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e Tutelas de Urgência mm m
Professor Miltinho da Lide
Resumo
O processo começa porque A e B disputam o mesmo bem da
vida, e nasce entre eles um litígio, com a pretensão de um e
resistência do outro. Esse bem da vida é um direito material.
O objetivo do processo é compor a lide, começa com a
provocação do judiciário, uma vez que ele é inerte.
Jurisdição é dizer o direito, devendo o magistrado dizer
dentro do processo, que começa com uma ação da parte. O
processo conjunto de atos coordenados destinados a prestação
jurisdicional.
Existe um procedimento, começando com a petição inicial
(art. 319, requisitos da PI), devendo preencher os requisitos
para o magistrado designar a audiência de conciliação, citando
o réu.
A citação é o chamamento do réu ao processo, podendo ser
feito de maneira real (recai sob a pessoa do próprio citando,
por mandado ou correio) ou ficta (supostamente recai sob a
pessoa do citando, por edital). Existe a citação quando o
oficial de justiça percebe que o réu está se ocultando, é
chamada de hora certa - LINS local incerto e não sabido.
Na contestação o réu apresenta todas as defesas possíveis,
observando o princípio da eventualidade. Deve também fazer a
impugnação de maneira específica, aquilo que não impugnar
considera-se verdadeiro.
Para que o processo seja julgado pelo mérito deve ter
legitimidade de parte e o interesse de agir (necessidade e
adequação).
Pode haver a ação do réu contra o autor, chamado de
reconvenção, na qual o requerido, no mesmo processo, apresenta
um pedido em face do autor.
Depois da réplica e tréplica, vem a decisão saneadora, na
qual o juiz afasta as preliminares e fixa os pontos
controvertidos, pode marcar nova audiência conciliatória e
determinar a produção de provas (documental, pericial e oral).
Depois da instrução, o juiz determina as alegações finais
(orais), que podem ser substituídas por memoriais (escrito).
Após, o juiz tem 30 dias para proferir a sentença, apreciando
ou não o mérito. A sentença terminativa extingue o processo
sem a resolução do mérito, e a definitiva julga o mérito. A
sentença deverá ter relatório, fundamentação e dispositivo.
A parte que não ficou satisfeita com a decisão entra com o
recurso de apelação, que possui prazo de 15 dias e tem duplo
efeito, suspensivo e devolutivo (o recurso contra as decisões
interlocutórias no curso do processo é o agravo de
instrumento, tendo o rol taxativo, art. 1015 CPC).
Na apelação, existem 3 desembargadores que julgam o
processo, podendo não conhecer o recurso, dar provimento,
negar provimento, ou dar parcial provimento. Pode a parte
apresentar embargos de declaração.
Logo em seguida, a parte tem o direito de entrar com
recurso especial, ingressado no tribunal de justiça local,
endereçado ao presidente (que dá efeito suspensivo) e as
razões endereçadas aos ministros do supremo.
O presidente profere um despacho de admissibilidade do
recurso ou denegatório, cabe agravo de despacho denegatório de
recurso especial extraordinário. Quando a decisão da câmara
está em conformidade com o entendimento passífico so STJ e do
STF, o presidente nega seguimento ao recurso na origem (art.
1030), cabendo agravo interno para a câmara dos presidentes.
Quando existe a confirmação da sentença, entra a fase de
cumprimento de sentença, na qual a parte apresenta pedido
requerendo a decisão. O réu tem o prazo de 15 dias para
cumprir, sob pena de multa de 10% do valor do débito. A defesa
é chamada de impugnação.
Se for uma execução de título executivo extrajudicial,
terá 3 dias para cumprir a obrigação, sob pena de penhora. A
defesa do título executivo chama embargos da execução, devendo
ser apresentada no prazo de 15 dias.
O processo deve ter um resultado útil para parte, dentro
do trâmite processual, por isso torna-se necessário a criação
de mecanismos para antecipar a prestação jurisdicional e
antecipar o direito da parte, chamada de tutelas provisórias.
Tutelas Provisórias
1.DISPOSIÇÕES GERAIS(arts. 294 a 299):
1.1 Conceito: tutelas provisórias são medidas que visam dar
efetividade à prestação jurisdicional, garantindo tutelas
jurisdicionais tempestivas (duração razoável do processo - CR,
art. 5º, LXXVIII). São fundadas na simples probabilidade (não
certeza), eis que fruto de cognição sumária. Podem ser
modificadas e alteradas a qualquer tempo.
É o mecanismo processual pelo qual o magistrado antecipa a
uma das partes um provimento judicial de mérito ou
acautelatórias antes da prolação da decisão final, seja em
virtude da urgência ou da plausibilidade do direito.
1.2 Modalidades:
A) Urgência: servem de armas na luta de preservação contra a
corrosão de direitos por ação do tempo. É o instrumento
processual que possibilita à parte pleitear a antecipação
do pedido de mérito com fundamento na urgência, podendo
ser:
1. antecipada (antecedente e incidental): viabiliza a
imediata realização prática do direito. É uma medida
satisfativa, entrega o direito para parte, que seria
entregue só ao final.
2. cautelar (antecedente e incidental): protege a
capacidade do processo para produzir resultados úteis.
Protege o bem para dar efetividade ao direito.
B) Evidência: satisfação do direito evidente. A tutela de
evidência pode ser requerida independentemente da
comprovação do perigo de dano ou de risco ao resultado
útil do processo, levando em consideração a evidência do
direito.
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se
em urgência ou evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência,
cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental.
2. TUTELAS DE URGÊNCIA
2.1. Conceito:
Têm por finalidade socorrer risco de perecimento do eventual
direito da parte ou de perda de eficiência do processo
instaurado para o reconhecimento ou satisfação deste.
Condicionadas a um perigo de perecimento do direito. O tempo é
inimigo irremediável do direito subjetivo material. (cláusulas
abusivas no contrato do plano de saúde e precisa de cirurgia
pq vai morrer, importância de um valor que a letícia me deve,
devendo preservar o direito vai desfazer do bem, modificação
de guarda, para receber as crianças, pq a mãe está se drogando
na frente dos infantes)
2.2. Espécies:
a) Cautelar (conservativa): visa a assegurar a viabilidade
da realização de um direito (provisoriedade instrumental)
e não o realizar. A medida conservativa busca afastar o
risco ao resultado útil do processo, conservando o
direito. Exige a propositura de um pedido principal (ver
se o pedido principal possui ligação com a cautelar).
b) Antecipada (satisfativa): efetivamente realiza e satisfaz
o direito. Os fins da medida se esgotam nela mesma. O que
se concede ao autor liminarmente, coincide, em termos
práticos e no plano dos fatos, com o que está sendo
pleiteado em caráter principal. Exige a propositura de um
pedido final (como já tem o pedido provisório, deve
demonstrar qual objetivo final).
3.1.1. Procedimentos:
3.1.1.1. Situação de urgência sobrevenha ou venha logo depois
do momento da propositura da ação: ação de conhecimento com
pedido de antecipação de tutela: procedimento comum. Quando há
condições para fazer um pedido de tutela antecipada comum, com
um pedido final.
Tutelas de Evidência
É uma espécie de tutela provisória que tutela proteger o
direito evidente.
O direito é tão claro que pode ser concedido no começo ou
no meio do processo, mas antes da sentença final. Mesmo sem
perigo ou dano da demora pode requerer, não necessita da
urgência.
É uma tutela satisfativa (entrega o direito), tem uma
probabilidade máxima de ocorrência do direito invocado.
O direito transparece tão claro, tão evidente que se dá
uma decisão provisória satisfativa, concedendo-o ao
requerente. Logo, é um direito líquido e certo, que salta aos
olhos, de modo que não precisa se comprovar a urgência; apenas
a probabilidade máxima e não mera probabilidade simples do
direito invocado. Apesar de o direito estar evidente, ainda é
tutela provisória.
Hipóteses de cabimento:
a) abuso de direito de defesa (I): caráter sancionatório, são
de ambas partes.
ENUNCIADO 47 da I Jornada de DPC do CJF: a probabilidade do
direito constitui requisito para concessão da tutela da
evidência fundada em abuso do direito de defesa ou em
manifesto propósito protelatório da parte contrária.
Recursos:
a) contra indeferimento ou deferimento da tutela provisória:
agravo de instrumento (art. 1.015, I)
b) contra confirmação, concessão ou revogação na sentença:
apelação sem efeito suspensivo (art. 1.012, §1º, V).
Procedimentos Especiais
1. INTRODUÇÃO
Procedimento é especial porque não é comum.
2.1. Dispositivos legais: CPC, arts. 539 a 549 e CC, arts. 334
e 335.
Extinção das obrigações: através do pagamento ou consignação
(recusa de quem quer receber e deposita em juízo para cumprir
sua obrigação)
2.11. Procedimento:
a) petição inicial: art. 542. Falta de depósito: extinção
(art. 542,§único).
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a
ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados
do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539,
§ 3º ;
Entra com PI falando que o credor se recusa a receber, o juiz
autoriza o autor a depositar o valor em até 5 dias, salvo se tiver
entrado com o valor extrajudicial. Faltando o depósito, o processo
é extinto.
II - a citação do réu para levantar o depósito ou
oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo
do inciso I, o processo será extinto sem resolução
do mérito.
Embargos De Terceiro
5.1. Previsão legal: arts. 674 a 681 CPC.
5.2. Conceito: ação de procedimento especial de jurisdição
contenciosa que tem por finalidade a proteção da posse ou
propriedade daquele que, não tendo sido parte no feito, sofre
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou
sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo (Exs. Arresto, sequestro, alienação judicial,
mandado possessório, de despejo, etc).
5.5. Requisitos:
a) Existência de medida executiva em processo alheio
b) Atingimento de bens de quem tenha direito ou posse
incompatível com a medida;
c) Tempestividade
5.9. Procedimento:
a) distribuição dependência: conexão (art. 676): competência
funcional
- ato constritivo por carta (art. 676, §ú)
b) petição inicial: art. 319 e art. 677, “caput” (prova
sumária da posse ou do domínio e da qualidade de terceiro,
documentos e rol de testemunhas)
c) audiência de justificação prévia: art. 677, §1º
d) citação pessoal: até por carta (art. 677, §3º)
e) contestação: art. 679 (procedimento comum: possibilidade de
revelia)
- Defesa em embargos do credor com garantia real: art. 680.
(ex. inciso II: hipoteca não registrada (CC art. 676), não
obriga 3º)
f) suspensão de medidas constritivas (liminar) e caução: art.
678
g) sentença (art. 681): cancelamento constrição (mandamental)
e reconhecimento domínio (constitutiva), reintegração,
manutenção (executivas lato sensu) e reconhecimento direito
(constitutiva).
h) apelação: duplo efeito
Ação Monitória
6.1. Disposições legais: arts. 700 a 702.
6.2. Objetivo:
- trata-se de procedimento especial de jurisdição contenciosa
e, portanto, de processo de conhecimento, embora com
prevalente função executiva.
- facilitar o acesso do credor ao título executivo ou, mesmo,
à satisfação do crédito, em face de isenções concedidas ao
réu.
- É mera faculdade do credor (pode preferir a via condenatória
de conhecimento): art.785. - há situações em que o direito do
credor se revela tão evidente, embora não disponha ele de
título executivo extrajudicial, que é razoável supor que não
haverá resistência ou, em havendo, será vazia, de modo a
caracterizar situação não de pretensão contestada, mas, sim,
de pretensão insatisfeita.
- cumprido tal mandado, não havendo cumprimento da obrigação e
nem embargos, a ordem inicial (mandado monitório) convola-se
em mandado executivo (definitivo), equivalendo à sentença
condenatória transitada em julgado, sem prejuízo de, querendo,
oferecer embargos e, assim, instaurar o contraditório. O
contraditório, então, é eventual e diferido. Por intermédio
dele, em essência, se transfere ao réu o ônus de instaurar o
contraditório
6.3. Objeto da ação monitória (art. 700, I, II e III)
a) ao credor de quantia certa,
b) ao credor de coisa fungível ou infungível de determinada
coisa móvel ou imóvel e,
c) em caso de adimplemento de obrigação de fazer e não fazer.