Você está na página 1de 7

1) O que se entende por questões e processos incidentes?

R : As questões incidentes, nomeadas também como questões prejudiciais ou


prejudicialidade, são controvérsias e situações novas duvidosas, de natureza penal ou
extrapenal, que podem surgir no decorrer de um processo, afetando-o de alguma
forma. Ao ocorrerem, faz-se necessária a sua resolução pelo julgador, antes da
continuidade da causa principal. Já os processos incidentes, conhecidos também como
procedimentos incidentes, são eventualidades intermédias que possam vir a surgir no
decorrer da causa principal. Um processo incidente, assim como o originário, deverá
ser resolvido pelo próprio juízo criminal, antes de o mérito ser julgado.

2) Em que consiste a prejudicialidade?


R : A prejudicialidade deriva do vocábulo praeiudicium, que significa antes do
julgamento (prae-antes; iudicium-julgamento). É ainda um impedimento, empecilho
ao desenvolvimento normal do processo, e reclama uma decisão prévia.

3) Quais os elementos essências da prejudicialidade?


R: São os elementos essenciais da prejudicidade : Anterioridade lógica ,
Necessariedade , Autonomia e Competência na apreciação.

4) Como se classifica a prejudicialidade quanto ao mérito ou natureza da questão?


R: Quanto à natureza, as questões prejudiciais são classificadas em homogêneas e
heterogêneas. A homogênea ou comum ou imperfeita é a questão prejudicial que
pertence ao mesmo ramo do direito da questão prejudicada. Exemplos: furto e
receptação; lavagem de capitais e tráfico de drogas. O Código de Processo Penal não
tratou das questões prejudiciais homogêneas. A questão prejudicial heterogênea ou
jurisdicional ou perfeita é a que pertence a outro ramo do direito. Exemplo:
casamento e bigamia

5) O que se entende por questão prejudicial obrigatória?


R: Diz respeito à questão que deve ser resolvida em ramo diverso do juízo penal,
geralmente no âmbito cível. Ocorre que juiz criminal não tem competência para
apreciá-la e, por essa razão, está obrigado a determinar a “paralisação do
procedimento”, até que o juízo cível se manifeste

6) O que é prejudicialidade facultativa?


R: Diz respeito, a questões de natureza cíveis diversas da prevista no artigo 92 do
Código de Processo Penal, que dependam de decisão sobre ação proposta, da
competência do juízo cível.
7) Como se classificam as questões prejudiciais quanto ao juízo competente para resolvê-
las?
R: São classificadas em questões prejudiciais não devolutivas, questões prejudiciais
devolutivas absolutas e questões prejudiciais devolutivas relativas

8) Quais os requisitos das questões prejudiciais devolutivas absolutas?


R: São requisitos das questões prejudiciais devolutivas absolutas art. 92, 1º parte – CPP
: versar a questão sobre o estado civil das pessoas (casado, solteiro, vivo, morto,
parente ou não ,constituir elementar ou circunstância do fato imputado que a
controvérsia seja séria, fundada e relevante.

9) Quais os requisitos das questões prejudiciais devolutivas relativas?


R: São requisitos das questões prejudiciais devolutivas relativas Requisitos das
questões prejudiciais devolutivas relativas art. 93, 2º parte – CPP : não versar sobre o
estado civil das pessoas; que seja da competência do juízo cível; seja de difícil solução;
não sofra restrições da lei civil quanto à sua prova; já existir ação cível em andamento,
quando do momento da suspensão do processo criminal.

10) Quais são os sistemas de solução aplicáveis às questões prejudiciais?


R: São os seguintes sistemas de solução: predomínio da jurisdição penal, sistema da
separação jurisdicional absoluta ou prejudicialidade obrigatória ou ainda
prejudicialidade civil absoluta, sistema de separação jurisdicional relativa facultativa
ou prejudicialidade facultativa e o sistema eclético ou misto.

11) Em matéria penal, qual o efeito decorrente da suspensão do processo criminal em


virtude de questão prejudicial?
R: Os efeitos da suspensão do processo é a prescrição enquanto o processo estiver
suspenso não corre a prescrição.

12) Qual é o recurso cabível contra decisão que ordenar a suspensão do processo em
virtude de questão prejudicial?
R: Contra a decisão que reconhece a existência de questão prejudicial, suspendendo
ou não o curso da ação penal, cabe recurso em sentido estrito.

13) Quais os legitimados para provocar a suspensão da ação?

R: O querelante não na ação penal privada e o ministério público nas ação penal
pública.
14) O que se entende por exceção processual?
R: As exceções são procedimentos incidentais em que se alegam determinados fatos
processuais, referentes a pressupostos processuais ou condições da ação,
expressamente previstos na lei processual, cuja arguição obedece a determinado rito,
com o objetivo de extinguir o processo ou simplesmente dilatar o seu exercício. É uma
modalidade de defesa indireta, pois é uma defesa contra o processo, e não contra o
mérito.

15) Como se pode defender o réu no processo penal, além da defesa de mérito
propriamente dita?
R: Através da defesa técnica e a autodefesa ou defesa pessoal.

16) Quais são as espécies de exceções processuais?


R: No CPP brasileiro existem as seguintes espécies de exceções: suspeição;
incompetência; litispendência; ilegitimidade de parte e a coisa julgada.

17) Como se classificam as exceções?


R: São, portanto, exceções as que se referem à suspeição e incompetência do juízo,
litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada

18) É absolutamente nula a denúncia ofertada por promotor e recebida por juiz, ambos
incompetentes em razão da matéria?
R: Não, pois podem ser ratificadas pelo juízo competente.

19) Quando é que a parte, em sua defesa, pode opor exceção em juízo?
R: Pode ocorrer em forma de suspeição, incompetência, ilegitimidade da parte,
litispendência e coisa julgada. No prazo da defesa escrita, pode o réu apresentar
exceções peremptórias (implicam no encerramento de um feito) e exceções dilatórias
(não extinguem o processo).

20) Qual a finalidade da suspeição?


R: Evitar que o juiz, por sua condição pessoal ou posicionamento na lide tem a sua
imparcialidade questionada, prejudicando a sua função de julgamento e exercício da
jurisdição e, consequentemente, ameaçando os pressupostos processuais.

21) Quais são os motivos que autorizam a suspeição do juiz?


R: A condição pessoal (parentesco, por exemplo) ou posicionamento na lide tem a sua
imparcialidade questionada.
22) Como se faz o processamento da suspeição?
R. Diz o art. 96 do CPP que a arguição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo
quando fundada em motivo superveniente

23) Quando a suspeição não poderá ser declarada e nem reconhecida?


R: A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o
juiz ou de propósito der motivo para criá-la.

24) Contra quem poderá ser alegada a exceção de suspeição?


R: A suspeição pode ser alegada contra os juízes de qualquer instância (da 1ª ao
Ministro do STF, v. art. 103 do CPP), também os membros do Ministério Público (CPP,
art. 104) e outras pessoas que intervêm no processo: intérpretes, peritos, funcionários
da justiça, serventuários (CPP, art. 105) e jurados.

25) Como se realiza a suspeição dos jurados?


R: De acordo com Art. 106. CPP A suspeição dos jurados deverá ser arguida oralmente,
decidindo de plano do presidente do Tribunal do Júri, que a rejeitará se, negada pelo
recusado, não for imediatamente comprovada, o que tudo constará da ata.

26) Cabe exceção de suspeição contra autoridades policiais?


R: Não. Os delegados de polícia não ensejam suspeição em razão da natureza do
inquérito por eles presidido (peça inquisitorial) como procedimento preparatório da
ação penal.

27) Quais são os efeitos decorrentes da suspeição?


R: Uma vez acolhida a suspeição, todos os atos do juiz suspeito, de cunho decisório,
serão declarados nulos. É que a suspeição configura hipótese de nulidade absoluta,
nos termos do inc. I, do art. 564 do CPP.

28) A partir de que momento deve o processo ser anulado por motivo de suspeição?
R: Diz o art. 96 do CPP que a arguição de suspeição precederá a qualquer outra, salvo
quando fundada em motivo superveniente.

29) Existe recurso contra o reconhecimento espontâneo de suspeição?


R: Não, afirma a unanimidade dos nossos doutrinadores. Somente é passível de
correição parcial, por tumultuar a tramitação do feito.

30) O que se entende por incompetência do juízo?


R: A incompetência é o impedimento legal que veta ao juízo o processamento e o
conhecimento de determinados litígios judiciais que escapam às suas atribuições.

31) Somente o réu pode opor exceção de incompetência?


R: A incompetência é o impedimento legal que veta ao juízo o processamento e o
conhecimento de determinados litígios judiciais que escapam às suas atribuições.

32) Há prazo para argüir a exceção de incompetência?


R: Sim. A exceção de incompetência do juízo poderá ser oposta, verbalmente ou por
escrito, no prazo de defesa.

33) Qual é o recurso cabível contra a decisão que reconhece a incompetência do juízo?
R: Contra a decisão que reconhece a incompetência, cabe recurso em sentido estrito
(art. 581, II, CPP).

34) Existe recurso contra despacho de juiz que se dá por competente?


R: Sim, agravo de instrumento quando se tratar de decisão susceptível de causar à
parte lesão grave e de difícil reparação

35) O que é litispendência?


R: A repetição de causa já instaurada anteriormente, envolvendo as mesmas partes e o
mesmo fato delituoso, que vem a ser a causa petendi”

36) Em qual princípio se funda a litispendência?


R: O príncipio da celeridade processual.

37) Quais são os elementos que identificam a ação, impedindo a litispendência?


R: São elementos identificadores da ação: as partes, o pedido e a causa de pedir.

38) Qual é o recurso cabível contra a decisão que acolhe a exceção de litispendência?
R: É cabível recurso no sentido estrito art.581, III , CPP.

39) Qual é o recurso cabível contra o não acolhimento da exceção de litispendência?


R: A apelação é o recurso cabível da decisão ou sentença do juiz, quando não couber
recurso em sentido estrito, dirigido ao Tribunal.

40) O que é legitimidade de parte?


R: A legitimidade das partes é uma das condições da ação no processo penal, assim como o
interesse processual, a possibilidade jurídica do pedido e condições de procedibilidade.

41) O que abrange a ilegitimidade de parte?


R: Como uma causa de nulidade e como uma das formas de exceção que podem ser
opostas a um processo, assim como a suspeição do juiz.

42) Qual é o recurso cabível contra o reconhecimento da exceção de ilegitimidade de


parte?
R: O recurso cabível da decisão que reconhece a ilegitimidade da parte será o recurso
em sentido estrito (artigo 581, III, CPP).

43) Existe recurso contra a decisão que julga improcedente a exceção de ilegitimidade de
parte?
R: Sim, Apelação conforme disposto no art. 593 , II ,CPP.

44) O que é coisa julgada?


R: Coisa julgada é a qualidade da decisão que não mais pode ser modificada, integrada
ou aclarada por novas vias recursais. A coisa julgado penal é a qualidade dos efeitos
que a sentença produz, isto é, a qualidade da imutabilidade do comando que emerge
da sentença em relação ao fato principal.

45) Quais as modalidade de coisa julgada?


R: A coisa julgada material e coisa julgada formal.

46) Em que consiste a coisa julgada formal?


R: A coisa julgada formal é a imutabilidade da sentença como ato processual que já
não é mais recorrível por força de preclusão dos recursos, se finda todo e qualquer
tipo de alteração da sentença por meio de outros recursos, devido ao exaurimento dos
prazos recursais

47) Em que consiste a coisa julgada material?

R: É o comando que emerge da sentença, tornando-a imutável, mas no processo penal em


relação ao fato da vida, o fato do mundo.

47) A imutabilidade de sentença condenatória é absoluta?


R: A imutabilidade da sentença condenatória no nosso ordenamento jurídico não se
torna absoluta, pois se admite em várias hipóteses a revisão criminal de acordo com o
art. 621, do Código de Processo Penal, e o habeas corpus quando, sem valorização da
prova, verificar-se constrangimento ilegal, por ilegalidade ou abuso de poder.
48) Quando é cabível a exceção de coisa julgada?
R: Para que se acolha a exceção de coisa julgada, é necessário que a mesma coisa seja
novamente pedida pelo mesmo autor contra o mesmo réu e sob o mesmo
fundamento jurídico do fato.

50) Como se processa a coisa julgada no crime continuado?

Processa-se normalmente o último crime e, após o trânsito em julgado, pode-se promover a


unificação das penas.

51) Quais são os impedimentos do Ministério Público e órgãos auxiliares da justiça?

R: Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer
das partes for seu cônjuge, ou parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o
terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições relativas
à suspeição e aos impedimentos dos juízes

Você também pode gostar