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Faculdade de Ciências e Tecnologias

Departamento de Arquitetura

Mestrado Integrado em Arquitetura


Teoria da Arquitetura III

Trabalho prático I

“VIVÊNCIA”

MAIS DO QUE QUATRO PAREDES

Grupo 1 - TP2 Francisca Carvalho, Joana Ramos, Mara Nogueira, Maria Francisca Ferreira,
Mariana Ramos, Sabrina Vieira
ÍNDICE

CONCEITO ................................................................................................................... 1

BIBLIOGRAFIA | OBRAS ARQUITETÓNICAS ................................................................. 2


Da Organização do espaço – TÁVORA, Fernando ................................................ 2 - 3
Pensar a Arquitectura, ZUMTHOR, Peter ............................................................. 3 - 4
Lafayette Park Row-Housing – Mies Van der Rohe ............................................... 5 - 7
Museu Guggenheim - Frank Lloyd Wright............................................................. 8 - 9
Atmosferas – ZUMTHOR, Peter..........................................................................9 - 12
Blur Building - Diller Scofidio e Renfro ............................................................... 12 - 13
Termas de Vals - Peter Zumthor ....................................................................... 13 - 14
Adaptable Theater - Peter Zumthor .................................................................. 14 - 15
Center for the Blind and Impaired - Mauricio Rocha............................................ 16 - 18
Os olhos da pele – PALLASMAA, Juhani ........................................................... 19 -20

CONCLUSÃO ....................................................................................................... 21 – 22

BIBLIOGRAFIA / WEBGRAFIA ..................................................................................... 23

ÍNDICE DE IMAGENS ............................................................................................ 23 - 25


CONCEITO

Consideramos que o conceito de “vivência” está relacionado com o modo como


alguém vive ou se comporta. Desta forma, “vivência” corresponde a existência ou experiência
de vida, abarcando, assim, o tempo e os espaços que vamos vivendo e experienciando ao
longo da nossa vida e que nos vão deixando memórias, impressões ou experiências
emocionais. A vida é então um acumular de vivências. Os espaços aparecem associados a
um tempo que pode ser a nossa infância, a nossa adolescência, o passado recente ou mesmo
o presente. Mas não somos só nós, pessoas, que trazemos memórias e sensações dos
espaços por onde passamos, também deixamos vestígios da nossa passagem pelo espaço,
deixando algo de pessoal. Uma coisa é certa, todas as vivências experienciadas vão interferir
em tudo o que fazemos no presente e no futuro.

No nosso ponto de vista, a vivência arquitetónica é influenciada por vários aspetos


como as sensações, que são transmitidas através da cor e dos materiais utilizados, o
comportamento das pessoas e a apropriação do espaço pelas mesmas. Estas variantes
permitem vivências distintas, que modificam consoante o espaço, mas também consoante a
pessoa que o vive. Um edifício que retrata de forma clara esta realidade é o edifício de
habitação coletiva, criado por Mies Van der Rohe, Lafayette Park Row - Housing, que iremos
falar de forma mais aprofundada durante o trabalho.

Figuras 1 e 2 - Tokyo kindergarten, Tezuka Architects

1
“DA ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO”, FERNANDO TÁVORA

No livro “Da organização do espaço”, Távora tenta desmistificar o conceito de


organização do espaço, defende que este deve ser pensado como um todo, dando grande
importância à sua organização no conjunto, isto é, tem de se ter em conta a parte social e
cultural dos lugares. Tomemos por exemplo, as referências utilizadas no livro: as Pirâmides
de Gizeh ou Teotihuacan e concluímos que estes exemplos, entre outros, constituíram um
passo no sentido futuro, desempenhando um papel importante na forma como vivemos o
espaço e na forma como nos relacionamos uns com os outros.

“o espaço que separa e liga as formas é também forma”1

“Aquilo a que chamamos espaço é constituído por matéria e não apenas as formas e
as linhas que nele existem e o ocupam, como os nossos olhos deixam supor.”2

“Podemos, talvez, considerar dois tipos de participação na organização do espaço;


uma participação que chamaremos horizontal, que se realiza entre homens da mesma época;
uma outra, a que chamaremos vertical, que se realiza entre homens de épocas diferentes.
São dois aspetos de uma mesma realidade (...).”3

Távora assume dois tipos de participação no espaço: a participação horizontal e a


participação vertical. A primeira consiste, tal como é referido na citação apresentada, na
relação entre homens da mesma geração, por outro lado, a participação vertical defendida
consiste na relação entre homens de épocas diferentes, por isso, podemos acrescentar que
no caso da participação vertical existe ainda uma relação entre a arquitetura, a evolução
tecnológica e o local onde esta é aplicada, associada à variável temporal. Locais distintos
possuem necessidades e características diferentes, logo a resposta arquitetónica poderá ser
também diferente, o que não quer dizer que não tenha de existir um respeito e continuidade
do trabalho até então desenvolvidos.

Por outro lado, através desta leitura, questionamo-nos sobre a importância do


arquiteto na construção de ambientes e entendemos que este é por excelência um
organizador do espaço. Enquanto arquitetos devemos estar despertos para as formas como

1 TÁVORA, Fernando, Da Organização do Espaço, 9º edição, Editora FAUP. Porto, página 12.
2 PORTAS, Nuno – Prefácio à edição de 1982. In TÁVORA, Fernando – Da Organização do Espaço, página 24.
3 TÁVORA, Fernando, Da Organização do Espaço, 9º edição, Editora FAUP. Porto, página 20.
2
pensamos e usamos os espaços, já que nem sempre a forma como pensamos o espaço é
entendida da mesma forma pelos outros, originando usos variados.

Esta problemática varia ao longo do tempo e podemos ser conduzidos a pensar e a


usar os espaços de maneira diferente. No entanto, é também importante que caminhemos
todos no sentido do progresso e que todos consigam contribuir para uma coerência espacial,
defendida também por Távora. Tem-se, por isso, muitas vezes de ter em conta que locais
distintos possuem necessidades e características diferentes, logo a resposta arquitetónica
poderá ou deve ser também diferente, o que não quer dizer que não tenha de existir respeito
e continuidade do trabalho desenvolvido até então e que não se tenha de ter e conta a cultura,
a religião e a sociedade onde o edifício será implantado.

“Seja assim o arquitecto – homem entre homens – organizador do espaço – criador


de felicidade.” 4

“PENSAR A ARQUITECTURA”, PETER ZUMTHOR

Durante esta obra, Peter Zumthor refere muitas vezes a vivência como forma de
pensamento e processo projetual. Logo no início, descreve um espaço da sua infância e
atribui a esse espaço a sua conceção atual de uma cozinha.

“Estas memórias constituem a base de ambientes e imagens arquitetónicas que tento


explorar no meu trabalho como arquiteto”; “quando trabalho num projeto, deixo-me guiar por
imagens e ambientes da minha memória” 5

Vai mais além e atribui a estas experiências não só as conceções que tem dos
espaços tradicionais que conhecemos numa habitação, algo que todos nós criamos
inconscientemente, mas joga com elas e puxa-as para a prática arquitetónica que desenvolve.
Existe assim uma intencionalidade de fazer arquitetura numa “cooperação contínua entre o
sentimento e o intelecto” 6. As vivências do autor deixam uma marca em coisas mais pontuais
como, por exemplo, na forma como projeta um certo espaço que precisa de conforto e
aconchego, porque as suas noções desses conceitos estão intimamente e necessariamente

4
TÁVORA, Fernando, Da Organização do Espaço, 9º edição, Editora FAUP, Porto, página 75.
5
ZUMTHOR, Peter, Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 23.
6
ZUMTHOR, Peter, Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 19.
3
ligadas à sua vivência e àquilo que o próprio concebe como conforto e aconchego. Mas numa
macroescala, a vivência do autor, e penso que de qualquer arquiteto, é o que realmente
permite que se projete com vista a tornar o mundo melhor e assim suprimir necessidades e
satisfazer desejos: “ Observo nitidamente o mundo construído e tento recolher nas minhas
obras o que me parece valioso, corrigir o que me incomoda e recriar o que nos faz falta”; “as
raízes do nosso entendimento arquitetónico encontram-se na nossa infância, na nossa
juventude; encontram-se na nossa biografia” 7

Aquilo que o autor vai concluindo ao longo desta obra, e que tem que ver com a
vivência, é que de forma muito essencial, as decisões projetuais são tomadas de acordo com
imagens que tem na memória ou, por outras palavras, vivências do autor. Aquilo que tenta
fazer é encontrar as razões para determinado espaço lhe ter passado certas emoções ou
sensações e levá-las para a sua arquitetura – “o que foi que provocou o sentimento de calor,
de segurança, de leveza ou amplidão que ficou na minha memória (…)”8. Descreve, ao longo
de dois capítulos, espaços e sensações que os mesmos lhe passaram – “este nicho, com a
altura da sala, tem um pequeno degrau que se eleva acima do resto do chão. “Não há dúvida,
é aqui que me quero sentar” 9– as razões que procura não serão mais que o motivo que o
leva a querer sentar-se ali. No fundo, de que forma é que a dimensão do espaço convida a
pessoa a querer abrigar-se ali? Ou de que materiais é composto que o tornam mais
acolhedor? Como é a luz naquele espaço? O segredo talvez seja perceber quais são as
características arquitetónicas deste espaço que nos convida a permanecer. A arquitetura é
feita por pessoas e para pessoas. O seu motivo e fim é sempre as pessoas e é com o pleno
conhecimento da nossa escala, juntamente com as nossas vivências do espaço, que se
consegue fazer boa arquitetura.

No que diz respeito à fruição e à humanização da obra arquitetónica: “é apenas entre


a realidade das coisas e a imaginação que acende a faísca da obra de arte”10. Seguindo o
raciocínio do parágrafo anterior, é a vivência e o conhecimento do mundo que permite que
saibamos interpretá-lo de modo cru e que depois, com a vivência pessoal das coisas,
possamos imaginar e criar.

7
ZUMTHOR, Peter, Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 53.
8
ZUMTHOR, Peter, Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 75.
9
ZUMTHOR, Peter, Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 38.
10
ZUMTHOR, Peter, Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili. Barcelona, página 21.
4
“LAFAYETTE PARK ROW-HOUSING”, MIES VAN DER ROHE

Anteriormente ocupado por um bairro operário (Black Bottom), o atual Lafayette Park,
um dos grandes projetos de renovação urbana, foi projetado com vista à criação de novas
residências, de forma a atrair a classe média alta para o centro de Detroit. Um projeto coletivo,
concluído em 1959, engloba o trabalho do arquiteto Mies van der Rohe, do paisagista Alfred
Caldwell e do planeador Ludwig Hilberseimer.
Nos seus 18 hectares, apresenta uma vasta diversidade de edifícios, desde torres de
apartamentos a residências modulares de um e dois andares, e uma abundante vegetação,
que gera um ambiente seguro e tranquilo, apesar de se encontrar nas proximidades do centro
da cidade. Um dos habitantes das torres, enfatiza a relação criada entre a natureza e o espaço
edificado: “diferentes momentos ao longo das mudanças das estações, com novas paletas
de cores refletindo nas fachadas de vidro e proporcionalmente empolgação visual” 11, ressalta
ainda que “é uma oportunidade única, como viver em um museu ativo dos edifícios de Mies”12.

Figuras 3 e 4 - Lafayette Park Row-Housing, Mies Van der Rohe

11
Lafayette Park Row-Housing. Disponível em: https://en.wikiarquitectura.com/building/lafayette-
park/#, consultado a 25 de setembro de 2020.
12
Lafayette Park Row-Housing. Disponível em: https://sah-archipedia.org/buildings/MI-01-WN98,
consultado a 25 de setembro de 2020.
5
As habitações geminadas, em planta, surgem de forma regular e um pouco rígida,
contudo a vegetação envolvente atenua essa força, tornando-as quase invisíveis. A presença
de jardins comunitários e de áreas de lazer comuns, permite a criação de um ambiente
familiar.

Figuras 5 e 6 – Lafayette Park Row-Housing, Mies Van der Rohe

No interior das habitações, a divisão seguiu as normas do movimento moderno, onde


a área mais pública é dividida da mais privada. A cozinha e as salas no piso térreo e a zona
de quartos no primeiro piso. Nas habitações com apenas um piso, a unidade superior foi
transferida para o nível inferior, possibilitando uma maior diversidade nas configurações dos
quartos. A fachada frontal e traseira tem grandes envidraçados, que permitem uma grande
entrada de luz.
O exterior é mantido em cooperativa. Existem padrões que devem ser mantidos no
exterior das casas, mas o interior é adaptável a casa habitante.

“Os espaços arquitetónicos devem ser capazes de estimular a fantasia de quem os


habita ou faz uso deles. É muito importante que cada pessoa veja e aprecie a arquitetura de
uma forma diferente. Um arquiteto é um criador de sonhos.”13

13 Ricardo Legorreta-AA. VV., Legorreta & Legorreta, obras recientes: 1997-2003, 1a. Ed., México: Area
Editores, 2003, p.128 (dissertação)
6
Figuras 7 – Lafayette Park Row-Housing, Mies Van der Rohe

O processo de projetar “não é nenhum processo linear”14, tal como a vida


caracterizada pela mudança e pela evolução, os espaços também devem permitir esse
desenvolvimento e considerar as incertezas do futuro. Projetar deve procurar respostas para
algo incerto com amplas observações dos habitantes.
Uma habitação coletiva pode ser pensada com princípios de organização pré-
determinados funcionalmente e posteriormente não permitir ao ocupante a sua apropriação
ou pode ser pensada de forma a que o futuro proprietário possa adaptá-la a si. “A arquitetura
conhece duas possibilidades fundamentais de formação do espaço: o corpo fechado, que
isola o espaço no seu interior, e o corpo aberto que abraça uma parte do espaço ligado ao
contínuo infinito”15.
A organização do espaço influencia o comportamento que temos nele e a sua
apropriação, que posteriormente surge como um complemento, “a arquitetura expõe-se à
vida”16. Na opinião dos arquitetos Álvaro Siza Vieira e Peter Zumthor as pessoas definem o
espaço, são elas que os vão caracterizar e modelar e desta forma os edifícios devem ser
capazes de “absorver os vestígios da vida humana”17.
Habitações todas iguais poderiam traduzir vivências determinísticas, contudo a
neutralidade da arquitetura moderna, nas casas geminadas do parque Lafayette permitiu a

14
ZUMTHOR, Peter- Pensar a arquitetura, Editorial Gustavo Gili. Barcelona, página 22.
15
ZUMTHOR, Peter- Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili. Barcelona, página 19.
16
ZUMTHOR, Peter- Pensar a arquitectura, Editorial Gustavo Gili. Barcelona, página 23.
17
ZUMTHOR, Peter- Pensar a arquitectura, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 23.
7
liberdade criativa de cada habitante e a sua autoexpressão individual, adaptando-as às suas
necessidades e gosto.

MUSEU GUGGENHEIM, FRANK LLOYD WRIGHT

O museu Guggenheim provocou uma verdadeira alteração na forma como se expõe


arte. Esta nova solução para um museu foi totalmente nova e visionária, correspondendo à
arte abstrata no seu interior, o que é visível no efeito de planos flutuantes sobrepostos no
exterior.

A forma do edifício é baseada em formas geométricas puras como o cilindro e o cone


e formas orgânicas, e isso vai definir o ambiente, desde os detalhes até à imagem total do
museu. No interior, o arquiteto propôs um grande espaço num piso contínuo, em que a
exposição é feita em rampa, que sobe ao longo de seis andares, com uma grande claraboia
central que ilumina todo o pé-direito. Isto cria uma experiência de ascensão do visitante, em
que as obras de arte são apreciadas durante o percurso e permite uma relação visual e de
proximidade entre os vários andares.

Quando pensamos na forma como este espaço arquitetónico é depois vivido,


apreciamos a sensação de majestosidade e força que transmite, mas a maneira como foi
projetado cria alguns problemas no seu aproveitamento funcional, pela dificuldade em expor
arte numa superfície curva.

Figuras 8 e 9 – Museu Guggenheim


8
Figuras 10 e 11 – Museu Guggenheim

“ATMOSFERAS”, PETER ZUMTHOR

Para Peter Zumthor os espaços devem ser capazes de comunicar com quem os ocupa,
deve ser estabelecida uma ligação entre o ocupante e o espaço, de forma a criar uma
atmosfera - “sobressai inevitavelmente e imediatamente o
conceito da atmosfera, um ambiente, uma disposição do
espaço construído que comunica com os observadores,
habitantes, visitantes e também, com a vizinhança, que os
contagia.”18
A arquitetura é realizada para ser vivenciada através de
espaços que “cuidem do homem, que o deixem viver bem e
o apoiem discretamente”19 , e com isto reflete sobre a
importância de projetar de forma a permitir a adaptabilidade
dos espaços, dado que, para Zumthor a qualidade
arquitetónica está associada à ligação emocional criada num Figura 12. Residência de estudantes na
espaço - “Qualidade arquitetónica só pode significar que sou Clausiusstrasse. Zurique, Suiça 1936

tocado por uma obra. (...). Entro num edifício, vejo um espaço e transmite-se uma atmosfera

18 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 7


19 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 7.
9
e uma fração de segundo sinto o que é. A atmosfera comunica com a nossa perceção
emocional (...) ligação emocional imediata, recusa imediata.”20
Zumthor, reflete sobre a apropriação dos espaços, estes devem transmitir emoções e
não as criar, pois as experiências de cada um vão influenciar - “Esta ideia, de que entrarão
necessariamente coisas num edifício que eu como arquiteto não concebo, mas nas quais
penso, dá-me de certa forma uma visão futura dos meus edifícios, que se desenrola sem
mim. Este facto faz-me bem, ajuda-me muito a imaginar este futuro dos espaços, das casas,
de como serão uma vez utilizadas.” 21
A arquitetura é transfigurada num corpo humano, ambos funcionam num conjunto,
num todo e dessa complementaridade nasce uma identidade. “O que considero o primeiro e
maior segredo da arquitetura, é que consegue juntar coisas do mundo, os materiais do mundo
e criar espaços”22.

A materialidade, é um dos elementos que influencia a leitura de um espaço, ativa o


sentido visual e tátil. Normalmente, estamos mais atentos ao sentido visual, mas o sentido
auditivo também deve fazer parte da compreensão de um espaço, os sons caracterizam-no,
e trazem à superfície recordações e emoções - “O som do espaço- o que primeiro me vem à
cabeça são os ruídos de quando era criança, os barulhos da minha mãe a trabalhar na
cozinha. Estes sempre me fizeram feliz”23.

Figura 13. Materialidade- Peter Zumthor, Figura 14. Tensão interior exterior- Peter Zumthor, adega
Termas de Vals, Graubunden, Suiça, 1996 Domino de Pingus (projeto). Peñafiel, Valladolid. Espanha,
2003

20 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 11 a 13.
21 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 41.
22 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, págin a 23.
23 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 31.
10
Peter Zumthor projeta os seus edifícios de forma a serem apreciados, mas
principalmente de forma a que estes correspondam à utilização - “De forma que eu goste e
que vocês gostem, e sobretudo, que corresponda à utilização do edifício.”24 Agrada-lhe a
“tensão entre o interior e exterior”25, gosta de acentuar a diferença entre espaço público e
privado - “Considero um grande elogio quando em relação a um dos meus edifícios não se
consegue ler a sua forma (...) A explicação da forma deve surgir da sua utilização, e quando
isto é legível, considero o maior dos elogios.”26

Em relação ao enquadramento público defende a importância da integração da


arquitetura no espaço envolvente, tentando salvaguardar a harmonia do conjunto, “Mas o belo
é quando as coisas se encontram, quando se harmonizam. Formam um todo. O lugar, a
utilização e a forma. A forma remete para o lugar, o lugar é este e a utilização é esta.”27
Ao longo desta obra, a arquitetura surge da complementaridade de materiais,
sensações, utilizações e vivências, “Não trabalhamos na forma, trabalhamos com todas as
outras coisas. No som, nos ruídos, nos materiais, na construção, na anatomia etc. O corpo
da arquitetura, no início, é a construção, a anatomia, a lógica no ato de construir. Trabalhamos
com todas estas coisas, olhando ao mesmo tempo para o lugar e para a utilização”28.Os
espaços existem, quando a presença humana interage com eles, a arquitetura é feita para ter
uma utilização, “uma arte para ser utilizada” 29, esta tem de ser capaz de comunicar com quem
a ocupa e deve permitir adaptabilidade. A materialidade, a luz, as cores, os cheiros, os sons
estimulam os sentidos do ocupante, mas de forma diferente, dependendo das experiências
anteriormente vividas.
A arquitetura de Peter Zumthor revela-se assim como uma “arte espacial” 30 e uma
“arte temporal”31, com um grande papel no desencadeamento de emoções por parte do ser
humano, age como um corpo “que me pode tocar”32, emocionalmente.

24 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas,1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, páginas 45 e 47.


25 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 47.
26 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 68.
27 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 68.
28 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 70.
29 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 68.
30 ZUMTHOR, Peter - Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 42.
31 ZUMTHOR, Peter - Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 42.
32 ZUMTHOR, Peter - Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 23.
11
Figura 15.

BLUR BUILDING, DILLER SCOFIDIO E RENFRO

Blur Building, projeto efémero, foi construído para a exposição Expo 2002, na Suíça,
pelos arquitetos Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio. O principal objetivo destes era a criação
de um espaço onde os estímulos visuais fossem diminuídos, dado que no nosso dia a dia
somos excessivamente sobrecarregados com eles, e consequentemente ativar outros
sentidos.

Figuras 16 e 17. BLUR BUILDING

Esta obra consiste num percurso por uma estrutura metálica (100m de largura e
60m de profundidade) a 25m de altura da água, controlada por um sistema regulador da
temperatura, humidade e o vento, que cria um efeito nevoeiro através da filtragem da água
do próprio lago.
Segundo os arquitetos do projeto
“entrar no Blur é como entrar num meio
sem forma, sem características, sem
profundidade, sem escala, sem volume,
sem superfície e sem dimensões”, dado
que a intensidade do nevoeiro não permite
visualização do espaço e o reconhecimento Figura 18. BLUR BUILDING
das pessoas que nele se movem.
12
O principal objetivo foi investigar a arquitetura como um espaço de relações sociais e
para isso foram fornecidas capas de chuva com um hardware embutido, o qual continha
algumas informações sobre os gostos ou desgostos das pessoas, e com sensores e
transmissores que incluíam informações das mesmas. No percurso do Blur, quando duas
pessoas se cruzavam, as informações dos perfis eram comparadas conforme a sua
compatibilidade, se os gostos divergissem as capas ficavam verdes, se fossem comuns estas
ficavam vermelhas.

TERMAS DE VALS, PETER ZUMTHOR

Para integrar o complexo hoteleiro já existente, Zumthor projetou estas termas a


nascer da encosta montanhosa e usou como matéria prima o quartzito de Vals, pedra própria
da região, conseguindo criar uma forte relação entre a montanha, a pedra e a água.
Para proporcionar uma experiência sensorial aos visitantes, a atmosfera é essencial. Utiliza-
se luz natural e artificial, jogando com as sombras, materiais com texturas diversas como
pedra e betão, variações de temperatura da água, que cria salas preenchidas com vapor ou
com reflexões luminosas, os sons das pessoas e do movimento da água, o jogo entre espaços
abertos e fechados, que se ligam num sistema de circulação cuidadosamente pensado, que
conduz a pontos específicos ao mesmo tempo que dá liberdade ao utilizador de descobrir
outros espaços: “Achamos muito importante criar um certo “vaguear livre”, não conduzir, mas
seduzir. (...) Nesta piscina tentamos levar as unidades espaciais a um ponto em que
funcionam por si só” 33.
Em todo o edifício, há um grande controlo da perspetiva, que impede ou proporciona
uma vista.

“O meandro, como nós chamamos, é um espaço negativo desenhado entre os blocos,


um espaço que conecta tudo que flui pelo edifício, criando um ritmo pulsante tranquilizante.
Percorrer esse espaço significa fazer descobrimentos. Você está caminhando como se
estivesse nas árvores. Todos ali estão a procurar um caminho para eles próprios.”34

33 ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona, página 43.
34 Zumthor, Peter, em relação às Termas de Vals disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-
15500/classicos-da-arquitetura-termas-de-vals-peter-zumthor.
13
Figuras 19. TERMAS DE VALS

ADAPTABLE THEATER, PETER ZUMTHOR

O Teatro adaptável, projetado por Peter Zumthor e localizado junto ao castelo Riom
na Suíça, adquire características muito específicas e o seu modo de funcionamento permite
oferecer aos visitantes vivências distintas, dentro do mesmo espaço, variando consoante o
evento ali a decorrer.

Figuras 20 e 21 – Adaptable Theater, Peter Zumthor

14
O teatro é um espaço flexível uma vez que sua disposição pode ser alterada muito
facilmente, devido ao facto de este ser composto por diversas plataformas horizontais, móveis
a partir de um sistema que permite a deslocação vertical das mesmas.

Na imagem seguinte está representado, em corte, o modo como estas plataformas se


movem, e consequentemente as diversas disposições possíveis que este espaço consegue
adquirir. Uma vez a facilidade de transformação, admite um maior aproveitamento do espaço
e assim alcança um público também ele maior, de modo a presenciarmos um leque variado
de apropriações do mesmo espaço.

Figuras 22 e 23. Vistas laterais, Adaptable Theater, Peter


Zumthor

Para além destas características, este teatro distingue-se do que conhecemos como
teatro contemporâneo uma vez que é descoberto, o que remete para os anfiteatros medievais
esta analogia é intensificada, pelo castelo preexistente.

15
CENTER FOR THE BLIND AND IMPAIRED, MAURICIO ROCHA

A arquitetura é para muitos puramente visual, puramente estética, mas se desviarmos


a atenção do visual percebemos que a força de um espaço vai muito para além disso. Quando
esticamos os limites da nossa perceção, os outros sentidos, antes abafados pela visão,
ganham vida, ganham espacialidade e manifestam-se na escolha dos materiais, nas
aberturas maiores ou mais contidas, na forma como fazemos o ar circular…
Quando se projeta um espaço direcionado para utilizadores cegos, o arquiteto é
forçado a perguntar: como “ver” com os outros sentidos? Redescobre sensações e a forma
como o corpo reage a elas, e a arquitetura transcende do que é material para o feixe de luz
que atravessa uma sala ao fim do dia, ou a brisa leve que percorre um corredor, ou o cheiro
da madeira molhada num terraço num dia de chuva.

Figuras 24. CENTER FOR THE BLIND AND IMPAIRED

16
“Os edifícios são prismas retangulares, com estrutura em betão e cobertura plana.
Cada grupo explora diferentes relações espaciais e estruturais, tornando cada espaço
identificável para o utilizador, e variam em tamanho, intensidade da luz e peso dos materiais:
betão, tijolo, aço e vidro. O Centro pretende melhorar a perceção espacial ativando os 5
sentidos numa experiência em busca de informação. Um canal de água percorre o centro da
praça, de forma a que o som da água guie os utilizadores no seu caminho. Linhas horizontais
e verticais no betão à altura das mãos oferecem pistas táteis para identificar cada edifício.
Seis tipos de plantas perfumadas e flores nos jardins perimetrais atuam como sensores
constantes que ajudam a orientar as pessoas pelo complexo.” 35

35 Rocha, Maurício, Center for the Blind and Visually Impaired / Taller de Arquitectura-Mauricio Rocha, disponível
em: https://www.archdaily.com/158301/center-for-the-blind-and-visually-impaired-taller-de-arquitectura-mauricio-
rocha, consultado a 25 de setembro de 2020.

17
Figuras 25. CENTER FOR THE BLIND AND IMPAIRED

18
“OS OLHOS DA PELE”, JUHANI PALLASMAA

Para nos ajudar a compreender o papel dos sentidos na compreensão e experiência


total da arquitetura, o livro “Os olhos da pele - A arquitetura e os sentidos”, de Juhani
Pallasmaa, mostrou-se bastante relevante.

Ao longo da obra, vamos percebendo que não é a visão, sentido privilegiado e muitas
vezes apontado como ponto central da arquitetura, que nos permite a relação mais próxima
com o mundo e com as nossas emoções, até pelo contrário. Esta propriedade separadora da
visão está bem espelhada num excerto do texto: “Durante experiências emocionais muito
intensas, tendemos a barrar o sentido distanciador da visão; fechamos os olhos enquanto
dormimos, ouvimos música ou acariciamos nossos amados.”36. Consideramos esta frase
especialmente bonita quando pensamos na nossa experiência pessoal, porque o que
permanece realmente e intensifica a vida é o cheiro característico da nossa casa, o sabor dos
cozinhados da avó, o primeiro entrelaçar de dedos no primeiro namoro, ouvir a nossa música
favorita num concerto… Veremos, o problema não reside na visão, mas sim no seu
isolamento e não interação com os restantes sentidos, o que resulta no desaproveitamento
da potencial experiência do mundo - “Essa separação e redução fragmentam a complexidade,
a abrangência e a plasticidade inatas do sistema sensorial, reforçando um a sensação de
isolamento e alienação.”37

Podemos relacionar com esta ideologia o Center for the Blind and Impaired, de
Maurício Rocha, já que é o exemplo real da arquitetura sem visão. Conseguimos provar que
é possível uma obra resultar e ter um efeito profundo nos seus utilizadores sem a necessidade
dos olhos, já que desenvolveram uma sensibilidade muito maior ao tato, por exemplo. Vale a
pena referir que Pallasmaa entende todos os sentidos como extensões do tato, já que é a
pele que reveste o corpo e formou todos os órgãos sensitivos: “A visão revela o que o tato já
sabe. Poderíamos considerar o tato como o sentido inconsciente da visão. Os nossos olhos
acariciam superfícies, curvas e bordas distantes; é a sensação tátil inconsciente que
determina se uma experiência é prazerosa ou desagradável. Aquilo que está distante ou perto
é experimentado com a mesma intensidade, ambas se fundem numa experiência coerente.”38

36 Pallasmaa, Juhani - Os olhos da pele, A arquitetura e os sentidos, página 43


37 Pallasmaa, Juhani - Os olhos da pele, A arquitetura e os sentidos, página 36
38 Pallasmaa, Juhani - Os olhos da pele, A arquitetura e os sentidos, página 40
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Tal como na vida, a arquitetura deve aspirar a ser uma experiência completa a todos
os níveis, que “domestica o espaço ilimitado e o tempo infinito, tornando-o tolerável, habitável
e compreensível para a humanidade”39, ou seja, deve promover o diálogo entre a esfera
material, temporal e mental. Só assim é possível transformar o que é material em algo que
transcende o mundo físico: “Todas as experiências comoventes com a arquitetura são
multissensoriais; as características de espaço, matéria e escala são medidas igualmente
pelos nossos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos. A arquitetura reforça
a experiência existencial, a nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente
uma experiência de reforço da identidade pessoal.”40

39 Pallasmaa, Juhani - Os olhos da pele, A arquitetura e os sentidos, página 17


40 Pallasmaa, Juhani - Os olhos da pele, A arquitetura e os sentidos, página 39
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CONCLUSÃO

As vivências e a arquitetura vivem uma relação geracional: os locais que


frequentamos ao longo vida influenciam a arquitetura que um dia poderemos
desenvolver e, por sua vez, essa arquitetura vai influenciar as gerações futuras. No
entanto, seria muito arrogante e ingénuo se pensássemos que só os arquitetos
participam nestas alterações dos ambientes pelos quais circulamos durante a vida. A
arquitetura que nos marca tem, muitas vezes, uma mancha de vivências que se cola
a nós e que pouco tem que ver com as questões técnicas dos edifícios. Quando
saímos de casa dos nossos pais e passamos todas as nossas expectativas de lar
para aquela que vai ser a nossa casa, percebemos muito bem esta questão do
impacto que a vivência tem nos espaços. Numa primeira instância poderá tratar-se
de memórias, de associações que fazemos do nosso conceito de lar àquela
experiência que tivemos a partilhar casa com a nossa família. No entanto, se formos
mais longe, num sentido puramente físico do local, percebemos que aquela casa a
que chamamos lar foi modificada por todas as pessoas que co-habitavam naquele
espaço - aquilo a que chamamos lar envolve todas as flores que atrapalham o
caminho até à porta de casa e que a mãe tanto adora, a janela descontextualizada
que o pai abriu na sala porque “agora a moda são os grandes vãos envidraçados”, as
paredes todas pintadas pelo irmão mais novo que metem toda a gente com os cabelos
em pé e até aquele tapete foleiro que já passa de geração em geração há mais
gerações que aquelas que nos foi permitido conhecer. O lar é isto, mas também é
aquele vão que nos dá uma vista incrível para o pôr do sol, é o pátio que nos
proporcionou as refeições em família que relembramos com tanto carinho debaixo da
sombra e as pausas para o café sob o tímido sol de inverno, é o escritório bem isolado
e espaçoso que oferece todas as condições enquanto sonhamos no projeto e que nos
limpa as lágrimas quando tememos nunca conseguir entregá-lo! Os arquitetos
projetam, tornam sonhos realidade, desenham o nosso lar de forma que outra pessoa

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não o conseguiria fazer, mas a vivência das pessoas no espaço fica gravada e dá-lhe
vida tantas vezes quantas for vivenciado! É seguro afirmar que os espaços vivem
desta mutabilidade, mas nada disto seria possível sem o processo de tornar as nossas
sensações numa ciência exata que permite que se conheça o comportamento e os
sentidos da vida humana de tal forma, que o espaço projetado torne a vida de quem
o vai vivenciar mais fácil e agradável! É também esta consciência que nos permite
projetar com tanta sensibilidade quanto necessária - sabemos que o nosso
conhecimento poderá produzir espaços que mudam vidas, mas também sabemos que
a nossa passagem é temporária e que é preciso projetar também esse espaço livre
de apropriação.

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BLIBLIOGRAFIA/ WEBGRAFIA

Pensar a Arquitectura, ZUMTHOR, Peter

ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona

Da Organização do espaço – TÁVORA, Fernando

PORTAS, Nuno – Prefácio à edição de 1982. In TÁVORA, Fernando – Da Organização do


Espaço

Os olhos da pele – PALLASMAA, Juhani

https://www.archdaily.com.br/br/01-15500/classicos-da-arquitetura-termas-de-vals-peter-
zumthor.
https://en.wikiarquitectura.com/building/lafayette-park/#, consultado a 25 de setembro de
2020.
https://sah-archipedia.org/buildings/MI-01-WN98, consultado a 25 de setembro de 2020.
https://www.archdaily.com/158301/center-for-the-blind-and-visually-impaired-taller-de-
arquitectura-mauricio-rocha, consultado a 25 de setembro de 2020

ÍNDICE DE IMAGENS

Figuras 1 e 2. ”Tokyo kindergarten by Tezuka Architects lets children run free on the roof”.
Disponível em: https://www.dezeen.com/2017/10/02/fuji-kindergarten-tokyo-tezuka-
architects-oval-roof-deck-playground/, consultado a 25 de setembro de 2020.

Figuras 3 e 4. LAFAYETTE PARK ROW - HOUSING. Disponível em:


https://www.archdaily.com/455524/ad-classics-lafayette-park-mies-van-der-rohe, consultado
a 25 de setembro de 2020.

Figuras 5 e 6. LAFAYETTE PARK ROW - HOUSING. Disponível em:


https://www.archdaily.com/455524/ad-classics-lafayette-park-mies-van-der-rohe, consultado
a 25 de setembro de 2020.
23
Figuras 7. LAFAYETTE PARK ROW - HOUSING. Disponível em:
https://lebbeuswoods.wordpress.com/2010/10/16/mies-is-more/ , consultado a 25 de
setembro de 2020.

Figura 8 e 9. Museu Guggenheim. Disponível em:


https://www.archdaily.com.br/br/798207/classicos-da-arquitetura-museu-guggenheim-frank-
lloyd-wright

Figura 10 e 11. Museu Guggenheim. Disponível em:


https://www.archdaily.com.br/br/798207/classicos-da-arquitetura-museu-guggenheim-frank-
lloyd-wright

Figura 12. Hans Baumgartner, residência de estudantes na Clausiusstrasse. Zurique, Suiça


1936. ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona.

Figura 13. Materialidade - Peter Zumthor, Termas de Vals, Graubunden, Suiça, 1996;
Disponível em: ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona

Figura 14. Tensão interior exterior - Peter Zumthor, adega Domino de Pingus (projeto).
Peñafiel, Valladolid. Espanha, 2003; Disponível em: ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição,
Editorial Gustavo Gili, Barcelona

Figura 15. ZUMTHOR, Peter- Atmosferas, 1ºedição, Editorial Gustavo Gili, Barcelona

Figura 16 e 17. BLUR BUILDING. Disponível em:


https://dsrny.com/project/blur-building, consultado a 25 de setembro de 2020.

Figura 18. BLUR BUILDING. Disponível em:


https://dsrny.com/project/blur-building, consultado a 25 de setembro de 2020

Figura 19. TERMAS DE VALS; Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-


15500/classicos-da-arquitetura-termas-de-vals-peter-zumthor, consultado a 25 de setembro
de 2020.

Figura 20. ADAPTABLE THEATER, PETER ZUMTHOR; Disponível em:


https://www.hochparterre.ch/nachrichten/architektur/blog/post/detail/zumthor-plant-fuer-
origen/1370262302/
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Figura 21. ADAPTABLE THEATER, PETER ZUMTHOR; Disponível em:
https://lazaro.studio/archive/2017/12/12/zumthor

Figura 22. ADAPTABLE THEATER, PETER ZUMTHOR; Disponível em:


http://arquitectures234.blogspot.com/2014/05/dibuixos-peter-zumthor-habitatges-per.html

Figura 23. ADAPTABLE THEATER, PETER ZUMTHOR; Disponível em:


http://arquitectures234.blogspot.com/2016/11/

Figuras 24. CENTER FOR THE BLIND AND IMPAIRED; Disponível em:
https://www.archdaily.com/158301/center-for-the-blind-and-visually-impaired-taller-de-
arquitectura-mauricio-rocha, consultado a 25 de setembro de 2020.

Figuras 25. CENTER FOR THE BLIND AND IMPAIRED; Disponível em:
https://www.archdaily.com/158301/center-for-the-blind-and-visually-impaired-taller-de-
arquitectura-mauricio-rocha, consultado a 25 de setembro de 2020

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