Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
INTROSPECÇÃO
O pior de tudo, talvez, seria você um dia lamentar por não ter feito,
não ter experimentado o que poderia mudar a sua vida, para que também
não envelheça com essa dúvida já que estava preso aos seus paradigmas,
que por diversas vezes nem são seus, mais dos que os cercam, os ditadores
de normas e condutas.
O TEMPO
CAPÍTULO II
O PRINCÍPIO
A sua infância não foi fácil, Alex deparava já aos seis anos com a
necessidade de adaptar sua vida a uma nova situação, pois perdera sua mãe,
acometida de uma doença cardíaca que lhe inchava o peito e que retirava as
forças. Vendo seu pai a situação de cuidar de três legítimos e três bastardos, em
uma condição social precária e por motivos que até hoje são remoídos, entregou-
os ao restante da família, direcionando o seu próprio destino.
Morando com os avós maternos, as coisas não mudavam e a
desestruturação familiar pesava no conceito de formação do caráter. Já em idade
avançada, o descanso perturbava mais do que a vontade de criar os netos, ao
qual resultou na distribuição dos vitimados pela família mais distante.
Estes fatos deram-se em algumas cidades interioranas do Goiás e São
Paulo, e findaram em Minas Gerais, onde despejados pelos padrões da maioria,
na situação de coitados, foram encaixados com Primos e Tios.
Alex ficou morando com um Primo, onde o grau, se pudesse classificar
seria de 2º , juntamente com uma irmã bastarda, já mocinha na época.Iniciava o
seu martírio.O anfitrião possuía um filho da mesma idade e uma menina recém-
nascida que com toda certeza, os carinhos, as atenções e até as formas de
representação destes através de presentes, eram direcionados de forma
diferenciada aos legítimos do que aos recém-chegados.
Porém explicar isto a uma criança que estava a descobrir o mundo e
com um único referencial de família, era difícil, frustrante e até revoltante. A
irmã que chegara no auge da iniciação dos trabalhos domésticos, não foi
poupada, recebendo educação, e sustento com a mais adaptada forma de
escravidão, a domiciliar. A revolta do passado, a frustração de uma adoção como
filho, não concretizada, crescia no íntimo, alimentando a necessidade de uma
busca de resolução de problemas afetivos.
A formação do caráter dos filhos é imprescindível para a obtenção de
uma sociedade estruturada, o desmembramento familiar precoce gera a omissão
do referencial de uma criança ou adolescente. Quando esta falha não vem da
falta de interesse dos pais, da manipulação de uma sociedade modificada pelos
meios de destruição televisiva ,vem da necessidade social da mãe, alicerce
familiar em se desmembrar para custear o financeiro da linhagem. Neste caso
Alex estava numa família que não era a sua, e por hora representava ser ,para
não haver frustração mais completa; mas a transparência dos fatos é visível ao
coração de uma criança, que na maioria das vezes o seu intelecto não foi capaz
de processar.
O menino crescia e apoiava-se nos referenciais jovens para amenizar
suas carências, que fossem no namoro ou nos esportes ao qual se adaptou muito
bem. O fato de desempenhar uma atividade por conta própria sem receber aquele
tão desejado incentivo ou uma palavra de entusiasmo, era frustrante mais não
desencorajava a necessidade de busca constante. Se psicologicamente estivesse
sendo avaliado, não se acharia normalidade a buscar de horários isolados, tais
como pelas madrugadas para efetuar os treinos de ciclismo, onde sua presença
não era notada na saída ou entrada.
CAPÍTULO III
DECISÃO
Talvez a sua oportunidade de vida teria chegado, todo jovem sonha com
lindas fardas, carros de combate, aviões e navios, não foi diferente com ele que
ao ver um panfleto, daqueles ilusórios, das forças armadas, encheu-lhe os olhos
em saber que na sua frente estava o direcionamento da sua vida, tão decisório
que já sem planos, não pensava em voltar atrás.
Mais que depressa, já em torno de três meses os planos já estavam
traçados, de mala pronta, passagem compra, disposto a cumpri-los.
A identificação com uma das irmãs era notória, por causa dos mesmos
ideais de liberdade e convicção de vitória na escalada da vida. Já inclusa nas
idéias, a concretização não estava longe e a ansiedade do novo rumo, do
inesperado.
Algumas pessoas acreditam que mais vale o que está de concreto nas
mãos, mesmo sendo pouco, do que se arriscarem a conquistar o muito, o mais do
que o concreto, o dessemelhante.
Sua infância e adolescência não contribuíram para um rumo traçado
pelos desacreditados; por uma quantidade de acomodados que pensavam na
desgraça alheia, a frustração de tentar algo e ser reprovado por quase todos
também não o desencorajavam, o passo estava para ser tomado, seria como punir
aqueles que não depositaram confiança, os maldizentes com a sua ausência, se é
que era notada, e com notícias de que ele se deu bem na vida, seria como fazer
engolir o que diziam.
Mais cada vez aumentava a necessidade da busca; pelas críticas, pelo
desencorajo, pelo sonho que sempre esteve enraizado no seu coração e não
morreria mesmo que tivesse que voltar aquela cidade por definitivo.
De dia certo, de hora marcada, não pensou em deixar para traz sua
grande paixão de juventude, sua vida, seu rumo era mais que um namoro ou uma
paixão, era a afirmação de que nada, nem ninguém o segurava.
Quando aquele ônibus já saía daquela pequena cidade, os últimos
olhares fitavam para os bairros onde brincou, as praças onde namorou, aos
costumes que seriam esquecidos, as ruas de paralelepípedos que não mais
incomodariam os finos pneus de seu esporte preferido. Os olhares apenas
fixavam no passado, nenhuma palavra era dita, atônitos no êxito da vida nova
que o esperava. À sua irmã perguntava se um dia tivesse que tomar a mesma
decisão, se o faria; a resposta veio como de um forno quente e saíra antes mesmo
da frase ser concluída. Estava então mais convicto do que fazia pois concretizou
nas palavras dela não só o que almejava mais a certeza de que logo seria
seguido.
A cidade das luzes estava diante dos teus olhos, e juntamente com a
empolgação do novo, trazia a uma visão de um enorme território a ser explorado,
o Distrito da incerteza, mais este desconhecido porém não era visto como um
enorme dragão que tragaria mais um aventureiro urbano recém-chegado, não ,
era visto como uma fera dominada pelos pequenos ideais de triunfo.
Na bagagem trazia a certeza, a intrepidez, para que muitas roupas? O
certo foi que naquela madrugada em que a noite já se dividia na sua terça parte,
o sono não lhe serrava os olhos, o cansaço não era mais duro do que aquele
banco de rodoviária onde a aurora já estava a acontecer. Como animal em terra
estranha, observava a todos que passavam, olhares diferentes, regionalismos, e
naqueles reparos sobrava-lhe um tempo maior para reclamar do frio, em que
uma diferença de dez graus conseguia trazer, gelando a ponta do nariz.
Aventureiro. Pensavam alguns, doido, diziam a maioria. O que não
entendiam era a vontade daquele jovem em sair de um mundo pequeno, ampliar
horizontes, determinar o próprio rumo da vida, fugir dos padrões e tabus
impostos por aqueles que vivem cercados, alienados.
O ousado aventureiro, tomava já de manhã , o primeiro ônibus,
indicado por um senhor que mostrara as luzes no horizonte, que resistiam com o
raiar do sol, ofuscadas, mas direcionando o seu destino. A determinação então
soava cada vez mais alto, na sua frente e atônito olhava a arquitetura da cidade
planejada. Seguiu procurando os ministérios, e deparando com os três das forças
armadas, perguntou a sua irmã:
- Qual das fardas é a mais bonita?
- A da Marinha. Respondeu ela.
Entrou então no ministério e alistou-se. Sua vontade era de receber um
acolhimento instantâneo e não ter que voltar, a fim de esperar ainda longos seis
meses para o retorno. Naquele instante seu orgulho falou mais alto e o pulsar das
suas vontades batia, e batia aflorando seus pesares.
Lamentações em vão, já era acostumado aos “não” da vida, e esse apenas
mais um a ser superado, e ainda na certeza de uma definição de vida, que estava
bem próximo. Em fim retornou.
Agora estava certo de que ninguém o detinha, andava como se já
estivesse em sucesso de vida, mais na sua cabeça passava o medo a ansiedade do
novo. Mudanças na vida requerem um trabalho grande em nosso ser, pois muitas
vezes não tomamos os passos para uma grande decisão, porque temos medo,
medo do novo, medo de experimentar, de tentar. Alex superava esse medo com a
determinação de objetivos, mesmo que em planos sequer elaborados, mas de
aflição,de necessidades, decididos.
CAPITULO IV
MUNDO NOVO
CAPITULO X
UM MUNDO MELHOR