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Sob um enfoque funcional, a administração pública é uma espécie de atividade que, no âmbito
estatal, contrapõe-se às atividades de cunho jurisdicional, legislativa e de controle.
A Administração Pública, nessa acepção subjetiva, é integrada não apenas por indivíduos e
pessoas jurídicas, mas também por órgãos e estruturas estatais não dotadas de personalidade
jurídica autônoma.
Todo ser humano é uma pessoa (física), com autonomia e patrimônio próprios – mesmo quando
não for dotado de capacidade de fato para agir por si só na vida jurídica. Uma grande parcela da
Administração Pública é composta diretamente por pessoas físicas. Assim, os agentes públicos são
pessoas físicas, vinculados em nome próprio ao Estado.
A Administração Pública é formada tanto por pessoas de direito público como por pessoas de
direito privado.
As primeiras são instituídas por lei, seu patrimônio é formado por bens públicos, destinam-se à
realização de funções de interesse coletivo e são investidas de poderes autoritativos,2 privativos da
autoridade pública. Sua atividade é disciplinada pelo regime de direito público.
As pessoas jurídicas não têm existência concreta, física. Não são dotadas de autonomia
existencial. Não são titulares de uma personalidade psicológica. Não têm vida humana em si
mesmas.
A vontade da pessoa jurídica é formada e exteriorizada por meio da atuação de seres humanos
específicos, que assumem uma posição jurídica determinada. A doutrina jurídica afirma que as
pessoas físicas estão para a pessoa jurídica tal como os órgãos se encontram para o ser humano.
Daí falar-se em “teoria do órgão”.
A pessoa jurídica não dispõe de uma vontade própria, anterior e autônoma em relação à
vontade dos indivíduos que a integram. O indivíduo que desempenha a condição de órgão da
pessoa jurídica não é um “mandatário” dela e não se aplicam ao caso as teorias tradicionais da
representação.3
Assim, por exemplo, o diretor de uma companhia privada é órgão desta, tanto quanto o
Presidente da República é órgão do Estado brasileiro. Isso significa que a companhia tem uma
vontade que é formada e exteriorizada pelo diretor, tal como o Brasil se manifesta por meio do seu
Presidente. Isso não significa, no entanto, que a pessoa física do Presidente da República disponha
de margem de autonomia de atuação similar àquela reconhecida ao diretor de uma companhia
privada. Há uma diferença fundamental entre a posição do órgão de uma pessoa pública e aquela
de órgão de uma pessoa privada.
4. Órgão público
As pessoas jurídicas de direito público têm a sua vontade formada e manifestada por meio de
órgãos públicos (constituídos por pessoas físicas). Há casos, no entanto, em que a lei atribui aos
órgãos públicos uma posição jurídica autônoma, induzindo uma distinção entre a pessoa jurídica
de direito público e o órgão encarregado de formar a sua vontade.
4.1. Definição
Órgão público é uma organização, criada por lei, composta por uma ou mais pessoas físicas,
investida de competência para formar e exteriorizar a vontade de uma pessoa jurídica de direito
público e que, embora destituída de personalidade jurídica própria, pode ser titular de posições
jurídicas subjetivas.
O órgão público é criado por lei. Em alguns casos, a própria Constituição institui o órgão
público. Em outros casos, há uma lei dispondo sobre o tema. Usualmente, normas infralegais
dispõem sobre o funcionamento efetivo dos órgãos, mas essa a validade dessa disciplina depende
de sua conformidade com as normas legais.
Somente as pessoas físicas podem assumir a condição de órgão. Algumas pessoas jurídicas
estatais são dotadas de órgãos unipessoais. Nesse caso, há uma única pessoa física que concentra
individualmente competências para formar e exteriorizar a vontade do ente estatal. O exemplo é a
Presidência da República. O Presidente é uma pessoa física, titular de um conjunto de
competências que exercita em nome próprio e individualmente.
Mas há uma tendência a reservar a condição de órgão para um conjunto de pessoas físicas,
exigindo sua atuação conjunta e complexa para produzir e exteriorizar a vontade do ente estatal.
Essa tendência decorre das concepções democráticas, orientadas a restringir a atuação isolada de
uma pessoa física para formar a vontade das pessoas jurídicas.
O órgão público não é uma pessoa jurídica, mas pode receber tratamento equivalente, para
certos efeitos. Os órgãos públicos são investidos de poderes, direitos e deveres, os quais podem
decorrer de autonomia assegurada na Constituição ou na lei.
Assim, por exemplo, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não são pessoas jurídicas, mas
órgãos da União. Não é juridicamente possível diferenciar a União e os órgãos constitucionalmente
investidos de poderes para formar e exteriorizar a vontade dela. No entanto, esses órgãos gozam
de autonomia assegurada pela Constituição. Isso conduz à possibilidade de que tais órgãos sejam
investidos de posições jurídicas, inclusive no tocante à titularidade de bens.
Essa distinção se reflete na disciplina legal. Assim, por exemplo, a Lei 8.666, no art. 2.º,
parágrafo único, prevê que contrato administrativo é um ajuste entre “órgãos ou entidades da
Administração Pública e particulares”.
“A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente
podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais” (Súmula 525 do STJ).
Por um lado, há a ampliação quantitativa do número de titulares das competências. Por outro,
há uma especialização de competências relativamente a cada órgão existente. Ou seja, não existe
uma multiplicação de órgãos com competência idêntica e homogênea. Há uma especialização de
funções.
A distinção é tradicional no direito administrativo e deve ser examinada com certa cautela.
A diferença entre as duas figuras (desconcentração e descentralização) reside em que o
mecanismo da descentralização produz a transferência de poderes e atribuições para um sujeito
de direito distinto e autônomo. Portanto, a descentralização acarreta a existência de um número
maior de sujeitos titulares dos poderes públicos. Já o processo de desconcentração mantém os
poderes e atribuições na titularidade de um mesmo sujeito, gerando efeitos meramente internos,
em virtude da partilha dos poderes e competências entre uma pluralidade de órgãos.
Mas uma lei pode transferir uma parcela da competência da União para uma autarquia. A
autarquia é dotada de personalidade jurídica própria, o que significa ser ela pessoa jurídica
distinta do ente que a criou. Então, alude-se à descentralização para indicar um processo de
distribuição de competências entre sujeitos de direito diversos.
Jurisprudência do STJ
“I. A descentralização administrativa pressupõe a delegação de competência de uma autoridade
investida de poderes de administrar, cuja execução pode delegar a outros agentes públicos” (RMS
3.614/DF, 5.ª T., rel. Min. Jesus Costa Lima, j. 14.12.1994, DJ 13.02.1995).
É relevante destacar uma modalidade peculiar de descentralização, que pode ser denominado
de coordenação de poder. O art. 241 da CF/1988 previu a conjugação de esforços entre os entes
federados, a fazer-se por meio de convênios e de consórcios públicos.
A Lei 11.107/2005 disciplinou a figura dos consórcios públicos, que são pessoas administrativas,
criadas a partir do consenso entre pessoas políticas, visando ao atendimento de necessidades
administrativas comuns. Os consórcios públicos resultam da associação entre pessoas políticas e
envolvem um processo distinto da descentralização. Nos consórcios, há a conjugação de
competências que a Constituição atribuiu a entes políticos diversos. Esse processo produz uma
modalidade especial de descentralização, eis que certas competências passam a ser desenvolvidas
por sujeitos administrativos distintos dos entes políticos.
As pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) são integrantes do pacto
federativo e investidas na titularidade dos poderes estatais por decisão da Nação. A existência
desses sujeitos deriva de uma escolha política do povo brasileiro.
Justamente por isso, as pessoas políticas não podem ser suprimidas – ainda que seja possível a
criação e extinção de Estados e Municípios (art. 18, §§ 3.º e 4.º, da CF/1988). A Constituição não
identifica quais são os Estados e os Municípios, mas seria inconstitucional que uma lei
determinasse a extinção de todos os Estados e Municípios, eliminando a ordem federativa.
No nível constitucional, todas as funções de administração pública estatal são atribuídas aos
entes políticos. Mas a Constituição permite que a lei infraconstitucional atribua a outros sujeitos
uma parcela das competências administrativas de titularidade de determinado ente. Essas outras
pessoas jurídicas não são entes políticos, nem titulares de poderes atribuídos diretamente pela
Constituição. Utiliza-se a expressão “Administração indireta” para referir-se a essas pessoas
meramente administrativas. Elas recebem as suas competências de modo indireto, por uma
decisão infraconstitucional das pessoas políticas, a quem tais competências foram originalmente
atribuídas.
As pessoas políticas podem criar outros sujeitos de direito, delegando-lhes competências que a
Constituição lhes atribuíra. Essas outras pessoas destinam-se apenas ao desempenho de funções
administrativas. Não lhes são atribuídas funções de organização do poder político.
Como dito, a Constituição não instituiu essas pessoas meramente administrativas. A sua criação
decorre de uma decisão infraconstitucional: uma lei cria a entidade ou autoriza a sua criação,
conforme o caso. Como decorrência, é impossível apresentar um elenco exaustivo das espécies de
pessoas administrativas existentes.
Cabe à lei criar ou autorizar a criação das entidades da Administração indireta. No entanto, a
existência e o funcionamento dessas entidades foram reconhecidos pela Constituição de 1988. Há
diversas referências constitucionais à Administração indireta, sendo a mais notável aquela
constante do art. 37. Ali se estabelece que as normas que disciplinam a atividade administrativa do
Estado aplicam-se tanto à Administração direta como à indireta.
No atual cenário brasileiro, a configuração da organização subjetiva do Estado pode ser assim
esquematizada:
Essa sistematização reflete a disciplina consagrada no Dec.-lei 200/1967 e a evolução legislativa
posterior.
A organização da Administração Pública foi objeto de disciplina pelo Dec.-lei 200/1967, que
sofreu diversas alterações legislativas, mas que permanece parcialmente em vigor.5 O diploma
introduziu uma reforma administrativa e promoveu a sistematização quanto às pessoas
integrantes da Administração Pública. É evidente que o decurso do tempo e a evolução dos fatos
tornaram superadas muitas das concepções consagradas no referido diploma.
Tal como já referido, o elenco previsto no Dec.-lei 200/1967 não apresenta cunho exaustivo,
final e definitivo. O processo histórico de configuração do Estado é contínuo. A evolução das
necessidades sociais e individuais demanda novas formas de organização do poder político. Uma
evidência foi a inovação promovida pela Lei 11.107/2005, criando os consórcios públicos de direito
público, que não se confundem com as autarquias. Nada impede que, o futuro, sejam instituídas
novas espécies de entidades administrativas, dotadas de características próprias.
O Dec.-lei 200/1967 tratou apenas da Administração indireta vinculada à União. Isso não
significou impossibilidade de os demais entes federais constituírem sua própria Administração
indireta, tal como se extrai do próprio art. 37 da CF/1988, que alude à “administração pública
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios (...)”.
Cada ente federativo é titular de competência legislativa para dispor sobre a própria
Administração indireta, respeitados os limites constitucionais. Mas a União é titular da
competência privativa para legislar sobre direito civil e direito comercial (art. 22, I, da CF/1988).
Logo, entidades com personalidade jurídica de direito privado devem estar previstas na legislação
federal. Não se admite que a lei estadual ou municipal institua uma nova espécie societária,
distinta daquelas admitidas na lei civil e comercial. A autonomia federativa não dá suporte a
tanto.
Já a situação da União é diversa. As normas de direito civil e de direito comercial são veiculadas
por leis ordinárias. A disciplina de uma sociedade federal também depende de lei ordinária.
Portanto, a mesma lei federal que autorizar a instituição da sociedade estatal pode introduzir
regras específicas sobre sua forma societária.
9. As autarquias
9.1. Definição
Segundo o art. 5.º, I, do Dec.-lei 200/1967, autarquia é “o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da
administração pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada”.
A definição legal é prolixa e defeituosa. Melhor é definir autarquia nos termos seguintes:
autarquia é uma pessoa jurídica de direito público, instituída para desempenhar atividades
administrativas sob regime de direito público, criada por lei que determina o grau de sua
autonomia em face da Administração direta.
A redação do Dec.-lei 200/1967 alude à existência de um “serviço” como algo distinto de uma
pessoa. Isso é um equívoco. A autarquia não é um “serviço”, mas um sujeito de direito. Como
decorrência, a autarquia dispõe de seus próprios órgãos, por meio dos quais forma e exterioriza
sua vontade, é titular de um patrimônio próprio e integra relações jurídicas na qualidade de parte.
Mais ainda, não é cabível à autarquia exercitar diretamente atividades subordinadas ao regime
de direito privado, tal como a exploração econômica.
A autarquia não é instituída pela Constituição nem pode ser criada por ato infralegislativo. A
autarquia apenas pode ser criada por lei. A lei que cria e disciplina a autarquia determina seus
atributos essenciais, tais como denominação, estrutura organizacional, competências, receitas e
submissão ao controle de uma entidade da Administração direta. Não existe um modelo único e
predeterminado para as autarquias. Tampouco existe um modelo único e uniforme no tocante à
autonomia atribuída a uma autarquia.
Jurisprudência do STF
“O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE empresa estatal que explora atividade
econômica, não pode valer-se de mecanismo de execução de dívidas de que as empresas privadas se
veem excluídas; independentemente do fato de o Banco se afirmar autarquia (...)” (RE 115.891, 2.ª T., rel.
Min. Célio Borja, j. 03.03.1989, DJ 31.03.1989).
A criação de uma autarquia não gera o surgimento de uma entidade independente e soberana.
As competências e as funções pertencem originariamente à pessoa política, que os transfere, em
termos limitados, para a autarquia. A margem de autonomia da autarquia em face do ente estatal
que a instituiu é variável. Existem limites mínimos e máximos de autonomia para a autarquia.
A CF/88 dispôs sobre as relações entre Poder Público e determinadas autarquias. Consagrou
expressamente à autonomia das Universidades Públicas (art. 207). Previu, de modo implícito, a
autonomia da autarquia reguladora de telecomunicações (art. 21, inc. XI) e da atividade
advocatícia (art. 133).
A lei pode determinar que a autarquia seja titular de competências privativas, sem
possibilidade de interferência da Administração direta sobre as escolhas adotadas. Mas é possível
outra solução, em que as decisões da autarquia sejam revisáveis e alteráveis por determinação da
Administração direta. A solução adotada pela lei disciplinadora da autarquia importará maior ou
menor autonomia.
Em alguns casos, a lei prevê recursos próprios, vinculados à autarquia. Assim se passa, por
exemplo, quando a lei institui um tributo vinculado em prol da entidade. Mas há casos em que a
autarquia depende de transferências de recursos do ente a que se vincula. Isso significará redução
da sua capacidade de formular escolhas autônomas.
Mas daí não se segue que a autarquia seja investida de autonomia tão intensa que impeça o
controle de sua atuação por parte da Administração direta, a quem se encontra subordinada.
Esse vínculo de subordinação é usualmente identificado pela expressão “poder de tutela”, que
indica o controle exercitado pelo ente da Administração direta sobre os sujeitos da Administração
indireta que estão a ele vinculados. O poder de tutela não significa a competência para revisar
diretamente as ações e omissões praticadas no âmbito da autarquia. Nem envolve o poder de
editar diretamente atos substitutivos daqueles de competência da autarquia. Cabe à pessoa
política o poder jurídico de verificar a regularidade da atividade desenvolvida no âmbito
autárquico. A identificação de algum desvio ou irregularidade deve acarretar determinações aos
órgãos da autarquia para adoção das providências cabíveis.
Jurisprudência do STJ
“(...) II – Sendo atos administrativos, as instruções normativas devem preencher seus requisitos de
validade, dentre eles a competência do agente para expedição da norma. III – Inexistindo norma expressa
que confira às Gerências Regionais do Ibama a competência para expedição de atos de caráter normativo,
forçoso concluir que, ainda que se reconheça a competência do Poder Público Federal e, em especial, do
Instituto para regulamentar a matéria, a expedição de atos normativos situa-se na esfera de competência
de órgãos hierarquicamente superiores, e não de órgãos descentralizados. IV – O caráter federal da
autarquia, a legislação de regência e, em particular, o seu regimento interno, denotam que as instruções
normativas, instrumentos da política ambiental governamental, estão afetas à esfera de conveniência e
oportunidade de órgãos superiores” (REsp 1.103.913/PR, 1.ª T., rel. Min. Francisco Falcão, j. 17.03.2009,
DJe 01.04.2009).
As autarquias especiais são aquelas subordinadas a regime jurídico diferenciado, que assegura
graus mais intensos de autonomia para a entidade.
As agências executivas e reguladoras independentes são figuras que exigem atenção especial.
Serão objeto de análise no Capítulo 11, a propósito do estudo da atividade regulatória do Estado.
Os entes reguladores de profissão foram criados por lei ao longo do tempo, recebendo a
qualificação de autarquias. Mas houve intensa controvérsia quanto à sua natureza jurídica, o que
exige considerações em apartado.
Em rigor, no entanto, atribuir a esses entes a natureza autárquica gera problemas jurídicos
relevantes. Essas entidades não se subordinam ao poder de tutela jurídica do Estado brasileiro. A
13. As sociedades estatais
O poder de controle é conceituado pela Lei das S.A. Os arts. 116 e 243, § 2.º, formulam
definições similares. O art. 116 considera como acionista controlador “a pessoa, natural ou
jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é
titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas
deliberações da assembleia geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia;
e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos
órgãos da companhia”.
O poder de controle pressupõe a titularidade da maioria das ações com direito a voto. No
âmbito privado, admite-se o controle compartilhado, mas essa é uma hipótese anômala no direito
administrativo.
A Lei das Estatais adota a titularidade pelo Estado da maioria do capital votante como critério
para configuração de uma sociedade estatal. Essa conclusão é extraída da definição de sociedade
de economia mista constante do art. 4.º e é ratificada no Dec. Federal 8.945/2016, cujo art. 2.º, inc.
VI, estabelece que se considera como sociedade privada aquela “entidade dotada de personalidade
jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e cuja maioria do capital votante não pertença
direta ou indiretamente à União, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município”.
Jurisprudência do TCU
“A simples existência de grupo de pessoas, conforme alegaram os juristas (itens 38 a 68 da peça 62),
vinculadas por acordo de voto ou controle comum, não transforma os acionistas minoritários
participantes em controladores natos, mas apenas compartilha entre as partes a decisão de determinados
assuntos da organização. No presente caso, o que se tem é tão somente uma empresa privada em que um
dos sócios minoritários é uma entidade estatal. Mesmo com acordo, os minoritários continuam
minoritários e os majoritários continuam majoritários ...
1. O poder de controle em uma empresa não decorre apenas da propriedade das ações. O indicativo
essencial de exercício de poder no interior da empresa diz respeito à preponderância no exercício do
poder de controle (poder para eleger a maioria dos administradores ou o domínio nas deliberações
sociais). 2. Historicamente, o acordo de acionistas é utilizado como um instrumento aglutinador dos
acionistas minoritários. O poder de controle somente é exercido se e enquanto os membros eleitos pelo
grupo votam de modo uniforme. Ou seja, o grupo age como se fosse uma só pessoa. O panorama é
diferente, por exemplo, nas situações em que dois sócios celebram um acordo de acionistas, sendo que
um dos sócios é o acionista majoritário, que mantem para si os atributos do controle. 3. Ao celebrar um
acordo de acionistas, o Estado poderá integrar o grupo de controle e, nesse sentido, exercerá uma parcela
de controle na sociedade. Para o sócio estatal, o acordo de acionistas tem o objetivo precípuo de prover
determinado nível de influência sobre algumas decisões (possibilidade de indicação de certos diretores,
voto de qualidade sobre determinadas matérias, direito de veto a certas deliberações). 4. O exercício pelo
Estado da preponderância do poder de controle numa empresa público-privada importa na sua
caracterização como uma sociedade de economia mista de fato” (TCU, Acórdão 1.220/2016, Plenário, rel.
Min. Bruno Dantas).
A lei não cria a sociedade estatal, diversamente do que se passa com a autarquia, que é
instituída diretamente pela lei. No caso de sociedade estatal, a lei autoriza a sua criação,
estabelecendo os elementos fundamentais e indispensáveis a tanto. A Lei deve não apenas conter a
autorização propriamente dita, mas também estabelecer a forma da futura sociedade, seu prazo
de duração e o modo de composição de seu capital. Deverá inclusive indicar os bens públicos que
serão conferidos à nova entidade.
Mas não basta a edição da lei para surgir a entidade estatal. Será necessário o cumprimento das
formalidades previstas no direito privado, que variam de acordo com a forma societária
pretendida. Assim, por exemplo, a criação de uma sociedade anônima depende da subscrição
(pública ou privada) das ações em que se divide o seu capital social, com aprovação de seu estatuto
social pelos sócios em assembleia geral ou por escritura pública. O surgimento da pessoa jurídica e
o início de sua atuação dependerão do cumprimento das formalidades apropriadas perante o
Registro de Comércio,14 inclusive com o atendimento a exigências complementares
correspondentes.
A Constituição exige que a criação seja produzida por meio de lei e faz referência a “cada caso”.
Isso não significa a necessidade de que a lei autorizadora da criação da entidade seja específica e
limitada a dispor sobre isso. É admissível que uma lei disponha sobre vários assuntos e, no seu
bojo, veicule a autorização para a criação de uma sociedade estatal. Por outro lado, também não se
admite autorização legislativa genérica e indeterminada para que a Administração crie quantas
empresas desejar.
Mas o STF admitiu a validade de autorização legal ampla, em que a lei autoriza que uma
sociedade estatal crie subsidiárias diversas, desde que no âmbito de uma certa atividade
econômica. Admite-se a criação de uma única ou de uma pluralidade de pessoas jurídicas para o
desempenho das atividades compreendidas na autorização legislativa.
Jurisprudência do STF
“II – É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que haja
previsão para esse fim na lei de instituição da empresa pública, sociedade de economia mista ou
fundação matriz, tendo em vista que a lei criadora é também a medida autorizadora” (ADI 1.491 MC,
Pleno, rel. Min. Carlos Velloso, rel. p/ acórdão Min. Ricardo Lewandowski, j. 08.05.2014, DJe 29.10.2014).
A decisão do STF na ADI 1.491 reputou válida a autorização ampla para a instituição de
entidades quando tal envolver o desempenho da atividade empresarial disciplinada na lei
autorizadora. A existência de uma única sociedade estatal ou a criação de controladas será
considerada como uma opção organizacional compreendida na autorização legislativa.
Em decisão liminar na ADI 5.624 (5.846 e 5.924), o Min. Ricardo Lewandowski adotou
interpretação conforme para o art. 29, inc. XVIII, da Lei 13.303/2016, versando sobre a questão da
extinção de sociedade estatal (ou do controle estatal sobre ela).
Jurisprudência do STF
“Diante do exposto, com base no art. 10, § 3º, da Lei 9.868/1999, e no art. 21, V, do RISTF,
concedo parcialmente a medida cautelar pleiteada, ad referendum do Plenário deste Supremo
Tribunal, para, liminarmente, conferir interpretação conforme à Constituição ao art. 29, caput,
XVIII, da Lei 13.303/2016, afirmando que a venda de ações de empresas públicas, sociedades de
economia mista ou de suas subsidiárias ou controladas exige prévia autorização legislativa,
sempre que se cuide de alienar o controle acionário, bem como que a dispensa de licitação só pode
ser aplicada à venda de ações que não importem a perda de controle acionário de empresas
públicas, sociedades de economia mista ou de suas subsidiárias ou controladas”(ADI 5.624 MC,
decisão monocrática, rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 27.06.2018, DJe 28.06.2018).
A redação original do inc. XIX do art. 37 da Constituição previa que cabia à lei criar a sociedade
de economia mista e a empresa pública. Em face dessa redação, era inquestionável que a extinção
da entidade (ou a alienação de seu controle) dependeria igualmente de lei. Mas a EC 19/1998
alterou essa redação e estabeleceu que cabe à lei “autorizar” a criação da sociedade de economia
mista e da empresa pública. Logo, é indispensável analisar, caso a caso, o conteúdo da autorização
concedida pela lei. Se tiver sido instituída competência discricionária para a criação, então existirá
autonomia de escolha para o ente federativo. Deve-se reputar que essa autonomia compreenderá
inclusive o poder para, depois de ter sido criada a entidade, haver a sua extinção ou a alienação
das ações representativas do controle. Diversamente se passará se a lei tiver instituído
competência vinculada: se a lei determinar como obrigatória a criação da entidade, então ela
somente poderá ser extinta – e essa regra valerá também para a alienação do controle societário –
mediante lei.
Era entendimento pacífico ser necessária não apenas a autorização legislativa, mas a específica
qualificação da entidade pela lei. Esse entendimento não foi seguido no regulamento da Lei das
Estatais.
Reputava-se que a condição de sociedade de economia mista ou empresa pública dependia não
apenas da titularidade estatal do poder de controle, mas também da qualificação legislativa
específica. A decisão do STF, abaixo referida, esclarece essa orientação.
Jurisprudência do STF
“9. A sociedade de economia mista, pois, é criada por lei. Este o elemento primordial a caracterizá-la
como sociedade de economia mista: a criação por lei. Cuida-se, aqui, não da criação da sociedade como
pessoa jurídica, mas da criação de um modelo jurídico especial, excepcional em relação ao modelo
ortodoxo de sociedade anônima. ... O Estado, destarte, nas sociedades de economia mista, está em
situação assimétrica em relação aos seus acionistas privados, ao passo que, nas sociedades estruturadas
segundo o modelo ortodoxo de sociedade anônima, de cujo capital participe, ainda que majoritariamente
– e que não serão entendidas como de economia mista – está em situação de simetria em relação aos seus
acionistas privados” (RMS 24.249, 1.ª T., rel. Min. Eros Grau, j. 14.09.2004, DJ 03.06.2005).
O Dec.-lei 200/1967 admite à criação de sociedades estatais por parte da União, sem aludir aos
demais entes federativos. Isso não significa a vedação a que Estados, Distrito Federal e Municípios
editem leis autorizando a criação de sociedades estatais nas suas órbitas, com fundamento direto
no inc. XIX do art. 37 da CF/1988. Lembre-se que o Dec.-lei 200/1967 tem aplicação restrita à
Administração Pública Federal. 15
Jurisprudência do STJ
“(...) 3. Inexiste óbice a que Estado-membro da Federação autorize, por intermédio de Lei Estadual, a
criação de sociedade de economia mista estadual, uma vez que o inciso XIX do art. 37 da Constituição
Federal não faz qualquer ressalva à norma geral contida no do mesmo artigo, que se refere
expressamente à administração pública direta e indireta de quaisquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios” (REsp 642.324/SC, 1.ª T., rel. Min. Luiz Fux, j. 12.09.2006, DJ
26.10.2006).
A empresa pública é uma sociedade comercial que tem como sócios apenas sujeitos estatais.
São exemplos de empresas públicas, no âmbito federal, a Caixa Econômica Federal e a Empresa
Brasileira de Correios – ECT.
14.1. Definição
Existem várias definições para a empresa pública. O art. 5.º, II, do Dec.-lei 200/1967 define
empresa pública como “entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com
patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração de atividade
econômica que o Governo seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência
administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito”.
A Lei 13.303 estabeleceu que “empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica
de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é
integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios” (art. 3.º).
Mas o parágrafo único introduziu inovação relevante determinando que, “desde que a maioria do
capital votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do
Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas
de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”.
A qualificação como empresa pública depende da previsão legislativa, que pode ser veiculada
por ocasião da autorização para a criação da estatal ou em lei específica posterior.
Mas a Lei 13.303 admitiu a possibilidade de que outras entidades integrantes da Administração
Pública sejam sócias da empresa pública, desde que a maioria do capital votante permaneça na
titularidade do ente federativo.
O art. 11 do Dec. Federal 8.945/2016 estabelece que a empresa pública será constituída
preferencialmente sob a forma de sociedade anônima. Em teoria, poderiam ser adotadas outras
formas, mas essa solução seria muito problemática. A disciplina da Lei 13.303, de observância
obrigatória, dificilmente poderia ser respeitada se a empresa pública apresentasse uma forma
diversa.
A empresa pública não dispõe de poderes regulatórios e não exerce poder de polícia
administrativa – ressalvada a orientação do STF de assimilar algumas empresas públicas a
autarquias, que será examinada adiante. Como regra, a atuação envolve a prestação de serviço
público ou o desenvolvimento de atividade econômica propriamente dita. Mas também se admite
que a empresa pública tenha por objeto a prestação de serviços de apoio ao próprio Estado.16
Nesse caso, a entidade não explora uma atividade econômica no mercado, nem desempenha um
serviço público. Seu objeto é satisfazer necessidades próprias do Estado.
O art. 109, I, da CF/1988 estabelece a competência da justiça federal de 1.º grau para processar e
julgar os processos envolvendo interesses de empresas públicas federais.
15.1. Definição
O art. 5.º, III, do Dec.-lei 200/1967 define sociedade de economia mista como “a entidade dotada
de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade
econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta”.
O art. 4.º da Lei 13.303 estabelece que sociedade de economia mista “é a entidade dotada de
personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos
Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta”.
Tal como as demais sociedades estatais, a sociedade de economia mista é uma pessoa jurídica
de direito privado.17 O art. 5.º, III, do Dec.-lei 200/1967, o art. 235 da Lei das S.A. (Lei Federal
6.404/1976) e o art. 4.º da Lei 13.303 preveem que a sociedade de economia mista apresenta forma
de sociedade anônima). A sociedade anônima é uma sociedade cujo capital é dividido em ações e
em que a responsabilidade dos sócios é limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou
adquiridas (art. 1.º da Lei 6.404/1976).
Mais ainda, a ação é um valor mobiliário. Isso significa que a ação possui valor econômico em
si mesma, o que permite sua negociação sem a necessidade de concordância dos demais sócios.19
Tal como previsto no inc. XIX da CF/88, a criação de uma sociedade de economia mista depende
de autorização legislativa. Como exposto, a Lei das Estatais afastou a previsão de que a lei também
definiria um regime jurídico diferenciado.
Uma parcela das ações representativas do capital da sociedade de economia mista é destinada à
titularidade de sócios privados. No entanto, o seu controle se encontra necessariamente no
domínio de um sujeito estatal.
Daí não se segue afirmar que toda sociedade de economia mista tenha sócios privados. A
associação entre capitais públicos e privados é uma incerteza, nem sempre previsível por ocasião
da outorga da autorização para constituição da sociedade. Por isso, a participação de sócios
privados pode nunca vir a ocorrer.
Isso não significa que o regime jurídico de ambas as figuras seja necessariamente idêntico. Há
uma diferença marcante entre elas.
A empresa pública é, por inerência, uma instituição exclusivamente estatal. Ainda quando se
admita a participação de uma pluralidade de sócios em seu capital, haverá apenas e
exclusivamente capitais de origem pública aplicados para a constituição da empresa pública. Já
uma sociedade de economia mista também pode ser formada apenas por sócios integrantes da
órbita estatal. Mas isso não é necessário, já que empreendedores privados podem deter
participação societária. Tal como já destacado, o controle da sociedade de economia mista deverá
ser mantido com uma entidade estatal.
O art. 238 da Lei das S.A. determinava que “A pessoa jurídica que controla a companhia de
economia mista tem os deveres e responsabilidades do acionista controlador (arts. 116 e 117), mas
poderá orientar as atividades da companhia de modo a atender ao interesse público que justificou
a sua criação”.
Já o art. 4.º, § 1.º, da Lei 13.303/2016 adotou uma redação diversa, fixando que “A pessoa
jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os deveres e as responsabilidades do
acionista controlador, estabelecidos na Lei 6.404/1976, ..., e deverá exercer o poder de controle no
interesse da companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação”.
Ainda que a sociedade de economia mista comporte situação diferenciada em favor do sócio
estatal controlador, o Direito protege os interesses dos sócios minoritários.
“É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia mista”
(Súmula 556 do STF).
“As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como
assistente ou opoente” (Súmula 517 do STF).
“Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de
economia mista e os crimes praticados em seu detrimento” (Súmula 42 do STJ).
A constituição de uma sociedade de economia mista pode propiciar riscos para o equilíbrio
federativo. Assim se passa porque uma entidade estatal pode adquirir participações no capital
social de sociedade de economia mista integrante da Administração indireta de outra órbita
federativa. Diante disso, admite-se restrição imposta pelo ente estatal interessado a que outros
entes federativos adquiram participação minoritária nas sociedades de economia mista sob seu
controle.
Jurisprudência do STF
“Ação Direta de Inconstitucionalidade proposta pelo Governador do Estado de Minas Gerais. Artigo 24,
§ 2º, da Lei n. 9.361, de 5 de julho de 1996, do Estado de São Paulo, que veda a participação, como
proponente à aquisição de ações de propriedade daquela unidade federativa no capital das
concessionárias de eletricidade, de toda e qualquer empresa estatal estadual, excluídas as do próprio
Estado. Medida liminar indeferida. Razões econômicas, políticas e jurídicas justificam as restrições
contidas no ato normativo questionado. Alegação de ofensa ao disposto nos artigos 37, inciso XXI, da
Constituição do Brasil. Não caracterização. Ação direta julgada improcedente (...)” (ADI 2.452, Pleno, rel.
Min. Eros Grau, j. 17.06.2010, DJe 16.09.2010).
A expressão subsidiária foi utilizada no art. 37, XX, da CF/1988. Até a edição da Lei 13.303/2016,
não existia um tratamento jurídico autônomo da sociedade subsidiária. No âmbito da legislação
societária, somente existia referência à subsidiária integral, disciplinada pelo art. 251 da Lei das
S.A. e que consiste numa sociedade anônima cuja integralidade das ações é de titularidade de uma
sociedade brasileira.
16.1. Definição
A sociedade estatal subsidiária é uma pessoa jurídica de direito privado, constituída como regra
sob forma de companhia e que se encontra sob controle direto ou indireto de empresa pública ou
sociedade de economia mista.
Não se admite a criação de uma controlada com personalidade jurídica de direito público. A
utilidade da figura da controlada relaciona-se aos processos de organização da atividade
empresarial. A controlada apenas pode ser criada para promover maior eficiência gerencial no
desempenho da atividade atribuída a uma entidade integrante da Administração indireta.
Em princípio, a subsidiária adotará forma de sociedade anônima. Essa solução pode ser
extraída da Lei 13.303/2016 e está expressamente consagrada no Dec. Federal 8.945/2016. O art. 11
do Decreto mencionado estabelece que a forma de sociedade anônima é obrigatória para as
subsidiárias da empresa pública. O art. 10, § 1.º, determina que as subsidiárias das sociedades de
economia mista deverão adotar a forma de companhias, admitindo-se a forma de limitada para
subsidiárias em liquidação.
A subsidiária não se encontra sob controle direto de ente federativo. O seu controle está na
titularidade direta ou indireta de uma sociedade de economia mista ou de uma empresa pública.
Ou seja, a maioria do capital votante da subsidiária pode encontrar-se na titularidade de outra
subsidiária de sociedade estatal. Nada impede a multiplicação de graus societários, de modo a
gerar uma cadeia de sociedades.
De modo geral, as subsidiárias se subordinam a regime jurídico equivalente aos das sociedades
de economia mista e empresas públicas sob cujo controle se encontram.
Tal como já exposto, a criação de subsidiárias por sociedade de economia mista ou empresa
pública depende de autorização legislativa, por imposição constitucional (art. 37, inc. XX). Também
como visto, admite-se autorização ampla, abrangendo o setor de atuação da sociedade de
economia mista ou empresa pública.