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A infinitude dos desejos

O coração do homem é infinito, somente Deus pode compreendê-lo. Fomos feitos


imagem e semelhança de Deus e um atributo que Deus quis compartilhar com o
homem é a de ser um verdadeiro mistério.

O homem possui o desejo de Deus inscrito em seu coração.

“O desejo de Deus é um sentimento inscrito no coração do homem, porque o homem foi


criado por Deus e para Deus. ” (CATECISMO 27)

Como já sabemos, o desejo de Deus, inscrito em nosso coração, foi corrompido pelo
pecado. Esse desejo, mesmo assim permanece, mas o pecado faz com que
preenchamos o nosso vazio com aquilo que é mau.

No catecismo da Igreja Católica, parágrafo 2563, o coração é definido como “... nosso
centro oculto, inapreensível, quer para a nossa razão quer para a dos outros: só o Espírito
de Deus é que o pode sondar e conhecer. E o lugar da decisão, no mais profundo das
nossas tendências psíquicas. É a sede da verdade, onde escolhemos a vida ou a morte. É
o lugar do encontro, já que, à imagem de Deus, vivemos em relação: é o lugar da
aliança.” (CATECISMO 2563)

Não só define o que o coração humano, mas indica a sua condição: “O coração do
homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo.”
(CATECISMO 1432)

Podemos destacar as evidencias bíblicas sobre a condição do coração do homem,


cujos desígnios são maus e isto leva constantemente o homem à autodestruição e à
ira divina:

A Igreja ensina no Catecismo que o batismo nos purifica dos nossos pecados nos dá
meios para viver uma vida santa após o batismo:

“2520. O Baptismo confere a quem o recebe a graça da purificação de todos os


pecados. Mas o baptizado tem de continuar a lutar contra a concupiscência da carne
e os desejos desordenados. Com a graça de Deus, consegui-lo-ei:

– pela virtude e pelo dom da castidade, pois a castidade permite amar com um
coração recto e sem partilha;

– pela pureza de intenção, que consiste em ter em vista o verdadeiro fim do homem:
com um olhar simples, o baptizado procura descobrir e cumprir em tudo a vontade de
Deus (264);

– pela pureza do olhar, exterior e interior; pela disciplina dos sentidos e da


imaginação; pela rejeição da complacência em pensamentos impuros que o levariam
a desviar-se do caminho dos mandamentos divinos: «a vista excita a paixão dos
insensatos» (Sb 15, 5).
– pela oração:

«Eu pensava que a continência dependia das minhas próprias forças, forças que em
mim não conhecia. E era suficientemente louco para não saber [...] que ninguém
pode ser continente, se Tu lho não concederes. E de certo Tu o terias concedido, se
com gemido interior eu chamasse aos teus ouvidos e se com fé sólida lançasse em Ti
o meu cuidado» (265).”

Vejamos alguns apontamentos bíblicos sobre o coração do homem:

"O Senhor respirou um agradável odor, e disse em seu coração: “Doravante,


não mais amaldiçoarei a terra por causa do homem – porque os pensamentos
do seu coração são maus desde a sua juventude –, e não ferirei mais todos os
seres vivos, como o fiz." (Gênesis 8,21)

Outra passagem:

"Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os


adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias."
(Mateus 15,19)

Nesta passagem, Jesus diz que o que há de ruim vem de dentro e não de fora. No
versículo 17, Jesus diz que o que entra pela boca, ou seja, aquilo que nós comemos, um
diz será jogado fora por nosso organismo. Ele diz:

"Não compreendeis que tudo o que entra pela boca vai ao ventre e depois é
lançado num lugar secreto?" (Mateus 15,17)

Dessa forma, Jesus compara os pecados que saem do coração do homem com algo
pior do que fezes, algo que pode realmente levar o ser humano a se autodestruir.
Entretanto, algo diferente acontece depois. Uma mulher atormentada por demônios
se implora o auxílio do Senhor e através de um grande impulso interior, ou seja, a sua
fé, recebeu a tão desejada libertação. Ao passo que Jesus diz tudo de ruim que pode
sair do coração do homem, ele cura uma mulher por aquilo que há de mais nobre em
seu coração: a fé
"E eis que uma cananeia, originária daquela terra, gritava: “Senhor, filho de
Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um
demônio”. Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a
ele e lhe disseram com insistência: “Despede-a, ela nos persegue com seus
gritos”. Jesus respondeu-lhes: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da
casa de Israel”. Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo:
“Senhor, ajuda-me! ”. Jesus respondeu-lhe: “Não convém jogar aos
cachorrinhos o pão dos filhos”. “Certamente, Senhor, replicou-lhe ela; mas os
cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus
donos...”. Disse-lhe, então, Jesus: “Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito
como desejas”. E na mesma hora sua filha ficou curada."(Mateus 15, 21-28)

A fé também é explicada pela Sagrada Escritura, pois além de explicar o que ela é, diz
que “sem fé é impossível agradar a Deus. ” (Hebreus 11,6). É primordial que creiamos
para que crendo, cresçamos e, futuramente, vejamos a Deus. A fé é explicada com o
seguinte texto:

"A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se


vê." (Hebreus 11,1)

Temos as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. E o texto acima diz que a fé
é o fundamento da esperança. Ora, temos esperança, mas em que? Se temos
esperança, estamos esperando algo. Mas o que estamos esperando? Nós estamos
esperando o céu, estar junto de Deus. É por isso que a esperança se fundamenta na fé.
E é por isso que com a fé nos estamos seguros das promessas de Deus.

Aliás, todas as citações da Sagradas Escrituras como exemplos de fé, se referem a


pessoas que receberam promessas que, aos olhos humanos, seriam impossíveis de
serem cumpridas. Abraão é o exemplo clássico, pois Deus diz para sair de sua terra, do
meio de seus parentes, da casa de seu pai para ir à uma que Ele vai mostrar e ainda
promete uma descendência numerosa. (Gn 12,1-3).

Deus promete a Abraão um filho, mas em sua velhice e de sua esposa sara, o filho da
promessa ainda não havia sido concebido. No capitulo 18 gênesis, o Senhor aparece a
Abraão, com idade bastante avançada e renova a promessa feita no passado, dizendo
que Sara, igualmente idosa, lhe dará um filho. Sara ouve o que foi dito e, sozinha, riu.
Mas diante disso tudo, Deus cumpriu a promessa.
Deus desafia Abraão, mais uma vez em Gn 22, Deus pede este mesmo filho, gerado na
velhice, em holocausto. O pedido é prontamente atendido, mas confiante que Deus
iria providenciar o cordeiro para que fosse sacrificado (v.8) e que o filho da promessa
não sofreria nenhum arranhão.

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