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O ALTO CUSTO DE UM SISTEMA AGRÍCOLA FALIDO

(https://institutodeagriculturabiologica.org/2015/05/05/o-alto-custo-de-um-sistema-agricola-falido)
(Por José Luiz Moreira Garcia, maio 2015)

"Uma nação que destrói o seu solo destrói a sí mesma" Franklin D. Roosevelt ( 1937)

A tecnologia agrícola utilizada nos últimos 100 anos é baseada em teorias inválidas pelo simples fato
de que as mesmas não funcionam na vida real. Se elas fossem de fato válidas nós não teríamos córregos,
lagos e rios poluídos, aqüíferos subterrâneos poluídos por nitratos e outros contaminantes, solos poluídos e
degradados, alimentos contaminados, seres humanos e animais contaminados e com saúde deficiente que se
tornaram cada vez mais dependentes de remédios e produtos farmacêuticos que fazem a fortuna de grandes
laboratórios farmacêuticos multinacionais, além de um crescente número de agricultores que são levados a
ruína econômica, perdendo o seus bens de raiz acumulados na maioria das vezes ao longo de várias gerações
de trabalho árduo (dependência econômica).
O atual modelo agrícola utilizado no ocidente é o responsável direto pela crescente destruição da
camada de solo arável (solo agrícola), sendo que, nos EUA que é a “meca” do sistema, a perda de solo
agrícola foi de 50% nos últimos 100 anos, de acordo com o Minnesota Land Magazine de 3 de maio de 1985.
A destruição do meio ambiente é um fato concreto e ela é provocada em grande parte pelo atual modelo
agrícola. Vocês por acaso já imaginaram para que finalidade são sintetizados os agroquímicos mais tóxicos ?
Que tal : Para a agricultura !
Quanto da poluição industrial é resultante da poluição industrial relacionada com a agricultura? E
que tal o consumo de energia dessa mesma agricultura? A agricultura é a segunda maior consumidora de
energia nos EUA. Quem estabelece nossas prioridades?
Quando o solo degenera, as plantas que crescem nele também se degeneram, assim como a saúde das
pessoas que se alimentam dessas mesmas plantas. Isso cria uma demanda maior para a produção e a venda de
produtos destinados a combater os sintomas originados por um solo degradado e doente. Existem produtos
químicos para remediar solos degradados (adubos químicos, fumigantes de solo ), produtos químicos para
combater os sintomas de um vegetal fraco e desnutrido (fungicidas, inseticidas, bactericidas, acaricidas,
nematicidas, etc..) , produtos químicos para combater os efeitos de um solo desequilibrado (herbicidas) e
finalmente, produtos químicos que são usados pelos médicos e farmacêuticos em seres humanos e animais
para remediar toda essa situação criada na realidade por solos degradados e doentes.
O resultado imediato é o lucro financeiro porém o resultado a longo prazo é a inexorável falência de
todo esse “sistema insustentável”. Na sua edição de setembro de 1984, a conceituada publicação New
Scientist afirmava que, entre 1960 e 1979, os agricultores da antiga Checoslováquia triplicaram o uso de
fertilizantes químicos enquanto que a produção somente aumentou em 52%. O solo foi afetado e, agora, as
safras estão diminuindo sem que houvesse diminuição da utilização de fertilizantes. Essa "tecnologia de
ponta" foi exportada para aquele país pelos EUA. Essa mesma tecnologia foi e ainda é utilizada no Brasil em
quase todo o seu sistema de ensino, pesquisa e extensão agrícolas, com raríssimas e louváveis exceções. O
famoso "tripé" ( pesquisa , ensino e extensão ) no qual se apóia todo o nosso modelo agrícola foi importado
dos EUA e empurrado goela abaixo de nossos produtores agrícolas como sendo verdadeiro. Orville Wright
enfoca essa situação da seguinte maneira : "Se todos nós trabalharmos com a suposição de que o que é
aceito como verdadeiro é, de fato, verdadeiro, existiria muito pouca esperança para algum tipo de
avanço".
Nos últimos 50 anos a utilização de agrotóxicos na agricultura aumentou mais de 10 vezes enquanto
que as perdas provocadas por pragas, insetos e o mato, aumentaram de 6% para 13% (2,3 vezes). O que
significam esses dados? Significam exatamente que o sistema não está funcionando posto que está baseado
em uma pseudo-ciência que parte de premissas falsas, apesar dos arautos do apocalipse de plantão, entre os
quais destacam-se alguns expoentes tanto do governo quanto da pesquisa oficial, estarem a aterrorizar a
população com o espectro da fome. Hoje, sabemos ser a fome mais um problema político e financeiro do que
tecnológico. Essa opinião também já foi expressa por um diretor de uma poderosa empresa de biotecnologia.
Ou seja, eles também já sabem disso. Os únicos que ainda não sabem ou fingem não saber são os nossos
políticos e tecnocratas.
A mídia de aluguel, o Ministério da Saúde e vários outros setores da saúde querem nos fazer crer que
a saúde humana e a longevidade estão aumentando nas ultimas décadas. Porem, isso não é exatamente o que
demonstram as estatísticas. O prestigioso New England Journal of Medicine, com bases em estatísticas
compiladas pelo U.S. Department of Commerce, Bureau of Census , demonstra que durante um período
pesquisado de 24 anos não houve aumento significativo na taxa de sobrevivência para pacientes acometidos
de câncer. Hoje, nos EUA , uma pessoa, em cada três, é acometido por câncer em comparação a uma pessoa
em cada dez pessoas de décadas atrás . O câncer é um negócio de mais de 90 bilhões de dólares por ano
somente nos EUA e cresce a cada ano. Não existe vontade política de se resolver realmente o problema do
câncer. Em países do terceiro mundo, no qual o Brasil se inclui, isso é até aproveitado com intenções muitas
vezes políticas com a distribuição dos chamados medicamentos ditos "gratuitos". Nunca um neologismo
custou tão caro a toda a sociedade. O tratamento do câncer é um negócio multibilionário, porem não a cura
do câncer ou a sua erradicação. Uma eventual cura do câncer significaria a ruína financeira de toda uma
industria multibilionária voltada para o "tratamento" do câncer. Somente nos EUA essa indústria emprega
mais de 200 mil pessoas.
O declínio da saúde da população ocorre em paralelo com o declínio da fertilidade dos solos e
do aumento da agricultura quimicalizada. Existe, de fato, uma relação muito estreita entre agricultura e
saúde humana . Uma relação que infelizmente os nossos dirigentes políticos se recusam a enxergar. Essa
estreita relação já foi amplamente abordada por muitos outros autores. Quanto custa a sociedade a reparação
desses erros ? Quanto custa à sociedade o tratamento de um paciente acometido de câncer ?
A infame "Revolução Verde" levou a falência todo um sistema agrícola senão financeiramente, pelo
menos ecologicamente falando. Os produtores agrícolas foram iludidos e enganados com pensamentos
emanados pela “elite” acadêmico-científico agrícola, de que poderiam resolver os seus problemas com
agrotóxicos e fertilizantes químicos. Hoje, sabe-se que a revolução somente foi verde para a indústria de
insumos agrícolas petroquímicos.
Intoxicação generalizada por agrotóxicos que mimetizam hormônios (que se encaixam nos
receptores hormonais celulares ) em níveis aparentemente baixos mas que são muitas vezes acima dos níveis
máximos tolerados pelos seres humanos, principalmente as mulheres, gerando uma onda crescente de
tumores de mama, câncer de próstata, câncer linfático entre outros.
A aflatoxina é uma ameaça real e permanente (produzida por um fungo em grãos com alta umidade).
Foi verificado um nível cada vez maior de aflatoxina em produtos cultivados pelo sistema convencional além
de uma maior quantidade de energia necessária para a secagem dos grãos que não conseguiam atingir a
maturação plena em virtude da excessiva manipulação genética aliada a fertilização química.
Alimentos com teores de proteína não-funcionais (aquelas não aproveitadas pelas pessoas)
elevadas, são fruto dessa pseudo-ciência e tecnologias agrícolas. Os experimentos agrícolas sempre são
avaliados pelo peso final das parcelas que se traduz em toneladas /hectare e quando muito pelo teor de
"proteína", que na maioria das vezes é apenas o teor de nitrogênio multiplicado pelo fator 6.24 para se ter
uma idéia aproximada do teor de proteína. Porém esse nitrogênio nem sempre é protéico e nem sempre essas
proteínas são funcionais, isto é, adequadamente utilizadas pelo nosso organismo. Raríssimas vezes são feitos
testes de avaliação nutricional desses produtos com "elevados" teores de "proteína " . Os vegetais cultivados
pelo sistema convencional produzem um tipo anômalo de proteína não funcional conhecido for "funny
protein" .
A desnutrição de homens e animais é generalizada. Inúmeros autores são da opinião que cada
doença tem um componente nutricional em maior ou menor escala. Aborto, retardamento mental, colesterol
elevado, problemas circulatórios e cardíacos, problemas neurológicos ( Alzheimar, Mal de Parkinson, etc...),
defeitos genéticos, hiperatividade infantil ( Síndrome do Déficit de Atenção ), diabetes, enfim uma infinidade
de doenças tem a sua origem no ambiente e no componente nutricional.
Em 1958, o Professor Emérito de Agronomia, Dr. William A. Albrecht, Ph.D., do Departamento de
Solos da Universidade do Missouri relatava : "Nos últimos 40 anos amostras de solo do mundo todo foram
estudadas e estabeleceu-se uma média de produção de proteína viável de 12%, sendo que o mínimo
necessário para a saúde humana e animal seria de 25% de proteína viável. Nos EUA as amostras não
tinham média de 25%, nem de 12%, mas de 6%". No início dos anos 70 o Departamento de Agricultura
dos EUA (USDA) liberou dados mostrando que os solos americanos tinham um fator para a produção de
proteína viável de 1,5 a 3% ( Biomedical Critique, vol. 5. No. 6, Biomedical Health Foundation, Ocala, Fl,
Sept. 1984 ) . Esses dados são uma demonstração cabal da falência do sistema. Os solos simplesmente não
são mais capazes de possibilitar uma produção de proteínas necessária a manutenção da saúde
humana e animal (ausência de nitrogênio).
Ácidos graxos na forma isomérica "Trans" que favorecem as doenças degenerativas por serem
altamente imunodepressivos (prejudicam a imunidade) são sem dúvida outra contribuição da "moderna "
tecnologia agrícola de alimentos.
Fertilizantes Fosfatados solúveis com resíduos de flúor, elemento altamente reativo e tóxico, que
as plantas transformam em acetato de flúor , um composto altamente tóxico, são, por suposto outra
contribuição da chamada "ciência"dos solos. Esse elemento tem sido implicado no crescente aumento de
casos de Diabetes.
Enfim, o emprego do chamado enfoque "reducionista" pelos pesquisadores agrícolas, no qual tentam
explicar o todo pela análise das suas mínimas partes gerou todo esse estado de coisas. A Natureza é bem
mais complexa e não pode ser explicada por nenhum pensamento linear reducionista (precisamos ter a
visão do todo ou, holística ).
O sistema atual continua tentando nos fazer crer que podemos consertar qualquer coisa que esteja
errada. Eles agora resolveram "melhorar" o trabalho divino, de certo por achar que Deus não fez um bom
trabalho. Os vegetais estão sendo manipulados geneticamente para serem resistentes a doenças e pragas
(milho “bt”, plantas “RR”). O que podemos esperar de tais vegetais manipula ‘qdos geneticamente ? Os
efeitos a longo prazo somente o tempo irá responder porém uma coisa já é certa: sabemos que o ataque de
doenças e pragas estão diretamente relacionados a saúde dos vegetais. Isso já não é mais teoria! Já
existe ampla comprovação científica desse fato. O papel dos insetos na Natureza foi inteligentemente
desvendado pelo brilhante cientista Dr. Phillip Callahan, Ph.D., que trabalhou no U.S.D.A. e Universidade da
Flórida. Os insetos funcionam como verdadeiros "sanitaristas" eliminando vegetais fracos e doentes, nos
poupando de consumir alimentos de inferior qualidade. Na verdade os insetos estariam nos prestando um
grande favor.
Dr. Callahan afirma que "nenhum método de controle irá funcionar enquanto safras envenenadas
continuarem a emanar etanol e amônia em pequenas partes por milhão. Esses dois produtos da
fermentação são a marca registrada de organismos agonizantes e servem como atrativo para todos os
insetos que se alimentam de plantas ". Dessa forma, plantas carentes de nutrientes é o que podemos
esperar dessas manipulações genéticas e consequentemente, mais doenças e desnutrição na população
humana.
A única maneira de reverter esse quadro sombrio da atual agricultura começa pela “reconstrução
dos solos agrícolas”. Infelizmente não existem soluções rápidas ou mágicas. Reconstruir os solos via micro
vida do solo com adequada mineralização e aumento da fração húmica ativa por intermédio das diversas
práticas agrícolas auto-sustentáveis. O movimento de Agricultura Ecológica e/ou Orgânica é o embrião
dessas novas mudanças. Essa é de fato, a nova mudança. Essas são de fato, as novas tecnologias a serem
adotadas. Por conceitos antigos (ultrapassados), devemos entender justamente aqueles que prevaleceram
pelos últimos 100 anos e não conseguiram resolver os problemas.
O primeiro estágio para que se efetue uma mudança é a divulgação de conceitos novos, já que
os antigos não resolveram os problemas (mudança de paradigmas na agricultura), e da adoção de um
conceito holístico para entendermos a realidade ao invés de um enfoque reducionista para o estudo dos
fenômenos naturais. Que novas tecnologias, de ordem prática, foram geradas pelas pesquisas
milionárias de sequenciamento genético no nosso país? Sequenciou-se o "amarelinho" da laranja e eu
pergunto: e daí ? Gastou-se milhões de dólares . Para que ?
Podemos esperar cada vez mais oposição as novas idéias e mudanças quando o sistema se sentir
prejudicado. Aliás, já foi identificada uma campanha a nível mundial custeada pelas multinacionais
interessadas na regularização dos transgênicos onde se procura difamar a Agricultura Orgânica; a luta não
será ganha com facilidade!.
O sistema está agonizante mas dispõe de recursos e irá reagir. Entretanto, existe uma saída.

ATIVIDADE 01;
Após leitura do texto e com base nos comentários do autor, responda às perguntas a seguir (com suas
próprias palavras).

1 – Faça uma análise do tema, “modelo atual de agricultura” x saúde humana”;

2 – Também com base no texto, porque o atual modelo agrícola seria considerado falido?

3 – Segundo o autor, qual seria a forma de se reverter este quadro caótico?

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