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e Tutelas de Urgência mm m
Professor Miltinho da Lide

Resumo
O processo começa porque A e B disputam o mesmo bem da
vida, e nasce entre eles um litígio, com a pretensão de um e
resistência do outro. Esse bem da vida é um direito material.
O objetivo do processo é compor a lide, começa com a
provocação do judiciário, uma vez que ele é inerte.
Jurisdição é dizer o direito, devendo o magistrado dizer
dentro do processo, que começa com uma ação da parte. O
processo conjunto de atos coordenados destinados a prestação
jurisdicional.
Existe um procedimento, começando com a petição inicial
(art. 319, requisitos da PI), devendo preencher os requisitos
para o magistrado designar a audiência de conciliação, citando
o réu.
A citação é o chamamento do réu ao processo, podendo ser
feito de maneira real (recai sob a pessoa do próprio citando,
por mandado ou correio) ou ficta (supostamente recai sob a
pessoa do citando, por edital). Existe a citação quando o
oficial de justiça percebe que o réu está se ocultando, é
chamada de hora certa - LINS local incerto e não sabido.
Na contestação o réu apresenta todas as defesas possíveis,
observando o princípio da eventualidade. Deve também fazer a
impugnação de maneira específica, aquilo que não impugnar
considera-se verdadeiro.
Para que o processo seja julgado pelo mérito deve ter
legitimidade de parte e o interesse de agir (necessidade e
adequação).
Pode haver a ação do réu contra o autor, chamado de
reconvenção, na qual o requerido, no mesmo processo, apresenta
um pedido em face do autor.
Depois da réplica e tréplica, vem a decisão saneadora, na
qual o juiz afasta as preliminares e fixa os pontos
controvertidos, pode marcar nova audiência conciliatória e
determinar a produção de provas (documental, pericial e oral).
Depois da instrução, o juiz determina as alegações finais
(orais), que podem ser substituídas por memoriais (escrito).
Após, o juiz tem 30 dias para proferir a sentença, apreciando
ou não o mérito. A sentença terminativa extingue o processo
sem a resolução do mérito, e a definitiva julga o mérito. A
sentença deverá ter relatório, fundamentação e dispositivo.
A parte que não ficou satisfeita com a decisão entra com o
recurso de apelação, que possui prazo de 15 dias e tem duplo
efeito, suspensivo e devolutivo (o recurso contra as decisões
interlocutórias no curso do processo é o agravo de
instrumento, tendo o rol taxativo, art. 1015 CPC).
Na apelação, existem 3 desembargadores que julgam o
processo, podendo não conhecer o recurso, dar provimento,
negar provimento, ou dar parcial provimento. Pode a parte
apresentar embargos de declaração.
Logo em seguida, a parte tem o direito de entrar com
recurso especial, ingressado no tribunal de justiça local,
endereçado ao presidente (que dá efeito suspensivo) e as
razões endereçadas aos ministros do supremo.
O presidente profere um despacho de admissibilidade do
recurso ou denegatório, cabe agravo de despacho denegatório de
recurso especial extraordinário. Quando a decisão da câmara
está em conformidade com o entendimento passífico so STJ e do
STF, o presidente nega seguimento ao recurso na origem (art.
1030), cabendo agravo interno para a câmara dos presidentes.
Quando existe a confirmação da sentença, entra a fase de
cumprimento de sentença, na qual a parte apresenta pedido
requerendo a decisão. O réu tem o prazo de 15 dias para
cumprir, sob pena de multa de 10% do valor do débito. A defesa
é chamada de impugnação.
Se for uma execução de título executivo extrajudicial,
terá 3 dias para cumprir a obrigação, sob pena de penhora. A
defesa do título executivo chama embargos da execução, devendo
ser apresentada no prazo de 15 dias.
O processo deve ter um resultado útil para parte, dentro
do trâmite processual, por isso torna-se necessário a criação
de mecanismos para antecipar a prestação jurisdicional e
antecipar o direito da parte, chamada de tutelas provisórias.

Tutelas Provisórias
1.DISPOSIÇÕES GERAIS(arts. 294 a 299):
1.1 Conceito: tutelas provisórias são medidas que visam dar
efetividade à prestação jurisdicional, garantindo tutelas
jurisdicionais tempestivas (duração razoável do processo - CR,
art. 5º, LXXVIII). São fundadas na simples probabilidade (não
certeza), eis que fruto de cognição sumária. Podem ser
modificadas e alteradas a qualquer tempo.
É o mecanismo processual pelo qual o magistrado antecipa a
uma das partes um provimento judicial de mérito ou
acautelatórias antes da prolação da decisão final, seja em
virtude da urgência ou da plausibilidade do direito.
1.2 Modalidades:
A) Urgência: servem de armas na luta de preservação contra a
corrosão de direitos por ação do tempo. É o instrumento
processual que possibilita à parte pleitear a antecipação
do pedido de mérito com fundamento na urgência, podendo
ser:
1. antecipada (antecedente e incidental): viabiliza a
imediata realização prática do direito. É uma medida
satisfativa, entrega o direito para parte, que seria
entregue só ao final.
2. cautelar (antecedente e incidental): protege a
capacidade do processo para produzir resultados úteis.
Protege o bem para dar efetividade ao direito.
B) Evidência: satisfação do direito evidente. A tutela de
evidência pode ser requerida independentemente da
comprovação do perigo de dano ou de risco ao resultado
útil do processo, levando em consideração a evidência do
direito.
Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se
em urgência ou evidência.
Parágrafo único. A tutela provisória de urgência,
cautelar ou antecipada, pode ser concedida em
caráter antecedente ou incidental.

1.3 Eficácia (art. 296)


- Caráter provisório, não é definitiva, pode ser modificada e
alterada a qualquer tempo no processo.
- Improcedência = revogação automática
- Pode ser confirmada ou revogada na sentença: art. 1012, §1º,
V. Na sentença pode o juiz dar a tutela provisória. A apelação
não tem efeito suspensivo nesta parte, podendo executar a
sentença.
- Nesse caso, sujeita a apelação: art. 1013,§5º. Só cabe
apelação, não cabe agravo.

Art. 296. A tutela provisória conserva sua


eficácia na pendência do processo, mas pode, a
qualquer tempo, ser revogada ou modificada.
Parágrafo único. Salvo decisão judicial e
contrário, a tutela provisória conservará a
eficácia durante o período de suspensão do
processo.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei,
começa a produzir efeitos imediatamente após a sua
publicação a sentença que:
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;

Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o


conhecimento da matéria impugnada.
§ 5º O capítulo da sentença que confirma, concede
ou revoga a tutela provisória é impugnável na
apelação.

ENUNCIADO 39 da I Jornada de DPC do CJF: cassada ou modificada


a tutela de urgência na sentença, a parte poderá, além de
interpor recurso, pleitear o respectivo restabelecimento na
instância superior, na petição de recurso ou em via autônoma.
Vai entrar com petição simples pro presidente do tribunal,
que distribui para um relator.

1.4. Efetivação (art. 297)


- Da mesma forma que o cumprimento definitivo: arts. 520 a 522
e 536, §1º e 537.
- Pode utilizar as medidas do art. 139, IV.
- independem do trânsito em julgado, inclusive, contra o Poder
Público (enunciado 38). Se o juiz conceder liminarmente, você
pode ir executando, sem esperar o trânsito em julgado.
O juiz tem poderes amplos para satisfazer e efetivar as
medidas necessárias para executar a decisão judicial
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que
considerar adequadas para efetivação da tutela
provisória.
Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória
observará as normas referentes ao cumprimento
provisório da sentença, no que couber.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as


disposições deste Código, incumbindo-lhe:
IV - determinar todas as medidas indutivas,
coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias
necessárias para assegurar o cumprimento de ordem
judicial, inclusive nas ações que tenham por
objeto prestação pecuniária;

Nesse sentido, as medidas consideradas adequadas à efetivação


da tutela provisória mencionadas no caput do art. 297, podem
ser, inclusive, aquelas previstas pelo art. 536, § 1º do CPC,
quais sejam, “entre outras medidas, a imposição de multa, a
busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva,
podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força
policial”.

1.5. Fundamentação (art. 298)


- Aplicável também ao tribunal
- Necessidade de fundamentar a postergação
A decisão deve ser motivada.
Art. 298. Na decisão que conceder, negar,
modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz
motivará seu convencimento de modo claro e
preciso.

1.6. Competência (art. 299)


- Incidental: perante o juízo em que formulado o pedido
principal ou o pedido final
- antecedente: perante o juízo responsável pelo exame daqueles
pedidos, observando regras dos arts. 42 a 66.
- ações originárias dos tribunais: definida por lei estadual,
regimentos internos e resoluções tribunais
- tutela provisória recursal: órgão jurisdicional competente
para a análise do recurso, observando-se arts. 932, II, 995,
1012, §3º e 1.029, §5º.
Art. 299. A tutela provisória será requerida
ao juízo da causa e, quando antecedente, ao
juízo competente para conhecer do pedido
principal.
Parágrafo único. Ressalvada disposição
especial, na ação de competência originária de
tribunal e nos recursos a tutela provisória
será requerida ao órgão jurisdicional
competente para apreciar o mérito.

2. TUTELAS DE URGÊNCIA
2.1. Conceito:
Têm por finalidade socorrer risco de perecimento do eventual
direito da parte ou de perda de eficiência do processo
instaurado para o reconhecimento ou satisfação deste.
Condicionadas a um perigo de perecimento do direito. O tempo é
inimigo irremediável do direito subjetivo material. (cláusulas
abusivas no contrato do plano de saúde e precisa de cirurgia
pq vai morrer, importância de um valor que a letícia me deve,
devendo preservar o direito vai desfazer do bem, modificação
de guarda, para receber as crianças, pq a mãe está se drogando
na frente dos infantes)

2.2. Espécies:
a) Cautelar (conservativa): visa a assegurar a viabilidade
da realização de um direito (provisoriedade instrumental)
e não o realizar. A medida conservativa busca afastar o
risco ao resultado útil do processo, conservando o
direito. Exige a propositura de um pedido principal (ver
se o pedido principal possui ligação com a cautelar).
b) Antecipada (satisfativa): efetivamente realiza e satisfaz
o direito. Os fins da medida se esgotam nela mesma. O que
se concede ao autor liminarmente, coincide, em termos
práticos e no plano dos fatos, com o que está sendo
pleiteado em caráter principal. Exige a propositura de um
pedido final (como já tem o pedido provisório, deve
demonstrar qual objetivo final).

2.3. Requisitos cumulativos (art. 300): análise superficial do


conflito. Precisa demonstrar para o juiz elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo.
Art. 300. A tutela de urgência será concedida
quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o
risco ao resultado útil do processo.

§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o


juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução
ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la (é uma
garantia/ prestação como cautela, para pagar
eventuais prejuízos que causar à parte contrária).

§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida


liminarmente ou após justificação prévia.

§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada


não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
2.3.1. probabilidade de ocorrência do direito invocado:
É a existência de elementos positivos intensos que
importem o conhecimento afirmativo do que sustentado pela
parte, à vista dos argumentos e provas exibidas por ela.
- cautelar: provável a existência de direito a tutelar no
pedido principal, que deve ser acautelado para tornar útil seu
resultado.
- Antecipada: direito provável aferido a partir do pedido
final, relativo ao próprio bem da vida, com prognóstico de
resultado final favorável

2.3.2. perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo:


demonstração de que a demora acarretará ao titular do direito
provável dano material irreparável ou de difícil reparação.
Risco da ineficácia ou da inutilidade do provimento final.
- Receio fundado ou motivo sério
- Situação concreto objetivamente considerada

2.4. Exigência de caução (art. 300, §1º)


2.4.1. Conceito: garantia ou contracautela. Ato discricionário
do juiz segundo as circunstâncias do caso.
2.4.2. Finalidade: cobrir todos os eventuais danos que o réu
possa suportar em face da medida urgente concedida.
2.4.3. Espécies: real (móveis, imóveis, semovente…) ou
fidejussória (pessoal, confiança, vem de um fiador).
2.4.4. Abrangência: prejuízos materiais e extrapatrimoniais
2.4.5. Disciplina legal: observar regras dos artigos 520, IV e
521. Dependendo do caso, o juiz pode autorizar e exigir
levantamento. Ato discricionário do juiz.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o
juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou
fidejussória idônea para ressarcir os danos que a
outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução
ser dispensada se a parte economicamente
hipossuficiente não puder oferecê-la
É uma garantia/prestação como cautela, para pagar eventuais
prejuízos que causar à parte contrária.

2.5. Liminar e justificação prévia (art. 300, § 2º)


2.5.1. Definição: concessão, em casos urgentes, imediatamente
ou desde logo, no começo, no início do processo, da medida
provisória, quando houver possibilidade de o dano consumar-se
antes da citação do réu.
- Antecipa o que se dará no final.
- Mesmos requisitos da tutela de urgência.
- Deve ser requerida pela parte, o juiz não pode conceder de
ofício.
- Pode ser concedida nas antecedentes e nas incidentais.
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia.
Caso o juiz não conceda e indeferiu o pedido, talvez você
perca a necessidade de dar prosseguimento, uma vez que a
medida não é mais útil; assim o juiz pode julgar extinto o
processo por falta de interesse de agir.
2.5.2. Audiência de justificação prévia: O juiz não se
convenceu com os elementos que o requerente trouxe aos autos,
mas ficou preocupado. Quando os requisitos para a concessão da
medida não estiverem suficientemente comprovados por
documentos que acompanham o pedido, é necessária a
complementação para a formação da convicção do juízo.
- Prova exclusiva do requerente
- Réu pode contraditar testemunhas (impugnar as testemunhas,
ex. suspeição) e formular reperguntas se foi citado ou teve
conhecimento da audiência.

2.5.3. inaudita altera parte ou sem oitiva da parte contrária:


possibilidade. Risco de comprometer a eficácia da medida ou
torná-la inócua. Antes da citação. O direito de defesa fica
relegado para após a execução da medida.

2.5.4. natureza da decisão: interlocutória passível de agravo


de instrumento (art. 1.015, I) – ver enunciado 70 da I Jornada
de DPC (enunciado 70).
2.6. Reversibilidade para a T.A. TUTELA ANTECIPADA (art. 300,
§3º):
- Possibilidade de se reverter os efeitos concretos gerados
pela decisão provisória, fazendo retornar as partes ao status
quo anterior.
- Constitui requisito negativo (não deve estar presente, se
estiver, não concede).
- Tutela provisória não pode produzir efeitos definitivos
(exs. Destruição documento e demolição edifício)
- Regra não absoluta: risco de inviabilizar o instituto (ex.
realização cirurgia urgente e direito ao recebimento de seu
custo).
- Irreversibilidade recíproca: princípio da proporcionalidade
- Inaplicável à TC: se projeta somente sobre o processo e nada
altera na vida exterior dos litigantes: não pode produzir
efeitos definitivos.
§ 3º A tutela de urgência de natureza antecipada
não será concedida quando houver perigo de
irreversibilidade dos efeitos da decisão.
ENUNCIADO 40 da I Jornada de DPC do CJF: a irreversibilidade
dos efeitos da tutela de urgência não impede sua concessão, em
se tratando de direito provável, cuja lesão seja irreversível.

2.7. Poder Geral de cautela do juiz (art. 301)


2.7.1. Conceito:
Cláusula geral ou norma em branco que autoriza o juiz
determinar medidas provisórias que julgar adequadas para
evitar ao direito lesão grave e de difícil reparação, que
possa comprometer a eficácia e a utilidade do processo e do
pedido principal.
É concedido ao juiz uma discricionariedade para conceder
medidas cautelares de urgência, sem precisar atender só
aquelas do ordenamento jurídico, mas aquelas que achar
conveniente dentro do caso concreto, com o objetivo de
assegurar o direito. Assim, há um poder amplo na proteção do
direito para ser entregue ao final, é uma cláusula em branco.
Sendo o artigo 301 exemplificativo e não taxativo, por
demonstrar alguns exemplos de medidas cautelares.
Art. 301. A tutela de urgência de natureza
cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de
protesto contra alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do direito.
- arresto: apreender quaisquer bens para garantir a dívida
com execução.
- sequestro: aprender bem específico.
- arrolamento de bens: relaciona os bens, quando tem risco
de desaparecer, perecer.
- Registro de protesto contra alienação de bens: registrar
uma manifestação de vontade, com expedição de editais
para que dê conhecimento às pessoas sobre alienação de
bens.
2.7.2. Características:
a) Poder discricionário do juiz: visa garantir efetividade à
tutela jurisdicional, o magistrado pode conceder as medidas
que entender necessário
b) Mesmo que não tenha previsão específica
c) Juiz está adstrito aos limites e objetivos da jurisdição de
prevenção, só pode conceder medidas para preservar a garantia
do bem. Limites da asseguração do direito, sem atingir a
garantia final.
d) Pode conceder medida diferente da solicitada
e) Referência às medidas cautelares específicas ou nominadas
do antigo CPC: caráter exemplificativo (desnecessidade):
exigência requisitos gerais. Pelo CPC anterior tinha arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra
alienação de bem (medidas nominadas), aquelas que o código
previa para determinadas situações. Agora a lei ficou mais
ampla, concedendo outras medidas.
f) Trata também de poder geral de antecipação (Dinamarco):
ausência de diferenças entre as duas para o caso de
periclitação do direito. Tem poderes gerais para antecipar,
quando a parte pedir, os efeitos práticos da decisão.
Periclitação é o perigo de perecer o direito

2.8. Responsabilidade civil do requerente (art. 302).


2.8.1. Conceito:
Decorre dos prejuízos que a execução da medida de urgência
possa causar. Desnecessidade de que a sentença reconheça
expressamente a obrigação de indenizar (automática). Tudo o
que a parte requerida sofreu de prejuízo, a requerente terá
que pagar, a fim de reparar os danos. Se perder a ação, revoga
a medida e a ré está autorizada a entrar com ação no mesmo
processo para pedir os prejuízos causados.
Art. 302. Independentemente da reparação por dano
processual, a parte responde pelo prejuízo que a
efetivação da tutela de urgência causar à parte
adversa, se:

2.8.2. Situações que autorizam: art. 302, I a IV.

I - a sentença lhe for desfavorável;


II - obtida liminarmente a tutela em caráter
antecedente, não fornecer os meios necessários
para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco)
dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em
qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou
prescrição da pretensão do autor.

2.8.3. Natureza da responsabilidade civil: controvertido.


Maioria: objetiva (não precisa de comprovação de culpa ou
dolo). Deu causa ao dano, terá que ressarcir a parte
contrária, primeiro paga e se não houver culpa, ingressa com
outra ação contra o advogado, por exemplo.
Minoria: Subjetiva(precisa de comprovação de dolo ou culpa)

2.8.4. Procedimento: parágrafo único: liquidação de todos os


prejuízos sofridos nos mesmos autos. Terá que comprovar nos
autos que a medida que a requerente entrou causou danos,
demonstrando os prejuízos causados.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos
autos em que a medida tiver sido concedida, sempre
que possível.

2.9. Outra disposição comum: conversibilidade (art. 305,§ú)


Art. 305. A petição inicial da ação que visa à
prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a
exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
Parágrafo único. Caso entenda que o pedido a que
se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz
observará o disposto no art. 303.
A conversibilidade é converter uma medida cautelar e
antecipada ou vice-versa.

2.9.1. Conceito: possibilidade de que seja convertido o pedido


de tutela cautelar em antecipada, desde que seja esta a
pretensão do autor e ele preencha os requisitos legais (art.
300).

2.9.2. Finalidade: mitigar dificuldades de aplicação dos dois


institutos, dando maior efetividade à tutela jurisdicional e a
sua tempestividade. Desapego aos aspectos formais, adequação
do pedido para aproveitar. Possibilidade no duplo sentido.
- Fungibilidade é trocar as medidas por colocar o nome
errado. A conversibilidade é converter a medida, devendo
adequar ao pedido correto.

ENUNCIADO 45 da I Jornada de DPC do CJF: aplica-se às tutelas


provisórias o princípio da fungibilidade, devendo o juiz
esclarecer as partes sobre o regime processual a ser
observado.

3. Tutela Antecipada Antecedente Autônoma: procedimento


(arts. 303 e 304):
3.1. Conceito de tutela antecipada:
Medidas satisfativas que atingem diretamente as relações
existentes entre os sujeitos e o bem da vida, proporcionando
sua imediata fruição, seja integral ou parcial. Atua
diretamente sobre a situação jurídica das partes em suas
relações recíprocas ou com os bens da vida.

3.1.1. Procedimentos:
3.1.1.1. Situação de urgência sobrevenha ou venha logo depois
do momento da propositura da ação: ação de conhecimento com
pedido de antecipação de tutela: procedimento comum. Quando há
condições para fazer um pedido de tutela antecipada comum, com
um pedido final.

3.1.1.2. Caso a urgência seja contemporânea (simultânea) à


propositura da ação: ação (imediata) autônoma com pedido de
tutela antecipada antecedente: procedimento de antecedência
arts. 303 e 304, com possibilidade de estabilização da tutela
(não recorrer da decisão, fazendo a tutela ser definitiva).
Quando formula um pedido antecedente para depois formula o
final, por não haver condições suficientes para a propositura,
sendo antecedente ao pedido final. Demonstrando a situação de
perigo.

3.2. Procedimento dos arts. 303 e 304:


a) demonstração urgência (perigo demora) que impõe a imediata
propositura da ação e requerimento da TA.

b) indicação do pedido de tutela final: controvérsia relativa


ao bem da vida. Demonstração de correlação com o que se
pretende a final.

c) indicação da opção do benefício da TA urgente (autorização


para que seja elaborada petição simplificada), que pressupõe
interesse na estabilização da tutela (art. 303, §5º),
especialmente, se não houver pedido no sentido de
prosseguimento do processo. O art. 303 §5 quando o autor se
vale para fazer uma petição simplificada, em razão da questão
urgente, limitando a exordial para atender o interesse da
parte, para depois complementar e regularizar o
processo(devendo inserir o valor da causa).
A parte que pediu, e o juízo deferiu, a parte contrária não
recorreu, o autor, se estiver satisfeito pede para estabilizar
a tutela, e a liminar está estabilizada (ausência de recurso
que estabiliza a tutela). Mas o autor pode pedir mais coisa,
que será inserida no próprio feito.
Art. 303. Nos casos em que a urgência for
contemporânea à propositura da ação, a
petição inicial pode limitar-se ao
requerimento da tutela antecipada e à
indicação do pedido de tutela final, com a
exposição da lide, do direito que se busca
realizar e do perigo de dano ou do risco ao
resultado útil do processo.
§ 5º O autor indicará na petição inicial,
ainda, que pretende valer-se do benefício
previsto no caput deste artigo.

d) valor da causa (art. 303, §4º): levar em consideração o


pedido final
3.2.2. Concessão liminar da TA (art. 303, §1º), procedimento:
a) Citação e intimação do réu para cumprimento da decisão,
podendo recorrer
b) aditamento inicial (sem custas): 15 dias ou outro prazo
(§1º, I) (sobreposição de determinações: aditamento e prazo
para recorrer):
1. complementação argumentação
2. juntada novos documentos
3. confirmação pedido final
* Não aditamento: extinção processo sem mérito (§2º)
c) citação réu e intimação audiência conciliação e mediação
(§1º, II)
d) contestação (§1º, III): procedimento comum.

3.2.3. Ausência de elementos para a concessão TA (art.


303,§6º):
a) emenda 5 dias sob pena de extinção
b) emenda insuficiente ou deficiente: indeferimento + extinção
processo

3.2.4. Ausência de recurso contra a concessão da liminar ou


pedido do autor de prosseguimento da ação:
3.2.4.1. Estabilização (art. 304): decisão do conflito sem que
haja necessidade de exaurimento da cognição judicial. TA
antecedente é concedida com caráter satisfativo da decisão de
mérito. STJ é interpor recurso é interpor agravo de
instrumento
Na doutrina há divergência, tem parte que argumenta que não há
estabilização quando houver qualquer manifestação da parte
contrária que não concorde com a decisão. Paradoxalmente, tem
doutrina que alega que o interpor recurso, presente no art 304
CPC, refere-se apenas ao agravo de instrumento.

3.2.4.1.1. Consequências da estabilização:


3.2.4.1.1.1. Extinção do processo sem resolução do mérito
(§§1º e 6º), com fixação de honorários advocatícios: inadmite
ação rescisória.
3.2.4.1.1.2. Conservação dos efeitos enquanto não revista
(§3º)
3.2.4.1.1.3. Pode ser, eventualmente, discutida:
a) ação principal de cognição exauriente (rediscutir o direito
material objeto da tutela) para rever, reformar, ou invalidar
a TA estabilizada (§§2º e 6º)
b) Qualquer das partes (§§4º e 6º)
c) Desarquivamento dos autos (§4º)
d) prevenção do juízo (competência funcional) (§4º)
e) prazo decadencial de 2 anos da data da intimação da decisão
de extinção (§5º)
f) Decurso do prazo: estabilização definitiva.

4. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE: procedimento (art. 305 a 310)


4.1. Conceito: medidas preservativas/conservativas que atuam
sobre o processo e não sobre eventual direito das partes, com
objetivo de garantir um resultado útil.
Tutelam o processo: buscam preservar meios sem os quais o
processo não poderia ser realizado de modo eficiente ao
exercício da jurisdição. Visam à preservação de bens que neste
deverão ser submetidos a constrições judiciais.
Tem que formular o pedido principal 30 dias depois da
concessão da medida conservativa.
4.2. Procedimentos:
4.2.1. Cautelar incidental: requerida no curso do pedido
principal já ajuizado (processo em andamento). Não exige
formalidades a observar quanto ao requerimento.
4.2.2. Cautelar antecedente: requerida antes do pedido
principal, em caráter de urgência. Segue o procedimento dos
arts. 305 a 310.

4.2.2.1. Requisitos petição inicial (art. 305, caput +


requisitos gerais):
a) lide e fundamento: indicação pedido principal, o juiz tem
que saber a instrumentalidade da cautelar com a principal, tem
que ver uma relação que garanta o resultado útil ao processo.
A cautelar é instrumento a serviço principal, deve-se
verificar se há resultado útil ao processo. Deve mostrar o
nexo que existe, se não tiver relação, o juiz indefere. É a
lide principal que será discutida na ação.
b) exposição sumária do direito: probabilidade de ocorrência
do direito.
c) perigo de dano ou risco processo
d) pode formular o pedido principal e a cautelar juntos, se
tiver condições e convier ao requerente (art. 308, §1º)
e) Conversibilidade das medidas de urgência (art. 305, par.
único): ver item 2.9. Se formular um pedido cautelar
antecedente, mas tem natureza antecipada, o juiz determina a
conversão pela emenda (adequação)

ENUNCIADO 44 da I Jornada de DPC do CJF: é requisito da


petição inicial da tutela cautelar requerida em caráter
antecedente a indicação do valor da causa.

4.2.2.2. Citação – contestação o pedido da cautelar (manifesta


sobre ausência do dano irreparável ou difícil reparação e
probabilidade de direito): 5 dias (art. 306)
4.2.2.3. Revelia (art. 307): não sendo contestado, os fatos
serão tidos como verdadeiros. O Juiz julga a cautelar, mas a
requerente ainda precisa apresentar o pedido principal, sendo
que a ré ainda pode ganhar a ação. O pedido principal irá
continuar.
4.2.2.4. Procedimento comum (art. 307, parágrafo único)

ENUNCIADO do FPPC 381: É cabível réplica no procedimento de


tutela cautelar requerida em caráter antecedente.

4.2.2.5. Propositura pedido principal (sem custas, com ou sem


aditamento da causa de pedir (art. 308, § 2º)): 30 dias após
efetivação/executada da tutela cautelar (art. 308,caput),
sendo apresentada nos mesmos autos

4.2.2.6. Intimação audiência conciliação ou mediação(art. 308,


§ 3º)
4.2.2.7. Contestação no prazo do art. 335 (art. 308, § 4º), no
prazo de 15 dias
4.2.2.8. Cessação eficácia (art. 309) ex. o autor não propõe o
pedido principal em 30 dias, a cessação é decretada de ofício,
devendo o cartório certificar, o juiz revoga e julga extinto
sem resolução do mérito
Art. 309. Cessa a eficácia da tutela concedida em
caráter antecedente, se:
I - o autor não deduzir o pedido principal no
prazo legal;
II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;
(custas, mandados, ações para executar a medida
concedida)
III - o juiz julgar improcedente o pedido
principal formulado pelo autor ou extinguir o
processo sem resolução de mérito.
Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a
eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte
renovar o pedido, salvo sob novo fundamento.
ENUNCIADO do FPPC 504: Cessa a eficácia da tutela cautelar
concedida em caráter antecedente, se a sentença for de
procedência do pedido principal, e o direito objeto do pedido
foi definitivamente efetivado e satisfeito. ENUNCIADO 46 da I
Jornada de DPC do CJF: aa cessa

ENUNCIADO 46 da I Jornada de DPC do CJF: a cessação da


eficácia da tutela cautelar, antecedente ou incidental, pela
não efetivação no prazo de 30 dias, só ocorre se caracterizada
omissão do requerente.

4.2.2.9. Reconhecimento decadência ou prescrição (art.310)


O indeferimento da tutela cautelar, não impede que a parte
formule a petição inicial e nem influi no julgamento deste,
desde que não seja causa de decadência ou prescrição do pedido
principal. O indeferimento encerra com seu direito.
Se o pedido de urgência na cautelar for indeferido, tal fato não
obsta a continuidade da ação principal mediante a propositura no
prazo de 30 dias. Até porque, na sentença, o juiz poderá reavaliar
os fatos e rever sua decisão, para assim reformar ou confirmar sua
decisão neste particular. A interposição da ação principal neste
caso só não teria cabimento, caso o juiz ao indeferir o pedido de
urgência, entendesse pela decadência ou prescrição do direito
(art.310). A prescrição, por sua vez, impede a propositura ou
continuidade de qualquer ação.

Tutelas de Evidência
É uma espécie de tutela provisória que tutela proteger o
direito evidente.
O direito é tão claro que pode ser concedido no começo ou
no meio do processo, mas antes da sentença final. Mesmo sem
perigo ou dano da demora pode requerer, não necessita da
urgência.
É uma tutela satisfativa (entrega o direito), tem uma
probabilidade máxima de ocorrência do direito invocado.
O direito transparece tão claro, tão evidente que se dá
uma decisão provisória satisfativa, concedendo-o ao
requerente. Logo, é um direito líquido e certo, que salta aos
olhos, de modo que não precisa se comprovar a urgência; apenas
a probabilidade máxima e não mera probabilidade simples do
direito invocado. Apesar de o direito estar evidente, ainda é
tutela provisória.

É a tutela provisória que prescinde da urgência.


a) probabilidade máxima
b) ausência de perigo (art. 311, caput)
c) caráter satisfativo
d) não julgamento antecipado
Art. 311. A tutela da evidência será concedida,
independentemente da demonstração de perigo de
dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de
defesa ou o manifesto propósito protelatório da
parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas
apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado
em prova documental adequada do contrato de
depósito, caso em que será decretada a ordem de
entrega do objeto custodiado, sob cominação de
multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova
documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova
capaz de gerar dúvida razoável.

Hipóteses de cabimento:
a) abuso de direito de defesa (I): caráter sancionatório, são
de ambas partes.
ENUNCIADO 47 da I Jornada de DPC do CJF: a probabilidade do
direito constitui requisito para concessão da tutela da
evidência fundada em abuso do direito de defesa ou em
manifesto propósito protelatório da parte contrária.

b) prova documental + julgamento casos repetitivos ou súmula


vinculante – interpretação extensiva (II): autoriza liminar
(parágrafo único). O seu direito vai ficar evidente quando
tiver prova escrita documentada de seus fatos e o direito que
está sustentando tem julgamento repetitivos, precedentes,
súmulas, demandas repetitivas, mas ainda é a título
provisório, satisfazendo no início. A lei fala só
expressamente, deve estender para súmulas de tribunais locais,
julgamentos repetitivos para tribunais locais, devendo ser
aproveitado o entendimento pacíficos desses tribunais.

ENUNCIADO 48 da I Jornada de DPC do CJF: é admissível a tutela


provisória da evidência, prevista no art. 311, II, do CPC,
também em casos de tese firmada em repercussão geral ou em
súmulas dos tribunais superiores.
ENUNCIADO 30: É possível a concessão da tutela de evidência
prevista no art. 311, II, do CPC/2015 quando a pretensão
autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo Supremo
Tribunal Federal em sede de controle abstrato de
constitucionalidade ou com tese prevista em súmula dos
tribunais, independentemente de caráter vinculante.
ENUNCIADO 31: A concessão da tutela de evidência prevista no
art. 311, II, do CPC/2015 independe do trânsito em julgado da
decisão paradigma.

c) restituição bem depositado (III): autoriza liminar


(parágrafo único)
ENUNCIADO 29: Para a concessão da tutela de evidência prevista
no art. 311, III, do CPC/2015, o pedido reipersecutório deve
ser fundado em prova documental do contrato de depósito e
também da mora.
d) prova documental fatos constitutivos, sem oposição
suficiente do réu (IV)

Recursos:
a) contra indeferimento ou deferimento da tutela provisória:
agravo de instrumento (art. 1.015, I)
b) contra confirmação, concessão ou revogação na sentença:
apelação sem efeito suspensivo (art. 1.012, §1º, V).

Impossibilidade de concessão de ofício da tutela provisória de


evidência
Para que se conceda a tutela provisória de evidência, é
preciso que haja requerimento da parte interessada. O juiz não
deve concedê-la de ofício.
O Código de Processo Civil adota, nos seus art. 2º, 141 e 492,
a regra da congruência. Em razão dessa regra, não é possível
ao juiz conceder a tutela provisória de ofício.
Além disso, o art. 295 do CPC dispõe que a tutela provisória
será requerida, a indicar a exigência de requerimento para que
seja deferida.
Há quem defenda ser possível a concessão de ofício da tutela
provisória, quando o juiz perceber a necessidade de evitar
perecimento do direito, preservando a utilidade da tutela
jurisdicional pretendida. Tal entendimento, contudo, é apenas
compatível com a tutela provisória de urgência, não guardando
pertinência com a de evidência.
A tutela provisória de evidência não deve, enfim, ser
concedida de ofício, devendo sempre haver requerimento da
parte interessada.

Procedimentos Especiais
1. INTRODUÇÃO
Procedimento é especial porque não é comum.

- procedimento (modo de o processo se formar e se desenvolver)


comum: processo de conhecimento

- procedimentos especiais: jurisdição contenciosa (que há


litigio e controversa entre as partes) e voluntária (há
interessados, tem apenas homologação de interesses).

- elevado grau de influência do direito material (direito


civil/ código do consumidor) aqueles direitos que estão
garantidos possui um relação muito próxima com os
procedimentos especiais.

- leva em conta essencialmente o atendimento à correção de


possível lesão específica de direito material

- técnicas de especialização procedimental:


A. simplificação e agilização dos trâmites processuais
(redução de prazos e eliminação de atos desnecessários
porque o objetivo é atingir logo o direito material)
B. delimitação do tema que se pode deduzir na inicial e na
contestação;
C. explicitação dos requisitos materiais e processuais para
que o procedimento especial seja eficazmente utilizado, a
lei deixa claro o que estar na petição e na contestação,
visando a celeridade do direito.
D. fusão de providências de natureza cognitiva
(conhecimento) e executiva (execução),
E. criação de atos para a mais perfeita adequação do rito à
pretensão da parte
- aplicação das regras gerais do processo de
conhecimento, aquilo que a lei for omissa, utiliza o
procedimento comum.
- incompatibilidade entre os procedimentos: especial
derroga o geral.
- divisão: jurisdição contenciosa e voluntária e de leis
extravagantes
- aplicação subsidiária: artigo 318, parágrafo único

2. DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.


A primeira ação de procedimento especial é a ação de
consignação em pagamento.

2.1. Dispositivos legais: CPC, arts. 539 a 549 e CC, arts. 334
e 335.
Extinção das obrigações: através do pagamento ou consignação
(recusa de quem quer receber e deposita em juízo para cumprir
sua obrigação)

2.2. Cabimento: quando o devedor que tem interesse em cumprir


sua obrigação, na forma e tempo pactuados, não interessando a
incômoda situação de ver-se constituído em mora, não consegue
que o credor aceite o pagamento.
É forma de extinção das obrigações, quando há mora do credor
(mora accipiendi # mora solvendi: do devedor): pagamento em
consignação

2.3. Função precípua: desobrigar o devedor do pacto assumido.


2.4. Objeto da consignação: quaisquer prestações que consistam
em coisas, fungíveis e infungíveis, com exceção apenas das
prestações que consistam em fazer ou não fazer que, por não
serem coisas corpóreas, não podem ser objeto de depósito.
2.4.1. Dívida líquida e certa:
- desnecessidade: a consignação tem por finalidade efetivar o
pagamento e, por consequência, a liberação do consignante, não
fazendo a lei qualquer restrição quanto à iliquidez da dívida,
cujo valor pode ser objeto de impugnação e discussão (art.
545).
Deve ser exigível porque o credor não está obrigado a aceitar
o valor fora do prazo da dívida.
- “A oferta tem de ser precisa quanto ao seu objeto e
determinada em sua quantidade, sem que para isso a dívida em
si mesma precise ser líquida e certa. Divergências que surjam
a qualquer desses respeitos entre as partes solucionam-se nos
próprios autos da consignatória, sem o que o julgamento de
mérito será impossível – consistindo esse julgamento, como
consiste, na declaração de haver ou não o devedor realizado um
equivalente do pagamento” (Adroaldo Furtado Fabrício).

2.5. Hipóteses de cabimento (quando a consignação tem lugar


(CC, art. 335 - circunstâncias em que o devedor, com a
intenção de desobrigar-se, não consegue obter o recebimento,
não por vontade sua):
Art. 335. A consignação tem lugar:
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa,
recusar receber o pagamento, ou dar quitação na
devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a
coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva
legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

A. inciso I (impossibilidade ou recusa): dívida de prestação


portável: aquela em que o devedor deve procurar o credor
para pagamento, no lugar indicado no contrato.
B. inciso II: dívida de prestação quesível: aquela em que o
credor se comprometeu a receber a coisa buscando-a com o
devedor ou em lugar indicado por este.
C. inciso III: prestação portável
D. inciso IV: é preciso que a dúvida seja fundada em
elementos objetivos (“dúvida objetiva”) dúvida de
conhecimento geral, a fim de que o devedor não incida no
perigo de pagar mal e pagar duas vezes. Exemplos: quando
um título cambial, circulável por excelência, venha a
sofrer sucessivas transferências e vários sejam os que se
intitulam credores; ou dúvida relativa a que sindicato
cabe a contribuição sindical. Observar disposto nos
artigos 547 e 548.
E. inciso V: se pender litígio sobre o objeto do pagamento.

2.6. Legitimidade ativa (art.539):


A. devedor
B. terceiro que tenha interesse na extinção da obrigação.
Apenas o 3º interessado se sub-roga nos direitos do
credor (CC, art. 305) (o terceiro assume a posição de
credor, terá direito de cobrar depois).
Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o
devedor ou terceiro requerer, com efeito de
pagamento, a consignação da quantia ou da coisa
devida.

2.7. Legitimidade passiva:


A. credor ou credores (litisconsortes)
B. contra todos no caso de dúvida (CC, art. 335, IV e CPC,
art. 547)
2.8. Competência:
A. do lugar do pagamento (art. 540): em regra, domicílio do
devedor (CC, art. 327). Possível a eleição de foro
(convencionado pelas partes).

B. consignação de aluguéis, tem lei própria (art. 58, II da


Lei n. 8.245/91): foro do lugar da situação do imóvel ou
do foro eleito

2.9. Prestações periódicas (art. 541): direito de consignar as


prestações no mesmo processo, enquanto este durar. A sentença
abrangerá todas elas. Deve consignar as prestações que se
vencerem no curso do processo (5 dias antes do vencimento).
Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas,
consignada uma delas, pode o devedor continuar a
depositar, no mesmo processo e sem mais
formalidades, as que se forem vencendo, desde que
o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do
respectivo vencimento.

2.10. Consignação extrajudicial (depósito bancário), que não é


judicial.
a) artigo 539, §§1º a 4º.
§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá
o valor ser depositado em estabelecimento
bancário, oficial onde houver, situado no lugar do
pagamento, cientificando-se o credor por carta com
aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez)
dias para a manifestação de recusa.
§ 2º Decorrido o prazo do § 1º, contado do retorno
do aviso de recebimento, sem a manifestação de
recusa, considerar-se-á o devedor liberado da
obrigação, ficando à disposição do credor a
quantia depositada.
§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito
ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta,
dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação,
instruindo-se a inicial com a prova do depósito e
da recusa.
§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3º, ficará
sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o
depositante.
b) opção do devedor. Não obsta o ingresso da consignatória.
c) somente quando se tratar de obrigação em dinheiro
d) objetiva evitar o processo
e) é providência de direito material
f) Qualquer estabelecimento bancário, oficial onde houver
Se o credor não se manifestar, está quitada a dívida do
depositante. Se manifestar recusa, o dinheiro fica a
disposição do depositante, que poderá entrar com a ação de
consignação de pagamento ou apresentar levantamento.

2.11. Procedimento:
a) petição inicial: art. 542. Falta de depósito: extinção
(art. 542,§único).
Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:
I - o depósito da quantia ou da coisa devida, a
ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados
do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539,
§ 3º ;
Entra com PI falando que o credor se recusa a receber, o juiz
autoriza o autor a depositar o valor em até 5 dias, salvo se tiver
entrado com o valor extrajudicial. Faltando o depósito, o processo
é extinto.
II - a citação do réu para levantar o depósito ou
oferecer contestação.
Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo
do inciso I, o processo será extinto sem resolução
do mérito.

b) coisa indeterminada e escolha do credor: art. 543.


Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa
indeterminada e a escolha couber ao credor, será
este citado para exercer o direito dentro de 5
(cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou
do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça,
devendo o juiz, ao despachar a petição inicial,
fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega,
sob pena de depósito.
Obrigação de entregar um bem ou outro (alternativa), traz as
duas para o juízo para que o credor escolha

c) Contestação e reconvenção: Pode apresentar reconvenção


c1. prazo 15 dias regra geral (art. 335)
c2. matérias arguíveis: art. 544 (pode ser alegada mais de uma
ao mesmo tempo, não havendo impedimento para que o réu discuta
a própria existência do débito, sua origem ou exigibilidade):
- inciso I: defesa de mérito direta: nega o fato
constitutivo do direito do autor (a recusa)
- inciso II: defesa de mérito indireta: réu admite a
recusa, mas alega outro fato justificativo do seu
comportamento
- inciso III: busca demonstrar que não houve mora do credor
(lugar e data errados)
- inciso IV: discute-se o montante da dívida (indicar o
montante devido: art. 544, §único). É possível a
complementação do valor, por parte do devedor (art. 545):
levantamento parte incontroversa (art. 545, §2º), ex. A
diz dever 10, B diz que A deve 15, B concorda com o
levantamento de 10 e depois as partes discutem os 5.
Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é
lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias,
salvo se corresponder a prestação cujo
inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.
Pode complementar, mas quando a prestação disser respeito ao
inadimplemento do contrato não pode, porque o credor quer a
rescisão, não quer o pagamento. Se o credor autoriza a
complementação do pagamento, significa que não vai mais
rescindir, ou seja, se o devedor depositar e o credor
levantar, não poderá rescindir o contrato.
Assim, pode o credor não querer a complementação do
depósito,não quer o levantamento da importância devida, visto
que o devedor é mau pagador e deseja a rescisão. O contrato
deve prever a resolução do contrato por descumprimento da
obrigação.

*OBS. Se o credor optar pelo levantamento parcial e pela


execução do saldo, não poderá, posteriormente pedir a rescisão
contratual, a não ser que não haja incompatibilidade entre o
crédito e a rescisão no plano do direito material, como ocorre
na locação, em que o aluguel é devido até a efetiva
desocupação e a insuficiência do depósito é causa de
decretação do despejo.

d) dúvida sobre a quem pagar: art. 547. Hipóteses:


Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva
legitimamente receber o pagamento, o autor
requererá o depósito e a citação dos possíveis
titulares do crédito para provarem o seu direito.
● d1. nenhum pretende comparece: extinção. Arrecadação
coisas vagas: art. 746.
● d2. apenas um comparece: juiz decidirá se o pretendente é
ou não o credor
● d3. mais de um pretendente comparece: disputa pelo
crédito. Exclusão do autor, com direito às verbas
sucumbenciais (credores presuntivos: os que
presumivelmente devem receber).

e) sentença: extinção da obrigação (art. 546) e sempre que


possível deve apontar o valor devido (título executivo: arts.
545, §2º).

2.12. Resgate do aforamento (art. 549) (CC/16 art. 678)


- a enfiteuse (proprietário pleno cede a outrem o domínio útil
de um terreno destinado a cultura ou edificação, mediante
pagamento de pensão ou foro anual) não está mais prevista no
CC. Se o senhorio se recusa a aceitar o resgate, o foreiro
pode ajuizar ação de consignação em pagamento para liberar seu
imóvel do gravame existente (CC 1916, art. 693).

Ação de Exigir Contas


3.1. Dispositivos legais: CPC, arts. 550 a 553.
Art. 550. Aquele que afirmar ser titular do
direito de exigir contas requererá a citação do
réu para que as preste ou ofereça contestação no
prazo de 15 (quinze) dias.

3.2. Cabimento: quando há administração ou gestão de bens,


interesses ou negócios de outrem. Direito de exigir do titular
dos bens, daquele que tem obrigação de prestá-las. Exs.
Tutela, curatela, sucessão provisória, mandato, testamenteiro,
inventariante, administrador de bens, síndico (art. 553).

3.3. Requisito: existência de vínculo, decorrente de lei ou de


contrato.
3.4. Finalidade: extinção da obrigação, com apuração de
eventual saldo devido.

3.5. Caráter da ação: dúplice (na 2ª fase): porque, ao julgar


as contas, o saldo credor pode ser tanto a favor do autor
quanto a favor do réu. Descabe, pois, reconvenção.
3.6. Iniciativa: devedor ou credor (legitimidade concorrente).

3.7. Forma: “adequada” (art. 551): especificação das receitas,


aplicação das despesas e investimentos, se houver.

3.8. Procedimento (só para exigir contas, e não prestá-las):


3.8.1. Petição inicial:
A. Requisitos genéricos (art. 319) + requisitos específicos
(art. 550):
1. especificação detalhada das razões de exigir contas;
2. pedido de citação para prestar contas ou contestar
em 15 dias;
3. Documentos comprobatórios da necessidade, se
existirem.
3.8.2. Citação. Pode ser real (mandado ou ofical de justiça)
ou ficta (por edital ou hora certa).

3.8.3. Condutas do réu em 15 dias:


3.8.3.1. presta as contas (art. 550, §2º) Não nega a obrigação
de prestar contas > impugnação específica e fundamentada do
autor 15 dias (art. 550,§§2º e 3), com referência expressa ao
lançamento questionado. Após pretar contas o autor impuna
pontos específicos > segue julgamento conforme o estado do
processo (arts. 354 a 357)

3.8.3.2. não presta e não contesta (art. 550, §4º) >


julgamento antecipado do mérito (art. 355) > decisão mandando
prestar em 15 dias (art. 550, §5º), sob pena de não lhe ser
lícito impugnar as que o autor apresentar.

3.8.3.3. presta e contesta (art. 550, §1º) reconhece o dever


de prestar e alega que não foram pedidas, que já foram
prestadas e com elas não concordou o autor, etc. > postula a
aprovação das contas ofertadas, sem reconvenção > instrução se
o caso > sentença acolhendo ou rejeitando as contas do autor.

3.8.3.4. contesta dever de prestar contas: Nega o dever, não


tem obrigação nem por força de lei ou por contrato.
A. instrução, se o caso > sentença improcedência > apelação.

B. instrução, se o caso > decisão 1ª fase reconhecendo o


dever de prestar contas e mandando prestar > agravo de
instrumento (art. 1.015, II), se desprovido, duas
alternativas:
1. Réu presta > autor impugna (art. 550,§3º) >
instrução > sentença fixa saldo devedor (art. 552) >
forma-se título executivo (art. 552).
2. Réu não presta > autor apresenta contas (arts.
550,§6º e 551,§2º) > réu não pode impugnar (art.
550,§6º) > sentença fixa saldo (art. 552) > forma-se
título executivo (art. 552).

3.9. Sentença (art. 552)


Art. 552. A sentença apurará o saldo e constituirá
título executivo judicial.
3.9.1. natureza: declaratória, quanto à existência de saldo
(tanto em favor do autor, como do réu), e condenatória, quanto
à obrigação de pagar o valor apurado.

3.9.2. encargos da sucumbência: só na sentença, já que havendo


1º fase, está será julgada por decisão interlocutória. Segundo
HTJr. “o mérito nesse tipo especial de ação gira em torno da
obrigação de prestar contas e não da cobrança propriamente
dita do saldo que destas possa resultar. Tanto que o autor que
exigiu as contas será a parte vencedora, ainda quando o saldo
final seja zero ou represente débito a seu desfavor”. Encargos
a quem se recusou a prestar contas, porque deu causa à ação.
3.10. Competência em ações específicas (art. 553):
- Por dependência (apenso), competência funcional:
inventariante, curador, depositário, síndico ou, em suma, de
qualquer administrador judicial, sob pena de destituição do
cargo, sequestro de bens, glosa do prêmio ou gratificação e
determinação de medidas executivas necessárias à recomposição
do prejuízo. Ou seja, a ação de exigir contas entra em apenso
ao processo principal.

4. Das Ações Possessórias


4.1. Dispositivos legais: CC, arts. 1.196 a 1.224 e CPC, arts.
554 a 568
4.2. Generalidades:
4.2.1. Classificação da proteção possessória:
a) o desforço físico imediato (CC, art. 1.210,§1o), que é um
forma de autotutela;
b) as ações possessórias típicas: reintegração, manutenção e
interdito proibitório
c) outras ações de conteúdo possessório, p.ex., os embargos de
terceiro

Embargos De Terceiro
5.1. Previsão legal: arts. 674 a 681 CPC.
5.2. Conceito: ação de procedimento especial de jurisdição
contenciosa que tem por finalidade a proteção da posse ou
propriedade daquele que, não tendo sido parte no feito, sofre
constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou
sobre os quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo (Exs. Arresto, sequestro, alienação judicial,
mandado possessório, de despejo, etc).

5.3. Finalidade: exclusão de bens da constrição judicial.


Exclusão dos efeitos de uma decisão judicial que não pode
prejudicar ou beneficiar terceiros (limite subjetivo da coisa
julgada). Servem exclusivamente para a defesa de bens
indevidamente atingidos pela execução, não sendo viável
discussão sobre qualquer outro aspecto da validade do processo
ou da existência do crédito.

5.4. Natureza jurídica: ação de conhecimento autônoma, de


cognição exauriente, capaz de gerar coisa julgada material em
torno do direito dominial ou da posse reconhecida ou negada ao
embargante.

5.5. Requisitos:
a) Existência de medida executiva em processo alheio
b) Atingimento de bens de quem tenha direito ou posse
incompatível com a medida;
c) Tempestividade

5.6. Legitimidade ativa (art. 674): terceiro:


a) Proprietário, fiduciário e possuidor direto (art. 677, §2º)
b) Cônjuge ou companheiro: bens particulares ou meação (§2º,
I)
c) Adquirente do bem vítima da declaração de ineficácia por
fraude (§2º, II). Terceiro que compra quando já existia um
processo de execução pendente.
d) No caso desconsideração de personalidade jurídica, se não
participou do incidente (§2º, III)
e) Credor com garantia real (§2º, IV).
** terceiro interessado: intimação: economia processual e
dever de atenção e cooperação: art. 675, parágrafo único.

5.7. Legitimidade passiva: art. 677, §4º


Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a
prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da
qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol
de testemunhas.
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o
ato de constrição aproveita, assim como o será seu
adversário no processo principal quando for sua a
indicação do bem para a constrição judicial

5.8. Prazo (art. 675):


a) No processo de conhecimento: enquanto não transitada a
sentença
b) No cumprimento da sentença ou no processo de execução: até
5 dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa
particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura
da respectiva carta

5.9. Procedimento:
a) distribuição dependência: conexão (art. 676): competência
funcional
- ato constritivo por carta (art. 676, §ú)
b) petição inicial: art. 319 e art. 677, “caput” (prova
sumária da posse ou do domínio e da qualidade de terceiro,
documentos e rol de testemunhas)
c) audiência de justificação prévia: art. 677, §1º
d) citação pessoal: até por carta (art. 677, §3º)
e) contestação: art. 679 (procedimento comum: possibilidade de
revelia)
- Defesa em embargos do credor com garantia real: art. 680.
(ex. inciso II: hipoteca não registrada (CC art. 676), não
obriga 3º)
f) suspensão de medidas constritivas (liminar) e caução: art.
678
g) sentença (art. 681): cancelamento constrição (mandamental)
e reconhecimento domínio (constitutiva), reintegração,
manutenção (executivas lato sensu) e reconhecimento direito
(constitutiva).
h) apelação: duplo efeito

- Terceiro de boa-fé, súmula 84 stj.

Ação Monitória
6.1. Disposições legais: arts. 700 a 702.
6.2. Objetivo:
- trata-se de procedimento especial de jurisdição contenciosa
e, portanto, de processo de conhecimento, embora com
prevalente função executiva.
- facilitar o acesso do credor ao título executivo ou, mesmo,
à satisfação do crédito, em face de isenções concedidas ao
réu.
- É mera faculdade do credor (pode preferir a via condenatória
de conhecimento): art.785. - há situações em que o direito do
credor se revela tão evidente, embora não disponha ele de
título executivo extrajudicial, que é razoável supor que não
haverá resistência ou, em havendo, será vazia, de modo a
caracterizar situação não de pretensão contestada, mas, sim,
de pretensão insatisfeita.
- cumprido tal mandado, não havendo cumprimento da obrigação e
nem embargos, a ordem inicial (mandado monitório) convola-se
em mandado executivo (definitivo), equivalendo à sentença
condenatória transitada em julgado, sem prejuízo de, querendo,
oferecer embargos e, assim, instaurar o contraditório. O
contraditório, então, é eventual e diferido. Por intermédio
dele, em essência, se transfere ao réu o ônus de instaurar o
contraditório
6.3. Objeto da ação monitória (art. 700, I, II e III)
a) ao credor de quantia certa,
b) ao credor de coisa fungível ou infungível de determinada
coisa móvel ou imóvel e,
c) em caso de adimplemento de obrigação de fazer e não fazer.

6.4. O procedimento monitório:


- Requisito: prova escrita sem eficácia de título executivo
(art. 700, “caput”).
- obrigação esteja provada por escrito, sem que se caracterize
o título executivo extrajudicial.
- o conceito há de ser o mais amplo possível, ou seja,
desnecessidade de documento que contenha reconhecimento
expresso do devedor, sob pena de praticamente inviabilizar a
via monitória.
- Ou melhor, qualquer documento isolado ou grupo de documentos
conjugados de que seja possível o juiz extrair razoável
convicção acerca da probabilidade de existência do crédito
pretendido (juízo de probabilidade – cognição sumária).
- exemplo do atropelamento + hospital + inquérito
- dúvida concreta e objetiva quanto à eficácia executiva =
monitória. Exs. dúvida quando às assinaturas das testemunhas;
dívida condominial; cheque especial (súmulas 233 e 247 do
STJ); título de crédito prescrito.

- Dúvida quanto à idoneidade da prova documental =


procedimento comum: art. 700, §5º.
- prova oral documentada: art. 381, produção antecipada (art.
700, §1º)
6.5. Competência: regra geral: lugar do cumprimento da
obrigação ou foro do domicílio do réu, salvo se houver
cláusula de eleição.

6.6. Legitimidade ativa: é do credor, que disponha de prova


escrita do crédito.

6.7. Legitimidade passiva:


- do devedor que como tal emana da prova escrita, muito embora
haja limitações (falido, insolvente, incapaz).
- legitimidade passiva da Fazenda Pública: art. 700, §6º.

6.8. Petição inicial:


- art. 319 + 700, §2º + prova escrita = mandado monitório

6.9. Citação: todos os meios (art. 700, §7º)

6.10. Posturas do réu:


a) cumpre o mandado > extinção do processo > isenção custas
(art. 701, §1º)
b) inércia > o mandado monitório se convola em mandado
executivo judicial - equivalente, pois, à sentença
condenatória transitada em julgado: faz coisa julgada material
(art. 701, §3º).
- consequência: preclusão de todas as matérias anteriores à
formação do título executivo.
c) aplicação art. 916: parcelamento débito (art. 701, §5º): só
na monitória e não nos embargos (art. 916, §6º)
d) oferece reconvenção (art. 702, §6º)
e) embarga: sem segurança do juízo, no prazo de 15 dias (art.
702).

6.11. Dos embargos (art. 702):


6.11.1. natureza:
- ação de conhecimento com cognição exauriente.
- suspende eficácia da decisão: art. 702, §4º.

6.11.2. matéria dedutível (art. 702, §1º):


- toda e qualquer matéria, processual ou de mérito, mesmo
porque se trata de ação de procedimento comum, com cognição
exauriente.
- quantia superior à devida: indicação valor correto: art.
702,§§2º e 3º.
- embargos parciais: art. 702, §7º. A parte alegou nos
embargos que deve uma certa quantia, assim continua o processo
dos embargos nos valores controversos, mas os incontroversos
continuam com a ação monitória, podendo prosseguir pelo
cumprimento de sentença.

6.11.3. petição inicial: art. 319.


- possível a concessão de tutela de evidência em favor do
embargado (ou até mesmo de urgência).

6.11.4. ônus da prova:


- controvérsia: para alguns, o ônus da prova é exclusivo do
embargante (porquanto o embargado já fez prova do fato
constitutivo de seu direito); para outros, incide o artigo 373
do CPC, mas de forma invertida: o autor (embargante) há de
provar os fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do
direito do autor/embargado, enquanto o embargado, instaurada a
controvérsia, há de provar o fato constitutivo de seu direito
creditício.

6.11.5. intimação (e não citação) do embargado: intimação, na


pessoa do advogado (omissa a lei – art.702,§5º)
- revelia: produz os efeitos do artigo 344, desde que tenha
sido advertido (arts. 248,§3º, 250, II e 257, IV) e desde que
a prova já produzida na inicial da monitória não seja em
sentido contrário.

6.11.6. sentença (mandado definitivo): desafia recurso de


apelação (art. 702, §9º).
Rejeitar os embargos e converter o mandado monitório em
executivo.
Ao acolher os embargos, julga extinta a ação monitória.
- Controvérsia sobre o efeito:
a) duplo efeito: regra geral do art. 1012.
b) só devolutivo: por força do art. 702,§4º, art. 702, §8º
(“pleno direito”) e equiparação à tutela de evidência (art.
1012, §1º, V): maioria.

6.11.7. constituído o título executivo, cabe impugnação: desde


que alegáveis matérias supervenientes à constituição do título
e com as limitações do artigo 525,§1º do CPC.

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