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Comércio e Serviços
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
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SOMESB
Geografia da Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.
Indústria, Comércio
e Serviços
Presidente ♦ Gervásio Meneses de Oliveira
Vice-Presidente ♦ William Oliveira
Superintendente Administrativo e
Financeiro ♦ Samuel Soares
Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Germano Tabacof
Superintendente de Desenvolvimento e>>
Planejamento Acadêmico ♦ Pedro Daltro Gusmão da Silva
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Ensino a Distância
♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦
♦PRODUÇÃO TÉCNICA ♦
Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos
Coordenação ♦ João Jacomel
Equipe ♦ Alexandre Ribeiro, Angélica de Fátima, Cefas
Gomes, Clauder Filho, Delmara Brito, Diego Doria Aragão,
Diego Maia, Fabio Gonçalves, Francisco França Júnior,
Hermínio Vieira, Israel Dantas, Lucas do Vale, Marcio Serafim,
Mariucha Ponte, Ruberval da Fonseca e Tatiana Coutinho.
Editoração ♦ Mariucha Silveira Ponte
Imagens ♦ Corbis/Image100/Imagemsource
Ilustrações ♦ Mariucha Silveira Ponte e Ruberval da Fonseca
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SUMÁRIO
INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 07
Atividade complementar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 14
Atividade complementar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 27
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Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços INDÚSTRIA E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL 29
A industrialização na Bahia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 44
Atividade complementar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 50
Atividade complementar ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 76
Atividade Orientada ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 78
Glossário ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 82
Referências Bibliográficas ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 84
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Apresentação da Disciplina
Prezado aluno!
Bons estudos!
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Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
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INDÚSTRIA, TECNOLOGIA E
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O primeiro bloco busca apresentar a Geografia da Indústria a partir de alguns
conceitos e do processo de desenvolvimento do fenômeno industrial, nas diversas escalas,
da mundial à local. As diferentes fases da industrialização que acentuaram as disparidades
regionais, a indústria como setor importante na economia, mesmo em tempos de aceleração
do capitalismo financeiro, serão temáticas também discutidas.
Nesse primeiro tema você estará em contato com informações introdutórias acerca
da Geografia da Indústria a partir de alguns conceitos e fatores explicativos sobre o
desenvolvimento do processo de industrialização, bem como suas repercussões sócio-
espaciais e a classificação e localização do fenômeno industrial.
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Por isso, não é exagero afirmar que a industrialização foi responsável por
profundas transformações espaciais em extensas áreas do planeta.
A indústria deve ser entendida como atividade integrante da cultura do
homem e que esta última é tão antiga quanto o surgimento do homo sapiens.
Geografia da
O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações
Indústria, Comércio
e Serviços
trazidas pela tecnologia industrial.
A Revolução Industrial
As origens da Revolução Industrial podem ser encontradas nos séculos XVI e XVII,
com a política de incentivo ao comércio, política essa utilizada pelos países absolutistas.
Assim, a acumulação de capitais nas mãos dos comerciantes burgueses e a abertura dos
mercados (devido a expansão marítima) incitaram o crescimento da produção - maior
produtividade e preços mais baixos.
Gradativamente, passou-se do artesanato disperso para a produção em oficinas e
destas para a produção mecanizada nas fábricas. A mecanização da produção criou o
proletariado rural e urbano, composto de homens, mulheres e crianças, submetidos a um
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trabalho diário exaustivo, no campo ou nas fábricas. Importante lembrar que com a Revolução
Industrial, consolidou-se o sistema capitalista, baseado no capital e no trabalho assalariado.
O desenvolvimento da Revolução Industrial está dividido em três grandes fases:
As indústrias podem ser classificadas com bases em vários critérios, sendo que o mais
utilizado é o que leva em consideração o tipo e destino do bem produzido:
Indústrias de base: são aquelas que trabalham com matéria-prima bruta, transfor-
mando-a em matéria-prima para outros tipos de indústria, tem-se como exemplo a indústria
siderúrgica e a indústria petroquímica. A siderurgia dedica-se à fabricação e ao tratamento
do aço, importante destacar que a metalurgia é o conjunto de técnicas que o homem adquiriu
com o decorrer do tempo que lhe permitiu extrair e manipular metais e gerar ligas metálicas.
Já a indústria petroquímica é a fonte da maior parte dos artigos de consumo dispo-
níveis no mundo moderno: como o plástico, em todas as suas variações, os tecidos e fibras
sintéticas, como a microfibra, são produzidos com matérias-primas petroquímicas. A química
fina, base para medicamentos e insumos agrícolas, também vem da petroquímica, por
substituir matérias-primas de origem animal (couro, lã, marfim). A indústria petroquímica
possibilita maior acesso a bens de consumo ao baixar o valor dos produtos, antes cons-
tituídos por vidro, madeira, algodão, celulose e metais.
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A indústria petroquímica brasileira tem suas
origens no Governo Militar, quando foram
Geografia da construídos no país o Pólo Petroquímico de São
Indústria, Comércio
Paulo em 1972, posteriormente o Pólo de
e Serviços
Industrial de Camaçari (BA) em 1978 e logo em
seguida, já na década de 80, foi construído o Pólo
Petroquímico do Sul (Triunfo - RS) em 1982.
Subdividem-se em:
• Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo prazo, como
automóveis;
• Bens não duráveis: as que produzem bens para consumo em geral imediato,
como as de alimentos.
Maneira de produzir:
• Indústrias extrativas;
• Indústrias de processamento ou beneficiamento;
• Indústrias de construção;
• Indústrias de transformação ou manufatureira.
Tecnologia empregada:
• Indústrias tradicionais;
• Indústrias dinâmicas.
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Setores da Indústria:
Uma série de fatores pode favorecer o desenvolvimento industrial de uma região, tais como:
• Capital;
• Energia;
• Mão-de-obra;
• Matéria-prima;
• Mercado consumidor;
• Meios de transportes.
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A Teoria Clássica da Localização Industrial
de Alfred Weber
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A Teoria de Pólos de Crescimento e Pólos de Desenvolvimento
de François Perroux
Através de sua teoria Perroux procurou distinguir as várias noções de espaços e suas
implicações. Segundo suas idéias, as atividades econômicas não são localizáveis com
precisão, por isso o espaço não podia ter um sentido meramente físico, também não poderia
ser definido como um território delimitado pelos acidentes geográficos ou pelo livre arbítrio do
homem, ao contrário, considerava as divisões vulgares e sem valor analítico para a economia.
Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos, constituídos de
relações econômicas realizadas por agentes econômicos, conceitua o espaço econômico
em duas perspectivas: inicialmente, examinando e descrevendo o relacionamento e a distri-
buição das atividades econômicas no espaço geográfico, atividades que podem ser
localizadas através de suas coordenadas ou mapeamento; posteriormente, analisando o
espaço econômico que corresponde as relações conceituais mais amplas – por exemplo,
uma empresa, uma indústria, ou um grupo delas, pode localizar sua produção em uma
determinada área, porém seu mercado de insumos, ou de produto, pode estar localizada
dentro ou fora do mesmo espaço geográfico.
O autor parte do pressuposto que o crescimento não surge em todos os lugares ao
mesmo tempo, manifestando-se com intensidades variáveis, em pontos ou pólos de cres-
cimento (pontos ou áreas que exercem influência sobre uma região).
Revisando...
Os fatores locacionais devem ser entendidos como as vantagens que um determinado
local pode oferecer para a instalação de uma indústria, dentre esses destacam-se:
Você Sabia?
Os modelos de localização industrial atuais aproveitam-se do desen-
volvimento tecnológico avançado e utilizam ferramentas de geoprocessa-
mento para obter informações das mais variadas sobre um determinado local.
A utilização destes sistemas produz informações que permitem tomar de-
cisões para colocar em pratica ações, os mesmos se aplicam a qualquer tema
que manipule dados ou informações vinculadas a um determinado lugar no
espaço, e cujos elementos possam ser representados em um mapa, como
casas, escolas, hospitais, etc.
CONTINUA
13
CONTINUAÇÃO
Levantadas as características do território em estudo, deve-
se realizar também um estudo do empreendimento a ser lançado,
Geografia da levando-se em consideração características como a identificação
Indústria, Comércio das atividades realizadas naquele determinado local, informações
e Serviços quanto a planta, produtos, processos, matéria-prima e insumos,
equipamentos, recursos humanos, tecnologia e escala de produ-
ção e uma seleção dos fatores de localização que serão determi-
nantes no processo de escolha, como infra-estrutura básica, trans-
portes, serviços e insumos; características físico-geográficas;
aspectos sócio-econômicos; restrições ambientais e legais e diretri-
zes e políticas de incentivo implantadas em determinadas regiões.
Atividades
Complementares
1. Afirma-se que estamos vivendo uma Terceira Revolução Industrial. Manifeste sua
opinião acerca desta questão.
2. Alguns fatores são imprescindíveis para a instalação de uma indústria, aponte quais
são esses fatores e faça uma hierarquização dos mesmos, começando pelo qual você
considera mais importante.
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4. No que se baseia a Teoria das Localidades Centrais de Walter Cristaller?
5. François Perroux defendia a idéia que os espaços são conjuntos abstratos, constituídos
de relações econômicas realizadas por agentes econômicos e conceitua o espaço
econômico em duas perspectivas, quais são elas? Justifique-as.
A evolução progressiva do homem como ser social mostra que, quanto mais ele
evolui tecnicamente, menos se submete às imposições da natureza, desse modo, se, por
um lado, o homem como animal é parte integrante da natureza e necessita dela para continuar
sobrevivendo, por outro, como ser social, cada dia mais sofistica os mecanismos de extrair
da natureza recursos que, ao serem aproveitados, podem alterar de modo profundo os
ambientes naturais.
Ao passar de simples coletor de frutos e caçador para agricultor, criador de rebanhos
e construtor de abrigos e de equipamentos cada vez mais complexos, o ser humano passou
a alterar o equilíbrio e a funcionalidade dos ambientes naturais, privilegiando a expansão
de um pequeno número de espécies animais e vegetais e eliminando uma grande quantidade
de outras, que não eram de interesse imediato para satisfazer às suas necessidades.
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A mudança de simples agricultores e criadores de subsistência para
um estágio de agricultores-criadores com finalidades comerciais implementou
uma significativa alteração de comportamento das sociedades humanas na
relação com a natureza. A partir do momento em que os animais criados, os
Geografia da
cereais cultivados e os vegetais coletados no campo ou nas florestas são
Indústria, Comércio
e Serviços
explorados para a comercialização, deixam de ser simplesmente alimentos
para se transformarem em mercadorias que levam à riqueza de alguns e à
pobreza de outros.
As necessidades de sobrevivência e a grande criatividade humana têm possibilitado
aos homens aproveitar cada vez mais os recursos disponíveis na natureza. A intensificação
comercial, com o acúmulo de reservas monetárias, fez surgir a ideologia do capital, ou seja,
da concentração de riquezas através do ganho pela troca de mercadorias e moedas entre
diferentes sociedades humanas.
O Desenvolvimento Técnico
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cidade dos maquinários e novas fontes de energias puderam ser utilizadas na produção
industrial, a exemplo do petróleo, que gradativamente foi substituindo o carvão mineral.
Embora fosse conhecido desde a Antiguidade, o petróleo só foi obtido pela primeira vez
através de perfuração de poços em 1859. É hoje um dos responsáveis pela movimentação
de motores de explosão devido às características de seus derivados. O petróleo, no século
XX, passou a alimentar o sistema industrial e alguns modos de transporte, entretanto, por
constituir-se de energia fóssil não renovável (assim como o gás natural e o carvão mineral),
as limitações começaram a surgir.
Conflitos de caráter político, econômico e social marcaram países em que o petróleo
era importante elemento econômico, algumas guerras foram travadas, a exemplo da Guerra
do Golfo (1991).
• O carvão mineral
O carvão mineral foi fundamental para a primeira Revolução Industrial, ocorrida na
Grã-Bretanha no século XVIII, representando a fonte de energia básica para o desenvol-
vimento de dois setores industriais importantes: o siderúrgico e o têxtil.
De todos os combustíveis fósseis, o carvão é, sem dúvida, o com maior reserva no
mundo. Se o nível de exploração mundial continuar como atualmente, as reservas são sufi-
cientes para durar aproximadamente 250 anos.
É importante ressaltar que o carvão já foi usado como forma de energia durante
anos, o mesmo não só forneceu a energia que abasteceu toda a Revolução Industrial no
século XIX como também impulsionou toda a era da eletricidade no século XX. Atualmente
aproximadamente 40% da eletricidade gerada mundialmente é produzida através do carvão.
Alguns desses países que dependem da energia elétrica gerada pelo carvão são: Dinamarca,
China, Grécia, Alemanha e Estados Unidos. A indústria de ferro e aço mundial também é
fortemente dependente do uso do carvão.
• Gás natural
O gás natural é freqüentemente encontrado associado ao petróleo, pois forma-se do
mesmo modo e acumula-se no mesmo tipo de terreno. O gás natural oferece algumas
vantagens em relação ao petróleo: é menos poluente, as reservas conhecidas podem durar
cerca de 60 anos e estão distribuídas em diversos continentes. Apesar de existência de
consideráveis reservas de gás natural, o Brasil importa gás da Bolívia.
Você Sabia?
A idéia de construir um gasoduto entre Bolívia e Brasil tem sido objeto
de discussão por quase meio século; contudo, por várias razões, os diversos
projetos não se apresentaram viáveis no passado. Por isso, durante este
período de negociações, a Bolívia passou a exportar gás para a Argentina.
Mas, no final dos anos 70, a Argentina tornou-se auto-suficiente em gás,
podendo prescindir do gás boliviano. A partir daí as negociações entre Brasil
e Bolívia começaram a tomar novo rumo com o final do contrato de importação
de gás boliviano por parte da Argentina em 1992. A Bolívia é fortemente
dependente da exportação de gás natural e o Brasil aparece, naturalmente, ,
como o principal mercado consumidor para o gás boliviano.
CONTINUA
17
• A energia nuclear: urânio
Para refletir!
A região de Angra dos Reis, no sul Rio de
Janeiro, foi escolhida para a ins-talação do complexo
nuclear brasileiro (Angra 1 e 2) pela proximidade dos
grandes centros consumidores, a Usina fica (em linha
reta) a 220km de São Paulo, 130 km do Rio e 350 km
de Belo Horizonte, que são grandes consumidores de
energia elétrica. A implantação da Usina é mais um
resultado da confusa e contraditória política nuclear
brasileira, que se inicia na década de 1940. Nessa
política, misturam-se os mais diversos interesses de
militares, políticos, grandes potências, empresários e
cientistas. Na maior parte das vezes as razões
energéticas foram meras justificativas para esconder
estratégias militares ou interesses econômicos.
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pelas empresas e Estados, em alguns momentos com interesses convergentes, em outros
divergentes, acabou gerando sérios conflitos tanto em nível nacional quanto internacional.
A luta pelo controle da energia nuclear, do carvão e do petróleo está na origem da maioria
das grandes guerras e de toda dominação externa. Podendo-se afirmar que o desenvolvimento
das técnicas e as mudanças na conjuntura econômica internacional intensificaram as formas
de apropriação dos recursos naturais dentro e fora dos territórios nacionais.
A posição de alguns países desenvolvidos - mesmo possuindo abundância de
recursos em seus territórios - foi a de explorá-los em regiões do mundo subdesenvolvido. O
avanço técnico e científico e o crescente processo de industrialização, seja nos países ricos
ou nos pobres, nos capitalistas ou nos socialistas, vêm progressivamente interferindo,
agredindo e alterando a natureza, em benefício dos interesses imediatos dos homens.
1
Londres, por exemplo, cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5 milhões em 1880.
2
Os trabalhadores adultos da indústria têxtil trabalharam cerca de 80 horas por semana em 1870, 67
horas em 1820 e 53 horas em 1860.
3
O nome do movimento deriva de Ned Ludd, um dos líderes. Os denominados luditas
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radical de protesto (ficaram lembrados como “os quebradores de máquinas”).
Os manifestantes sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão,
à deportação e até à forca. Posteriormente, operários ingleses mais experientes
adotaram métodos mais eficientes de luta, como a greve.
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Movimento Cartista (1837-1848)
Considerado o primeiro movimento independente da classe trabalha-
dora britânica, exerceu forte influência sobre o pensamento político - o nome do movimento
teve origem na Carta do Povo, principal documento de reivindicação dos operários. Esse
movimento se destacou por sua organização, e por sua forma de atuação, pela via política,
chegando a conquistar diversos direitos políticos para os trabalhadores. A estratégia utilizada
pelos cartistas girava em torno, principalmente, da coleta de assinaturas, realizadas nas
oficinas, nas fábricas e em reuniões públicas, através de uma série de Petições Nacionais
enviadas à Câmara dos Comuns, que reivindicavam:
As Trade-Unions
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Transição do Capitalismo Industrial Para o Capitalismo
Financeiro e Informacional
O Capitalismo
Origem do pré-capitalismo
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O Capitalismo Comercial
O Capitalismo Industrial
Neoliberalismo
Os neoliberais acreditam que o Estado cresceu muito e que, portanto, deve diminuir
sua participação na economia. As diretrizes básicas que orientam os caminhos das
privatizações e da desregulamentação econômica. Privatizar, naturalmente, significa vender
as empresas estatais como siderúrgicas, hidrelétricas, companhias de transporte, minas e
companhias telefônicas, e passá-las ao controle de empresas particulares. Além disso, o
neoliberalismo prevê a diminuição de impostos, para que os empresários tenham mais
recursos para investir, a liberação das importações e a abertura ao capital estrangeiro.
Às associações econômicas regionais com diminuição ou eliminação dos pro-
tecionismos e atração de investimentos internacionais, acrescentou-se a limitação dos gastos
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governamentais, com a prevalência da economia de mercado e a busca de um “Estado
mínimo”, redirecionando sua atuação e tamanho, especialmente com as privatizações. Se
por um lado o neoliberalismo modernizou a economia, também é verdade que ele ampliou
problemas sociais como a fome, o desemprego e a pobreza. Aliados a esses fatores,
percebe-se um conseqüente aumento no mercado informal e na criminalidade.
A tão propalada globalização econômica e a Nova Ordem Mundial (a queda do
bloco socialista e ampliação da integração entre as economias anteriormente isoladas do
mundo ocidental) são difusoras dos interesses da única potência existente, e, sem dúvida,
aceleraram esse processo de implantação das teorias neoliberais, impulsionadas pela
derrubada do obstáculo socialista, estimularam a formação de blocos econômicos,
associações regionais de livre mercado que derrubaram antigas barreiras protecionistas.
Taylorismo
Fordismo
Henry Ford, outro engenheiro industrial dos Estados Unidos, aplicou uma nova maneira
de organizar o trabalho na sua fábrica de automóveis, criou a denominada linha de montagem:
em vez dos trabalhadores se deslocarem pela fábrica, cada um realizava uma única tarefa
repetidas vezes: um encaixava o motor, outro parafusava o motor na carroceria, outro encai-
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xava os bancos, e assim por diante. As mudanças implantadas permitiram
reduzir o esforço humano na montagem, aumentar a produtividade e diminuir
os custos proporcionalmente à elevação do volume produzido e facilidade de
operação e manutenção. O conceito-chave da produção em massa não é a
Geografia da
idéia de linha contínua, mas sim a completa e consistente comunicação de
Indústria, Comércio
e Serviços
partes e a simplicidade de montagem.
Esta combinação de vantagens competitivas elevou a Ford à condição
de maior indústria automobilística do mundo e virtualmente sepultou a produção
manual. Entretanto, o contraste com o que ocorria no sistema de produção manual, o
trabalhador da linha de montagem tinha apenas uma tarefa, o mesmo não comandava
componentes, não preparava ou reparava equipamentos, nem inspecionava a qualidade,
nem mesmo entendia o que o seu vizinho fazia. Com o fordismo, o trabalho se tornou repetitivo
e monótono e os operários perderam o controle sobre o ritmo e os resultados de seu trabalho.
O Toyotismo (just-in-time)
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Surgiu no Japão após a II Guerra Mundial, porém, só a partir da crise capitalista da década de 1970
ele foi amplamente aplicado.
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A Automatização da Produção
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A Diversificação do Setor Terciário
Atenção !
Nota-se que é muito importante estabelecer uma distinção entre um
setor terciário mais avançado ou moderno, formado por serviços espe-
cializados - seguros, assessorias, educação e pesquisa, firmas que
desenvolvem softwares para computadores, bancos, comércio mais bem
equipado, etc. -, e um setor terciário tradicional - camelôs ou comércio
ambulante, serviços domésticos ou de consertos, oficinas de fundo de quintal,
guardadores de carros nas ruas, etc. —, que predomina nos países e regiões
menos desenvolvidos.
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O Mercado Informal e Subemprego no Setor Terciário
Para refletir!
A educação está sendo vista como uma importante atividade terciária,
através dos seus mais variados níveis: fundamental, médio, superior, técnico
ou profissionalizante e o de reciclagem ou atualização profissional, transfor-
mando-se em negócio lucrativo e de grande procura face ao sucateamento
e o descaso com que o ensino é tratado pelo poder público.
Qual sua opinião acerca disso?
Atividades
Complementares
1. O processo produtivo passou por mudanças significativas desde o século XIX. Quais
as principais características do fordismo e quais as “herdadas” do taylorismo?
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2. O capitalismo pode ser dividido basicamente em três fases; comente
as características mais marcantes de cada uma delas.
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
4. O setor terciário é o que mais cresce na economia; quais as principais causas dessa
hipertrofia? Quais as consequências disso nos países subdesenvolvidos?
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INDÚSTRIA, ORGANIZAÇÃO ESPACIAL,
SOCIEDADE E AMBIENTE
Este bloco aborda as conseqüências sócio-espaciais do fenômeno industrial nos
mais diversos aspectos: urbanização, qualidade de vida, impactos ambientais e papel
integrador da educação.
A Industrialização na Europa:
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• Itália – a unificação política realizada em 1870, à semelhança do que ocor-
reu na Alemanha, impulsionou, mesmo que atrasada, a industrialização do país.
Essa que só atingiu ao norte da Itália, pois o sul continuou basicamente agrário.
Geografia da
• Rússia – começou o processo de industrialização muito mais tarde,
Indústria, Comércio
e Serviços
nas últimas décadas do século XIX. Os principais fatores para que ela aconte-
cesse foi a grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental
na economia através de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria.
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Estrutura Industrial Brasileira
Fase iniciada no Governo Collor com continuidade até o Governo atual, marca o
avanço do Neoliberalismo no país, com sérias repercussões no setor secundário da
economia, devido a grande flexibilização da mesma. O modelo econômico adotado
determinou a privatização de quase todas as empresas estatais, tanto no setor produtivo,
como as siderúrgicas e a CVRD, quanto no setor da infra-estrutura e serviços, como o caso
do sistema Telebrás.
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Compreendendo a industrialização brasileira
Damos agora um grande salto no tempo chegando ao governo de Getúlio Vargas, pois
o mesmo foi imprescindível para a implantação de uma indústria de base nacional que pas-
sou a ser empreendida a partir da grande crise mundial de 1929 e após a Revolução de 30.
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Vargas avançou no controle estatal das atividades ligadas ao petróleo e ao com-
bustível por meio da criação do Conselho Nacional do Petróleo, em 1938, criando a Petrobras
- Petróleo Brasileiro S/A (1953). Estimulou a indústria de base com a fundação da Companhia
Siderúrgica Nacional (CSN) de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em 1941, e obteve
financiamento norte-americano para instalação da Fábrica Nacional de Motores, no Rio de
Janeiro, em 1943.
Inaugurou, também, a Companhia do Vale do Rio Doce, com o fito de explorar
minérios. A fim de contribuir com a formação de mão-de-obra especializada para o setor
industrial, instalou o Serviço Nacional da Indústria (Senai), em 1942, e o Serviço Social da
Indústria (Sesi), em 1943.
Com o intuito de fiscalizar o sindicalismo
operário, foram ampliados os serviços estatais de
aposentadoria, criados em 1940, o imposto sindical
e o salário mínimo, e posta em vigor a Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943. Ao
lado dessa política de concessões aos trabalha-
dores - auxílio-natalidade, salário-família, licença
para gestante, estabilidade no emprego (após 10
anos), descanso semanal remunerado - extinguiu-
se o direito de greve e a independência dos sindi-
catos, os quais passaram a ser dirigidos por “pele-
gos”, falsos líderes sindicais ancorados no governo.
• Energia;
• Transporte;
• Alimentação;
• Educação;
• Implantação de indústria automobilística;
• Incentivos à industrialização.
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Governo Militar e o “Milagre Econômico”
34
O Contexto Atual da Indústria no Brasil
A atividade industrial no Brasil é responsável por cerca de 25% do PIB, sendo que os
setores - responsáveis por mais de 80% do produto industrial do país - predominantes são:
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A economia brasileira sempre esteve fortemente atrelada à exportação
de seus produtos, tanto em virtude de sua forte característica agrária quanto
das políticas econômicas adotadas. Entre os aspectos positivos da dinâmica
atual da indústria brasileira, pode-se salientar o grande potencial de expansão
Geografia da
no mercado interno, o aumento no volume absoluto e relativo nas exportações
Indústria, Comércio
e Serviços
de produtos industrializados, o aumento na produtividade, a melhora da
qualidade dos produtos e uma maior dispersão espacial dos estabelecimentos
industriais em regiões historic-amente marginalizadas.
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• Deficiências e altos preços nos transportes;
• Baixos investimentos públicos e privados em desenvolvimento tecnológico;
• Baixa qualificação da força de trabalho;
• Barreiras tarifárias e não-tarifárias impostas por outros países à importação de produtos
brasileiros
Atenção !
Abertura da economia brasileira nos anos 90 – pela inserção da
política neoliberal - facilitou a entrada de muitos produtos importados,
forçando as empresas nacionais a se modernizarem e a incorporarem novas
tecnologias ao processo produtivo para concorrerem com as empresas
estrangeiras.
A industrialização no país tem sua origem no capital obtido pela cultura do café, que
se desenvolveu na região Sudeste – ciclo do café. Até então, a organização das atividades
econômicas se configurava de maneira dispersa, embora desde o início do século XX, o
eixo São Paulo/ Rio de Janeiro fosse responsável por mais de metade do valor da produção
industrial brasileira.
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Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Atenção !
Importante lembrar...
Ocorre uma verdadeira invasão de produtos industriais do Sudeste
nas demais regiões do país, ocasionando a falência, principalmente, de
fábricas nordestinas. Isso a partir da justificativa que o governo gastaria
menos concentrando investimentos em determinada região em vez de
espalhá-los pelo território nacional, sobretudo no início do processo de
industrialização, quando os recursos eram mais escassos.
38
Você Sabia?
A Industrialização por Substituição de Importações (ISI) é quando
ocorre um crescimento da produção industrial com expansão da demanda
interna, simultaneamente a uma redução das importações da indústria.
No caso brasileiro, a ISI dinamizou o crescimento da produção interna,
principalmente, no início da década de 1930 e no final da década de 1970.
Entre 1933 e 1939, a produção nacional da indústria cresceu na base de 7,2% ao ano.
Quando comparamos esse dado com o do período do “milagre brasileiro”, no final dos anos
60 e início dos anos 70, em torno de 11%, pode-se avaliar a importância daquela fase da
década de 30 para a economia nacional.
5
A Fábrica Nacional de Motores nasceu dos acordos firmados entre o Brasil e os Estados Unidos,
segundo os quais o Brasil permitia a instalação de bases militares norte-americanas no Nordeste em troca
de créditos e assistência técnica para a implantação da Companhia Siderúrgica Nacional e de outras indústrias
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• Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (1931);
• Ministério da Educação (1933);
Geografia da • Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1938);
Indústria, Comércio • Institutos do Álcool, Café, Mate, Sal, Pinho, Cacau, etc. (entre 1932 e 1941).
e Serviços
6
Entre os trabalhadores brasileiros e os empresários nacionais existiam aqueles que defendiam essa
industrialização associada ao capital e empresas estrangeiras, com o intuito de usufruir dos privilégios no
mercado internacional e garantir o aumento da oferta de empregos.
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população rotativa, cerca de três milhões de pessoas circulam na cidade
todos os dias.
O acesso a essa região é feito principalmente pelas rodovias Anchieta
e Imigrantes, pelas avenidas Cupecê, dos Bandeirantes, do Estado e Maria
Maluf, pelos corredores de Trólebus e pelos trens da CPTM.
O ABC é marcado historicamente por ser o centro da indústria automo-
bilística nacional. Sedes de diversas montadoras, como Mercedes-Benz, Ford,
Volkswagen e General Motors, entre outras, estão sediadas lá. A presença de
indústrias desse porte fez com que a região fosse o berço do movimento
sindical no Brasil. As greves dos operários foram fortes na década de 80 e
daí que nasceu o então líder sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, hoje
presidente da República.
Retirado de:
http://pt.wikipedia.org/wiki/regi%C3%A3o_do_Grande_ABC
41
A “Década Perdida”
No começo dos anos 80, o parque industrial estava finalmente instalado. Contudo, es-
gotara-se o processo de substituição de importações como fonte de dinamismo para a eco-
nomia. Foi nesse contexto que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - BNDE se
tornava Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES que adotou a
prática de planejamento estratégico, com elaboração de cenários prospectivos da economia.
Você Sabia?
O BNDES foi pioneiro no aproveitamento da técnica de cenários no
processo de planejamento estratégico devido as grandes incertezas que
assolavam a economia brasileira no início dos anos 80. O Banco introduziu um
mecanismo para especular de que forma essas incertezas poderiam influir
sobre os rumos do país e, também, seu papel como banco de desenvolvimento.
A retração dos empréstimos por parte dos grandes bancos mundiais, a elevação das
taxas de juros sobre a dívida externa e a primeira crise do petróleo verificada em 1973 levaram
a essa situação difícil para a economia brasileira. Vale lembrar que a política desenfreada em
favor da indústria automobilística havia repercutido bastante no aumento das importações de
petróleo e matéria-prima para as indústrias petroquímicas no período do “milagre”.
42
A situação criada pela dívida externa forçou a implantação de uma política ostensiva
de incremento das exportações e de redução das importações. Tal política visava tanto obter
divisas para o pagamento da dívida como resolver o problema do estreitamento do mercado
interno brasileiro, em conseqüência da crise econômica que se acentuou. Foi quando o Brasil
passou a estimular suas exportações de bens de consumo duráveis para o exterior, essa
política de exportação elevou bastante a exploração dos nossos recursos naturais.
Para refletir!
Examinando o contexto do Norte, especialmente do Estado do Amazo-
nas, pode-se perguntar até que ponto a implantação de um parque indus-
trial de bens de consumo duráveis (aparelhos eletroeletrônicos) é compatível
com a natureza econômica de uma região que ainda vive numa economia
caracteristicamente extrativista?
7
Órgão brasileiro criado com o objetivo de combater a seca da região. Criada pela Lei 3.692 de 1959.
43
O crescimento da industrialização do Centro-Oeste está também
relacionado com a expansão das empresas sediadas no Sudeste (essa
expansão resultou de formas ordenadas da exploração do cerrado). Essa
desconcentração verifica-se não somente no plano inter-regional, mas também
Geografia da
no intra-regional; estados considerados industrializados cedem lugar a outros
Indústria, Comércio
e Serviços
no interior das suas regiões, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro
em relação a Minas Gerais. Assim, também acontece com o Rio Grande do
Sul, que perde para espaço para Santa Catarina e Paraná.
A Industrialização Na Bahia
44
era ultrapassar o modelo agrário-exportador do qual o Estado fazia parte, principalmente,
pela cultura do cacau; o desenvolvimento industrial no Estado ocorreu mais precisamente
entre os anos de 1950 e 1980 e foi resultado de uma dinâmica externa e quase que
involuntária. A industrialização do Estado foi fortemente apoiada em intervenções federais
planejadas e na vinda de capitais externos e por investimentos concentrados no tempo.
O desenvolvimento da indústria foi marcado pelo que pode ser denominado de blocos
de investimentos:
Na segunda fase que abrange a primeira metade dos anos 90, a economia do Estado
também perdeu participação na economia brasileira. Nesse período, além dos problemas
que o Estado já vinha enfrentando na década anterior, no plano externo, os movimentos da
globalização, da abertura da economia brasileira e da constituição do Mercosul criaram
dificuldades adicionais, mas também algumas oportunidades para a economia do Estado.
Vale ainda ressaltar que, nos primeiros anos da década de 90, devido à elevada concentração
de sua economia em commodities petroquímicas8, a Bahia sentiu mais fortemente os efeitos
das transformações estruturais da economia brasileira daquele período.
Entretanto, cabe destacar que, segundo Uderman e Menezes (2006), nos primeiros
anos da década de 90, durante o terceiro governo de Antônio Carlos Magalhães (1991-
1994), foram gerados alguns fatores que viriam a cumprir papel importante no início da
recuperação da economia do Estado na segunda metade dessa década.
8
Pode dizer que Commodities são produtos “in natura”, cultivados ou de extração mineral, que podem
ser estocados por certo tempo sem perda sensível de suas qualidade, como suco de laranja congelado, soja,
trigo, bauxita, prata ou ouro. As Commodities são uma forma de investimento, uma opção entre as tantas
opções de investimento no mercado, como poupança ou Fundos de Investimento (www.economiabr.net).
45
Inicia-se, por um lado, um processo de modernização do aparelho
estatal e o pagamento das finanças públicas e por outro lado, retomam-se os
investimentos em infra-estrutura através de um estímulo à competitividade da
indústria instalada.
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
Após períodos de grande instabilidade econômica, na década de 1980
e início dos anos 90, ocorre certa estabilização da economia e o controle da
inflação no País, a partir da implantação do Plano Real e a retomada de
investimentos privados na economia brasileira, a economia baiana começa a
inverter o movimento de declínio dos anos anteriores.
No entanto, para muitos estudiosos essa recuperação recente não se deve apenas
as políticas adotadas em escala nacional, mas também pela atuação agressiva do governo
baiano travando uma verdadeira “guerra fiscal”, ou seja, quando um ente tributante (nesse
caso o Estado) concede benefícios e vantagens de natureza fiscais no intuito de atrair
empresas que se encontrem estabelecidas no território de outro estado.
46
A contrapartida do Governo Federal para que as empresas optassem pela implantação
de indústrias automotivas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, eram as seguintes:
9
Imposto de transmissão inter vivos é que é cobrado pelos Municípios e Distrito Federal sobre vendas
de imóveis.
47
Para refletir!
• O próprio BNDES (FSP, 03 dez. 2000, B.9), mostra que o
Geografia da
Indústria, Comércio
setor de montadoras é o 38º colocado, em ranking formado por
e Serviços 41 empresas, no quesito potencial de geração de empregos.
• Os operários da Ford de São Paulo recebiam em março
de 2003 um salário equivalente as R$1.200,00, enquanto que os
operários da Ford baiana R$ 530,00, esse desnível salarial
provocou uma greve na fábrica de Camaçari, no mesmo ano.
Sendo que em 2004, houve outra paralisação desta vez visando
a redução da jornada de trabalho de 40 para 36 horas.
A Ford não pode ser vista como um caso isolado, de fato, a política de atração de
indústrias do Estado evoluiu e se aprimorou com o aprendizado ocorrido ao longo de sua
implementação nos anos 90. Para tentar compreender melhor a evolução da política industrial
da Bahia do início da década de 90 até os dias de hoje, faz-se necessário que sejam
consideradas também algumas peculiaridades do cenário político da Bahia das últimas
décadas, bem como seu papel na formação das elites burocráticas da administração pública
estadual.
Nosso país possui 15 centros indústrias, isto é, cidades ou regiões onde se
concentram várias indústrias de um mesmo segmento e, até mesmo, de setores diferentes,
esses centros são chamados de Aglomerações Espaciais Industriais – AIES. O Nordeste
possui quatro AIEs: Salvador, Fortaleza, Recife e Natal, com apenas 6% do produto industrial
das firmas do país (enquanto a Região Norte não possui qualquer AIE, mesmo com a presença
da Zona Franca de Manaus).
A aglomeração de Salvador é a mais relevante tanto em termos do fator escala quanto
de sua distribuição espacial. A segunda maior aglomeração é a de Fortaleza, com uma
escala industrial e extensão geográfica bem inferior a Salvador.
10
O investimento compunha o grupo de projetos inseridos no II PND.
48
para a indústria de bens do Centro-Sul, a ausência de uma dinâmica econômica endógena
tornou o estado dependente dos fluxos de investimentos externos (o fim do Modelo de
Substituição de Importações diminuiu as fontes de financiamento externo na década de 1980).
A dívida externa aumentou com o crescimento vertiginoso dos compromissos com o
pagamento de juros, reduziu em muito a importância das políticas regionais, o que acabou
contribuindo para a redução das taxas de crescimento do PIB naquela década. Entretanto,
na primeira metade da década de 1980 a indústria baiana manteve suas taxas de crescimento
superiores ao resto do país, em boa medida pelo desempenho da indústria química (devido
à crise na indústria paulista) que consegue direcionar parte da sua produção para o exterior,
pois, ainda desfrutava de investimentos no COPEC ainda referentes ao II PND.
49
Por mais contraditória que pareça esse direcionamento, a convergência
dos investimentos naquela direção é proveniente de vantagens comparativas
prévias, pois os principais municípios da RMS dispunham de uma base
Geografia da constituída de indústrias, serviços e infra-estrutura montada durante as
Indústria, Comércio décadas de 60 e 70, fator que acaba pesando decisivamente na alocação
e Serviços dos investimentos e neutralizando, até certo ponto, a decisão oficial anunciada.
Nesse tópico, pode-se perceber como a política industrial baiana está fortemente
arraigada às políticas adotadas em escala federal, que por sua fragilidade necessita de
intervenção estatal, mesmo quando esta intervenção está direcionada para uma maior
liberalização da economia.
Atividades
Complementares
50
3. Muitos afirmam que houve um processo de desconcentração e não de descentra-
lização da indústria brasileira, em virtude da Região Sudeste ainda ser um importante pólo
industrial e as indústrias do Nordeste ter papel de fornecedoras de matéria-prima para a
mesma.Comente o parágrafo acima.
51
de recursos minerais e inúmeras outras atividades alteraram de modo
bastante significativo a terra, o ar e a água do planeta, chegando algumas
degradações ser consideradas irreversíveis.
Pode-se afirmar que a sociedade industrial interferiu profundamente na
Geografia da
natureza. Para produzir mercadorias e equipamentos foi indispensável insta-
Indústria, Comércio
e Serviços
lar extensos complexos industriais e para mantê-los foi necessária à extração
de matérias-primas e a exploração de fontes energéticas do mundo todo.
O Caso Cubatão
52
Necessidade do Controle da Poluição
Uma das conseqüências desse relativo descaso com a questão ambiental é a ausên-
cia de estatísticas sobre emissões de poluentes, o que dificulta uma análise mais sistemática
do desempenho ambiental da indústria. Contudo, pode-se ao menos medir a expansão dos
setores de maior potencial de emissão em relação ao restante da indústria, como fazem
indicadores especialmente construídos pelo Departamento de Indústria do IBGE. Esses
indicadores mostram que o crescimento das indústrias de alto potencial poluidor no período
1981-99 foi nitidamente superior ao da média geral da indústria, sugerindo uma especia-
lização relativa em atividades potencialmente “sujas”.
Uma série de razões pode ser apontada para explicar a intensificação das atividades
poluentes na composição setorial do produto industrial. Em primeiro lugar, o atraso no
estabelecimento de normas ambientais e agências especializadas no controle da poluição
industrial demonstram que, de fato, a questão ambiental não configurava entre as
prioridades de política pública – apenas na segunda metade dos anos setenta foi criado
o primeiro órgão especificamente para esse fim (Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente - FEEMA/RJ).
Em segundo lugar, a estratégia de crescimento associada à industrialização por
substituição de importações (ISI) no Brasil privilegiou setores intensivos em emissão.
Pautava-se que o crescimento de uma economia periférica não poderia ser apenas
sustentada em produtos diretamente baseados em recursos naturais (extração mineral,
agricultura, ou outras formas de aproveitamento de vantagens comparativas absolutas
definidas a partir da dotação de recursos naturais). Embora o Brasil tenha avançado na
consolidação de uma base industrial diversificada, esse avanço esteve calcado no uso
indireto de recursos naturais (energia e matérias primas baratas), ao invés de expandir-se
através do incremento na capacidade de gerar ou absorver progresso técnico.
A concentração em atividades intensivas em emissão aumentou ainda mais a partir
da consolidação dos investimentos do II PND, expandindo o campo indústrias de grande
potencial poluidor – especialmente dos complexos metalúrgico e químico/petroquímico –
sem o devido acompanhamento de tratamento dessas emissões, agravados pelo ideário
de que o controle ambiental é uma barreira ao desenvolvimento industrial, ignorando-se seu
potencial para a geração de progresso técnico.
Um outro fator que contribuiu para o incremento de atividades industriais poluidoras
foi a tendência de especialização do setor exportador em atividades potencialmente
poluentes. Essa tendência foi acentuada a partir da década de oitenta, com a já referida
expansão da capacidade produtiva ligada aos investimentos do II PND, mas não foi alterada
com a liberalização comercial da primeira metade dos anos noventa.
Por exemplo, as significativas diferenças entre os valores dos parâmetros comuns
às indústrias indicam existir grande discrepância entre os padrões de emissão da indústria
dos EUA em 1987 e a indústria paulista em 1996 (com exceção de SO2 - Dióxido de
Enxofre), o desempenho norte-americano é sempre melhor, com menor emissão por
unidade de produção).
Usando a terminologia desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe - CEPAL (1990), a expansão de atividades industriais nesses países não seria
conseqüência dos esforços de transformação produtiva e competitividade “autêntica” de
suas empresas, mas sim uma nova forma de países periféricos serem incluídos na divisão
internacional do trabalho a partir de vantagens competitivas desiguais.
Os países do centro especializam-se na produção em mercados dinâmicos (alto
valor agregado, tecnologia de ponta, grande diferenciação de produto), onde o fluxo contínuo
de inovações permite a permanente apreciação dos preços dos produtos de ponta (geral-
mente produtos “limpos”), enquanto a periferia passa a produzir, além das commodities
53
tradicionais (matérias-primas de origem natural), produtos industrializados de
mercados maduros, onde a capacidade de inovação (e, consequentemente,
a possibilidade de “fazer preços”) é bastante limitada, e que se caracterizam
por alta intensidade no consumo de energia e outros recursos naturais.
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
RIO-92 (ECO)
Agenda 21
RIO-02
54
Todos os participantes concordaram que políticas similares podem ser adotadas
pelo mundo afora. Os benefícios sociais, econômicos e ambientais da adoção de fontes
renováveis de energia são tão evidentes e amplos que os participantes da Conferência
acreditam que a evolução deste tipo de geração de energia deve se transformar na maior
das prioridades para grande parte das nações e seus governantes.
Para refletir!
Desde a convenção de Kyoto11, verifica-se que as preocupações
como o meio ambiente tornaram-se econômicas. O valor econômico da
proteção ao meio ambiente surgiu quando os países se comprometeram a
cortar, em média, 5,2% de emissões de dióxido de carbono sobre os valores
registrados em 1990, com prazo até o ano passado (2005). A tributação foi
a primeira idéia para a formalização do controle econômico sobre a poluição,
mas isto afetaria a relação do custo/benefício no setor de produção ou ele-
varia o custo final ao consumidor. Assim, para que fossem alcançados os
parâmetros globais de poluição, surgiu outro conceito, ou seja, os países
poderiam negociar direitos de poluição entre si. Um país com altos níveis
de emissão de gases na atmosfera poderia pagar a outro país que estivesse
com os níveis de poluição abaixo do limite comprometido.
11
Constitui-se no protocolo de um tratado internacional com compromissos mais rígidos para a redução
da emissão dos gases que provocam o efeito estufa, considerados, de acordo com a maioria das investigações
científicas, como causa do aquecimento global. Fonte: www.wikipedia.org
55
A maneira pela qual a imposição de normas ambientais afeta a
competitividade das empresas e setores industriais é percebida de forma
distinta. Por um lado, a imposição de normas ambientais restritivas pelos
países desenvolvidos pode ser uma forma camuflada de protecionismo de
Geografia da
determinados setores industriais nacionais, que concorrem diretamente com
Indústria, Comércio
e Serviços
as exportações dos países em desenvolvimento. Por outro lado, essas
mesmas normas estariam prejudicando a competitividade das empresas
nacionais, pois implicariam em custos adicionais ao processo produtivo,
elevando os preços dos produtos e resultando na possível perda de
competitividade no mercado internacional.
Por isso, a relação entre competitividade e preservação do meio ambiente passou a
ser objeto de intenso debate, que se polarizou em duas vertentes de análise: a primeira
acredita na existência dos benefícios sociais relativos a uma maior preservação ambiental,
resultante de padrões e regulamentações mais rígidos; de outro lado, tais regulamentações
levariam a um aumento dos custos privados do setor industrial, elevando preços e reduzindo
a competitividade das empresas. As regulamentações são necessárias para melhorar a
qualidade ambiental, mas são igualmente responsáveis pela elevação de custos e perda
de competitividade da indústria.
Todavia existem pesquisadores que afirmam que quando as empresas são capazes
de ver as regulamentações ambientais como um desafio, passam a desenvolver soluções
inovadoras e, portanto, melhoram a sua competitividade. Ou seja, além das melhorias
ambientais, as regulamentações ambientais também reforçariam as condições de
competitividade iniciais das empresas ou setores industriais. Assim, a preservação ambiental
está associada ao aumento da produtividade dos recursos utilizados na produção e,
consequentemente, ao aumento da competitividade da empresa.
O aumento da produtividade dos recursos é possível porque a poluição é, muitas
vezes, um desperdício econômico: resíduos industriais sejam sólidos, líquidos ou gasosos,
podem ser reaproveitados em diversos casos, utilizando-os para a co-geração de energia,
extraindo substâncias que serão reutilizadas e reciclando materiais. Ao analisar o ciclo de
vida do produto, há também outros desperdícios, como o excesso de embalagens e o
descarte de produtos que requerem uma disposição final de alto custo. Tanto o desperdício
dos resíduos industriais quanto os desperdícios ao longo da vida do produto estão embutidos
nos preços dos produtos, fazendo com que os consumidores paguem, sem perceber, pela
má utilização dos recursos.
Você Sabia?
Selo Verde
O Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, que indica
que sua produção foi feita atendendo a um conjunto de normas pré-
estabelecidas pela instituição que emitiu o selo. Atesta, por meio de uma
marca colocada voluntariamente pelo fabricante, que determinados
produtos são adequados ao uso e apresentam menor impacto ambiental
em relação a outros similares. A diferença de rotulagem ambiental para a
Certificação de Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14000) é que o que está
sendo certificado é o produto, e não o seu processo produtivo.
56
Uso de Tecnologias Limpas
57
meio ambiente, como a melhoria da imagem da empresa perante os seus
clientes e a comunidade, a adaptação às exigências dos importadores, a
redução de conflitos com órgãos de fiscalização ambiental e a diferenciação
em relação aos concorrentes.
Geografia da
Começam a surgir evidências da importância da variável ambiental pa-
Indústria, Comércio
e Serviços
ra reforçar a competitividade das empresas reconhecidamente competitivas.
Você Sabia?
Em 1999, disputando as encomendas da Crossair, subsidiária regio-
nal da Swissair, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) venceu a
canadense Bombardier e a alemã Fairchild-Dornier - esta última uma forne-
cedora tradicional.
Um dos critérios decisivos na escolha dos jatinhos da Embraer foi
de caráter ambiental: os modelos brasileiros apresentaram níveis de
poluição e barulho correspondentes à metade do nível mínimo exigido pelas
leis européias (Gazeta Mercantil, 15/06/99 e Jornal do Brasil, 16/06/99).
58
Por outro lado, quando se analisa o comportamento de parte das empresas brasileiras
em termos de seu comportamento ambiental, verifica-se que as mais preocupadas com a
questão ambiental e que têm investido em processos produtivos mais eficientes ambien-
talmente são também as de maior inserção internacional. Confirma-se, portanto, a hipótese
de que a abertura ao exterior, tanto de fluxos de comércio quanto de capital, traz consigo
elementos que favorecem a adoção de práticas e produtos ambientalmente mais adequados.
Os dados apresentados parecem confirmar que as empresas que realizam atividades
de P&D estariam mais capacitadas para gerarem e adotarem inovações, inclusive as
ambientais. Tanto as inovações de processo para reduzir danos ambientais, quanto a
estratégia de preservação do meio ambiente como fator indutor da inovação, estão mais
claramente presentes nas empresas que atribuem um grau importante ou superior ao seu
departamento interno de P&D.
Apesar do comportamento ambiental das empresas paulistas – responsáveis por
cerca de 60% do PIB brasileiro – ser um bom indicativo do comportamento das empresas
brasileiras, certamente existem diferenças regionais importantes, além do viés que toda
pesquisa de campo pode apresentar. Muitas questões permanecem em aberto: se a
tecnologia limpa é a mais desejável tanto para a empresa quanto para a comunidade, por
que ela não é adotada em larga escala? Quais as políticas públicas que favorecem sua
geração e difusão?
Deve-se ter claro essa limitação: nem sempre a melhoria da qualidade ambiental
poderá ser redutora de custos. O papel do formulador de política (tanto do governo quanto
das associações industriais) será exatamente identificar tais situações onde a perda de
competitividade é potencial, a fim de apresentar medidas compensatórias. O estudo da
competitividade sob uma perspectiva de preservação ambiental pode contribuir para a
construção de uma política industrial compatível com normas internacionais de proteção ao
meio ambiente, ajudando na elaboração de uma política ambiental. Tal estudo pode, também,
estimular a adoção voluntária, por parte das empresas, de processos e produtos
ecologicamente corretos, isto é, incentivá-las a tornarem-se pró-ativas, adotando a estratégia
de ganho, onde convergem eficiência econômica e consciência ecológica.
59
vimentista revelou seus limites através de uma crise, que embora tivesse maior
visibilidade econômica, era também social, ambiental e ético-cultural.
Nesse sentido, a questão ambiental introduziu um ingrediente novo que
ampliava a crítica social na direção de uma revisão mais abrangente do modelo
Geografia da
de civilização ocidental e da necessidade de incorporar ao debate os múltiplos
Indústria, Comércio
e Serviços
aspectos que constituem as relações entre a sociedade e seu ambiente.
Vale também lembrar que toda essa reorientação da idéia de de-
senvolvimento se deu no contexto de crise do próprio capitalismo e de
consolidação de uma hegemonia do pensamento e de políticas neoliberais,
postas em prática a partir dos anos 80, como parte da estratégia global de
reestruturação sistêmica.
As cidades são áreas onde vive a grande maioria dos homens nos países ou regiões
que se industrializaram e mecanizaram as atividades agrícolas. A existência de cidades
remonta aos primórdios da civilização, entretanto a intensificação da urbanização veio com
a revolução técnico-científico-industrial, mais significativa a partir do século XIX e, sobretudo
no século XX.
O desenvolvimento permanente dos meios de produção industrial, os avanços
tecnológicos, a ampliação da sociedade de consumo, os atrativos do conforto e do lazer, a
elevação do nível de renda que as cidades em geral oferecem e a liberação de mão-de-
obra rural, tudo isso fez com que nos países industrializados mais de 80% da população se
tornasse urbana.
60
semi-analfabetas, geralmente com grande número de filhos, sem nenhuma formação
profissional para os serviços urbanos, aumentaram a classe social de baixa renda e vivem
hoje em barracos de favelas, cortiços e habitações precárias nas periferias das cidades.
61
A Poluição e a Vida Contemporânea
• Poluição Atmosférica
Ao nível da saúde humana a poluição atmosférica pode afetar o sistema respiratório
podendo agravar ou mesmo provocar diversas doenças crônicas tais como asma, bronquite
crônica, infecções nos pulmões, enfisema pulmonar, doenças do coração e cancro do pulmão.
62
• Poluição da Água
A poluição das águas é gerada por:
Efluentes domésticos
(poluentes orgânicos biodegradáveis,
nutrientes e bactérias);
Efluentes industriais
(poluentes orgânicos e inorgânicos,
dependendo da atividade industrial);
Carga difusa urbana e agrícola
(poluentes advindos da drenagem
destas áreas: fertilizantes, defensivos
agrícolas, fezes de animais e material
em suspensão).
• Poluição do Solo
O solo é um corpo vivo, de grande complexidade e dinâmica. Tem como componentes
principais a fase sólida (matéria mineral e matéria orgânica) e, a água e o ar na designada
componente “não sólida”. O solo deve ser encarado como uma interface entre o ar e a água
(entre a atmosfera e a hidrosfera), sendo imprescindível à produção de biomassa. Por isso,
o solo não é inerte, sempre que lhe adicionamos qualquer substância estranha, estamos a
poluir o solo e, direta ou indiretamente, a água e o ar.
Geralmente, sob a denomina-
ção de resíduos industriais se enqua-
dram sólidos, lamas e materiais pasto-
sos oriundos do processo industrial e
que não guardam interesse imediato
pelo gerador que deseja, de alguma
forma, se desfazer deles. A contami-
nação do solo tem-se tornado uma das
preocupações ambientais, uma vez
que, geralmente, a contaminação
interfere no ambiente global da área
afetada (solo, águas superficiais e
subterrâneas, ar, fauna e vegetação),
podendo mesmo estar na origem de
problemas de saúde pública.
63
• Poluição Sonora
Esse tipo de poluição não tem muito destaque, porém pode causar
muitos danos ao organismo, porque nós não nos preocupamos com ela. Os
Geografia da
causadores da poluição sonora são:
Indústria, Comércio
e Serviços
• os veículos que fazem ruídos e a sua buzina;
• as indústrias;
• as construções que utilizam máquinas barulhentas;
• casas noturnas que deixam o volume do som muito alto.
Os ruídos são mensurados por uma medida chamada decibel
O som muito alto em walkman ou discman também prejudica a audição. Esses
equipamentos sempre trazem um aviso quanto o volume, mas nem todos fazem o certo.
Atenção !
As pessoas podem ficar surdas a partir do momento em que ouvi-
rem algum som acima de 115 decibéis durante 7 minutos seguidos.
Com relação aos ruídos das cidades, poderiam ser adotadas as seguintes medidas:
• redução no uso das buzinas de veículos;
• multas contra lojas que fazem propagandas barulhentas;
• recolhimento de veículos sem silenciadores;
• redução de publicidade por auto falantes.
• Poluição Vsual
64
Recomendação de vídeo educativo
65
Práticas Ambientais: Legislação e Educação Ambiental
• Educação Conscientizadora
66
percepções dicotômicas, inaugurando um saber-fazer que se embasa em relações
éticas participativas, prospectivas e em valores que construam a solidariedade e a
equidade social.
Carta de Transdisciplinaridade
(adotada no Primeiro Congresso Mundial da Transdisciplinaridade,
Convento de Arrábida, Portugal, 2-6 novembro 1994)
Preâmbulo
Considerando que a proliferação atual das disciplinas acadêmicas
conduz a um crescimento exponencial do saber que torna impossível qual-
quer olhar global do ser humano;
Considerando que somente uma inteligência que se dá conta da
dimensão planetária dos conflitos atuais poderá fazer frente à complexidade
de nosso mundo e ao desafio contemporâneo de autodestruição material e
espiritual de nossa espécie;
Considerando que a vida está fortemente ameaçada por uma tec-
nociência triunfante que obedece apenas à lógica assustadora da eficácia
pela eficácia;
Considerando que a ruptura contemporânea entre um saber cada vez
mais acumulativo e um ser interior cada vez mais empobrecido leva à as-
censão de um novo obscurantismo, cujas conseqüências sobre o plano
individual e social são incalculáveis;
Considerando que o crescimento do saber, sem precedentes na his-
tória, aumenta a desigualdade entre seus detentores e os que são despr-
ovidos dele, engendrando assim desigualdades crescentes no seio dos
povos e entre as nações do planeta;
67
Considerando simultaneamente que todos os desafios
enunciados possuem sua contrapartida de esperança e que o
Geografia da crescimento extraordinário do saber pode conduzir a uma mutação
Indústria, Comércio comparável à evolução dos humanóides à espécie humana;
e Serviços Considerando o que precede, os participantes do Primeiro
Congresso Mundial de Transdisciplinaridade (Convento de
Arrábida, Portugal 2 - 7 de novembro de 1994) adotaram o
presente Protocolo entendido como um conjunto de princípios
fundamentais da comunidade de espíritos transdisciplinares, constituindo um
contrato moral que todo signatário deste Protocolo faz consigo mesmo, sem
qualquer pressão jurídica e institucional.
68
Artigo 9: A transdisciplinaridade conduz a uma atitude aberta com
respeito aos mitos, às religiões e àqueles que os respeitam em um espírito
transdisciplinar.
Artigo 10: Não existe um lugar cultural privilegiado de onde se possam
julgar as outras culturas. O movimento transdisciplinar é em si transcultural.
Artigo 11: Uma educação autêntica não pode privilegiar a abstração no
conhecimento. Deve ensinar a contextualizar, concretizar e globalizar. A
educação transdisciplinar reavalia o papel da intuição, da imaginação, da
sensibilidade e do corpo na transmissão dos conhecimentos.
Artigo 12: A elaboração de uma economia transdisciplinar é fundada
sobre o postulado de que a economia deve estar a serviço do ser humano e
não o inverso.
Artigo 13: A ética transdisciplinar recusa toda atitude que recusa o
diálogo e a discussão, seja qual for sua origem - de ordem ideológica,
científica, religiosa, econômica, política ou filosófica. O saber compartilhado
deverá conduzir a uma compreensão compartilhada baseada no respeito
absoluto das diferenças entre os seres, unidos pela vida comum sobre uma
única e mesma Terra.
Artigo 14: Rigor, abertura e tolerância são características fundamentais
da atitude e da visão transdisciplinar. O rigor na argumentação, que leva em
conta todos os dados, é a barreira às possíveis distorções. A abertura comporta
a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é
o reconhecimento do direito às idéias e verdades contrárias às nossas.
Artigo final: A presente Carta Transdisciplinar foi adotada pelos
participantes do Primeiro Congresso Mundial de Transdisciplinaridade, que
visam apenas à autoridade de seu trabalho e de sua atividade.
Segundo os processos a serem definidos de acordo com os espíritos
transdisciplinares de todos os países, o Protocolo permanecerá aberto à
assinatura de todo ser humano interessado em medidas progressistas de
ordem nacional, internacional para aplicação de seus artigos na vida.
69
desenvolvidos. Contudo, essas dimensões não podem ser pensadas
isoladamente, o ser humano é uno e ao mesmo tempo múltiplo, há unidade no
múltiplo e multiplicidade no uno, por isso é preciso estabelecer a integração e
a comunicação entre as dimensões, formalizando a constituição de uma
Geografia da
totalidade múltipla para a concretização de um modelo educacional que
Indústria, Comércio
e Serviços
abarque as multiplicidades.
Se as linguagens centrais do universo social são os cenários de morte
(guerra, fome, violência, desflorestamento, poluição), os sujeitos sociais se
marcarão psicologicamente e socialmente pelos signos fundadores das relações
catastróficas e mortíferas. Ao contrário deve ocorrer, constituindo o meio social e histórico
de manifestações comportamentos em promoção e defesa da vida, da solidariedade e da
equidade social. Internalizando, assim, idéias positivas e de liberdade de pensamento para
romper com idéias puramente economicistas que permeiam a sociedade em sua atualidade.
Desta orientação metodológica podemos apreender que os agentes sociais, ou
indivíduos em ação, ao estarem localizados num contexto histórico e social, estão
embricados dos significados formadores do contexto, isto é, reestruturadores da realidade
vivida. Os alunos não devem ser vistos enquanto agentes que não recebem e nem
internalizam de forma passiva e estática seu cotidiano e seu contato com o conhecimento,
pois estabelecem uma relação interativa com os aspectos culturais e naturais, inventando
linguagens e instrumentos, isto é, o direcionamento do pensamento e da ação para situações
e contextos históricos e sociais reinventados.
A multiplicidade de vozes estabelece relações de liberdade e de criticidade para a
apreensão da totalidade. O dialogismo13 é condição necessária para a desconstrução e a
superação da linearidade histórica inerentes nos pensamentos dualistas, economicistas,
constituintes do pensamento moderno. O diálogo é a manifestação do demonstrativo
das relações complexas formadoras das consciências, das representações, das
linguagens, das visões de mundo, das práticas e dos valores dos agentes e dos
grupos sociais.
Para refletir!
Tudo se reduz ao diálogo, à contraposição dialógica enquanto centro.
Tudo é meio, o diálogo é o fim. Uma só voz nada termina, nada resolve.
Duas vozes são o mínimo de vida”. (Mikhail Bakhtin)
13
Segundo Mikhail Bakhtin o dialogismo é o princípio constitutivo da linguagem, o que quer dizer que
toda a vida da linguagem, em qualquer campo, está impregnada de relações dialógicas. A concepção dialógica
contém a idéia de relatividade da autoria individual e conseqüentemente o destaque do caráter coletivo,
social da produção de idéias e textos.
70
• A Percepção e a Educação Ambiental no Processo de Gestão Ambiental
Para que problemas ambientais possam ser minimizados e para que ocorra uma
melhoria na qualidade ambiental e de vida, importante, se não fundamental, é a mudança
de comportamento dos indivíduos e da sociedade como um todo, tanto em suas atividades
como em todos os aspectos de suas vidas. É, essencialmente, uma questão que implica
em um processo educativo e de conscientização ambiental.
Para reconhecer qual é o conhecimento e o que condiciona os comportamentos de
um indivíduo ou um grupo em relação ao meio ambiente, é fundamental o estudo da
percepção ambiental.
A percepção ambiental é o entendimento os seres humanos possuem do meio em
que vivem, por meio da influência dos fatores sociais e culturais. De acordo com Tuan (1983),
não são simples sensações, mas que são significados atribuídos ao ato de perceber.
Segundo o Programa MAB (UNESCO, 1973), um dos objetivos importantes das
pesquisas baseadas na percepção ambiental consiste em obter uma compreensão
sistemática e científica do ponto de vista obtido a partir do indivíduo ou do grupo, com vistas
a completar a pesquisa científica tradicional, abordada no exterior do ser humano.
O ponto de vista interior é caracterizado pelo hábito e por uma longa experiência
(conhecimento popular) associados frequentemente a um estranhamento no que se relaciona
as intensas transformações do mundo contemporâneo; é algo bastante subjetivo. Do con-
trário, o ponto de vista exterior é associado ao desenvolvimento, à ação, e à objetividade,
face à tradição interior e à resistência à mudança.
O comportamento ambiental e as respostas ao meio ambiente variam de acordo
com as escalas de percepção e de valor. O aspecto mais importante não é a sua percepção
ou o seu significado, mas sim, a sua tomada de consciência, considerando-se a tomada
de consciência não como uma simples informação dada pela percepção, mas essencial-
mente uma conceituação. Esta tomada de consciência ocorre quando o indivíduo procura
decompor a situação ou o acontecimento em níveis conceituais, ao invés de meramente
registrarem-se modificações.
Portanto, pode-se afirmar que é preciso que as pessoas desenvolvam um conheci-
mento sobre o assunto. Na gestão ambiental a participação de todos os indivíduos é primor-
dial; ela que assegurará as profundas transformações que se estão gerenciando. Contudo,
essa participação não se dá de forma totalmente espontânea, ela é aprendida, e ai que a
educação entra em cena: é necessário que um programa de educação ambiental acompanhe
todo o processo de implantação e execução do sistema, visando inclusive a sua continuidade,
com respeito ao meio ambiente e a utilização racional dos recursos.
71
• Fundamentos da Educação Ambiental
72
Sociedade e Ambiente: O Papel Transformador da Escola
Sem negar a tradição fundadora de qualquer instituição social, é preciso que nos
questionemos profundamente acerca do sentido da escola para as novas gerações de nossa
sociedade. Segundo Moll (2006), estamos diante de problemas que ganham novos matizes
diante das novas exigências e dos novos desafios do presente:
• Problemas relacionados à distância que existe entre a escola e a família;
• Problemas relacionados à indisciplina;
• Problemas não-aprendizagens;
• Problemas em relação ao uso da coerção, da repressão que impede a livre expres-
são de idéias, comprometendo o futuro da própria democracia e, portanto, a possibilidade
de avanço nas formas de convivência social.
73
tomem parte ativa nas decisões e nos projetos que definem, planejam, avaliam,
acompanham as trajetórias educativas que os alunos percorrem em seus anos
de vida escolar.
De forma bastante ampliada, a idéia da cidade educadora, que nasce
Geografia da a partir de uma rede de cidades convertida em associação internacional
Indústria, Comércio
(Associação Internacional de Cidades Educadoras – AICE) em um congresso
e Serviços
na cidade de Barcelona, em 1990, firma-se no pressuposto de que a cidade
admita e exerça funções pedagógicas para além de suas tarefas econômicas,
sociais e políticas tradicionais.
Nessa perspectiva, a escola compõe uma “rede” de possibilidades educativas, exercendo
sua especificidade e recolocando-se na relação com os outros espaços de educação na cidade.
Nesse sentido, tanto o conceito de comunidade de aprendizagem permite reinventar
a escola no mesmo movimento que busca reinventar a cidade e nela a comunidade como
lugares de convivência, de diálogo, de aprendizagens permanentes na perspectiva do
aprofundamento da democracia e da afirmação das liberdades.
Em primeiro lugar, coloca-se a necessidade de ver a educação para além da escola
também na escola, mas não só como responsabilidade de professores e especialistas. A
educação das novas gerações é responsabilidade de todos os que coabitam no mesmo
espaço, mas também, em escala planetária. A partir dessa visão local e global, é necessário,
para não dizer urgente, que comecemos o diálogo, para além das instituições escolares,
sobre nosso(s) projeto(s) educativo(s). Que olhares os diferentes atores sociais (associações
de bairros, grupos ecológicos, empresariado, clubes de serviço, sindicatos, partidos políticos,
etc.) dirigem às crianças, aos adolescentes e aos jovens em nossa sociedade?
Nesse aspecto, certamente reside uma dificuldade fundamental: não estamos
habituados ao diálogo e à aproximação com outros atores da cena social. A AICE propõe
como agente mediador desse diálogo o poder público municipal. As linhas estratégicas
propostas coletivamente no Projeto Educativo de Cidade, realizado na cidade espanhola
de Barcelona são as seguintes:
74
tempo para as novas gerações, bem como a afirmação de novos horizontes e compromissos
por parte da comunidade especificamente escolar. Assim, todos os que vivem na cidade
convertem-se em educadores.
Contudo, para pensar-se a cidade educadora, é necessário – diria até mesmo
imprescindível – construir a interlocução mais local, a interlocução com a comunidade,
considerando-se que a escola pode ser o agente mediador e desencadeador desse diálogo.
De acordo com Moll (2006) é preciso perguntar-se se a escola está inscrita sim-
bolicamente como espaço de acolhida e de pertencimento na vida da comunidade, cons-
tituindo-se como um agente legítimo para desencadear esse diálogo.
É preciso perguntar-se também em que medida a escola ainda desempenha – e
deve desempenhar – a função de socializar os saberes, as experiências, os modos de vida
produzidos pela humanidade ao longo de sua história, função que a diferencia de outras
instituições sociais.
Tais indagações podem introduzir-nos em itinerários de reinvenção da escola e de
construção tanto da comunidade de aprendizagem quanto da cidade educadora como
espaços nos quais, o diálogo, a participação e a cooperação aconteçam em suas plenitudes.
Atenção !
Recolocar a escola na cena urbana, tirá-la de um certo lugar de invisibi-
lidade, construir condições para que as novas (e também velhas) gerações
(re)aprendam a cidade, na cidade e da cidade e (re)aprendam a conviver colo-
cam-se como possibilidade histórica de nos reinventarmos como sociedade.
Colocar a escola em rede com a comunidade e a cidade, não significa despí-la
de uma tarefa que é eminentemente sua em relação às novas gerações.
75
De acordo com Souza (2006), hoje não se vive mais a cultura de aldeia,
o mundo é ma-is largo e vasto que o centro do nosso próprio umbigo, apesar
da brava resistência de poucos.
Estamos vivendo numa sociedade em que as relações culturais,
Geografia da
políticas, econômicas, científicas e técnicas são universais, rompendo as
Indústria, Comércio
e Serviços
frágeis fronteiras dos limites individuais e locais. Somos uma sociedade que
caminha rumo à globalização.
A escola, portanto, tem como tarefa urgente preparar o homem para viver na sociedade
atual, e não para viver nostalgicamente, na sociedade do passado, ou buscar de maneira
sôfrega e desordenada a sociedade do futuro.
Repassa-se para o espaço escolar todas as questões: a fome, a crise social, o
desemprego, a falta de segurança, etc.
A rapidez, ou melhor, a velocidade com que todas estas questões e outros temas
igualmente variados, chegam até a escola é de impressionar, fascinar, abismar e de
principalmente assustar. É um processo contraditório que se passa dentro dela mesma, ela
é influenciada e influencia a realidade social, sofre as influências das variadas concepções
de cultura, de homem e de cidadania, presentes na sociedade.
O futuro chegou, pela porta da frente da escola, trouxe na bagagem, entre outras
ambigüidades a serem vivenciadas, experimentadas e superadas, o poder da transformação.
Atividades
Complementares
76
3. Três pensamentos existem acerca da produção industrial e o meio ambiente: o primeiro
acredita na existência dos benefícios sociais relativos a uma maior preservação ambiental,
resultante de padrões e regulamentações mais rígidos; o segundo, que tais regulamentações
levariam a um aumento dos custos privados do setor industrial, elevando preços e reduzindo
a competitividade das empresas, e um terceiro pensamento que acredita que no momento
que as empresas são capazes de ver as regulamentações ambientais como um desafio,
passam a desenvolver soluções inovadoras e, portanto, melhoram a sua competitividade.
Qual desses posicionamentos você considera mais benéfico na construção de um desen-
volvimento sustentável? Justifique.
4. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o Meio Ambiente aparece como tema
transversal. Justifique essa afirmativa apontando seu caráter trans/interdiciplinar.
77
Atividade
Geografia da
Orientada
Indústria, Comércio
e Serviços
Prezado aluno, prezada aluna!
A atividade orientada abaixo descrita será realizada em três etapas. Estas deverão
ser desenvolvidas em trio; no entanto, a última etapa, deverá, também, ser realizada
individualmente. Leia cada enunciado atenciosamente, de forma a contribuir para a execução
correta do que se pede.
Bom trabalho!
Etapa 1
Catalogando e Mapeando a Distribuição Industrial no Brasil
1. Você deverá acessar o site do IBGE (os links necessários estão indicados abaixo)
e buscar informações sobre o CADASTRO DE EMPRESAS POR UNIDADE DA
FEDERAÇÃO;
Acesse o site:
http://www.ibge.com.br/
○ ○
78
2. Organizar os dados visando uma leitura e análise mais detalhada;
3. Classificação dos dados.
•Elaboração do Mapa
A partir da classificação feita anteriormente e utilizando o mapa base disponibilizado,
produzir um mapa aplicando uma técnica que represente a espacialização dos dados coletados.
Obser v ação
Etapa 2
Artigo: A Distribuição da Indústria no Brasil
A concentração espacial
“[...] A concentração industrial é uma tendência em nosso sistema econômico,
que torna difícil a manutenção de estruturas de mercado que favoreçam a
concorrência. O fato de que a livre concorrência é um dos princípios norteadores
da ordem econômica no Estado brasileiro, se contrapõe à constatação de que a
concorrência pura é praticamente inexistente, predominando na economia estruturas
de mercado bastante concentradas.”
“[...] A distribuição espacial da indústria brasileira, com acentuada concentração
em São Paulo, foi determinada pelo processo histórico, já que no momento do início
da efetiva industrialização, o Estado tinha, devido à cafeicultura, os principais fatores
para a instalação das industriais, a saber: capital, mercado consumidor, mão-de-obra
e transportes”.
Fonte: MOREIRA, Rui. Indústrias no Brasil. Ática: São Paulo, 2001.
79
Indústria e Meio Ambiente
Geografia da
“[...] a organização do meio ambiente acompanha a evolução
Indústria, Comércio
e Serviços da indústria. A intervenção da indústria por intermédio da sua escala
de tecnologia é uma remodeladora do entorno ambiental, reordenando-
o espacialmente sob diferentes formas. Por longo tempo na história, a
indústria seguia os traços gerais desse entorno, remodelando-o sem
alterá-lo fortemente. Nos últimos séculos, entretanto, desde a revolução
industrial, esta relação se torna desfavorável para o meio ambiente, a
indústria alterando-o e mesmo destruindo-o drasticamente.”
○ ○ ○
Saiba mais!
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Acesse o site:
http://www.sescsp.org.br/sesc/images/
upload/conferencias/185.rtf
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
80
Etapa 3
Debate
81
Geografia da
Indústria, Comércio Glossário
e Serviços
Incentivos fiscais – os incentivos fiscais são estímulos criados pelo Estado para
impulsionar, por meio de parcerias com a iniciativa privada, determinados setores e
atividades de relevância para a política econômica de um país.
82
Maquinofatura – estágio produtivo iniciado com a Revolução Industrial, caracterizado
pelo emprego maciço de máquinas e fontes de energia modernas, produção em larga escala,
grande divisão e especialização do trabalho e, atualmente, pela automação industrial.
Multinacionais – é uma empresa que opera / fabrica em dois ou mais países diferentes.
Privatizações – processo de venda das Empresas Estatais por partes dos Governos
com o objetivo de gerar recursos e diminuir despesas.
Transgressão marinha – avanço dos mares por sobre as terras emersas, gerando
uma conseqüente elevação do nível do mar. Pode ser causado por fatores diversos, como
por exemplo, o abatimento de algumas regiões ou pelo derretimento de grandes extensões
da calota polar. É o contrário de regressão marinha.
83
Referências
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Indústria, Comércio
e Serviços
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EDUSP, 2002.
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SITES
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http://reposcom.portcom.intercom.org.br/bitstream/1904/19288/1/OsvaldoBiz.pdf Acessado
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http://www.suigeneris.pro.br/edvariedade_cartrans.htm
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87
Geografia da
Indústria, Comércio
e Serviços
FTC - EaD
Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância
Democratizando a Educação.
www.ead.ftc.br
88
www.ead.ftc.br