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(1855-1936)
II – A comunidade e a sociedade
1) A comunidade 5
3) A sociedade 7
4) A metrópole 10
3) “Resultados e perspectivas” 26
VIII – A comunidade
- Marco Tarchi, Forma comunitária no Terceiro Milênio 33
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I – A era moderna: o novo; o medo, a necessidade dos vínculos e da
ordem social; a vontade e o intelecto, a revolução no pensamento,
as revoluções burguesas
“O sol não apenas, como Heráclito diz, é novo cada dia, mas sempre novo,
continuamente.”
Aristóteles, Ética a Nicômaco
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- a vontade e o intelecto
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gravidade, reduzidas as suas manifestações, etc. A experiência se
converteu na ciência do mundo, pois, por um lado, a experiência é a
percepção, mas é também a descoberta da lei, do interior, da força, na
medida em que reduz toda existência ao simples.”
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II – A comunidade e a sociedade
1) A comunidade
“Bendito o homem que confia no Senhor e o Senhor é a sua fé. Ele é como
a árvore plantada à beira da água, que estende as suas raízes em direção
ao rio. Não teme quando vem o calor, e suas folhas permanecem verdes;
no ano da sequidão não se entristece, nem para de dar fruto.”
“Eu sou vosso Senhor e meu Senhor é o Czar. O Czar tem o direito de me
dar ordens e devo obedecer-lhe, mas não de dá-las a vós. Em minha
propriedade, sou eu o Czar, sou vosso deus na terra, e terei que ser
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responsável por vós perante Deus no Céu... Primeiramente, um cavalo
deve ser escovado dez vezes com a almofada de ferro, e somente então
podeis limpá-lo com a escova macia. Terei que escovar-vos com violência,
e quem sabe se chegarei jamais à escova macia. Deus limpa o ar com
trovões e relâmpagos, e, em minha aldeia, eu limparei com trovões e fogo,
sempre que assim julgue necessário.”
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exausto? Perante à angústia da dor e do terrível nascer e morrer das
coisas, o Ocidente inventou múltiplos remédios. Primeiramente, a fé em
um Deus eterno, que sustenta o mundo e recompensa o sofrimento. E,
posteriormente, um aparato científico, que usa para vantagem própria a
transformação das coisas através da manipulação. Fé e ciência são os
dois territórios nos quais o Ocidente desenvolveu a sua força.
Atualmente, pedimos à ciência e à técnica o que outrora se pedia a um
deus: saúde, força, felicidade, salvação. A técnica é o último deus, o
último demiurgo, a última tentativa de dominar o mundo e domesticar o
horror da morte. A história do Ocidente é a história que repete um
idêntico e antigo gesto, a vontade ou a loucura com a qual Adão desejou
ser igual a Deus.”
Valerio Verra, O ocidente está em declínio?
3) A sociedade
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são apenas uma parte dos seus frutos, e de sus primeiros frutos, pois é
uma filosofia que nunca repousa, que nunca se detém, que nunca está
perfeita. A sua lei é o progresso.”
“Se Deus existe, então tudo existe segundo a sua vontade, e fora da
vontade dele nada posso. Se Deus não existe, então toda a vontade é
minha e sou obrigado a proclamar o livre arbítrio.”
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“Tais experiências nos foram transmitidas, de modo benevolente ou
ameaçador, à medida que crescíamos: "Ele é muito jovem, em breve
poderá compreender". Ou: "Um dia ainda compreenderá". Sabia-se
exatamente o significado da experiência: ela sempre fora comunicada aos
jovens. De forma concisa, com a autoridade da velhice, em provérbios; de
forma prolixa, com a sua loquacidade, em histórias; muitas vezes como
narrativas de países longínquos, diante da lareira, contadas a pais e
netos. Que foi feito de tudo isso? Quem encontra ainda pessoas que
saibam contar histórias como elas devem ser contadas? Que moribundos
dizem hoje palavras tão duráveis que possam ser transmitidas como um
anel, de geração em geração? Quem é ajudado, hoje, por um provérbio
oportuno? Quem tentará, sequer, lidar com a juventude invocando sua
experiência?”
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econômica moderna e a trama de relações legais e morais na qual se
desenvolve, a associação não segue o modelo do parentesco, nem da
amizade (...) A essência a Gesellschaft é a racionalidade e o cálculo.”
4) A metrópole
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ninguém. As ruas estão vazias. As pessoas comprimiram-se no metro,
enfiaram-se em eléctricos e autocarros; correram em estações para
apanhar comboios suburbanos; sumiram-se gota a gota em quartos e
andares alugados, subiram de elevador a prédios de apartamentos.
O jovem anda sozinho, depressa mas não o bastante, longe mas não o
bastante (perdem-se os rostos de vista, dispersam-se as conversas em
esfarrapados resíduos, esvai-se nos becos o eco dos passos); tem de
apanhar o último metro, o eléctrico, o autocarro, galgar a prancha de
embarque de todos os barcos, dar o nome em todos os hotéis, trabalhar
nas cidades, responder aos anúncios, aprender os ofícios, aceitar os
empregos, viver em todas as casas de hóspedes, dormir em todas as
camas. Uma cama não basta, um emprego não basta, uma vida não
basta. À noite, com a cabeça num remoinho de anseios, anda sozinho
sem ninguém. Sem emprego, sem mulher, sem casa, sem cidade.
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atentamente as coisas e os seres através da noções de classe, modelo e
essência, para descrever, classificar e explicar as variedades existentes de
coisas e seres na natureza”.
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diagnóstico da modernidade e da sociedade capitalista: analisar
cientificamente as dinâmicas e os processos sociais ambivalentes que
geraram a sociedade nacional e industrial (a posse privada e o contrato,
a divisão do trabalho e as classes sociais, o processo produtivo e o poder,
a atomização social e o individualismo, a riqueza e a pobreza, o
nacionalismo, a nacionalização das massas, a comunidade nacional).
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e a pertença, as emoções e as tradições comuns, a fé
compartilhada, a obediência e devoção aos mais sábios, velhos,
corajosos) nas quais se desenvolve a potência da “vontade
substancial”.
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Para Tönnies, a “substância psíquica”, a vontade humana, pode ser
manifestada em diversa formas físicas e psíquicas que, por sua vez,
originam a vida social e as relações que determinam as identidades e os
valores, as hierarquias e as posições, as tarefas e funções contidas nas
ordenações existentes na totalidade social: a vida social é o produto de
um ser dotado de energia física e psíquica. A sociologia busca
compreender, interpretar e explicar o senso e o significado da vida
associativa: as formas do agir social, as formas de relação social, as
formas de convivência e união social, as dinâmicas e os processos sociais,
em outras palavras, as criações humanas provenientes do corpo e da
mente, da vontade e do intelecto.
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ações particulares e coletivas, nas quais cada parte é presente e acrescida
na ligação com todas as outras partes e o com o todo (a ordem social na
terra e cosmo celestial). A comunidade determina o senso comum da vida:
a lealdade e a confiança, a obrigação e o dever que ordenam e legitimam
os vínculos orgânicos de união e vontade, as hierarquias de mando e
obediência, entre os seus membros.
Comunidade Sociedade
Organismo Mecanismo
Natural Artificial
Tradicional Abstrata, intelectual
Parte de um todo metafísico Todo composto por partes
econômicas, políticas e culturais
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Deveres, obrigações Liberdade e igualdade jurídica
Comunidade Sociedade
Valor unitário, comum: une e Valores diversos, diferentes: o
enlaça todos os membros conflito entre os valores, as
identidades particulares
Ação centrada no corpo Ação centrada na mente
Vida vegetativa Vida intelectual (política)
Crescimento orgânico Orientada para o progresso
Vínculos com o passado Projetada para o futuro
Senso de vida tradicional Senso de vida intelectual
Atitudes afetivas e sentimentais Atitude egoísta, amor-próprio
Amizade e fidelidade Ambição aquisitiva
Comunidade Sociedade
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(tradição, costumes, e políticas: direito
hábitos) racional e positivo
Comunidade
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família, as relações recíprocas formam vínculos emotivos e afetivos que
geram formas de “convivência doméstica próxima, durável e fechada”: os
hábitos de trabalho, o reconhecimento da autoridade, a reverência, a
dignidade da “idade”, da “força”, da “sabedoria”, do “espírito”.
- crescer numericamente.
Os valores da comunidade:
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fim, do nascer e do crescer, das experiências e recordações, dos
ensinamentos espirituais, dos vínculos e ligações duráveis.
Sociedade
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particular e anônimo, submetido às leis e regras da economia de troca de
mercadorias e do direito abstrato-racional. É através do contrato que
tecem seus acordos e esperam alcançar seus desejos e interesses
particulares. O contrato é a forma de comportamento e relacionamento
mais significativa da sociedade e é o resultado da existência de “vontades
individuais que são divergentes e que se conectam através do sistema
jurídico e político.
Os valores da sociedade:
- a impessoalidade.
Comunidade Sociedade
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Amor de Deus, fidelidade. Amor próprio, autonomia.
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V – Parágrafos e frases do libro Comunidade e Sociedade
O emprego das palavras demonstrará claramente que elas têm uma base
no uso análogo da língua alemã. Contudo, até o presente, a terminologia
científica as utiliza indiferentemente e confunde-as arbitrariamente. Não
será por isso inútil algumas observações para demonstrar que se trata de
uma antítese. Toda convivência confidencial, íntima, exclusiva é
compreendida como a vida em comunidade (assim pensamos). A
sociedade, ao contrário, é o público, é o mundo. Em comunidade, o
homem se encontra com os seus desde o nascimento, unido a eles no
bem como no mal. Entra-se, na sociedade como em terra estrangeira.”
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“A comunidade é antiga, enquanto a sociedade é nova, como coisa e como
nome.”
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“A vontade substancial (essencial) é imanente ao movimento. Para
compreender corretamente o seu conceito é preciso prescindir de toda
existência independentemente dos objetos externos, e entender a sua
percepção ou experiência somente na sua realidade subjetiva. Aqui há
uma realidade psíquica e uma causalidade psíquica, isto é, somente uma
coexistência e sucessão de sentimentos de existência, instinto e atividade
que podem ser concebidos no seu fundamento, na sua totalidade e nas
suas conexões, como resultados da originária disposição embrionária
deste ser individual.”
3) “Resultados e perspectivas”
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religião, e um ordenamento de convivência que, enquanto fundado sobre
a vontade subjetiva (reflexiva) consensual e reunida, é regida pela
convenção, derivando a sua garantia da legislação política e a sua
explicação e legitimação ideal e consciente da opinião pública. Uma
antítese ulterior é aquela entre as duas formas de direito. A primeira
forma é constituída por um direito positivo comum e vinculante, como
sistema de normas coercitivas em referência às relações recíprocas entre
as vontades, o qual, estando radicado na vida familiar e atingindo o seu
conteúdo mais significativo dos fatos na posse fundiária, tem as próprias
formas determinadas essencialmente pelo costume. Este recebe a sua
consagração e a sua transfiguração da religião, quando a religião, como
vontade divina, e assim como vontade de homens sábios e dominantes
que interpretam a vontade divina, não ousa e não ensina a modificar e
corrigir tais formas. A segunda forma representa um direito positivo
análogo, o qual destina-se a manter distintas as vontades subjetivas
(reflexivas) através de todas as suas conexões e enredos, e tem os próprios
pressupostos naturais no ordenamento convencional do comércio e do
toda troca afim: esse torna-se válido e regularmente eficaz somente em
virtude da vontade subjetiva (reflexiva) soberana e da potência do
Estado.”
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seja reconhecido como uma vantagem maior – de estabelecerem contratos
e associações.”
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VI – A questão social
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fábricas e as manufaturas porque proporcionam dinheiro ao país e
aumentam a população.”
“(...) a nova época que se inicia (...) a evolução da questão social, cuja
força motora é precisamente a contradição e a luta de classes da nova
sociedade, do Estado e da consciência coletiva. Pela natureza das coisas,
a classe subalterna, na qual domina como maior consciência o
proletariado industrial – sobretudo nos grandes centros urbanos –
constitui a classe que expõe o problema, tem a consciência do seu
sofrimento e luta apaixonadamente para melhorar sua existência.”
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a) a conquista da burguesia industrial da hegemonia econômica, política
e espiritual.
- a desorientação social.
- a atomização social.
- a massificação.
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2) As lutas de classes e as contradições da sociedade capitalista industrial
a) A alienação e a reificação
4) A cidade moderna
e) a fome e a miséria.
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5) O Estado-nação
d) o imperialismo.
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Uma série de reflexões sobretudo sociológicas se referem o tipo de relações que
forma criadas ao longo dos séculos existentes na comunidade da fé, de pequenos
contextos, o que hoje chamaremos efetivamente de micro-comunidade ou
localismo.
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uma forma de conexão imediata, potencialmente expansível para todo o
universo social, reconduz esta grande esfera de difusão para entidades
particulares, intersubjetivamente limitadas em si, que não favorece
necessariamente a uma forma de abertura indiscriminada ao outro e, portanto,
ao chamado outrora grande espaço de liberdade e democracia glorificado por
alguns intelectuais.
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vizinhança. Atualmente, o virtual aproxima de modo diverso, mas deixa
complemente distante por outros modos, de modo que o teu amigo que se
representa a ti através de frases, imagens e de vídeos, não se manifesta
concretamente. O problema é ainda maior se recordamos que a rede social
possibilita que a representação de si seja fictícia ou muito diversa do que se é.
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Na atualidade, penso que o conceito de comunidade possui um futuro
assegurado, um futuro no terceiro milênio:
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assimilando das diversas subjetividades que ingressaram em um diverso
território, dentro de um certo Estado, de um modo tal que se cancela
progressivamente o estigma da origem cultural, fazendo ingressar em um
circuito de expansão quase viral do modo de vida e de pensar majoritariamente
existente nos códigos da sociedade. Mas qual são estes códigos? São oriundos
do modelo ocidental, que se manifestam como universais: indivíduo, democracia
representativa, livre mercado, fim da história. O problema fundamental foi e é o
desejo de construção de uma democracia planetária modelada in primis pelos
EUA.
https://www.youtube.com/watch?v=H--lMmgRUyQ&t=372s
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