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Comarca de Deodápolis
Vara Única
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Autos: 0000448-32.2021.8.12.0032
Ação: Procedimento Especial da Lei Antitóxicos - Tráfico de Drogas e Condutas
Afins
Réu: Leandro Alves Tavares
SENTENÇA
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Após carregar o caminhão com soja, em Rio Brilhante/MS, o denunciado se
deslocou até à cidade de Ponta Porã/MS, na fronteira com o Paraguai,
onde indivíduos desconhecidos substituíram a carga de soja pela carga de
entorpecente.
A carga, segundo contrato de transporte anexo ao feito3, estava destinada à
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É o que cumpria relatar. Fundamento e decido.
II. FUNDAMENTAÇÃO
II.1 – TIPICIDADE, ANTIJURIDICIDADE e CULPABILIDADE
Trata-se de ação penal movida pelo Ministério Público em face de Leandro
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réu.
Conforme depoimentos prestados em juízo, restou indubitável que foram
apreendidos 36.500 Kg de maconha no interior do reboque da carreta Scania/R124 420,
Placas AMY-8A3, conduzida pelo réu, bem como que era de seu conhecimento o caráter
ilícito do carregamento.
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nunca havia abordado o réu.
O investigador de policia civil Edilson Ferreira de Andrade, em Juízo,
asseverou que não participou do interrogatório do réu, se recorda, pela ocorrência, que o
réu afirmou que carregou soja em Rio Brilhante/MS, se deslocou até Ponta Porã/MS
onde a carga foi substituída por droga e estava se deslocando até São Paulo. Afirmou
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Leandro Alves Tavares deve ser condenado por ter praticado condutas que se adéquam
ao tipo penal descrito no art.33, caput, da Lei n. 11.343/2006.
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Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, como a maior apreensão de droga do Brasil2.
A seu turno, a natureza da droga não deve prejudicar o réu.
Com isso, como fração necessária e suficiente para a prevenção e reprovação
do crime, majoro a pena em 1/3 (um terço) no que tange a essa circunstância judicial3.
Por fim, não há comportamento da vítima para ser valorado no presente feito,
considerada sua preponderância, o julgador poderá concluir pela necessidade de exasperação da pena-
base em fração superior se considerar expressiva a quantidade da droga, sua diversidade e natureza (art.
42 da Lei n. 11.343/2006). (AgRg no HC 637.320/RO, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
QUINTA TURMA, julgado em 19/10/2021, DJe 25/10/2021)
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penal do pequeno traficante, assim concebido o agente que, ipsis litteris, "seja primário,
de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização
criminosa".
Em exegese ao referido dispositivo, a jurisprudência deflagrou o
entendimento de que a quantidade e a diversidade da droga revelam-se, igualmente,
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PROVIDO. 1. A Terceira Seção desta Corte, no julgamento do Eresp
1.887.511/SP, de Relatoria do Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (em
09/06/2021), fixou as seguintes diretrizes para a aplicação do art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006. 1 - a natureza e a quantidade das drogas
apreendidas são fatores a serem necessariamente considerados na fixação
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INCOMPATIBILIDADE. PRECEDENTES DA SEGUNDA TURMA.
ORDEM CONCEDIDA. I Nos termos da jurisprudência desta
Segunda Turma, a manutenção da prisão provisória é incompatível
com a fixação de regime de início de cumprimento de pena menos
severo que o fechado. Precedentes. II Ordem concedida para
Deixo de fixar valor mínimo para reparação dos danos causados pela
infração, pois a vítima é a coletividade. Nesse sentido:
APELAÇÃO CRIMINAL – PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO –
REPARAÇÃO DE DANOS – AFASTADA – CRIME PERIGO
ABSTRATO – VÍTIMA COLETIVIDADE – INVIABILIDADE DE
CONDENAÇÃO NOS TERMOS DO ART. 387, IV, DO CPP –
PRESCRIÇÃO PELO CRIME DE LESÃO CORPORAL CULPOSA –
PENA-BASE CONDENAÇÃO CRIME DO ESTATUTO DO
DESARMAMENTO – REDUÇÃO PARCIAL – RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. A condenação pelo crime de porte
ilegal de arma de fogo não permite a fixação de valor indenizatório
mínimo nos termos do art. 387, IV, do CPP, pois neste delito o sujeito
passivo é a coletividade, sociedade, não havendo vítima determinada,
tratando-se de crime de perigo abstrato. Deve ser afastada a
condenação à reparação de danos fixada em favor da vítima do crime
de lesão corporal culposa, cujo delito não gerou condenação ao réu
porque reconhecida a prescrição da pretensão punitiva estatal,
ressalvando-se apenas a possibilidade de buscar a indenização no
âmbito cível. A valoração negativa das circunstâncias do delito
apontando-se que o porte ilegal de arma de fogo ocorreu em uma
quadra escolar em que havia várias pessoas, inclusive crianças,
justifica o aumento da pena-base. Não se pode admitir que a lesão
causada na vítima do crime de lesão corporal, sobre o qual foi
reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, sirva de base para o
aumento da pena-base de outro delito. (TJMS. Apelação Criminal n.
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0202121-30.2012.8.12.0020, Rio Brilhante, 2ª Câmara Criminal,
Relator (a): Des. Ruy Celso Barbosa Florence, j: 28/09/2020, p:
01/10/2020)
Quanto aos bens apreendidos, por não ter sido comprovada a relação com o
III. DISPOSITIVO
Isso posto, CONDENO o réu Leandro Alves Tavares, brasileiro, inscrito
no RG n. 20660588 SSP/MS e no CPF n. 027498921-20, nascido em 07/05/1989, filho
de José Maria Alves Bueno e Minervina Tavares de Jesus, pela prática do delito previsto
no art. 33, caput, da Lei n. 11.343/06, à pena privativa de liberdade de de 6 anos, 11
meses e 10 dias de reclusão, a ser cumprida inicialmente no regime semiaberto, e a
1.111 (mil cento e onze) dias-multa dias-multa à razão de 1/30 do salário-mínimo
vigente, devidamente corrigidos até o efetivo pagamento.
Revogo a prisão preventiva do réu. Em vista disso, expeça-se o competente
alvará de soltura, a fim de que a respectiva Autoridade Policial/Carcerária o coloque
imediatamente em liberdade, salvo se por outro motivo deva permanecer preso.
Condeno o denunciado ao pagamento das custas.
Ante o quantum de pena, o réu não faz jus à substituição por penas restritivas
de direitos e suspensão condicional da pena.
Determino a incineração da droga apreendida, caso ainda não realizada,
observando-se o disposto no art. 72 da Lei n. 11.343/06.
Determino a restituição do valor apreendido (f.45) e do telefone celular (f.
89), somente após o trânsito em julgado.
Determino a restituição da corrente, pulseira e anel (f. 45),
independentemente do trânsito em julgado.
Decreto o perdimento em favor da União do veículo Scania R124, Placas
AMY8A38, ano 2005, e dos reboques placas AUC1D64, ano 2011, e AUC1D74, ano
2011 (fls. 49-50).
Certificado o trânsito em julgado desta sentença:
(i) expeça-se guia de execução penal/carta de guia, encaminhando-a à
Vara de Execução Penal competente;
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(ii) inscreva-se o nome do réu no rol dos culpados;
(iii) comunique-se a condenação ao Instituto de Identificação de Mato
Grosso do Sul e Nacional; e,
(iv) comunique-se ao Juízo Eleitoral, isto com base no artigo 15, III, da
Constituição Federal.