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Respostas Às Dubia Apresentadas Por S. Ex. . Revma. Dom Lefebvre - 09 de Março de 1987 - CARDEAL JOSEPH RATZINGER
Respostas Às Dubia Apresentadas Por S. Ex. . Revma. Dom Lefebvre - 09 de Março de 1987 - CARDEAL JOSEPH RATZINGER
Dom
Lefebvre - 09 de março de 1987 - CARDEAL JOSEPH RATZINGER
Para além destes pontos gerais, as Dubia interrogam sobre os "paralelos perturbadores"
que emergem a partir da comparação de diversas proposições condenadas pelo Papa Pio
IX na Encíclica Quanta cura com afirmações correspondentes da Dignitatis humanae.
II - APRESENTAÇÃO DA RESPOSTA ÀS "DUBIA"
1. Dado os muitos aspectos envolvidos nas dubia, cada uma das quais resultaria em
uma exposição de quase toda a doutrina sobre a liberdade religiosa, com muitas e
inevitáveis repetições. Além disso, uma tentativa de se concentrar cada resposta
no aspecto mais diretamente envolvido em cada dubium, poderia, em muitos
casos, ser insuficiente. Freqüentemente, na verdade, as dubia contem nuances
aparentemente secundários, mas são determinantes para que a resposta seja
afirmativa ou negativa.
2. Consequentemente, não só por uma questão de brevidade (para evitar
duplicações), mas acima de tudo por razões de clareza e precisão da exposição,
preferimos dar uma resposta detalhada para questões fundamentais mencionadas
anteriormente. Na medida em que esses pontos serão esclarecidos, é certo que
serão os outros aspectos das dubia, uma vez que são conseqüência dos pontos
fundamentais anteriores. No entanto, por causa da estreita relação entre esses
pontos fundamentais, nem sempre poderemos evitar algumas repetições.
3. O estudo, longo e meticuloso, que estas páginas são o resultado, foi alcançado
coma profunda convicção de que o problema proposto requer a aplicação de todos
os critérios tradicionais para a interpretação dos textos do Magistério[2] em
particular, a consideração de seu contexto histórico-doutrinal e propósito. No
entanto, isto não pode fazer esquecer que, muitas vezes, os Pontífices Romanos,
em assuntos que nos dizem respeito, como em tantos outros, por ocasião de erros
ou situações contingentes, emitido lições que excedem essa contingência, os
ensinamentos mais gerais, de valor permanente, independem das circunstâncias
históricas. No entanto, mesmo nestes casos, o conhecimento dessas circunstâncias
pode ser necessário para compreender o conteúdo exato do ensino permanente
proposto.
4. Além disso, no estudo dessas questões, é necessário ter igualmente em conta o
fato de, como se é sabido, a Tradição da Igreja, da qual o Magistério é um órgão
e, ao mesmo tempo, o intérprete autêntico, é uma realidade viva. Esta tradição não
é uma mera repetição, mas comporta um desenvolvimento doutrinário dentro da
continuidade, como demonstra sobejamente a história da Igreja[3]. O fato de que a
questão da liberdade religiosa, o ensinamento do Concílio Vaticano II represente
indubitavelmente uma certa novidade em relação ao Magistério anterior, não é um
problema se ele é uma novidade que e inscreve dentro desta realidade do
"desenvolvimento na continuidade”.
Temos disto um exemplo flagrante na Encíclica Quanta cura de Pio IX, na qual se lê:
“Com esta idéia absolutamente falsa do regime social (i. é, o “naturalismo”) não temem
fomentar aquela errônea opinião tão grandemente destrutiva da Igreja católica e da
salvação das almas, que o nosso predecessor Gregório XVI de rec. mem. chamou de
“delírio”, segundo a qual a liberdade de consciência e de cultos é um dever próprio de
cada homem, que por lei se deve proclamar e defender em toda a sociedade retamente
constituída” (ASS 3, 1867, p. 162).
Como se vê, condena-se tal liberdade de consciência por causa da ideologia pregada
pelos fautores do racionalismo, fundados em que a consciência individual é sem lei e não
se encontra sujeita a nenhuma espécie de normas divinamente reveladas (cf. Syllabus,
prop. 3, ASS 3, 1867, p. 168).
Para que estas condenações possam ser fielmente interpretadas, deve ver-se nelas aquela
doutrina constante da Igreja e sua solicitude acerca da dignidade da pessoa humana e
da sua verdadeira liberdade (regra da continuidade). Pois o fundamento último da
dignidade humana consiste que o homem é criatura de Deus. Não é ele mesmo um deus,
mas imagem de Deus. Desta absoluta dependência do homem em relação a Deus dimana
todo o direito e dever que eles têm de reivindicar para si e para os outros a autêntica
liberdade religiosa. Portanto, o homem está obrigado subjetivamente a prestar culto a
Deus, d’Ele depende de modo absoluto. Por conseguinte, o homem em matéria religiosa
não deve ser de modo algum impedido pelos outros homens ou mesmo pela autoridade
pública, do livre exercício da religião, para que a sua dependência absoluta de Deus não
seja infringida por qualquer espécie de razões.
Era por isso que a Igreja, lutando contra as asserções filosóficas como políticas do
laicismo, com toda a razão pugnava em prol da dignidade da pessoa humana e da sua
verdadeira liberdade. Donde se segue que a Igreja, segundo a regra da continuidade,
tanto nos tempos passados como hoje, embora mudadas as condições das coisas, se tem
mantido plenamente coerentes consigo mesma.”.[51]
Portanto, é necessário afirmar que as duas proposições da Enc. Quanta cura já citadas
tem um significado diferente das duas proposições correspondentes da DH.
É certo que os erros mencionados pela Enc. Quanta cura foram condenados em si
mesmos, não só por causa das circunstâncias históricas da época. No entanto, é bom ter
bem em mente que esses eram erros para compreender adequadamente os termos sob os
quais eles foram indicados na Encíclica. Assim, vemos que estamos perante a um caso -
que não é único na história - onde é condenada uma doutrina expressa com as palavras
que, mais tarde, serão utilizadas pela própria Igreja, dando-lhes um significado diferente.
Pode-se encontrar outros casos de aparentes contradições entre os textos do Magistério.
O mais antigo é talvez a palavra consubstancial, rejeitada pelo Concílio de Antioquia em
264, no sentido modelista que lhe deu Paulo de Samósata, que usou para negar a distinção
real entre as Pessoas do Pai e do Filho. Ela foi, então, aprovada pelo Conselho de Nicéia,
em 325, em um sentido diferente, a única correta, definida pelo próprio Concílio[52]. Na
própria Sagrada Escritura é possível encontrar exemplos desse tipo. As palavras do
Senhor: "Ego e Pater unum sumus" (Io 10, 30) - N.T.:“Eu e o Pai somos um. (Jo, 10,
30) - podem parecer - àquele que não lê a Sagrada Escritura in sinu
Ecclesiae [N.T.: "dando o sentido que a Igreja dá”] - incompatíveis com a afirmação:
"Pater maior me est" (Io 14, 28) - [N.T.: "Pai émaior do que eu”(Jo, 14,28)]. Da mesma
forma, os textos do Magistério devem ser lidos de maneira análoga aos da Escritura,
devem ser lidos in sinu Ecclesiae, evitando a interpretação livre[53].
No caso diante de nós, a expressão "liberdade de consciência e de culto" na Enc. Quanta
cura e a frase "liberdade religiosa" na Decl. Dignitatis Humanae referem-se a diferentes
realidades. Como observado na Enc. Quanta cura, as propostas condenadas são o
resultado da aplicação “à sociedade civil o ímpio e absurdo princípio chamado
naturalismo”[54].
Este princípio estabelece que "a razão humana – excluída qualquer consideração a Deus
– é o único verdadeiro juiz do verdadeiro e do falso, do bem e do mal, é lei para si mesma
e, com suas forças naturais, é suficiente para procurar o bem dos homens e dos
povos.”[55] e que "todas as verdades da religião derivam da força nativa da razão humana;
por isso, a razão é a norma principal com a qual o homem pode e deve alcançar as
verdades de qualquer gênero.”[56]. Neste contexto doutrinário, a relação entre a razão
humana e a verdade em geral, e aquela entre a razão humana e a verdade particular no
tocante a religião e ao culto, são definidos de uma única maneira: autonomia ou liberdade.
Assim, a liberdade de consciência e de culto condenado por Pio IX é aquela que significa
que "é lícito a cada qual professar a religião que mais lhe agrade, ou mesmo não professar
nenhuma”[57]
Os Pontífices Romanos (especialmente Pio IX e Leão XIII) ensinam justamente que não
é lícito reivindicar um direito ou uma faculdade moral para exercer um culto de acordo
com a sua boa vontade, pois isso implicaria em negar a existência de um única religião
verdadeira e querida por Deus. Ninguém tem perante a Deus o direito ou a faculdade
moral (o poder eticamente legítimo) de aderir interiormente a uma religião errônea, nem
a faculdade moral de praticá-la exteriormente. Nenhum governante pode estabelecer ou
declarar um direito à liberdade de consciência e de cultos, que consistiria em pretende
criar a possibilidade moral de adesão a qualquer culto. A verdade a qual o homem está
obrigado a o culto verdadeiro ao qual o homem está obrigado a praticar, não são criados
nem pela razão individual nem pelo poder político, mas transcendem essas duas instâncias
humanas.
Como já recordado nas páginas anteriores, Leão XIII e Pio XII também ensinam que, em
certas circunstâncias, a religião errada pode ser tolerada, isto é, não ser evitada pela
restrição[58]. Esta tolerância civil, não lhe é devida ao abrigo da justiça à título de culto.
A tolerância não sanciona e nem cria faculdade moral de exercer um culto errado (ela não
a torna eticamente legítima). Em virtude da tolerância, sem ter a faculdade moral de agir
mal, pode-se ter o direito civil de não ser impedido pela força, se dispõe também uma lei
civil fundamentada de maneira suficiente sobre motivos razoáveis: ou seja, para obter um
bem superior ou evitar mal maior[59]. A tolerância não equivale em conceder ao erro uma
legitimidade moral.
A prática da tolerância é, para além da razões expostas, a natureza do ato de fé. "E também
quanto ao seguinte a Igreja sói ter o maior cuidado: que ninguém seja forçado contra sua
vontade a abraçar a fé católica, pois com sabedoria admoesta Agostinho: “O homem só
pode crer voluntariamente”[60]. Além disso, Leão XIII e Pio XI distinguiram a liberdade
de consciência errônea da legítima liberdade de consciência[61].
Toda esta doutrina permanece inalterada na Decl. Dignitatis Humanae, embora tenha
havido algum progresso doutrinal e uma mudança do ponto de vista em se abordar o
problema. Na DH:
a) afirma a obrigação de procurar a verdade em matéria religiosa e moral, e não permite
qualquer tipo de liberdade de consciência, entendida como autonomia ética;
b) não admite nem autonomia religiosa: a única religião verdadeira é a religião da Igreja
Católica (cf. DH 1). Assim, a doutrina sobre a relação entre o homem e a verdade em
matéria religiosa e moral permanece inalterada em relação à doutrina tradicional;
c) o ponto de vista da DH, fundamentalmente jurídico, levou a examinar as relações
interpessoais entre os homens e entre o homem e o Estado. A restrição civil
(necessidade ab extrinseco) em matéria religiosa é excluída, dada a natureza mesma da
pessoa, a natureza do ato de fé, a natureza pessoal da obrigação e da responsabilidade em
relação à verdade que, de modo algum, está baseada em um suposta indiferença do
homem vis-à -vis a religião ou a igualdade de todas as religiões. Neste sentido -
diferentemente da Enc . Quanta cura - podemos falar de direito natural à liberdade
religiosa. É um direito negativo que indica ao Estado e à pessoa o que eles não devem
fazer a um outro homem em questões religiosas e do ponto de vista civil, mas não legitima
de maneira alguma do ponto de vista moral e religioso o que cada um faz em sua espera
de responsabilidade pessoal. A DH não pretende nem criar e nem conceder qualquer
faculdade moral ao erro ou à adesão ao erro por parte do sujeito.
A Enc. Quanta cura condena aqueles que ousam “submeter ao arbítrio da autoridade civil
a suprema autoridade da Igreja e desta Sé Apostólica, a ela atribuída pelo Cristo
Senhor.”[62]. A própria evolução do núcleo doutrinário do racionalismo vai de uma
apresentação inicial individualista a uma imagem coletivista ou totalitária do homem. Por
esta razão, os Pontífices Romanos têm insistido sempre sobre o fato de que o bem comum
necessita, acima de tudo, do respeito à dignidade aos direitos da pessoa, criada à imagem
de Deus, que goza de um destino eterno pessoal[63].
Nas condições atuais, a ênfase sobre a transcendência do domínio religioso considerado
vis-à-vis as competências do poder político, por um lado corresponde à verdade
tradicionalmente ensinada pela Igreja , e, por outro lado, é necessária para salvaguardar a
liberdade dos católicos e da própria Igreja. O comum da liberdade religiosa do ponto de
vista civil e social é o mínimo necessário para que a Igreja cumpra a sua missão divina, o
que não significa - como já disse antes - que esse mínimo seja o único possível ou o mais
vantajoso para a Igreja. Na DH 6, contemplamos a possibilidade de um reconhecimento
particular e de uma colaboração que, por sua vez, deve evitar comportamentos jurídicos
excluídos pela natureza própria da pessoa e do domínio religioso. De fato, a existência de
Concordatas entre a Santa Sé e alguns Estados colocam as relações Igreja-Estado acima
do simples regime de liberdade religiosa sobre o ponto de vista civil e social. Um outro
problema é o valor de cada Concordata em particular, o que pode depender das
circunstâncias em que foi estabelecido, e as pessoas envolvidas na sua realização.
IV - CONCLUSÃO
Ao término dessa argumentação, eu penso que se pode admitir como suficientemente
fundamentada a conclusão seguinte: não existem motivos suficientes para justificar em
consciência uma colocação em dúvida da compatibilidade da doutrina da
Declaração Dignitatis Humanae o Magistério anterior.
É preciso, entretanto, notar que as explicações dadas nessas páginas, contêm
necessariamente aspectos teológicos discutíveis. Uma vez demonstrado que não há
motivo suficiente para afirmar que haja uma contradição, permanece a possibilidade de
um estudo ulterior desse problema, com o objetivo de explicar de uma maneira ainda mais
perfeita a existência da compatibilidade e da continuidade: isto é, de quaerere rationem
quomodo sit [N.T.: buscar a razão de que modo seja], e não quomodo non sit [N.T.: de
que modo não seja] isso que é ensinado pela Igreja.[64].
[1]
Cf., por exemplo, o volume Vatican II. La liberté religieuse, collection “Unam
Sanctam”, n. 60, Ed. du Cerf, Paris 1967, em particular o artigo de J. COURTNEY
MURRAY, Vers une intelligence du développement de la doctrine de l’Eglise sur la
liberté religieuse (pp. 111-147). Cf. também NICOLAU, Magisterio eclesiástico sobre
libertad religiosa. Conciliación armónica de sus enseñanzas, “Salmanticensis"17 (1970)
pp. 57 ss.
[2]
Cf. por exemplo, S.C.D.F., Declaração.Mysterium Ecclesiae, 24.06.1973, n. 5.
[3]
Cf. CONC. VATICAN l, Const. Dei Filius, chap. 4: Denz-Sch 3020; CONC.
VATICAN II, Const. Dei Verbum, n. 8.
[4]
Leão XIII, Encíclica Immortale Dei,
1.9.1885. http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-
xiii_enc_01111885_immortale-dei_po.html
[5] "Omnino errores ab iis qui opinione labuntur semper distinguere aequum est, quamvis
de hominibus agatur, qui aut errore veritatis, aut impari rerum cognitione capti sint, vel
ad sacra, vel ad optimam vitae actionem attinentium. Nam homo ad errorem lapsus iam
non humanitate instructus esse desinit, neque suam umquam personae dignitatem amittit,
cuius nempe ratio est semper habenda. Praeterea in hominis natura numquam facultas
perit et refragandi erroribus, et viam ad veritatem quaerendi. Neque umquam hac in re
providentissimi Dei auxilia hominem deficiunt. Ex quo fieri potest, ut, si quis hodie vel
fidei perspicuitate egeat, vel in falsas discesserit sententias, possit postmodum, Dei
collustratus lumine, veritatem amplecti. Etenim si catholici homines, rerum externarum
causa, cum hominibus consuetudinem iungant, qui vel nullo modo vel non recte in
Christum credant, quia in errore versantur, tum vero illi sive occasionem sive
incitamentum his dare possunt, ut ad veritatem traducantur.” - João XXIII, encíclica
Pacem in terris, 11.04.1963
- http://www.vatican.va/holy_father/john_xxiii/encyclicals/documents/hf_j-
xxiii_enc_11041963_pacem_po.html. Cf. também João Paulo II, Mensagem à ONU,
02.12.1978: ‘Insegnamenti di Giovanni Paolo II” 1(1978) p.259.
[6]
CONC. DE TRENTE, Decr. de peccato originali, can.1: Denz-Sch, 1511
[7]
CONC. DE TRENTE, Decr. de iustificatione, can.5: Denz-Sch, 1555
[8]
Cf. St. Thomas de Aquino, Summa Theologica, I, q. 3, a. 4 e III, q. 8, a.3
[9]
Acta Synodalia Sacrosancti Concilii Oecumenici Vaticani II, Typis Polyglottis
Vaticanis, vol. IV, pars VI, p. 725.
[10]
Pio XII, Discorso Ci riescet 06.12.1953
- http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/speeches/1953/documents/hf_p-
xii_spe_19531206_giuristi-cattolici_it.html
[11] N.T.: Tradução em breve. - Acta Synodalia …, cit., vol. IV, pars I, pp. 189-190.
[12]
Cf. J. HAMER, Histoire du texte de la Déclaration, en AA.VV., "Vatican II. La liberté
religieuse”, cit., p.104.
[13]
Acta Sxnodalia..., cit., vol. IV, pars l, p. 190.
[14]
Acta Synodalia …, cit., vol. IV, pars VI, p. 744.
[15]
Acta Synodalia.:., cit., vol. IV, pars VI, p. 769.
[16]. “Legitur: in ordine morali objectivo fundati. Est addition magni momenti. Introducta
est ad mentem Patrum qui rogant ut in aestimando ordine publico, ratio habeatur non
solum ad historicas situationes sed etiam et in primis ad ea quae morali ordine obiectivo
postulantur” - Acta Synodalia..., cit., vol. IV, pars V, p. 154.
[17]
Cf. St. THOMAS D'AQUIN, Summa Theologiae, I-II, q. 96, aa 2-3.
[18]
Pio XII, Discorso Ci riescet 06.12.1953
- http://www.vatican.va/holy_father/pius_xii/speeches/1953/documents/hf_p-
xii_spe_19531206_giuristi-cattolici_it.html
[19]
"Initium evolutionis doctrinalis iam fecit Leo XIII clarius faciendo distinctionem inter
Ecclesiam, quae populus Dei est, et societatem civilem, quae populus est temporalis et
terrestris (cf. Immortale Dei, A.S.S., 18, 1885, pp. 166-167; alias sexies eandem
doctrinam evolvit). Ita viam aperuit ad noviter affirmandam debitam et licitam
autonomiam, quae temperationi iudiciali competit. Ex quo fit, ut gradus ulterior iam
possibilis fuerit (regula progressus) ; ad novum scilicet iudicium de libertatibus
modernis", quae vocantur. Tolerari possunt hae libertates (cf. Immortale Dei, A.S.S., 18,
1885, p. 174; Libertas praestantissimum, A.S.S., 20, 1887, pp. 609-610). Iamvero
‘‘tolerari’’ tantum dicebantur. Ratio erat evidens. Etenim tum temporis in Europa
regimina quae libertates modernas, inclusa libertate religiosa, proclamabant, suam
inspirationem, adhuc conscio animo ex ideologia laicistica trahebant. Periculum ergo
exstabat, quod sensit Leo XIII, ne huiusmodi generis reipublicae instituta civilia et
politica, cum essent intentione laicistica informata, ad tales abusus perducerent, qui
dignitati personae humanae eiusque genuinae libertati nocivi non passent non fore. Quod
enim Leoni Pp. XIII iuxta regulam continuitatis cordi erat, Ecclesiae semper cordi est,
tutela nimirum personae humanae.” - Acta Synodalia.:., cit., vol. II, pars V, p. 492.
[20]
"Hic maxime recolenda est doctrina Pii XII de limitatione Status, quod spectat ad
errores in societate reprimendos: 'Può darsi che in determinate circostanze Egli non dia
agli uomini nessun mandato, non imponga nessun dovere, non dia perfino nessun diritto
d'impedire e di reprimere ciò che è erroneo e falso? Uno sguardo alla realtà dà una risposta
affermativa. Essa mostra che l'errore e il peccato si trovano nel mondo in ampia misura.
Iddio li riprova; eppure li lascia esistere. Quindi l'affermazione: Il traviamento religioso
e morale deve essere sempre impedito, quando è possibile, perchè la sua tolleranza è in
sè stessa immorale — non può valere nella sua incondizionata assolutezza. D'altra parte,
Dio non ha dato nemmeno all'autorità umana un siffatto precetto assoluto e universale, nè
nel campo della fede nè in quello della morale. Non conoscono un tale precetto nè la
comune convinzione degli uomini, nè la coscienza cristiana, nè le fonti della rivelazione,
nè la prassi della Chiesa.’ (Ci riesce, A.A.S., 35, 1935, pp. 798-799). Haec declaratio
(regula progressus) est summi momenti pro materia nostra, praesertim si prae oculis
habentur quae olim de missione status prolata sunt.” - (Ci riesce, A.A.S., 35, 1935, pp.
798-799). Esta declaração (regra do progresso) é da maior importância para a nossa
matéria, sobretudo se se tem presente o que outrora foi dito acerca da missão do Estado.”-
Acta Synodalia.:., cit., vol. II, pars V, p. 494.
[21]
“Cf. Pius XII, Alloc. Ad Prealatos auditores ceterosque officiales administros
Tribunalis S. Romanae Rotae, 6 oct. 1946: A.A.S., 38 (1946), p. 393: “I sempre più
frequenti contatti e la promiscuità delle diverse confession! religiose entra i confini di un
medesimo popolo hanno condotto i tribunal! civili a seguire il principio della "tolleranza"
e della "libertà di coscienza". Anzi vi è una tolleranza politica, civile e sociale verso i
seguaci delle altre confession!, che in tali circostanze è anche per i cattolici un dovere
morale.” Insuper, ad Communitatem internationalem quod, attinet, cf. Pius XII Alloc. Ci
riesce, 6 dec. 1953: A.A.S., 38 (1953), p. 797: “Gl'interessi religiosi e morali esigeranno
per tutta l'estensione della Comunità un regolamento ben definito, che valga per tutto il
territorio dei singoli Stati sovrani membri di tale Comunità delle nazioni. Secondo le
probabilità e le circostanze, è prevedibile che questo regolamento di diritto positivo verrà
enunciato così: Nell'interno del suo territorio e per i suoi cittadini ogni Stato regolerà gli
affari religiosi e morali con una propria legge; nondimeno in tutto il territorio della
Comunità degli Stati sarà permesso ai cittadini di ogni Stato-membro l'esercizio delle
proprie credenze e pratiche etiche e religiose, in quanto queste non contravvengano alle
leggi penali dello Stato in cui essi soggiornano.” - Acta Synodalia ... , cit., vol. III, pars
II, p. 327.
[22]
.“Sunt qui dubitant de ipsa formula ‘‘libertas religiosa’’ et putant nos in hac materia
agere non posse nisi de ‘‘tolerantia religiosa’’• Nonne tamen observandum est quod
libertas religiosa est terminus qui modernam et bene determinatam significationem
obtinuit in hodierno vocabulario ? In hoc pastoral Concilio Ecclesia dicere intendit quid
ipsa iudicet de hac re quam communiones ecclesiales, gubernia, institutiones, publicistae,
iurisperiti nostri temporis designant hoc vocabulo. Si sermonem dirigimus ad societatem
modernam, debemus uti suo modo loquendi. Agimus igitur de libertate religiosa tamquam
de notione formaliter iuridica, quae enuntiat ius quod fundatur in natura personae
humanae, quod ab omnibus observandum est et quod eo modo agnoscendum est in lege
fundamentali (Constitutio Statuum, cum garantiis iuridicis) ut fiat commune civile ius.
Eius agnitio, protectio et promotio oppignorari debet a societate in genere et speciatim a
guberniis” - Acta Synodalia, .. , cit., vol. III, pars II, pp. 349- 350.
[23]
Cf. PAUL VI, Discorso, 18-VIII-1971: "Insegnamenti di Paolo VI" 9 (1971) p. 705.
[24]
PAULO VI, Discorso, 20-XII-1976: 11Insegnamenti di Paolo VI", 14 (1976) pp.
1088-1089.
[25]
Cf. CONC. VATICANO II, Decreto Unitatis redintegratio, n.3, 14, 15, 20, 22, 23.
[26] CONC. VATICANO II, Declaração. Nostra aetate, n. 2.: "um raio da verdade que
público, ninguém é forçado a agir contra a sua consciência, nem impedido, desde que se
aja com consciência. Qualquer outra interpretação acerca do direito de diversas verdades
e erros é nula e sem efeito no que se refere nosso assunto”. Acta Synodalia ... , cit., vol.
III, pars VIII, p. 464.
[31]
PIO IX, Syllabus~ n. 77: Denz-Sch 2977.
[32]
PIO IX, Syllabus~ n. 78: Denz-Sch 2978.
[33]
LEÃO XIII, Enc. Immortale Dei, 1-11-1885
- http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-
xiii_enc_01111885_immortale-dei_po.html
[34]
PIO XI, Enc. Quas primas, 11-12-1925
- http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-
xi_enc_11121925_quas-primas_sp.html
[35]
"Sat multi Patres modos proponunt ne textus videatur affirmare potestates publicas posse
laicismo indulgere ac si non deberent curare bonum publicum cuius pars est exercitium
religionis ex parte civium. Vobis proponimus ut admittantur modi qui sunt magni
momenti pro exacta intellectione doctrinae: a) 'Potestas igitur civilis,, cuius finis propius
est bonum commune temporale curare, religiosam quidem civium vitam agnoscere eique
favere debet, sed limites suas excedere dicenda est si actus religiosos dirigere vel impedire
praesumat’" - Acta Synodalia ... , cit., vol. IV, pars VI, p. 721.
[36] “Itaque Deus humani generis procurationem inter duas potestates partitus est, scilicet
Commissio admisit formam hypotheticam, quae a multis Patribus postulata est. Verum
est alios Patres petivisse ut nullo modo de hac speciali agnitione ageretur; cum tamen talis
specialis agnitio de facto in multis regionibus habeatur, Commissio observandum est in
hac pericope non tractari de omnibus iuribus quae Ecclesiae agnoscenda sunt; obiectum
nostrae declarationis non est vindicatio omnium iurium Ecclesiae, sed tantummodo
vindicatio universalis et semper observandi iuris ad libertatem tum pro catholicis tum pro
aliis.” - Acta Synodalia ... , cit., vol. IV, pars V, p. 102.
[42]
. "Si res bene intelligitur, doctrina de libertate religiosa non contradicit conceptui
historiee sic dicti status confessionalis. Etenim regimen libertatis religiosae prohibet
intolerantiam istam legalem, secundum quam quidam cives vel quaedam communitates
religiosae in inferiorem condicionem redigerentur quoad iura civilia in re religiosa. Non
tamen prohibt, quin religio catholica iure humano publico agnoscatur tamquam
communis religio civium in quadam regione, seu quin religio catholica iure publico
stabiliatur tamquam religio status. In hoc tamen casu, cavendum est ne ex instituto
religionis statalis deriventur consequentiae sive iuridicae sive sociales, quae in re religiosa
aequalitati omnium civium in iure publico damnum inferret. Verbe, simul cum regimine
religionis statalis observandum est regimen libertatis religiosae.” - Acta Synodalia ... ,
cit., vol. III, pars VIII, p. 463.
[43]
Cf. PAULO VI, Discorso, 22-VIII-76: "Insegnamenti di Paolo VI", 14 (1976) p. 672.
[44] "Quidquid igitur est in rebus humanis quoquo modo sacrum, quidquit ad salutem
animorum cultumve Dei pertinet, sive tale illud sit natura sua, sive rursus tale intelligatur
propter causam ad quam refertur, est omne in potestate arbitrioque Ecclesiae: cetera vero,
quae civile et politicum genus complectitur, rectum est civili auctoritati esse subiecta” -
LEÃO XIII, Enc. Immorta1e
Dei, - http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-
xiii_enc_01111885_immortale-dei_po.html
[45]
Cf. Syllabus, n. 3: Denz-Sch 2903.
[46] "His suppositis, argumentum pro libertate religiosa primum haurit schema ex ratione.
Ad hoc argumentum construendum appellat ad auctam hominis hodierni conscientiam
dignitatis personae atque ad libertatis civilis postulationem, quae exinde profluit.
Notandum vero est, argumentum non fundari in nudo facto huiusmodi crescentis
conscientiae, neque in nudo facto postulationis libertatis civilis, acsi Ecclesia quasi
cederet opinioni publicae vel positivismo cuidam iuridico indulgeret. Quod absit. E
contra, fundatur argumentum in veritate de dignitate personae, quam conscientia hodierna
manifestat, ac proinde in iustitia ipsa, qua postulatur libertas personae. debita” - Acta
Synodalia ... , cit., vol. IV, parsI, p. 185.
[47] Acta Synodalia ... , cit., vol. IV, pars VI, p. 720.
[48]
Acta Synodalia ... , vol. IV, pars VI, p. 763.
[49] Acta Synodalia ... , cit., vol. IV, pars VI, p. 770.
[50]
"O poder coercitivo se funda na experiência da Igreja primitiva, e que o próprio São
Paulo fez uso dele, na comunidade cristã de Corinto (cfr. 1 Cor 5).” - (PAULO VI,
Discurso, 29-I-1970: “Discurso do Papa Paulo VI aos Auditores e Oficiais do Tribunal
da Sagrada Rota Romana por Ocasião da Abertura do Ano Judiciário”
- http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/speeches/1970/documents/hf_p-
vi_spe_19700129_anno-giudiziario_po.html.
[51] ""Haec modo iam via sternitur ad rectam intelligentiam plurium documentorum
pontificalium quae saeculo XIX de libertate religiosa talibus verbis egerunt ut huiusmodi
libertas damnanda esse videretur. Exemplum clarissimum habetur apud Pium IX in
Encyclica Quanta cura, in qua legitur: 'Ex qua omnino falsa socialis regiminis idea (scil.
"naturalismi") baud timent erroneam illa fovere opinionem catholicae Ecclesiae
animarumque saluti maxime exitialem, a rec. mem. Gregorio XVI praedecessore nos•tro
"de1iramentum" appella tam, nimirum libertatem conscientiae et cultuum esse proprium
cuiuscumque hominis ius, quod lege proclamari et asseri debet in omni recte constituta
societate' (A.S.S., 3, 1867, p. 162). Ut videre est, damnatur libertas ista conscientiae
propter ideologiam, quam praedicaverunt rationalismi fautores, hoc fundamento innixi,
quod individus conscientia exlex est, ut nullis sit norrois obnoxia divinitus traditis (cf.
Syllabus, prop. 3, A.S.S., 3, 1867, p. 168). Damnatur quoque ista libertas cultus, cuius
principium est indifferentismus religiosus (cf. Syllabus, prop. 15, ibid., p. 172), secundum
quod ipsa Ecclesia intra organismum monisticum Status incorporanda et potestati
supremae Status subicienda esset. Ut hae damnationes exacte interpretentur, in ipsis
cernenda est constans illa Ecclesiae doctrina atque sollicitudo de humanae personae vera
dignitate atque de eius vera libertate (regula continuitatis). Etenim fundamentum ultimum
dignitatis humanae in eo est, quod homo est Dei creatura. Non est ipse deus sed Dei
imago. Ex hac absoluta dependentia hominis a Deo profluit omne ius officiumque
hominis ad vindicandam sibi et aliis veri nominis libertatem religiosam. Ideo enim homo
subiective tenetur ad Deum colendum iuxta rectam conscientiae suae normam, quia
obiective a Deo absolute dependet. Ideo homo nullatenus est ab aliis hominibus vel etiam
a potestate publica in re religiosa interdicendus a libero exercitio religionis, ne eius
absoluta a Deo dependentia quavis ratione infringatur. Certamen igitur committendo
contra laicismi placita cum philosophies tum politica, Ecclesia pro dignitate personae
humanae et pro eius vera libertate omni ratione dimicabat. Ex quo sequitur, quod Ecclesia
iuxta regulam continuitatis cum olim tum hodie, quantumvis mutatis rerum
condicionibus, sibi plane consentiat”. Acta Synodalia..., cit., vol. II, pars V, pp. 491-492.
[52]
Cf. Dictionnaire de Théologie Catholique, vol. I, col. 1434; vol. III, col. l611-1612;
vol. XII, col. 50.
[53]
Cf. PAUL VI, Discorso, 20-12-76: "Consistório e votos de felicitações ao Colégio
Cardinalício e à Prelatura Romana’
- http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/speeches/1976/documents/hf_p-
vi_spe_19761220_concistoro_it.html.
[54]
PIE IX, Enc. ~uanta cura: ASS 3 (1867) p. 162.
[55]
"Humana ratio, nullo prorsus Dei respectu habito, unicus est veri et falsi, boni et mali
arbiter, sibi ipsi est lex et naturalibus suis viribus ad hominum ac populorum bonum
curandum sufficit” - Syllabus, n. : Denz-Sch 2903.
[56]
"Omnes religionis veritates ex nativa humanae rationis vi derivant; hinc ratio est
princeps norma, qua homo cognitionem omnium cuiuscunque gene- ris veritatum assequi
possit ac debeat” - Ibidem, n. 4: Denz-Sch 2904.
[57]
"integrum cuique esse; aut quam libuerit, aut omnino nullam profiteri religionem” -
Leão XIII, Enc. Libertas: ASS 20 (1887) p. 603.
[58]
Cf. LEON XIII, Enc. Libertas: ASS 20 (1887) pp. 609- 610; PIE XII, Alloc. Ci riesce:
AAS 45 (1953) pp. 797
ss.
[59]
Cf. St. THOMAS, Summa Theologiae, II-II, q. 10, a. 11; LEON XIII, Enc. Libertas,
loc. cit.
[60]
"Atque illud quoque magnopere cavere Ecclesia solet, ut ad amplexandam fidem
catholicam nemo invitus cogatur, quia quod sapienter Augustinus monet: “Credere non
potest homo nisi volens’' - Encíclica Immortale Dei: Denz-Sch 3177.
[61]
Cf. LEÃO XIII, Enc. Libertas: ASS 20 (1887) pp. 608- 609; PIO XI, Enc. Non
abbiamo
bisogno: http://www.vatican.va/holy_father/pius_xi/encyclicals/documents/hf_p-
xi_enc_19310629_non-abbiamo-bisogno_sp.html.
[62]
"Ecclesiae et huius Apostolicae Sedis supremam auctoritatem a Christo Domino ei
tributam civilis auctoritatis arbitrio subiicere” - Encíclica Quanta cura: Denz-Sch 2893,
A distinção entre as duas sociedade consultar Leão XIII, Enc. Cum multa, 8-12-1882 -
.http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-
xiii_enc_08121882_cum-multa_en.html, e Immortale Dei, 1-11-1885
- http://www.vatican.va/holy_father/leo_xiii/encyclicals/documents/hf_l-
xiii_enc_01111885_immortale-dei_po.html.
[63]
cr. PIE XI, Mit brennender Sorge: AAS 39 (1937) pp. 159-160; PIE XII, Message
radiophonique, 1-VI-1941: AAS 33 (1931) p. 200; JEAN XXIII, Enc. Pacem in terris:
AAS 55 (1963) p. 260; etc.
[64]
Cf. S. PIO X, Enc. Cornmunium rerum, 21-4-1909
- http://www.vatican.va/holy_father/pius_x/encyclicals/documents/hf_p-
x_enc_21041909_communium-rerum_en.html.
PARA CITAR