeu até aí. Em outras palavras, as antigas tradições e ofícios haviam desaparecido.
“Mas, abandonar nossas técnicas, nossa tradição, foi uma idiotice! Veja, o ofício rúnico
também tem seus méritos! O lado bom das runas é que não gastam dinheiro pra fazer!”
A voz de Gondo ecoou pelo túnel. Depois de perceber o quão perigoso seria perder o
controle em um lugar como esse, ele respirou fundo. Isso, por sua vez, o permitiu falar
com mais calma:
“Já fez as contas, Vossa Majestade? Um encantamento simples custa muito em reagentes
e suprimentos.”
Isso estava correto. Ainz ouvira uma vez que metade do custo dos itens mágicos vinha
dos ingredientes.
Embora o custo de produção de itens mágicos fosse anormalmente alto, era possível
ignorar as margens de lucro de fornecedores e varejistas ao calcular seu preço. Isso por-
que a Guilda dos Magistas não cobrava taxas administrativas — provavelmente porque
sentiam que isto estava incluído em suas cotas anuais. Com isso, os magic casters podiam
negociar diretamente com os clientes sem se preocuparem com taxas extras.
“Isso é fantástico!”
Ele havia se agoniado com despesas muitas vezes, tanto como o aventureiro Momon,
quanto como o governante de Nazarick. Logo, ouvir que algo poderia ser feito a quase
custo zero foi bem tentador para seu coração.
Agora ele não conseguia entender como as coisas ficaram tão abandonada assim. Se
dependesse dele, nunca teria permitido que tal técnica se extinguisse.
“Ah, alguns. O principal é a dificuldade de inscrever uma. Leva muito tempo pra conse-
guir fazer uma que dê certo, pouquíssimos levam jeito pra serem ferreiros rúnicos. De
acordo com o pessoal do Império, é mais fácil ser um magic caster do que um ferreiro
rúnico.”
“Hm. Me responda uma coisa, se as runas saíram de moda há duzentos anos, por que o
título de ‘desenvolvedor de runas’ ainda existe? Não é tarde demais para esse tipo de
coisa? Isso é normal, ou é seu povo que tem grande longevidade?”
O rosto de Gondo estava fixo para a frente, sem nenhuma de suas paixões anteriores.
Ele simplesmente respondeu à pergunta com outra pergunta.
Responder a uma pergunta com outra implicava que queria sair do tópico. Se pudesse
responder o que Gondo queria ouvir, ele deveria ser capaz de descobrir o que queria
esconder. Afinal, ele mudou seu tratamento de “Vossa Majestade” para “você”. Certa-
mente era algo que mexia com seus nervos.
Infelizmente, eles ainda não eram íntimos o bastante para que pudessem abrir seus co-
rações mutuamente. E o mais importante—
Por que ele me contou isso tudo? É uma armadilha? Ou não sabe a importância da infor-
mação que possui? ...Se realmente é uma técnica secreta, ele deveria entender as implica-
ções disso, não?
“É porque essas runas diferem ligeiramente das que eu conheço. Creio que entenda
como é querer aprender mais de algo com valor histórico, não? Se realmente entende
como é, espero que possa me responder.”
“Estou fazendo testes, quero ver se é possível reduzir o tempo que leva pra criar encan-
tamentos rúnicos, bem como uma maneira de fazer em grande escala. E isso é apenas o
efeito colateral de algo muito maior. Meu objetivo é desenvolver técnicas que tornem as
runas essenciais. Eu quero fazer ofícios rúnicos nunca vistos antes, capazes de durar pra
sempre.”
Em outras palavras, ele queria agregar valor às runas. Qualquer CEO entenderia isso.
Ao desenvolver um produto, era bastante comum que esse ponto fosse repetidamente
enfatizado, até o ponto de gerar repulsa.
Ele não achava que realmente conseguiria uma resposta, mas perguntou mesmo assim,
pois algo ainda era confuso. Ou seja, qualquer um que estivesse desenvolvendo uma
nova tecnologia como essa deveria ser um VIP no Reino dos Dwarfs.
Não faz sentido um cara desses estar sozinho aqui, é perigoso. Não deveria haver vários
guarda-costas aqui?
“Pessoas que usam ofícios rúnicos pra fazer itens mágicos são chamadas de ferreiros
rúnicos, mas ainda falta muito pra eu me igualar a esse pessoal, eles são incríveis. Eu não
consigo nem fazer o básico que um aprendiz deveria conseguir.”
Eh?
Será que ele consegue mesmo avançar a tecnologia, ou é assim que a pesquisa funciona?
Não, isso não poderia ser normal. Se fosse normal, Gondo não estaria tão deprimido.
Em outras palavras, ele também sabia que estava apenas passando vergonha.
Na verdade, Ainz entrou em um grande dilema. Ele não tinha idéia de como usar Gondo.
“Eu não tenho talento. Eu posso esculpir runas, mas demoro muito... o pessoal diz por
aí que todos os ferreiros rúnicos já passaram por isso antes de aprender. O problema é
que eles superaram essa fase, e eu até hoje não saí do lugar.”
“Não levo jeito como ferreiro rúnico. Sou uma vergonha pro legado que meu grande pai
deixou pra trás.”
Ainz achou melhor ficar em silêncio, já que havia nada que pudesse fazer para ajudá-lo.
Havia momentos em que confortar alguém traria bons frutos, mas havia outros que po-
deria levar à perdição.
Se estivesse na mesma situação de Gondo, a última coisa que Ainz desejaria seria um
completo estrando tentando confortá-lo.
“...Er. A propósito, todos os Dwarfs têm o objetivo de avançar o ofício rúnico, desenvol-
ver novas técnicas e assim por diante?”
“Não, só eu.”
“Quase todos os ferreiros rúnicos desistiram. Os que sobraram não têm motivação pra
nada. Ninguém tá nem aí, nem vão sentir falta se um dia sumir.”
“O que farei? Eu só quero usar o ofício rúnico pra encantar as coisas e aumentar o nú-
mero de ferreiros rúnicos. Runas são incríveis. Seria um desperdício deixar que morres-
sem.”
“Não. Como eu disse, quase todos desistiram, a maioria passa o dia enchendo a cara e
falando que na geração deles as coisas eram melhores. Até tentei convencer eles, mas
todos me rejeitaram.”
Gondo de repente olhou para Ainz, mas seu olhar perdeu a força em instantes.
Enquanto observava Gondo abaixar a cabeça e seguir em frente, Ainz contemplou o va-
lor das runas.
Sendo franco, ele não tinha interesse nelas além de seu envolvimento histórico com os
jogadores.
Mas ao que tudo indicava, essa técnica perdida só precisava de um pequeno incentivo
financeiro e quem sabe os frutos que poderiam surgir? O mais interessante para Ainz
era que seu custo de produção era muito eficiente. E como uma cereja em cima do bolo,
seu espírito colecionador ficou interessado por coletar tecnologias raras.
Se outros jogadores aparecessem, seu interesse em runas poderia ser um bom tópico
de interesse.
“...Algumas coisas despertaram minha curiosidade. Em que você se baseou para afirmar
que tais técnicas possam ser evoluídas como disse antes? Pois até então estou conside-
rando como parte de uma fantasia juvenil.”
“Não é assim! Eu sei muito bem que não talento pra ser um ferreiro rúnico de verdade.
Pois meu pai, assim como meu avô, foram os melhores ferreiros rúnicos da nação. Eles
serviram à última realeza — o Rei Ferreiro Rúnico — como sua mão direita e esquerda.
Eu vi com meus próprios olhos. Eu li a literatura e as teses que meu pai e meu avô dei-
xaram pra trás. Eu sei que é possível sim! Meu pai confirmou minhas teorias enquanto
ainda vivo em seu leito. Ele me afirmou que era difícil, mas não impossível!”
Gondo parecia tossiria sangue a qualquer momento, e as lágrimas brotavam dos cantos
de seus olhos.
Embora pego na torrente de emoção, Ainz permaneceu impassível. Mesmo que as pala-
vras de Gondo dessem a esperança de uma pesquisa frutífera, o que Ainz realmente que-
ria era acesso às as técnicas raras que estavam quase extintas. Se Gondo não pudesse
entregar resultados concretos, Ainz desistiria dele.
“Eu sei que meu fracasso desonra meu pai! Mesmo asism eu não vou deixar que a he-
rança de meus antepassados morra! Eu não vou deixar o nome do meu grande pai mofar
nos livros de história, isso eu juro!”
Ele também queria preservar todas as coisas deixadas por seus companheiros da Ainz
Ooal Gown. Ele queria que durassem pela eternidade.
Ao mesmo tempo, ele entendeu o porquê Gondo falava do ofício rúnico sem se importar.
Ele sabia muito bem que o rúnico estava moribundo. Por isso não havia motivos para
esconder nada. E pelo o que havia entendido, talvez o objetivo de Gondo era espalhar
esse conhecimento para o máximo de pessoas possíveis, para que pudesse sobreviver
de uma forma ou de outra. Claro, isso era apenas um achismo de Ainz.
“...Eu sei que isso pode irritar você, mas espero que me permita dizer isso. Do meu ponto
de vista, você é você; você não é seu pai ou mesmo seu avô. Estou errado?”
Uma mistura inexplicável de emoções apareceu no rosto de Gondo. Era difícil dizer se
ele estava bravo, magoado ou tocado. Mas acabou desvanecendo-se em desânimo.
“—Vossa Majestade, estou muitíssimo grato. Mas já decidi o que vou fazer da vida.”
“Então, permita-me— não, permita que o Reino Feiticeiro forneça assistência financeira.
Permita que meu país seja o patrocinador e assistente do avanço do ofício rúnico.”
“Tá falando sério? É bom demais pra ser verdade... É sério mesmo!?”
Deve haver alguma pegadinha. Qualquer um concluiria. Ainz entendeu como Gondo es-
tava se sentido.
“Sendo assim, desejo recrutar todos os ferreiros rúnicos do Reino dos Dwarfs para o
meu país. Com isso, trabalharão na criação de técnicas do ofício rúnico sob seu comando.”
“Exatamente como eu disse. Pretendo reunir todos os ferreiros rúnicos, fazer com que
trabalhem juntos em prol de novas técnicas. Por essa razão... espero que você possa me
ajudar a recrutá-los. Ou isso é impossível?”
“Pode dar certo sim. Quase todos os ferreiros rúnicos desistiram, mas deve haver mui-
tos esperando por uma chance de brilhar.”
“Então batas tentar reacender a vontade deles. O que me diz, Gondo? Quer me ajudar?
Até onde está disposto a ir? Entregaria sua alma para mim?”
“Quê?”
“Será muito difícil reviver uma arte quase perdida, ainda mais se não conseguir fazer
com que trabalhem em harmonia. É por isso que espero que tenha pulso firme quando
for recrutá-los. Eu quero todos os ferreiros rúnicos para o meu país. E estou disposto a
usar quaisquer métodos conseguir. Isso poderia levar traição de seu próprio país.”
“Ah, tá... era isso? A resposta é simples. Se quer minha alma, é toda sua, leva tudo de
uma vez. É uma pechincha a pagar pra fazer o ofício rúnico ser eterno.”
E Ainz apertou.
“Desde que consiga realizar o meu sonho, não me importo se Vossa Majestade é undead
[Dragões G é l i d o s ]
ou o temível Rei dos Frost Dragons.”
“Para começar nosso trato, pode nos levar para o seu país? Pretendo assinar um tratado
de amizade com o Rei Dwarf, assim como recrutar ferreiros rúnicos para o meu país.
Afinal, será difícil recrutar se os nossos países não tiverem uma relação que permita.
“Não deve dar problema. Como eu disse, ninguém tá nem aí pro ofício rúnico. Só um
detalhezinho, não há mais realeza lá. O país é governado por um conselho regido por
vários líderes.”
“Interessante, conte-me mais. Você pode falar enquanto andamos? Faça um resumo se
possível.”
Enquanto Gondo falava, a saída para o túnel finalmente apareceu diante de seus olhos.
Depois que os três emergiram, foram recebidos por Shalltear, assim como os outros.
Naturalmente, Zenberu estava lá também.
Embora Gondo estivesse esperando uma massa de undeads, ele não pôde deixar de as-
sumir uma postura defensiva ao ver as feras mágicas também. O fato de não ver outros
Elfos Negros já o havia dado um golpe, seus resmungos estavam indistinguíveis.
“Não precisa se desculpar, Shalltear. Você agiu bem. Esperaremos que os Hanzos retor-
nem, analisem seus relatórios e decidam o que fazer. Então—”
Ele fez uma pausa, depois olhou para o Dwarf. Gondo não estava prestando atenção aos
dizeres de Shalltear, em vez disso, estava envolvido em uma conversa animada com Zen-
beru. Ao ouvir atentamente, parecia ter algo a ver com um Dwarf que salvara Zenberu.
Ainz assentiu. Era natural evitar obstáculos que afetariam futuras negociações.
“Deve funcionar. Mesmo que consiga ficar invisível, minhas feras ainda podem farejar.”
Segundo o relatório, a oposição parecia ser de Quagoas. Havia mais de 100. Gondo ouviu
a conversa e ficou bastante chocado. Isso era muito além de uma mera força de reconhe-
cimento; certamente era um grupo de combate ou uma tribo em migração.
“Sim ~arinsu.”
“Correto. Se capturarmos apenas um vivo, a informação pode vir incompleta. E não que-
remos informações falsas. Se não cooperarem, precisamos considerar a possibilidade de
fazer um deles de exemplo.”
Havia mais uma coisa que Ainz não mencionou, isso porque Gondo estava lá — que
acreditar em apenas um lado da história não era sábio. Quem sabe, pode ser melhor fazer
um acordo com os Quagoas do que com os Dwarfs.
Parte 3
Shalltear e seus subordinados aceleraram o ritmo enquanto se dirigiam para o local dos
Quagoas. Eles saltaram de telhado em telhado a alucinantes velocidades. Já que estava
de armadura, não precisava se preocupar com o deslocamento das várias camadas de
enchimento abaixo do sutiã.
Ela olhou de volta para Aura, que estava a seguindo por trás.
Embora seu compassivo Mestre dissesse “Shalltear, você não fez nada errado”, como ela
poderia acreditar? Por isso estava esperando por uma chance de limpar o fedor do fra-
casso de si mesma, mas infelizmente a chance nunca vinha.
Aura poderia tê-la consolado, mas não era isso que queria.
Shalltear olhou para frente, seu olhar estava cheio de determinação. Ela não se permi-
tiria cometer erros nessa jornada.
Aura provavelmente ouviu o que disse, mas não deu bola e cruzou os braços, com a
intenção de permanecer em silêncio. Ela fez apenas o esperado. Antes de sair atrás de
Shalltear, Ainz lhe dera uma ordem: “Fique de olho na Shalltear. Se ela parecer prestar a
matar todos, faça-a parar de qualquer maneira, mesmo que precise usar força bruta. Ti-
rando isso, não interfira nos planos de batalha que ela criar”.
Shalltear também tinha sido informada de que Aura apenas observaria, e que não devia
usar ela em conta ao fazer algum plano. Em outras palavras, toda a operação — do pla-
nejamento à execução — era de responsabilidade exclusiva de Shalltear.
Em primeiro lugar, ela deveria cumprir as ordens de seu Mestre de forma perfeita e
elegante.
“—Hanzos.”
“Sim!”
Como esperado dos servos de seu Mestre. Seu inimigo não teria meios de recuar agora.
A próxima coisa que precisava se preocupar era na possibilidade de o inimigo estar es-
palhado pela cidade. Claro, poderia levar algum tempo para caçar e reunir todos, mas ela
queria evitar perder tempo. Mesmo seu Mestre não lhe dando um prazo, desperdiçar
muito tempo seria uma prova de incompetência.
“Vão.”
Shalltear retransmitiu os detalhes do plano que havia pensado no caminho até aqui.
Em outras palavras, ela usaria os Hanzos para impedir a retirada, depois os juntaria em
um canto e prenderia todos.
Ela sabia que era um plano com certo perigo, dado que não conhecia as habilidades da
oposição. Em contrapartida, se o inimigo tivesse o poder de matar Shalltear e os Hanzos,
o Reino dos Dwarfs já teria sido destruído há tempos.
Depois de despachar os Hanzos, Shalltear contou três minutos. Ela tinha que fazer isso
pois não tinha meios de se comunicar com os Hanzos.
Depois de dar ordens aos undeads que trouxera, Shalltear correu pelos telhados e pulou
em frente aos Quagoas. Ao mesmo tempo, seus undeads pousaram ao redor deles.
Shalltear sentiu a confusão deles e lançou uma magia antes que pudessem se recuperar.
Ao que tudo indicava, suas observações deram bons resultados. Ela centrou a magia em
um Quagoa robusto — de agora em diante conhecido como comandante — para inten-
sificar o impacto moral.
Ela lançou a mesma magia novamente, e agora até mesmo os Quagoas que escaparam
antes foram neutralizados.
“Fechar área!”
Shalltear sorriu sadicamente, porém logo se repreendeu batendo nas bochechas. Ela
não podia ser descuidada. Seu fracasso no passado deve ter sido causado por isso.
Três bem aqui, quatro no fundo, ninguém que se parece com o comandante. Acho melhor
receber seus ataques e verificar quão forte são.
Apenas armas de prata ou mágicas poderiam feri-la. Alguns monstros de alto nível ti-
nham ataques naturais que contavam como ataques mágicos, enquanto outros tinham
ataques que contavam como dano de prata, mas era algo muito raro em monstros de
baixo nível.
“Já chega, o experimento acabou ~arinsu. Chega de perder tempo, 「Mass Hold Spe-
cies」.”
“Agora, vejamos.”
Através dos restos de uma porta quebrada, Shalltear viu um Quagoa no cômodo ao lado.
Seus olhos arregalados continham a emoção que ela mais amava — medo.
Enquanto caminhava com longos passos para frente, outros Quagoas encurralados ten-
taram fugir.
No entanto, eram demasiadamente lentos. Para Shalltear, eram como lesmas. Ela resis-
tiu ao impulso rir com escárnio e, em vez disso, lançou uma magia em suas costas.
Agora que todos os Quagoas dentro da edificação haviam sido capturados, ela entrou
no túnel e encontrou seis Quagoas aos pés dos Hanzos. Dado os movimentos fracos de
seus corpos, parece que eles ainda estavam vivos.
Como não deixou ninguém escapar, podia-se dizer que sua missão foi executada perfei-
tamente.
“Apenas por precaução, certifiquem-se que não haja mais ninguém à espreita dentro da
edificação ~arinsu. Depois, façam com que os undeads lá presentes levem os Quagoas
para fora. Podem ordenar que meus undeads usem cordas para amarrá-los, entende-
ram? Vou esperar aqui até que terminem a investigação, certifiquem de que ninguém
está tentando fugir.”
“Agora, à sua próxima missão. Interrogue-os, mas tem tente não os machucar.”
Para começar, ela ordenou que os undeads arrastassem um dos Quagoas que haviam
sido capturados com magia — em outras palavras, um dos primeiros cativos.
“Hiiiiiiiie! Me salve!”
“Fufu. Se for sincero, eu não vou matar você. Mas apenas se for sincero. Então vamos
tentar, quem de vocês é o maioral aqui ~arinsu?”
“Calma, calma, não lutem ~arinsu. Traga aquele para mim e envie esse de volta.”
“Hmph! Você deve ser amiguinha dos Dwarfs! Não vou te contar porra nenhuma! E
aposto o orgulho da minha tribo nisso!”
“Sei. Que seja ~arinsu. 「Charm Species」. Prontinho, pode me responder umas coisas?”
“Ahhh, sô apenas o líder do grupo. Ouh, fiquem quietos aí, tô conversando com minha
amiga aqui, ela é gente boa. Ei, pode manter isso em segredo?”
“Ahhh, somos sim. Ó, na confiança aqui. Mas, aqueles caras ali... O grandão é um undead?”
O Quagoa encarou o glorioso mestre de Shalltear. Isso a incomodou, mas ela teve que
suportar para extrair informações dele.
Eu vou matar esse desgraçado—, Shalltear quase disse. No entanto, ela engoliu essas
palavras. Isso porque seu mestre falou antes que ela realmente fizesse.
“Obr-obrigada.”
O comandante ficou pensativo e logo os Quagoas mais atrás disseram: “O que tá ro-
lando?”, “São amigos mesmo?”, “Só a gente que não conhecia ela, é?” E assim por diante.
Entretanto, o comandante dos Quagoas os ignorou; seu semblante ficou retorcido, pro-
vavelmente seu equivalente a um sorriso.
“Tá certo, se você disse então tá dito. Nossa amizade é mais profunda que o abismo.”
“Claro, então fale um pouco mais alto, quero que meus lacaios também ouçam, pode ser
~arinsu? Quem são vocês? O que estão fazendo nessa cidade?”
Pela lógica, deveriam ter suspeitado por ela ser “amiga” deles e não saber disso. Mas a
magia era mesmo incrível e o comandante respondeu sem suspeitar de nada.
“O pessoal aqui é de uma tropa desgarrada da tropa invasora. A gente veio pra matar
os Dwarfs que poderiam ter fugido pra cá.”
“O que disse!?”
“Cale a boca, nanico. Você e sua raça imunda nem deveriam existir.”
“Calma, relaxe ~arinsu. Estava dizendo algo sobre uma tropa de invasão?”
“Ahhh, foi mal... perdi o controle. Há uma cidade Dwarf ao norte daqui. A tropa de inva-
são foi criada pra destruir ela. O problema é que a ponte suspensa sobre a Grande Fenda
é protegida por uma fortaleza, então nunca dá certo. Mas a gente achou um atalho que
contorna a Fenda e leva pro lado da fortaleza, agora a gente vai tentar usar isso pra ex-
terminar esses nanicos de vez por todas.”
Shalltear estreitou os olhos para o Dwarf. Ele parecia terrivelmente pálido. Aparente-
mente era uma péssima notícia.
“Não sei bem, é porque a gente não tá em contato com a tropa principal. Mas se não for
hoje, deve ser amanhã.”
“Não tenho certeza, mas com a ponte temos a certeza de precisar defender apenas um
ponto. Uma dúzia de itens mágicos na fortaleza e damos conta de repelir eles. Mas se a
fortaleza for tomada, eles vão ter acesso livre à cidade, aí o negócio complica se forem
muitos. Se isso acontecer, talvez tenhamos que abandonar a cidade e fugir pra cá, mas
como iam emboscar a gente aqui, acho que seria o nosso fim.”
O comandante dos Quagoa riu maliciosamente com um “Kuh Kuh Kuh” enquanto ouvia
a conversa.
“Só esse, ninguém mais desgarrou. A gente não sabe se a cidade desses nanicos é forte
ou se a gente vai precisar de muitos soldados. A maioria das tropas tá junta lá.”
Depois que repetiu a pergunta de seu Mestre, o comandante encantado balbuciou como
um riacho.
“Não, essa missão que a gente tá é peixe pequeno. Só temos que caçar quem fugir pra
cá mesmo.”
“...Gondo. Perdão pela inconveniência, mas você poderia se preparar para viajar?”
“...Já foram. Shalltear, envie todos para Nazarick. Serão nossos prisioneiros. Se devem
ser mortos ou poupados vai depender do tipo de relacionamento que forjaremos com os
Quagoas. Não mate ninguém até que sejam totalmente hostis a nós. Mesmo assim, soli-
cite que alguns experimentos leves sejam conduzidos. A dureza de suas garras, a resis-
tência física e mágica, esse tipo de coisa. Embora, alguns possam morrer como resul-
tado... Ordene a minimizar o número de baixas.”
Liderados pelo comandante dos Quagoa, os outros o seguiram um depois do outro. Al-
guns dos Quagoa ficaram sem ação, congelados pelo medo, mas Shalltear simplesmente
os pegou e atirou através do 「Gate」.
No meio de tudo isso estava o Mestre de Shalltear. Seus braços estavam cruzados e ele
parecia esperar pelo seu retorno.
“O-obrigada!”
Shalltear reflexivamente genuflectiu. Essa foi a única posição apropriada a ser tomada
em resposta ao elogio de seu Mestre.
“Não fique assim. Levante-se. Precisamos discutir as coisas com o Gondo... Esta é uma
chance para que eles nos devam um grande favor.”
Claro, o rosto de seu Mestre não se moveu, mas Shalltear estava absolutamente certa
de que ele estava sorrindo.
“Vamos.”
“Sim!”
Mmmm~ me sinto tão bem! Nós dois, andando lado a lado... Haaah, estou muito feliz
~arinsu.
“Plano...? Bem, leva cerca de seis dias de viagem até a cidade. É muito pra uma informa-
ção crucial que nem essa.”
O rosto levemente ruborizado de Shalltear ficou tenso, ela trocou olhares com Aura,
então seu Mestre e o Dwarf começaram a discussão. Ela se esforçou para memorizar
tudo, assim poderia escrever em seu bloco de anotações.
Como se tratava de seu era seu glorioso mestre, ele certamente pretendia esmagar o
coração do Dwarf até a total submissão. Era isso, ou prenderia uma pesada corrente no
pescoço e garantiria que nunca o traísse. Algo parecido.
“Entendi. A janela de tempo é muito curta. O que me diz? Pode ir daqui direto para meu
país se preferir. Não adiantaria nada se tentasse defender seu povo, não é?”
“Eu gostaria de salvar os ferreiros rúnicos... suponhamos que dê para chegar a tempo
de ajudar, isso daria alguma vantagem em negociações? Os Dwarfs são uma espécie que
retribuem gentileza?”
“Pode ter certeza que sim. Se nos salvar da ameaça dos Quagoas, tenho certeza de que
as negociações vão correr bem.”
Após a declaração de Ainz, Gondo deu de ombros, o que seu grande mestre decidisse
era o que ele seguiria.
“Vou apoiar qualquer decisão que você— que Vossa Majestade tome.”
Shalltear não tinha idéia do que aquelas palavras significavam, mas por algum motivo,
ela sabia que o Dwarf havia escolhido seu amado mestre em vez da própria raça.
Ao se dar conta, ficou ao mesmo tempo assombrada e assustada com o fato de seu Mes-
tre ter conseguido dominar completamente a alma desse Dwarf durante o breve período
em que entrara no túnel.
Deve ter sido esse carisma que lhe permitiu liderar e coordenar os Seres Supremos.
“...Está decidido, não temos tempo a perder. Queremos evitar a morte dos ferreiros rú-
nicos. Pelo subterrâneo pode demorar demais, portanto, procederemos pela superfície.
Pode nos liderar?”
“Não sei bem, mas pode ter certeza que vou dar o meu melhor.”
E A varanda estava localizada no edifício mais alto da cidade. Daqui, ele po-
dia ver a cidade que governava.
A sensação ardente desceu garganta abaixo e irradiou o calor por seu corpo. O vento
estava bastante aprazível. Agora que estava de bom humor, ele perguntou à fracote que
se ajoelhava em seu quarto:
“—Que foi?”
A fracote começou a ofegar, mas ele não estava nem aí. Tudo o que sentiu foi o desprazer
em não receber uma resposta imediata à sua pergunta. No entanto, ele não estava com
raiva o suficiente para matar alguém ainda, então não fez uso de seu poder.
Além disso, o cheiro de sangue ficaria impregnado no ambiente. Mesmo se tivesse al-
guém para limpá-lo, o fedor ainda o incomodaria por um tempo.
Sendo esse o caso, a maneira mais limpa de fazê-lo seria arremessá-la pela varanda. De
seu grande interesse, talvez as circunstâncias extremas da queda pudessem despertar
algum poder oculto da fracote.
Ele queria dizer que seria uma boa idéia, mas, infelizmente, a fracote abriu a boca antes
que pudesse fazê-lo.
“E daí?”
“...Se isso continuar, todos seremos destruídos. Por favor, peço a Vossa Majestade que
use seu poder—”
“Por que eu deveria usar meu poder em nome de fracotes como vocês?”
Interlúdio
128
Se virasse a cabeça por cima do ombro para olhar, ele veria uma cidadã de seu país
ajoelhada ali — uma Elfa.
Ela era fraca, sem habilidades especiais e, portanto, totalmente sem valor. Por causa
disso, ela não conseguia entender quão maravilhosa era a invasão da Teocracia.
“...Não seja idiota. Você não tem a vontade de ficar mais forte para defender seu próprio
país? Ou espera que eu lhe salve de qualquer dificuldade que surja?”
Seja na quantidade de itens mágicos, habilidade de suas tropas, recursos alocáveis, tá-
ticas — enfim, praticamente tudo.
A única razão pela qual os Elfos ainda podiam manter a linha em face do poder esma-
gador da Teocracia era devido às suas táticas de guerrilha — o único campo em que ul-
trapassaram a Teocracia — e ao fato de que a Teocracia temia perder tropas para os
monstros da Grande Floresta de Evasha. Assim, eles haviam adiado seu avanço.
“...Quão surpreendente. Perdeu a noção das coisas pois não está em seu juízo? Este é
verdadeiramente um país de idiotas. Todas as crianças que eu criei acabaram sendo inú-
teis.”
As pessoas nascidas em tempos de guerra eram mais fortes do que as que nasceram em
paz. Sendo esse o caso, a guerra era uma oportunidade para despertar o poder latente
em todas as coisas vivas. Porém, ele não tinha ouvido falar de ninguém cujo poder havia
despertado até agora.
Ainda assim, ele não podia responsabilizar apenas seu povo. Seus muitos filhos acaba-
ram assim também. A quantidade não significava nada para ele, então não dava atenção;
por acaso alguém quantificava todo o lixo que produzia?
Ele crera que herdaram a fraqueza de suas mães, já que dos descendentes que criara
possuía sequer uma fração de seu poder.
“Saia da minha frente. Você é repugnante aos meus olhos. Faça algo de útil, vá treinar
as crianças que gerou para mim.”
Os filhos nascidos de fracos apenas continuariam sendo fracos. Assim, ele precisava de
mães fortes.
Foi por isso que ele enviou as mulheres para as linhas de frente durante a invasão da
Teocracia. Esta guerra poderia ter permitido que essas fracotes evoluíssem.
No entanto, ninguém se tornou tão forte quanto ele. Ou melhor, crianças assim só nas-
ceriam depois.
No passado, ele enganara a mulher que fôra conhecida como o trunfo da Teocracia, e
depois a fez sua cativa. Ele a acorrentou e estuprou, e até que por fim, ela engravidou.
Contudo, ela fôra roubada pela Escritura Preta antes que pudesse dar à luz.
Isso não era gentileza em nenhum sentido da palavra. Afinal, essa criança era a prole
dele e daquela poderosa mulher, por isso a criança tinha o potencial de se tornar ainda
mais poderosa.
Algum dia dominarei o mundo com um poderoso exército composto por meus filhos.
Ele voltou para a sala, imaginando o glorioso futuro que certamente viria. De frente
para ele, havia um espelho de corpo inteiro que refletia sua imagem — era de um Elfo
cujos olhos tinham cores diferentes.
Interlúdio
130
Capítulo 03: A Crise Iminente
Grande Fenda.
Era uma fenda maciça, com mais de 60 km de comprimento e 120 metros de diâmetro
no seu ponto mais estreito. Sua profundidade era desconhecida. Ninguém sabia o que
estava esperando nas profundezas, e claro, ninguém voltou vivo das duas expedições
que foram enviadas para investigá-la.
Por muito tempo, essa barreira natural protegeu Feoh Jēra de todos os tipos de ataques
monstruosos. Eles poderiam frustrar quaisquer monstros do oeste que tentassem inva-
dir, desde que defendessem a ponte suspensa sobre a Grande Fenda.
Mas hoje, a guarnição de Feoh Jēra — a base militar que ficava entre a Grande Fenda e
Feoh Jēra — estava em um turbilhão de gritos e confusão.
“A informação mais recente que temos diz que os Quagoas estão atacando!”
Isso porque os Quagoas eram uma raça forte contra os ataques de armas, mas muito
fraca contra os ataques elétricos. Sabendo disso, eles tinham abastecido a fortaleza com
itens mágicos que poderiam produzir 「Lightning」 e efeitos semelhantes.
A magia 「Lightning」 perfurava o inimigo em uma linha reta e, portanto, era extre-
mamente eficaz contra um inimigo que se alinhava para atacar uma ponte. Poderia aca-
bar com uma onda inteira de Quagoas em um único disparo, e além disso, os Dwarfs que
Apesar de toda essa especialização contra os ataques dos Quagoas, a fortaleza estava
agora em um estado onde nem mesmo tinham pessoas para pedir ajuda. O que isso sig-
nificava?
“Não me diga que foram atacados por tantos inimigos que nem deu para lutar! Houve
alguma outra mensagem da fortaleza?”
As palavras “grande invasão” apareceram diante de seus olhos. Houve rumores de tal
coisa há vários anos, mas mesmo assim, ele estava tentando o seu melhor para enganar
a si mesmo, dizendo que não existia tal coisa. No entanto, estava se desdobrando diante
de seus olhos.
Um túnel levemente inclinado em forma de espiral conectava essa guarnição até a for-
taleza, e à frente deles ficava a capital Feoh Jēra. A caverna onde a guarnição estava lo-
calizada era sua linha defensiva final e, além disso, eles tinham portões de mythril e uma
liga de orichalcum. Eles poderiam resistir a um ataque inimigo do túnel se eles fechas-
sem os portões.
Se o fizessem, não seriam capazes de enviar reforços daqui. Em outras palavras, esta-
riam abandonando seus companheiros, que poderiam estar lutando por suas vidas na
fortaleza.
Havia menos de 20 pessoas na fortaleza. Havia mais de 100.000 Dwarfs em Feoh Jēra.
Poderia haver apenas uma resposta quando se pensasse em qual lado tinha prioridade.
Antes que os ecos desaparecessem do ar, um som estrondoso veio da terra. Lentamente,
os portões fecharam a entrada. Esses portões, que não haviam sido tocados, exceto du-
rante o treinamento, agora estavam sendo usados para seu verdadeiro propósito.
“Quê!?”
Depois de ouvir o grito dos soldados que guardavam a entrada do túnel, o Comandante-
Chefe se virou para olhar. Ele viu a forma repugnante de um demi-humano, espumando
pela boca, com os olhos vermelhos.
Sem armas encantadas por efeitos elétricos, mesmo um deles seria um inimigo formi-
dável. E agora, havia uma horda de Quagoas, eram tantos que não podiam contar com as
duas mãos e estavam vindo na direção deles.
Como a situação ficou assim? A fortaleza tinha realmente caído? Quantos soldados os
Quagoas trouxeram consigo? Eles poderiam resistir contra eles mesmo se fechassem os
portões?
Mesmo vendo isso não diminuiu a velocidade da investida Quagoa. Isso porque eles
confiavam em suas pelagens e couro para protegê-los do metal.
O Comandante-Chefe estalou sua língua. Os Quagoas fizeram uma escolha sábia. Sua
pelagem era de tal dureza que virotes de balestras podiam ricochetear quando dispara-
dos contra eles. A única coisa que uma linha de lanças poderia fazer era mantê-los afas-
tados. No entanto, as pessoas aqui haviam antecipado que os Quagoas tentariam algo
assim, e eles naturalmente haviam tomado medidas contra isso.
“Magos! Blitzkrieg!”
O grupo que corria à frente da horda foi morto instantaneamente pela 「Thunderball」,
como esperado da perdição dos Quagoas. Os Quagoas atrás deles pararam para evitarem
serem atingidos pelo ataque.
Foi apenas por um curto período, mas deu-lhes espaço para respirar.
Os portões eram muito duros. Os dentes e garras dos Quagoas comuns não seriam ca-
pazes de danificá-los. No entanto, alguns Quagoas tinham dentes que diziam rivalizar
com a dureza do mythril. Embora estes fossem seres com nível de um líder, não seria
incomum encontrar tais entidades participando de um ataque como este. Não havia
como descartar nenhum problema.
Essa foi uma sugestão que o Comandante-Chefe fez quando assumiu essa posição pela
primeira vez. Afinal, apenas os portões não eram confiáveis o suficiente como linha final
de defesa. Claro, havia várias razões pelas quais eles não podiam encantar os portões,
como a falta de poder nacional, mas uma grande parte disso tinha sido porque a fortaleza
sempre conseguiu impedir qualquer invasão inimiga. Assim, os superiores tinham a ati-
tude de que “enquanto a fortaleza se mantiver, tudo ficará bem”.
Isso foi ruim. Se perdessem a esperança para o futuro, acabariam perdendo quando a
luta se tornasse desesperadora.
“Ótimo trabalho! Garantimos a segurança da cidade! Mas não durará para sempre! Co-
mecem a criar barricadas para caso o inimigo rompa os portões! Rápido!”
A determinação encheu os rostos dos soldados Dwarfs uma vez mais. O conhecimento
de que ainda havia algo que eles poderiam fazer reacendeu sua motivação. Até mesmo
uma frágil esperança era melhor do que nenhuma.
“Desculpe, eu não quis dizer que seria você. Me referi aquele pessoal — o Conselho Re-
gente.”
“Você é um deles também, não é, Comandante-Chefe? Então essa é a resposta deles para
um bloqueio completo? Sendo honesto, não acho que lacrar tudo seja suficiente. Deve-
mos abandonar Feoh Jēra.”
Ele não queria que a conversa deles fosse ouvida por ninguém.
Eles não tinham idéia de quantos Quagoas estavam do outro lado daquele portão.
O ataque inimigo tinha sido muito rápido e eles foram forçados a bater em retirada.
Assim, eles perderam muitas oportunidades de aprender sobre o inimigo. O que eles es-
tavam fazendo agora era como se isolar em seu próprio mundo com os olhos fechados.
O único dado sólido que eles tinham, era que o inimigo tinha poder de combate sufici-
ente para derrubar a fortaleza até então inexpugnável, e eles tinham que pensar em uma
maneira de lidar com isso.
“Se colapsarmos a caverna, poderemos comprar muito tempo, mas se usarmos apenas
areia e terra, ganharemos apenas alguns dias no máximo.”
“Ou seja, precisamos descobrir agora. Então, próxima pergunta. Acha que a fortaleza
caiu sob o peso dos números? Por que não nos informaram mais cedo?”
O Quagoa havia conquistado a antiga Capital Dwarf de Feoh Berkanan, e tinha tomado
como sua casa. No entanto, o Palácio Real no coração da cidade era governado por um
Frost Dragon.
Feoh Berkanan, que havia sido abandonada durante o ataque dos Deuses Demônios há
200 anos.
Feoh Raiđo ao sul, que também havia sido abandonada há vários anos.
Esta cidade ocidental foi destruída durante uma batalha entre dois Frost Dragons —
Olasird’arc=Haylilyal e Munuinia=Ilyslym, e era pouco mais do que ruínas tombadas.
“Sinto que é bem provável. Só não sei o que fizeram para induzir aqueles arrogantes a
agir, a outra alternativa é que eles mesmos fizeram isso; ou que inventaram algum tipo
de magia, ou encontraram uma rota que contorna a Grande Fenda.”
“Mesmo nós, Dwarfs, não encontramos uma maneira de contornar a Grande Fenda.”
“Sim, mas quantos anos atrás foi isso? Talvez os Quagoas tenham cavado um túnel ou
algo assim enquanto outros monstros se moviam, ou a crosta terrestre se deslocou e lhes
deu um desvio. Se pensar nas possibilidades, eles podem ter ido além do solo também.”
Os Quagoas ficavam completamente cegos sob o sol, então era impossível para os Qua-
goas moverem suas tropas na superfície.
No entanto, não era um fato, mas sim um desejo que isso se mantivesse imutável.
Não, era tarde demais para se arrepender agora. Era preciso levar isso em consideração
ao planejar estratégias futuras.
“Chefe de Equipe, precisamos considerar que eles podem ser capazes de viajar pela su-
perfície e melhorar nossas defesas de superfície de acordo com isso. Envie algumas pes-
soas sem comprometer nossa defesa aqui. Também precisamos conversar com o Conse-
lho e evacuá-los para o sul.”
Em conjunto com essa guarnição havia a fortaleza em frente à Grande Fenda e a Câmara
do Conselho na própria cidade, havia mais uma base militar na cidade Dwarf de Feoh
Jēra.
Era uma fortaleza erguida para o benefício daqueles com estaturas mais altas que os
Dwarfs — por exemplo, humanos — na saída que leva à superfície. O Comandante-Chefe
deu a ordem para reforçar essa área e ficar alerta para qualquer ataque na superfície.
“Entendido!”
“Além disso, peça aos soldados que se preparem para enterrar o portão. Se precisarmos
da permissão do Conselho, encontrarei uma maneira de convencê-los.”
Isso foi tudo que ele conseguiu dizer. É claro que o plano dele era pressionar o máximo
possível, em sua posição como um dos oito conselheiros, mas se os outros o vetassem,
tudo o que ele podia fazer era tentar o máximo que pudesse por conta própria.
No entanto, a maioria dos mensageiros não os utilizaria para transmitir uma mensagem.
Eles eram empregados apenas em circunstâncias calamitosas — quando precisavam
deixar a guarnição ou saber sobre as condições na linha de frente.
“Creio que foi enviado para a fortaleza na entrada da superfície esta semana.”
Ele esperava que fosse sobre os Quagoas, mas rapidamente descartou isso. O homem
não usaria essas palavras para descrever um Quagoa.
“Acalme-se homem! Não dá para entender o que diz! O que aconteceu? Todo mundo
está bem?”
“S-Sim! Há monstros assustadores na entrada! Eles dizem que querem falar sobre o
exército Quagoa que está vindo para nós!”
“Queeeeeê!?”
O timing deles foi perfeito até demais. Ele não podia imaginar que os dois eventos esti-
vessem desconectados. Seriam eles os chefes dos Quagoas, talvez aqueles que os ajuda-
ram a cruzar a Grande Fenda?
“Quem, quem são eles? Como se parecem!? Chefe de Equipe! Reúna todo homem que
possa se mover agora mesmo!”
O Comandante-Chefe nem sequer teve tempo de assistir seu subordinado sair em pâ-
nico.
“Sim! Há cerca de trinta deles. Mas não parecem querer lutar! Eles até disseram que
queriam fazer um acordo conosco, mas pareciam muito malignos, então eu não acho que
essa é a real intenção deles. Deve haver algum tipo de esquema em funcionamento!”
Como exatamente eles se qualificaram como malignos? Mais importante, esse homem
ainda não os descreveu. Depois de ser interrogado novamente, o soldado engoliu e ex-
plicou:
“Eles são undeads temíveis, cercados por uma aura de aparência não auspiciosa!”
Seres que odiavam os vivos, que semeavam a morte, os inimigos de tudo que vivia.
Além disso, por que os undeads vieram para cá? Eles estavam aqui para se deliciar com
o massacre mútuo dos Dwarfs e Quagoas, ambos seres vivos?
“Chefe de Equipe, já está pronto!? Saia quando terminar! Não sabemos quais tipos de
undeads estão por aí, mas não os subestimem! E não deixe que eles nos subestimem!
Eles podem não estar agindo com altivez, mas se eles nos virem com desprezo, estare-
mos em perigo!!”
Parte 2
Como Gondo costumava viajar no subsolo, ele não estava muito familiarizado com a
superfície. Portanto, ele teve que confiar em seu senso de direção sobre o terreno
quando se tratava de avançar. Inicialmente, Ainz estava preocupado com isso. Mas de-
pois de ver Gondo avançar sem hesitar, ele começou a confiar no homem. Agora, ele con-
fiara totalmente a tarefa de orientação a ele.
Capítulo 3 A Crise Iminente
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O fato era que Gondo não tinha motivos para deliberadamente fazer Ainz se perder,
ainda mais agora que os Quagoas estavam atacando a capital Dwarf. Sendo esse o caso,
não deve haver nenhum problema em deixá-lo liderar o caminho.
Sob a liderança de Gondo, as feras mágicas de Aura se moviam pela neve como se fosse
uma planície gramada.
Elas possuíam alta destreza e grande resistência, como esperado de feras mágicas de
alto nível. Mesmo no ar rarefeito das montanhas cobertas de neve e carregando Ainz e
os outros em suas costas, a velocidade delas não diminuiu nem um pouco. O grupo se
dirigia para o norte a velocidades de mais de 100 km/h.
Eles haviam avistado vários monstros voadores durante sua jornada, mas só bastou al-
guns rosnados ameaçadores das feras mágicas que todos se assustaram. Graças a isso,
seu tempo de viagem fôra reduzido ao mínimo.
Em menos de um dia, eles haviam alcançado a única cidade Dwarf remanescente, Feoh
Jēra.
“...E então, Gondo. A cidade sulista de Feoh Raiđo foi acessada através de uma fissura
na montanha. Feoh Jēra também tem algo assim?”
Se fosse esse o caso, eles precisariam procurar um caminho. Gondo — inicialmente ti-
nha ficado assustado com a fera mágica que lhe foi cedida, mas agora estava acostumado
a montá-la — respondeu:
“Humm. A maioria das cidades onde os Dwarfs vivem é assim. Mas Feoh Jēra foi proje-
tada com considerações para o comércio em larga escala com humanos, então é um
pouco diferente de Feoh Raiđo. Em primeiro lugar, é fácil para os humanos encontrarem
e, para minimizar qualquer desconforto para os visitantes, eles construíram uma
enorme fortaleza no lado de fora. Vai saber quando a ver.”
Ainz olhou nos arredores depois de ouvir isso, mas ainda não conseguiu encontrar ne-
nhum traço de estrutura.
As palavras de Gondo estavam cheias de confiança. Parece que ele tinha certeza de onde
seu destino estava. Já que ele era o único que poderia liderá-los, não havia nada que Ainz
pudesse fazer se ele estivesse errado, então só restara confiar nele.
Os Quagoas eram uma raça que se submetia aos fortes, mas os Quagoas da Cordilheira
Azerlisiana estavam divididos em oito clãs, todos eles unidos sob o Rei dos Clãs. Eles
somavam 80.000 no total.
Depois de analisar esta informação, Ainz carimbou-os como uma raça que não tinha
nenhum apelo para ele.
Se tivesse que escolher entre ajudar os Dwarfs ou os Quagoas, Ainz escolheria o pri-
meiro sem hesitação.
No entanto, ele soube que os metais que os Quagoa comiam quando jovens determina-
vam sua força quando adultos. Então se ele os deixasse comer os metais de Nazarick,
poderia dar origem a um indivíduo poderoso?
Mesmo se ele não tivesse comido um dos minérios prismáticos, talvez esse Rei dos Clãs
tivesse alcançado sua posição comendo um dos metais raros de YGGDRASIL.
Melhor considerá-los também, já que são propícios a obedecer ao Reino Feiticeiro, mesmo
que eu não esteja confiante em alimentar oitenta mil bocas. Mas bem, esse é o tipo de país
que eu quero.
Era uma nação onde muitas raças viviam em harmonia sob o seu governo. Era uma na-
ção que reproduzia a imagem que ele e seus companheiros tinham da guilda Ainz Ooal
Gown.
Era uma nação onde seus amigos, onde quer que estivessem, poderiam viver e sorrir.
Sendo esse o caso, ele deveria mostrar a estes Quagoas alguma misericórdia.
Ainda assim, se eles jurarem lealdade a mim, onde devo colocá-los? Esta montanha é um
pouco escassa... Que tal a cordilheira ao sul de E-Rantel? Mas pode haver moradores lá
também... Hummm, que saco. Os Lizardmen têm o mesmo nível de tecnologia que eles. Tal-
vez minha experiência em os governar possa ser usada. Pode ser uma boa idéia deixar o
Cocytus lidar com eles também.
“É lá!”
Ainz olhou para onde Gondo estava apontando, e com certeza, havia algo que parecia
uma fortaleza construída contra a encosta da montanha.
O grupo foi direto para lá. Embora houvessem muitas maneiras de se esconder, não
havia sentido em fazê-lo e, portanto, procederam em frente sem qualquer cautela.
Muito parecido com o que faria antes de um discurso de vendas, Ainz inspecionou suas
roupas e certificou-se de que seu manto estava limpo e sem amassados. Claro, era um
item mágico e não podia ser rasgado ou enrugado, mas suas memórias como Suzuki
Satoru lhe diziam que ele deveria checar mesmo assim.
As únicas pessoas que poderiam ser letalmente feridas pelos virotes eram Gondo e Zen-
beru.
Enquanto pensava em deixar que eles dois negociassem, provando assim que não ti-
nham intenções hostis, isso poderia resultar que fossem atingidos por disparos se as
coisas dessem errado, então ele abandonou essa idéia. Em vez disso, Ainz procederia
primeiro, enquanto Gondo e Zenberu apareceriam mais tarde.
Ele parou sua fera fora do alcance efetivo das balestras e depois desmontou. Por ainda
estarem dentro do alcance máximo das balestras, ele ordenou que Shalltear e Aura ficas-
sem e protegessem Gondo e Zenberu.
Se houvesse algum jogador, ele tomaria imediatamente uma postura defensiva e recu-
aria. Embora ele não pudesse confirmar a presença ou ausência de jogadores durante
suas conversas com Gondo na estrada até aqui, era mais provável que não existissem.
No entanto, se ele fosse descuidado, poderia acabar perdendo os NPCs (os filhos) e Ainz
não queria experimentar isso pela segunda vez.
Ele levantou as mãos, para mostrar que ele não tinha intenção hostil.
—Um grito de aviso soou. Parecia que seu dono estava apreensivo. Claro, ele era undead,
mas Ainz não podia deixar de suspirar internamente, ele pensou:
Isso é uma péssima recepção para alguém que não está mostrando sinais de hostilidade.
“Eu sou o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown do Reino Feiticeiro, e eu vim para forjar um
relacionamento amigável com a nação dos Dwarfs. Não atacaremos vocês se não nos ata-
car, então por favor abaixem suas armas.”
Confusão apareceu nos olhos dos Dwarfs que assistiam tudo das janelas e balestreiros.
Ainz aproveitou a chance para continuar falando:
“Depois de capturar os Quagoas que invadiram Feoh Raiđō, fiquei sabendo de seus pla-
nos de atacar este lugar. Se não tem fé nas tropas do exército de vocês, então eu — meu
Reino — prestarei assistência de bom grado. Sim, isso mesmo— será uma boa amostra
de amizade.”
Ele sorriu, mas como não tinha pele, a benevolência de seu gesto não foi transferida
para o lado oposto.
“Que rude. Eu sou um Rei, sabe? Isso é maneira de falar com um rei?”
“Não, não... espere, mostre-nos uma prova de que você é realmente um rei!”
Ainz concordou:
Com o ar de um líder nascido e criado no berço da realeza, ele gesticulou para seu su-
bordinado dar um passo à frente.
Um profundo sentimento de satisfação encheu Ainz quando ele ouviu os suspiros sufo-
cados de reverência vindo dos Dwarfs. Parece que suas longas horas de prática não fo-
ram desperdiçadas.
Agora que Gondo estava aqui, Ainz — que estava de bom humor — mostrou outra pose
de um rei gracioso e cedeu o palco para ele.
“Desculpe, mas poderia entrar na fortaleza e explicar a situação para eles em detalhes?”
Gondo avançou para os portões da fortaleza e pediu permissão para entrar, mas os por-
tões não abriram.
“...Qual problema?”
“...É, é realmente ele!? Esse é realmente o Gondo, O Esquisitão? Talvez alguém tenha
usado magia para roubar o rosto dele!”
Ainz franziu a testa enquanto ouvia as vozes dos Dwarfs. Ficar alerta era muito impor-
tante, e até Ainz aprovava isso. Ainda assim, eles não seriam capazes de progredir se
ninguém confiasse neles.
No entanto, ele tinha ouvido algo sobre a possibilidade de encontrar um conhecido aqui.
Se esse fosse o caso, eles seriam muito afortunados.
“Gondo, você pode provar seu conhecimento desta cidade? Dizer coisas como: onde
mora, algo que só uma pessoa que viveu nesta cidade saberia?”
“Ah, ohhh, sim... mais tarde vou até te contar uns segredos da esposa dele. Ah, tem um
restaurante chamado Pavilhão da Barba de Ouro Preto! A gerente de lá tem uma cara
que parece uma bigorna. A comida é horrível, mas o guisado até que é bom!”
“Mas você é um idiota! Aquele lugar não é pra comer, é pra beber! Os sabores das cer-
vejas stouts de lá são os melhores!”
“Você não sabe o que diz, o vinho turvo deles é o melhor! Imagine aquela fragrância
borbulhante!”
“Nenhum de vocês tem bom gosto! O melhor lugar pra beber é na Dama Barbuda!”
Ainz fez uma anotação mental de que os Dwarfs gostavam muito da cerveja e então
respondeu:
“E então? Aceitam que este é o verdadeiro Gondo? A propósito, tudo o que viemos fazer
aqui, é informá-los de que os Quagoas estão tentando contornar a Grande Fenda e atacar
essa cidade. Tudo o que precisa fazer é enviar nossa advertência para os responsáveis
em comando. Desta forma, nosso país terá cumprido nosso dever, mesmo que o ataque
dos Quagoas seja brutal. Seria muito perturbador se nos acusasse por não os avisar.”
Algum tempo passou. Parece que várias pessoas estavam tendo uma discussão.
De acordo com Gondo, essa pessoa era a mais condecorada e de mais alta patente nas
forças armadas desse país.
Parece que eles perceberam que isso tinha que ir para a sua mais alta autoridade.
“Kukuku~”
Houve um ruído barulhento, e quando Ainz olhou para sua fonte, ele viu que os Dwarfs
tinham apontado suas balestras sobre ele mais uma vez. A respiração deles estava irre-
gular; eles pareciam estar sobre a influência de emoções poderosas.
“Me perdoe. Enfim, tudo bem se apenas o Gondo entrar? Ele provou suas origens, não
é?”
Ele não estava rindo deles, mas parece que ele os aborreceu do mesmo jeito.
As fortes emoções de Ainz foram suprimidas, mas pequenas ondas emocionais ainda
poderiam passar despercebidas.
Como uma empresa reagiria se um vendedor a quem nunca haviam encontrado antes
sorrira para eles como se escondesse algo? Ainz estava irritado consigo mesmo por não
pensar nisso. O que resultou em atrito desnecessário.
Quando o Jircniv veio me visitar, providenciei refrescos, mobília e fiz todos os tipos de pre-
parativos para recebê-los. Esses Dwarfs não fazem coisas assim? ...Não é isso, as circuns-
tâncias agora são diferentes daquela época.
Além disso, ele não seria capaz de desfrutar de qualquer bebida que eles lhe dessem,
considerando seu corpo.
Ainda assim, nós demos aos Dwarfs informações muito valiosas. Esperando pelo menos
por uma resposta apropriada. Bem, eu posso usar isso como base para negociação durante
as relações diplomáticas oficiais. Por agora é melhor me contentar com essa situação.
Primeiro, ele pegou uma versão falsa do Cajado de Ainz Ooal Gown. Era uma cópia es-
teticamente perfeita, até no metal usado em sua construção. No entanto, era apenas isso;
não possuía nem um décimo do poder do original, e era simplesmente uma amálgama
com joias que tinham a mesma cor do original.
Ainz imbuiu o cajado com um brilho vermelho, que rapidamente escureceu. Por que ele
deu essa função de ajuste? A obsessão de seus companheiros passados o encheu de irri-
tação.
Ainz irradiava um halo negro atrás dele, mas, como esperado, a aura do cajado não mu-
dou.
Houve um barulho repentino, que tirou Ainz de seus pensamentos. Quando ele se virou
para olhar a fonte do som, ele viu três Dwarfs sentados no chão.
Eles se pareciam com os Dwarfs que geriam a fortaleza, mas ao mesmo tempo pareciam
mais impressionantes. Na verdade, dois deles estavam mais bem vestidos do que o outro.
Provavelmente era um soldado da fortaleza e os outros dois seriam seus superiores.
...Por que os três estão sentados lá? Ficar sentado pra falar é a etiqueta adequada entre
os Dwarfs? ...Eles estão olhando para mim com os olhos bem abertos. Seria chato se fosse
uma expressão só de Dwarfs.
Suas bocas estavam escondidas por suas barbas, por isso era difícil ver a aparência que
eles tinham em seus rostos.
Pode-se tomar isso como a intenção de ajudá-los, ou que ele queria apertar as mãos.
Mas, na verdade, ele queria dizer-lhes que preferia conversar em pé.
Era difícil se adaptar à diferentes culturas. Se ele lidasse mal com isso, o outro lado po-
deria se ofender.
Se eles o atacassem com a represália de “Você deveria ter feito alguma pesquisa sobre os
costumes do nosso país desde que deseja formar um relacionamento conosco”, ele não teria
nada a dizer em resposta.
Embora estivesse muito desconfortável com isso, Ainz agradeceu ao seu rosto imóvel e
manteve a mão estendida.
Os Dwarfs olhavam para frente e para trás entre o rosto e as mãos de Ainz, um olhar
preocupado em seus rostos.
Hm? Será que estão com medo de mim? ...Bem, dado que eu pareço assim... não é algo que
posso evitar, não é? Reações como essa são esperadas de sociedades humanoides...
Embora também o tenham temido em E-Rantel, eles não reagiram dessa maneira. Por-
tanto, pode ser que estender a mão de uma pessoa de alta patente fosse indelicado nessa
sociedade.
Já que eles têm tempo a perder com essa inutilidade, é provável que os Quagoas ainda não
atacaram. Se atacassem, talvez seja possível fazer com que nos devam um grande favor,
“Olá, eu sou o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown. Vocês são os cavalheiros que estão encar-
regados de me receber?”
Ele não sabia qual dos superiores era de maior hierarquia, então ele os abordou sem se
comprometer. Então um dos Dwarfs assentiu com força, como se estivesse tentando ti-
rar algo do rosto.
“Militares— Entendi.”
Então esse era o Comandante-Chefe? Ainz ficou surpreso. Ele não esperava que o melhor
homem deles viesse pessoalmente.
Será que esse país já ouviu falar do Reino Feiticeiro antes? Ou melhor... foi porque eu
trouxe notícias em um momento muito oportuno?
“—Suponho que a questão dos Quagoas ainda persiste? Eu peço desculpas por fazer
você descer pessoalmente durante este momento inoportuno, Comandante-Chefe.”
Ele acenou magnanimamente, da maneira régia que ele havia praticado muitas vezes
antes.
“...Entendo. Bem, como sabe, de alguma forma paramos o avanço dos Quagoas por en-
quanto— não, estamos tentando pará-los no momento.”
Ainz queria perguntar ao Dwarf até onde ele pensava que ele (Ainz) sabia sobre a situ-
ação, mas como já havia fingido que estava bem informado, essa abordagem estava fora
de cogitação.
“Antes disso, ouvi de meus homens que obteve suas informações depois de questionar
alguns Quagoas capturados em Feoh Raiđō. Tem alguma evidência que comprove sua
afirmação?”
“—Evidência material.”
“Hm, então quer ver os Quagoas que capturei, é isso? Eu posso trazer vários deles e
pode perguntar a eles pessoalmente.”
“Uma resposta imediata... Então parece que vou ter que ser franco... Nesse ritmo, uma
evacuação para Feoh Raiđō será muito difícil.”
“Comandante...!”
“Sua Majestade já sabe tudo. É como ele disse — o fato de que alguém que deveria estar
comandando na linha de frente está aqui, é um sinal mais que claro de um impasse. Como
ele já sabe disso, também deve ser fácil imaginar o que nossas tropas — que não podem
esperar por reforços — pretendem fazer.”
No entanto, Ainz não podia falar a verdade e, em vez disso, assentiu, da maneira prati-
cada de um verdadeiro governante.
A fortaleza que defendia a Grande Fenda havia caído e eles haviam sido forçados de
volta à sua linha defensiva final. Apenas um portão ficava entre eles e o inimigo, e se
caísse, o inimigo entraria na cidade e muitos Dwarfs morreriam. Enquanto original-
mente planejavam comprar algum tempo para as pessoas fugirem para Feoh Raiđō, ficou
claro que a sobrevivência de toda a espécie estaria incerta se o plano não fosse radical-
mente alterado.
Depois que Ainz soube das dificuldades que os Dwarfs enfrentavam, ele sorriu em seu
coração. Tudo estava se desenvolvendo em uma direção favorável para ele.
Tradicionalmente falando, seria necessário colocar os termos de uma transação por es-
crito antes que um contrato pudesse ser assinado. Havia muitas vantagens em lidar com
as coisas dessa maneira. No entanto, se ele livremente emprestasse sua força, ganharia
a gratidão de todos os presentes. Pode-se obter ganhos com um empréstimo que não se
poderia com um acordo por escrito, e Ainz estava mirando nisso.
Entre o tangível e o intangível, o intangível era geralmente mais problemático. Era como
almoçar em um restaurante e pagar quanto seu coração desejar. Havia a chance de pa-
garem um preço muito acima do valor necessário.
A generosidade é muitas vezes semelhante à ganância, hm? Punitto Moe-san disse isso?
“Depois de vir todo esse caminho e me esforçar tanto para encontrá-lo, pegaria muito
mal se o país com o qual desejo fazer amizade fosse destruído. Não pretende aceitar mi-
nha ajuda?”
“Bem, desde que haja tempo suficiente, tudo estará bem. Isto é simplesmente uma
oferta de ajuda da minha parte. A decisão final é sua. É claro que o Conselho deve resol-
ver coisas importantes em uma sessão... mas deve saber como esse tipo de coisa geral-
mente acaba. Reuniões que vão do amanhecer ao anoitecer e, no fim, não dão em nada.
Embora seja uma pena deixar que minha jornada até aqui seja desperdiçada, é algo que
não dará para evitar.”
“Se eles são apenas do calibre que vimos em Feoh Raiđō, então será bem fácil.”
“Mm!”
“Claro, aquilo foi antes dos Quagoas invadirem a cidade. Em meio ao caos, é dificil man-
ter as baixas apenas nos inimigos. Eu acredito que não desejaria ficar de mãos atadas
enquanto invadem sua cidade, estou errado? Me corrija se eu estiver errado, mas essa
pequena lacuna de tempo é sua última chance, não é?”
As repetidas incisões de Ainz sobre o assunto pareciam ter deixado a mente do Coman-
dante-Chefe ser manuseável à sua vontade.
“...Compreendo. Vossa Majestade, eu rezo para que o senhor nos empreste a força de
sua nação.”
“Comandante-Chefe!”
Então, o Comandante-Chefe pediu uma breve licença a Ainz antes de levar o outro ho-
mem à alguma distância, para que ele não pudesse os ouvir.
Ele podia ouvir fragmentos de conversas, como “isso é ruim”, “un—”, “Quagoas”, “nós
ainda”, “crise iminente”, “de todo modo” e assim por diante.
A idéia geral parecia ser que seria difícil para eles lidarem sozinhos com os Quagoas,
então deveriam aproveitar essa oportunidade e apostar nela.
Parte 3
Eles eram o clã Pu-Rimidol, o clã Pu-Randel, o clã Pu-Surix, o clã Po-Ram, o clã Po-Shyu-
nem, o clã Po-Guzua, o clã Zu-Aygen e o clã Zu-Riyushuk.
Os filhos de Pu — um herói da antiguidade — formaram três clãs que levaram seu nome,
e eles rivalizaram com os clãs que se chamavam Po e Zu. Havia pequenas diferenças en-
tre cada clã individual, mas no todo cada um era composto por cerca de 10.000 Quagoa,
totalizando 80.000 Quagoas distribuídos por toda a Cordilheira Azerlisiana.
Agora, se alguém quisesse saber se o povo Quagoa era forte, a resposta era que; eles
não eram.
Agora, se alguém perguntasse quem era o maior inimigo da raça Quagoa, a resposta
seria os membros dos clãs de sua própria raça. Não, às vezes até os integrantes de seus
próprios clãs poderiam se tornar seus inimigos. Outros monstros viam os Quagoas como
pouco mais que comida. Eles não odiavam os Quagoas, nem competiam com eles. No
entanto, a individualidade Quagoa pensava diferente.
Os minérios e rochas que os Quagoas comiam em tenra idade determinavam suas habi-
lidades na vida adulta. Em outras palavras, desde cedo eles competiam com seu próprio
povo por minérios e metais raros para fortalecer sua linhagem. Assim, os membros de
um mesmo clã eram seus inimigos, mas era natural que o inimigo próximo fosse mais
problemático do que um inimigo distante.
Da mesma forma, os Dwarfs que lutavam contra eles por minérios também eram inimi-
gos, mas era mais provável que os Dwarfs os expulsassem com suas armas encantadas
por efeitos elétricos.
No entanto, em algum momento, um herói de lendas — aquele que superou Pu, o herói
do passado — nasceu.
Sua força superava em muito a de Quagoas Azuis ou Rubros. Seu poder esmagador per-
mitiu que ele unisse os clãs.
Depois de descobrir uma cidade Dwarf abandonada, ele reuniu os clãs e formou grupos
de combate a monstros. Usaram os Dwarf prisioneiros para desenvolver a agricultura e
a pecuária.
Isso não foi tudo. Normalmente, quando um novo líder de clã nascia, ele exterminaria a
linhagem do líder do clã anterior. Esse era o meio comumente aceito pelo qual o poder
era trocado dentro do povo Quagoa. No entanto, Riyuro não fez isso. Em vez disso, ele
escolheu deixar os líderes dos vários clãs se governarem. No entanto, Riyuro ordenou
que todos os minérios fossem trazidos para ele. Aqueles que obedecessem a Riyuro e
tivessem um bom desempenho, receberiam minérios raros, independentemente de seu
status.
A competição contra o seu Rei se transformou em competição entre si. Assim, a vaga de
Rei estava segura.
Ele havia feito todas essas coisas com as quais os Quagoas nem sonhavam para expandir
sua influência e pôr em ação um certo plano.
Os clãs reuniram seus melhores guerreiros em resposta ao chamado de seu Rei. Eles
enviaram 2.000 soldados por clã, com uma força total de combate de 16.000 Quagoas.
Este foi um exército nunca antes visto na história. No entanto, mesmo com muita mão
de obra, um ataque direto através da ponte suspensa levaria a baixas horrendas. Isso
não apenas derrotaria o propósito de reunir tais números, mas corria o risco de ser der-
rotado sem ser capaz de derrubar a fortaleza.
Assim, Riyuro ordenou que eles encontrassem uma maneira de contornar a fortaleza.
Embora várias das equipes de reconhecimento não tenham voltado, no fim, eles conse-
guiram encontrar uma rota para contornar a Grande Fenda. Depois disso, suas tropas se
dividiram em três para realizar tarefas.
Um grupo foi designado para encontrar e capturar os Dwarfs em fuga. Essa tarefa foi
dividida entre muitos esquadrões menores.
Um grupo foi designado como a força principal. Eles deveriam conquistar e saquear a
cidade Dwarf. Se o grupo de elite demorasse demais para derrubar a fortaleza, eles in-
terviriam para ajudar.
O último grupo foi preenchido com a elite Quagoa, que derrubaria a fortaleza dos
Dwarfs. Este grupo iria se mover à frente da tropa principal, derrubando a fortaleza e
eles também poderiam ser usados para conquistar a cidade.
Ele era um dos melhores soldados de Riyuro, um excepcional Quagoa Rubro. Sua mente
era afiada, ele era um lutador capaz e um dos principais candidatos para o lugar de líder
dentro de seu próprio clã.
Mesmo assim, não foi fácil para alguém como ele comandar seu grupo de batalha com
tantos indivíduos de clãs diferentes.
Sua vitória foi assegurada tomando o caminho de flanco e depois a fortaleza, mas,
mesmo assim, ninguém podia duvidar de sua extraordinária habilidade de comando.
Na verdade, ninguém mais entre os Quagoas poderia igualar sua habilidade como co-
mandante.
♦♦♦
Mais um passo. Apenas mais um passo e eles poderiam atravessar aquela porta e atro-
pelar seus odiados inimigos, os Dwarfs. Mais um passo, e eles poderiam pegar todo o
domínio por conta própria. Eles estariam classificados em primeiro lugar por suas con-
quistas e, como recompensa, receberiam minério suficiente para que qualquer gula seja
saciada.
No entanto, essa chance foi negada e selada pelo frio portão diante deles.
Um dos Quagoas estava com tanta raiva de estar tão perto, mas tão longe que ele tentou
morder o portão. Naturalmente, ele não fez nada além de arranhar a superfície.
No entanto, um Quagoa comum não poderia prejudicá-lo em nada. Eles poderiam tentar
por 100 anos e ainda assim não chegariam à lugar algum.
Os Quagoas comuns não poderiam violar esse portão. As raras elites, como os Quagoas
Azuis ou Rubros, eram mantidas na reserva como uma arma secreta e não seriam atri-
buídos a essas equipes de assalto. Em outras palavras, seu avanço foi brevemente inter-
rompido aqui.
Mesmo assim, se formaram em clãs para descansar, pois não sabiam quanto tempo le-
varia.
E então, depois de descansar por algum tempo, os Quagoas de repente olharam para
cima, como se suas cabeças estivessem montadas em molas.
Houve um baixo rangido que soou como se viesse das profundezas da terra, e os portões
começaram a se abrir lentamente.
Os Dwarfs selaram os portões em pânico. Por que o abriram de novo? Eles queriam se
render? Havia muitos Quagoas que pensavam dessa maneira e riam ironicamente en-
quanto mostravam os dentes.
O plano da raça Quagoa era exterminar os Dwarfs. Eles não dariam aos Dwarfs o tempo
de pronunciar palavras inúteis.
Eles inundariam como uma avalanche pelos portões abertos e matariam brutalmente
todos que encontrassem em seu caminho. Depois disso, eles pisoteariam a cidade sob os
pés e a massacrariam com todas as suas forças.
Uma lacuna se abriu lentamente diante dos Quagoas sedentos de sangue. Ainda era
muito pequeno para passar. Um dos Quagoas assassinos enfiou o braço naquela lacuna.
Ele arriscou suas garras afiadas, tentando matar qualquer Dwarf que estivesse do outro
lado.
E então—
“Gyaaaaaaaaah!”
O choque deles nesse desenvolvimento foi como jogar água fria na chama de sua sede
de sangue.
Com toda a probabilidade, alguém havia cortado o braço com algum tipo de arma, mas
isso era possível?
A habilidade especial dos Quagoas era que eles eram extremamente resistentes às ar-
mas que os Dwarfs normalmente usavam. Durante o ataque surpresa à fortaleza, alguns
deles foram feridos, mas nenhum morreu. Então isso prevaleceria, contanto que eles não
fossem atingidos por ataques elétricos.
O Quagoa deu um passo para trás, tomado por uma emoção que ainda não sentira na-
quela batalha — medo. Durante esse tempo, a abertura do portão continuou a aumentar.
“Ohhhhh!”
Esse grito de concordância deve ter vindo dos membros do Clã Pu-Rimidol que haviam
sido escolhidos para essa equipe de assalto. Em pânico, aqueles dos outros clãs também
gritaram, proclamando sua força.
Essas palavras foram o gatilho que reacendeu o espírito de luta dos Quagoas.
“Investida! Não importa o quão forte seja, o inimigo tem apenas uma espada! Vamos
bater nele com mais do que ele pode lidar.”
Disse alguém.
“Não, só precisamos esperar o portão se abrir. Quando arrombarmos aquilo, vamos pas-
sar por cima de tudo. Saqueamos a cidade até não restar nada.”
Os Quagoas reuniram-se atrás de uma dessas corajosas almas. Se ele fosse atingido por
aquela espada, eles ainda poderiam empurrá-lo para dentro.
A abertura no portão era agora grande o suficiente para que um único Quagoa passasse.
Por ainda estarem muito apertados, se irrompessem perderiam soldados por nada se os
Dwarfs os acertassem da entrada com as magias elétricas de agora em diante e fechas-
sem as portas novamente.
“INVESTIDA!”
Por causa disso, os Quagoas de trás avançaram com intensidade obstinada, com a in-
tenção de deixar seu ímpeto levá-los para a cidade dos Dwarfs para saquear e pilhar...
Todos os olhos deles podiam ver era a parede. E então a parede começou a se mover.
“OHHHHHHHHHHHHHHHH!”
O que eles pensavam ser uma parede era na verdade um escudo gigantesco.
Os Quagoas não tinham histórico do uso de armas ou de armaduras, mas eles tinham
visto os Dwarfs usá-las antes. No entanto, nunca tinham visto nada tão grande. Diante
deles havia um escudo que poderia ser confundido com uma parede.
Era uma criatura embainhada em armadura preta cheia de placas, seus olhos vermelhos
brilhavam de ódio.
Até um Quagoa ignorante podia entender que era maligno, violento — era a própria
morte.
“UUUOOOOHHHHHHHH!!”
O impacto arrepiante fez com que os Quagoas quisessem fugir com toda a força de seus
corações.
Dentro de suas tribos, eles se consideravam guerreiros corajosos que não temiam a
morte. No entanto, eles nunca haviam imaginado um ser assim em seus sonhos mais
loucos. O monstro diante deles obliterou sua coragem.
Isso porque eles não tinham a força para fazê-lo. Seus instintos disseram-lhes que, se
corressem, seriam mortos em um único golpe por trás. Mesmo assim, os olhos daquele
ser negro lembraram os Quagoas de seu desejo de viver.
“OHHHHHHHHHHHHHHHH!”
Esse rugido parecia vir das profundezas da terra. Um Quagoa choramingava em res-
posta e deu vários passos para trás.
“Hiiiiaaa!”
Enquanto olhavam para o dono daquela voz, viram o companheiro que perdera a ca-
beça.
Ele estava morto. Não havia nenhuma dúvida sobre isso. No entanto, seus braços come-
çaram a se mover, como se quisessem algo. Não era um espasmo ou algo assim.
A única conclusão que eles conseguiram foi que o cadáver estava se movendo.
Um clangor duplo veio da armadura maciça, e então saíram duas espadas idênticas e
bizarras; flamígeras.
♦♦♦
“Então, de acordo com o relatório da equipe de assalto, eles ainda não encontraram uma
maneira de derrubar o portão, correto?”
“Sim!”
O Quagoa, cuja pele estava manchada de rubro, franziu a testa enquanto ouvia o relató-
rio de seu subordinado.
Era Yozu, comandante da vanguarda Quagoa. Sua pelagem que era tão resistente
quanto o orichalcum e sua resistência às armas de metal era ainda maior do que a de um
Quagoa normal. Ele era um membro superior de sua espécie, um Quagoa Rubro.
Depois de conquistá-la, eles teriam uma boa localização para uma base e toda a compe-
tição por minérios também seria eliminada ao mesmo tempo.
Uma vez que isso acontecesse, os Quagoas algum dia viriam a governar toda a cordi-
lheira.
Yozu olhou em volta preocupado depois de acidentalmente deixar escapar seus verda-
deiros pensamentos.
Os Quagoas forjaram uma aliança com os Frost Dragons. No entanto, qualquer um que
soubesse um pouco sobre a verdade, saberia que isso não era nada parecido com um
relacionamento igualitário. O Rei dos Clãs poderia ter feito um elogio dizendo que era
para prosperidade mútua e tudo mais, mas nem mesmo o próprio Rei acreditava no que
estava dizendo.
A verdade era que os Dragões eram fortes e seus servos, os Quagoas, eram fracos.
Para os Dragões, os Quagoa eram pouco mais que rações de emergência ou peões con-
venientes.
Yozu uma vez conheceu os Dragões na presença do Rei dos Clãs, e essa foi a impressão
que ele teve depois de ouvir a voz poderosa que emanava de sua enorme mandíbula. Ele
também ficou chocado com a visão de seu Rei rastejando diante dos Dragões.
Ele não queria ver um grande herói reduzido àquele estado, mas Yozu não era estúpido.
Ele entendia profundamente a diferença insuperável entre a força dos Dragões e os Qua-
goas.
Mesmo assim, ele não podia permitir que os Dragões os tratassem como idiotas.
Ele não era o único segurando esse desejo em seu coração. Todos os Quagoas que co-
nheceram os Dragões — em outras palavras, todos os Quagoas pertencentes à alta hie-
rarquia — tinham o mesmo desejo.
Para começar, eles precisavam encontrar uma maneira de se tornarem imunes ao sopro
congelante. Se Quagoas assim não nascessem, eles sofreriam perdas terríveis.
Yozu varreu suas emoções sombrias. Agora, ele tinha que destruir os Dwarfs. Isso não
havia sido feito ainda. Seria tolice deixar que a preocupação com o futuro afetasse o que
ele poderia fazer no presente.
“Ei, destrua a fortaleza e veja se podemos ampliar as paredes do túnel para deixar mais
dos nossos entrarem. Precisamos nos preparar o máximo possível antes que a tropa
principal—”
De repente, as orelhas de Yozu se levantaram. Ele pensou ter ouvido um grito de algum
lugar.
Não, aquilo não poderia ser um grito. Talvez seja um barulho ameaçador feito por um
monstro. O problema de estar no subsolo era que era muito difícil dizer de onde os sons
vinham.
Isso porque ele viu os Quagoas da tropa de assalto fugindo da fortaleza enquanto grita-
vam a plenos pulmões.
Dado o estado dos Quagoas que haviam retornado, ficou muito claro que estavam ater-
rorizados e confusos. Vários Quagoas até empurraram seus companheiros por trás, e o
último caiu na Grande Fenda.
Deve ter sido algum tipo de ataque especial. Yozu ouvira uma vez que o óleo fervente
era muito doloroso.
Do que eles estavam fugindo? Seria o resultado do misterioso poder chamado magia?
Yozu nunca tinha visto tais seres antes. Embora ele soubesse que os Dwarfs usavam
armaduras como parte de seus equipamentos, e que alguns conjuntos de armaduras co-
briam todo o corpo, o que ele via agora era completamente diferente do que havia visto
no passado.
Nas mãos direitas, eles carregavam grandes espadas onduladas, enquanto na esquerda
tinham escudos enormes.
Dado que o Rei dos Clãs era um pouco diferente de um Quagoa comum na aparência,
um Dwarflord provavelmente parecia diferente de Dwarfs comuns.
Yozu não conhecia a verdadeira identidade dos seres que se encontravam na entrada
da fortaleza, como as estátuas de Niō. No entanto, seus instintos animais os diziam que
eram entidades perigosas.
Ele também entendia o porquê as equipes de assalto haviam fugido daqueles monstros
com todas as suas forças.
Seus subordinados ao seu redor estavam todos congelados em choque, assim como ele
estava. Os únicos seres que ainda se moviam eram os Quagoas correndo da fortaleza.
Eles não olharam para trás; suas energias estavam totalmente focadas em cruzar a ponte
suspensa.
Mesmo a uma distância tão grande, o grito rasgou o ar e fez o pêlo ficar arrepiado. As
entranhas de Yozu se aglutinaram e ficaram frias. Foi como sentir o rugido de um Dragão
em todo o seu corpo.
Como se esperando por esse sentimento, ele viu os Quagoas se levantarem lentamente
ao lado das armaduras negras.
Ele apertou os olhos para tentar aguçar sua visão, e viu que vários Quagoa estavam com
suas entranhas expostas, enquanto outros pareciam estar cambaleando de uma maneira
descoordenada, as metades esquerda e direita de seus corpos saindo de sincronia, como
se tivessem sido cortadas ao meio.
“...Serão Golems?”
Foi dito que quando o Dragão tomou posse do Palácio Real, ele lutou contra monstros
com esse nome. Aparentemente, pareciam estátuas blindadas.
De todo modo, não havia como dizer o quanto aqueles Golems negros poderiam lutar,
mas considerando os Quagoas em fuga e o número reduzido de equipes de assalto— não,
mais do que isso, os arrepios de Yozu e seu suor frio já lhe diziam tudo que precisava.
Derrotá-los não seria fácil, mas felizmente eles pareciam estar observando-os de longe
e sem tentar atravessar a ponte.
“S-sim, isso mesmo. Tudo bem, formem-se novamente enquanto ainda estiverem para-
dos. Quando o fizerem, vamos nos preparar para— eles estão se movendo!”
Os seres trajando armaduras negras começaram a correr, fazendo uma investida e atra-
vessando a ponte suspensa.
“Quem foi que veio com aquela idéia!? Quem disse que estavam lá para recuperar a for-
taleza?”
O Quagoa que o Yozu havia enviado mostrou suas garras, estava pronto para a batalha.
Os seres trajando armaduras negras se protegeram com os escudos e foram através dos
caminhos que fizeram contato com os Quagoas.
E então, quando isso acontecesse... o que aconteceria? Percebendo o perigo mortal que
o esperava, Yozu gritou.
Após a perda de mão de obra e recursos durante esta operação, a falha não seria uma
questão que poderia ser simplesmente dispensada por uma repreensão. No entanto,
tudo isso empalidecia em comparação com o perigo de deixar aqueles seres trajando
armaduras negras atravessarem a ponte.
Se eles chegassem na base de comando, todos aqui morreriam. Este era o perigo que os
seres trajando armaduras negras representavam.
O Quagoa não pôde deixar de ver os seres trajando armaduras negras esmagando seus
soldados com seu poder inimaginável. No segundo grito, eles finalmente conseguiram se
mover. No entanto, quase todos os Quagoas que haviam sido enviados pela retaguarda
foram jogados voando para o abismo, e restaram apenas alguns Quagoas na ponte para
enfrentar estes inimigos temíveis.
Serem ordenados a parar os Golems logo depois de ouvir o comando para destruir a
ponte não soava diferente de uma missão suicida. Mesmo assim, um esquadrão suicida
se reuniu imediatamente e saiu corajosamente.
Como esperado, o esquadrão suicida ricocheteou nos escudos, mas alguns deles conse-
guiram passar e atiraram-se sobre os seres trajando armaduras negras. No entanto, es-
tes seres não davam atenção a isso. A mordida não parecia machucá-los, e eles continu-
aram seu avanço.
Quando Yozu percebeu isso, seu corpo começou a se mover por conta própria. Ele sal-
tou do seu posto de comando bem acima, e usou a força de seu pouso e a agudez de suas
garras para soltar os cabos de aço da ponte.
A ponte suspensa subiu como uma onda gigantesca e então, caiu e se despedaçou.
Mas nem sequer teve tempo para recuperar o fôlego. Um frio malévolo encheu seu
corpo. Yozu ouviu seus instintos e se jogou de bruços.
Naquele instante, um objeto gritando varreu o pelo nas costas de Yozu. Inacreditavel-
mente, esse objeto era um Quagoa voador. Sob essas circunstâncias terríveis, os seres
trajando armaduras negras tinham conseguido arremessar um dos membros do esqua-
drão suicida em Yozu com sua ridícula força muscular.
O Quagoa arremessado por eles atingiu um dos soldados de Yozu, que ainda estava con-
gelado em estado de choque. Os dois se desintegraram em pedaços de carne sangrenta
com um grito breve e agonizante de “Pigya!”.
No entanto, isso foi tudo, porque o esquadrão suicida e os seres trajando armaduras
negras desapareceram na Grande Fenda.
Yozu olhou devagar para a escuridão da Grande Fenda. Ele não foi o único a fazê-lo.
Todos os sobreviventes olharam para a escuridão que havia engolido tudo. Todos eles
sabiam que não havia sobreviventes àquela queda; mesmo assim, eles não podiam apa-
gar o medo de imaginar que os seres trajando armaduras negras viessem subindo pelos
lados do abismo.
Olhando em volta, viu que havia poucos, e preciosos, soldados que sobreviveram.
Mesmo assim, o fato de terem sobrevivido contra os seres trajando armaduras negras
era digno de elogios.
Se não relatassem sobre aqueles Golems para aqueles no topo, as coisas seriam muito
ruins para eles.
Yozu lamentou profundamente por subestimá-los. Por não pensar que eles sabiam
como produzir tais monstros—
A razão pela qual ele chamou tantos foi porque mover-se em pequeno número incorria
no risco de todo o grupo ser eliminado por uma emboscada de monstros. Isso não quer
dizer que mover em grupos garantisse a segurança, mas não importava quantos morres-
sem, o importante era que ao menos um deles sobrevivesse para passar sua mensagem
para o quartel-general.
Escusado será dizer que era para eles retornarem imediatamente e se reunirem com o
Rei dos Clãs.
O
Eles rugiram em antecipação ao alegre massacre e os gritos dos agonizados
ecoavam. Quando os portões se fecharam devagar, a espessura das portas
duplas fez com que os sons de carnificina do outro lado se tornassem pouco
mais que cócegas nos tímpanos.
Havia um limite de tempo para os Death Knights que não fossem feitos com cadáveres.
Mesmo assim, se as estimativas da força de combate dos Quagoas cativos fossem preci-
sas, eles deveriam ser capazes de derrotar uma porção considerável da oposição, mesmo
sem saber o número de seus oponentes. Se o inimigo não fosse incompetente, eles cer-
tamente recuariam para se reagrupar depois de sofrerem perdas significativas.
Espero que eles não recuem. Se construíram um acampamento, então o perigo ainda é
bem tangível. Dessa forma, a nação dos Dwarfs terá que trabalhar conosco. Eu devo orde-
nar que os Death Knights se segurem por agora... é irritante ganhar por uma margem
muito grande.
Enquanto Ainz contemplava esses detalhes em silêncio, ele olhou para o Comandante-
Chefe, que estava olhando para ele com um sorriso no rosto. Ainz não tinha idéia do por-
quê ele tinha aquele sorriso nascido de terror em seu rosto — e naquele momento uma
lâmpada imaginária acendeu acima da cabeça de Ainz.
Ele já deve ter se acostumado com a minha aparência, provavelmente é por causa dos
Quagoas gritando lá fora. Bem, é verdade que o lamento dos moribundos pode ser um
pouco perturbador.
Sendo assim, Ainz sentiu que não deveria se importar tanto com os gritos do inimigo.
Já que, ele não seria humano — muito menos um Dwarf — caso não pensasse assim.
Mas como alguém assim pode ser um comandante de guerreiros? Isso é um pouco preocu-
pante.
Ele sabia que estava pensando muito sobre isso, mas Ainz continuou olhando para o
Comandante-Chefe. Neste momento, Gondo se aproximou dele.
“Ahh. Então, você vai me ajudar a resolver as coisas quando terminar seus afazeres?”
Ele tendia a monopolizar a conversa e falava com tanta frequência que parecia intermi-
nável. Isso deve ter sido o resultado de estar obcecado com a arte quase perdida do ofício
rúnico, ainda mais por ter sido ostracizado. Foi por isso que ele continuou falando sobre
o assunto para Ainz — que tinha interesse no assunto — como uma represa explodindo.
Ainz podia entender como ele se sentia, porque havia momentos em que Ainz também
queria conversar com pessoas que compartilhavam seus interesses. No entanto, Ainz
não estava acompanhando este longo monólogo pela gentileza de seu coração.
O Comandante-Chefe parecia ter algo a dizer a Gondo, que já estava se retirando, mas
ele não o chamou.
“Então, o que devemos fazer agora? Devemos esperar um pouco antes de abrir o portão
e inspecionar os resultados da batalha?”
“Eu acho que a introdução de Vossa Majestade é mais importante. Enviei uma mensa-
gem ao Conselho enquanto os Quagoas estavam atacando. Eles provavelmente ainda es-
tão se atrapalhando com alguma forma de lidar com a situação agora. Eu sinto que de-
vemos nos apresentar com novas informações antes que entrem em pânico e distribuam
ordens ruins.”
“Além disso, não há necessidade de cuidado algum. Meu pessoal cuidará. Apenas três
dos meus seguidores me acompanharão.”
Ainz selecionou Shalltear, Aura e Zenberu. Ele ordenou que os demais esperassem aqui.
O Comandante-Chefe pareceu um pouco aliviado. Parece que ele não queria que os
undeads caminhassem pelas ruas.
“Então, vamos?”
Ainz e companhia caminhavam orgulhosamente pela cidade Dwarf, liderados pelo Co-
mandante-Chefe. Uma quantidade quase dolorosa de olhares curiosos se concentrou
nele, já quando as mães Dwarfs viram Ainz, elas esconderam seus filhos dentro de casa.
Isso o deixou um pouco desapontado.
Se ele tivesse colocado uma máscara, menos pessoas teriam olhado para ele. Dito isso,
havia uma razão pela qual ele não escolheu cobrir o rosto.
Foi porque ele quis anunciar sua chegada na cidade Dwarf. Não era muito provável que
houvesse um jogador nas nações Dwarfs já que precisaram procurar ajuda externa con-
tra uma invasão como essa. No entanto, pode haver jogadores de baixo nível aqui ou
itens que eles deixaram para trás.
Para evitar ser atacado por esses itens, ele teria que evidenciar sua visita de uma ma-
neira franca. Desta forma, eles não seriam capazes de resolver as coisas clandestina-
mente.
Além disso, embora ainda não tivesse decidido que tipo de partido embaixador ele en-
viaria, era bem provável que acabasse usando seres undeads para esse propósito. Por-
tanto, ele queria deixá-los se acostumar com isso.
Ainz fez este comentário ao Comandante-Chefe depois de ver dois Dwarf ruivos cam-
baleando para fora de uma taverna, os braços em volta dos ombros um do outro.
“Os Quagoas avançaram muito rápido, então a informação não se espalhou. Depen-
dendo da decisão do Conselho, deve começar a se espalhar dentro de uma hora.”
“Hm. Bem, eu ordenei aos meus subordinados que retomassem a ponte, então, uma vez
que façam isso, a cidade estará segura por enquanto, não? Este é um fator muito impor-
tante para quando começarmos o comércio com este país.”
“Isso é difícil de dizer. Dado o tamanho da força inimiga, não sabemos quando a oposi-
ção começará avançar com seriedade. Assim que retomarmos a ponte, precisaremos so-
lidificar nossas defesas, investigar as rotas de flanco e planejar uma estratégia contra
eles.”
Parecia que haveria muitas chances de vender favores neste país no futuro. Sendo esse
o caso, pode ser melhor não mudar as ordens de seus Death Knights para retomar a
ponte.
“—Quê!?”
“Não é nada. Apenas pensei alto. Não há necessidade de se preocupar. Não há necessi-
dade de perguntar mais nada.”
Ainz enfatizou essas palavras em tons de ferro para encerrar as perguntas do outro
homem.
Essa reação — que era bem diferente de Ainz — foi porque ele havia perdido a compos-
tura.
Não houve resposta dos dois Death Knights que ele havia feito, que deveriam estar nas
proximidades de Feoh Jēra.
Hoh!
Os Death Knights eram bastante fracos para Ainz. No entanto, pelos padrões deste
mundo, eles eram oponentes formidáveis até mesmo para os membros mais poderosos
de uma nação. Qualquer um que pudesse derrotar dois temíveis cavaleiros como aqueles
deve ser muito poderoso.
Além disso, seus sinais de presença haviam desaparecido quase ao mesmo tempo.
Qualquer que seja a resposta, havia certamente outro ser poderoso presente, claro, sem
contar a bizarra magic caster mascarada que ele havia encontrado na Capital Real.
O Comandante-Chefe olhou para Ainz em resposta a seus resmungos, mas Ainz não teve
tempo para se preocupar com ele.
Um ser desconhecido e poderoso... era mais provável que fosse um jogador. Se um ini-
migo do nível de Ainz tivesse chegado a este mundo, míseros dois Death Knights seriam
brincadeira de criança.
Se há uma entidade relacionada aos jogadores aqui e que não está conectada aos Dwarfs,
isso significa que eles estão do lado dos Quagoas? Será que estão relacionados com as pes-
soas que fizeram lavagem cerebral na Shalltear?
Até então, as brasas ardiam em um furioso inferno, como se alguém tivesse derramado
gasolina sobre elas. No entanto, foram rapidamente suprimidas.
Com os seus inimigos, os Quagoas, diante deles, os Dwarfs podem muito bem escolher
se juntar à bandeira de Ainz. No entanto, deixar os Quagoas agirem por conta própria —
dando-lhes muito tempo — seria muito perigoso.
Se eles fossem uma raça que habitualmente gerava indivíduos poderosos, então, no mo-
mento eles poderiam ser capazes de ter matado os Death Knights, mas quem sabe quais
outros seres eles destruiriam no futuro? Agora — enquanto ele ainda pode lidar com
eles — a melhor coisa seria escravizá-los ou aniquilá-los completamente.
Idealmente, agindo nas sombras eu seria capaz de subjugar os Quagoas e fazê-los amea-
çarem os Dwarfs, mas... Um único passo em falso poderia levar a um erro fatal. Seria mais
seguro não fazer isso.
Quando ele se virou para olhar na direção em que o Comandante-Chefe estava apon-
tando, um prédio grande — certamente grande para um Dwarf, mas considerável até
mesmo para os padrões de Ainz — apareceu.
A razão pela qual eles renunciaram à inspeção para Ainz e companhia enquanto ainda
olhavam descaradamente para Ainz, era certamente porque o comandante havia exer-
cido sua autoridade.
Não havia motivo para se opor. Mais ao ponto, pode ser problemático se ele não explicar
a contribuição de Ainz para esta nação.
O Dwarf — que tremia tanto no corpo como na voz — levou-os a uma sala um pouco
apertada. Novamente, provavelmente não teria sido apertado para um Dwarf. Era ade-
quada para o tamanho de Aura e Shalltear. No entanto, Zenberu estava junto, que logi-
camente era de grande estatura. Ficar apenas esperando na sala parecia muito claustro-
fóbico para ele.
Dado que o soldado tinha dado uma olhada em Zenberu antes de trazê-lo aqui, esta deve
ter sido a maior e mais luxuosa sala VIP neste prédio. Com certeza, os ornamentos em
torno dela foram todos primorosamente trabalhados e parecia que poderiam realmente
se mover de tão realistas.
Ainz já havia feito Avataras de seus companheiros passados, então as apreciava profun-
damente dada dificuldade de fazer estatuárias tão intricadas. Era possível que algo pa-
recesse bonito de perfil, mas fosse feio quando visto de frente.
É óbvio que os Dwarfs têm uma habilidade excepcional. Eu gostaria de ter essas habilida-
des... Será que eu poderia refazer os Avataras? Se eu pudesse, seria capaz de fazer algo
melhor depois de praticar? —Enfim.
Ainz decidiu se dirigir a Zenberu, que parecia nitidamente fora de lugar aqui.
“Ah, Vossa Majestade, eu gostaria de ficar aqui, se me permitir. Sendo sincero, fico até
com dor de cabeça ao conversar com pessoas importantes.”
Uma estranha reviravolta. Era diferente de como ele tinha estado durante a viagem até
agora. Talvez ele tivesse mudado seu tom porque chegara ao Reino dos Dwarfs.
“Shalltear-sama, alguém pode ser bom ou ruim em várias coisas, sabe como é— quero
dizer, a senhora certamente está ciente disso. Além disso, eu me sentiria mal se eu inco-
modasse Sua Majestade.”
“Não, eu vou levar você junto. Se algo acontecer, não poderei protegê-lo se estiver muito
longe. Eu não acho que realmente haverá algum perigo, mas o descuido é para os tolos.
Pelo que sabemos, podemos estar dentro da palma do inimigo. Lembrem-se disso em
todos os momentos.”
Apesar de Ainz não sentir que os Dwarfs prejudicariam alguém que salvou seu país, ele
repetiu por segurança.
O que é isso? Shalltear está respondendo muito bem hoje. Aconteceu alguma coisa?
“Hm? Apenas fique lá e nos escute, Zenberu. Não importa o que aconteça, não se envolva
em nenhuma luta.”
“Muito bom. Agora, — Aura, Shalltear, podem inspecionar minhas roupas e verificar se
estão amarrotadas?”
O soldado Dwarf que veio mostrar o caminho chegara logo depois que as duas termina-
ram de inspecionar os trajes de seu mestre.
♦♦♦
Resplandecente em sua panóplia completa, Ainz avançou de peito empinado. Suas cos-
tas estavam retas, cabeça erguida e seu porte era o de um rei. O brilho obsidiana da aura
atrás dele brilhava suavemente, algo como um perfume. Certamente ninguém iria des-
prezá-lo depois de todos esses preparativos.
Ele manteve a varinha — que substituiu o cetro real — em sua cintura. Foi infundida
com uma magia de 1º nível, mas como ele não tinha intenção de ativá-la, não deveria
causar nenhum problema.
Depois de olhar para si mesmo de cima a baixo, ele sentiu que essa indumentária estava
um pouco em desacordo com o objetivo de buscar relações amistosas, mas Aura e Shall-
tear aprovaram fortemente isso.
O problema era que as duas tinham grande consideração por Ainz, então ele se sentiu
desconfortável em confiar em suas opiniões.
Assim, ele perguntou Zenberu qual opinião ele tinha sobre isso.
No entanto, os Dwarfs que encontrou ficaram pálidos, suas posturas estavam inquietas
com nervosismo. Claro, isso também foi uma reação apropriada a um rei.
Aliás, ele havia aprendido seus nomes, seus postos, sua aparência e características atra-
vés do Comandante-Chefe.
Havia o Sumo Sacerdote da Terra, que governava tudo relacionado à magia. Ele domi-
nava os magic caster divinos e até os magic caster arcanos.
Havia o Forjador Mestre, que controlava toda a produção que derivava das forjas.
Havia o Comandante-Chefe que os trouxera para cá. Ele era responsável por todas as
questões de segurança e militares. Certa vez, ele comandara muitos soldados Dwarfs,
mas o fato de ter apenas menos de cem homens tornava o título uma piada.
Havia o Secretário do Gabinete, que estava encarregado de tudo o que estava fora da
jurisdição dos outros líderes aqui.
Havia o Mestre Cervejeiro, que estava neste Conselho porque tinha que haver uma po-
sição de liderança para o passatempo favorito do povo Dwarf, o álcool.
Havia o Mestre das Cavernas e Minas, que tinha muito poder nesta cidade devido à sua
influência sobre a esfera de mineração e extração de recursos.
Uma vez, houvera uma organização chamada de Guilda Mercantil, mas devido à falta de
comerciantes e do comércio em geral, o título Mestre da Guilda Mercantil era agora uma
posição vazia encarregada dos assuntos estrangeiros.
Ainz estava fingindo ser a imagem da tranquilidade, mas seu coração estava no caos.
Ei! Eu não consigo nem diferenciar um do outro! Talvez alguns deles tenham barbas mais
curtas do que os outros, mas eles não são todos do mesmo tamanho? Será que mentiu pra
mim? Não, deve ter sido assim que ele via isso. O que eu faço agora?
As memórias de Zenberu tinham representado todos eles com rostos idênticos, e a prin-
cípio Ainz pensou que era simplesmente porque o Lizardman via todos os Dwarfs como
idênticos. Ele até sentira que a capacidade de Zenberu de reconhecer rostos precisava
ser melhorada. Entretanto, não foi o caso.
Neste mundo, não havia prática de troca de cartões de visita em uma reunião, um fato
que ele lamentava há muito tempo. Ainz se sentia da mesma maneira hoje, e então ele
reuniu sua força em sua barriga.
Em seguida, uma apresentação que ele já havia feito várias vezes. É digno de nota o fato
de ele ter duas Guardiãs atrás dele e um subordinado de seu subordinado. Ele não podia
permitir que eles o vissem ridicularizado.
Ainda assim — enquanto ele se empolgava com isso, não havia um único traço do diá-
logo sendo trocado. O silêncio permaneceu ininterrupto por um minuto inteiro depois
de sua chegada.
O que está acontecendo? A prática padrão para uma empresa seria começar pelo apre-
sentador apresentando sua equipe, não? O Comandante-Chefe não deve nos apresen-
tar? ...Ou sou eu que devo dar o primeiro passo? Não sou tão versado em etiqueta assim,
não quero parecer grosseiro.
Segundo a etiqueta cortês, os inferiores não podiam dirigir-se diretamente ao rei. A in-
teração direta exigia uma permissão de algum tipo. Em outras palavras, o rei era um ser
intocável. Portanto, se Ainz iniciasse o diálogo, os Dwarfs o menosprezariam?
Depois de olhar para os Dwarfs, a resposta para isso foi sim ou não?
“Eu sou o governante do Reino Feiticeiro, o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown.”
“Nós, nós lhe oferecemos boas-vindas, soberano do Reino Feiticeiro, Vossa Majestade
Ainz Ooal Gown. Podemos oferecer-lhe um lugar? Há lugares para seus estimados segui-
dores bem ali.”
Ainz assentiu, e então foi levado para o que ele chamava de lugar do aniversariante.
Sentou-se com desenvoltura majestosa, usando movimentos que praticara repetidas ve-
zes. Shalltear, Aura e Zenberu estavam sentados atrás de Ainz.
“Então, nós nos apresentaremos. Em primeiro lugar, neste país eu sou o—”
A apresentação parecia ter passado sem problemas, mas Ainz não conseguiu conter
suas preocupações.
Apenas manter seus respectivos nomes em mente já era difícil. Ter que associar cada
um desses nomes e títulos a um rosto estava se mostrando um grande desafio.
Os nomes eram fáceis de lembrar, mas acrescentar o título no meio disso o deixava des-
confortável. Coisas como “Mestre de Cavernas e Minas” ou “Mestre de Minas e Cavernas”
só pioraram as coisas.
Dito isso, Ainz conseguiu se lembrar deles. Ele não teria sido capaz de fazer isso se não
tivesse perguntado sobre eles com o Comandante-Chefe.
“Por favor, permita-nos agradecer em nome deste país. Sem Vossa Majestade, este país
teria sido destruído.”
Essas palavras foram ditas pelo Mestre das Cavernas e Minas. Todos os Dwarfs presen-
tes assentiram em resposta.
“Não é para tanto. Meu país é realmente poderoso no sentido militar. No entanto, exis-
tem algumas inadequações quando se trata de outros campos. Eu ficaria muito grato se
pudesse me ajudar nesses aspectos.”
Nós veremos através de qualquer mentira. Essa determinação inflexível era palpável.
Não posso esperar que todos se sintam bem em relação a mim... Bem, dada a diferença de
poder entre nossas nações, qualquer um seria cauteloso.
O mesmo valia para Ainz. Se a guilda mais bem classificada de YGGDRASIL — Seraphim
— oferecesse um Item World-class e pedisse para negociar, Ainz também suspeitaria de
algum tipo de armadilha.
“Em primeiro lugar, gostaria de iniciar relações amistosas entre nossas nações. Então,
gostaria de me envolver no comércio.”
“—Então é isso.”
“Eu ouvi de um de seus compatriotas que a alimentação base de seu povo são cogume-
los e carne, estou errado? Lembro-me de algo sobre fazendas no sopé da montanha, onde
produzem legumes frescos, mas aparentemente são poucas em número e sua variedade
é bastante pobre. Minha nação pode fornecer legumes frescos e — os destilados alcoóli-
cos de reinos humanos e do Reino Feiticeiro têm algum interesse para vocês?”
O tema envolvendo álcool fez os olhos dos Dwarfs brilharem. Essa foi uma reação muito
franca.
“Eu também ouvi dizer que este país negocia com a nação humana à leste, mas não em
grande escala.”
“Não podemos carregar muitos bens devido aos declives e ao perigo dos caminhos da
montanha. Além disso, mover-se em grupos chama a atenção dos monstros. Existem
muitos monstros que atacarão, independentemente do número de suas presas. Em par-
ticular, as emboscadas aéreas são difíceis de lidar.”
Infelizmente, a única exportação notável que o Reino Feiticeiro poderia ostentar era
seus undeads. No entanto, para a nação Dwarfs, mesmo os alimentos comuns venderiam
bem.
Ainz sorriu maldosamente em seu coração quando ele fez sua pergunta.
“Se esse é o caso, então devo recomendar ainda mais as relações nacionais comigo —
com o Reino Feiticeiro, para que possamos exportar alimentos.”
“Fazer com que as pessoas do seu país movam a carga por si mesmas ainda seria bas-
tante perigoso. Eu sinto que a minha nação deve assumir a liderança no estabelecimento
de uma rota comercial adequada para que o pessoal da sua nação possa transportar seus
produtos com segurança. Quando isso acontecer, vagões e carruagens serão capazes de
mover-se tranquilamente. Claro, eles não serão movidos por nada tão frágil como cava-
los, mas por outras feras de carga.”
Assim que Ainz estava prestes a iniciar uma apresentação entusiasmada, o Forjador
Mestre o interrompeu.
“É verdade que muitas pessoas pensariam dessa maneira por ser um estereótipo da
raça. E para ser justo, é verdade. Os undeads são seres que odeiam e atacam os vivos.
Contudo!”
“Sob minha autoridade absoluta, os undeads do Reino Feiticeiro não apresentarão ne-
nhum problema para vocês. Pode ficar tranquilo quanto a isso.”
A boca do Forjador Mestre apertou em forma de へ. Ele não parecia acreditar em Ainz.
Ele deve ter tido uma experiência ruim onde algum undead matou sua família, ou algo
assim.
“Mão de obra?”
“Durante minha jornada até aqui, falei com um de seus compatriotas que salvei dos
Quagoas—”
Ainz não tinha feito isso de propósito, mas não foi um acidente, então ele decidiu ex-
pressá-lo como se tivesse feito um favor a eles.
“E ouvi falar do trabalho que acontece nas minas de seu país. Mesmo sendo um trabalho
para os mineiros de seu povo, os undeads podem lidar com isso para vocês.”
“Claro. Eu conduzi este experimento em nações humanas, e foi realizado com perfeição.
Na verdade, o dono das minas que alugou eles até pediu que eu fornecesse mineradores
adicionais.”
Ele tinha ouvido falar disso de Albedo quando ela lhe enviou uma mensagem preocu-
pada, então não era mentira.
“Parece que o seu país está familiarizado com as características especiais dos undeads...”
“Então, confio que não preciso elaborar os motivos dos undeads serem excelentes tra-
balhadores?”
“As palavras de Vossa Majestade são compreensíveis. Se pudéssemos controlar com se-
gurança os undeads...”
“Ser capaz de realocar a mão de obra atribuída à mineração é uma proposta muito atra-
ente.”
“Contudo...”
Esse “Contudo...” provavelmente seria seguido por dúvidas sobre se eles realmente po-
deriam confiar nos undeads. Era natural que eles se sentissem em conflito sobre um mé-
todo que era diferente de como eles tinham feito as coisas até agora.
Em última análise, isso era apenas publicidade para os produtos de sua empresa e não
uma tentativa séria de fechar uma venda. Claro, se eles pudessem aceitar o trabalho dos
undeads, isso certamente o deleitaria.
“Bem, eu apenas pretendia dizer que eu poderia fornecer tais trabalhadores. Eu en-
tendo seu mal-estar em relação aos undeads—”
“—Vossa Majestade, antes disso, gostaria de fazer uma pergunta sobre os undeads. Po-
deríamos comprá-los como uma força defensiva?”
“Estou ciente disso. Mas os undeads do Reino Feiticeiro são extremamente poderosos.
Com eles por aí, não precisamos temer nenhum ataque dos Quagoas. Há muitos benefí-
cios em comprá-los como uma linha defensiva final. A coisa mais importante, a coisa que
todos devemos considerar, é a segurança de nossa nação. Agora que perdemos nossa
fortaleza, o poder é mais necessário do que qualquer outra coisa.”
“Ainda assim, não vê que é muito mais perigoso ter as mãos de outra nação ao redor de
nossas gargantas!?”
“Já disse meus motivos, agora não é hora de falar sobre esse tipo de coisa!”
“...Vamos deixar assim. Deixem essas palavras para discussões em particular. Isso não
é algo que deveríamos dizer diante de Sua Majestade, que teve o trabalho de se deslocar
até aqui. Perdoe essa gafe, Vossa Majestade. Esse conflito foi causado pela natureza atra-
ente das propostas de Vossa Majestade, e ficaríamos muito gratos se permitisse que pas-
sasse despercebido. —Então, posso saber o que Vossa Majestade deseja deste país? Eu
sinto que não temos praticamente nada a oferecer.”
“Certamente não é o caso. Primeiro, desejo minério. Os estoques do meu país são limi-
tados.”
“Entendo...”
“Então é por isso que sugeriu que empregássemos undeads. Se pudéssemos escavar
minérios em grandes quantidades, haveria um superavit suficiente. Em outras palavras,
deseja manter o preço de minério baixo. É isso?”
Ainz não tinha pensado tão longe, mas Ainz assentiu e fingiu que era o caso.
Não é de se admirar...
Todas as pessoas a quem Ainz havia perguntado sobre esse tópico concordaram que
esse era um fato inegável.
No entanto, armas e armaduras de qualidade feitas em grande escala eram mais caras.
Se eles comprassem dos Dwarfs, então haveria menos armeiros e armadureiros no Reino
Feiticeiro. Se houvesse uma clara diferença tecnológica entre os dois países, seria melhor
melhorar a tecnologia da própria nação do que tomar a atitude tola de comprar grandes
quantidades de armas e armaduras de qualidade superior.
Naturalmente, havia muitas maneiras de lidar com isso, como a cobrança de tarifas e
coisas do gênero. Era preciso garantir que ele pudesse lucrar com os Dwarfs sem ficar
constantemente importando, entre outras dores de cabeça.
A resposta simples seria entregar tudo isso a Albedo e Demiurge. No entanto, Ainz tam-
bém tinha suas próprias considerações.
Seu plano era limitar as vendas a recém-fundada nova Guilda dos Aventureiros ou
alugá-las para aventureiros.
Os preços baixos eram muito atrativos para os aventureiros, e mantê-los vivos também
beneficiaria o Reino Feiticeiro. Se eles pudessem vender produtos antigos a preços bai-
xos, isso contribuiria para aumentar as taxas de sobrevivência de aventureiros.
“Embora não tenhamos agradecido a Vossa Majestade por compartilhar tudo isso co-
nosco, essas são questões que não podem ser respondidas imediatamente, em particular
o que é relativo ao equipamento de guerra. Poderia nos dar um tempo para discutir isso?”
“Claro. Discutam até chegar a uma conclusão. Eu não ficarei chateado, mesmo se não
pudermos iniciar o comércio imediatamente. Meus próprios subordinados já estão equi-
pados com equipamentos de ponta. Eu apenas desejo adquirir armas e armaduras para
o meu povo.”
Tudo bem.
Ainz pensou.
Agora era o momento crucial. Era hora de completar seu objetivo de vir a esta cidade.
“A reação à invasão Quagoa foi apenas uma decisão pessoal. Isso é correto, Coman-
dante-Chefe?”
“De fato.”
“Se Sua Majestade não estivesse por perto, teríamos que confiar em um único portão
para bloquear o avanço inimigo. Uma vez que o portão fosse violado, precisaríamos mo-
bilizar os cidadãos para uma batalha decisiva dentro da cidade, a fim de ganhar tempo
para as crianças fugirem. Eu imagino que teria sido o caso.”
Talvez tenha sido devido ao relatório anterior do Comandante-Chefe, mas a total au-
sência de objeções ou contra-argumentos expressou a sua superioridade a todos.
Não havia ninguém presente que fosse motivado por idealismo, emoção ou ganho pes-
soal. Se houvesse alguém assim aqui, particularmente se possuíssem autoridade ou in-
fluência, então perderiam tempo inutilmente antes mesmo que o básico fosse comple-
tado, tagarelando até a reunião ser concluída. Por isso o fato de não haver ninguém assim
aqui era digno de elogios.
“Então, por favor, explique-me mais detalhadamente. O que essa batalha decisiva im-
plicaria?”
“É difícil responder porque não sabemos a total força de batalha do inimigo. No entanto
— supondo que houvessem mil Quagoas — estaríamos em uma situação complicada.
Repeli-los seria muito difícil, e tudo o que conseguiríamos seria enfraquecer nossa nação
devido à perda de recursos e mão de obra.”
O Comandante-Chefe murmurou.
“Foi provavelmente porque a fortaleza na Grande Fenda era muito forte. Os Dwarfs se
tornaram arrogantes, acreditando que “tudo vai ficar bem contanto que ela exista”.”
Ainz levantou a mão para silenciar os Dwarfs, que pareciam prestes a falar. O Coman-
dante-Chefe poderia ter tomado as rédeas da conversa, mas Ainz ainda não terminou de
falar.
“Os Quagoas foram repelidos por enquanto, mas Feoh Jēra ainda não está em paz. Essa
é a minha opinião.”
“Sem mim, será muito difícil repelir a próxima invasão dos Quagoas. Mesmo para al-
guém como eu, a destruição de uma nação com a qual estou prestes a começar a negociar
seria bastante problemático. O que vocês acham? Não vão fazer uso da minha força?
Dado o poder da minha nação, posso garantir que sua nação não será atacada por um
tempo... Sim. Por exemplo, eu creio que poderia ajudar a recuperar o local que hoje é um
ninho de Quagoas, a antiga capital de seu povo.”
O ar pareceu estremecer.
“Vossa Majestade, então quer dizer que tal coisa seria possível?”
“...Isso parece idealista demais. Por que está nos dando tanta ajuda? O que quer de nós?”
“É como acenar uma garrafa de bom vinho na frente de um estranho. Você realmente
acha que não há algo por trás?”
“Ngg!”
“Além disso, gostaria que essa dívida fosse paga não em palavras, mas de maneira ma-
terial. Isso leva a outro motivo.”
“Entendo, então é sobre o pagamento. Então deseja ouro, metais raros, ou minérios exó-
ticos? Ou deseja direitos de mineração também?”
Claro.
Ainz queria dizer isso, mas engoliu essas palavras e resistiu ao impulso de falar.
“Não, eu quero algo diferente. Eu quero recrutar os ferreiros rúnicos deste país para a
minha nação.”
“...É porque armas e armaduras rúnicas são muito raras nas nações que cercam o Reino
Feiticeiro. Eu acho que são artigos muito valiosos. Em outras palavras, elas são muito
valiosas. Por isso, pensei em recrutar os ferreiros rúnicos e fazer com que produzam
equipamento de guerra em minha nação.”
“Eu não farei nada do tipo. Não escutou o que eu disse? Eu disse que queria abrir laços
internacionais e começar o comércio, não é? Você realmente acha que eu levaria as pes-
soas de tal nação parceira como escravos? Francamente... estou um pouco desapontado.
Tudo o que eu tenho em mente é recrutar os ferreiros rúnicos e fazer com que produzam
equipamentos rúnicos no meu país.”
“Nesse caso, e se lhe dermos prioridade máxima nas vendas de equipamentos rúnicos?”
Os Dwarfs se entreolharam.
Interveio o Comandante-Chefe:
“Não esqueça que esta cidade ainda corre o risco de ser atacada pelos Quagoas. Mesmo
que Sua Majestade aceite a tarefa de derrotar os Quagoas, levará tempo para ele reunir
suas tropas. Com esse ponto em mente, não podemos esperar até amanhã. Devemos dar-
lhe uma resposta imediatamente.”
“Não é minha vez de falar aqui. No entanto, se estão verdadeiramente em uma posição
tão miserável, então ter cumprido minhas promessas anteriores também será bastante
problemático. Se a situação piorar, então terei que adicionar várias outras condições.
Afinal, é preciso esperar pagar caro pelo trabalho feito de última hora.”
♦♦♦
A sala ainda estava velada em silêncio, mesmo depois da partida do Rei Feiticeiro.
Pouco depois, alguém exalou e isso dispersou a tensão que pairava no ar.
“Aquele cara é um monstro sem igual! Comandante-Chefe, aquele monstro fez meu ca-
belo ficar em pé. Não há dúvidas sobre o medo que ele comanda.”
“O que a gente faz agora? Ele é o mal encarnado. Se um por cento do que ele diz é ver-
dade já me deixou assim, imagina se for cem por cento.”
“Como alguém que irradia aquela aura maligna pode ser benevolente? Olhe para ele,
quantos dos vivos você acha que ele matou até agora?”
“Mmm. Ele deve ter levado tantas vidas que nem consegue se lembrar de todas. E pen-
sar que o rosto arrepiante poderia realmente expressar palavras tão normais.”
“Ele deve estar reunindo equipamentos para uma grande invasão. Por seu exército das
trevas!”
“Se não bastasse tudo, eu odeio como ele é tão fácil de entender e concordar. A sensação
que ele passa é exatamente como aqueles demônios que roubam almas com contratos.”
Eles foram unânimes em rejeitar a proposta do Rei Feiticeiro. Muitos concordaram que
as palavras dos undeads não poderiam ser confiáveis.
“No entanto, a proposta de Sua Majestade é muito atraente para o nosso país. Em pri-
meiro lugar, nosso país será destruído se não fizermos algo sobre os Quagoas. Além disso,
o Rei Feiticeiro é a única pessoa que pode nos salvar.”
Suas palavras fizeram os outros Dwarfs parecerem ter mastigado um verme amargo.
“Vamos tirar essa pedra do sapato de uma vez por todas. Não há como lidar com os
Quagoas apenas com a nossa força?”
“Não tem jeito. Com a ajuda do Rei Feiticeiro, poderemos recuperar a fortaleza, mas há
muitas coisas que precisamos fazer. Agora, tudo o que podemos esperar é recuperar a
fortaleza. Se Sua Majestade não viesse aqui, os Quagoas poderiam estar inundando a ci-
dade neste exato momento.”
“Se o Rei Feiticeiro falou a verdade, então também houve avistamentos de Quagoa em
Feoh Raiđō.”
“Ainda assim, isso tudo acontecer ao mesmo tempo é muita coincidência. Será que o Rei
Feiticeiro está manipulando as coisas?”
“É bem provável, mas não temos provas. Tudo o que podemos fazer é supor.”
“E acha que ele pode? ...Bem, eu acho que não dá para confiar em um cara que não bebe.”
“Sim, mas...”
“Acredito que todos podemos aceitar o que o Rei Feiticeiro está dizendo. Pois faz todo
o sentido. Eu faria o mesmo na posição dele, ao escolher os Dwarfs no lugar dos Quagoas.”
Se ele comandasse um exército que poderia facilmente aniquilar os Quagoas, então aju-
dar os Quagoas a matar os Dwarfs não lhe ofereceria muitos benefícios.
“Ele disse que queria emprestar trabalhadores undeads para nós. Conduzir as minas
por conta própria será mais lucrativo, não?”
“Bem, não haveria sentido em nos levar como escravos. Além disso, nós conhecemos a
montanha, não é?”
“Uhum. Isso é muito provável. Ele sente que explorar as minas por si só seria muito
problemático, então nos deixará escavar os minérios. Resumindo, ele vai nos dar uma
linda coleira para nos agradar, então?”
“...Apesar de tudo isso, depois de conversar com o Rei Feiticeiro, tenho a impressão de
que tudo ficará bem, desde que negociemos com ele. Ou seja, ele não pretende nos ex-
plorar com acordos comerciais irregulares?”
“Se for assim, posso entender o porquê ele está oferecendo termos tão generosos. E
então, não seria certo concordar com a proposta dele?”
A opinião geral mudou de “lidar com ele é perigoso” para “estaremos a salvo enquanto
tivermos valor”. No entanto, durante o curso dessa mudança, um Dwarf falou friamente.
Todos os olhos se voltaram para o homem que se opusera firmemente a Ainz desde o
começo — o Forjador Mestre.
“Não é uma questão de bem ou mal. Neste momento, nosso país está em crise de sobre-
vivência. Se não fizermos algo sobre os Quagoas, NÓS seremos destruídos.”
“E se pedirmos ajuda ao Império? Nós tivemos relações com eles por muitos anos. Não
seria mais seguro? Não sabemos nada sobre o Reino Feiticeiro, ou você sabe...?”
“Mesmo se pedirmos ajuda ao Império, eles não teriam chance contra os Quagoas. Eles
são inimigos muito difíceis para quem usa uma arma. O mais importante é que os huma-
nos não podem ver no escuro e não são adequados para combate subterrâneo. Até po-
deriam ter uma chance, se pudéssemos atraí-los para a superfície, mas não temos como
fazê-lo.”
“Então parece que lidar com o Reino Feiticeiro é nossa única opção. Em todo caso, co-
meçaremos pedindo ajuda e deixaremos as negociações depois que virmos o Reino Fei-
ticeiro. O que acha?”
“Essa pode ser a maneira mais segura de fazer isso. Ainda assim, estamos fazendo ne-
gócios com eles para derrotarem os Quagoas, não? Então, se não fizermos um acordo
com eles, precisaremos pagar pelos serviços prestados, não é? ...Eu nem quero pensar
em que tipo de preço se pode colocar em salvar um país.”
“Eu acho que a única maneira de salvar o país é aceitar a proposta dele. Isso significa
que teremos que confiar na força do Rei Feiticeiro pelas próximas décadas.”
“Escravos?”
Mesmo que tudo o que o Rei Feiticeiro afirmasse fosse verdade, qualquer um que co-
nhecesse os undeads e seu ódio pelos vivos, não seria capaz de acreditar.
“Reféns, então?”
“Não. Não haveria necessidade dele especificar os ferreiros rúnicos, nesse caso. Ele po-
deria facilmente ter afirmado demandas para os membros da nossa família.”
“Então, podemos recusar a questão dos ferreiros rúnicos, mas perguntar se mais al-
guma coisa serviria como pagamento?”
“Não, ele não vai aceitar. Vamos precisar da força dele para recuperar nossa Capital
Real, certo? Se dermos isso como pretexto, o que diremos quando ele nos perguntar:
“Vocês pegaram esses tesouros dos cofres da cidade que eu recuperei?” se estivesse no lu-
gar dele, acha que seria um bom negócio?”
“...Sendo honesto, acho que a melhor coisa a se fazer é apenas aceitar todos os termos
que ele impor.”
“—Escravos!!”
“Essa é apenas sua opinião! O Rei Feiticeiro já disse que não os pegará como escravos!
Tudo o que precisamos fazer é enviar as pessoas para ter certeza disso, certo? E o mais
“Mas vamos perder todo esse ramo do nosso ofício, você não acha?”
“Eu me oponho!!”
“Isso é o resultado da lógica e não das emoções? Não olhe assim para mim.”
“Eu não tenho idéia do porquê vocês têm tanta confiança no Rei Feiticeiro!!”
“Isso não tem nada a ver com confiança, pois esta cidade certamente será destruída se
não tomarmos emprestado a força do Rei Feiticeiro. O que você está fazendo é deixar de
lado o único lugar que ainda temos para viver.”
“Eu estou no comando das forças armadas desta cidade. E eu digo que a única maneira
de proteger a cidade é com o poder de Sua Majestade! Você quer destruir esta cidade?
Caso contrário, me dê uma maneira de vencer os Quagoas sem a força dele! Relíquia ve-
lha!”
“Seu—! Você tem chamado aquele monstro de Sua Majestade desde que entrou nesta
sala! Já traiu nosso país, ou o quê!?”
“Que besteira é essa!? Velho bêbado! Quer brigar, é!? É natural referir-se a alguém com
tal poder com termos de respeito! Vocês são aqueles que não podem ser confiáveis! Ele
poderia facilmente aniquilar este país, sabia disso? Se diz que eu sou o traidor da nação,
você é o assassino de todo nosso povo!”
“Enfim, vamos votar. Se alguém discordar, discutiremos mais tarde. Vai ser mais cons-
trutivo do que socarem um ao outro.”
“Primeiro, se vamos deixar os ferreiros rúnicos irem para o Reino Feiticeiro, a fim de
fazer uso do poder do Rei Feiticeiro. Todos a favor, levantem a mão.”
“Mm. Então, o próximo item. Queremos forjar relações com o Reino Feiticeiro e começar
o comércio? Todos a favor, levantem a mão.”
“Entendo. Então, a votação sobre o Rei Feiticeiro — Sua Majestade foi decidida. Des-
culpe, Comandante-Chefe, mas pode chamar Sua Majestade de volta agora.”
Parte 2
Ainz e companhia foram mais uma vez convidados para a Câmara do Conselho. Depois
de entrar, eles viram um único Dwarf descontente, já os outros estavam cheios de posi-
tividade. O Comandante-Chefe também parecia bastante à vontade.
Em outras palavras, tudo se desenvolveu como ele esperava. Ainz sorriu por dentro.
“Por favor, aceite nossas sinceras desculpas por fazê-lo ir e vir constantemente. Após
nossas discussões, decidimos proceder como Vossa Majestade deseja. Para começar, nos
jogaremos sobre a compaixão de Vossa Majestade em relação à questão do posiciona-
mento das tropas. Depois disso, abriremos relações diplomáticas e começaremos a ne-
gociar com a nação de Vossa Majestade. Dito isso, a natureza dos bens comerciais e os
métodos da transação exigirão mais negociação para resolver os detalhes minuciosos.”
Eles pretendiam realizar uma inspeção no local de trabalho? Parecia mais provável que
eles quisessem ver se o Reino Feiticeiro estava aderindo ao seu lado do acordo traba-
lhista entre as duas nações.
Se bem me lembro, os contratos trabalhistas nunca são honrados. Mas eu juro que não
vou deixar ninguém ficar como o Herohero-san. Preciso elaborar um contrato com termos
que os Dwarfs vão respeitar, permitir que os ferreiros rúnicos se concentrem no desenvol-
vimento e afins, entre outras coisas.
Ainz acenou com a cabeça para os Dwarfs e sua preocupação pelos colegas.
Não, tudo isso graças aos Quagoas. Essa situação aconteceu porque eles conquistaram a
fortaleza. Se não tivessem escolhido esse tempo para atacar a nação Dwarf, os eventos não
teriam se desenrolado tão suavemente. Criar um espetáculo de recrutamento para os fer-
reiros rúnicos teria gastado muito tempo e recursos. Agora eu quase sinto pena por exter-
minar os Quagoas...
Embora fosse improvável que os Quagoas houvessem derrotado os Death Knights, mas
sim um jogador, ele não podia descartar uma conexão inteiramente. Era preciso verificar
isso o mais rápido possível.
“Então, nos colocaremos em sua liderança. Para nós, Dwarfs, sermos capazes de recu-
perar Feoh Berkanan é como um sonho que se torna realidade. Tenho certeza de que as
pessoas vão se alegrar com o poder incomparável de Vossa Majestade. Pode parecer for-
çado, mas este sentimento virá de seus corações.”
Os Dwarfs fizeram essa pergunta nervosamente. Ainz estava confuso por essa atitude
de medo. Ele não disse nada que deveria assustá-los. Ainda preocupado com o fato de
ter feito algo estranho, ele perguntou:
Ainz se virou, olhando para onde o som tinha vindo, para o Lizardman que estava pren-
dendo a respiração.
Ainz falou disso pois pretendia preservar a vida de Zaryusu. Ele certamente seria pai
de muitos Lizardmen raros no futuro. Assim, presenteá-lo com essa excelente armadura
era algo bem lógico.
Que logo cruzou os braços, ainda franzindo a testa para Ainz. Ele não parecia aprovar
nada.
Depois de ser questionado novamente e cutucado pelas pessoas ao lado dele, o Forjador
Mestre finalmente assentiu, a má vontade estava escrita em todo o seu rosto.
“Eu não tenho confiança em assuntos mágicos. Então terá que perguntar ao Sumo Sa-
cerdote sobre isso.”
“Se estiver bem com um encantamento de baixo nível, então não deve haver nenhum
problema. Isso não te incomoda, Vossa Majestade? Eu acredito que deveria ter melhores
encantadores dentro do seu domínio...”
Em outras palavras, o Reino Feiticeiro não tinha capacidade de encantar itens mágicos.
Mas é claro que não havia necessidade de deixá-los saber sobre isso.
“Se houver necessidade, tudo o que tenho a fazer é reforçar o encantamento existente.
Mas enfim, eu gostaria de uma armadura feita aqui. Isso também servirá como publici-
dade para os armadureiros Dwarfs.”
“Ho...”
“Perfeito. Isso seria maravilhoso. Até lá, estarei empenhado em recuperar a capital. Bem,
se a batalha acabar antes de terminar, posso acabar esperando nesta cidade até que fique
pronta.”
Ficou claro que ele não quis dizer “seria uma pena mantê-lo esperando”. Era mais como
“eu terminarei rápido, então você não demorará passeando por esta cidade”.
Por que ele me odeia tanto? Eu deveria ser um herói para este país, não? Ou o libertador
que reivindicou sua Capital Real, que tal? Eu não me lembro de fazer nada para merecer
tal ressentimento... é isso não? Ele é realmente apenas um idiota teimoso?
“Isso resolve o preço desse artigo em particular. Quando falo de pagamento, refiro-me
ao fato de que é um produto final e uma amostra. Eu preciso que você me diga quanto
custa para que eu possa estimar o quanto é preciso para produzir esse tipo de coisa.”
“...Eu não decido os preços. Ei, Mestre da Guilda Mercantil, você é o responsável por
isso.”
“...Para começar, teríamos que considerar o material usado em tal armadura. Isso cer-
tamente afetaria a faixa de preço...”
“Adamantite, hm? Não há nada mais duro do que isso aqui? Não, mesmo um metal le-
vemente mais macio serviria como uma raridade nesta cordilheira.”
Havia a possibilidade de que esta informação fosse confidencial e eles não pudessem
falar abertamente dela com Ainz. No entanto, o questionamento direto não ajudaria.
Usar magias de charme para fazê-los falar deixaria lembranças de serem controlados,
então, se ele não pudesse eliminá-los depois, não seria uma opção. Infelizmente, ele não
tinha outra maneira de perguntar.
Como Gondo também não sabia, ele só podia depositar suas esperanças nos ferreiros
rúnicos mais experientes.
Quando Ainz escondeu sua decepção, ele tirou um lingote de baixo de suas vestes.
“E isso é...”
Julgando pela expressão no rosto do Forjador Mestre enquanto ele examinava o lingote,
Ainz tinha certeza de que este minério não poderia ser escavado em nenhum lugar perto
daqui.
“É sem...”
Ainz fechou a boca antes de poder dizer “sem valor”. Afinal, essa era a matéria-prima
para uma armadura que ele estava dando a Zaryusu. Ele não podia dizer esse tipo de
coisa na frente do ferreiro que estaria assumindo a tarefa.
Depois de alguma pesquisa, ele retirou uma estranha espada curta — uma das armas
em YGGDRASIL que tinha sido projetada com forma sobrepujando a função. Então ele
voltou para a sala. Assustado pelo fato de que Ainz estava segurando uma espada curta,
os Dwarfs se mexeram desconfortavelmente em seus assentos. Ainz colocou a espada
curta na mesa e a deslizou para eles.
Ele não pegou a espada curta que deslizou diante dele, mas sim a estudou com um olhar
assustador no rosto. Deve tê-lo incomodado de alguma forma.
“Esta aqui. Já que é uma espada curta, não sei se pode usá-la como referência para ar-
maduras... Mas que tal? Pode fazer isso?”
Por alguma razão, essas palavras fizeram o Forjador Mestre ficar vermelho.
“Uhum. Estou ansioso pelos seus serviços. Eu gostaria de uma armadura de cota de ma-
lha, se possível. Vou emprestar a espada curta também; se precisar de mais alguma coisa,
“Então... isso é tudo para o meu pedido. Se estiver tudo bem com você, vou me retirar.”
“Ahh, Comandante-Chefe. Havia um Dwarf da cidade do sul que eu salvei, não? Fui con-
vidado para a casa dele e serei um hóspede lá hoje... Vamos deixar a recepção de boas-
vindas para mais tarde.”
Ou melhor, Ainz não queria passar vergonha, então queria evitar tal cerimônia. Claro,
ele não disse isso.
“Então vamos fazer assim. Vou visitar o Gondo — o Dwarf que me trouxe até aqui — e
pedirei desculpas por mantê-lo esperando.”
Parte 3
Um outro Dwarf entrou. Ele era um ferreiro rúnico. Nos tempos atuais, havia poucas
pessoas nesta cidade que chamavam a si mesmas de ferreiro rúnico, e ele era uma dessas
pessoas.
O Rei Feiticeiro dera alguma coisa a Gondo, que ele, por sua vez, passara para todos os
ferreiros rúnicos que conhecia. Os resultados foram excelentes. Mesmo antes da hora
marcada, 90% dos ferreiros rúnicos que ele havia abordado já estavam em seu ateliê e
no laboratório de pesquisas. Não havia dúvida de que o resto também chegaria cedo.
Quantas vezes essas palavras foram repetidas até agora? Mesmo Gondo achando isso
irritante, ele o racionalizava como uma forma de trabalho, e ele deu ao Dwarf a mesma
resposta que ele deu a todos os outros:
“O Rei Feiticeiro tem algo para dizer a todos. Você vai receber mais depois disso.”
“O quê?”
“Já disse, não? Antes de te dar aquela garrafinha. Sua Majestade tem algo a dizer e, de-
pois de ouvir até o final, você receberá um garrafão.”
Gondo sabia o que estava vindo, mesmo antes dele dizer. Todos os ferreiros que tinham
vindo disseram a mesma coisa.
“Ninguém além de Sua Majestade tem desse vinho. Entende? Esse vinho só pode ser
encontrado no país dele.”
“Mm, mhm. Isso é verdade. Esse gosto, é como alegria se espalhando pela boca... Ele
desliza pela garganta, mas queima no estômago...”
“Vamos lá, não seja assim. Você já provou antes, não é? Então entende como me sinto?”
“Oh, que desperdício! Gondo, isso é como perder quatro quintos da vida!”
“Ohhh! Sério!?”
O ferreiro animado começou a correr e então parou de repente. Então, ele se virou para
olhar para Gondo. Muitos dos ferreiros aqui tinham feito isso também.
“E você, Gondo?”
“Mesmo? Mas...”
“...Se diz. Mas há uma coisa que você deve lembrar. Pode me pedir ajuda a qualquer
momento se precisar.”
Depois de dizer isso, o ferreiro se moveu para sentar-se com os outros. Então, ele se
juntou à discussão entusiasmada sobre as alegrias do álcool.
O Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown havia dado a Gondo um certo item para reunir os fer-
reiros rúnicos.
Gondo não o bebeu, mas nenhum Dwarf resistiria ao sabor do delicioso vinho. Assim,
aguçando seus apetites com uma pequena amostra de álcool exótico e prometendo-lhes
uma grande garrafa depois, eles devem ser capazes de reunir cerca de metade dos fer-
reiros. Isso foi o que o Rei Feiticeiro disse. Contudo—
Gondo suspirou novamente. Pessoalmente falando, ele não queria reuni-los com tru-
ques tão baratos. Em vez disso, ele queria inflamar seu orgulho como artesãos e fazer
com que eles se recuperassem.
O Rei Feiticeiro usara o método mais rápido e eficaz para reunir os ferreiros. Confiar
em seu orgulho para uni-los teria desperdiçado muito tempo valioso.
Na hora marcada, Gondo verificou o número de Dwarfs que haviam aparecido. Cada um
estava presente.
A garota que correu até Gondo era uma das ajudantes de confiança do Rei Feiticeiro,
Aura.
“Táá~”
Ele não tinha certeza do que exatamente aquela garota era. Por que aquele undead
quase onipotente depositou tanta confiança nela? Ela era a prova de sua amizade com
os Elfos Negros?
Enquanto Gondo ponderava sobre isso, Ainz Ooal Gown se adiantou em uma plataforma
elevada. Ao lado dele estava a outra fêmea que servia como ajudante.
“Ohhhhhhh!”
“É o undead!”
“Um inimigo!?”
Os Dwarfs foram jogados no caos. Isso era apenas esperado. Os undeads eram os inimi-
gos de todos que viviam.
“Isso—”
“—Silêncio ~arinsu.”
“Não, assim está bom. Obrigado pelo seu árduo trabalho, Shalltear. Tudo bem, obrigado
a todos por virem. Há vinho suficiente para todos, então depois disso, basta levar uma
garrafa com vocês. Até lá, espero que fiquem quietos e me escutem. É claro que, se acha-
rem que minhas palavras não valem a pena, vocês são livres para sair do local. É claro
que quem o fizer não receberá a garrafa desse vinho.”
Cada fibra do seu ser — da sua atitude à sua dicção e muitas outras coisas — era prova
certa do seu poder esmagador. Então, houve seu arrogante e majestoso porte que os ins-
tintivamente fazia se acovardarem diante dele. Era como se cada articulação de seus de-
dos estivesse impregnada de poder.
“Em primeiro lugar, eu sou o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown. O domínio ao sul desta
cordilheira, além da Grande Floresta de Tob, pertence a mim. Ser capaz de conhecê-los,
estimados ferreiros rúnicos, me encanta do fundo do meu coração. Dito isso; minhas pa-
lavras são uma proposta muito simples, assim como uma solicitação. Venham para meu
país. Eu quero usar o seu ofício rúnico para começar uma revolução no encantamento
de itens mágicos.”
Quando ele ouviu as palavras do Rei Feiticeiro, um pico de dor — nascido de decepção
e desespero — perfurou o coração de Gondo.
Ele descartou a questão do pai e do avô e olhou para os rostos dos ferreiros ao lado.
Todos eles tinham expressões amargas em seus rostos. Essa resposta não parecia posi-
tiva.
“Por que deseja nosso ofício? Sendo sincero, é praticamente uma arte em extinção neste
país também.”
“Perdido?”
Sob os olhos dos Ferreiros rúnicos, o Rei Feiticeiro produziu uma espada de sua dimen-
são de bolso.
Foi um choque ver o nascimento de uma espada sendo arrancada do ar. Havia também
terror na visão do rei esquelético, envolto em luz profana, segurando uma lâmina.
Mas a razão pela qual Gondo exclamou mesmo sendo ele, foi o mesmo espanto que pre-
encheu todas as outras pessoas aqui. Era uma espada de lâmina preta de extraordinária
qualidade. O gume era inacreditavelmente fino, praticamente brilhava com brilho má-
gico.
O Rei Feiticeiro ergueu a espada, como se para mostrá-la aos Dwarfs. Os olhos de Gondo
instintivamente seguiram seu brilho também.
Gondo seguiu para onde o Rei Feiticeiro estava apontando e gritou. O mesmo aconteceu
com os outros ferreiros.
No entanto, apenas Gondo notou que uma das runas da espada era a mesma que a que
o Rei Feiticeiro descrevera durante o encontro no túnel.
Entendo. Então é por isso que ele sabia tanto sobre runas.
Ele deve ter adquirido esse conhecimento pelo estudo cuidadoso daquela espada.
A resposta foi óbvia — era impossível. Ninguém aqui poderia fazer isso, independente-
mente do quanto tentassem. E então, havia essa espada, que parecia existir apenas para
zombar de suas incapacidades de ferreiros.
Os ferreiros se levantaram de seus assentos, cada um com uma fúria infernal em seus
olhos. Havia uma paixão ali que não estava lá quando eles estavam falando sobre bebidas.
Então, a multidão avançou como uma horda de Zombies atacando os vivos, aos pés do
Rei Feiticeiro.
“Deixe-me ver!”
“Insolentes ~ari-nsu!”
A garota de cabelo platinado olhou para os Dwarfs invasores com um olhar assustador
em seus olhos. Os Dwarfs congelaram por um instante, como se estivessem empalados
por um medo tão afiado quanto lâminas de gelo. E então—
Sua aura era a de um líder que estava totalmente confiante em sua posição. Mas nova-
mente, pode ter sido porque ele era um mestre inigualável da morte.
Gondo sabia disso desde que encontrara Ainz naquele túnel, mas Ainz não revelara esse
lado daquela vez. Deve ter sido uma atuação para impedir que Gondo se encolhesse de
medo. Esta deve ser a verdadeira natureza do Rei Feiticeiro.
Eu não posso dizer sua expressão, mas ele parece satisfeito. Deve ser porque todo mundo
está se movendo como ele planejou.
“Um momento, ilustres ferreiros. Por favor, ouçam-me até o fim. Depois disso, vocês
poderão tocá-la diretamente. Eu não continuarei até que estejam sentados, ou nenhum
dos senhores poderá tocar a espada.”
Todos olhavam para os mais antigos e experientes dos ferreiros. Ele balançou a cabeça
impotente e respondeu:
“...É assim que é. Parece que poucos sabem disso, mas duzentos anos atrás, o martelo
que o rei possuía tinha seis runas gravadas nele. Esse foi o tesouro secreto da arte do
ofício rúnico.”
Ele pensou no rosto de um ferreiro rúnico de 200 anos atrás, um homem que era um
forjador de armas veterano.
“Ohhhh! Fala do martelo de guerra que poderia fazer a terra tremer? Eu acho que ouvi
isso em uma música uma vez...”
“Entendo. Então esta arma deve ter sido feita com técnicas perdidas.”
“Não sei como essa espada foi feita. Com toda honestidade, é apenas um item que pos-
suo. E... seus criadores não estão mais neste mundo.”
“Com isso quer dizer... Mais técnicas valiosas foram perdidas, então?”
“Justamente por isso que quero reviver essas técnicas. Por isso, preciso da sua força. Eu
quero que os senhores façam algo parecido com essa espada, não importa o custo.”
Mesmo os mais habilidosos ferreiros rúnicos presentes tinham se esforçado para escul-
pir quatro runas de uma só vez. O Rei Feiticeiro pedia cinco vezes essa quantia. No en-
tanto, nenhum deles disse “É impossível”. Eles tinham seu orgulho como artesãos e, de-
pois de verem as obras-primas de um artífice anterior, não conseguiam negar.
Essa espada é como um desafio dos ferreiros antigos para os ferreiros de hoje.
Gondo pensou.
Alguém sussurrou essas palavras. Logo, essa voz não estava sozinha.
“Eu também.”
“Não falem bobagens! Eu sou o único que vai suportar esse fardo pesado.”
O som de um aplauso soou pelo ar. Sua fonte era o Rei Feiticeiro em seu palco. Embora
eles não soubessem como ele tinha feito com suas mãos ossudas, dizia-se que todas as
coisas eram possíveis para um magic caster.
“Maravilhoso. Mas será mesmo que podem fazer isso por si mesmo? Podem levantar
suas vozes e desafiar uma lenda? Isso pode ser possível. Ou não. Assim, espero que ve-
nham ao meu país e dediquem suas vidas à criação de novas técnicas.”
O Rei Feiticeiro estava oferecendo para essas pessoas — que estavam certas de que sua
arte estava praticamente extinta na nação Dwarf — uma oportunidade brilhante na
palma de sua mão estendida.
Era natural ficar confuso quando apresentado a uma lâmina tão poderosa.
“Está tudo bem? Está tudo bem em entregar uma arma tão poderosa — uma arma que
eu nunca mais veria em toda a minha vida para alguém como eu?”
“Neste momento, os senhores não são Dwarfs tentados pelo vinho, mas sim ferreiros
rúnicos que desejam aceitar um desafio. Eu posso colocar minha confiança nisso. Além
disso, deixarei esta cidade por um tempo. Então, considere com um empréstimo de curto
prazo.”
O Dwarf se endireitou.
“Ainda assim, devo dizer que não entendo muito bem as técnicas de ofício rúnico. É
possível esculpir runas em uma lâmina e depois encantá-la com magia?”
“Não funciona assim, Vossa Majestade. Runas são caracteres imbuídos de mana. Assim,
runas esculpidas e encantamentos são mutuamente repulsivos. Se um poderoso magic
caster tentar um encantamento, as runas irão se distorcer.”
“Então é assim...”
“Por acaso, quando diz que vai deixar Feoh Jēra, para onde vai?”
Ele podia ouvi-los dizer coisas como: “Aquelas ruínas—”, “Para um lugar tão perigoso—
“, “Onde os Quagoas ainda governam—”.
Gondo entendia tudo isso, mas houve algo que ele não pôde ignorar.
“Eles dizem que há três provações aguardando aqueles que desejam ir para lá a partir
deste lugar. Vai ficar tudo bem?”
Todos os oradores eram Dwarfs anciões. Como esperado daqueles que eram velhos e
cheios de vivência, parece que sabiam o que até Gondo não sabia. Talvez seja melhor
perguntar sobre isso e informar o Rei Feiticeiro.
“...Um Dragão, então. De fato, seria um adversário muito interessante. Então vou proce-
der com a maior cautela e lidar com isso com cuidado.”
Depois disso, houve várias perguntas mais simples e a reunião foi dissolvida. Isso por-
que todos perceberam que quanto mais cedo terminasse, mais tempo o Rei Feiticeiro
teria para recuperar sua capital.
Gondo pensou.
Gondo não sabia qual resposta estava correta, mas, dado a fúria bárbara nos olhos dos
Dwarfs artífices, era provavelmente o último.
♦♦♦
Ele se sentia assim desde que terminara sua apresentação. Não foi diferente de quando
ele tinha sido Suzuki Satoru. Se ele teve sucesso ou não, ele queria gritar enquanto ele se
deliciava com o sentimento de libertação e alívio.
“Isso foi realmente incrível ~arinsu. A única pessoa em Nazarick que poderia fazer isso
é o senhor, Ainz-sama ~arinsu!”
“—Hm, bem, não foi nada de mais. Tenho certeza de que o Demiurge ou a Albedo pode-
riam fazer um trabalho melhor.”
“Unhum, sim! Mesmo aqueles dois não poderiam manipular esse Dwarfs tão bem!”
Ainz não se sentia assim, mas ele não esperava que a situação se desenvolvesse bem. E
então, o sentimento arrepiante de culpa sobre se esse sucesso era uma coisa boa come-
çou a se aproximar dele.
Naturalmente, a espada que ele mostrara aos Dwarfs era um item de YGGDRASIL.
YGGDRASIL não tinha um sistema de runas. Mas novamente, pode ter existido nos da-
dos do jogo, só que não foi descoberto por ninguém até o final. Portanto, as runas escul-
pidas naquela espada eram meramente cosméticas — para decoração.
A princípio, ele pensou; talvez eles pudessem se interessar se vissem essa espada. Mas
havia sido pego completamente desprevenido pela intensidade de suas reações, ao
ponto de se arrepender de dizer que queria que eles fizessem uma espada assim.
Ele precisava fortalecer a Grande Tumba de Nazarick. Como um inimigo com um Item
World-class que pode aparecer no futuro, além de poder haver jogadores ocultos lu-
tando contra ele, ele precisava aumentar sua força de combate.
Uma Vampira que parecia estar corada de vergonha — o que era realmente surpreen-
dente quando ele pensava sobre isso. Uma semente que Peroroncino deixara para trás.
E ela foi a primeira NPC que ele não teve escolha senão matar com suas próprias mãos.
Sua supressão de emoções anulou a onda de ódio que se seguiu, mas, mesmo assim, ele
não podia esquecer. Não podia esquecer a sombra do portador do item World-Class que
o forçara a fazer isso.
Se toda a vida fosse igual, então ele gostaria de colocar um homem que torturasse pes-
soas até a morte em uma cadeira elétrica e um defensor da dita igualdade em outra, e
então fizesse o último decidir qual deles deveria morrer. Qualquer um que pudesse re-
almente dizer que poderia confiar seu destino a uma rolada de dados, esse certamente
era um verdadeiro crente.
No entanto, Ainz mataria o primeiro sem hesitação. Isso porque Ainz sabia que as vidas
não eram iguais. Não havia como comparar as vidas dos NPCs dentro de Nazarick com
as vidas das pessoas de fora.
Antes que ele pudesse terminar sua linha de pensamentos, o elogio de Aura e Shalltear
apunhalou seu coração. De todo modo—
Ele havia dito isso a elas por causa de Gondo, que deveria estar atrás dele.
No entanto, quando não houve resposta vinda de trás, Ainz, um tanto intrigado se virou.
“...Vossa Majestade. Já que disse tudo isso a eles, devo aceitar que o Conselho aprovou
o envio dos ferreiros rúnicos?”
“Exato. Eles disseram que também enviariam uma equipe de inspeção no futuro, para
ver se estavam sendo tratados como escravos, mas fundamentalmente concordaram em
fazê-lo.”
“Mesmo... Então aquelas pessoas realmente sentiram que o ofício rúnico não era mais
necessário?”
Essas lágrimas devem ter sido derramadas porque ele aprendeu que a arte que ele ad-
mirava e da qual ele se orgulhava fôra julgada sem valor e abandonada por seu país.
Pensou Ainz. Dadas as circunstâncias da nação dos Dwarfs, seria muito difícil para eles
recusarem o pedido de uma nação que se comprometeu a enviar-lhes reforços.
As necessidades dos muitos superam as necessidades de poucos. Uma regra não escrita
entre as nações.
Ainda assim, não havia necessidade de contar nada disso para Gondo.
“De fato, Gondo. Este país parece ver os ferreiros rúnicos como descartáveis. Eles os
entregaram com quase nenhuma resistência quando fiz meu pedido.”
Gondo, assim como os ferreiros rúnicos que poderiam ouvir isso dele, deveriam aban-
donar seu país até certo ponto. Embora fosse muito difícil abandonar completamente a
terra natal, ainda era um passo necessário para que eles dedicassem sua grande lealdade
ao Reino Feiticeiro.
“Mas eu não penso assim. Sinto potencial latente dos ferreiros rúnicos.”
Mesmo que os sonhos de Gondo não pudessem ser realizados, monopolizar essas pes-
soas qualificadas e usar suas pesquisas poderia permitir que ele desenvolvesse uma con-
tramedida contra inimigos com armas rúnicas.
“...Mesmo se você for descartado por um país, não estará mais contanto que outro pre-
cise de você, não acha?”
Ainz deu um tapinha no ombro de Gondo várias vezes. Gondo limpou o rosto desajeita-
damente.
“...Muito obrigado, Vossa Majestade. Por favor, permita-me satisfazer suas expectativas
com todas as minhas forças.”
Seria bom se ele pudesse aprender sobre a Capital Dwarf. Ele provavelmente precisaria
que Gondo fizesse algum trabalho para obter mais informações. E então, ele precisaria
falar com o Comandante-Chefe.
Dragões em YGGDRASIL poderiam viver eternamente. Não seria estranho que eles fossem
indivíduos de poder inimaginável. Então é certo que haverá um Frost Dragon esperando
por mim...
De repente, o rosto de um rapaz— não, uma moça apareceu de dentro de suas memó-
rias.
“Pensando nisso, ela me disse que queria me ajudar a aprender mais sobre eles... Que
pena.”
oi na manhã seguinte. Ainz decidira sair cedo para recuperar a antiga capi-
F
tal Dwarf, Feoh Berkanan, mas, quando estava prestes a sair, um rosto fa-
miliar apareceu na porta.
Era Gondo.
Ainz inclinou a cabeça. Ele não tinha idéia do porquê ele viera.
Ainz piscou. Claro, ele mencionou que precisaria de um Dwarf para lhe mostrar o cami-
nho. Ainz supôs que a missão do Dwarf escolhido seria ficar de olho nele e, concluiu que
poderiam selecionar um Dwarf sem vínculos prévios com ele.
“Depois de me despedir ontem, ouvi muitas coisas dos outros ferreiros rúnicos. Eu sinto
que conheço o caminho para a Capital Real melhor do que qualquer outro Dwarf.”
“Então, você pode encontrar uma rota alternativa se o túnel para a Capital entrar em
colapso? Você pode precisar se adaptar às mudanças na situação conforme elas surgirem.
Está bem com isso?”
“Eu estudei o máximo que pude sobre eles. Por favor, permita-me guiá-lo.”
“Humm.”
Em sua concepção, havia mais deméritos do que méritos em levar Gondo. No entanto,
se o Conselho tivesse aprovado, então, se Ainz fosse o único que desaprovasse e solici-
tasse uma mudança, as chances de conseguir outra pessoa como guia seriam muito bai-
xas.
“Não, de modo algum. Não tenho confiança em minhas habilidades relativas a essa área.
Mas estou preparado para enfrentar qualquer perigo, prometo que ninguém o culpará
se eu morrer. Além disso, tenho a capa do meu pai. Creio que seja por isso que me esco-
lheram.”
“A Capital Real tem um vasto tesouro. Se ainda não foi saqueado, conterá muitos tesou-
ros Dwarfs. Também deve haver algumas armas de meu pai e técnicas manuscritas da
família real por lá. Quem sabe, pode até haver manuais secretos deixados pelos ferreiros
rúnicos do passado.”
“Hoh...”
“Eu gostaria de obtê-los secretamente... Eu sei que é indelicado perguntar isso a Vossa
Majestade, posso te pedir para deixar isso passar despercebido quando retomar a Capi-
tal?”
“Não. Mas... eu acredito que Vossa Majestade deve ser capaz de fazer algo sobre isso,
certo?”
“Creio que o modo correto de ver isso, é que Vossa Majestade desejava ver se o Tesouro
tinha sido furtado e, assim, abriu para verificar. Então, por acaso, ficou brevemente dis-
traído por tempo suficiente. Eu seria apenas o ladrão mesquinho, sem qualquer relação
com Vossa Majestade.”
“...A linhagem da realeza dos Dwarf foi cortada. Isso está correto? Existe um livro regis-
trando os tesouros que deveriam estar dentro dos cofres?”
“É muito importante ter certeza disso. Seria muito perigoso se houvesse um registro,
sabe? Eu não posso aprovar isso. Mais importante ainda, esse tesouro não pertence ao
seu país? Não lhe envergonha roubar isso?”
“Bem, esses manuais não significam nada para um país que abriu mão de nós e dos fer-
reiros rúnicos, o senhor não acha?”
É traição, então?
Embora esse pensamento passasse pela cabeça de Ainz, a verdade era que não lhe cau-
sava dano algum. Pelo contrário, deixar esses livros definharem na nação Dwarf seria
um desperdício.
Mais precisamente, o roubo de Gondo quebraria completamente seus laços com o Reino
Dwarf. O Reino Dwarf não toleraria um criminoso que havia saqueado seu tesouro. Este
assunto poderia ser usado como uma forma de chantagem, e isso se tornaria um grilhão
que tornaria Gondo completamente incapaz de trair o Reino Feiticeiro.
No entanto, ele também pode ser usado contra o Ainz de maneira semelhante.
“...Realmente. Não faz sentido deixar que as pessoas que não precisam o tenham. De
fato, pode ser que meus olhos possam vir a falhar quando tal momento chegar. Bem,
como mencionei anteriormente, você precisa pesquisar todos os catálogos dos tesouros.
Eu gostaria de evitar qualquer disputa futura.”
Mesmo que tenham andado um pouco longe para discutir isso, alguém com audição
aguçada poderia estar espionando-os.
“Vamos mudar o assunto. Conte-me sobre os perigos que podemos enfrentar antes de
chegar à Capital Dwarf. Apenas superficialmente, sem grandes detalhes.”
“Uma boa pergunta. Todos os que desejam alcançar a Capital Dwarf devem passar por
três provações.”
“Mm, a primeira provação é a Grande Fenda. Há uma encosta na frente do portão que
leva à fortaleza. Após a fortaleza é a Grande Fenda que divide a terra. Agora que a ponte
suspensa foi amarrada, dificilmente se qualifica como uma provação. Mas ao atravessá-
lo, é preciso preparar-se para receber ataques concentrados do inimigo.”
Isso fazia muito sentido. Também existia a possibilidade de que eles pudessem usar as
armas mágicas da fortaleza.
“Então, a próxima provação é uma área de lava. Até mesmo o ar quente de lá é fatal. É
preciso atravessá-la por um caminho estreito de rocha lisa. E algumas vezes avistaram
um monstro enorme lá.”
...Por sinal, Slimes e a sociedade humana estão intimamente ligados. É o caso neste país
também? Se eles têm Slimes raros aqui, eu gostaria de levá-los para casa.
Assim que Ainz pensou nos Slimes que viviam perto dos filtros de esgoto, Gondo conti-
nuou para a última provação.
Esse gesto parecia estar dizendo que Ainz poderia estar bem, mas as duas estariam com
problemas.
Elas vão ficar bem... Bem, eu acho que posso dizer a ele quando chegarmos lá.
“Infelizmente, eu não sei. Conversei com todas as minhas conexões, mas até os anciãos
não sabiam. Nem os membros do Conselho. Talvez possa estar gravado em um docu-
mento...”
“Mas você também não achou, não é? Bem, duvido que possa localizar facilmente um
documento que é tão importante para a segurança nacional. Reuniremos informações
quando chegar a hora e nos adaptaremos à situação.”
Ainz memorizou as informações sobre essas provações e fez um gesto para os outros.
“Então, vamos.”
O túnel que descia era largo e fôra nivelado para facilitar a passagem. No entanto, as
paredes e o chão estavam cobertos de sangue, tripas e pedaços de carne. Cadáveres Qua-
goas cobriam o chão.
“Urk!”
O fedor de sangue, e carne putrefata tomou conta do ambiente. Foi demais para Gondo,
que não tinha experiência como guerreiro, e começou a vomitar. Os rostos dos soldados
Dwarfs ficaram verdes, e não foi por causa de algum truque da luz.
O corpo de Ainz não tinha noção de náusea, por isso não causou nenhum problema. No
entanto, ele não gostou desse cheiro.
Um ruído húmido veio de debaixo dos pés. Parece que ele havia pisado nas entranhas
que haviam caído de um Quagoa bissectado.
Ainz suspirou e depois lançou 「Mass Fly」, permitindo que todos voassem.
Parece que os Death Knights haviam se divertido em sua carnificina aqui. Qualquer um
que escorregasse e caísse naquele túnel de sangue certamente perderia sua força para a
sujeira e o fedor. Mais importante, a visão de alguém cambaleando ao lado deles en-
quanto coberto de sangue era horrível.
O grupo desceu a passagem inclinada, não houve problemas devido à magia de voo.
Depois de descer a encosta — uma distância de cerca de 100 metros — eles puderam
ver a entrada da fortaleza diante deles. Não, seria mais correto dizer que era a porta dos
fundos da fortaleza.
Uma vez que atravessassem as portas abertas para a fortaleza, poderiam ir além da for-
taleza e cruzar a ponte suspensa à frente. Depois de viajar para o oeste de lá por vários
dias, eles poderão ver a antiga Capital Dwarf.
A detecção de undead de Ainz não captou nenhum indivíduo. Foi provavelmente por-
que os Zombies tinham voltado a serem cadáveres comuns depois que os Death Knights
foram destruídos.
Ainz olhou em volta. Não havia detecção alguma agora, mas se ele os deixasse assim, as
coisas podem se tornar perigosas, dadas as características de surgimento de undeads
deste mundo.
“Bem, nós dizemos limpar, mas é mais como jogá-los na Grande Fenda, um lugar onde
isso não importará, mesmo se um monstro nascer naquelas profundezas.”
“Então, vamos entrar na fortaleza. Iremos primeiro para garantir que é seguro, então
espere do lado de fora. Por estarem no lado seguro, você poderia proteger o Gondo?”
Depois que o comandante respondeu afirmativamente, Ainz passou pela porta aberta.
Enquanto estava no centro da tragédia, Ainz perguntou a Aura (que estava de pé atrás
dele):
“Aura, pode sentir alguém usando uma habilidade furtiva para se esconder aqui?”
Aura colocou a mão em sua longa orelha e fez um gesto de escutar enquanto respondia.
Se Aura, a Ranger, disse isso, então não haveria nada dentro dessa fortaleza.
A pessoa que derrotou os Death Knights de Ainz deveria ter passado por aqui. Se essa
pessoa tivesse um monte de profissões especializadas em furtividade, ela poderia enga-
nar as habilidades perceptivas de Aura.
Ainda assim, alguém assim geralmente teria baixo poder de ataque, e seriam fáceis de
lidar, mesmo se lançassem uma emboscada.
Ainz passou pela fortaleza em direção ao portão que estava em frente ao que eles ha-
viam entrado. Depois de abrir o portão, ele viu a Grande Fenda se abrir diante dele, e
nem mesmo a visão de Ainz pôde ver o que havia no fundo.
Como não havia Quagoa nos arredores, concluiu-se que haviam recuado sem estabele-
cer uma base de operações aqui.
“Mas não parece haver nada como uma ponte suspensa aqui... não, isso é uma coluna de
ponte? Se isso está aí, então significa...”
“Pode ser que o inimigo tenha destruído a ponte durante a retirada deles ~arinsu.”
“Hm...”
Se o inimigo deles fosse um ser poderoso que poderia facilmente derrotar um Death
Knight, haveria necessidade de destruir a ponte? Se isso resultasse em bloquear o ataque
deles, isso significava que eles não estavam confiantes em sua força— não.
Os Death Knights eram raros neste mundo. Assim, o inimigo deve ter imaginado que
havia uma entidade poderosa controlando os dois Death Knights. Sendo esse o caso, per-
der a ponte não seria uma grande perda.
“Entendido ~arin-su!”
Enquanto observava Shalltear indo em direção aos Dwarfs, ele viu Aura se agachando.
Ele queria perguntar o que ela estava fazendo, mas, dada sua expressão diligente, seria
melhor não interromper sua concentração.
Ainz virou-se para olhar para a Grande Fenda, depois pegou uma pedra e jogou-a dentro.
Não havia nenhum significado em particular; ele tinha feito isso por um capricho. Ainda
assim, não podia ouvir a pedra batendo no fundo.
Disse o comandante que Shalltear trouxera consigo. Ele deve ter visto o que Ainz estava
fazendo:
“Senhor, não houve nada parecido até hoje. Portanto, decidimos não enviar expedições.
Sondar muito fundo seria imprudente.”
Ainz poderia fazer undeads incorpóreos como fantasmas, e usando magia para compar-
tilhar seus sentidos, ele seria capaz de montar uma investigação completa. No entanto,
agora não era a hora para esse tipo de coisa.
Dadas as circunstâncias atuais, investigar a Grande Fenda era uma prioridade baixa.
Ainda assim, tinha que ser feito. Em YGGDRASIL, lugares como este frequentemente
ocultavam itens valiosos ou dungeons.
A magia de voo ainda estava em vigor, então isso não era um problema em si. No en-
tanto, o que preocupava Ainz era se algo sairia da escuridão ou não.
Dito isso, ele soltou um suspiro de alívio quando seus pés mais uma vez pisaram firme-
mente em terra firme. Claro, ele tinha que manter isso em segredo dos outros.
Havia apenas quatro cadáveres inimigos aqui, o que significava que os Death Knights
haviam sido derrotados naquele lugar.
Depois de chamar Shalltear para perto, Ainz olhou para Aura e a viu inspecionando o
chão.
Ele pensou nisso, mas então achou melhor que Shalltear assumisse a liderança desta
vez. Ele poderia explicar uma versão simplificada para Aura depois.
“Oh. Humm. Um caderno, huh... Muito atencioso da sua parte. Ghrum! Er— estamos
prestes a entrar em uma área muito perigosa. Quanto ao porquê é perigoso, é porque
existe um ser que pôde derrotar dois dos meus Death Knights. Sei que comparar os De-
ath Knights a você é uma espécie de insulto—”
“—Não é nada disso, Ainz-sama. Vou usar toda a minha força para lutar contra qualquer
ser poderoso que possa derrotar os Death Knights que o senhor criou ~arinsu.”
“Por-por que isso ~arinsu? Se o inimigo é forte, não devo atacar seriamente — perdoe-
me por questionar o senhor, Ainz-sama!”
Ainz colocou as mãos atrás de suas costas e depois lhe disse como lidar com um inimigo
desconhecido.
“Então, deve estar ciente de como a oposição espera que ajamos. O que o inimigo mais
quer é informação — ou seja, nossa capacidade de lutar. Eles podem usar tropas de em-
boscada descartáveis e similares para avaliar nossa força de combate. Em outras pala-
vras, irão verificar nossas habilidades e quando sentirem que podem alcançar a vitória,
eles nos atacarão de tal maneira que não podem perder e nós não poderemos fugir.”
“Ah... Ainz-sama...”
Aura gritou para ele em um tom nervoso, algo que era muito incomum para ela. Em
circunstâncias normais, ele pararia sua explicação para Shalltear e ouviria Aura.
No entanto, ele estava de muito bom humor, pois era uma chance de falar longamente
sobre uma de suas especialidades.
“A-ah, sim!”
A compreensão surgiu em Aura. Ainz estava dando uma palestra séria, então ele queria
que ela ficasse quieta. Ela entendeu o que Ainz estava tentando dizer.
“Como eu estava dizendo, Shalltear. Eu faria o mesmo se estivesse lutando com um ini-
migo forte. Ou melhor, meus amigos fariam o mesmo também.”
“Os Seres Supremos fariam isso também ~arinsu? Mas, comparando este inimigo com
os Seres Supremos é um pouco...”
“Acha mesmo? Você deve assumir que o inimigo pode fazer tudo que eu posso fazer.
Apenas um tolo pensa em si mesmo como alguém especial e se vangloria disso. Perma-
neça sempre cautelosa. De todo modo, não quero deixar o inimigo ver nossa força total
de luta.”
“Portanto, Shalltear, vou estabelecer várias restrições sobre você quando estiver via-
jando comigo para a Capital Dwarf — antes de chegarmos à sede do inimigo.”
“Uhum. No que diz respeito a magia... eu permito que você use magias de até o décimo
nível, mas não deve usar uma variedade muito grande. No máximo, uma ou duas.”
“Não, o inimigo não será ninado em uma falsa sensação de confiança dessa maneira. No
momento em que o inimigo pensar que tem a medida de nossa verdadeira força e pro-
cura destruir-nos totalmente, teremos a chance de dar um golpe fatal. No meu caso, se
eu visse o inimigo me atacando com apenas algumas técnicas e sem magias além do
quinto nível, eu imediatamente concluiria que o inimigo estava tentando manter suas
habilidades em segredo.”
“Nesse tipo de situação, o que o senhor faria contra esse tipo de inimigo ~arinsu?”
“Eu pensaria em como aprender mais sobre ele. Por exemplo, abandonaria brevemente
uma base descartável. Então, eu lentamente recolheria informações. Uma vez que o ini-
migo ganha uma base, ele sentirá o desejo de se agarrar a ela. Esse tipo de atitude limi-
tará as ações do inimigo e invariavelmente revelará suas verdadeiras intenções.”
Em um jogo ainda é possível se recuperar de uma perda. No entanto, neste mundo, ha-
via a chance de que eles não seriam capazes de se recuperar. Isso foi especialmente ver-
dadeiro quando se tratava de Ainz, que ainda não havia terminado seus experimentos
sobre mortes e ressurreição de jogadores.
“Isso tudo são coisas que você faz em resposta às circunstâncias. Shalltear, você precisa
pensar, não?”
De qualquer forma, ele deveria deixar as coisas assim. Ainz se virou para Aura.
Ele não tinha idéia do que havia feito isso, mas talvez ela se sentisse impressionada com
as táticas que ele havia explicado para Shalltear.
Hm~ pode ser o básico absoluto, mas eu acho que devo dar alguma orientação a Aura
também, não? Devo emprestar o livro de táticas PK? Mas essa é a única coisa que tenho
“Ah, desculpe te interromper enquanto está discutindo a estratégia, mas não devemos
avançar? Se o caminho entrar em colapso, teremos que encontrar outra rota.”
“Pode ser melhor não fazer isso. Podemos encontrar pequenas passagens ao longo do
caminho e, se estivermos montados, teremos que deixar as feras lá.”
Ele tinha pensado em usar uma criatura undead como um Soul Eater. Ele poderia sim-
plesmente recriá-lo se houvesse algum problema. No entanto, seria mais sensato ouvir
as palavras do seu guia.
♦♦♦
Quando ouviram isso, seis dos Conselheiros Dwarfs — o Sumo Sacerdote da Terra, o
Diretor de Produção Alimentícia, o Secretário do Gabinete, o Mestre Cervejeiro, o Mestre
das Cavernas e Minas e o Mestre da Guilda Mercantil — estremeceram de prazer.
Era verdade que o Rei Feiticeiro não havia feito nada até agora. Ainda assim, eles não
podiam descansar quando um ser — principalmente de uma raça que odiava os vivos —
tão poderoso andava pelas ruas.
As pessoas aqui reunidas precisavam garantir a segurança da cidade e do seu povo. As-
sim, eles tiveram que considerar os piores cenários possíveis que poderiam acontecer
antes de se comprometer com um curso de ação. Por exemplo, o Rei Feiticeiro poderia
ter se tornado violento de repente e iniciado um massacre de crianças. Essas preocupa-
ções os incomodaram por todo o dia e consideraram várias contramedidas e propostas
úteis.
Agora que o objeto de sua discussão sussurrada não estava mais aqui, o que havia de
errado em saborear a doce liberação de seus fardos?
Assim como a terra ressecada ansiava pela chuva, o álcool era essencial para que os
corações exaustos se curassem.
“Devemos fugir?”
“E para onde? Se fugirmos agora que assinamos esse pacto com ele... Além disso, pedi-
mos que tomasse nossa Capital Real, não é? Se estivéssemos no lugar dele, tenho certeza
que ficaríamos com raiva.”
“Bem, ele pode ficar com raiva... mas eu não teria confiança para assumir uma postura
radical contra um ser assim.”
“...Tem certeza? O que aconteceu com o seu orgulho, Mestre da Guilda Mercantil?”
“Ah, não é como se pudéssemos fazer um acordo justo com uma coisa dessas, ou pode-
mos? A lógica é que os negócios só podem ser feitos entre duas partes iguais em circuns-
tâncias iguais, certo? Portanto, é impossível fazer um acordo adequado com alguém
muito mais poderoso que você.”
Ninguém aqui sentiu que o Rei Feiticeiro deixaria de recuperar a Capital Real. Isso era
óbvio apenas olhando para as feras mágicas que ele deixou para trás. Pois ele era um ser
que tinha o luxo de deixar monstros como aqueles quando ele sabia que havia um Dragão
esperando por ele.
“Vamos mudar de assunto. Alguém pode estimar quando ele vai voltar?”
“Como vamos saber? Não é como se pudéssemos perguntar ao próprio homem. Se en-
trar aqui rindo e dizendo “agora mesmo”, tenho certeza que eu mijaria de medo.”
Essas foram palavras vergonhosas, mas nenhum dos Dwarfs riu delas.
“...Não podemos fazer nada. Se ele fizesse isso comigo, eu também ficaria todo mijado.”
“Quem sabe? Por que não convocamos um deles e perguntamos pessoalmente sobre
isso?”
“É uma boa idéia, mas vai nos deixar de mãos atadas a Sua Majestade, não? É muito
perigoso agir precipitadamente. Afinal, só um idiota tocaria num crisol incandescente.”
“Se esse é o caso, teremos que dizer aos ferreiros rúnicos que queremos que eles se
mudem para o Reino Feiticeiro. Aí poderemos perguntar isso mais casualmente. O que
me dizem?”
“Tudo bem, melhor esquecer de perguntar algo. Seria tolice cavar buracos desnecessá-
rios e acabar encontrando a morte em algum.”
Todos aqui concordaram com isso. Se eles irritassem Ainz por serem curiosos demais,
muitas vidas poderiam se perder.
“Certo, vamos informar aos dois que não estão aqui sobre os negócios de amanhã, sobre
não interferir com os ferreiros. Ouvi dizer que o Comandante-Chefe virá para cá depois,
mas e o Forjador Mestre?”
“Estou interessado no tipo de obra-prima que ele produzirá. Além disso, estou curioso
sobre o metal que o Rei Feiticeiro deu a ele.”
“Ele só disse que era um metal raro, mas não pode ser mais raro do que adamantite, não
é?”
Os Dwarfs eram uma raça subterrânea. Mesmo que o trabalho deles não tivesse nada a
ver com metalurgia, eles estariam muito interessados em um metal que nunca tinham
visto antes.
“Bem, a metalurgia deve estar indo no caminho certo, considerando que é ele. Sempre
sobra alguns elos extras ao fazer uma cota de malha, então talvez possamos pegar alguns
emprestados.”
E assim, seus corpos cansados ansiavam pelo descanso, mas os Dwarfs eram uma raça
que sediava festas de bebedeira, mesmo quando falavam em fazer uma pausa.
“O vinho parece ficar ainda melhor no local de trabalho”, disseram enquanto bebiam
destilados especiais, só de Dwarfs, com alto teor alcoólico. Em meio a tudo isso, o Secre-
tário do Gabinete de repente pensou em algo e saiu da sala de reuniões, que agora era
uma cervejaria.
A oficina do Forjador Mestre era enorme, como convinha a um homem que era respon-
sável pelas forjas em um país. Com toda a probabilidade, era um dos maiores edifícios
em Feoh Jēra. Empregava muitos Dwarfs artífices assim como seu calor — que podia
derreter adamantite — e as batidas de seus martelos nas bigornas que nunca antes havia
parado.
No entanto, ficou em silêncio hoje — uma ocorrência que fez os cabelos do Secretário
do Gabinete ficarem em pé.
O Secretário do Gabinete acelerou o passo, como se impelido pelo mal-estar que tomava
conta do seu ser.
Ele tinha vindo aqui antes, então não havia hesitação enquanto ele mergulhava em di-
reção ao crisol onde os ferreiros deveriam estar trabalhando.
Enquanto ele perguntava, os olhos dos ferreiros se acenderam, como se o salvador deles
tivesse chegado.
Além de seus crisóis gigantescos, esta fundição também continha uma oficina para o
uso pessoal do Forjador Mestre, embora estivesse mais perto de uma fundição em mini-
atura por si só. O Forjador Mestre era um profissional dedicado e, ao lidar com projetos
importantes, muitas vezes ele se trancava por dentro e não aparecia por vários dias.
Essa foi uma ocorrência bastante comum. Os discípulos do Forjador Mestre e os outros
ferreiros não deveriam ter aquele olhar angustiado em seus rostos.
“É verdade que ele se tranca com bastante frequência... mas não há som de martelar. Já
faz metade de um dia— não, quase um dia inteiro.”
“Não, não está trancada. Mas sempre que o Forjador Mestre se retira para aquela sala,
ele odeia pessoas abrindo aquela porta.”
Seria difícil para os discípulos do Forjador Mestre. Mas alguém de nível equivalente
pode ter uma chance melhor de não incorrer na ira do Forjador Mestre.
Parece que fui azarado. Bem, agora não dá para voltar atrás.
Era a mesma sala familiar. Surpreendentemente, não havia calor, embora ela fosse ape-
nas uma porta removida do enorme crisol. Isso foi devido ao ar condicionado mágico.
Quando ele desviou o olhar, viu uma chama carmesim ardendo nas profundezas do crisol.
Assim que o Secretário do Gabinete estava prestes a suspirar de alívio, ele mais uma
vez prendeu a respiração.
Isso porque ele podia sentir algo estranho e inexplicável no ar. Por que o Forjador Mes-
tre estava em silêncio? De acordo com os ferreiros do lado de fora, ele deveria ter reagido
imediatamente à invasão.
“Ei.”
Aquelas palavras eram pouco mais que um suspiro exalado, mas o homem deveria ter
ouvido. No entanto, não houve resposta do Forjador Mestre.
“Ei!”
O Secretário estava nervoso agora e ele gritou, mas, como esperado, o Forjador Mestre
não reagiu.
“—Hey!”
“O quê?”
Finalmente houve uma resposta. O Secretário do Gabinete quase desmoronou por causa
da força que fugia de seus membros.
Preocupado com seu amigo, o Secretário do Gabinete deu a volta para olhar seu rosto.
Ele parecia diferente do habitual — como se ele fosse um animal acuado. Mais impor-
tante que isso, ele tinha uma expressão horrível no rosto, como se estivesse pronto para
massacrar seu próprio povo.
A mão do Forjador Mestre se mexeu. Pegou a pinça, tirou o lingote de metal quente do
fogo do crisol e jogou no Secretário.
“Uwaaaaah!”
Então, ele estendeu a mão e pegou o lingote. Ferreiros normalmente usavam luvas re-
sistentes ao calor, mas o mais chocante era que o Forjador Mestre não. Ele também não
usava nenhum item mágico que desse tal efeito.
Ele havia agarrado o lingote de metal quente com a mão sem nenhum tipo de proteção.
Tão imprudente e ridículo era aquele movimento que o Secretário imaginou que podia
cheirar e ouvir a carne do Forjador Mestre chiando. O Forjador Mestre praticamente
cuspiu suas palavras para o Secretário do Gabinete de olhos arregalados.
Antes que ele percebesse, o Secretário do Gabinete pegou o lingote jogado em sua dire-
ção. Por um momento, ele imaginou que estava emitindo um calor escaldante, mas não
estava nem um pouco quente. Na verdade, era surpreendentemente frio.
Essa foi uma pergunta inútil. Em todo o conhecimento que o Secretário do Gabinete
tinha, havia apenas uma coisa que correspondia à descrição de um metal que não es-
quentava mesmo quando aquecido. Assim, a questão era apenas uma formalidade.
“É o lingote que aquele maldito me deu! Eu o aqueci por um dia inteiro e não esquenta!
Eu o martelei e não amassa! Eu não consigo nem sequer deixar um arranhão! Como dia-
bos eu devo fazer uma armadura com isso!?”
“Vo-você não acha que ele te deu um metal, que mesmo ele não poderia trabalhá-lo?”
“Eu gostaria de pensar assim também. Mas olha, tem uma espada curta feita do mesmo
metal! Só com ela que consigo fazer alguma marca no lingote! Mas que porra que o “ar-
tesão mais experiente” significa!? Eu não sou nada mais do que um idiota que só pode
ficar encarando um pedaço de metal desconhecido!”
“Aqueles que perguntam quando não sabem são mais espertos do que aqueles que não
perguntam quando não sabem? O ditado é esse, não é? Enfim. Os Dwarfs dos dias passa-
dos tinham razão. Mas — para que minha experiência serve? Olhe para estas mãos.”
Com vigor, ele mostrou as mãos. Eram um par de mãos de artesão; grossas, pesadas e
marcadas por velhas queimaduras. Qualquer artífice poderia se orgulhar de tais mãos.
“Eu manuseio metais desde que eu era um discípulo estúpido. Até então, eu fiz isso mais
do que qualquer outra pessoa. Por causa disso, foi natural eu ser elogiado como o mais
notável artífice entre meus colegas. E a razão para isso é porque trabalhei mais do que
qualquer outra pessoa!”
“Eu dediquei a minha vida para ser um ferreiro. Eu não acho que nada é impossível, e
eu sempre acreditei que qualquer metal pode ter a forma desejada. —Eu sou uma piada
“Calma, tudo o que precisa fazer agora é começar a aprender de novo, não acha?”
“Isso mesmo. Sim, você está certo. Embora me machuque ouvir isso...”
O fato do rosto do Forjador Mestre ter ficado completamente pálido preocupou o Se-
cretário do Gabinete.
“Está bem. Você tem razão. Tudo o que preciso fazer é começar a aprender novamente.
Então, o que veio fazer aqui?”
“O que eu... seu id... Ah, esqueça. Aquele rei undead deixou esta cidade. Nós realizaremos
uma reunião do Conselho amanhã, e eu vim buscá-lo. Além disso, não interfira com os
ferreiros rúnicos.”
No entanto, no dia seguinte, ele descobriu que o Forjador Mestre havia desaparecido
com o lingote.
Parte 2
Foi dito que havia três provações ao longo do caminho até a antiga Capital Real dos
Dwarfs.
Escusado será dizer que não se podia atravessá-la a pé. Claro, também se poderia pro-
curar uma maneira de contorná-la, mas isso aumentaria as chances de encontrar mons-
tros. Os monstros que esperavam em tal terreno eram uma terrível ameaça para os
Dwarfs.
Em lugares como estes, humanoides como humanos, Dwarfs e Elfos eram pouco mais
que presas.
Embora o caminho mais seguro fosse seguir a rota terrestre que cortava a cordilheira,
esse caminho ainda era perigoso, mesmo para os habitantes da superfície. Era preciso
se preocupar em ser atacado por criaturas como Perytons, Harpys, Itsumades, Águias
Gigantes e outros monstros, além de grandes animais voadores. Como os humanos ti-
nham pequenos ângulos de visão acima e abaixo deles, o descuido — mesmo que por um
momento — poderia resultar em emboscada, o que por sua vez continha o risco de ser
morto em um só golpe.
Por causa disso, os Dwarfs construíram uma cidade próxima e ergueram uma ponte
suspensa. E quando a ponte caísse, ninguém seria capaz de atravessar, e a Grande Fenda
serviria como uma barreira intransponível para proteger a cidade.
E já que a ponte suspensa havia sido cortada pelos Quagoas, a Grande Fenda era um
desafio imponente.
Contudo—
Não incomodou Ainz e sua companhia. Afinal, o uso da magia 「Fly」 tornou-a um
obstáculo trivial.
Este mar de calor escaldante brilhava com radiância cegante. Era uma região extrema-
mente perigosa, onde a inalação de uma única rajada de ar abrasador podia torrar os
pulmões.
A razão pela qual a lava podia fluir a quilômetros abaixo da terra era mais provável
porque esse mundo era mágico. Havia portais criados naturalmente que estavam perto
de magias semelhantes à 「Gates」 em nível de poder, e isso unificou os fluxos de
magma desta região com os de regiões mais distante.
Ao longo desse oceano abrasador, havia a razão pela qual esse lugar era considerado
uma provação.
Sua pele era dura e resistente, e crescia como um peixe normal, mas sua resistência
superava em muito a do orichalcum.
Muitos monstros cresceram muito poderosos porque viveram muito tempo. Esses in-
divíduos eram famosos como espécimes superiores e, em muitos casos, estariam classi-
ficados como um tipo diferente de criatura originada de sua raça parental. Este monstro
completou uma forma especializada de evolução, e se tornou um ser único, não encon-
trado em nenhum outro lugar do mundo.
Felizmente, para ele era difícil mirar em alvos terrestres. Ninguém seria atacado se per-
manecesse fora do magma. No entanto, o caminho para a Capital Real passava ao longo
de um caminho estreito e instável que era apenas um pouco mais alto do que o mar de
rocha derretida abaixo dela.
Contudo—
Ainda assim, só isso seria muito fácil contar como uma provação. Não havia monstros
nessa área, portanto, desde que se gastasse tempo fazendo um mapa, poderia eventual-
mente superá-lo. E se isso fosse tudo, então só se qualificaria como uma provação para
aqueles que não tinham comida e água — ou, em outras palavras, aqueles com tempo
limitado.
Sim, havia outro motivo pelo qual esse lugar era considerado uma provação.
Esta área estava cheia de aberturas que expeliam plumas de gases vulcânicos em inter-
valos regulares, e havia lugares onde os gases formavam bolsões. Em outras palavras,
era uma área infernal de veneno fatal e invisível, açoitada por ventos fortes.
Havia várias rotas que levavam à saída, mas havia apenas uma que o fazia e também
evitava o gás. Mesmo esse caminho poderia acabar sendo preenchido com gás se não for
percorrido rapidamente.
Até mesmo o uso da magia 「Fly」 — que superou todos os desafios até agora — só
permitiria que eles passassem raspando a cabeça ao longo do teto. O gás pulverizado
encheria até o ar com veneno também. No máximo, tudo o que a magia faria seria per-
mitir que se evitasse as áreas onde o gás havia se instalado e formado bolsões.
Contudo—
Ainz e as Guardiãs tinham contramedidas adequadas contra os ataques de gás, por isso
não representava problemas para eles. Pelo contrário, o único que pode ser afetado por
ataques gasosos foi Gondo. Os undeads tinham suas imunidades, e gases que não infli-
giam dano de ácido ou dano de fogo não os prejudicariam de maneira alguma. Aura tinha
um item mágico que criava uma bolha de ar fresco, então o mero gás não faria nada con-
tra ela.
Em outras palavras, enquanto Gondo fosse protegido por magia, ele poderia caminhar
com segurança pelos vapores ondulantes da morte.
A magia de Ainz — 「Bless of Titania」, que dizia qual o melhor caminho através de
uma dungeon — lentamente desapareceu. Isso era um sinal de que sua duração havia
expirado ou que seu propósito havia terminado.
“...Excelente. Então, vamos discutir o que faremos a seguir... Gondo, alcançaremos a Ca-
pital Real em breve, não é?”
“Sim. Eu só ouvi falar disso em lendas, mas se essas cavernas foram o lendário Labirinto
da Morte, então em breve estaremos lá.”
“Isso era realmente um Labirinto da Morte, no entanto... As lendas disseram que aque-
les que não conheciam o caminho só encontrariam a morte no final da jornada...”
Ainz não conseguiu responder a essa pergunta. Afinal, foi uma provação muito simples.
Talvez fosse apenas um truque, projetado para enganar a oposição, fazendo-os pensar
que a haviam superado, só então, a verdadeira armadilha seria lançada. Isso não estava
totalmente fora de questão.
“...Quando isso acontecer, tudo o que precisamos fazer é romper quaisquer armadilhas
que nos aguardem. É bom lembrar que, entrar em uma armadilha predefinida é o auge
da insensatez. Vamos desacelerar o passo e avançar enquanto estivermos alertas.”
“Então, vamos considerar o que iremos fazer depois de chegar ao quartel general ini-
migo.”
“Para começar, Gondo e eu vamos enfrentar os perigos do Palácio Real. Eu vou lidar
com o Dragão que lá vive.”
Os Dragões mais bem classificados foram alguns dos adversários mais fortes em
YGGDRASIL. Era muito perigoso mover-se separadamente das Guardiãs enquanto não
Em contraste, se ele levasse as Guardiãs com ele e o inimigo fosse mais poderoso do que
o esperado, ele teria muito mais trabalho para conseguir escapar.
Com Gondo por perto, o pior que poderia acontecer era que Ainz teria que abandoná-
lo. No entanto, ele não podia abandonar a vida das filhas de seus amigos. Então a melhor
solução foi não as ter por perto.
Eles dropavam bons cristais de dados e tiveram uma chance maior de soltar artefatos
do que os monstros normais. Pode-se utilizar a pele, carne, sangue, presas, garras, globos
oculares, escamas e outras partes do corpo para vários usos.
Saber que ele logo encontraria seu primeiro Dragão neste mundo encheu seu coração
com uma mistura de desconforto, antecipação e desejo. Ainz ficou tão feliz que mal con-
seguiu se conter.
De acordo com os Dwarfs, o poderoso Frost Dragon que havia devastado a cidade no
oeste poderia estar lá. Se as coisas corressem mal, ele poderia enfrentar outra batalha
com chances duvidosas de vitória, muito parecido quando enfrentou Shalltear.
Poderia o Dragão ter derrotado os Death Knights? Posso dar conta se for a mesma enti-
dade, mas será problemático se houver outra. Será melhor permanecer escondido e levar
todos exceto os Hanzos? Não, do jeito que está agora é o melhor.
“—Ainz-sama?”
O olhar de Ainz mudou para Gondo. Ele não parecia ter algo a dizer. Essa atitude parecia
implicar que ele concordaria com qualquer decisão tomada por Ainz.
Claro, eles também podem ser prejudiciais para Nazarick. Mas exterminá-los antes de
verificar isso seria um desperdício.
Matar é fácil, mas reviver é difícil. Assim, há apenas um caminho que posso seguir. E além
do mais—
“Se forem tolos e não jurarem lealdade a mim, reduza seus números para cerca de dez
mil ou algo assim. Tente e mantenha os fortes vivos. E depois de considerar problemas
futuros, não os selecione puramente com base na força. Você deve se certificar de que
um número igual deles seja do sexo feminino. Além disso, não deve deixar nenhum deles
escapar, entendido? Especialmente o que for equivalente a um rei.”
“Mas... Ainz-sama...”
Ainz persuadiu Aura — que parecia deprimida — para que expressasse sua dúvida.
“Não sabemos exatamente qual o tamanho da capital dos Dwarf, mas parece uma área
bem grande. Vai ser meio dificil se só tiver nós duas pra impedir que escapem de um
lugar tão grande. O que a gente vai fazer?”
“Hm. Uma pergunta razoável. Por causa disso— Aura, é hora de você brilhar. Use o item
World-class que lhe dei anteriormente.”
“T-tá bom!”
“Embora não haja limites de uso para esse item World-class, se o inimigo cumprir de-
terminadas condições e fugir, a propriedade do Item irá automaticamente para ele. Esse
é o pior cenário e deve ser evitado a todo custo.”
Ainz relembrou o incidente em que a Ainz Ooal Gown se apoderou do dito item.
Quantos e-mails o inimigo mandou-lhes implorando com “Devolve pra nós, por favor!”?
Ainz bufou.
“Além disso, você deve ser cautelosa com os inimigos que vai trancafiar ou não, porque
tais inimigos podem possuir Itens World-class também.”
“Enquanto estiver aberto, não. Mas existem maneiras de entrar se optar por fazê-lo.
Você precisa prestar atenção ao intervalo de tempo quando isso acontecer... Tudo bem,
vamos lá, então.”
Talvez eles estivessem perto da antiga Capital Real dos Dwarfs, mas até as cavernas
naturalmente formadas eram fáceis de atravessar. Todas as estalactites e estalagmites
foram cortadas, provavelmente por conveniência da travessia. Eles caminharam por um
tempo, estavam cercados pelo que outrora abrigou mão de obra dos Dwarfs.
Aura — que andava à frente deles — parou de repente. Então ela colocou a mão fazendo
um formato de concha em uma de suas longas orelhas, ficou ouvindo atentamente.
“Ainz-sama, posso ouvir muitos seres vivos à frente, são centenas. Não consigo medir a
distância exata, mas acho que faremos contato com eles em questão de minutos.”
“Não, eles não parecem estar se movendo. Parece que estão esperando...”
“Entendi. Será que sentiram que estamos os perseguindo? Ou são tropas de emboscada?”
Se fosse esse o caso, eles provavelmente haviam usado algum tipo de magia de adivi-
nhação para espionar Ainz e os outros.
Até agora, ele não permitira o inimigo observar seu poder. Por causa disso, eles queriam
jogar seu grupo contra Ainz e observar suas habilidades.
“Hm, falando nisso, nós ainda não mostramos muito das nossas habilidades para o ini-
migo. Portanto, vamos recolher algumas informações antes de passarmos pelo quartel
general como um furacão mortífero.”
“Entendido!”
Além disso, mesmo que aprendessem sobre eles, não poderiam conceber uma contra-
estratégia tão facilmente.
No primeiro caso, mesmo que se soubesse sobre um inimigo, eles teriam dificuldade
em lidar com eles se as informações não pertencessem à sua especialização. No último
caso, eles podem ser capazes de lidar com eles, mas, dada a distribuição uniforme das
habilidades de seus oponentes, as contramedidas contra eles não seriam infalíveis.
Claro, pode haver pessoas como Ainz que conheciam muitas magias e que possuíam
muitos itens deixados para trás por seus companheiros, e assim conseguiram se adaptar
a muitas circunstâncias, ou alguém como Touch Me com atributos base muito altos, mas
essas eram exceções à regra. Portanto, havia apenas uma coisa que eles precisavam se
preocupar.
...O número de entidades poderosas. O fato de eu não conhecer essa figura me assusta um
pouco. Como não consigo verificar totalmente esse ponto em particular, provavelmente
devo ter em mente a idéia de retirada — hm. Bem, em todo caso, não podemos prosseguir
sem socá-los para ver o que o inimigo tem na manga. Oh, o espírito da Yamaiko-san está
me possuindo...
“Shalltear. Você não vai ficar sem controle desta vez, entendeu?”
“Claro ~ari-nsu!”
“Ótimo. O correto é evitar revelar o fato de que possuímos itens Divine-class para o
inimigo. No entanto, se não tiverem boas habilidades de detecção, não vão perceber nada.
Tudo bem, vão.”
♦♦♦
Em Feoh Berkanan — a imponente e majestosa antiga Capital Real dos Dwarfs, cons-
truída durante a flor de sua civilização — o maior edifício além do Palácio Real era o da
Guilda Mercantil, porque continha muitas salas usadas durante reuniões e cofres tem-
porários usados para armazenar brevemente recursos.
Este edifício fôra muito usado pelos Dwarfs, e era maior do que qualquer outra estru-
tura na cidade. Porém, era agora a residência do Rei dos Clãs Quagoas, Pe Riyuro.
Os detalhes importantes já haviam sido entregues por mensageiros, ele estava aqui
para explicar os detalhes. Em particular, ele precisava elaborar detalhadamente o trunfo
do Reino Dwarf, os seres trajando armaduras negras que ele havia visto com seus pró-
prios olhos.
Riyuro escutou em silêncio, e então ele moveu lentamente a mão, alcançando uma gai-
ola ao lado dele. Ele retirou um lagarto guinchando; um lagarto gordo, redondo e sucu-
lento, um lanche digno de um rei.
“Que pena...”
Murmurou Riyuro. Então ele esmagou a cabeça do lagarto entre seus dentes, e Yozu
sentiu o cheiro fraco de sangue e entranhas.
Riyuro limpou as mãos manchadas de sangue e a boca com uma toalha que estava perto
dele.
Como a ponte suspensa havia caído, ele não achava que o inimigo continuaria a perse-
guição. E francamente falando, eles tinham os Dwarfs na palma da mão. Tudo o que os
Dwarfs podiam fazer era reforçar as defesas, encontrar e selar a rota de flanco, e então
talvez pudessem montar um contra-ataque neste lugar.
A razão pela qual eles tinham engajado apenas aqueles dois seres trajando armaduras
negras era porque eles eram tolos o suficiente para dividir suas forças ou porque essa
era a soma de seu poder militar.
Riyuro parecia ter percebido a demonstração inconsciente de surpresa de Yozu. Ele cu-
tucou repetidamente os lagartos na gaiola enquanto explicava preguiçosamente seu sig-
nificado.
Os Dwarfs estavam confiantes na defesa de sua fortaleza. Se fosse derrubada, eles sen-
tiriam que as chances de sua cidade ser conquistada eram muito altas. Portanto, não era
errado supor que os seres trajando armaduras negras eram uma parte significativa do
número total que possuíam.
No entanto, como eles não sabiam exatamente como a fortaleza havia sido conquistada,
comprometer todas as suas forças na linha de frente era uma aposta perigosa. Se hou-
vesse várias vias de infiltração, elas deixariam suas tropas muito dispersas.
Embora não fosse uma situação em que eles pudessem distribuir sua força de luta
pouco a pouco, eles não tinham a informação para comprometer toda a sua força em um
contra-ataque.
Portanto, mesmo que houvesse mais, haveria apenas um, talvez mais dois. Essa foi a
conclusão que chegou.
Yozu sentiu que era exatamente como o Rei havia dito e ficou maravilhado com a sabe-
doria de seu Rei.
Riyuro era o mais poderoso entre os oito clãs dos Quagoas. De fato, sua capacidade de
lutar era exemplar.
Yozu lembrou a visão de Riyuro lutando contra um monstro no passado. Ele estava ab-
solutamente confiante de que o poder de Riyuro era superior ao dos Golems.
Riyuro riu amargamente, mas a resposta de Yozu foi séria. Ele não tinha resposta além
disso.
Uma pergunta surpreendente. Depois que Yozu declarou seu clã de nascimento, Riyuro
caiu no pensamento mais uma vez.
“Entendi... Nesse caso, você deve realmente pensar que eu posso ganhar, então?”
“Eu simplesmente suspeitei que você poderia considerar isso como uma chance de me
eliminar. É verdade que sou mais forte do que qualquer outro da nossa espécie. Por
causa disso, você pode desejar que eu lute contra os Golems se eu for induzido a subes-
timá-los. Então, os Golems me matariam. Bem, se fizesse isso, então ninguém seria capaz
de derrotar os Golems... mas eles seriam danificados durante essa batalha comigo, e en-
tão você poderia ser capaz de sobrepujá-los usando os números ao seu favor.”
Embora o Rei a quem ele havia prometido sua lealdade lançasse suas suspeitas sobre
ele, o coração de Yozu estava cheio de nada além de respeito.
Se ele estivesse no lugar de Riyuro, ele poderia não ter pensado tão profundamente na
questão.
Yozu acreditava firmemente que Riyuro era o verdadeiro Rei dos Quagoas, e sua leal-
dade se aprofundou ainda mais.
Riyuro não entendeu muito bem o homem diante dele e fez uma pergunta a Yozu.
“...Por que você não respondeu imediatamente que não tinha tais intenções?”
“Sim! Minhas mais profundas desculpas! Eu estava meramente fascinado por suas pro-
fundas percepções, Milorde! Como disse, eu não possuo tais intenções!”
“Que sujeito interessante você é! ...Os soldados que lhe concedi foram perdidos por nada,
então deve haver uma punição por isso. Mas eu não vou infligir feridas em você, isso
poderia afetar seu desenvolvimento futuro. Na verdade, você aprendeu sobre os Golems
e voltou aqui depois de perceber que era uma informação importante. Além disso, sua
antecipação da perseguição inimiga e a alocação de parte de suas tropas para a defesa
da cidade mostra o quão afiado é seu pensamento.”
“Muito obrigado!”
“Agora, tenho uma pergunta para um excelente líder como você. Como devemos reunir
mais informações sobre esses Golems?”
“Essa é uma maneira de fazer isso. Se fizer isso, poderemos saber se realmente existem
Golems guardados na reserva.”
“Sim! Se não houver mais, então devemos conquistar a cidade o mais rápido possível,
não importando as perdas que sofremos.”
“Umu...”
Riyuro assentiu.
Se fosse uma questão de vidas, então seria necessário muito tempo para dar suporte e
criá-los. No entanto, Golems só precisavam ser construídos. O tempo não estava do lado
deles, mas do inimigo.
Era verdade que ele tinha fugido de volta para cá com todas as suas forças, e ele nem
sequer tinha comido ou descansado adequadamente até agora. No entanto, ele não es-
tava com sede ou com fome o suficiente para implorar por algo da mesa do rei.
“Que pena...”
Respondeu Riyuro. Então, ele mastigou a cabeça do lagarto e fez o mesmo que antes.
Depois de devorar como antes, Yozu fez uma pergunta a Riyuro.
“Ah, sim. Podemos perguntar àquele sujeito. A sabedoria dele está muito além da mi-
nha... O problema é o pagamento que ele exige, que é igualmente além do que espero.”
Assim que Riyuro estava prestes a falar, houve uma perturbação do lado de fora, e então
as portas se abriram com um grande estrondo.
Segundo o guarda, eles vieram do flanco onde Yozu havia posicionado suas tropas. Em
outras palavras, eles vieram da nação dos Dwarfs.
Os olhos de Yozu pareciam perguntar aonde ele estava indo. Riyuro sentiu isso e res-
pondeu:
“Parece que fomos salvos de muitas tomadas de decisões. Preciso ir me encontrar com
os Dragões agora.”
O Rei dos Clãs estava profundamente furioso sobre como os Dragões haviam tomado o
melhor lugar da cidade — o Palácio Real — para si mesmos. Isso era algo que apenas
seus confidentes mais confiáveis sabiam, de como o Rei dos Clãs havia engolido o orgu-
lho e se curvado aos Dragões.
Havia uma diferença esmagadora entre o poder dos Dragões e dos Quagoas.
Portanto, eles tinham que fingir um ar de servidão até que pudessem reduzir a força
dos Dragões. No entanto, haviam pouquíssimos seres que podiam lutar em igualdade
com os Dragões na cordilheira. Com uma exceção notável à parte, esses provavelmente
[Gigantes G é l i d o s ]
seriam os Frost Giants.
Mas agora mais uma chance chegou. Riyuro disse o que pensava mais uma vez:
“Yozu, não é muito provável, mas apenas por precaução, comece a se mover em direção
ao distrito das ruínas. Eu não quero que você se envolva nas batalhas dos Dragões.”
Um distrito da Capital Real dos Dwarfs tinha sido completamente destruído antes que
os Quagoas assumissem o controle. Os Quagoas não haviam reconstruído esta área, a fim
de usá-la como um palco para reunir um vasto exército. Mas parece que finalmente seria
posto em uso.
“Entendido.”
“Então... você pode me ajudar a preparar algumas ofertas para o encontro com os Dra-
gões? Eles gostam de joias, então prepare algumas. Eu acredito que você também saiba
que eles são muito gananciosos e não concordarão com o pagamento logo de cara. Eles
certamente aumentarão seu preço. Tenha isso em mente e prepare alguns itens de me-
nor valor também.”
Depois de acenar a cabeça para Riyuro mostrando que entendia, Yozu imediatamente
começou os preparativos.
♦♦♦
As espécies mais poderosas neste mundo eram os Dragões. Havia raças que poderiam
se adaptar às terras difíceis onde a humanidade não poderia alcançar. A Cordilheira
Azerlisiana não era exceção, e os Dragões dominaram até as raízes aqui.
Além disso, havia o trunfo das raças dracônicas. Eles possuíam o temível poder do sopro
congelante.
“Sim, eu estou profundamente honrado por receber uma audiência com o poderoso
White Dragonlord, Olasird’arc=Haylilyal—”
Ser um Dragonlord tinha um significado especial entre os Dragões. Era um título dado
somente aos que haviam atingido a mais alta categoria de idade (Antigo), ou poderosos
Dragões que possuíam poderes especiais, ou aqueles Dragões que podiam usar magia
exótica. Todos dentro desse escopo recebiam o título de Dragonlord.
Não era o suficiente para satisfazê-lo, mas essa soma deveria ter sido tudo o que o Qua-
goa conseguiu, então teve que se contentar com isso.
“Sim! Na verdade, há alguns convidados indesejados que mancham nossas casas, então
eu estava imaginando se poderíamos invocar seu poder incomparável, White Dragon-
lord-sama.”
“Hm...”
O olhar de Olasird’arc caiu sobre o seu trono brilhante — uma pequena montanha de
ouro e pedras preciosas.
Um hábito que unia todos os Dragões era o amor por metais preciosos, joias, itens má-
gicos e riqueza equivalentes. Olasird’arc não era exceção.
No entanto, embora ele pudesse escavar túneis e escavar metais preciosos ou pedras
preciosas, ele não poderia processá-las. Além disso, os poderosos jamais deveriam fazer
tais coisas. Era para isso que os escravos serviam.
Ainda assim, não importou se era o caso de agir e trabalhar em favor de seus escravos.
Seu coração palpitou com sentimentos generosos.
“Não temos certeza. Ainda não compreendemos sua verdadeira identidade. No entanto,
eles devem ser Dwarfs.”
“Dwarfs... Humm.”
Independentemente quantas vezes Olasird'arc tivesse atacado, não havia sido aberto
ou destruído. A magia protetora feita pelos ferreiros rúnicos Dwarfs tinha defendido
seus tesouros de todos os ataques que ele havia feito.
Sua obsessão pelo conteúdo do cofre havia desaparecido há muito tempo, e aquela
porta era pouco mais do que um arranhador para suas garras. No entanto, quando ele
ouviu sobre os Dwarfs, as brasas ardentes em seu coração se acenderam mais uma vez.
Se esses Dwarfs conseguissem chegar aqui, talvez pudessem abrir um caminho para
abrir esse cofre.
Enquanto Olasird’arc contemplava esses assuntos, ele olhou calmamente para o Qua-
goa abaixo dele, e os pedidos do Quagoalord finalmente chegaram ao fim.
Sua ganância o fez sentir cócegas com essa última frase, o rosto de Olasird’arc se con-
traiu.
“Por favor, espere! White Dragonlord-sama, o inimigo está perto! E os Dwarfs procuram
meios de retomar a cidade!”
“O que queres dizer com isso? Ousa insinuar que aqueles Dwarfs desprezíveis podem
expulsar-me de meu ninho?”
“Eu não disse isso! Mas não há como dizer o que os Dwarfs pretendem fazer! Pelo que
sabemos, eles podem ter um jeito de destruir esta cidade!”
Hm...
Pensou Olasird'arc. Parecia um pouco forçado, mas não podia ser totalmente descar-
tado.
Depois de reivindicar o Palácio Real dos Dwarfs, ele ordenou que suas esposas puses-
sem seus ovos aqui e depois criasse seus filhos enquanto cresciam.
No passado, eles tinham aleatoriamente encontrado um lugar para botar ovos e os dei-
xaram lá, ou os expulsaram do ninho um ano ou dois depois que nasceram. Isso não for-
taleceria sua raça.
Preciso aumentar o número de meus filhos e subjugar os Frost Giants. Então, eu poderei
dominar completamente esta cordilheira.
Pensou Olasird’arc.
Os Frost Giants e os Frost Dragons eram os maiores predadores desta cordilheira. Por-
tanto, eles lutaram por um longo tempo para determinar quem era o maioral.
Aquela que lutou com Olasird’arc por território muitas vezes, Munuinia=Ilyslym.
E então havia a única Dragoa em residência aqui que poderia usar magia divina (em-
bora somente de 1º nível), Kilistran=Denshusha.
“...Por que não os ajudar? Afinal de contas, míseros Dwarfs não são inimigos temíveis.”
“Concordo. Para ser honesta, eu não me importo com o que eles dizem. Mas se os Dwarfs
atacarem, sabendo que estamos aqui, isso equivaleria a nos desprezar. Devemos esculpir
o medo nos corações dessas criaturinhas arrogantes.”
Ele desviou o olhar de Munuinia — que estava arranhando o chão com uma garra afiada
— e olhou na direção de Kilistran.
“Eu me oponho e aprovo. Eu me oponho porque não podemos ter certeza de que esses
atacantes realmente são Dwarfs. Além disso, se estão atacando enquanto estão cientes
de nossa presença, eles certamente devem ter levado nosso poder em consideração. No
entanto, a própria idéia de destruir a cidade é absurda, um mecanismo capaz de fazê-lo
não está fora do alcance da tecnologia Dwarf. Seria tolice não responder a isso.”
“Então, votação encerrada. —Bem. Quagoas, aceito o pedido de sua raça inferior.”
Enquanto Olasird’arc olhava friamente para o Quagoa que se prostrava diante dele, ele
fez um pronunciamento.
“No entanto, como tributo, devem oferecer dez vezes a quantia anterior.”
“Nem mesmo sabem quem os ataca. É um valor justo... Então, o que fará? Se não podes
produzir a quantidade necessária, lide com isso sozinho.”
“Por favor, por favor espere! Vamos oferecer o tributo! Por favor, deixe-nos oferecer
um tributo!”
Poderiam os Quagoas realmente pagarem tanto ouro? Ou foi porque os Dwarfs eram
inimigos inimaginavelmente poderosos, e foi por isso que eles estavam tentando o seu
melhor para fazê-lo se comprometer, não importando o quanto tivessem que pagar?
Bem, isso não importa. Se não puderem pagar, então, como a Munuinia disse, eu irei es-
culpir um terror indelével nos corações desses fracos Quagoas.
“Sim!”
“Vai pessoalmente?”
Eram todos seus filhos. Cada Dragão aqui, com exceção de suas concubinas, estava li-
gado a Olasird’arc por sangue.
“Seu? Qual?”
Kilistran deu à luz quatro filhos para Olasird’arc, e cada um deles era um Dragão de
mais de um século de idade. E obviamente eram muito mais poderosos que um Quagoa.
“O Hejinmal?”
“Ele pode ser daquele jeito, mas ele é bem sagaz e vai ver a oposição pelo que realmente
são. E se realmente forem Dwarfs, você não acha que ele conseguirá uma negociação
mais agradável? Você deve estar começando a se cansar de ter os Quagoas como escra-
vos, não?”
“Ele pode fazer tudo isso? As outras crianças podem fazer isso, não?”
“...Kilistran. O mais importante para os Dragões é o poder de seus corpos. Não se pode
derrotar o poder e velocidade apenas usando o raciocínio. Olasird’arc me derrotou por-
que seu corpo era mais forte que o meu. Lembre-se disso. O corpo superior de Torange-
alit é muito melhor que o de Hejinmal!”
Torangealit era uma das crianças de Olasird’arc e Munuinia. Em termos de força bruta,
ele era o melhor entre seus filhos.
“Mas as coisas acabarão mal se ele for incapaz de pensar. Se você mandar seu filho —
que pode matar o Quagoa sem motivo — quem sabe o que ele vai acabar fazendo?”
“Basta.”
Munuinia riu, um som fino e infeliz. Seria problemático se eles discutissem de novo, e
Olasird’arc levantou a voz.
“Ara~ eu não destruí sua fortaleza porque você me pediu para não fazer. Quer dizer que
está me dando permissão? Pense bem, não será apenas uma porta que pode ser destru-
ída.”
De fato, ele se lembrou de dizer aquelas palavras antes. Mesmo os Dragões sendo habi-
lidosos, eles não podiam reconstruir uma porta uma vez que fosse destruída, nenhum
dos presentes conhecia alguma magia que poderia fazer isso. Portanto, se destruíssem
alguma coisa, eles a deixariam onde estava.
Sendo o White Dragonlord, seria uma pena viver em um castelo cheio de buracos. Por-
tanto, ele exigiu que suas concubinas e seus descendentes aderissem a essa regra.
“Faça as honras.”
O fato de ele ter que ir pessoalmente, apesar de ser um Dragonlord, não combinava bem
com ele. Em resposta a isso, ele deveria permitir que alguns Quagoas vivessem aqui e
assim trabalhassem para ele?
Ele não suportava a idéia de ter formas de vida inferiores, como os Quagoas correndo
ao redor de sua fortaleza. Algum dia, quando derrotasse os Frost Giants, ele os faria tra-
balhar para ele como escravos.
Até este dia chegar, ele teria que se contentar com a situação de agora.
Quando se considerava a altura dos Dwarfs, o seu Palácio Real era de um tamanho im-
pressionante. Justamente por ser tão grande que os Dragões podiam viver aqui, e a uma
longa distância entre cada um.
Então gritou:
Ele esperou por um tempo, mas não houve movimento do outro lado da porta.
Era impossível que alguém de dentro não tivesse ouvido. O filho que vivia neste quarto
era um hikikomori. Ele não se lembrava de ver seu filho saindo do quarto. Até mesmo
suas refeições eram enviadas a ele por seus irmãos.
Era profundamente agravante que ele ousasse fingir que não estava, ainda mais na pre-
sença de seu próprio pai, um Dragonlord.
Dragões tinham sentidos muito aguçados. Dada a maneira como ele estava gritando,
alguém dentro deveria ter ouvido, e teria acordado mesmo se estivesse dormindo.
Atingida por um rabo que era do tamanho de um cepo e embainhado com escamas que
eram mais duras que o aço, a porta rangeu e foi retorcida. Os Dwarfs que construíram
essa porta provavelmente não esperavam que aguentasse um golpe desses.
Havia sinais de movimento dentro, mas isso não foi suficiente para acabar com a raiva
de Olasird'arc. Ele bateu a porta novamente, quebrando-a pela metade. Pedras estilha-
çadas voaram para dentro como balas de chumbo.
Tinha um par de óculos minúsculos no nariz e olhava Olasird’arc da cabeça aos pés com
um olhar nervoso nos olhos.
Podia ser seu filho, mas essa aparência vergonhosa fez Olasird’arc suspirar.
Bem, dado que ele estava em frente a um governante como ele, encolhendo-se e con-
traindo-se assim era inevitável. Ainda assim, ele esperava ver alguma força nos olhos do
próprio filho.
E então havia aquele corpo gordo e asqueroso. Parecia mais com um porco do que com
um Dragão.
Na verdade, ter que mandar uma criança assim para lutar em seu nome poderia preju-
dicar sua reputação.
Enquanto Olasird’arc contemplava essa coisa, seu filho — que parecia ter medo do jeito
que seu pai olhava para ele — arriscou uma pergunta.
Dito isso, ele pode não agir como um Dragão, mas ainda era um Dragão. Dragões ficam
mais poderosos com a idade. Com isso em mente, talvez até mesmo aquele corpanzil
flácido ainda pudesse ser útil.
“Um, um trabalho?”
“Ahh. Os Quagoas parecem ter sido invadidos pelos Dwarfs ou algo assim. Vá repeli-los.”
“Hieee.”
“O que é Hieee?”
“N-nada. Não é nada, pai. A-apenas, eu, eu estou, er, como eu vou colocar isso, eu estou
er.... não muito confiante na minha força...”
“Então em que você tem confiança? Acha que pode derrotar o inimigo com magia?”
Os Dragões lentamente ganhavam a habilidade de usar magia arcana durante sua ma-
turação, mas eram pouco mais que habilidades inatas. Não podiam ser comparadas as
dos magic casters. Claro, havia alguns Dragões que aprenderam a usar magia de verdade.
“...Bem, quanto a isso. Tive que aprender sozinho, pois não tive um mentor para me
ensinar...”
“N-não é isso, Pai. O conhecimento que busquei não foi usar magia, mas sim aprofundar
meus estudos, aprender como esta cidade foi construída, quais tipos de raça vivem neste
mundo e assim por diante. Eu estava aprendendo sobre esse tipo de coisa.”
“...Não tenho a menor idéia do que está falando. Aprender essas coisas lhe fortalece?
Nada disso importará se não se tornar poderoso.”
Não havia nada mais importante neste mundo do que se tornar mais forte. Como este
era um mundo onde só os fortes sobreviviam, era preciso crescer mais forte para conti-
nuar vivo. Em contraste, pode-se dizer que não querer se tornar forte era essencialmente
rejeitar a vida.
Só então, ele viu. Hejinmal tentou encobri-lo, mas viu que seu filho fizera alguma coisa,
como um gesto sem palavras.
“O que é? Desembucha.”
Seu filho permaneceu em silêncio. Aquela atitude vergonhosa fez Olasird’arc se irritar
novamente.
Assim que estava prestes a começar a gritar novamente, ele pensou no motivo de ter
vindo.
Mesmo ele não se importando com o que acontecia com os Quagoas, as dívidas tinham
que ser pagas.
“Não importa se você se tranca no seu quarto até perder a agilidade, mas não faz sentido
afundar-se nos livros. Se quer adquirir conhecimento, deixe este lugar e viaje pelo
mundo.”
“E-eu estava me preparando para isso. Se eu não sei que tipo de pessoas existem no
mundo, posso morrer antes de conseguir descobrir.”
“Então por que você não morre? —Você é um grande tolo. Por que não buscar o poder
desde o começo? Quando estiver forte, você será temido mesmo quando sair desse lugar,
não? Assim como eu.”
“Mas, Pai. Saber que tipo de seres poderosos existem no mundo também é muito im-
portante. É o mesmo com você, não é, Pai? Os Frost Giants são fortes, não? Se o senhor
lutar contra eles sem saber nada—”
Enquanto olhava para Hejinmal, que tinha a cabeça colada ao chão, Olasird'arc abaixou
os ombros.
“Já chega. Eu ordeno que complete essa tarefa imediatamente. Então, vou expulsá-lo
depois de um mês. Assim poderá viver como quiser.”
Parte 3
“Haa~”
Hejinmal estava atualmente em um túnel que levava à Capital Real. Ele suspirou, do
mesmo modo que seu pai fazia.
“Não ser bom” não fazia jus. Sendo bem honesto, ele era tão fraco que se fosse lutar
contra seus irmãos mais novos, ele poderia acabar perdendo para eles. Assim, ele ficou
desconfortável, o que resultou em resmungos para si mesmo.
“O inimigo... espero que eles fiquem com medo da minha aparência e fujam.”
Hejinmal inalou com força, fazendo sua pança saliente parecer menor. Então ele espal-
mou suas garras e abriu sua boca. Dessa forma, ele se pareceria mais com um Dragão.
Hejinmal cuidadosamente removeu os óculos em seu nariz. Não eram um item mágico,
mas se quebrassem, não haveria substitutos para eles. Assim, ele precisava tratá-los com
cuidado.
“Haaa... Escamas de Dragão fazem uma armadura forte... mas tudo que posso fazer é
rezar para que os Dwarfs não sejam selvagens...”
Mas e se fossem?
Não, era quase certo que fosse o caso. Isso porque as bibliotecas dos Dwarfs eram a
fonte de muitas informações sobre materiais Dracônicos.
Ele sabia que todos os Quagoas na Capital Real estavam o observando. Se possível, ele
teria preferido lutar em um túnel mais profundo, onde ele não teria audiência alguma.
No entanto, se esse fosse o caso, os Quagoas não seriam capazes de vê-lo lutar, então seu
pai o proibiu.
Seu pai lhe dissera para investigar o inimigo com o melhor de seu intelecto e subjugá-
los como servos, se possível. Mas isso não foi um sinal de amizade. Em vez disso, foi uma
ordem para mostrar sua força e dominar os fracos como um dos fortes.
Então, que tal fugir imediatamente? Afinal, ele seria exilado em um mês, não impor-
tando o que fizesse.
Foi uma boa idéia, mas ele precisava de um mês para se preparar para isso.
O suspiro super-resfriado congelou uma parede inteira em uma extensão de branco só-
lido.
“Ótimo! Meu sopro é normal e tem poder consistente com a minha idade.”
Este era um dos trunfos de um Dragão — a respiração dracônica. Os Frost Dragons pos-
suíam o sopro congelante e seu poder aumentava com a idade. A respiração de Hejinmal
estava bastante desenvolvida e era mais confiável do que sua própria força física.
Na verdade, as bibliotecas dos Dwarfs disseram exatamente isso. Não havia como os
Dwarfs virem em um lugar assim e não estarem preparados para isso.
Embora o pai já tivesse dito isso, se ele pudesse realmente usar magia ou algo assim, as
coisas certamente seriam diferentes—
Seus irmãos obedeciam fielmente ao seu pai de maneira muito dracônica. O fato dessa
tarefa não ser delegada a eles, mas a Hejinmal, era um sinal de que ele não se importava
se o hikikomori de sua família morresse.
Se ele não tivesse encontrado livros, se não tivesse conhecido a satisfação de buscar
conhecimento, não seria o que era hoje. Não havia sentido lamentar isso agora.
Ele virou o ouvido para ouvir e pegou vários passos se aproximando de dentro do túnel.
Aqueles não eram os sons dos pés de um Quagoa, pois tais passos estavam claramente
usando sapatos.
São os Dwarfs, não são!? Há apenas alguns deles, o que significa... Eles estão muito confi-
antes na vitória apenas com esses números? Ou são um grupo de reconhecimento avan-
çado? Então, se eu os derrotar, o trabalho está feito e não haverá problema se eu voltar?
Estritamente falando, ele teria cumprido suas ordens mesmo se apenas derrotasse
aquele grupo de reconhecimento. A questão agora era se uma desculpa como essa seria
aceita.
Iluminados por pedras brilhantes, quatro silhuetas — embora ele não pudesse ter cer-
teza de que ainda estavam longe — emergiram da caverna.
Os menores são três Dwarfs? Então o que é aquele maior? Mesmo as sub-raças dos Dwarfs
não devem ser tão grandes. Então, os Dwarfs imploraram a ajuda de algo com a forma
maior, assim como os Quagoas fizeram com o pai?
Ainda assim, embora fosse uma silhueta grande, ainda era muito menor que um Dragão.
Não, eu deveria perguntar o que eles querem e tentar completar essa tarefa através da
negociação.
Finalmente, sua aguçada visão dracônica — embora a de Hejinmal fosse um tanto limi-
tada para sua espécie — finalmente verificou que aquele que andava à frente do grupo
não era um Dwarf.
Já não li sobre isso antes? Não é um dos Elfos Negros, que vive nas profundezas das flores-
tas?
No entanto era muito baixo se comparado aos Elfos Negros dos livros. Poderia ser uma
criança mestiça entre um Elfo Negro e um Dwarf? Ou é apenas um Elfo Negro criança?
Enquanto Hejinmal refletia sobre essas coisas e muitas outras, ele desviou o olhar para
a enorme sombra atrás do Elfo Negro, e então seus olhos se arregalaram.
Haaah!? Um Elder Lich!? O que isso tá fazendo aqui? Que droga. Eles são imunes ao sopro
congelante e podem conjurar 「Fireballs」.
O fogo era a fraqueza dos Frost Dragons. Em outras palavras, seu ataque mais poderoso
seria inútil contra este Elder Lich, e seu oponente poderia feri-lo gravemente.
Os Dragões tinham um olfato aguçado para o tesouro. Eles poderiam farejar o valor
aproximado de qualquer item, independentemente do quão valiosos sejam. Agora, seu
nariz estava dizendo a ele que o Elder Lich diante dele estava usando um conjunto ini-
maginavelmente caro de vestes mágicas.
...Não, o mesmo vale para as roupas do Elfo Negro que está à frente deles. Eu nunca vi algo
tão valioso quanto isso antes...
E então, aquela sombra parece ser feminina... Isso não é uma Dwarf também? Não é uma
Elfa Negra, e nem é uma Elder Lich. Então... uma Elfa? Ou uma humana? Eu não entendo.
Ainda assim, ela parece estar usando roupas muito caras também... Hm, meu nariz não é
mais sensível? Mas se esse não é o caso...
Finalmente, ele viu o Dwarf na parte de trás do grupo, e Hejinmal ficou aliviado.
Isso é ser ingênuo, certo? As três pessoas à sua frente são tudo menos normais. Talvez este
Dwarf seja algo especial também. Ser descuidado é perigoso.
Depois disso, o Elfo Negro apontou para ele, como se dissesse a todos que ele estava lá.
Embora achasse que poderia ser subitamente atacado — por uma 「Fireball」, seu pior
pesadelo — a oposição simplesmente fez uma pausa para conferir, e logo eles começa-
ram a avançar para Hejinmal novamente.
Se eles tivessem atacado imediatamente, ele teria ficado em guarda. Mas esse não foi o
caso. O que ele deveria fazer agora?
Ngggh— meu estômago dói. Espero que seja apenas um Elder Lich de bom coração que
veio negociar!
Ele poderia ser morto. Para Hejinmal — que viveu em segurança durante toda a sua
vida — o tempo até o grupo parar foi um tormento interminável.
Hejinmal respirou fundo e depois — com cuidado para não parecer imponente — falou.
Eles eram um grupo que havia se aproximado de Hejinmal, um Dragão, sem qualquer
hesitação. Portanto, Hejinmal percebeu que tentar parecer ameaçador seria muito peri-
goso.
O Elfo Negro em pé na frente do grupo trocou de lugar com o Elder Lich. Naquele mo-
mento, ele percebeu quem era o líder do grupo.
“Hm? Estamos prestes a lançar um ataque e há apenas um Dragão aqui? Os Dragões que
conheço crescem mais fortes com a idade — ou seja, ficam maiores e mais poderosos.
Mas vendo o seu tamanho, você não parece nada forte... Qual é o significado disso?”
O que ele quis dizer com “Qual é o significado disso”? Hejinmal não fazia idéia. No en-
tanto, parece que o Elder Lich não estava desconfiado de um Dragão como ele.
Ah, isso... isso é muito ruim. É tão ruim que nem consigo descrever.
“De todo modo, duvido que só enviaram um Dragão para coletar informações sobre
nós... Isso é uma estratégia do inimigo, ou eu estou sendo paranoico? Dadas as informa-
ções que recebemos dos Quagoas que capturamos, provavelmente é o último.”
Para começo de conversa, ele não tinha idéia do que o Elder Lich estava falando. Não
parecia que o Elder Lich quisesse esclarecer para Hejinmal também. Em outras palavras,
ele provavelmente estava falando sozinho, mas por que ele sentiu tanto medo?
“...Pensar muito sobre isso é irritante. Vamos ver que tipo de Dragão você é.”
Ele estava relaxado demais. Ele estava falando como se tivesse pegando uma pedra do
chão. Era um tom que demonstrava a confiança em um poder de fazer o que ele falou.
“「Gr—”
“ESPERE!!”
Este era o maior grau de respeito que um Dragão poderia mostrar — a postura de ser-
vidão.
Olhando em volta, ele viu o queixo do Dwarf cair em estado de choque. No entanto, o
Elfo Negro e a humana parecida com uma Elfa não pareciam surpresos. Em outras pala-
vras, isso foi uma ocorrência natural para eles.
“...Meu nome é Ainz Ooal Gown... qual é o significado de ficar nessa posição?”
“Sim!! Eu acredito que esta é a forma correta que os humanos usam para se endereçar
quando sabem os nomes um do outro, Gown-sama! Essa postura é o maior sinal de res-
peito que nós Dragões podemos mostrar!”
O tempo pareceu congelar por vários segundos, mas finalmente, o Elder Lich disse:
Ele espiou novamente, e como esperado, o Elfo Negro e a Elfa pareceram pensar que
tudo isso era normal.
“...Há muitos usos para carne de Dragão, pele, dentes, escamas e coisas do gênero. Hm,
você... levante a cabeça.”
A atitude do Elder Lich era aquela de alguém que estava acostumado a dar ordens, en-
tão ele deve ter achado natural que até alguém como Hejinmal tivesse se submetido tão
prontamente a ele. Claramente, o Elder Lich não considerou Hejinmal digno de menção.
Os Dragões eram a raça mais forte, mas não eram invencíveis. Muitos seres poderiam
matar um Dragão. Os Frost Giants eram um bom exemplo disso.
A razão para isso foi o crescimento deles. Os Dragões continuaram crescendo com o
passar do tempo, e um dia eles se tornariam as entidades mais fortes de todas. Eles eram
uma espécie de vida muito longa, e o fato de poderem continuar crescendo ao longo
disso tudo era uma força por si só.
Desse ponto de vista, os undeads podem ser ainda mais fortes que os Dragões. Undeads
de alto nível não cresceriam em força corporal, mas podiam acumular conhecimento e
experiência.
Este Elder Lich certamente deve ser uma criatura undead lendária cujo nome havia fi-
cado nos livros de história. No entanto, parece que as bibliotecas dos Dwarfs não o ha-
viam registrado.
Ele sentiu como o Elder Lich estava avaliando seu corpo. Ele estava envergonhado por
seu corpanzil decididamente não ser muito dracônico.
“Entendo. Então os dragões que vivem nesses ambientes frios armazenam gordura sob
sua pele. Eu pensava que os Frost Dragons eram imunes ao frio... Ou será que você está
armazenando alimento no caso de você não conseguir obter comida?”
Hejinmal não tinha certeza se tinha algum valor por ser raro, mas não havia mais nin-
guém em sua família como ele. Portanto, foi uma afirmação correta.
“Surpreendente.”
Ele lutou desesperadamente para manter sua respiração sob controle. Parece que fez
outra escolha correta, a que lhe permitiria viver.
“S-Sim, existem. Há quatro dragões mais velhos que eu, seis mais ou menos da mesma
idade que eu e nove que são mais novos que eu.”
“Hoh!”
O Elder Lich parecia muito feliz, mas Hejinmal tinha certeza de que ele tinha algum tipo
de esquema maligno em mente.
“Os quatro que são mais velhos que eu são todos mais fortes que eu. Os Dragões da
minha idade também são mais fortes que eu.”
Hejinmal não podia dizer isso. Afinal, se seu valor cair nos olhos do Elder Lich, ele po-
deria ser morto no local.
“Entendo. Então, qual o nível de magia que esses Dragões mais velhos podem usar? Eles
só são capazes de usar magias arcanas?”
“O mais forte deles pode usar magia até o terceiro nível. E como disse, é uma magia
arcana.”
O Elder Lich parecia desinteressado, mas depois se animou como se tivesse notado al-
guma coisa.
“Não, isso é algo que devo perguntar. E se isso for apenas um truque? Dizem que uma
poderosa águia esconde suas garras. É possível que o Dragão mais forte possa usar ma-
gias de oitavo nível?”
Além disso, magias de oitavo nível não poderiam existir. Seria melhor dizer isso a ele?
Não, ele não podia. A verdade às vezes doía mais do que mentiras. Se ofendesse esse
magic caster undead, não haveria futuro para ele.
“—Não. Ele não pode usar magias de um nível tão alto. Mas o ouvi dizer que havia
aprendido uma magia de resistência de chamas de terceiro nível.”
Ele deveria mesmo dizer isso? Seu pai não era um inimigo que deveria ser subestimado.
“Uhum — entendi. Bem, é natural que alguém queira encobrir os pontos fracos.”
“Aura.”
“Sim, Ainz-sama.”
Parece que o Elfo Negro se chamava Aura. A julgar pelo cheiro, não seria um Elfo Negro,
mas sim uma Elfa Negra.
A outra que parecia uma Elfa não tinha fragrância feminina exalando de sua pele. Na
verdade, ela não tinha cheiro algum, semelhante ao Elder Lich.
“Eu vou dar esse Dragão a você. Se bem me lembro, disse que queria um, não é?”
Dois pares de olhos olharam para ele, um cheio de dúvida, um aparentemente dizendo:
“Essa é uma boa pergunta”.
Mesmo sendo um hikikomori, ele, provavelmente, deveria ser capaz de voar. Voar era
o mesmo que andar para os Dragões. Não havia como esquecer como fazer isso. Hejinmal
deu essa resposta, lamentando o fato de não ter testado isso antes de vir.
“Então, eu vou ficar com ele, Ainz-sama. Preciso mostrar a ele quem é que manda por
aqui, vou fazer ele me obedecer.”
Antes que Hejinmal pudesse imaginar o que exatamente ela faria, ele sentiu milhares
de lâminas de gelo cortá-lo.
“Uwaaaaah—!”
Enquanto ele gritava, o frio negro que esmagava seu corpo inteiro foi banido.
Seu coração lentamente começou a bater novamente. Seus membros tremeram, e seus
pulmões lutaram para puxar oxigênio.
Ele recordou algo assim de um livro em algum lugar. Era chamado de “intenção assas-
sina”. Em outras palavras, a Elfa Negra que seria sua mestra era um ser que podia irra-
diar uma intenção assassina poderosa o suficiente para colocar instantaneamente um
Frost Dragon em um estado quase catatônico.
Nesse caso, que tipo de ser era o Elder Lich a quem ela respeitava como um mestre?
Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Ele estava além da imaginação de Hejinmal.
Quando Hejinmal caiu em si, ele descobriu que o grupo recuou, com expressão de sur-
presa em seus rostos.
Assim que ele estava se perguntando o que estava acontecendo, ele percebeu a sensa-
ção repugnante abaixo de sua cintura. Quando ele olhou para os pés, Hejinmal ficou cho-
cado.
Parece que a bexiga dele ficou frouxa e ele se molhou. Uma poça se espalhou abaixo dele
como um lago.
“Urg...”
O que ele deveria dizer agora? Era possível que ele os tivesse desagradado e ele fosse
morto.
Ele abandonou todas as ilusões de controle. Embora tivesse a sensação de que não acre-
ditariam nele, era melhor do que dizer que se mijara por medo.
“Ehhhh...”
Isso foi ruim. Se ela sentisse que ele não tinha valor, ele poderia ser descartado como
um pedaço de lixo. Os poderosos poderiam fazer isso. De fato, seu pai não havia feito a
mesma coisa? No entanto, a ajuda veio de um lugar improvável.
“Mm. Certa vez ouvi sobre algo assim de uma das minhas amigas — Ankoro Mocchi
Mochi-san. Uma vez ela me contou sobre como ela ficou chateada quando o cachorrinho
dela fez xixi de alegria. Parece que esse tipo de coisa acontece quando ficam muito exci-
tados.”
“A Ankoro Mocchi Mochi-sama disse isso? Sério? Quando o Fen e outras criaturas má-
gicas marcam o território deles tem a ver com isso?”
“Pode ser algo assim. Não sou muito versado sobre biologia dracônica. Mas essa foi pro-
vavelmente a razão pela qual esse sujeito fez isso.”
O ser que poderia ou não ser uma Elfa estava ouvindo silenciosamente todo esse tempo.
Ela inclinou a cabeça e perguntou ao Elder Lich:
“Mm. Como a Aura disse, não seria bom se fizesse algo assim, entraria em colapso em
estado catatônico. Esse tipo de coisa é fofa apenas em pequenos animais de estimação...
Bem, a Ankoro Mocchi Mochi-san estava preocupada pois o cachorrinho dela estava fi-
cando velho. Ela disse algo sobre não o deixar muito animado... ah, aqueles foram bons
dias.”
O ar ao redor deles mudou, para algo que era o oposto polar da intenção assassina de
antes.
De todo modo, Hejinmal moveu-se para limpar a parte encharcada de seu corpo em
uma parede próxima e roçou na parede até secar a mancha.
Os Dwarfs os contrataram como mercenários e enviaram este Dwarf para ficar de olho
neles? Se esse fosse o caso, Hejinmal teria que mostrar também esse respeito ao Dwarf.
Ainda assim, onde ele se classificava como subordinado? Que tipo de ordens ele recebe-
ria a partir de agora? Essas perguntas desconfortáveis passaram por sua mente.
“Boa pergunta. Bem, vamos deixar os Quagoas para a Aura e Shalltear. Eu irei com este
Dragão e eliminarei todos os Dragões que se oporem a nós.”
Ele falou em um tom casual. Dragões eram seres que ele poderia levar a ânimos leves.
Essa era a atitude de alguém poderoso.
Hejinmal hesitou sobre o que fazer. Provavelmente seria sábio implorar pelas vidas dos
outros Dragões. Depois de firmar-se, ele falou:
“...Gown-sama, Aura-sama, poderia este que vos fala ter a permissão de falar!?”
“Entendido! Um pensamento ocorreu a mente do seu servo. Os seres que vivem daqui
não conhecem vossa grandeza, Gown-sama. O senhor estaria disposto a estender sua
misericórdia àqueles tolos? Em outras palavras, os outros Dragões deveriam saber da
glória de Gown-sama!”
“Isso aí. Não vamos nos opor a qualquer decisão que você tome, Ainz-sama.”
“Mesmo assim, tudo o que precisamos fazer é expulsá-los do Palácio Real, não? Ghrum.
Dragão, posso te fazer uma pergunta?”
Hejinmal olhou para os rostos de seus mestres. Com toda a honestidade, ele não tinha
idéia de que tipo de atitude ele precisava fazer para esse Dwarf. Dito isso, agir de forma
arrogante seria muito perigoso. No entanto, um servo que se curvava diante de qualquer
um iria desvalorizar seu mestre.
Depois de hesitar, Hejinmal escolheu uma resposta curta para evitar ofender os dois
lados.
“Umu... Ainda assim, eu não esperava que pudesse dominar completamente um Dragão...
Não, depois de ver esse seu poder, pode ser natural. Desculpe. Há outros Dragões por
perto além dos que estão nesse lugar?”
“Pode haver.”
“Pode haver, huh. Então, se houvesse, você poderia ordenar algo a esses Dragões tam-
bém?”
Parece que o Elder Lich era um rei de algum tipo, e seus súditos talvez fossem a Elfa
Negra e a Elfa.
“Tem certeza que quer ver sua raça sendo usada assim?”
“Vossa Majestade escolheu a mim— nós. Não é natural que eu escolha o lado dele em
qualquer disputa?”
“Por favor, não diga isso. Eu sou aquele quem deveria estar agradecendo. A dor que me
atormentou todo esse tempo foi varrida pelos poucos dias que passei com Vossa Majes-
tade. De todo meu coração, o senhor é meu salvador.”
“Embora eu não sinta que Vossa Majestade possa se beneficiar disso, eu certamente
pagarei a gentileza que me mostrou.”
Mesmo Hejinmal sendo o estranho aqui, ele podia entender esse relacionamento.
“Bem. Então, leve-me aos Dragões que diz serem mais fortes que você. Além disso, onde
está o tesouro da antiga Capital Real dos Dwarfs?”
“Seu humilde servo acha essa pergunta bastante fortuita, pois os dois estão no mesmo
lugar.”
♦♦♦
Com seu Mestre e o Dwarf nas costas, Hejinmal foi para a localização de seu pai. Seu
corpo pode ter ficado muito tempo sem se exercitar, mas ainda era um corpo de Dragão,
e transportar duas pessoas não representava problemas para ele.
Ele ouvia Sua Majestade falar enquanto andava e, ao fazê-lo, estava certo de que seus
conhecimentos e instintos foram a coisa mais valiosa do mundo.
Se ele fizesse xixi de novo, a opinião deles sobre ele não cairia apenas no fundo do poço,
seria como se ele pegasse uma pá e continuasse cavando até o limbo.
Felizmente, eles não encontraram nenhum outro Dragão ao longo do caminho. Assim,
eles seguiram diretamente para onde seu pai estava — ou melhor, a sala do trono e o
tesouro.
“Seu servo deseja informar a Vossa Grandiosa Majestade que, além de meu pai, há três
Dragoas que o servem como concubinas. Pretende levar esse Dwarf até lá com o senhor?”
“Não, não mesmo. Se Vossa Grandiosa Majestade sente que está bem, então natural-
mente o seu servo não tem objeções.”
“Eu o concedi imunidade ao frio, tudo deve ficar bem. No entanto, pode ser um pouco
problemático se estivermos sujeitos a numerosas magias de efeito de área de outros ele-
mentos.”
“Seu servo sente que não será um problema, Vossa Grandiosa Majestade. O sopro é a
arma de ataque favorita dos Dragões, e é natural que eles iniciem o combate usando o
sopro. Eles não considerariam o uso de magias arcanas, já que são muito mais fracas.”
“Ah, Vossa Majestade. Posso dizer uma coisa? Certamente, não há como apenas quatro
Dragões começarem a se opor a Vossa Majestade. Mas é provável que a mãe de seu servo
esteja lá. O senhor poderia poupá-la?”
“Hm...”
Hejinmal não pretendia ir tão longe a ponto de implorar que sua mãe fosse poupada.
Seria bom se ela pudesse ser salva assim como ele, mas ele não queria apostar sua vida
nisso. Não era que ele a odiasse, mas simplesmente que os laços de parentesco familiar
não eram muito fortes entre os Dragões.
Depois de deixar o ninho, até seus próprios irmãos se tornariam rivais por território.
Além disso, era comum os Dragões apaixonados por tesouros lutarem quando viam os
tesouros uns dos outros.
Era bem raro que muitos dragões — particularmente aqueles que tinham saído do ni-
nho — morassem juntos em um só lugar. Isso nunca aconteceria sem um Dragão incri-
velmente poderoso para reuni-los.
Nesse sentido, seu pai Olasird'arc — que uniu a todos como uma família contra inimigos
externos — era uma anomalia. Pode-se até chamá-lo de sábio.
“Ainda assim, Vossa Grandiosa Majestade parece um pouco exagerado... eh. De agora em
diante, você pode se dirigir a mim como o Rei Feiticeiro ou Ainz.”
Foi uma armadilha ou foi um teste? Sem hesitar, Hejinmal falou as palavras que ele
achava corretas:
Como ele poderia omitir os termos de respeito que Ainz deveria ter?
“Entendido!”
Era um teste, afinal. Se ele tivesse sido descuidado e não lhe tivesse prestado o devido
respeito, certamente teria sido punido apropriadamente. Por tudo o que sabia, ele pode-
ria ter sido morto e dissecado.
Se havia uma coisa que Hejinmal gravara em seu coração, era que ele nunca deveria ser
arrogante.
Eram um conjunto de portas duplas que pareciam precisar da força de um Dragão para
abrir. Aparentemente, os Dwarfs usavam um conjunto de portas menores ao lado para
entrar ou sair. As enormes portas eram usadas apenas para cerimônias e coisas do tipo.
Hejinmal pressionou o ombro contra as portas e aplicou força — consciente para não
desalojar seu Mestre de suas costas — e abriu as portas.
Ele viu seu pai — Olasird’arc — enrolado no Trono de Ouro. Sua mãe Kilistran e as ou-
tras duas concubinas — Munuinia e Mianatalon — também estavam presentes.
Três pares de olhos confusos se fixaram em Hejinmal. Mais um par olhou em uma dire-
ção diferente — para as pessoas montadas em suas costas. Esse último par pertencia à
sua mãe, Kilistran.
Estritamente falando, ele era o servo de Aura, a Elfa Negra. No entanto, seria mais fácil
para eles entender isso e, de todo modo, ele havia feito essa declaração depois de pedir
e receber permissão para fazê-lo.
Isso foi apenas natural. Seu pai era o dono desta terra— Não. Antigo dono, mesmo que
ainda não se desse conta, então foi uma reação natural para ele.
Ele levantou-se de sua posição enrolada e assumiu uma postura de luta que lhe permi-
tiria atacar imediatamente.
Hiiiieee!
Entre ele e Olasird'arc, não havia dúvida de que seu pai era mais forte. Não era simples-
mente uma questão de poder e resistência, mas também havia uma grande diferença em
termos de experiência de batalha. Além disso, o corpo de Olasird’arc também era mais
enxuto e mais convencional, em comparação com o de Hejinmal.
Dizer que Hejinmal não tinha chance de vitória era como afirmar o óbvio.
No entanto, ele não teve escolha senão fazer essa declaração. De acordo com os livros
de Hejinmal, nenhum seguidor faria seu mestre ter que declarar sua identidade.
Portanto, ele secretamente olhou para o pai com uma expressão que dizia: “Não foi idéia
minha”. No entanto, foi completamente ignorado. O olhar furioso foi direcionado a ape-
nas Hejinmal. Aos olhos de seu pai, que acreditava que os Dragões eram a raça mais forte
de todas, pessoas como seu Mestre e os Dwarfs não mereciam ser dignas de considera-
ção.
“—Rei dos Dragões. Você vai se submeter a mim em troca de sua vida?”
Ao mesmo tempo, havia certa indignação, pelo fato de ele não ter captado os tesouros
que seu Mestre usava. Talvez ele estivesse tão zangado que nem notou.
Não, isso era impossível. Por tudo o que ele sabia, poderia ter sido ainda pior. Enquanto
a mente de Hejinmal desvanecia com delírios, um olhar de surpresa apareceu no rosto
de seu pai.
Talvez depois de se acalmar um pouco, seu nariz dracônico para o tesouro havia en-
trado em ação.
Hejinmal achou que isso era muito ruim e procurou ajuda. No entanto, todas as concu-
binas tinham o mesmo olhar de excitação em seus rostos, uma fome bestial de tesouro
em seus olhos. Apenas sua mãe estava tentando sair clandestinamente desse lugar, mas
ela não tinha intenção de ajudar o filho.
“Esta é a primeira vez que vejo esse tesouro. Se quer que eu perdoe sua tolice, então me
ofereça suas vestes, Skeleton.”
Por que os instintos de seu pai, como um dos vivos, não lhe diziam que a Morte o espe-
rava? Deve ter sido sua avareza dracônica em ação aqui.
“Seu idiota! Acabou de jogar fora a única chance que teve para sobreviver! Não, eu de-
veria matar você—”
“—「Grasp Heart」.”
Os olhos de todos foram guiados para onde jazia o corpo do Dragão mais forte aqui.
A maneira como ele não se mexia parecia que ele estava dormindo. Claro, definitiva-
mente não era esse o caso.
“Sou eu!”
“Sou eu!”
“Sou eu!”
Três vozes soaram ao mesmo tempo. Por um momento, Hejinmal quase disse “Sou eu!”
Também.
“...Mas como assim? Não me diga que tem a mãe que o concebeu, a mãe que o criou e a
mãe que cuidou de você?”
Hejinmal olhou para as duas Dragoas que não estavam ligadas a ele por sangue.
Seus olhos estavam turvos de terror. Isso também era natural; depois que o mais pode-
roso Dragão aqui presente acabou de ser morto em um instante.
Elas não pensaram em lutar, fugir ou seja lá o que fosse. Elas se agarraram com a única
chance de sobrevivência que se apresentou. Muito parecido com ele, elas tinham feito a
escolha mais correta para viver.
Seus olhos cheios de medo olharam para Hejinmal, tentando insinuar algo para ele.
Como elas reagiriam se ele dissesse: “Não, eu só tenho uma mãe”? Seu mestre absoluto
certamente mataria as outras duas sem qualquer hesitação.
Atualmente, o poder da vida e da morte sobre as outras duas Dragoas repousavam nas
mãos de Hejinmal. No entanto, ele não podia se deliciar com isso. Tudo o que ele sentia
era uma tremenda simpatia pelas outras na mesma situação que ele. Ao mesmo tempo,
ele planejou que suas “mães” lhe devessem favores por muito tempo.
“É mesmo? Que pena. Bem, promessas devem ser compridas. Tudo bem, vou poupá-
las... Ainda assim, há apenas um cadáver de Dragão? Dragões são muito úteis. Não parece
ser suficiente... Que pena.”
Hejinmal não pensou por um momento que elas poderiam tentar escapar. Em face deste
poderoso magic caster, suas chances de escapar eram quase nulas. Elas deveriam ter
percebido isso também. Não, para Hejinmal, não fazia diferença, mesmo que escapassem.
Afinal, se fizessem isso, ele saberia como o Rei Feiticeiro iria encontrá-las e lidar com
elas.
*Toc*. Alguém bateu de leve na cabeça de Hejinmal. Virando-se, viu os olhos de seu
Mestre olhando para ele.
“Eu tenho outro pedido para você. É uma ordem muito importante. Reúna todos os li-
vros dos Dwarfs que possui, incluindo aqueles que ainda não terminou, assim como to-
dos os outros livros fora de seu quarto, e traga-os para mim.”
Depois de descer os dois nervosamente, Hejinmal correu com todas as suas forças.
♦♦♦
Ainz assistiu enquanto Hejinmal desaparecia ao longe. Ele havia perguntado a ele sobre
quantos Dragões viviam aqui. Portanto, se os números não fossem somados, ainda assim
seria benéfico para ele.
Havia apenas um cadáver de Dragão. Depois de pensar em todos os usos que ele tinha
para isso, ele queria mais. No entanto, punir indivíduos recém-subjugados, que não fize-
ram nada de errado, com o propósito de gerar cadáveres, violaria seus ideais de recom-
pensa justa e punição.
Kuku~
Ainz riu.
Havia moedas de ouro, mas estavam em menor número do que os minérios de ouro e
do que pareciam ser pedras preciosas.
Havia uma corrente de ouro com mais de cinco metros de comprimento, uma pele de
algum animal, luvas douradas cravejadas de joias, um cajado simples que parecia má-
gico... de onde ele tirara todas essas coisas?
“Umu, difícil ver qualquer bronze ou ouro-dos-tolos. Então, a maior parte disso é ouro
natural? O olfato de um Dragão funciona mesmo...”
Gondo murmurou tudo isso para si mesmo enquanto estudava os minérios cintilantes.
“Eu confio que não há problemas em exercer os meus direitos de vencedor sobre o te-
souro do Dragão?”
“Esses por direitos são seus, é claro. No entanto, que tal tentar abrir isso enquanto nin-
guém está por perto?”
“É puramente para pesquisa, é claro. Me diga se há alguma coisa que deseja, Vossa Ma-
jestade. De acordo com aquele Dragão, não há livros de tesouro nem nada, mas pode não
ser bom levar algum tesouro Dwarf que seja famoso demais.”
“Se isso acontecer, eles podem pedir que Vossa Majestade recupere o tesouro dos Dra-
gões, não? Mesmo eu não achando que o Conselho vai dizer nada a Vossa Majestade,
seria melhor não semear as sementes de conflitos futuros, não acha?”
“Tem razão. Então, vou abrir a porta que guarda o tesouro. É melhor que menos pessoas
saibam o que vai acontecer.”
“—Eu tenho um pedido a vocês. Procurem neste palácio, cômodos ocultos podem exis-
tir, e tragam todos os livros que encontrarem para este lugar. Se encontrarem algum
Dragão, diga-os que vocês são meus subordinados. Se forem atacados, podem matá-los.
No entanto, evitem fazer o primeiro movimento. Além disso... mesmo que eu duvide que
haja alguém por perto, pode haver seres poderosos presentes, então movam-se em gru-
pos. Se encontrarem alguma dessas entidades, deem prioridade em trazerem essas in-
formações de volta para mim.”
Já que os livros foram escritos na língua dos Dwarf, apenas Gondo poderia entendê-los,
então Ainz não teve escolha senão deixá-lo lê-los.
Primeiro, vou colher todos os materiais e depois processá-los. E então, se o Dragão estiver
disposto a aceitar a ressurreição, terei outro lote à mão. Embora duvide que seja assim...
Quando Yuri Alpha das Pleiades o encarou através do portal, ele ordenou que ela guar-
dasse o cadáver no 5º Andar. Para não deixar o cadáver apodrecer, a ordenou que o co-
locasse no gelo.
“Vossa Majestade! Não há sinais de que tenha sido aberto. Parece que os tesouros ainda
devem estar no lugar.”
Toda vez que suas emoções alegres eram canceladas, dava-se certa medida de despra-
zer. Mesmo assim, isso ainda o animou um pouco.
Era muito valioso, e ele não queria usá-lo, se possível, mas ele não convocara nenhum
vassalo com habilidades de alto nível de abertura de fechaduras. Os Eight-Edge Assas-
sins eram especializados em combate furtivo e tinham habilidades de abertura de fecha-
duras muito precárias.
Ainz — que muito raramente usava qualquer item raro que obtivesse — decidiu usá-lo
depois de pensar um pouco. Parece que ele estava ansioso para os tesouros dentro.
Enquanto espiavam através da fenda da porta que se abria, Ainz e Gondo cerraram os
punhos.
O brilho de ouro era pouco mais que um truque da luz. Sem luz alguma, não brilharia.
No entanto, o que eles viram foi uma enorme pilha de tesouros que parecia ter brilho
próprio. Infelizmente, a palavra “organizado” não pôde ser aplicada a ele.
“...Surpreendente.”
Muito parecido com o tesouro do Dragão, o tesouro dos Dwarfs não podia ser compa-
rado ao de Nazarick, mas para Ainz também era uma quantia louvável.
Ainz pegou uma moeda de ouro. Ele nunca tinha visto moedas assim antes, e não se
parecia com as peças de ouro usadas para comércio hoje em dia. No entanto, não parecia
que fosse feito pelos Dwarfs, simplesmente por causa do perfil de um humano esculpido
em sua superfície.
“Dizem que, no passado, os Dwarfs negociavam com a enorme nação humana que go-
vernava a área em torno dessa cordilheira. Este deve ser um retrato do governante da-
quela nação. Os ferreiros rúnicos floresceram então; foi a era de ouro deles.”
“Humm.”
Arremessando a moeda, Ainz atirou a moeda na pilha de tesouros. O ouro tilintou con-
tra o ouro, produzindo um som límpido que agradava os ouvidos.
“Então, por favor, me dê licença por um momento enquanto eu procuro manuais técni-
cos e quaisquer itens feitos por estudiosos do ofício rúnico, e assim por diante.”
Ele viu armaduras e armas aparentemente enterradas por peças de ouro. Isso não as
prejudicaria? Ou será que não se importam que sejam danificadas?
Entendo, se fosse limpo e organizado, então qualquer ladrão que entrasse poderia rapi-
damente encontrar o tesouro que eles estavam procurando. Então, em vez disso, eles ba-
gunçaram tudo? Se for esse o caso, então eles podem usar aquele velho truque também...
“Gondo, tenho algo para perguntar-lhe. É possível que haja uma porta secreta sob esta
montanha de tesouros?”
“Entendo! ...Não é impossível, mas mesmo se houvesse, seria muito difícil encontrar.
Afinal, teríamos que tirar todo esse tesouro daqui.”
“Então, poderíamos estimar a distância deste nível para o abaixo, e se houver uma dis-
crepância de altura, então essa suposição estaria correta?”
“Eu sinto que mesmo se alguém quisesse colocar uma câmara secreta neste lugar, não
seria nada mais do que uma porta secreta para esconder vários tesouros. Medir a espes-
sura também seria bastante difícil. Além disso, como este é o Tesouro, as paredes e o
piso seriam naturalmente mais espessos.”
O olhar de Gondo parecia estar perguntando o que deveriam fazer em seguida, mas Ainz
balançou a cabeça. Francamente falando, pegar os itens daqui o fazia sentir como se re-
cebesse um presente de cortesia. Parecia um desperdício fazer muito esforço por isso.
“Não viemos aqui por isso e não sabemos se realmente existe. Gastar muito tempo e
esforço é tolice. De todo modo, uma vez que os Dwarfs vierem reaver sua cidade, nós os
teremos como testemunhas e compraremos esses itens pelo preço adequado.”
Gondo começou a procurar novamente, e Ainz escolheu vários itens que pareciam mais
mágicos do que outros.
Pode muito bem ser o item mais mágico entre todos aqui.
Era comprida o suficiente para ser considerado uma espada longa e estava intrincada-
mente decorada.
Ele não tinha certeza se isso fôra feito em YGGDRASIL. Mas se fosse um item deste
mundo, então seu poder mágico seria bom demais para ser verdade. Ainz sentiu o corpo
da espada. Era suave e uniforme.
“Que espada linda e requintada. Mas não há runas esculpidas nela. Por que seria assim?”
Ainz agarrou o punho. Nesse instante, a espada vibrou. Parecia que mana estava fluindo
através dela.
Ainz não podia usar espadas longas devido a restrições de classe das profissões. No en-
tanto, parece que esta espada foi imbuída de algum tipo de magia que renunciava a essa
restrição.
“Interessante.”
Não houve dor. Parece que a imunidade de Ainz aos ataques abaixo do nível 60 ainda
estava em vigor. Não tinha a magia especial que estava imbuída na espada de Gazef.
Agora que o chamado de Gondo havia interrompido a magia, Ainz jogou a espada de
volta na pilha.
Esse é o calibre dos itens mágicos aqui? Que pena. Bem, eu acho que eu não deveria estar
esperando por um item World-Class ou algo assim.
“Gondo, já selecionei alguns itens. Eu não tenho certeza se isso é um tesouro nacional,
mas você poderia vir e me ajudar a dar uma olhada?”
Parte 4
Depois de dizer isso a Shalltear, que estava de pé ao lado dela, Aura desenrolou o per-
gaminho — o item World-class que trouxera consigo — e ativou seu poder.
[ R e p r e s e n t aç ã o d a N a t u r e z a e Sociedade]
Depiction of Nature and Society.
Simplificando, este item confinava os alvos em um espaço fechado. Para ser mais pre-
ciso, ele trocava uma paisagem pintada pelo mundo real, e então convertia o mundo real
em uma paisagem pintada.
A definição de “alvos” neste caso era a mesma que a magia de Super-aba 「Creation」,
e se referia a uma área específica. Nada dentro dessa área — animada ou inanimada —
poderia resistir a seus efeitos.
Desta vez, ela iria prender tudo dentro dessa caverna gigantesca no outro mundo criado
pelo Depiction of Nature and Society.
Shalltear e Ainz estavam protegidos por Itens World-Class, então não seriam presos
dentro do outro mundo. Em vez disso, apareceriam na paisagem pintada que substituía
a região da realidade devorada. No entanto, como usuária do item, Aura seria sugada
automaticamente para dentro.
Este mundo pintado era quase o mesmo que o mundo real, sem nada estranho ou notá-
vel que fosse perceptível. No entanto, era fundamentalmente uma ilusão. Sem o poder
do Depiction of Nature and Society, uma vez que alguém saísse da área alvo, tudo desa-
pareceria como uma névoa. Em outras palavras, qualquer tesouro obtido dentro do
mundo pintado também se dissolveria em névoa.
E pode-se escolher entre 100 outros mundos para sobrepor aos alvos dessa troca de
realidade.
Por exemplo, havia terras de lava letais que causavam danos contínuos, paisagens bo-
reais que causavam danos causados pelo frio, planícies trovejantes que choviam em in-
tervalos periódicos, regiões de monção onde a visibilidade era praticamente nula ou
mundos envoltos em neblina, como opções básicas.
O estranho era que também havia campos de batalha que podiam ser sobrepostos. De-
pois de um certo período de tempo, um número considerável de reforços apareceria
para atacar o inimigo. No entanto, essas tropas teriam apenas cerca de 60% da força de
seus oponentes, de modo que geralmente se limitavam a esgotar os recursos do inimigo.
O aspecto mais temível desse item não era atrair pessoas para um outro mundo, mas
permitir que o usuário escolhesse quais alvos sofreriam seus efeitos. O usuário também
pode escolher esses efeitos. Em outras palavras, mesmo se o usuário criasse uma região
de lava derretida, eles poderiam isentar as pessoas escolhidas do dano infligido por fogo.
A menos que outros mundos específicos fossem usados, uma das 40 rotas de fuga seria
escolhida aleatoriamente durante cada ativação, e se o inimigo conseguisse escapar atra-
vés daquela rota, a propriedade do item seria transferida para o inimigo. É claro que
nenhuma dessas rotas de fuga era simples, mas o fato de que alguém pudesse apreender
o item sem derrotar seu detentor significava que obtê-lo era mais fácil do que a maioria
dos outros itens World-Class.
Desta vez, Aura escolheu um desses outros mundos específicos, uma região simples de
espaço fechado.
Além de estar preso, o inimigo não sofreria nenhuma consequência deletéria. Ainda as-
sim, havia apenas uma maneira específica de escapar desse lugar.
“Tudo bem, Hanzo, eu quero que bloqueie a rota de fuga deste mundo. Vai ser uma dor
de cabeça se alguém fugir. Já ficou demais nas sombras.”
Embora Aura não tivesse detectado nenhum invasor nas proximidades, ter cuidado era
essencial.
Essa resposta significava que o inimigo não possuía itens world-class. Elas soltaram um
suspiro de alívio.
Shalltear olhou em volta das residências da antiga Capital Real. Era uma grande cidade,
mas estava quieta, como se todos os cidadãos tivessem fugido.
Elas precisavam capturar rapidamente o Rei dos Clãs, o governante dos Quagoas, e
transmitir as palavras do Ser Supremo para ele. No entanto, a visibilidade foi impedida
pelas casas e elas não conseguiram encontrar o lugar onde ele estava hospedado.
“Hm? Não. Mas posso criar um ambiente perigoso para causar danos ao longo do tempo.
Por exemplo, se tivesse casas de madeira, eu poderia criar uma região de lava e queimar
tudo até virar cinzas.”
“Isso pode matar todos eles, então não pode fazer isso ~arinsu.”
“Uhum. Mas ainda dá pra ativar rapidinho e depois lidar com os que sobrevivessem...
mas seria uma pena se seus minérios derretessem.”
Os Quagoas alimentavam seus filhos com metais e coisas do gênero, então deveria ha-
ver grandes quantidades de metais ou minérios brutos por aí. Destruí-los seria um des-
perdício, e Shalltear concordou.
“E também, o Ainz-sama disse que era pra ver se estavam dispostos a servir sua regên-
cia.”
“E então ele disse que, se eles se recusassem, nós os separaríamos em uma quantia es-
pecífica ~arinsu.”
“...Shalltear.”
Depois de ver Aura estreitar os olhos, Shalltear percebeu o que ela estava fazendo.
“Acho que entendeu agora ~arinsu. É preciso pensar passos à frente. Já é hora de ir?”
“Mm, vamos lá. Então, posso deixar que lide com eles?”
“Acho que sou mais adequada para essa tarefa. Você está bem com isso ~arinsu?”
A força de Aura estava ligada a suas feras mágicas, então ela não era tão boa nesse tipo
de coisa.
“Sim, né.... Se o Mare estivesse aqui, ele acionaria um terremoto e acabaria com um
monte deles.”
“Aquele garoto tem os ataques de área mais fortes de Nazarick ~arinsu. Tenho orgulho
do meu poder também, mas é um tanto limitado em um lugar assim.”
A propósito, usar um terremoto para obliterá-los não cumpriria o comando de seu mes-
tre para “selecioná-los”. Pois se esse fosse o objetivo, então poderia simplesmente con-
jurar seus familiares para realizar um massacre indiscriminado.
“Deve ser por isso que recebeu ordens assim, não? Todas essas tarefas foram para você
aprender, Shalltear.”
Aura repetiu as ordens que seu mestre havia transmitido muitas vezes.
“Isso... é verdade...”
Shalltear respondeu, e então ela mencionou algo que ela estava pensando por um
tempo:
“A julgar pela força dos inimigos que encontramos até agora, não parece que há alguém
aqui que possa derrotar um Death Knight ~arinsu. Será que foram derrotados por acaso?
É mais provável que eles usaram um item ou os derrotaram com uma conjuração tem-
porária... É muito raro que as previsões do Ainz-sama estejam erradas ~arinsu.”
Shalltear percebeu que Aura estava olhando para ela. Ela não queria perguntar o por-
quê ela estava fazendo isso.
Se ela tivesse esquecido alguma coisa, então por que não contar diretamente a ela? Foi
um tempo antes que Aura entregasse sua resposta.
“E se ter os Death Knights derrotados for parte do plano do Ainz-sama ~arinsu? É ver-
dade que os Death Knights feitos pelo Ainz-sama têm atributos muito altos. Ninguém
que tenhamos encontrado até agora deveria ter sido capaz de derrotá-los...”
“Faz sentido. Então é possível deixou a oposição matar os Death Knights de propósito.
Não pensei tão à frente assim, mas até que cheguei perto. Os Death Knights caíram junto
com a ponte, só que acho que morreram na queda. Suas pegadas estavam lá quando pas-
samos por aquela fortaleza, mas não do outro lado. Ou seja, eles foram derrotados no
meio do caminho. Então só há uma razão para terem morrido.”
“Como eu já disse, não é bem assim. Olha, se o Ainz-sama estivesse falando sério àquela
hora, aí você teria razão, Shalltear.”
Shalltear tricotou as sobrancelhas, incapaz de entender. Aura fez “Ahggh!” e deu uma
pisada no pé de Shalltear.
“O que quer dizer com “como assim”? Eu já não te disse? Ainz-sama já sabia que os Death
Knights morreram por cair na Grande Fenda.”
“Ehhh!?”
“Haaa... por que não pensa no que aconteceu naquela hora? Lembra quando o Ainz-
sama estava explicando as coisas pra você e eu queria perguntar se os Death Knights
tinham sido empurrados da ponte? Nessa hora o Ainz-sama olhou direto pra mim e or-
denou que eu ficasse quieta. Não percebeu? Foi no momento em que ele deu as instru-
ções.”
Shalltear piscou de surpresa. Ela viu seu mestre fazer aquele gesto. No começo, ela pen-
sou que era porque ele queria que Aura ficasse quieta pois estava dizendo alguma coisa.
Ainda assim, se esse era o caso, por que ele explicara tudo isso a ela?
“Será que foi... por mim? Ele fez isso de propósito para me treinar? É isso que quer dizer
~arinsu?”
“...E o que mais seria? Ao longo do caminho, você disse que poderia ter um inimigo forte
e perguntou ao Ainz-sama um monte de coisas. Se soubesse que eles haviam caído na
Grande Fenda, você teria perguntado tanto? Ah, mas pode manter isso em segredo? Só
contei porque você tava duvidando do Ainz-sama...”
Shalltear esperava que ela pudesse ficar quieta sobre esse assunto de não confiar na
proeza de um Ser Supremo.
“Enfim, só mantenha isso em segredo. Do mesmo modo que o Ainz-sama queria que eu
guardasse isso, você tem que manter sua boca fechada também.”
“Claro ~arinsu.”
Quando alguém refletia calmamente sobre isso, Aura havia cometido um pecado mortal,
o de ignorar as ordens de um Ser Supremo. No entanto, isso foi porque ela sentiu que
Shalltear mostrou desrespeito ao Supremo...
Então fui eu ou a Aura que foi rude com os Seres Supremos ~arinsu? Ou nenhuma de nós?
Hm—
A cabeça de Shalltear doía, e ela decidiu parar de discutir e não se preocupar com a
questão de guardar segredos.
“...Hm — a propósito, se eles não se submeterem ao Ainz-sama, ele disse algo sobre
reduzir os números para dez mil. Lembro que era pra poupar algumas das fêmeas, mas
e as crianças?”
“Se o Ainz-sama não deixou nenhuma instrução, significa quê... é um teste, né? A gente
até podia enviar os Hanzos pra pedir orientações, mas Ainz-sama deixou nos seus om-
bros? Então eu acho que ele quer te testar, pra ver como se sai... Como será que minha
Guardiã vai cuidar disso? Entendeu?”
Shalltear sorriu fracamente em resposta. Ela estava pensando nisso desde que recebera
suas ordens.
“Quatro mil machos, quatro mil fêmeas e duas mil crianças devem ser suficientes
~arinsu.”
“Hm? Hm — acho que sim. Você parece até bem à vontade com isso— huh?”
Aura ficou em silêncio e colocou a mão na orelha. Shalltear sabia o que ela estava fa-
zendo e se manteve o mais silenciosa possível. No final, ela sorriu de orelha a orelha.
“Não sei bem, porque eu estou me guiando pelo som, mas não parecem estar fugindo. É
mais como se eles estivessem se dispersando fora da cidade.”
Aparentemente, havia 80.000 Quagoas aqui. Demi-humanos eram do tipo que ficavam
mais fortes com a idade. Em outras palavras, todos poderiam ser soldados. Se eles mo-
bilizassem mais de 10.000 e implantassem-nos na cidade, sua vantagem numérica seria
reduzida pela metade.
Mesmo que os intrusos fossem tão poucos que não se qualificavam como exército, eles
possuíam um incrível poder de luta. A questão do Dragão já deveria ter se espalhado por
todos os Quagoas. Se fosse esse o caso, os mais inteligentes levariam os outros para fora
da cidade para evacuar, enquanto se preparavam em uma formação para atrair o inimigo
para a cidade e ganhar tempo com uma luta. Se um pequeno número de inimigos se mo-
vesse para a cidade, os Quagoas poderiam cercar a cidade e montar ondas de ataques
para exauri-los antes de dar o golpe final com uma equipe de guerreiros de elite. Essa
parecia ser a estratégia de batalha mais apropriada.
Em qualquer caso, era necessário um espaço amplo e aberto para implantar uma
grande força.
“Claro. Precisamos nos esforçar muito para não manter o Ainz-sama esperando
~arinsu.”
♦♦♦
Mais de 60.000 Quagoas capazes de lutar estavam em formação e esperando pelo ini-
migo.
Quagoas fêmeas, que não estavam grávidas ou tinham filhos, eram tão boas em lutar
quanto os machos, e foi assim que conseguiram mobilizar esses números. Ainda assim,
apesar de reunir uma força maior do que qualquer outra registrada na história, o Rei dos
Clãs, Pe Riyuro, não ficou nada feliz.
Isso era estranho demais. A caverna que continha a Capital Real de repente estava co-
berta de névoa.
As tropas prontas para a batalha começaram a se alinhar, de frente para a Capital Real.
Se o inimigo temesse seus números e não aparecesse, então seria o melhor caso. Por-
tanto, eles levaram as provisões mínimas e deixaram seus tesouros Dwarfs para trás. Se
o inimigo não fosse estúpido, eles veriam que não adiantava lutar.
Uma das formas estava vestida com uma armadura vermelha, e a outra forma era de
alguém baixo e de pele escura que não era um Dwarf.
De acordo com os que assistiram ao encontro com o Dragão do lado de fora da Capital
Real, deveria haver mais dois, mas eles não os viram. Deviam estar pegando tesouros,
enquanto esses dois estavam ganhando tempo para eles.
“Só para ter certeza, só para confirmar, isso não é um Golem, né?”
Segundo Yozu, os Golems eram altos em estatura e usavam armadura negra. Então
aquele de armadura vermelha era outra coisa. No entanto—
Talvez seja um tipo de Golem. Melhor pensar dessa maneira. Mas por que diabos eles vie-
ram enfrentar um exército de dezenas de milhares? Será que estão confiantes em matar
todos nós— Nem pensar, não pode ser. Isso é impossível.
Ele podia adivinhar que a oposição possuía um poder inimaginável, dado que eles cria-
ram essa dimensão bizarra. O fato de que eles poderiam fazer um Dragão se prostrar
diante deles sem lutar também sugeriu que eles eram muito fortes.
Ainda assim, o seu lado contava com mais de 60.000. Era completamente incomparável
ter apenas centenas ou milhares de pessoas. Não havia como lutar contra tantos adver-
sários.
Os Golems não se cansavam como seres vivos. Eles poderiam lutar para sempre, e se
eles fossem fortes o suficiente para derrotar Riyuro, então, teoricamente, poderiam ma-
tar todos aqui.
Mesmo se apenas um dos vários Quagoas causasse dano com um golpe de sorte, ao
longo de milhares de turnos de combates, os danos acumulados resultariam em ferimen-
tos que poderiam tirar o inimigo da jogada.
Os números eram fortes. Com seu exército de 60.000, enquanto lutassem em terra firme,
eles deveriam ser capazes de matar pelo menos um Dragonlord.
“—Eu vou ir falar com eles. Vocês esperem aqui. Se eu for morto... Bem, façam o que
quiserem.”
“É muito arriscado!”
“...Se não der para falar com os Golems, então falarei com aquilo ao lado dele. Seria ruim
se não descobríssemos o objetivo deles, pelo menos isso.”
O inimigo deve ser forte. Sendo esse o caso, ele perguntaria a eles seu objetivo. Se pu-
dessem raciocinar, ele não se importaria de pagar um certo preço. Se pudessem expulsar
o Dragonlord, então reconhecê-los como seus novos mestres também estaria bem.
Mesmo que isso fosse impossível, ele poderia pagar mais do que os Dwarfs pagaram.
“Ninguém deve me seguir. Se muitos de nós vierem imediatamente, isso pode desenca-
dear hostilidades.”
Sem dizer mais nada aos seus auxiliares, Riyuro deu um passo à frente.
Ele olhou ao redor. Como esperado, não havia mais ninguém por perto. Havia duas ou-
tras pessoas daquela disputa com o Dragão — o Dwarf e o sujeito com um elmo de ca-
veira — nenhum dos dois estava aqui.
Parece que o de armadura vermelha era um Golem. Parecia bem pálido e mais alto que
o humanoide ao lado dele. Ainda assim, de relance, não havia como dizer que era um ser
artificial — parecia muito realista.
“Eu sou Pe Riyuro, Rei dos Clãs Quagoas que moram neste lugar. E quem diab— quem
são vocês?”
“Estamos sob ordens do Supremo Overlord que veio a esta terra para governar vocês
~arinsu.”
O ser de armadura vermelha falou. Desde sempre ele ouviu falar que os Golems não
podiam falar, obviamente não era um Golem.
“Governar?”
“Correto. Nosso Senhor veio para subjugar vocês. Ajoelhem-se diante dele ~arinsu.”
“...Ouvi falar que há mais dois de vocês. O que aconteceu com eles?”
“Você não precisa saber. Só tem permissão para dizer se aceita nossa governança ou
não ~arinsu.”
Esses seres não estavam revelando nada para ele. Isso significaria que investigar as in-
tenções do inimigo — se eles realmente queriam lutar seriamente — era muito impor-
tante.
“...Diz que quer nos governar. Mas é muito difícil aceitarmos sua proposta sem saber
sua força. Isso faz sentido?”
Em outras palavras, ele estava insinuando que “Se me mostrar o quanto é forte, não me
importo de ser governado por você”. No entanto, os dois seres simplesmente se entreo-
lharam e deram de ombros.
“Mesmo ~arinsu? Nossas ordens dizem que, se vocês não aceitarem nossa governança,
devemos reduzir seus números até que sejam forçados a se ajoelharem. Depois disso,
deveremos matar até que restem apenas quatro mil machos, quatro mil fêmeas e duas
mil crianças. Você é capaz de diferenciar os mais valiosos, correto?”
“Então, quando restarem apenas dez mil de vocês, a gente vai levar vocês ao nosso país,
o Reino Feiticeiro, onde vocês serão colocados pra trabalhar.”
Não foi por causa do conteúdo cruel da mensagem. Foi porque estes seres entregaram-
na em um tom completamente desprovido de arrogância.
Ele sentiu que estes dois humanoides poderiam realmente fazer isso.
Sim.
Sim, apenas esses dois humanoides poderiam matar um exército de mais de 60.000.
Essa atitude inacreditável deixou Riyuro sem saber o que fazer a seguir.
Eles não podiam escutar tais ordens insanas sem sequer lutar.
Os Dwarfs eram cabeludos, então ele podia entendê-los ao observar os pêlos. Já esses
dois seres não tinham cabelo, exceto no topo de suas cabeças, então ele não conseguia
ler suas expressões. Tal era o abismo entre duas espécies diferentes.
“E-espera—”
“—Então, vou começar a reduzir seus números a um nível aceitável. Sendo esse o caso,
não dê suas roupas para mais ninguém.”
Normalmente os Quagoas não usavam roupas. Afinal, eles estavam cobertos de pêlos
da cabeça aos pés.
No entanto, um rei precisava mostrar sua autoridade e, portanto, precisava de algo para
diferenciar-se facilmente dos outros. Foi por isso que ele usava roupas e uma coroa feita
por Dwarfs, com o brasão do Rei dos Clãs. Ao mesmo tempo, ele poderia deixar os outros
usá-los para servir como um dublê para ele, a fim de enganar os inimigos de outras raças.
Essas coisas tinham visto através desse plano e assim tentado cortá-lo no meio do ca-
minho?
Tirar a liderança inimiga para enfraquecer o exército inimigo era a condição de vitória
mais óbvia. No entanto, por que não fizeram isso?
Não, não é isso. Há outro motivo... Será quê... Deve ser isso. Essas coisas não estão tentando
me matar, mas sim estão tentando não me matar por acidente!
As diferenças entre as espécies eram muito profundas. No entanto, enquanto ele usasse
suas roupas, estes seres poderiam dizer quem era o Rei dos Clãs e, assim, poupariam-no.
Esse foi o significado daquela declaração arrogante.
“Então, não é hora de você voltar? Vamos começar assim que o seu lado se mover para
nós. Eu ficaria feliz se você escolhesse aqueles que deseja que sobrevivam antes disso
~arinsu.”
Os seres acenaram para ele, indicando que ele deveria retornar. Em outras palavras,
não havia necessidade de negociar mais.
Diante dessa arrogância, o Rei dos Clãs lutou para reprimir o terror transbordando
deste coração.
Mesmo assim... eles não podem reduzir nossos números de sessenta mil para dez mil... Sim.
Deve ser isso. Devem ter ficado malucos depois de ver nossas tropas!
Entretanto, isso seria muito perigoso. Se o inimigo pudesse destruir edifícios, causaria
grandes danos a suas casas. No final, esse era o único lugar onde eles poderiam lutar.
Depois de retornar às suas tropas, o Rei dos Clãs reuniu seus assessores.
“Aquilo era um Golem? ...O que aconteceu? O senhor parece muito desconfortável.”
Sua expressão deve ter assustado os outros dois. O Rei dos Clãs deu uma leve bofetada
no rosto e deu suas ordens.
♦♦♦
Riyuro deu voz a um grito poderoso. Foi um grito infundido com a habilidade que ele
obteve quando ascendeu à posição de Rei dos Clãs. Quando ele viu seu exército de mais
de 10.000 atacar o inimigo em resposta ao grito, ele até se sentiu um pouco satisfeito.
No entanto, os resultados dessa investida eram horríveis demais para serem vistos.
O que espirrou em toda parte não era água espumosa, mas Quagoas — ou melhor,
aquilo que costumava ser um Quagoa. Talvez uma visão como essa fosse apropriada para
Dragões ou Gigantes, mas seus oponentes eram criaturas menores que Quagoas.
Isso não foi uma metáfora. A investida dos Quagoa estava literalmente voando pelos
ares. Não era feito um por um. Várias dúzias deles eram enviadas voando de uma só vez.
Seus cadáveres pulverizados tornaram-se uma chuva de pedaços de carne que choviam
sobre seus companheiros.
As tropas cheias de entranhas continuaram a sua investida, e após isso, uma vez mais,
se tornavam pedaços de carne que uma vez mais caíram em seus companheiros. Uma
cena digna de um pesadelo.
Por alguma razão, o fato de não conseguirem mais ver sangue jorrando tornou a visão
ainda mais surreal.
Riyuro nem sequer teve forças para responder ao grito triste de seu orientador. Seus
pensamentos apenas vazaram pela boca em forma de palavras.
“Rei dos Clãs! Que coisa é aquela!? Não é nada como os Golems que vimos antes!”
Cada Quagoa que fazia alguma investida era morto em um único golpe. Isso não era
mais uma batalha. Não foi nem mesmo um massacre. Foi simplesmente eliminação. Os
companheiros que ele reunira para aumentar sua influência agora estavam sendo muti-
lados em grandes quantidades como se fossem apenas lixo.
“E PARA ONDE!?”
“Onde você pode correr nesta dimensão bizarra!? Aqueles humanoides disseram que
vão nos matar até restarem apenas dez mil de nós!”
Depois de ver essa esmagadora — essa força monstruosa, eles entenderam que suas
ameaças não eram uma piada. Embora fosse difícil acreditar, eles não tinham escolha
senão acreditar. De sua população de 80.000, apenas 10.000 teriam permissão para so-
breviver.
Embora ele quisesse pedir perdão agora, não havia calor nos olhos daqueles dois seres.
Mesmo os olhos do Dragonlord tinham mais compaixão.
Aqueles seres não têm intenção de mudar sua declaração, vão nos reduzir a dez mil.
“Isso é impossível! Rei dos Clãs! O que diabos eles são? O que os Dwarfs trouxeram
aqui!?”
“Poderia ser aquele ser de armadura vermelha também é uma arma dos Dwarfs? Eles
enviaram algo mais forte porque sabiam que os Golems foram destruídos?”
“...Então, se o derrotarmos, eles enviarão algo ainda mais forte do que isso?”
Os gritos de seus homens ecoaram por todo lado. Apenas a região ao redor de Riyuro
ficou em silêncio.
“Pare! Eles precisam lutar! Não há outra saída para nós! Por mais forte que seja, acabará
se cansando! Quando isso acontecer, esperaremos até que ele não consiga mais balançar
a arma e forçá-los a negociar e exigir concessões deles!”
Ele mencionou algo em que Riyuro havia pensado no canto de sua mente. No entanto—
“De qualquer modo, enquanto algo for vivo, deveria ficar cansado. Pode ter mais resis-
tência do que nós, mas definitivamente ficará cansado. Até lá, faça-o continuar balan-
çando sua arma! ...Mesmo que não se canse fisicamente, quando se cansar de matar, po-
deremos discutir algo.”
O Rei dos Clãs relutou em falar as palavras que vieram em seguida, mas elas tinham que
ser ditas:
“Além disso, não podemos vencer mesmo se lutarmos contra aquilo! Não contra um
monstro desses.”
Suas tropas não seriam desmoralizadas ao ponto de fugir. O grito que Riyuro costumava
fazer soar na investida transformava seus homens em guerreiros que não conheciam o
medo. Muito parecido com o estado enlouquecido dos Berserkers, aumentava sua força
de ataque, mas reduzia sua defesa. Mais importante, eles eram imunes a todos os efeitos
relacionados ao medo. Mas o fato de não recusarem as ordens do Rei dos Clãs, por mais
perigosa que fosse, poderia ser considerado uma faca de dois gumes.
A grande massa de soldados continuou avançando sem olhar para trás, e eles foram
reduzidos à metade de seu número anterior com tanta rapidez que quase ninguém pôde
acreditar.
O fato de que esta tragédia estava se desenrolando diante deles sendo feito por apenas
um ser, traumatizou seus corações.
A razão pela qual nenhum deles respondeu ao grito de Riyuro foi porque estavam todos
vendo aquela armadura vermelha com desespero em seus olhos.
Eles também devem ter sentido que não tinham esperança de vitória. Quando foram
reunidos pela primeira vez, seus olhos brilharam, mas agora não havia luz em seus olhos,
como se estivessem mortos.
Ele havia escolhido não os deixar frenéticos para preservar sua força defensiva, mas
fôra a decisão errada.
“Vocês são nosso trunfo! O inimigo matou muitos dos nossos companheiros, por isso
deve estar cansado! Vocês serão capazes de fazê-lo sofrer!”
Deve estar cansado — ele disse, mas não havia sinal disso. Aquela armadura vermelha
não mostrava sinais de parar enquanto cortava cada Quagoa que atacava em pedaços e
mandava os pedaços voando no ar, manejando e perfurando com sua estranha arma se-
melhante a uma lança sem o menor indício de parar.
“Isso mesmo! Não importa o que seja, aquilo está vivo, então vai ficar cansado! Vocês
conseguem! Vão! Nossos heróis!”
Ele deu ordens a seus homens para limpar o caminho para a armadura vermelha. Então,
os heróis atacariam a armadura vermelha—
Depois de ouvir as vozes trêmulas de seus ajudantes, ele lentamente abriu os olhos.
Nada havia mudado. Isso estava certo. Não havia feito diferença.
Assim como os soldados comuns, os heróis escolhidos foram cortados em carne moída
e enviados aos ares como pedaços de carne. E tudo aconteceu em um instante. Eles ti-
nham encontrado o mesmo fim que os soldados comuns.
Riyuro não pôde dizer mais nada. Embora ele não soubesse o que era aquela armadura
vermelha, era algo que era, sem dúvida, mais forte que um Dragão.
Riyuro não podia mais sentir nada. Ele simplesmente esperou em silêncio pelo passar
do tempo, o resultado seria como o inimigo desejava.
“Milorde...”
“...Não há mais nada que possamos fazer. Mesmo que haja apenas dez mil de nós, con-
tanto que sobrevivamos, algum dia... algum dia, poderemos tornar os Quagoas grandes
novamente...”
Ninguém poderia dizer nada em face das palavras de Riyuro. Isso foi porque todos en-
tenderam claramente em seus corações.
Eles entenderam que não havia mais nada que pudessem fazer.
A cabeça de Riyuro abaixou sem forças. Era como se ele estivesse andando em um lugar
seguro e, de repente, emboscado por um monstro.
“A propósito, onde é esse tal Reino Feiticeiro? Tem alguma coisa a ver com os Dwarfs?
Alguém por favor me diga...”
Por mais que ele tentasse negar, a carnificina diante de seus olhos lhe dava a sensação
de que uma tragédia ainda maior viria em breve.
De repente, ele viu seus servos Quagoas segurando gaiolas. Essas eram as gaiolas usa-
das para armazenar lagartos de comida. Riyuro sabia que agora não era a hora para isso,
mas o estresse sobre ele fez com que ele alcançasse a jaula. Ele agarrou um lagarto vivo,
mas quando estava prestes a morder sua cabeça, uma dor intensa percorreu sua barriga,
dobrando seu corpo em forma de ㄑ.
Não havia como derrotar o governante absoluto que logo subjugaria sua raça. A idéia
de florescer novamente era tão estranha que até ele não tinha nada a dizer em sua defesa.
Não importa quantas gerações passassem, eles nunca seriam capazes de se rebelarem.
Os Quagoas da Cordilheira Azerlisiana para sempre usariam coleiras e prestariam ser-
viço a seu temível mestre.
“Já que era tão forte, deveria ter dito isso em primeiro lugar! Por que, por que não me
disseram?”
O choramingar do Quagoalord, saudado por seu povo como o maior governante da his-
tória, misturou-se com os gritos das crianças enquanto seus próprios soldados as mas-
sacravam.
Parte 5
Ainz e Gondo deixaram o Tesouro ao mesmo tempo. Houve um relance de Dragões in-
clinando suas cabeças diante deles. Havia 19 deles no total, incluindo Hejinmal.
Em outras palavras, todos os Dragões que Hejinmal havia mencionado estavam aqui.
Agora não haveria necessidade de caçá-los.
...É bom que eles estejam sendo obedientes, mas é uma pena que não tenha mais cadáveres
de Dragão... Devo encontrar alguma desculpa pra matar mais alguns? Não, isso seria ruim.
E se eu deixar que se reproduzam e depois— hm? Não é a mesma coisa?
“—Vossa Majestade, O Grandioso Rei Feiticeiro. Seus servos fiéis se reuniram diante de
ti.”
Hejinmal falou enquanto Ainz estava pensando. Deixando de lado suas contemplações
no momento, Ainz respondeu:
“Levantem a cabeça.”
Devido ao enorme tamanho de seus corpos, eles eram muito mais altos que Ainz quando
eles se levantaram, mas não havia nenhum senso de superioridade quando olhavam
para ele.
Eles tinham ouvido falar sobre isso, mas ainda era difícil acreditar que Ainz havia ma-
tado o Dragonlord, seu pai. Ou melhor, até Ainz pensaria a mesma coisa se estivesse no
lugar deles. Havia muitas coisas que tinham que ser vistas para serem acreditadas.
Ainz caminhou em frente ao Dragão rugindo. Então ele sorriu e acenou com a mão,
como se dissesse: “Vem com tudo”.
Elas foram rápidas, mas não tão rápidas quanto os ataques do Troll com qual ele tinha
lutado recentemente.
Ainz não as evitou. Ele recebeu o ataque do Dragão de frente. O Dragão — que achava
que Ainz não podia fugir a tempo — sorriu largamente, mas quando percebeu que Ainz
não tinha necessidade de se esquivar, aquele sorriso congelou em seu rosto. Depois de
se certificar de que o Dragão sabia disso, Ainz lançou uma magia.
“「Grasp Heart」.”
O olhar de Ainz se moveu do Dragão que desmoronou como seu pai, e se virou para os
outros.
“Alguém mais?”
Depois dessa pergunta silenciosa, os Dragões se curvaram ainda mais do que antes,
como se estivessem tentando se deitar no chão. Ninguém aqui duvidou mais do poder
de Ainz.
Ainz abriu um 「Gate」 e atirou o cadáver do Dragão através dele. Então ele pegou
Gondo e o colocou nas costas de Hejinmal.
Do ponto de vista técnico de Hejinmal, as costas de sua mãe eram maiores, então montá-
la seria mais adequado para um governante.
No entanto, Ainz já tinha percorrido todo o caminho até aqui montado em Hejinmal,
então ele também poderia montá-lo o resto do caminho.
“Ainz-sama! Como o senhor pediu, terminamos a seleção dos Quagoas. Existem quatro
mil machos, quatro mil fêmeas e duas mil crianças ~arinsu. O resto são todos cadáveres.
Além disso, permitimos que eles recuperassem os corpos intactos e os colocassem em
outro lugar.”
“Entendo. Então eles rejeitaram minha compaixão, mas agora eles se apegam desespe-
radamente à sua chance final de sobrevivência. Quão tolos.”
“Bem ali.”
Apontou Shalltear. Como esperado, era um Quagoa trêmulo. Antes de Ainz convocá-lo,
ele ativou seu halo de brilho de obsidiana. De acordo com sua pesquisa, esse efeito me-
lhor se adequava a um regente.
Enquanto ouvia os murmúrios e sussurros do voo dos Dragões, ele chamou o Quagoa-
lord.
“Sim, senhor!”
“Entendido!! Nós somos seus servos, e todos os nossos filhos e os filhos de nossos filhos
devem se esmerar ao serviço de Vossa Majestade!!!”
A repetição interminável de frases e poses diante do espelho finalmente deu frutos. De-
pois de golpear uma pose de vitória em seu coração, Ainz se voltou para suas duas Guar-
diãs, que haviam cumprido com perfeição seus deveres.
“Muito obrigada!”
“Suas palavras limparam meu coração da vergonha do meu erro anterior, e agradeço
do fundo do meu coração ~arinsu.”
“Hm, hm...”
Depois de ver o deleite de Shalltear, Ainz tinha certeza de que ele havia usado as pala-
vras certas.
“Então, esta quantia está boa? Se for demais, podemos abatê-los novamente até que os
números o agradem, Ainz-sama.”
“Não, não há necessidade disso... esses números estão bons. Falando nisso, algum deles
pode se tornar forte? Não pelos nossos padrões, é claro, mas pelos das pessoas deste
mundo.”
“Não, não é isso. O Rei dos Clãs a quem você falou era considerado bastante forte, em-
bora nunca tenhamos visto sua força.”
“Mesmo...”
Embora ele não tivesse certeza de como os Death Knights haviam sido derrotados, era
mais provável que fosse uma coincidência. Por tudo que ele sabia—
No entanto, se ele deixasse ainda mais evidente seu erro, elas poderiam dizer aos ou-
tros: “Ainz-sama disse isso, mas na verdade~” e assim por diante.
Que problema! Isso é muito ruim! Eu não deveria ter me empolgado e as instruído daquele
jeito! Eu sinto vontade de chorar agora.
Mas pensando bem, até que não é uma boa chance de dizer aos Guardiões que eu posso
cometer erros também, não? A partir daí, posso passar da posição de um governante incri-
velmente sábio para um governante comum, e isso pode me libertar do meu tormento emo-
cional. E se eu fizer isso, os Guardiões podem notar meus erros e me avisar sobre eles.
Ele ordenou que os Dragões saíssem, porque sabia que eles tinham os sentidos muito
aguçados. Então, ele percebeu o movimento dos Quagoas à alguma distância. Gondo pa-
recia muito solitário sozinho, mas ele apenas teria que suportar isso.
O que ele faria a seguir poderia mandar todo o seu árduo trabalho pelo ralo. Ainz se
sentiu desconfortável com a maneira como a situação mudaria e o que poderia acontecer
no futuro. Seu corpo — que não conhecia o medo — começou a sentir medo. Apesar
disso, ele reuniu coragem para falar.
“Ah, vocês duas, escutem bem... Vocês se lembram do que eu disse sobre a possibilidade
de um ser neste lugar que poderia facilmente derrotar os Death Knights?”
As duas se entreolharam e seus rostos sugeriram que haviam percebido alguma coisa.
“Sim, isso. Parece que eu estava enganado. Talvez o Dragão que eu matei pudesse ter
destruído os Death Knights, mas não parece que qualquer outra pessoa poderia.”
“Eu entendo, Ainz-sama ~arinsu. Suas palavras foram destinadas a me fazer aprender.
Pensar que o senhor teve que se rebaixar por causa da minha inexperiência... Eu, Shall-
tear Bloodfallen, ofereço minha maior gratidão para com suas considerações misericor-
diosas ~arin-su!”
“...Eh?”
Para surpresa de Ainz, elas estavam olhando para ele com respeito em seus olhos. Em
particular, o rosto de Shalltear estava vermelho, seus olhos estavam úmidos, seus lábios
estavam apertados e sua boca tremia como se estivesse à beira das lágrimas.
Além disso, devo negar o que a Shalltear disse...? Ah... melhor não, a Shalltear aprendeu
muito nessa jornada. Então eu vou colocar minha fé em você, Shalltear!
“Sim!!”
Como assim—?
“Ainda assim, até eu posso falhar e posso cometer erros. Espero que vocês mantenham
esse fato em seus corações.”
“Sim! Mesmo eu não achando que é possível para o nosso grande governante cometer
um erro, eu entendo, Ainz-sama ~arin-su!”
Shalltear parecia ter alcançado os limites de sua resistência. Ela caiu de joelhos e come-
çou a soluçar. Enquanto cerrava os dentes e chorava copiosamente, Aura pôs a mão nos
ombros de Shalltear, com os próprios olhos cheios de lágrimas. Poderia ser uma cena
tocante que ilustrava sua amizade, mas Ainz não tinha idéia do que estava acontecendo,
e tudo o que ele conseguia pensar era onde Shalltear — como uma criatura undead —
estava segregando suas lágrimas, saliva e outros fluidos corporais. Assim, ele se refugiou
da realidade pensando em biologia.
Enquanto Ainz não tinha idéia de como tudo tinha ficado assim, ele decidiu deixar as
coisas como estavam por enquanto. Sim, havia muitas coisas neste mundo que desafia-
vam a compreensão, ou melhor, eram situações em que ele tinha que fingir a compreen-
são. Foi assim que ele se sentia quando ouvia seu CEO explicar casos importantes.
Ainz sentiu que isso era apenas chutar uma pedra no caminho, mas ao mesmo tempo,
ele sentiu que seu futuro eu, que encontraria o problema novamente, seria uma pessoa
melhor. Assim, Ainz fez a única coisa que seu eu presente poderia fazer agora.
Depois de se ajoelhar na frente de Shalltear, ele enxugou as lágrimas, como um pai faria
por sua filha.
E então, naquele momento, ainda mais lágrimas correram pelas suas bochechas.
“Ainzsh-shama...”
“Sim. Você fez muito bem. Você é tudo que eu esperei de uma de minhas Guardiãs.”
“Ainzsh-shamaaa—”
“T-tudo bem...”
Shalltear olhou para Ainz enquanto respirava pelo nariz e tentava enxugar as lágrimas.
“Mm, hm. Tudo bem, então devemos seguir em frente agora. Ainda há muito a ser feito,
não?”
♦♦♦
A Câmara do Conselho fôra barulhenta durante toda a manhã, mas depois de receber a
última notícia — ficou em silêncio.
Se eles não estavam abraçando a cabeça, eles estavam as coçando. Nem um único Dwarf
na sala poderia ficar calmo.
“...Ele voltou.”
“...Bem, isso... isso foi rápido. Ele realmente... realmente tomou de volta a Capital Real?”
A explicação óbvia era que ele usara magia para forçar sua conformidade. No entanto,
quando eles levaram em consideração o poder incomparável do Rei Feiticeiro, era igual-
mente plausível que ele pudesse ter intimidado um Dragão a ser subjugado apenas
usando força bruta.
Não, este último era mais provável. Não parecia que o Rei Feiticeiro precisasse de al-
guma magia para governar os Dragões. A imagem mental absurda de um Dragão ajoe-
lhado diante dele em submissão passou pela mente dele.
“Então, o que devemos fazer? Estamos sem tempo, não estamos? Sua Majestade retor-
nou. Se não o encontrarmos imediatamente podemos criar problemas. Isso significa que
temos que tomar uma decisão imediatamente, sobre isso — sobre o Forjador Mestre!”
O Forjador Mestre tinha fugido do país com o lingote de metal que o Rei Feiticeiro havia
confiado a ele. Escusado dizer que o ato de fugir com um item que outro país lhes havia
dado com o propósito de fazer algo era imperdoável.
Essa marca negra seria visível para todos verem quando as nações Dwarfs fizessem
acordos com outras nações.
Foi um golpe fatal para um país que negociou as habilidades de seus ferreiros.
Quem comissionaria qualquer trabalho de um país com uma má reputação? Pior ainda,
não era um ferreiro mediano que tinha fugido com o item, mas sim um membro da lide-
rança da nação. Pode muito bem ser interpretado como toda a nação puxando cordas
nos bastidores.
No entanto, nenhum deles poderia encontrar uma resposta que resultasse no Rei Feiti-
ceiro concedendo-lhes o seu perdão.
“...Eu ainda não posso acreditar que ele realmente fugiu com o lingote...”
O Secretário do Gabinete murmurou, mas aquelas palavras não tinham significado aqui.
Eles foram muito além do ponto de sentir qualquer coisa por eles.
Ninguém aqui na verdade expressou sua concordância com a declaração, mas sim, o
Comandante-Chefe ficou cada vez mais descontente.
“Mesmo que você não queira reconhecer esse crime cometido por um colega, por um
de nós, qualquer um que diga isso sobre a pessoa que reivindicou a Capital Real da qual
nós não pudemos... Não há escolha senão considerar aquela pessoa como a escória da
nossa raça.”
“—Não seja assim, Comandante-Chefe. Você deveria saber também; ele procurou o
mais teimoso entre todos nós, o mais atarefado.”
“Eu não acho que o problema pode ser explicado simplesmente dizendo que ele estava
de cabeça cheia...”
“Bem, vamos deixar uma conversa não construtiva assim para mais tarde, Comandante-
Chefe. Precisamos tomar uma decisão sobre assuntos mais importantes agora. Devemos
informar Sua Majestade imediatamente? Eu sinto que pode ser melhor tentar atrasar as
coisas e usar o tempo para continuar procurando por ele. O que acha disso?”
Isso não era algo que eles deveriam estar dizendo sobre um amigo, mas ninguém se
pronunciaria contra as pessoas repreendendo o Forjador Mestre por causar um pro-
blema tão grande. Pelo contrário, o Comandante-Chefe até assentiu em aprovação.
“Pelo menos ele não pegou a espada curta. Mas, ah, bem, se nos desculparmos... seremos
perdoados? ...Bem, não é como se pudéssemos fazer mais do que pedir desculpas.”
“É importante pedir desculpas, mas é ainda mais importante afirmar a verdade. E de-
pois disso, tudo o que podemos fazer é aceitar quaisquer termos que ele determine.”
Portanto, eles tinham que deixar o Rei Feiticeiro nomear seu preço. Ainda assim, ele
realmente pediria dinheiro? Eles imaginavam que ele pediria algo mais, mas nem mesmo
eles poderiam imaginar o que exatamente ele pediria.
“Eu não consigo pensar em nada. Vamos deixar isso por agora — com o que podemos
concordar? Não... quais pedidos devemos negar a ele?”
“E podemos negar? Seria difícil, não acha? Esta cidade pode ter valor histórico, mas não
temos nenhum tesouro nacional de natureza física ou mágica.”
“Conversamos sobre isso antes, não? Dizer esse tipo de coisa para quem reivindicou a
Capital Real é passar dos limites... Ainda assim, também é verdade que não há mais nada
a oferecer.”
“Não diga uma coisa dessas... Então, vamos convidar o Rei Feiticeiro a entrar sozinho
desta vez.”
♦♦♦
Havia uma expressão estranha nos rostos de todos os Dwarfs quando Ainz entrou na
sala.
Aquele que falou por eles foi— bem, todos pareciam iguais aos olhos de Ainz, então ele
não tinha idéia de quem era. Tudo o que ele sabia era que certamente não era o Coman-
dante-Chefe. Ele começou com “Agradeço por recuperar a Capital Real” e lançou uma
longa série de agradecimentos, o que fez Ainz se sentir cansado. Então, uma vez que ele
“Há também outro assunto que devemos oferecer nossas sinceras desculpas, Vossa Ma-
jestade. O lingote que Vossa Majestade confiou a nós foi roubado pelo Forjador Mestre,
que fugiu da nação com ele. No momento, estamos procurando por ele, mas não tivemos
sorte em encontrá-lo... Vossa Majestade nos deu aquele lingote e sua confiança, mas
ainda assim um incidente como esse ocorreu da nossa parte. Não sabemos por onde co-
meçar a pedir desculpas.”
Francamente falando, Ainz não tinha idéia do que estava acontecendo. Por isso ele per-
guntou:
Fugir com o lingote significava que poderia vendê-lo para alguém? Era tão valioso assim
para perder sua posição como um dos conselheiros da nação dos Dwarfs?
Por um momento, Ainz quis dizer que havia um jogador envolvido, movendo seus peões
secretos na nação Dwarf. No entanto, um jogador não precisaria de um lingote como
aquele. Não era valioso o suficiente para fazer as pessoas abandonarem sua posição,
mesmo para jogadores de nível muito baixo. Sendo esse o caso, teria sido mais vantajoso
manter seus subordinados escondidos e em uma posição de poder.
“Não sabemos. Honestamente não sabemos. Nenhum de nós faz idéia do porquê ele fa-
ria um ato tão precipitado.”
“...Não podemos nos desculpar o suficiente por isso. Mesmo ele tendo deixado a espada
curta, ele pegou o lingote e não podemos devolvê-lo ao senhor. Nós já enviamos grupos
de busca e nós iremos devolvê-lo assim que o encontrarmos. Então, se permitir, permita-
nos oferecer um substituto para a armadura. Embora não seja nada comparado ao lin-
gote que o senhor nos confiou, é o maior empenho que podemos fazer.”
“Se— se deseja um escudo, podemos criar um para o senhor que não seja orichalcum.”
“Humm...”
—Será que é um problema? Não é raro; eu tenho muitos mais como aquele... E eu sei que
o metal não é encontrado aqui, mas talvez em outras em outras regiões seja comum. Sendo
esse o caso, será melhor ter mais armaduras, não? Até porque vão encantá-las também...
Além disso, mesmo que encontrem o lingote, não vão pedir de volta os itens que já criaram,
né? Isso tornaria isso um bom negócio...
“...Se você não tiver, então não há nada a ser feito. Então, vamos deixar as coisas nisso.
Discuta isso com o Zenberu mais tarde e prepare o que ele desejar.”
Ele deveria ter dado uma de difícil? Ainda assim, seria ruim se as pessoas duvidassem
de sua soberba devido à sua mesquinhez. Nesse caso, talvez aceitar sua oferta permitiria
que outros o vissem como uma pessoa generosa.
Suas vozes implícitas indicavam que todos estavam de guarda contra ele.
“Não há necessidade de ficarem tão tensos. Não é um grande problema, afinal. Eu sim-
plesmente desejo o apoio do seu país para o recrutamento de ferreiros rúnicos.”
“Poderia realizar uma cerimônia neste país e fazer um anúncio público sobre eles tra-
balhando em minha nação? Isso certamente os faria felizes.”
“Perfeito. Então, por favor, permita que meu país cuide da questão do serviço de bufê.
Se preparar para isso vai levar algum tempo, então eu espero que não se importem se
eu ficar mais um pouco.”
Ainz sorriu em seu coração. Agora ele não precisaria voltar para E-Rantel.
A primeira razão foi porque ele queria informar a Albedo sobre o pedido de vassalagem
do Império usando 「Message」, para que ela pudesse planejá-lo com Demiurge. As coi-
sas seriam muito ruins se ele estivesse presente. Portanto, Ainz precisava de um motivo
para não voltar.
Além disso, ele queria melhorar seu relacionamento amigável com os Dwarfs, que tam-
bém era uma razão muito compreensível.
Quanto ao segundo ponto, Ainz pretendia fazer com que os Dwarfs descobrissem mais
quando voltassem à Capital Real no futuro, razão pela qual ele precisava de uma amizade
firme com eles.
♦♦♦
As longas filas de mesas tinham muitos pratos, cada uma delas carregada com uma
sumptuosa variedade de pratos.
Sendo um undead, Ainz não tinha desejo de comida, mas os remanescentes de Suzuki
Satoru sim. Seu desejo de experimentar um pouco juntamente com sua curiosidade so-
bre como seria o gosto o atormentaram.
Talvez, se os pratos à sua frente fossem feitos pelos chefs de E-Rantel ou Nazarick, não
despertasse sua curiosidade, mas estes eram feitos por Dwarfs.
Pois os ferreiros rúnicos levariam suas famílias inteiras para o Reino Feiticeiro, eles
tinham suas esposas, mães, filhas e outras parentes do sexo feminino para cozinhar para
o evento. É claro que a maioria das 2.000 porções de alimentos aqui foram fornecidas
por Ainz — por Nazarick.
Claro, Ainz não era uma pessoa que usaria itens perdulariamente, então a maioria deles
era essencialmente a culinária de E-Rantel. A carne havia sido coletada pelos Dragões da
cordilheira, enquanto o vinho tinha sido originado do Reino e do Império pelos comer-
ciantes que permaneceram em E-Rantel.
As mesas gemiam com pratos de comida, mas mesmo agora as damas ainda serviam a
comida que haviam feito.
Não entendo muito bem esses hábitos... Bem, um pouco de cultura não faz mal. O Reino
Feiticeiro reuniu todos os tipos de humanoides. Se eu perguntar demais posso causar pro-
blemas no futuro.
Ainz desviou o olhar das damas que ainda serviam comida. Seus olhos cruzaram as inú-
meras cabeças Dwarfs diante dele e descansaram na plataforma elevada à sua frente.
Alguns dos ferreiros ligados ao Reino Feiticeiro estavam com os membros do Conselho.
E então, o Conselho informou-os sobre a migração para o Reino Feiticeiro.
“Começou.”
“Assim parece.”
Naturalmente, Ainz simplesmente não queria ficar no palco para conhecer e cumpri-
mentar as pessoas. Suas palavras anteriores eram simplesmente algo que ele havia fa-
lado por falar.
“Ainda assim...”
Ainz olhou para o palco mais uma vez. Eles não paravam de falar, e isso foi tudo o que
me veio à mente. No entanto, seria um pouco insensível dizer que ele não notou nada
depois de Gondo ter levantado o assunto.
“Uhum. entendo...”
No final, ele simplesmente usou a resposta apropriada como uma cortina de fumaça.
Ainz respondeu sem pensar, embora ele ainda não tivesse idéia do que estava aconte-
cendo, e completou:
“É a alegria de sentir olhares de admiração sobre eles mais uma vez. A cerimônia de
hoje — com pratos feitos com ingredientes que ninguém aqui já viu, assim como todos
os tipos de bebidas alcoólicas — foi para deixar os ferreiros rúnicos perceberem que eles
não estavam sendo vendidos, mas sendo contratados pelo Reino Feiticeiro.”
“Eu vou esperar grandes coisas deles, sabe disso, não é?”
Depois de pegar uma grande caneca de cerveja de Gondo, ele bateu contra a mesa como
os outros estavam fazendo. Ainz, em seguida, levantou uma pequena xícara de licor em
um brinde, e depois devolveu a Gondo, pois ele não podia beber.
Os Dwarfs — que estavam se segurando por todo esse tempo — entraram em atividade.
Muitos Dwarfs se aglomeravam em direção à comida, engolindo a saliva sem parar ao
ver os pratos em exibição.
“O que é isso? É bom demais! Tem certeza que foi sua esposa que fez?”
“Mm. Sua Majestade forneceu os ingredientes. Tivemos muitos fracassos enquanto ten-
távamos.”
“Mhm. É bom, isso é um fato. Mas para um velho rabugento como eu, poderia ser um
pouco mais suave.”
“Esse vinho é muito bom. Será que minha esposa consegue cozinhar isso também?”
“Parece que o Reino Feiticeiro nos enviará comida por algum tempo. Acho que vamos
comer bem por um tempo.”
“Eu prefiro ter só o vinho. Isto é do Reino Feiticeiro? Vou juntar dinheiro só pra isso!”
“Eu invejo esses ferreiros rúnicos. Vão comer esse tipo de coisa sempre que quiserem?”
“Será? Fiquei sabendo que os vegetais são baratos em nações humanas. Parece ser o
mesmo para o Reino Feiticeiro também.”
“Mm, eles têm é muita sorte. E eu só obtive um pouco, é impressão minha, ou o vinho
do Reino Feiticeiro é de primeira qualidade?”
“Umu. Eu só tomei um gole. Ahhhh, aquilo foi delicioso. Esse vinho de uva é bom; não é
tão forte, mas é bom.”
“Ouvi uns boatos que estão planejando deixar os cidadãos de nossas nações transitarem
livremente entre si.”
“Ei ei, todo mundo aqui é de alto escalão, não deveria ter cuidado ao falar uma coisa
dessas?”
“Não, parece que eles vão fazer um anúncio público. Nosso país será muito ativo no
futuro... e, mesmo que seja apenas um boato, ouvi dizer também que reouveram a Capital
Real.”
“...E olha que tinha rumores que lá era um ninho de Dragões. O Reino Feiticeiro é real-
mente incrível.”
Em vez de elogiar Ainz diretamente, a opinião deles sobre o Reino Feiticeiro parecia ter
subido. Isso provavelmente significava que poderiam continuar sendo amigos no futuro.
“Vá falar com eles, Gondo. Eu posso não voltar por um tempo.”
Gondo estava olhando para um Dwarf com um olhar maligno em seus olhos.
“...Um mensageiro do meu país chegou. Eu preciso encontrá-lo. Então, vejo você depois.”
Ele estava originalmente parado em um canto de uma sala vasta e espaçosa. Ele abriu a
porta para sair e se dirigiu para uma sala de recepção de hóspedes.
Era uma sala luxuosamente mobiliada, com mesas, cadeiras, armários e coisas do gê-
nero. Demiurge estava parado ali.
Ainz atravessou a sala e sentou em uma cadeira. Então ele pediu que Demiurge tomasse
um assento também.
“...Mesmo assim, você fez bem como eu esperava, Demiurge. Suas realizações só podem
ser descritas como excelentes.”
Demiurge se curvou.
“Ainda assim, eu não poderia esperar igualar seus feitos, Ainz-sama... O senhor garantiu
um profundo lugar nos corações dos Dwarfs.”
Ainz pensou que ele certamente deveria estar se referindo à recuperação da Capital
Real, ou ao recrutamento dos ferreiros rúnicos. No entanto, foi realmente esse o caso?
“...Hm, parece que já percebeu, Demiurge. Você acha que os Dwarfs notaram?”
“Em vez de notar, acho que eles não têm outra alternativa.”
Por que não há mais ninguém aqui? Se ao menos houvesse, poderia usar minha tática de
sempre. Enquanto Ainz estudava Demiurge em detalhes, ele notou um sorriso no rosto.
O sorriso de Demiurge fez uma dor no inexistente estômago de Ainz. O sorriso de Al-
bedo era igualmente assustador. A idéia de que eles poderiam ter visto através de sua
atuação fez seu coração inexistente bater mais rápido.
“Se... se os Dwarfs enxergarem através disso, o que você acha que eu deveria fazer?”
“Eu duvido que isso seja um grande problema. Afinal, o senhor forneceu refeições para
a festa de despedida dos ferreiros rúnicos. Com isso, o senhor pode se livrar de qualquer
coisa que os Dwarfs digam.”
Agora que suas tentativas de sondar Demiurge falharam, Ainz decidiu deixar por isso
mesmo. Perguntar muito para uma pessoa inteligente como ele seria muito perigoso.
“...Você deu ao Império benefícios suficientes? O suficiente para que os países vizinhos
olhem para o Império e pensem: “A vida será boa para nós quando nos tornarmos vassalos
do Reino Feiticeiro”, ou algo nesse sentido?”
Ainz murmurou “Ótimo” em seu coração. Nesse caso, ele poderia aprovar sem sequer
olhar para o rascunho.
“Ainda assim, Ainz-sama. Suas conquistas no Reino Dwarf e no Império foram real-
mente de tirar o fôlego. Acredito que o termo “sabedoria insondável” exista para des-
crevê-lo, Ainz-sama.”
“Certamente não. Estou confiante de que você poderia ter feito isso facilmente, Demi-
urge.”
Demiurge revelou uma expressão rara — um sorriso amargo. Então, ele balançou a ca-
beça.
“De fato, se fosse apenas isso. Mesmo assim, até onde o senhor previu o curso do Reino
Feiticeiro?”
Talvez tenha sido por causa desse pensamento, mas uma memória relevante veio à sua
mente.
Ainz franziu a testa quando as palavras saíram. Ele acidentalmente exagerou a escala.
Assim que Ainz apressadamente olhou para Demiurge, com a intenção de se corrigir, ele
percebeu que já era tarde demais.
Ah, merda.
“—Sendo esse o caso, coisas como espalhar os undeads devem certamente encorajar as
outras nações a confiar no senhor em vez de ver nossas tropas com elementos perigosos,
Ainz-sama. Essa deve ser a resposta certa para alguém que vê o mundo de um ângulo tão
amplo. Ainda assim... a transcendência de seus pensamentos são...”
Ainz não sabia o que estava dizendo, mas sabia que só havia uma coisa que ele poderia
fazer. “Muito bem, Demiurge, você antecipou completamente meus planos, como eu espe-
rava.” No entanto, ele não podia usar essa tática o tempo todo. Portanto, desta vez, ele
diria—
“...Mesmo assim. Como desejar. Eu irei esculpir esse assunto em meu coração.”
Eh? Mas o quê? O que está acontecendo? ...Eu não tenho idéia, mas minha situação agora
é ainda mais precária?
No entanto, Ainz não havia pensado em nenhuma solução. Então, ele teria que lidar com
isso com um sorriso falso.
Mesmo que ele quisesse chorar, Ainz conseguiu se recompor o suficiente para fazer
uma pergunta em uma voz trêmula.
“...Então, Demiurge. Sobre o relatório que você enviou... quando acha que acontecerá?”
“Bem, afinal, foi você quem planejou isso, Demiurge. Eu posso deixar que lide com isso
sem me preocupar.”
“—Eu escutarei em detalhes quando retornar. Você pode me dar uma cópia do plano
primeiro?”
“Entendido.”
“...Então, estou ansioso para saber como este seu projeto se desdobrará, Demiurge.”
E não acordar o marido que ainda estava dormindo ao lado dela. O ar lá fora
estava muito frio, e isso a fez querer voltar para a cama aquecida pelo calor
de seus corpos.
A cama rangeu quando ela se levantou, mas seu marido, com quem estava casada há
meio ano, estava cansado demais para reagir. Ele dormia como uma marionete cujos
cordéis haviam sido cortados.
Agora que Enri administrava sua vida, ele manteve um horário mais regular de sono.
Assim, seu sono profundo era simplesmente porque era assim que ele era.
Acho que ele ficava ansioso... Mas tá acostumado, então tudo bem.
Claro, apenas Enri e seu marido viviam nesta casa, mas ficar assim dificilmente era
apresentável.
Se sua irmãzinha Nemu estivesse aqui, ela definitivamente não estaria vestida desse
modo. No entanto, Nemu não dormia aqui — na casa dos Emmot —, mas sim na casa dos
Bareare.
“Não vamos incomodar os recém-casados”, sua sogra Lizzie dissera. Nemu concordou, e
como não optaram por reformar nenhuma das casas, as coisas terminaram assim.
Fazia dois anos desde o incidente em que haviam perdido ambos os pais. Dito isso,
Nemu ainda estava marcada pelo incidente e não estava disposta a deixar sua irmã mais
velha durante a noite. Foi apenas pela graça de algum instinto incognoscível que ela con-
seguiu aceitar o novo arranjo.
Como vivia em um vilarejo agrícola, Enri frequentemente via animais fazendo certas
atividades. Ela também ouviu falar sobre o que jovens casais faziam quando se embre-
nhavam na floresta depois de deixar as cirandas de dança nas noites de festival da co-
lheita. Antes que ela percebesse, ela também havia aprendido o que casais faziam no
escurinho da noite.
Enri teve a sensação de que se não dissesse: “Por favor, me ensine isso direito”, Lupus-
regina não lhe ensinaria nada de concreto.
Por outro lado, se não ficasse de olho em Nemu antes de falar com Lupusregina, Enri
tinha a sensação de que Lupusregina descreveria todos os pormenores escabrosos e im-
próprios a Nemu, não poupando nada.
“Eu posso te ensinar qualquer coisa adulta, é só pedir”, Enri não havia esquecido aquelas
palavras de Lupusregina.
Depois de tomar a decisão de encontrar Lupusregina, Enri pegou as roupas que haviam
caído no chão e as vestiu.
Ela coletou a água que fluía em um pequeno recipiente. Ela virou a torneira na direção
oposta, uma vez que estava cheia, e a água parou de fluir.
No passado, ela acordara cedo para tirar água do poço. Agora, ela poderia usar este item
mágico para obter água fresca. Sua temperatura permanecia a mesma mesmo em esta-
ções congeladas ou quentes.
[ T o r n e i r a d a Á g u a d e Nascente]
Este item mágico, a Faucet of Spring Water, poderia produzir 200 litros de água por dia.
Aparentemente, foi projetado pelo sábio de uma nação.
Não era um item comum mesmo nas grandes cidades. Ela ouvira dizer que havia certos
lugares em que versões gigantescas desse item serviam como suprimento de água da
cidade.
Epílogo
332
Mesmo a temperatura da água sendo fixa, a pessoa ainda perderia muito calor da pele
molhada se o ar estivesse frio. No entanto, Enri cerrou os dentes e aguentou, depois es-
fregou a toalha em todo seu corpo. Ela tinha feito isso antes de dormir, mas ainda assim
fez de novo.
Mais de 90% pertenciam ao Exército Goblin que Enri havia convocado, obviamente o
antigo vilarejo não podia suportar todos.
Os Goblins haviam resolvido isso cortando troncos da Grande Floresta de Tob e cons-
truindo casas simples. Porém, os problemas de comida e água insuficientes eram mais
difíceis de lidar.
Sua solução inicial para a falta de comida foi extrair da floresta, mas não conseguiam
suprimentos o suficiente para sustentar todos os Goblins. Por isso, pediram ajuda a Lu-
pusregina e, em troca, receberam subsídio alimentar. É claro que essa comida só era em-
prestada e teria de ser paga de volta, embora felizmente não houvesse prazo fixado.
Mesmo assim, não puderam coletar água suficiente, então tiveram que cavar novos po-
ços com grandes distâncias entre um e outro. Se os cavassem nas proximidades, estariam
batendo na mesma fonte de água e não havia como saber se os poços secariam.
Felizmente, os Dwarfs que se mudaram para este vilarejo e deram um jeito nisso.
Até cerca de dois meses atrás, o som de explosões cegantes de luz tinha sido uma ocor-
rência comum, mas agora tudo tinha se acalmado. No máximo, alguns enchiam a cara de
bebida e arrumavam briga, mas isso era tudo.
No passado, não havia ferreiros no vilarejo de Enri. Assim, ela tinha que ir à cidade para
comprar ferramentas, ou implorar aos raros ferreiros viajantes para fazê-las.
Havia um ferreiro no Exército Goblin que ela convocara, mas tê-lo carregando o fardo
pesado do trabalho de reparo do vilarejo certamente levaria a problemas. E então, os
Dwarfs apareceram e eles aceitaram o trabalho.
O mais importante era que a lealdade deles ao Rei Feiticeiro rivalizava com a dos hu-
manos do Vilarejo Carne. Este vilarejo foi salvo várias vezes pelo magic caster que se
tornou o Rei Feiticeiro, Ainz Ooal Gown. Qualquer um que ouvisse alguém falando mal
de Sua Majestade imediatamente se levantaria e daria uns bons cascudos em que ou-
sasse ofendê-lo.
Seu marido não parecia ter acordado ainda, então ela decidiu fazer as tarefas.
Até recentemente, seu marido lidava com a tarefa de fazer poções. Mas, ultimamente,
ele parou de trabalhar nessas tarefas. Em vez disso, estava envolvido no armazenamento
e preservação de ervas, algo que seria importante no futuro já que a população havia
aumentado. Além disso, ele também ajudava a em seu dever de chefe do vilarejo. Por
ajudar muito no vilarejo, era seu dever fazer o mesmo por ele também.
Depois de sair para o lado de fora, surgiu uma cena familiar — do Vilarejo Carne em
constante evolução. Carne estava muito maior do padrão esperado para um vilarejo,
tudo graças aos Goblins e seus novos alojamentos.
“E agora...”
Isso era algo que ela via todas as manhãs, então Enri respondeu sem qualquer surpresa:
Epílogo
334
“Bom Dia. O tempo parece estar bom.”
“É como diz, General-kakka. De acordo com o Goblin da Previsão do Tempo, parece que
vai ficar ensolarado o dia todo.”
“Nossa, é sério?”
Ela havia dito a eles inúmeras vezes que não era uma, mas seus subordinados não en-
goliram isso muito bem. Neste ponto, ser a Chefe do Vilarejo era praticamente o mesmo
que ser a General, então ela decidiu aceitar.
Aliás, havia uma unidade chamada Tropa Goblin de Suporte & Echelon. Composta ape-
nas com pessoas com vocações raras. Além do Goblin da Previsão do Tempo, havia tam-
bém o Goblin Estrategista, o Goblin Ferreiro e assim por diante, para um total de 12 pro-
fissões especializadas.
“Oh, General-kakka, parece que seu guarda-costas chegou. Com sua licença, aqui me
despeço.”
A princípio, Enri não gostou dos Redcaps. Eles tinham um semblante maligno; em suma,
eram muito assustadores.
No passado, Jugem a acompanhara, mas como o ex-líder de tropas, ele era agora um dos
muitos gerentes das tropas Goblins grandemente expandidas.
Na verdade, o dever de escoltá-la deveria ter sido atribuído aos Goblins de armadura
de prata após sua partida, mas, por várias razões, os Redcaps acabaram preenchendo
esse papel.
Ela não achava que alguém pudesse fugir dos olhos dos Goblins e alcançar o coração do
vilarejo, mas não podia ignorar completamente suas preocupações.
Seguida pelo Redcap, ela se dirigiu para o armazém ao lado de sua casa.
Ela abriu a porta e viu um lugar apertado cheio de barris e garrafas, com muitos frascos
de vidro nas prateleiras. Em suas profundezas havia uma pequena montanha de grãos,
e pendurados nas vigas havia fardos de ervas e carne seca.
Atualmente, havia muitos novos campos de cultivo ao redor do vilarejo. Embora o pa-
gamento da comida que pegaram emprestado ainda fosse difícil, pelos menos estavam
autossuficientes neste ano. Além disso, haviam capturado criaturas similares a galinhas
e pretendiam inicar atividades pecuárias. Se tudo corresse bem, eles seriam capazes de
pagar integralmente a comida que haviam emprestado.
Depois de selecionar os ingredientes para a refeição de hoje, Enri se virou para o lado
de fora.
De relance, poder-se-ia imaginar ser algo que sempre esteve presente, mas a parede
não era feita de madeira. Servia para proteger as oficinas dos Dwarfs e, dentro dela, es-
tava o Death Knight que matara os cavaleiros que barbarizaram o Vilarejo Carne no pas-
sado.
O muro que cercava os ateliês dos Dwarfs tinha sido levantado pessoalmente pelo go-
vernante da nação e pelo salvador desse vilarejo, o Rei Feiticeiro Ainz Ooal Gown. “Sua
finalidade é minimizar os danos causados aos arredores do vilarejo quando seus experi-
mentos falharem”, ele disse.
Ela se perguntou se não poderiam simplesmente construí-lo fora do vilarejo, mas obvi-
amente ela não podia dizer tal coisa a Sua Majestade.
Mesmo ninguém lhes dizendo no que os Dwarfs estavam trabalhando em suas oficinas,
ela estava confiante de que isso não prejudicaria o vilarejo. Enri poderia aceitar isso.
Ela deveria tentar coletar informações na surdina? Os Goblins haviam sugerido isso vá-
rias vezes, mas Enri sempre havia negado essas sugestões em ferrenha determinação.
O salvador do Vilarejo Carne, Ainz Ooal Gown disse que queria que o vilarejo aceitasse
esses Dwarfs. Ao mesmo tempo, ele disse que trabalhariam em algo altamente secreto.
Mesmo que ele fosse um ser undead que odiava os vivos, ele ainda era o magic caster
que salvara o vilarejo várias vezes, e então confiavam nele mais do que em qualquer
pessoa viva.
Epílogo
336
Só então, o Redcap deslizou na frente de Enri. Eles só faziam isso sob certas circunstân-
cias.
Enri mudou sua linha de visão e viu a forma familiar de uma linda mulher, que estava
cercada por quatro Redcaps.
As coisas tinham sido assim desde que a pessoa chamada Lupusregina conheceu os
Goblins. Os Redcaps eram poucos em número, mas sempre que Lupusregina aparecia,
eles apareciam em grupos. Além disso, manejavam armas que normalmente não carre-
gariam por aí.
Diziam que haviam outros Goblins presentes na vizinhança além dos Redcaps, mas Enri
nunca os havia visto antes.
Até mesmo Enri poderia dizer que a razão pela qual tinham ido tão longe era porque os
Redcaps— não, os Goblins eram cautelosos com Lupusregina. Dito isso, Lupusregina
pode ser um mistério, mas Enri não achava que ela faria qualquer coisa em um vilarejo
que abrigasse uma estátua de bronze de seu mestre. Além disso, ela salvou a vida de Enri
e Nfirea no passado.
Ela chegou a comentar com o Goblin Estrategista, que dissera que teria uma conversa
séria com eles, mas parece que até agora não havia ocorrido.
O seu único alívio foi que, quando contara isso a Lupusregina, ela disse que não se im-
portava.
“Eles vêm pra frente assim que eu dou as caras, né!? Tadinha de mim ~su.”
“Chegando dessa maneira, o que espera que façamos? Já deveria saber disso.”
Sua voz era calma, mas havia uma clara sensação de cautela em sua voz.
“A-ahh!”
Enri levantou a voz ao considerar que a situação estava se desenvolvendo em uma di-
reção ruim e trouxe algo para discutirem:
“É. Mandou bem ~su. Oh, e se conhecer ela pessoalmente, diga que foi eu quem te contei.
Ou melhor, você tem que dizer meu nome. Caso contrário, sabe-se lá o que pode aconte-
cer com você ~su.”
“Realmente ~su.”
Ele puxou Enri de volta e deslizou para a abertura — na frente de Lupusregina — que
havia aparecido.
Nesta atmosfera altamente tensa, Lupusregina encolheu os ombros, usando seu rosto
sério e raramente visto.
“...Eu não vou fazer nada com ela. Satisfeito agora? Se não acredita em mim, por que não
vêm de uma vez, já que querem tanto assim? Bom que dou uma lição em vocês sem me
segurar.”
“Frost—Dragon!? Frost Dragon, fala daqueles Dragões das lendas? Que incrível! Esses
Dragões são servos do Gown-sama também?”
Epílogo
338
“Sim. O transporte aéreo tá florescendo no Reino Feiticeiro ~su.”
“Isso é incrível!”
“Gown-sama é incrível!”
“Um dragão daqueles... hm~ alguém como eu... Bem, tanto faz ~su.”
Enri queria perguntar mais a respeito, mas como sua resposta a deixou sem palavras,
provavelmente, ela decidiu deixar as coisas como estavam.
“Ah é, sim. Hm... É que, vou ter que ficar um tempinho fora. Vim pra te avisar que fique
atenta ~su.”
Elas se conheciam há mais de um ano, mas esta foi a primeira vez que ela disse tal coisa.
“O que aconteceu?”
“Hm~ Acho que num tem problema se eu te contar, né, En-chan? Na verdade, parece
que o Ainz-sama foi derrotado em batalha e morreu ~su.”
Enri ponderou sobre o significado daquelas palavras, até que finalmente as entendeu.
“EHHHHHHHH!?”
Epílogo
340
Por fim o volume 11, o mais longo de todos. E aí, gostaram?
É ruim carregar livros pesados e eu gostaria de evitar isso... mas então, por que ficou
tão grande? Se eu fosse cortar páginas, onde eu deveria cortar?
Enfim, o número de páginas já foi muito reduzido da revisão original. Parece que havia
pelo menos mais seis páginas antes... Hm. Ah é... não fez muita diferença.
Bem, me perdoe e pense nisso como uma forma de economizar, então. Eu acho que no
futuro, os volumes terão apenas 300 páginas.
Quando isso acontecer, não pense “Nossa, que fino.”, mas considere que o amonte de
páginas já foi todo usado neste. Afinal de contas, ainda será bastante espesso se calcular
a média de todos os livros.
Eu odeio o verão. Quando eu ando até o escritório, não há nada que eu odeie mais do
que encostar em outras pessoas com meu corpo suado. “Eu não vou encostar em você,
então não encoste em mim!”, eu grito internamente. A única coisa boa, é que a diminuição
dos estudantes significa que os metrôs não ficam tão lotados.
Parece que o filme de OVERLORD será feito na melhor temporada! Por alguma razão,
parece que eu tenho que trabalhar ainda mais... vou trabalhar ferrenhamente. E é isso aí.
Deverá haver mais novidades no futuro e eu ficaria feliz se pudesse esperar por isso.
F-da-sama, vamos nos encontrar para discutir como reduzir a contagem de páginas. E
um grande obrigado aos meus leitores que terminaram esta light novel (que de “Light”
não teve muita coisa)!
Maruyama Kugane
Ilustrações
Glossário
Glossário
-Magias, Habilidades & Passivas- culto específico ao deus Odin. Eles despertavam em uma
Tradução livre de seus nomes fúria incontrolável antes de qualquer batalha.
Blitzkrieg:Vem do alemão, basicamente é um ataque rá-
Bless of Titania: ....................................... Benção de Titânia. pido e surpresa. No Brasil, parte da palavra ainda é utili-
Blood Frenzy: .......................................... Frenesi de Sangue. zada, ex: “Blitz de trânsito”.
Charm: ............................................................................Charme. Buff: ............... Efeitos Positivos que aprimoram o jogador.
Charm Species: ........................................ Encantar Espécies. Celestial Uranium: ..................................... Urânio Celestial.
Control Amnesia:................................... Controlar Amnésia. Chu~:É uma referência ao rakugo chamado お七の十, lá
Create Fortress: ............................................ Criar Fortaleza. conta a história de Yaoya Oshichi (八百屋お七), era uma
Creation: ........................................................................ Criação. filha do verdureiro que viveu no bairro de Hongo nas vi-
Delay Teleportation: ...................... Atraso Teletransporte. zinhanças de Edo, no início do período Edo. Ela foi quei-
Fireball: ............................................................... Bola de Fogo. mada na fogueira por tentar cometer incêndio criminoso.
Fly: ........................................................................................ Voar. Rakugo vem de 落語 (palavras caídas), é uma forma de
Gate: ................................................................................... Portal. entretenimento verbal.
Grasp Heart: ................................................ Agarrar Coração. Contador:Versão do cabinet em Portugal no século XVII,
Lightning: ............................................................... Relâmpago. em que as gavetas estão à vista. Exemplares de grande
Mass Fly: .......................................................... Voar em Massa. qualidade no estilo indo-português.
Mass Hold Species: ............... Segurar Espécies em Massa. Diplomacia das Canhoneiras:Em política internacional,
Message: .................................................................. Mensagem. diplomacia das canhoneiras refere-se à busca de resulta-
Perfect Unknowable: .....................Incognoscível Perfeito. dos em política externa com a ajuda de exibições conspí-
Teleportation: ............................................... Teletransporte. cuas de poderio militar — implicando ou constituindo
Thunderball: .............................................. Esfera de Trovão. numa ameaça direta de guerra, se os termos não forem do
Thunderlances: .......................................... Lança de Trovão. agrado da força superior.
Dungeon:O termo é usado em jogos de RPG para desig-
nar cavernas ou labirintos repletos de monstros, armadi-
-Itens- lhas e tesouros. Uma Dungeon normalmente é composta
Tradução livre & Curiosidades por salas e corredores que as conectam, podendo haver
também passagens secretas. Com etimologia na palavra
Caloric Stone: .................................................. Pedra Calórica. francesa donjon. Substantivo significando calabouço ou
Depiction of Nature and Society:Representação da Na- masmorra.
tureza e Sociedade - refere-se a uma lenda chinesa de um Echelon:É uma rede de vigilância global e de espionagem
homem que entra em uma pintura para morar lá. para a coleta e análise de sinais de inteligência.
Ebynogoi:Apesar de sua pronúncia エビノゴイ, na ver- Go: Também chamado de Weiqi e Baduk, é um jogo estra-
dade é escrito como 七門の粉砕者, ou seja, O Destruidor tégico de soma zero. Consiste basicamente de ordenar pe-
dos Sete Portões, que explica que só pode ser usado sete dras brancas e pretas no tabuleiro. Sua origem remonta à
vezes. antiga China, há cerca de 2,5 mil anos.
Faucet of Spring Water: .......Torneira de Água Nascente. Grou-da-Manchúria:“Grou” também conhecido como
Green Secret House: .............................Casa Secreta Verde. “Tsuru”, famoso em origamis.
Ouroboros:Ou oroboro (ou ainda uróboro) é um con- Hikikomori:引 き 篭 り ”, significa literalmente “isolado
ceito representado pelo símbolo de uma serpente, ou um em casa”.
dragão, que morde a própria cauda. O nome vem do grego Idol:É o nome dado para um grupo musical geralmente
antigo: οὐρά (oura) significa “cauda” e βόρος (boros), que de meninas.
significa “devora”. Assim, a palavra designa “aquele que Niō:São deuses japoneses da guerra que defendem o
devora a própria cauda”. Buda. Como o Myō-ō, eles são ferozes na aparência.
Spuit Lance:Lança Pipeta - “Spuit” é o holandês para se- Patch:Termo da língua inglesa que significa, literalmente,
ringa/pipeta. "remendo", é um programa de computador criado para
atualizar ou corrigir um software de forma a melhorar
sua usabilidade ou performance.
-Termos & Terminologias- Ranger:Em RPGs, é uma classe de personagens com perí-
cia a coisas relacionadas à floresta, rastreamento e caça,
Bangalô: Ou bangaló, é um tipo de construção de um só além de proficiências com arcos, geralmente é traduzido
andar, muito popular na América do Norte. A palavra de- como Patrulheiro, Guarda Florestal.
riva do guzerate baṅglo, que por sua vez vem do hindi Razor Tail: ...................................................... Cauda Navalha.
baṅglā. Significa "bengali", no sentido de "casa no estilo Sai:(釵) é uma arma tradicional usada em Okinawa. A
de Bengala". Essas casas eram tradicionalmente peque- forma básica da arma é a de um bastão de metal embo-
nas, de um só andar e tinham uma varanda. tado e em forma cônica, com dois “dentes” curvos (yoku)
Berserk:Expressão ficar berserk, significa ficar violento, projetando-se do cabo (tsuka). Existem muitos tipos dife-
enlouquecido, incontrolável. Na mitologia nórdica, foram rentes de sai com vários pinos para trapping e bloqueio.
guerreiros nórdicos ferozes, que estão relacionado a um
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Superavit:É um termo econômico com aplicações em di- Harpy:Harpia (em grego, αρπυια) - são criaturas da mi-
versas ciências e áreas. Significando excedente. tologia grega, frequentemente representadas como aves
Tamboril:É o nome vulgar dos peixes lophiiformes per- de rapina com rosto de mulher e seios.
tencentes aos géneros Lophius e Lophiodes. O tamboril é Homunculus: Em latim, homunculus, "homenzinho",
um peixe bentónico, que vive junto do fundo, que pode ser (plural homunculi) tem sido aplicado em várias áreas do
encontrado desde a zona de maré até aos 600 metros de conhecimento humano. Na mitologia são humanoides fei-
profundidade. O tamboril é caracterizado pela cabeça tos através da alquimia.
desproporcionalmente grande, com boca semicircular Itsumade:以津真天 - é yōkai retratado no Konjaku Gazu
munida de dentes pontiagudos. Zoku Hyakki, uma coleção de arte publicada em 1779 por
Thermósrocha:Thermós vem do grego “θερμός” signi- Toriyama Sekien. Itsumade aparece originalmente no
fica ‘quente, ardente’. épico histórico japonês Taiheiki vol. 12 como um pássaro
Tsundere:É um termo japonês para uma personalidade ameaçador sem nome distinto.
que é inicialmente agressiva, que alterna com uma outra La-Angler Lava Lord:.......... La-Angler, O Senhor da Lava.
mais amável. Tsundere é uma combinação de duas pala- Lizardman: .................................................. Homem-Lagarto.
vras, tsuntsun e deredere Tsuntsun é a onomatopeia para Old Guarder: ..................................................... Guarda Velha.
“frio, brusco”, e deredere significa “tornar-se amá- Peryton:Um animal mitológico híbrido que parece ser o
vel/amoroso”. cruzamento de uma águia gigante com um cervo de apa-
Vinho Turvo:Uma adaptação do inglês de 濁り酒 | nigo- rência demoníaca.
rizake. Phoenixlord:Soberana Fênix - Na mitologia, Fênix vem
White-iron: ........................................................ Ferro-branco. do grego clássico: ϕοῖνιξ, um pássaro da mitologia grega
que, quando morria, entrava em autocombustão e, pas-
sado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas.
Quagoa:土掘獣人- Os kanjis de seu nome podem ser li-
-Nomes-
dos como “Besta Escavadora”.
Quagoalord:............................................... Soberano Quagoa.
Blue Sky Dragonlord:Soberano Dragão do Céu Azul. Os
Redcap:Também conhecidos como “Barrete vermelho”
kanjis de seu nome abaixo do furigana são de 青空 (Ao- são uma variação malévola dos Goblins.
zora), significa “Céu Azul”. Skeleton:....................................................................Esqueleto.
Guren:É japonês para 'lótus vermelho'. Guren-jigoku, um Soul Eater: ............................................... Devorador de Alma.
dos oito infernos frios nos ensinamentos budistas, faz Squire Zombie: .......................................... Zumbi Escudeiro.
com que a carne de alguém se separe da temperatura e Undead: ................................................................... Morto-Vivo.
forme a semelhança de um lótus vermelho. Undead Lieutenant: ........................... Tenente Morto-Vivo.
Mephistopheles:É o nome de um demônio do folclore Vampire Bride: .............................................. Noiva Vampira.
alemão que aconselha o erudito Fausto de vender sua Wriggle Pestilence: ........................ Pestilência Contorcida.
alma ao diabo.
White Dragonlord:Soberano Dragão Branco. Os kanjis
de seu nome abaixo do furigana são de 白き (Shiroki), sig-
nifica “O Branco”.
-Honoríficos & Tratamentos-
Curiosidades Rúnicas:
Os nomes da Cidades Dwarfs têm correlação direta com as Runas do nosso mundo. Os no-
mes usam dois sistemas diferentes de runas. A primeira parte do nome, “Feoh”, vem do sis-
tema Anglo-Saxão, seu caractere rúnico é este “ᚠ” e significa: riqueza, prosperidade, fartura.
Já a segunda parte do nome vem do sistema Futhark Antigo, o significado é basicamente o
mesmo do Anglo-Saxão, o que muda é a grafia. Veja os nomes e as runas correspondentes,
assim como o significado de cada uma:
• Jēra = ᛃ ⇛ Ano, Colheita;
• Berkanan = ᛒ ⇛ Bétula (Árvore), Sustento, Fertilidade;
• Raiđō = ᚱ ⇛ Passeio, Jornada, Trabalho, Crescimento;
• Tïwaz = ᛏ ⇛ O deus Týr, Vitória, Honra.
Os nomes foram um pouco alterados em ralação à Wikia de OVERLORD:
• Feo Jera ⇛ Feoh Jēra
• Feo Berkana ⇛ Feoh Berkanan
• Feo Raizo ⇛ Feoh Raiđō
• Feo Teiwaz ⇛ Feoh Tïwaz
Portanto, se desejar procurar informações na Wikia, use a grafia da esquerda.
Para quem quiser a referência, poderão encontrar nos seguintes links:
Anglo-Saxão | Futhark Antigo
Quanto às outras runas citadas:
• Laguz = ᛚ ⇛ Lago, Falta de Forma, Caos, Potencialidade, O Desconhecido;
• Kaunan = ᚲ ⇛ Úlcera, Mortalidade, Dor.
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OVERLORD 11 O Artesão dos Dwarfs
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OVERLORD 11 O Artesão dos Dwarfs
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Ainz Ooal Gown se dirige para o Reino dos Dwarfs junto com Shalltear Blo-
odfallen e Aura Bella Fiora em busca da magia perdida das runas.
Na chegada, Ainz encontra o país sendo ameaçado por uma invasão imi-
nente pela raça demi-humana chamada Quagoa.
O que os espera lá não são apenas os Quagoas, mas também a raça mais
forte da Cordilheira Azerlisiana, Frost Dragons.
ISBN 978-4047342309
ISBN 978-4047342309
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